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11º ano

O conhecimento

Catarina Cardoso
A relação entre o sujeito e o objeto no ato de conhecer

Conhecimento: Ato pelo qual o sujeito aprende ou representa o objeto;


captação conjunta, reunião de dados numa representação ou numa compreensão desses dados.

Sujeito: Trata-se de um sujeito gnosiológico, entendido como o que aprende ou representa o


objeto.
(gnosiologia: área da filosofia que estuda o conhecimento)

Objeto conhecido: Refere-se a tudo aquilo que é suscetivel de ser apreendido. Assim, uma
pessoa pode ser um objeto de conhecimento, De igual forma, uma ideia, um sentimento, uma
teoria, uma ação, uma doença, um valor, uma cultura, uma raiz quadrada , etc.

Representação: Resultado do ato de connhecer. Depois de apreendido, o objeto de


conhecimento fica na consciência do sujeito, nao sob a forma fisica, mas sob a forma de imagem.

O ato de conhecer põe-nos em relação com o mundo. É por isso que consiste numa relação entre
sujeito e objeto, que é entendida em sentido lato, e por isso inclui estados de coisas.
O sujeito envolve-se nessa relação de conhecimento, a que podemos chamar também relação
cognitiva, formando crenças e as justificações com que as sustenta. Do objeto envolvido nessa
relação, o sujeito espera descobrir factos, as verdades.

Conhecimento

Objeto: real ou ontológico;


Sujeito: o cognoscente
-> o cognoscivel.
(aquele que conhece)
(aquele que pode ser conhecido)

Consciência: representação
Conhecer: é construir
imagélica ou concentual
representações a partir da
(objeto gnosiológico)
relação estabelecida entre
sujeito e objeto reais.
Requisitos do
conhecimento

Responsabilidades do sujeito Conteúdos do mundo

Formar crenças Verdades (factos que fazem o


mundo ser como é
independentes do sujeito)

Justificar corretamente as
suas crenças

Sensação: Apreensão imediata e isolada das caracteristicas dos objetos;


Base da perceção.

Perceção: Organização ou configuração individual dos dados sensoriais;


Depende dos dados sensoriais, das experiências passadas, das motivações e
interesses, das aprendizagens e da personalidade do individuo.

Razão: Elaboração de representações abstratas (conceitos, leis, teorias);


Relaciona os dados percetivos de acordo com leis lógicas;
Constrói modelos explicativos e interpretativos da realidade.

Sujeito Objeto

Apreende <-> Sensação Sensação

Configura e interpreta <-> Perceção

Elabora representações mentais e abstratas <-> Razão

Conhecimento:
elaboração racional
da nossa apreensão
da realidade
O conhecimento como crença verdadeira e justificada

Condição necessária: é imprescindivel para termos uma definição.

Condição suficiente: é quando os vários termos em conjunto garantem a definição.

Definição clássica do conhecimento:


Conhecimento= crença + verdade + justificação

Cada um dos conceitos, por si só, é uma condição necessária do conhecimento .


Em cooperação, estes conceitos formam a condição suficiente do conhecimento.

Crença: Opinião, algo em que acreditamos.


Não é concebivel termos conhecimento de factos em que não acreditamos.
Contudo, se a crença não for verdadeira e se não possuir uma justificação adequada, não é
caso de conhecimento.

Condição necessária: a crença é uma condição sem a qual não há conhecimento.


Condição suficiente: a crença é uma condição que, estando presente, não leva a que o
conhecimento tenha de se verificar.

Verdade: O que está de acordo com a realidade dos factos.


A verdade depende do mundo, não do sujeito. Muitas são as verdades de que estamos
informados. Todavia, se não tivermos uma justificação adequada para elas, não merecemos que
nos seja atribuido conhecimento.

Condição necessária: a verdade é uma condição sem a qual não há conhecimento.


Condição suficiente: a verdade é uma condição que, estando presente, não leva a que o
conhecimento tenha de se verificar.

Justificação: comprovação da opinião verdadeira.


O conhecimento é está́vel por incluir uma justificação apropriada. A razão pelo
facto das crenças e as verdades não serem suficientes para termos conhecimento é o facto de
podermos ter crenças verdadeiras por sorte. O sucesso de ter crenças verdadeiras é somente
acidental.

