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Genocídio Arménio

Trabalho de Geografia

Bárbara Vitória, nº9

Beatriz Ribeiro, nº10

Joana Antunes, nº18

João Francisco, nº19

Karen Danielle, nº20

Orientadora: Conceição Guerra

Guimarães

Maio, 2020
ÍNDICE
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................... 3
1. LOCALIZAÇÃO ........................................................................................................................................... 4
1.1) IDEOLOGIA POLITICA ........................................................................................................................... 4
1.2) CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS, SOCIAIS E ECONÓMICAS .......................................... 5
1.3) TERRITÓRIO ATUAL .............................................................................................................................. 6
2. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................................. 7
2.1 HISTÓRIA DO CONFLITO ....................................................................................................................... 7
2.2 MOTIVAÇÃO .............................................................................................................................................. 8
2.3 PAÍSES ENVOLVIDOS ............................................................................................................................. 8
2.4 PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS ......................................................................................................... 9
3. APOIO ......................................................................................................................................................... 10
3.1 ONG: CRUZ VERMELHA .......................................................................................................................11
3.2 ONU ............................................................................................................................................................11
4. FIM DO CONFLITO................................................................................................................................... 12
4.1 DESFECHO DO CONFLITO ................................................................................................................. 12
4.2 ATUALIDADE - DISTRIBUIÇÃO DE ARMÉNIOS PELO MUNDO ................................................. 14
4.3 TURQUIA .................................................................................................................................................. 14
4.4 RELAÇÃO ARMÉNIA - TURQUIA ....................................................................................................... 15
4.5 ENVOLVIMENTO DA UNIÃO EUROPEIA .......................................................................................... 15
5. OPINIÕES ATUAIS ................................................................................................................................... 15
5.1 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ................................................................................................ 15
5.2 PAÍSES QUE RECONHECEM O GENOCÍDIO ARMÉNIO .............................................................. 16
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................... 18
WEBGRAFIA ...................................................................................................................................................... 19

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INTRODUÇÃO

Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Geografia C, na qual abordamos a


temática do Genocídio Arménio, com o objetivo de nos dar a conhecer um importante e cho-
cante marco histórico, quer pelo elevado número de mortes causadas quer pela falta de
reconhecimento deste acontecimento. Para realizar este trabalho recorremos à internet.

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1. LOCALIZAÇÃO

O Império Turco-Otomano nasceu de um sultanado muçulmano, desenvolvido na região


da Anatólia, conhecida como Ásia Menor, após tribos formadas por turcos nómadas passa-
rem a fixar-se na região no início do século XI. Esse império foi um dos mais extensos abran-
gendo regiões como partes do Leste e do Sul da Europa, o Norte da África, o Oriente Médio e
parte do Sudeste Asiático.

Com Constantinopla como sua capital e controlo de terras ao redor da bacia do


Mediterrâneo, o Império Otomano foi o centro das interações entre os mundos oriental e
ocidental.

https://historiandonanet07.wordpress.com/2017/02/07/o-imperio-otomano/

Império turco otomano

1.1) IDEOLOGIA POLITICA

O Império Otomano durou longos seis séculos, tendo como fator condicionante a excelen-
te organização do seu governo. O poder era dividido de uma forma equilibrada entre o
governo central e as suas províncias. No império havia quatro grupos que compartilhavam o
poder.

