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MANUAL

Curso/Unidade: Formador/a:

Desenvolvimento pessoal e social – o papel da escola Adriane Alves

Especifique o Nome do Curso/Unidade

4255
Carga horária:

25 horas

DE APOIO

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SUMÁRIO

OBJETIVOS DO CURSO..............................................................................................................................................................3
Objetivo Geral:...............................................................................................................................................................................3
Objetivos Específicos:...................................................................................................................................................................3
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS:.............................................................................................................................................3
INTRODUÇÃO:.............................................................................................................................................................................4
A função da escola no processo de socialização e instrução.......................................................................................................5
Fundamento teórico da Socialização............................................................................................................................................6
Escola Agente da Socialização.....................................................................................................................................................9
As consequências da massificação do ensino – da igualdade de acesso à desigualdade de sucesso.....................................14
Pedagogia e curiosidade.............................................................................................................................................................17
Insucesso Escolar.......................................................................................................................................................................18
A relação da heterogeneidade de publico escolar face à inserção seletiva operada na escola ................................................21
A escola e a Diversidade Étnica e Cultural.................................................................................................................................23
Os conceitos de habitus cultural e aluno ideal, num pressuposto de selectividade...................................................................25
A escola num quadro de reprodução da cultura da classe dominante.......................................................................................27
Reprodução cultural e Reprodução social..................................................................................................................................28
Os direitos da Criança…………………………………………………………………………………………...……....… 29
Convenção sobre os direitos da criança………………………………………………………………………………..... 30
IReferências Bibliográficas..........................................................................................................................................................35

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OBJETIVOS DO CURSO

Objetivo Geral:
 Identificar as alterações operadas na instituição escolar, no que respeita à sua filosofia e
conceção.

 Contextualizar os fatores de sucesso e insucesso escolar no quadro da heterogeneidade


estudantil

Objetivos Específicos:
 Enunciar as funções da escola no processo de socialização.
 Descrever as consequências da massificação do ensino.
 Saber diferenciar a relação da heterogeinidade de público escolar diante da interação seletiva na
escola.
 Descrever os conceitos de habitus cultural e aluno ideal.
 Discutir sobre a escola num quadro de reprodução da cultura da classe dominante.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS:

Desenvolvimento pessoal e social – o papel da escola

 A função da escola no processo de socialização e instrução

 As consequências da massificação do ensino – da igualdade de acesso à desigualdade de sucesso

 A relação da heterogeneidade de público escolar face à interação seletiva operada na escola

 Os conceitos de habitus cultural e aluno ideal, num pressuposto de selectividade

 A escola num quadro de reprodução da cultura da classe dominante

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INTRODUÇÃO:

Este manual tem o objetivo de ser um instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração nº 4255
Desenvolvimento pessoal e social – o papel da escola, mencionado no Catálogo Nacional de Qualificações.

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Desenvolvimento pessoal e social – o papel da escola

A função da escola no processo de socialização e instrução


A socialização é um processo interativo, com relevância no desenvolvimento infantil, através do qual a
criança de forma recíproca satisfaz as suas necessidades propagando desenvolvimento para outros. No
entanto, buscamos a necessidade de compreender o papel da escola junto com a família o processo de
socialização da criança. Estudos mostram que a escola mantém uma função fundamental para o
processo social, desenvolvendo as capacidades cognitivas ajudando a criança compreender que têm um
mundo social. Este processo inicia no nascimento, propício a mudanças e permanecendo ao ciclo vital.
Uma mudança significativa foi o avanço tecnológico no meio de comunicação que interfere na
socialização dentro das famílias repassando ainda mais a responsabilidades para as escolas. A partir
disso surge a necessidade de compreender como a escola contribui para o processo de socialização,
levando em consideração da identidade e a forma de interagir. No entanto, qual o papel da escola no
processo de socialização na educação infantil? Temos conhecimento que educar não é só o processo
ensino-aprendizagem, é preciso construir de forma real indivíduos pensantes, éticos e preparados para o
a sociedade. A escola será crucial para o desenvolvimento geral e cognitivo da criança e, portanto para
os ciclos posteriores de sua vida. É na escola que se constrói parte da identidade de mundo; nela as
crianças adquirem os princípios éticos e morais para serem aplicados na sociedade; nela surgem as
dúvidas, interações, inseguranças e ideologias em relação ao futuro. O relevante nesse processo que a
criança aprenda o que é correto e incorreto dentro do meio social em que vive grupo seja no familiar,
escolar e outros. Assim adquirem o verdadeiro conceito de valores morais e se comportam de acordo
com eles. Buscamos com essa pesquisa analisar as contribuições culturais, científicas e aprofundar o
conhecimento sobre a socialização infantil dentro do ambiente escolar e a função da escola no
desenvolvimento cognitivo e geral. O trabalho teve o objetivo de analisar o papel da escola como
facilitador da socialização de crianças que estão ingressando no mundo escolar, compreender as formas
de socialização determinante para o desenvolvimento cognitivo no ambiente escolar, verificar quais
valores e aprendizagens de caráter social pode ser identificado através de ações em brincadeiras. A
partir destes objetivos consideramos importante pesquisar e estudar para compreender o papel da
escola na socialização infantil. Pondera-se que educar vai mais além do que o processo ensino-