Crença acidental: apesar de se verificar, a justificação é acidental.


Crença meritória: implica um esforço e uma análise cuidada do sujeito.

Uma avaliação crítica da definição de conhecimento

A partir da década de 60 do séc. XX, surgiu uma crítica inesperada a uma definição que parecia
perfeita o que suscitou um debate intenso acerca dos seus méritos.
Este debate: -> mostra que a noção de conhecimento é mais complexa do que se julgava e
melhora a nossa compreensão dos aspetos envolvidos no processo de conhecimento.
Limitações da definição de conhecimento
Os contraexemplos de Gettier:

Passo 1: Apresentar factos que geralmente não são boas razões para formar crenças.
Passo 2: Assegurar que a crença se justifica.
Passo 3: Imaginar uma coincidência feliz do ponto de vista cognitivo, de maneira que um
processo que levaria a uma crença justificada mas falsa acabe por conduzir a uma crença
verdadeira.

Os contraexemplos de Gettier demonstram que a verdade, a crença e a justificação são


condições necessárias para o conhecimento, mas não são suficientes.
Podemos então extrair que a definição clássica de conhecimento é falsa. Deixa em aberto o
conceito de justificação, pois ficamos sem saber que justificação é apropriada para termos
conhecimento. se uma justificação que oferece uma garantia, se um justificação oferece uma
probabilidade.

Méritos da definição de conhecimento

Apesar de ser vaga, a definição clássica de conhecimento tem a virtude de estimular o debate
sobre conceitos como o de justificação. Este debate tem conduzido a refinamentos de conceitos
e aspetos a ter em conta na definição de conhecimento.
A definição clássica de conhecimento tem o mérito de dar a devida importância à justficação.
A estabilidade do conhecimento é tanto maior quanto mais força tiver a justificação de uma
crença verdadeira.
As crenças verdadeiras precisam da justificação para terem uma relação mais segura com a
realidade.

O projeto filosófico de Descartes

O projeto filosófico de Descartes consistia em demolir as opiniões


e recomeçar desde os fundamentos, de modo a constituir a
filosofia primeira.
Descartes queria que as suas ideias ajudassem a formar uma nova
perspetiva acerca da Natureza.
Filosofia primeira: perspetiva básica prévia e independente da
investigação cientifica. Descartes defende que é a partir dela que a
ciência terá de ser construida e avaliada.
Só as certezas mais sólidas podem ser os fundamentos de algo
genuinamente estável e duradouro nas ciências.

Finalidades do projeto de Descartes

Modificar a Modificar a perspetiva


perspetiva básica acerca das capacidades
acerca do mundo do sujeito para entender
o mundo
A perspetiva básica do mundo que Descartes irá propor só poderá ser inteiramente
compreendida se o sujeito, na sua relação cognitiva com o mundo, se libertar do dominio dos
sentidos.

O método da dúvida
O método da dúvida serve para investigar os fundamentos do conhecimento.
É a ferramenta decisiva para o prjeto de Descartes.
Não só estabelece o dever de suspendermos a nossa aprovação de opiniões que são falsas mas
de o fazermos também perante opiniões que não são completamente certas.

Principio forte da dúvida: Devemos recusar o nosso assentimento a opiniões que não são
completamente certas e indubitáveis, isto é, àquelas em que descobrimos alguma razão de
dúvida.

O conhecimento envolve o estado de certeza- um estado que ŕ proporcionado por aquilo que é
claramente percebido.
perceber claramente= ideias claras e distintas (indubitaveis).

Clareza: a ideia capta o que as coisas realmente são-- a sua natureza.


Distinção: a ideia não contém quaisquer caracteristicas que só por acidente pertencem as
coisas.
Principio forte do assentimento: Devemos dar o nosso assentimento apenas às ideias claras e
distintas, que são aquelas para as quais não há qualquer razão de dúvida.

Caracteristicas da dúvida cartesiana


Metódica: É um método para alcançar a verdade que recomenda um exame das nossas crenças
segundo o principio forte da dúvida e do assentimento.
Hiperbólica: Exagera a ponto de fazer uma razão ligeira de dúvida a um motivo para
suspendermos o assentimento a uma opinião, mesmo que muito razoável.
Estratégica: É calculada para servir a finalidade de destruir a perspetiva basica da Natureza em
que assentava a fisica medieval.

