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QUADROS FÓBICOS

QUADROS OBSESSIVO-COMPULSIVOS
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

Profª. Msc. Sarah Monteiro


sarah_mctf@hotmail.com
Quadros fóbicos

■ As síndromes fóbicas caracterizam-se por medos intensos e irracionais,


por situações, objetos ou animais que objetivamente não oferecem ao
indivíduo perigo real e proporcional à intensidade de tal medo.

■ Síndromes fóbicas de maior importância:


-Agorafobia
-Fobia simples ou específica
-Fobia social
Agorafobia
■ Na agorafobia, o medo e a angústia relacionam-se a espaços amplos ou com muitas
pessoas, à possibilidade de estar em locais de onde possa ser difícil escapar ou onde o
auxílio ou a presença de pessoas próximas não seja rapidamente acessível.

■ Os indivíduos com agorafobia têm, frequentemente, crises de medo e angústia quando


estão fora de casa, em um congestionamento, em uma ponte ou túnel, em meio à
multidão, em um estádio de futebol, em um grande supermercado, no cinema ou no
teatro. Têm, com frequência, medo de viajar de ônibus, automóvel ou avião.

■ Há tendência de evitar tais situações, o que geralmente leva a um estreitamento das


possibilidades vivenciais do indivíduo, restringindo-o, às vezes, à sua casa e a ambientes
muito familiares e seguros.
Caso clínico: Agorafobia

■ Sra. M tinha 67 anos e morava em um apartamento no segundo andar de um


prédio sem elevador em uma região de classe média. Sua filha já adulta, um
dos poucos contatos remanescentes com o mundo, solicitou uma avaliação
com o consenso da sra. M. Toquei a campainha e entrei em um corredor
estreito; a sra. M não estava em um lugar visível. Sabendo que ela morava no
segundo andar, subi as escadas e bati na porta. Quando ouvi a sra. M me
pedir para entrar, abri a porta. Ela estava na sala de estar e eu pude ver o
esboço do restante do apartamento.
■ A sala de estar estava na frente; a cozinha, nos fundos, junto a uma área de
serviço. À direita das escadas estava o único quarto com um banheiro. Sra.
M. estava contente em me ver e foi muito amigável, ofereceu-me café com
biscoitos feitos em casa. Eu fui a primeira pessoa que ela via em três
semanas. Durante vinte anos, a sra. M. não tinha deixado o apartamento, e há
trinta anos sofria de transtorno de pânico com agorafobia.
■ À medida que me contava sua história, transmitia vívidas imagens de uma vida
perdida. Ela ainda continuou a esforçar-se ante a adversidade e a fazer o melhor
que podia com sua limitada existência. Mesmo áreas em seu apartamento
assinalavam o potencial para provocar ataques de pânico. Ela não tinha atendido
à porta sozinha nos últimos quinze anos porque tinha medo de olhar para o
corredor. Ela conseguia entrar na cozinha e ir até onde ficavam o fogão e a
geladeira, mas nos últimos dez anos não tinha ido à parte da sala que dava para o
quintal ou para fora da área de serviço. Assim, sua vida na última década tinha
sido confinada ao quarto, à sala de estar e à metade da frente da cozinha.
■ Ela contava com sua filha para lhe trazer compras e visitá-la uma vez por
semana. O único visitante além da filha era o padre da paróquia, que vinha lhe
ministrar a comunhão a cada duas ou três semanas, quando ele podia. O contato
com o mundo externo era por meio da televisão e do rádio. Seu marido, que tinha
abusado tanto do álcool quanto da sra. M, havia morrido dez anos antes de causas
relacionadas ao alcoolismo. No início de seu casamento estressante ela teve o
primeiro ataque de pânico e gradualmente foi se retraindo. À medida que
permanecia no apartamento, sentia-se relativamente livre do pânico. Por esse
motivo, e em razão do fato de haver em sua mente poucos motivos, na
proximidade do fim da vida, para se aventurar fora de casa, ela parou o
tratamento.
Fobia simples ou específica
■ Caracteriza-se por medo intenso, persistente, desproporcional e irracional,
como medo de animais, medo de ver objetos como seringas, sangue, faca,
vidros quebrados, etc.