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O topo do governo era destinado ao sultão. Ele e o seu Conselho tomavam as decisões
mais importantes do império. A burocracia tributava e apropriava-se do dinheiro dos impos-
tos e administrava os assuntos quotidianos do governo. Os líderes religiosos convertiam pes-
soas ao islamismo e interpretavam e aplicavam as leis do Islão. Eles também controlavam
grande parte do sistema educativo do império. O exército lutava para expandir o império,
defendia os territórios otomanos de inimigos externos e mantinha a paz interna.
Um elemento importante do exército otomano era a Casa Janissary - uma unidade de
combate de elite. Muitos dos seus soldados não eram originalmente muçulmanos, mas
haviam sido capturados quando jovens e forçados a converterem-se ao islamismo. A Casa
Janissary era uma das melhores e mais leais forças do exército otomano. Outro aspeto notá-
vel do governo é que os sultões recrutavam, frequentemente, não muçulmanos para assumi-
rem cargos na burocracia do império.
Os sultões não interferiam na vida diária do seu povo e problemas locais eram resolvidos
por líderes religiosos. Judeus e cristãos viviam em comunidades separadas, conhecidas como
millets. Em cada millet, um líder religioso, escolhido pelo sultão, agia como representante da
sua comunidade. Ele tinha a responsabilidade de averiguar que todos os impostos do millet
eram devidamente pagos ao sultão.
A Arménia, que havia sido conquistada pelos turcos, tornou-se súbdita dos sultões, tendo
que seguir com as regras do Império. Durante a Primeira Guerra Mundial, que teve início em
1914, os interesses do Império Turco-Otomano iam contra os de vários povos e nações
envolvidos na guerra, inclusive contra tribos árabes muçulmanas.

1.2) CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS, SOCIAIS E ECONÓMICAS

Uma estimativa da população para o império foi de 11.692.480 habitantes para o período
entre 1520 e 1535, mas com o passar do tempo e conforme o Império ia conquistando mais
territórios essa estimativa teve um crescimento exponencial.
Os otomanos eram um povo consideravelmente tolerante do ponto de vista religioso, o
seu sistema de millet permitia que as comunidades religiosas não-muçulmanas, vivendo sob
domínio islâmico, fossem autorizadas não só a praticar a sua fé como também a reger-se
pelas suas leis, desde que pagassem os seus impostos. Tanto que, em 1492, quando os

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judeus foram expulsos de Espanha a maioria encontrou acolhimento nos domínios otomanos
do Mediterrâneo Oriental.
O domínio do comércio e das atividades financeiras por minorias cristãs e judaicas era um
traço importante da sociedade otomana, pois permitiu a esses grupos manterem um contac-
to mais estreito com as economias europeias, além de ser uma alternativa à restrição a não-
muçulmanos de ocuparem os cargos mais altos da administração do império. Por outro lado,
a conversão ao Islão garantiu a muitos indivíduos posições de prestígio na hierarquia admi-
nistrativa.
Várias tradições e traços culturais de impérios anteriores (em campos como arquitetura,
gastronomia, música, lazer e governo) foram adotados pelos turcos otomanos, que os
elaboraram em novas formas, o que resultou numa nova e distinta identidade cultural
otomana. Os casamentos interculturais também desempenhavam o seu papel na criação da
cultura elitista otomana.
Além de um poderoso exército, formado por centenas de artilharias, o poderio do Império
Otomano era garantido pela prosperidade económica. Todos os anos, os turcos organizavam
caravanas a Meca, de onde transportavam especiarias indianas, seda, pedras preciosas e
pérolas da Pérsia. Até 1453, o império foi o principal fornecedor do Ocidente de produtos
processados e matérias-primas, como madeiras, especiarias, alcatrão, frutas, seda, tapetes,
louças de cobre e algodão. Junto com o comércio, a agricultura e pesca foram muito impor-
tantes.

1.3) TERRITÓRIO ATUAL

A Turquia, herdeira do Império Otomano, fica


localizada na fronteira entre o continente Europeu e
Asiático, dois mundos, o Islâmico e o Ocidental, sendo
assim denominado de país transcontinental. Não é
diferente com a Arménia, que também fica entre os
dois continentes e se localiza ao sul do Cáucaso, numa
https://www.todamateria.com.br/turquia/
região conhecida como Eurásia.
Território atual da Turquia

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https://suburbanodigital.blogspot.com/2015/04/mapa-
da-armenia.html