Artificial: Não é uma extensão do tipo de dúvida que naturalmente levantamos na vida prática.
Radical: Incide sobre crenças muito básicas para averiguar se podem ser ideias claras e
distintas.

Sistemática: Afeta todo o sistema de crenças construidas a partir de ideias básicas.

Hipóteses céticas
Hipótese cética: é uma possibilidade de erro que é incompativel com o que pensamos saber, mas
que a nossa experiência subjetiva não consegue distinguir das circunstâncias normais; essas
possibilidades de erro são razões de dúvida radicais.
Caracteristicas das hipóteses céticas:

Oferecem uma explicação sobre como certos tipos de crença surgem no sujeito, segundo a qual
as crenças são falsas;
O sujeito não pode afirmar se essa explicação é correta ou não;
O sujeito suspende o assentimento a crenças e opiniões que antes considerava verdadeiras.

Hipótese cética do sonho

Afirma que temos de deixar de acreditar em toda a informação sobre o nosso ambiente,
adquirida por meio dos sentidos.

Hipótese cética do génio maligno


O génio maligno, que tem a omnipotencia de Deus, mas não a sua bondade, é um Deus
enganador, a ponto de nem os raciocinios mais básicos serem fiáveis.
Ou seja, esta hipotese coloca tudo em causa, até os raciocinios mais simples.

Progressão da dúvida cartesiana

Primeira fase: hipótese cética do


sonho

Resultado da primeira fase: suspensão do assentimento às perceções dos


sentidos, incluindo as mais básicas;
Exemplos: ver ao longe o mar; ouvir um carro a passar; ver um braço esticado;
...

Segunda fase: hipótese cética do


génio maligno

Resultado da segunda fase: suspensão do assentimento às noções que


formam a estrutura básica do mundo; suspensão do assentimento aos
raciocinios, incluindo os mais simples.
Exemplos de noções: noção de que há um espaço que as coisas ocupam; noção
de que há um tempo ao longo do qual as coisas existem;...
Exemplos de raciocinios: raciocinio de que 7-2=5; raciocinio de que os
angulos de um triangulo equilatero são todos iguais;...

Beneficio da dúvida

O grande beneficio da dúvida e libertar-nos de preconceitos.


Quebra o hábito de apoiarmos as nossas ideias acerca do mundo material e acerca da nossa
própria natureza na experiência fornecida pelos sentidos. -> grande virtude das hipóteses
céticas.
O cogito "penso, logo existo"
Cogito: é o primeiro principio da filosofia e também um dos fundamentos do conhecimento
( nunca anulamos o pensamento pois este é inegavel)
É uma verdade proporcionada precisamente pelas próprias hipóteses céticas.
É no momento mais radical da dúvida que ele sabe indubitavelmente que é e existe.
A hipótese cética do génio maligno derrota-se a si mesma, gerando uma verdade imune á dúvida.
Cogito

Certeza Ideia

Absoluta Indubitável

Deus enquanto fundamento do conhecimento

Fundamentos do conhecimento

eu existo deus existe

Argumento de marca: Deus é o artifice que deixou na sua obra uma marca, ideia de Deus,
atestando assim a sua autoria.
Argumento ontologico Deus é um ser perfeito e terá de existir, pois não seria perfeito se não
existisse.
Deus é um fundamento mais sólido que o cogito.
A existência de deus é uma ideia clara e distinta que permite a Descartes provar a verdade das
suas ideias.
A caracteristica essencial do mundo material é a extensão- quantidade contínua estudada na
matemática.
Fundamentos do conhecimento

1. A caracteristica essencial da mente humana é o pensamento, e a mente


é uma substância diferente do corpo humano.

2. Devemos dar o nosso assentimento apenas ao que compreendemos


clara e distintamente.

3. Deus, que se define por ser perfeito, existe.

4.A caracteristica essencial do mundo material é a extensão- quantidade


contínua estudada na matemática.