■ A exposição ao objeto ou animal fobígeno geralmente deflagra uma crise


de angústia ou mesmo de pânico.

■ Os indivíduos acometidos reconhecem o caráter irracional e


desproporcional de seus medos.

■ (Caso clínico de Judy – sangue)


Caso clínico: Fobia específica

■ Judy, 16 anos, foi levada a nossa clínica para tratamento de transtornos de


ansiedade após aumentarem seus episódios de desmaio. Cerca de dois anos
antes, em sua primeira aula de biologia, o professor mostrou um filme sobre a
dissecação de uma rã para exemplificar diversos aspectos da anatomia. Foi um
filme com imagens vívidas de sangue, tecidos e músculos. Mais ou menos na
metade da exibição, Judy se sentiu um pouco zonza e deixou a sala.
■ No entanto, as imagens não a deixaram e continuaram a incomodá-la; às vezes
se sentia enjoada. Isso começou a impedir situações em que pudesse ver
sangue ou machucado. Parou de olhar revistas que poderiam ter imagens
ensanguentadas e sentia dificuldade em olhar para carne crua ou mesmo para
curativos porque isso lhe trazia imagens amedrontadoras à mente.
Eventualmente, qualquer coisa que seus amigos ou seus pais dissessem que,
evocasse imagens relacionadas a sangue ou machucados faziam com que Judy
se sentisse zonza.
■ Ela ficava tão mal que, se alguém dissesse “Corte fora!”, ela caía
desmaiada. Seis meses antes de visita a clínica, Judy começou a ter
desmaios sempre que encontrava algo ensanguentado. Nem o médico
da família, nem outros médicos conseguiam achar nada de errado com
ela. Naquela época, ela foi levada à nossa clínica porque desmaiava de
5 a 10 vezes por semana, frequentemente durante as aulas.

■ É óbvio que isso era problemático para ela e para a escola; cada vez
que ela desmaiava, os outros estudantes se aglomeravam ao redor,
tentando ajuda-la, e a aula era interrompida. Pelo fato de ninguém ter
encontrado nada de errado, o diretor concluiu que ela estava sendo
manipuladora e a suspendeu, mesmo sendo uma aluna de destaque.
Fobia social
■ A fobia social caracteriza-se por um medo intenso e persistente de situações
sociais que envolvam expor-se ao contato interpessoal, demonstrar certo
desempenho ou situações competitivas e de cobrança. O indivíduo sente
intensa angústia ao ter de falar em público.

■ Apresentar um seminário, fazer uma palestra, ler um trecho de um livro,


etc. O medo à exposição é mais forte com pessoas estranhas ou tidas como
superiores. O indivíduo tenta evitar tais situações e reconhece o caráter
absurdo de seus temores.

■ (Caso clínico de Billy)


Caso clínico: Fobia social
■ Billy era um modelo de bom garoto fazia o dever de casa, mantinha-se longe
dos problemas, obedecia aos pais e era tão quieto e reservado que não atraía
muita atenção. Entretanto, quando foi para o ensino médio, algo que seus
pais já tinham observado se tornou evidente. Billy não tinha amigos. Ele não
queria frequentar atividades sociais ou esportivas relacionadas à escola,
mesmo se a maioria dos garotos da classe fosse aos eventos.
■ Quando seus pais decidiram conversar com a orientadora educacional,
descobriram que ela estava para chama-los. Ela relatou que Billy não se
socializava nem falava em voz alta na classe, e ficava com dor de barriga
caso soubesse que seria solicitado para explicar alto. Os professores tinham
dificuldade para tirar dele qualquer coisa além de ‘sim’ ou ‘não’. O mais
preocupante era que ele tinha sido descoberto se escondendo no banheiro
durante o almoço, o que ele disse estar fazendo por diversos meses em vez
de se alimentar.
Quadros obsessivo-compulsivos

■ Caracterizam-se por idéias, fantasias e imagens obsessivas e por atos, rituais


ou comportamentos compulsivos. Esses quadros são vividos como uma
pressão sobre o indivíduo, como algo que o obriga e submete.