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aprendizagem, mas também, trabalhar e preparar os alunos como seres críticos e pensantes,
preparados para qualquer espaço a serem inseridos.

FUNDAMENTO TEÓRICO DA SOCIALIZAÇÃO

Socialização é um processo internalizado no sistema ensino-aprendizagem ao longo de todo ciclo vital.


Além de tudo, é o caminho necessário em que aprendemos as características de viver em um meio
comum, ou seja, na sociedade. Entretanto, entendemos como um método pelo qual o indivíduo é incluído
nas relações sociais e de coletividade que o envolve num todo, desde seu nascimento até o final de sua
vida. Segundo Piletti (1986, p.68), define socialização como:

É o processo através do qual o indivíduo internaliza os padrões sociais de agir,


pensar, e sentir. Através da socialização, desde que nasce o indivíduo é
treinado para querer agir segundo as expectativas sociais e só ter desejos e
sentimentos permitidos socialmente.

Isto é, a socialização busca adaptar os hábitos, necessidades e interesses, se o processo for atribuído
de forma igualitária a todos, certamente os hábitos de propagação de valores serão os mesmo. No
entanto, os primeiros conflitos ocorrem ao deparar com algo diferente imposto na sociedade contraditório
ao que o indivíduo considera como errado.

O Sociólogo Francês Émile Durkheim, um dos teóricos mais conceituados na referência de socialização
mediante a educação citou: “A sociedade só pode viver se existir uma homogeneidade suficiente entre
seus membros; a educação perpetua e fortalece esta homogeneidade gravando previamente na alma da
criança as semelhanças essenciais exigidas pela vida coletiva”. Durkheim (2011, p.53). Ou seja, a
educação ajuda a reduzir o egoísmo e a individualidade, preparando a criança para o desenvolvimento
do bem estar de um grupo de convivência.

Portanto, a socialização é a construção do ser social, feita em boa parte pela educação; é a percepção
do ser humano de uma sucessão de normas e princípios, sejam morais, religiosos ou de comportamento,
que indica a conduta do individuo num grupo. Essa concepção coletiva torna o individuo sociável capaz
de aprender hábitos e costumes para conviver com os demais. Durkheim (2011, p.54), relata também a
formação do caráter social, constituído pela educação através da chamada socialização metódica que
seria a junção do ser individual com o ser social:

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Um é composto de todos os estados mentais que dizem respeito apenas a nós
mesmos e aos acontecimentos da nossa vida pessoal; é o que se poderia
chamar de ser individual. O outro é o sistema de ideias, sentimentos e hábitos
que exprimem em nó não a nossa personalidade, mas sim o grupo ou os grupos
diferentes dos quais fazemos parte; tais como as crenças religiosas, as crenças
e práticas morais, as tradições nacionais ou profissionais e as opiniões coletivas
de todo. Este conjunto forma o ser social.