5. As mudanças na nossa experiência dos sentidos refletem mudanças nas


coisas materiais que nos afetam, mas nao devemos atribuir à̀s coisas
materiais as qualidades de que a experiência dos sentidos nos informa
diretamente.
O que faz Descartes um filósofo racionalista?

As verdades podem ser:


Analiticas ou sintéticas: distinção semântica, porque diz respeito ao significado dos termos;
A priori ou a posteriori: distinção epistemológica, porque diz respeito ao modo como são
conhecidas.

Definição semântica:

Verdades analiticas: são verdadeiras por definição; a sua verdade é garantida pelo significado
dos termos usados para as afirmar ( verdades já contidas no sujeito)
Exemplo: todos os triângulos têm três lados.

Verdades sintéticas: são verdadeiras não apenas devido ao significado dos termos, mas também
aos factos. (está para além do sujeito)
Exemplo: O núcleo da Terra é quente.

Definição epistemológica:

Verdades a priori: pode ser conhecida sem recurso à experiência dos factos.

Verdades a posteriori: apenas pode ser conhecida com recurso a experiências relevantes.

Limitações da espistemologia de Descartes


Ideias claras e
distintas

implica implica

Existência de
Deus

Circulo cartesiano

Suspender e dar o assentimento


Se suspendermos o assentimento a uma opinião, é porque a nossa vontade assim o quer.
Se o damos, é também uma decisão autónoma da nossa vontade.
O problema é que não podemos simplesmente deixa d acreditar no que temos razões para achar
que é claramente o mais razoável.
Na vida cognitiva, a vontade tem menos liberdade do que Descartes suponha.
Méritos da espistemologia de Descartes
A prioridade do sujeito: "sou, logo deus existe"

A atitude cética preventiva

Descartes descobre verdades e defende estar certo do que tem conhecimento. Supera desse
modo os argumentos céticos que apresentou para testemunhar preventivamente as suas ideias
e opiniões. -> argumentos mais importantes
Ajudam a promover uma atitude de xame cuidadoso do conhecimento estabelecido,
clarificando as exigências a que se deve submeter.

O projeto filosófico de Hume


Procura um novo fundamento para a ciência baseada na observação e na experiência. ->
finalidade é conhecer as leis gerais, os principios que governam a natureza humana.
Hume tem a expectativa de que a compreensão do modo como a mente funciona desfaça erros e
ilusões que o senso comum, a filosofia e a ciência podem ter alimentado.

Naturalismo: posição que defende que as atividades humanas fazem parte da Natureza e são
explicadas do mesmo modo que as outras atividades naturais. Por exemplo, a mente e as suas
atividades são explicadas do mesmo modo que os átomos e os seus movimentos.

A mente e como funciona


Materiais e atividades da mente

Impressões: perceções que se distinguem por terem um grau maior de força e vivacidade. Têm,
por isso, uma capacidade causal forte, influenciando diretamente o comportamento.
Exemplo: sensações visuais.
Materiais da mente
Ideias: Perceções que se distinguem por terem um grau menor de força e vivacidade. Têm, por
isso, uma capacidade causal fraca, influenciando apenas indiretamente o comportamento.
Exemplo: ideia de quadrado.

Sentir: atividade de representação e de interação com o mundo. Produz impressões e


desenvolve uma interação com o mundo com um grau de sensibilidade elevado.

Atividades da mente
Pensar: Atividade de representação e de interação com o mundo, mas produz ideias e
desenvolve uma interação com o mundo com um grau de sensibilidade fraco.

Principio empirista da derivação: As impressões prcedem as ideias; não podemos pensar e


entender aquilo que não tem conexão com uma experiência possivel.

Empirismo: Teoria que defende que a experiência é a fonte do conhecimento do mundo.


Há dois aspetos importantes nesta teoria. O primeiro é que ela nega que podemos ter conceitos
ou ideias sem conexão com uma experiência possivel. O segundo é que ela nega que podemos
ter conhecimento dos factos sem recorrer à experiência.

Relações de ideias -- correspondem--> proposições analiticas (EX: a soma dos


ângulos internos de um triângulo dá 180º)
Objetos do conhecimento
Questões de facto -- correspondem--> proposições sintéticas (EX: Nelson
Mandela morreu a 5 de dezembro de 2013)

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