■ Dividem-se em dois subtipos básicos:


-Quadros nos quais predominam as idéias obsessivas;
-Quadros nos quais predominam os atos e os comportamentos compulsivos.

■ Frequentemente se observam formas mistas.


■ As síndromes obsessivas caracterizam-se por idéias, pensamentos,
fantasias ou imagens persistentes, que surgem de forma recorrente na
consciência; são vivenciadas com angústia e como algo que “invade” a
consciência.

■ O indivíduo reconhece o caráter irracional e absurdo desses pensamentos,


tentando, às vezes, neutralizá-los com outros pensamentos ou com atos e
rituais específicos.

■ Nos quadros compulsivos, há predominância de comportamentos e rituais


repetitivos, assim como de atos mentais.
■ Exemplos de comportamentos e rituais repetitivos: Lavar as mãos
inúmeras vezes, tomar muitos banhos, verificar se as portas estão trancadas
por dezenas de vezes, etc.
■ Exemplos de atos mentais: repetir palavras mentalmente em silêncio,
fazer determinadas contas, rezar, repreender-se, etc.

■ Tais atitudes geralmente ocorrem em resposta a uma ideia obsessiva


(“Devo estar com AIDS ou sífilis; então tenho que me lavar
constantemente”).

■ Os comportamentos e os atos compulsivos surgem como forma de cumprir


regras mágicas que precisam ser rigidamente seguidas, pois, a realização do
ato compulsivo está relacionada com o afastamento de algum evento
temível ou indesejado (“Se eu der 15 voltas no quarteirão antes de entrar
em casa, ninguém da família morrerá”).
Caso clínico: Transtorno obsessivo-compulsivo
■ Richard, um calouro de 19 anos que se graduaria em filosofia, deixou a faculdade em
razão de comportamento ritualístico e incapacitante. Ele abandonou a higiene pessoal
porque os rituais compulsivos que tinha de empreender durante o banho ou a limpeza
consumiam tanto tempo que ele não conseguia fazer mais nada. Banhos quase contínuos
diminuíram para nenhum banho. Ele parou de cortar e lavar os cabelos e de fazer a barba,
escovar os dentes e mudar de roupa. Raramente deixava seu quarto e, para evitar rituais
associados com banheiro, defecava em papel-toalha, urinava em copo descartável, e
armazenava os dejetos no armário.
■ Ele se alimentava apenas tarde da noite, quando sua família estava dormindo. Para
conseguir comer, ele tinha de exalar o ar completamente, fazer muito barulhos sibilantes,
pigarrear e tossir, e então enchia a boca com o máximo de comida possível, enquanto
nenhum ar estivesse em seus pulmões. Ele comia somente uma mistura de manteiga de
amendoim, açúcar, achocolatado, leite e maionese. Todos os outros alimentos ele
considerava contaminadores. Quando caminhava, dava passos muito curtos nas pontas dos
pés enquanto olhava sempre para trás, verificando e verificando novamente. De vez em
quando, ele corria sem sair do lugar, ele retirava o braço esquerdo da manga da camisa
como se fosse deficiente, e sua camisa fosse uma tipoia.
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)

■ Descrito como a exposição a um acontecimento traumático durante o qual


alguém sente medo, desespero ou horror. Posteriormente, as vítimas
experimentam o acontecimento outra vez por meio de lembranças e
pesadelos.
■ As vítimas evitam tudo que lhes recorde o trauma.
■ Às vezes, são incapazes de se lembrar de certos aspectos do acontecimento.
■ É possível que tentem evitar experiências similares, como as pessoas com
transtorno de pânico, em virtude das emoções intensas trazerem de volta as
lembranças do trauma.
■ As vítimas ficam alarmadas com facilidade e se irritam muito rapidamente.
■ O diagnóstico de TEPT ocorre um mês após o trauma.
Subdivisões do TEPT

■ Agudo: diagnosticado um mês após o acontecimento.