Essas características sociais e culturais são fundadas através de instituições ou não, guiando o
comportamento daqueles indivíduos que fazem parte da sociedade. Os fundamentos da socialização
repassada através das escolas e afins ajudam o aluno a compartilhar momentos, vivencias e trocas no
meio para compreender os aspectos culturais atuais dessa sociedade. De acordo com Lopes (1995,
p.10):

Portanto, pensar sobre socialização nesses termos significa também incorporar a


esse processo a cidadania, pois quando o indivíduo aprende sobre seu povo,
sobre quem é, aprende também que merece todo respeito, compreende ainda que
todo ser humano, independentemente de sua condição econômica, deve e merece
respeito e justiça.

Entretanto, a primeira interação social começa ao nascer com os membros da família e ali naquela
instituição gerar os alicerces de afetividade e responsabilidades de responder posteriormente as
exigências básicas da criança ao longo do seu desenvolvimento, transmitindo valores e saberes de
geração para geração. A função da família na socialização Piletti (1986, p.40) “sendo a família o primeiro
grupo pelo qual a criança convive, é na família que ela vai assimilar os padrões e valores que a
transformarão em uma pessoa adulta. A família é a primeira agência educadora da criança”. O autor
salienta a importância da família nessa etapa, pois a criança aprende sua primeira língua e começa o
comportamento moldado pela familiaridade; esses meios sociais são caracterizados pela cultura e de
estruturas sociais.

Não nascemos com nossa cultura internalizada; a constituição da cultura enquanto a socialização
acontece no convívio diário da criança na comunidade que ela está inserida, que possui conceitos
definidos para compreender sua vida e interagir com os demais membros de sua sociedade. Essa
aprendizagem quotidiana torna-se responsável pelo aprendizado do novo membro social e exercerá
grande influência sobre o seu comportamento.

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Embora o processo de socialização comece na infância, não termina na vida adulta; pois as etapas da
vida humana passam por diferentes experiências. No ciclo vital passamos pelo mundo de pessoa e
gerações distintas. No entanto, mudamos de comportamento inúmeras vezes e a compreensão de
mundo induzindo a visão de mundo ter múltiplos focos, o indivíduo entrará em contato com vários
contextos e interpretações significativas do meio social.

Entretanto, essa primeira interação social que acontece logo ao nascer é classificada como primaria,
diante da classificação de socialização entre primaria e secundaria definida (BERGER; LUKMANN apud
GOMES 1994, p.56)

[...] a socialização primária é, quase sempre, tarefa primordial da família, a


socialização secundária é tarefa da escola e demais instituições relacionadas ao
mundo do trabalho. Sem anular, claro, a importância das demais agências
educativas, Ora, à medida que se pressupõe uma subsequente à outra, assume-
se que a trajetória de vida e de trabalho de cada indivíduo depende, em grande
parte, de suas experiências particulares no curso da primeira socialização,
promovida pelo interior do grupo doméstico, Daí deriva, pois, a importância dessa
modalidade socializadora, quer na perspectiva individual, quer na perspectiva
social.

De modo que, a primeira fase da socialização acorrida na infância em aprendizagem cultural no meio
familiar, a criança passa a frequentar a escola. A escola começa os primeiros e verdadeiros conflitos, são
eles os maiores impactos na interação do sujeito, é nela que as crianças encontram diferentes
realidades, mídias, valores, normas e crenças vindas de sua família; que posteriormente é agregada ao
grupo a realidade de cada ume através dessa mistura de cultura familiar ocorre o respeito ao próximo
através da socialização.

A identidade do indivíduo é fundamental para a formação das particularidades para internalizar a


importância de valores, crenças, orientação sexual. De acordo com (CORCUFF, 2001 apud SETTON,
2001, p.716); “ indivíduos produzidos e produtores de relações sociais variadas. Sem a intenção de
agrupar todas essas tendências sociais em um pensamento unitário, o autor chama atenção para o fato
de que aquilo que ele qualifica de problemática construtivista não deve ser considerado como uma nova
escola ou uma nova corrente dotada de homogeneidade”. Em outras palavras, continuação da
homogeneidade de grupo com questionamentos e problemas, dentro das realidades sociais trazidas de
sua história e de problemáticas quotidianas individuais e coletivas.