Território atual da Arménia

2. CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1 HISTÓRIA DO CONFLITO
O processo de deportação maciça e de extermínio sistemático da população arménia
decorreu entre 1915 e 1923. As motivações para a hostilidade das autoridades otomanas em
relação aos arménios tinham raízes profundas.
Os arménios eram uma das várias minorias religiosas que tinham sido integradas no Impé-
rio Otomano ao longo de vários séculos, mas o seu forte sentimento nacional foi motivo de
revoltas e de repressão recorrentes.
As causas próximas do genocídio prendem-se com a desagregação e declínio do Império
Otomano na viragem do século XX e o ressurgimento do nacionalismo turco, no âmbito do
qual os arménios passaram a ser considerados inimigos do Estado e uma ameaça nacional.
Com o ressurgimento do nacionalismo turco somada a uma sonora derrota contra os rus-
sos no Cáucaso levantaram suspeita dos turcos para uma possível traição, apesar de a razão
principal da derrota ter sido a desastrosa estratégia dos líderes otomanos, o Governo, lidera-
do por um triunvirato de nacionalistas turcos —Enver, Talat e Cemal—, atribuiu o fracasso ao
suposto apoio da população local arménia às tropas do Czar. Lembrando que a Rússia era o
maior inimigo histórico do Império Otomano, as autoridades turcas alegaram tal fator como
alta traição e usaram esse subterfúgio para instituir uma política sistemática de morte contra
a população da Arménia.
O programa genocida foi autorizado pelo sultão Abdul-Hamid II e organizado pelo primei-
ro-ministro turco, Mehmet Talaat, o ministro da guerra, Ismail Enver, e o ministro da Mari-

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nha, Ahmed Jemal.
Em 26 de maio de 1915, uma lei especial autorizou a deportação dos arménios por razões
de segurança interna, seguida no dia 13 de setembro de uma lei que ordenou o confisco dos
seus bens. A população arménia de Anatólia e Cilicia foi condenada ao exílio nos desertos da
Mesopotâmia. Muitos arménios morreram no caminho ou em campos. Inúmeros arménios
foram queimados vivos, afogados, envenenados ou vítimas do tifo, segundo informações de
diplomatas estrangeiros e agentes secretos da época. As mulheres sofriam abusos sexuais e
eram vendidas como escravas e as crianças eram encaixotadas vivas e atiradas no Mar Negro,
relata Nubar Kerimian, no livro Massacres de Arménios.
Esse tipo de atrocidade tornou-se intenso entre os anos de 1915 e 1918. Com o fim da
guerra, a Arménia foi anexada à URSS. Entretanto, a população de arménios que conseguiu
voltar para regiões centrais da Turquia passou a ser novamente alvo de ataques dos turcos.
O assunto segue indefinido e gerando, de tempos em tempos, desconforto diplomático
entre a Turquia, a Arménia e o resto do mundo, que tanto condena os turcos e tanto os legi-
tima.

2.2 MOTIVAÇÃO

A principal motivação teria sido a deslealdade dos arménios para com os turcos. O
Império Otomano acusou-os de traição após desconfiar de que os arménios colaboravam
com o outro lado do conflito, a Tríplice Entente. Mas detalhe: esta acusação nunca foi com-
provada e serviu apenas como justificativa para um genocídio que vitimou 2 entre cada
3 arménios.

2.3 PAÍSES ENVOLVIDOS

O Antigo Império Turco-Otomano, a Arménia e Rússia são os principais países envolvidos


no fatídico Genocídio Arménio. A relação entre turcos e russos já era extremamente tensa
devido ao apoio dos otomanos aos Tártaros da Crimeia nas campanhas contra a Rússia, origi-
nando, em 1568, uma série de guerras russo-turcas, além dos interesses estratégicos nos
Balcãs e no Cáucaso. Essa tensão intensifica-se com o apoio russo aos movimentos naciona-
listas eslavos em áreas de interesse otomano e também da proximidade com os arménios

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pelas suas religiões serem próximas.

https://www.wikiwand.com/pt/Bandeira_da_Arm%C3 https://pt.yourtripagent.com/545-9-cool-facts-about-turkey-s- https://www.todamateria.com.br/bandeira-da-russia/


national-flag
%AAnia

Bandeira Império Otomano Bandeira Arménia 1845 Bandeira Império Russo 1914

2.4 PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS

Iremos referir alguns dos principais acontecimentos referentes à época do genocídio.