■ Crônico: após o diagnóstico, os sintomas continuam por mais de três


meses.

■ Com surgimento atrasado: nele, os indivíduos demonstram muito pouco


de quaisquer sintomas imediatamente após o trauma, mais tarde, talvez anos
depois, desenvolvem o TEPT manifesto. Para o diagnóstico desse quadro, o
surgimento dos sintomas deve ocorrer pelo menos seis meses após a
situação estressora.
Transtorno de estresse agudo
■ Considerado um subtipo do TEPT.

■ Ocorre antes do primeiro mês após o trauma.

■ O nome diferenciado enfatiza a reação muito grave que algumas pessoas


apresentam imediatamente após o ocorrido.

■ No transtorno de estresse agudo, os sintomas de TEPT são acompanhados por


sintomas dissociativos graves, como amnésia para todo o trauma ou para
algumas partes dele, entorpecimento emocional, ou sentimentos de
irrealidade.
Recapitulando

■ O diagnóstico de TEPT ocorre um mês após o trauma.

■ TEPT Agudo: a duração dos sintomas é menor que três meses.

■ TEPT Crônico: a duração dos sintomas é de três meses ou mais.

■ TEPT com surgimento atrasado: quando o surgimento dos


sintomas ocorrer pelo menos seis meses após a situação estressora.

■ Transtorno de estresse agudo: ocorre antes do primeiro mês após o


trauma.
Caso clínico: TEPT
■ Sra. Betty Jones e seus 4 filhos foram visitar um amigo na fazenda. Jeff,
filho mais velho, tinha 8 anos. Marcie, Cathy e Susan, tinham 6 anos, 4 anos
e 2 anos. Sra. Jones estacionou o carro na garagem e todos atravessaram o
terreno em frente à porta. Repentinamente, Jeff ouviu um rosnado em algum
lugar perto da casa. Antes que pudesse advertir os outros, um grande pastor
alemão pulou em cima de Marcie, a garota de 6 anos, derrubando-a no chão
e dilacerou ferozmente sua face.
■ A família, atordoada demais para se mexer, assistiu ao ataque. Após o que
pareceu uma eternidade, Jeff deu uma estocada no cachorro e ele foi embora.
O proprietário do animal, em estado de pânico, correu para uma casa vizinha
para pedir ajuda. Sra. Jones imediatamente colocou pressão nos ferimentos
da face de Marcie na tentativa de parar a hemorragia. O proprietário
descuidou0se do cachorro, e permaneceu a uma distância curta, rosnando e
latindo para a família aterrorizada.
■ Marcie foi levada às pressas para o hospital. Histérica, teve de ser contida em
uma maca até que os médicos da sala de emergência pudessem suturar os
ferimentos. Esse caso é incomum porque não apenas Marcie desenvolveu o
TEPT, mas também seu irmão de 8 anos. Além disso, Cathy, de 4 anos, e
Susan, de 2 anos, embora ainda bastante novas, demonstraram sintomas do
transtorno, assim como sua mãe. Jeff demonstrou sintomas de culpa clássico:
relatou que deveria ter salvado Marcie ou pelo menos se colocado entre ela e o
cão.
■ Tanto Jeff quanto Marcie tiveram uma regressão no desenvolvimento,
passaram a urinar na cama e experimentaram pesadelos e medo de separação.
Além disso, Marcie, que foi enfaixada, tomou anestesia e levou pontos ficou
atemorizada com quaisquer procedimentos médicos, e até mesmo com os
acontecimentos rotineiros do dia a dia, como cortar as unhas ou tomar banho.
Além do mais, ela passou a recusar a ficar embaixo de cobertas na cama, algo
que adorava fazer, provavelmente porque isso lhe fazia lembrar da maca.

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