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A socialização compõe-se pela perda das características comportamentais adquiridas por conta do
convívio em sociedade e retomadas dos comportamentos de desvio de conduta para o ambiente social.
Ou seja, é preciso um equilíbrio para o desenvolvimento do processo com o sucesso. A criança é para
ser tratada com um ser social, participante de todos ambientes que convive como escola, família e outras
interações, porque assim muda e se adequa com as mudanças que ocorre na vida social.

Nota-se que a socialização da infância ainda está no processo inicial de pesquisa e curiosidades.
Portanto, no âmbito de profundas incertezas e de forma subjetiva, pois as referências que relatam a
infância são sempre retalhadas por etapas, essa divisão de fases mostra que existem variações e
constante mudança. Não é que queiramos a infância estática, sem evolução, sem modificações, porém
isso implica numa falta de normas e regras para fechar conceitos; entretanto as mudanças por épocas,
sociedade e grupo social íntimo interferem diretamente na flexibilidade conceitual.

Escola – Agente da Socialização

A escola é considerada uma instituição formada de professores, alunos, funcionários e pais, juntamente
com a comunidade que a mesma está inserida com a principal função é ajudar na formação e educação
de crianças e adolescente. É nesse ambiente que aprendemos a ler, escrever, conhecer e respeitar
pessoas.

Portanto, constitui o papel de desenvolvimento e aprendizagem, local que abrange diferentes


conhecimentos, direitos e deveres que no processo de socialização ocorrem conflitos e problemas. É
nesse espaço que os indivíduos processam o seu desenvolvimento global, mediante as interferências
pedagógicas planejadas e executadas dentro e fora de sala de aula.

Entendo que o processo educativo na escola deve respeitar a liberdade e as


especificidades de cada ser humano, deve atender as solicitações individuais para
cada um se desenvolva de acordo com sua própria potencialidade, tendo em vista
o assumir com responsabilidade e atitude crítica o seu papel de cidadão. (LOPES,
1995, p.10)

No entanto, a primeira socialização ocorre na família no contato cotidiano de seus amigos e familiares,
depois passamos a frequentar o ambiente escolar onde nos deparamos com as diferenças sociais. A
internalização cultural individualizada trazida do ambiente familiar precisa ser somada a saberes de
outros na escola que enriquecerão o pensamento critico das crianças e assim aprendem a conviver

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nesse ambiente novo aceitando e cumprindo seus deveres e conseguindo esses direitos com autonomia
para que sejam respeitados.

Os processos de socialização estimulam os homens aprenderem condições de viver em sociedade. A


socialização, portanto, induz a compreensão do mundo dito como social, a socialização primária é a
primeira socialização via família,tornando o individuo membro da sociedade e posteriormente incluído a
outros processos formando então a socialização secundaria.

A socialização primária é considerada o alicerce para a eficácia da secundária; a criança entra em


contato com situações sociais ao qual leva as características de comportamento particular de cada um,
formando os estereotipo dos grupos sociais:

O mundo social é “filtrado” para o individuo por meio dessa dupla seletividade.
Assim, a criança das classes inferiores absorve uma perspectiva própria a sua
classe sobre o mundo social, mas segundo uma coloração idiossincrática dada
por seus pais (ou por qualquer individuo que se ocupe de sua socialização
primária). A mesma perspectiva própria às classes inferiores pode provocar uma
atitude de aceitação de seu destino, de resignação, de ressentimento amargo ou
de revolta febril. Consequentemente, a criança das classes inferiores acabará não
somente por habitar em um mundo muito diferente daquele das classes
superiores, mas também por se diferenciar de seu vizinho que pertence, no
entanto, á mesma classe que ele (BERGER; LUCKMANN apud HAECHT, 2008,
p.101).

Percebendo a forma de agir dos seres humanos, vemos que agem sozinhos ou interagem com outros,
observamos que a comunicação pode ser de varias maneiras, o individuo e outro; individuo e outro grupo
e entre grupo e grupo.

De acordo com Piletti(1986, p.26), define processos sociais na educação: “Processos sociais são os
mecanismos através dos quais se dá a interação entre indivíduos e grupo, na vida social”. A interação
social ocorre por intermédio da competição, conflitos, cooperação, acomodação e assimilação.