 Durante a 1ª guerra mundial os interesses do império turco-otomano iam contra os de
vários povos e nações envolvidos na guerra. Alguns combatentes arménios uniram-se
aos russos (inimigos históricos do império turco-otomano), sendo visto como uma
traição para os turcos que instituíram uma política sistemática de morte contra a
população arménia (o genocídio 1915-1923).
 No dia 24 de abril de 1915, cerca de 250 intelectuais e líderes arménios de Istambul
foram detidos e deportados para Ancara, onde seriam executados. Era o início de um
plano de limpeza étnica que ficaria estampado na Lei de Transferência e Reassentamento,
aprovada em 26 de maio.
 Os arménios foram obrigados a entregar as suas armas —os soldados arménios do
exército otomano foram deslocados para batalhões de trabalho—, depois as figuras mais
importantes foram presas e assassinadas; e, posteriormente, foi anunciado que os
arménios seriam deportados. Antes do início da marcha, os homens idosos eram
separados das mulheres e crianças e, na maioria dos casos, executados.
A rota através da estepe da Anatólia, e com destino aos desertos da Síria, transformou-
se em verdadeiras marchas da morte. Quase sem acesso à comida ou água, dizimados
pelas doenças, milhares de arménios morreram pelo caminho.
 Para quem conseguisse permanecer vivo em tais condições sub-humanas, o governo
criou uma rede de campos de extermínio localizada na região que hoje marca as frontei-
ras da Turquia com o Iraque e a Síria.

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Acredita-se que tenham sido 25 campos de extermínio administrados pelo funcionário
público Şükrü Kaya, um dos principais aliados de Mehmed Talaat. Alguns desses eram
utilizados apenas como local de passagem, mas outros funcionaram como instalações
para o encarceramento do povo, que morria por doenças, fome e execução.
 Quando a Primeira Guerra Mundial chegou ao fim, os turcos, derrotados, foram forçados
a assinar o Tratado de Sèvres, que tornou independente a Síria, o Egito, o Líbano, a
Palestina e, também, a Arménia.
 De acordo com as autoridades da Arménia, 1,5 milhão de arménios morreram no geno-
cídio, enquanto os nacionalistas turcos mais radicais reduzem esse número para menos
de 300.000.
 Com o fim da Primeira Guerra a Arménia foi anexada à URSS (1920).

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-o-genocidio-armenio-holocausto-
turco.phtml

Arménios em direção aos campos.

3. APOIO

A Cruz Vermelha e o American Committee for Armenian and Syrian Relief ajudaram alguns
testemunhos do genocídio a mobilizar a opinião pública internacional relativamente às atro-
cidades cometidas contra os arménios através de campanhas de ajuda humanitária.
Diferente da Cruz Vermelha que é uma ONG, a American Committee for Armenian and
Syrian Relief é uma fundação americana internacional de desenvolvimento económico e
social que teve um papel importante no resgate aos arménios, que foi possível graças ao fac-
to dos EUA possuirem testemunhos (como os do embaixador estadunidense em
Constantinopla Henry Morgenthau, dos historiadores britânicos Arnold J. Toynbee e James
Bryce, da missionária dinamarquesa Maria Jacobsen, do médico e soldado alemão Armin T.
Wegner e do casal de missionária e físico estadunidenses Elizabeth e Clarence Ussher) que
denunciaram e repercutiram as atrocidades cometidas contra os arménios, mobilizando a

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opinião pública internacional em campanhas de ajuda humanitária.
Os EUA foi um dos países que mais ajudou a salvar os arménios das tropas turcas
otomanas. Navios de guerra transportaram arménios para a América e prestaram apoio aos
sobreviventes, financiaram a construção de escolas, orfanatos e igrejas, ajudaram
economicamente as diversas organizações arménias criadas na altura.

http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/08/red-cross-cruz-vermelha-good-neighbor.html

https
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cawr.
org/a
bout
/cha
pters
/

CRUZ VERMELHA AMERICAN COMMITTEE FOR


ARMENIAN AND SYRIAN RELIEF

3.1 ONG: CRUZ VERMELHA

A Cruz Vermelha é uma organização internacional, sem fins lucrativos, cujo objetivo prin-
cipal é prestar socorro e assistência às pessoas vítimas de guerras e catástrofes naturais (ter-
ramotos, tornados, enchentes, etc).
Foi responsável por estipular um padrão de resgate de crianças entre 3 e 7 anos:
encaminhava as crianças da Arménia para um orfanato na ilha grega de Corfu. Lá, elas
aprendiam as disciplinas da escola em francês, mas assistiam a aulas diárias de língua armé-
nia para não perderem a ligação com as suas raízes culturais.

3.2 ONU

Em 1948, as Nações Unidas dão a conhecer ao mundo a definição de genocídio no segun-


do artigo da Convenção para a Prevenção e Castigo do Crime de Genocídio. A Convenção de
1948 diz que um genocídio tanto pode acontecer em tempo de guerra como de paz.
Definição de genocídio pela ONU: “Qualquer dos seguintes atos cometidos com a inten-

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ção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tais
como:
a) Matar membros do grupo;
b) Causar graves danos físicos ou mentais a membros do grupo;
c) Impor ao grupo condições de vida destinadas à eliminação física, no todo ou em parte;
d) Impor medidas destinadas a evitar nascimentos dentro do grupo;
e) Transferir crianças para outro grupo, à força.”

https://www.gettyimages.pt/fotos/genocidio-armenio?mediatype=photography&phrase=genocidio%20armenio&sort=mostpopular#

Em 24 de abril, arménios lembraram os 104 anos do genocídio arménio: entre 1,2 milhão e 1,5 milhão
de arménios morreram na Primeira Guerra Mundial nas mãos de tropas do Império Otomano.

4. FIM DO CONFLITO

4.1 DESFECHO DO CONFLITO

Os Estados vencedores da Primeira Guerra Mundial forçaram o Império Otomano a julgar


os responsáveis das deportações de arménios, mas a falta de uma legislação penal
internacional apropriada e o início da Guerra de Libertação Turca (1919-1922), que expulsou
as forças aliadas da Anatólia e pôs fim ao Império Otomano, fizeram com que as potências se
desentendessem sobre os julgamentos.
Num congresso da Federação Revolucionária Arménia (Dashnak), de 1919, ficou decidido
que, devido à falta de punição dos responsáveis —a maioria deles tinha fugido do Império
Otomano—, era preciso fazer justiça com as próprias mãos. O exilado arménio Shahan

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Natalie, cuja família tinha sido assassinada nos massacres otomanos no fim do século XIX,
ficou encarregado de planear a operação de vingança, batizada de Nemésis, em homenagem
à deusa grega da justiça e da vingança. Num intervalo de três anos, os principais
responsáveis políticos pela penúria dos arménios foram sendo mortos por assassinos
arménios, como o ministro do Interior Talat Pacha, em Berlim; o Grão-Vizir Said Halim, em
Roma; e o governador da Síria, Cemal Pacha, em Tbilisi. Enver Pacha, outro responsável,
morreu a lutar contra os soviéticos na Ásia Central.
Décadas mais tarde, um grupo de descendentes de sobreviventes arménios fundou o
Exército Secreto para a Libertação da Arménia (ASALA), organização armada cujo objetivo era
forçar o Governo turco a reconhecer o genocídio Arménio, pagar indemnizações às suas
vítimas e ceder parte de seu território a uma Grande Arménia. O ASALA atuou entre 1975 e
1991, assassinando 46 pessoas —na sua maioria diplomatas turcos— e cometendo
atentados contra civis nos aeroportos de Ancara e Paris-Orly.
Além disso, no fim da Primeira Guerra Mundial, foi lançada uma campanha de ajuda
internacional aos sobreviventes das deportações, e nos anos seguintes muitos foram envia-
dos à Europa e à América. Alguns permaneceram nos territórios que hoje formam a Síria e o
Líbano, e aqueles que viviam no leste da Anatólia escaparam da recém-criada Arménia sovié-
tica. Atualmente, cerca de cinco milhões de arménios vivem espalhados pelo mundo, fora
das fronteiras da República da Arménia, principalmente na Rússia, Estados Unidos e França.
Entre os representantes mais famosos da diáspora estão o músico francês Charles Aznavour,
a cantora norte-americana Cher, os integrantes da banda System of a Down, a modelo Kim
Kardashian e o empresário Kirk Kerkorian, um dos pais de Las Vegas.
Kerkorian e outros integrantes ricos da diáspora têm sido um dos pilares económico da
paupérrima República da Arménia (três milhões de habitantes), através das suas doações e
projetos de cooperação. Em geral, mantêm uma postura de forte confronto com a Turquia.
Por fim, a decisão turca de não reconhecer o genocídio arménio fez com que os turcos
perdessem privilégios e se privassem de entrar na União Europeia, pois foi-lhes imposto esse
reconhecimento se quisessem fazer parte da U.E.

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4.2 ATUALIDADE - DISTRIBUIÇÃO DE ARMÉNIOS PELO MUNDO

http://2.bp.blogspot.com/_eVpt-VOhMGg/SpW5Kj0oxaI/AAAAAAAAAKI/9wEY18SUXPg/s1600-h/800px-ArmenianDiaspora.png

Distribuição de arménios pelo mundo

Como podemos verificar na imagem:


 Países com 3 milhões a 100 mil arménios – EUA, Argentina, Rússia, Irão, Síria, Ucrânia,
França, etc.
 Países com 70 mil a 30 mil arménios – Canadá, Brasil, Austrália, Alemanha, Polónia, Gré-
cia, Turquia, Turquemenistão, Uzbequistão, Israel.
 Países com 25 mil a 10 mil arménios – Cazaquistão, Uruguai, Iraque, Bielorrússia, RU,
Bélgica, Países Baixos, República Checa, Hungria, Moldávia.
 Países com 9 mil a 5 mil arménios – Egito, Suécia, Letónia.
 Países com 3 mil a mil arménios – Venezuela, Sudão, Espanha, Chile, Noruega, Finlândia,
Roménia, Lituânia, Estónia, Tailândia, Itália, Áustria, Quirguistão.
 Países com 900 ou menos arménios – México, Colômbia, África do Sul, Etiópia, Índia,
China, Indonésia, Nova Zelândia, Bangladesh, Irlanda, etc.
 Países sem arménios – Peru, Bolívia, Gronelândia, Mongólia, Arábia Saudita, Afeganistão,
Paquistão, Portugal, Eslováquia, Madagáscar, etc.

4.3 TURQUIA

A Turquia prefere adotar a versão segundo a qual massacres recíprocos aconteceram na

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época, num contexto de guerra civil e fome, que deixou centenas de milhares de mortos nos
dois lados. Ou seja, a Turquia reconhece os crimes, mas atribui a responsabilidade às
autoridades da época, mas não aceita que se tratou de uma política intencional de
eliminação física de todo um povo.
Embora este episódio histórico tenha merecido a indignação mundial, nomeadamente nos
EUA, a sua aceitação é ainda motivo de muitos dos recentes conflitos diplomáticos da
Turquia. Tanto que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou que o
reconhecimento do "genocídio arménio" pela Câmara de Representantes dos Estados Unidos
"não tem nenhum valor" e insatisfeita com a decisão, a Turquia convocou o embaixador
americano na capital Ancara, em sinal de protesto.

4.4 RELAÇÃO ARMÉNIA - TURQUIA

As relações entre a Arménia e a Turquia têm sido tensas por uma série de questões
históricas e políticas. Embora atualmente não haja relações diplomáticas formais entre os
dois Estados modernos, foi anunciado em 2009 que os dois países concordaram em
estabelecer o reconhecimento diplomático mútuo. No entanto, este acordo fracassou por
causa de um conflito entre a Arménia e o Azerbaijão.

4.5 ENVOLVIMENTO DA UNIÃO EUROPEIA

O Parlamento Europeu encorajou a Turquia a reconhecer o genocídio arménio e, assim,


abrir caminho a uma verdadeira reconciliação entre os povos turco e arménio. Propõe
também a criação de um Dia Internacional da Memória dos Genocídios.

5. OPINIÕES ATUAIS
5.1 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
A lista que se segue diz respeito a todas as organizações que reconhecem o genocídio
arménio.
 Associação Cristã de Moços (YMCA);
 Associação dos Académicos em Genocídio;
 Centro Internacional para Justiça Transicional;

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 Congregação para Reforma do Judaísmo;
 Conselho Mundial das Igrejas;
 Corte Internacional de Justiça;
 Liga Anti-difamação;
 Liga dos Direitos Humanos;
 Mercosul;
 Parlamento Europeu;
 Subcomissão de Proteção e Promoção dos Direitos Humanos da ONU;
 Tribunal Permanente dos Povos.

5.2 PAÍSES QUE RECONHECEM O GENOCÍDIO ARMÉNIO

 Alemanha (2015)
 Argentina (2004) – Parcialmente
 Arménia (1995)
 Brasil - Parcialmente
 Bélgica (1998)
 Canadá (1996)
 Chile (2007) – Parcialmente
 Chipre (1982)
 Curdistão (1997)
 Eslováquia (2004)
 França (1998)
 Grécia (1996)
 Itália (2000)
 Líbano (1997)
 Lituânia (2005)
 Países Baixos (2004)
 País Basco (2007)
 Polónia (2004)
 Rússia (1995)

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 Suécia (2000)
 Suíça (2003)
 Uruguai (1965) – Parcialmente
 Vaticano (2000)
 Venezuela (2005)
 EUA: 42 dos 50 Estados

https://webjornalunesp.files.wordpress.com/2014/05/nations_recognising_the_armenian_genocide-svg.png

Países que reconhecem o genocídio arménio

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CONCLUSÃO

O genocídio arménio é um dos eventos mais trágicos da Primeira Guerra Mundial, onde
muitas vidas civis morreram injustamente e a controvérsia e as consequências são discutidas
até hoje.
Podemos até dizer que a impunidade e a indiferença sobre esse genocídio estabeleceram
um precedente que encorajou Hitler a fazer o mesmo com os judeus no contexto da Segunda
Guerra Mundial. Felizmente, hoje o Parlamento Alemão reconhece o genocídio, diferente da
Turquia, e em 2015 condenou as ações do Estado Turco contra os arménios, mas isso só
depois de muito tempo e por pressão internacional, já que ela foi aliada do Império Otoma-
no no passado, fornecendo armas e consultoria militar para ajudar na perseguição ao povo
arménio. Claro que os Turcos não aceitaram essa decisão, o que deixou as relações entre
Alemanha - Turquia um pouco abaladas, mas é importante esse posicionamento sobre o
assunto já que o país também está em constante dívida com o passado.
Por isso é importante que a comunidade internacional demonstre solidariedade com o
sofrimento dos arménios, pois eles não receberam o lugar ou a atenção que os judeus rece-
beram. Se os turcos se recusam a aceitar a existência de genocídio, em nome da história, da
política e das relações internacionais, devem pagar essa dívida reconhecendo formalmente o
crime e compensando suas vítimas.
Esse genocídio não foi apenas um conflito em contexto de guerra como afirma a Turquia
até aos dias de hoje, mas sim um massacre e a aniquilação de um povo.

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WEBGRAFIA
https://www.google.com.br/amp/s/m.brasilescola.uol.com.br/amp/historia/imperio-turco-
otomano.htm
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/genocidio-armenio.htm
https://www.educabras.com/artigos/pormenor/historia/imperio_otomano
https://www.todamateria.com.br/imperio-otomano/
https://www.google.com.br/amp/s/guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-
vestibular/entenda-a-historia-da-ocupacao-da-armenia-pela-turquia/amp/
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/turquia.htm
https://www.infoescola.com/historia/genocidio-armenio/
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/genocidio-armenio.htm
https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/70021-genocidio-armenio-massacre-
cometido-pelo-imperio-otomano-completa-100-anos.htm
https://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/22/internacional/1429718492_977293.html
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/historia-geral/genocidio-armenio.htm
https://ensina.rtp.pt/artigo/o-genocidio-armenio/
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https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/genocidio-armenio.htm
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apela-a-turquia-que-se-reconcilie-com-o-seu-passado

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