Quando associamos esses processos sociais na sala de aula verificamos que individualmente são todos
benefícios para a socialização.Dentre eles a cooperação é o mais auxilia no processo de interação
educacional, contribui para o convívio com o outro, valorizando a harmonia,coletividade e o interesse
individual.

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Conceitua-se a educação como “uma atividade mediadora no seio de uma prática social global”
(SAVIANI apud LOPES, 1995, p.59). A mediação ocorre nas trocas de relações que acontecem no
âmbito da convivência e do cotidiano, a escola serve como intermédio entre a afetividade e os conflitos
nos meios sociais; para adquirir sucesso no resultado o ambiente escolar tem que exercer um papel
neutro, ser realmente um espaço de socialização no processo de construção do conhecimento e da
cidadania.

Além disso, Oliveira (1987, p.92):

A escola, enquanto um dos organismos da sociedade é o local por excelência


para o desenvolvimento do processo de transmissão – assimilação do
conhecimento elaborado. Isto é: a escola é o local onde o individuo estaria se
instrumentalizando para atuar no meio social ao qual pertence.

Nesse sentido, a prática social está diretamente ligada à prática educativa e dessa forma a escola se
torna realmente mediadora na utilização de suas atividades para que todos integrem ao meio social.
Entretanto, no mesmo contexto Duarte (1987. p.92). “A contribuição da prática educativa escolar torna-se
desse modo, tanto eficaz quanto mais se consegui efetuar os elementos para vincular a sociedade e
escola”.

Assim, a escola atual é direcionada a gerações novas com finalidade de mostrar aos seus alunos o
conteúdo e atividades que auxiliam a formação moral e o desenvolvimento do individuo como cidadão. A
socialização nas escolas entra na categoria de secundaria, pois é o processo que introduz o individuo já
socializado na família de frente a novas realidades sociais fora do ambiente de casa, ao chegar ao
mundo escolar à criança depara-se com situações diferentes do que a mesma estava acostumada, são
condições e expectativas em que ela terá meios emocionais para enfrentar e relacionar.

O sistema escolar, além de envolver um universo de pessoas, com características


diferenciadas, inclui um mundo significativo de interações continuas e complexas,
em função dos estágios do desenvolvimento do aluno. Trata-se de um ambiente
constituído por várias culturas que compreende também a construção da
afetividade e preparo para viver em sociedade. (OLIVEIRA, 2000 apud
DESSEN;POLONIA, 2007, p.25).

Em outras palavras, a escola tem o papel emergente para o individuo e seu desenvolvimento, além de
contribuir para a prosperidade da sociedade e da humanidade. E ao mesmo tempo encontram um

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desafio grande que seria preparar professores, alunos e pais para as mudanças rápidas que acontecem
no mundo e os conflitos entre pessoas. Na escola, o aluno passa por práticas que são os momentos e
atividades feitas de forma pedagógica com objetivos que estabelecem na interação com o ambiente
social. O principal momento de socialização no contexto escolar acontece na hora do intervalo e do
lanche, pois proporcionam objetivos de convivência em grupo e a incorporação na coletividade.

Embora a escola tenha grande importância no processo de socialização é necessário que a família tenha
desempenho seu papel na iniciação do desenvolvimento social. Como destaca Dessen e Polonia (2007,
p. 27), “Os laços afetivos, estruturados e consolidados tanto na escola como na família permitem que os
indivíduos lidem com conflitos, aproximações e situações oriundas destes vínculos, aprendendo a
resolver os problemas de maneira conjunta ou separada”. Percebe-se que a escola oferece abertura que
exercita o desenvolvimento social e afetivo distinto do ambiente familiar.

Mesmo que a escola seja a sequência da família no processo de socialização da criança e juntas
desenvolvem ações de continuidade, há sempre barreiras que geram conflitos e dificuldades na
comunicação entres esses dois sistemas da sociedade. De acordo com Dessen e Polonia (2007, p.28)
“Uma das dificuldades família/escola é que esta ainda não comporta, em seus espaços sociais e de
interação, os diferentes segmentos da comunidade e, por isso, não possibilita uma distinção quantitativa
das competências e o compartilhar das responsabilidades”.

A criança começa o processo de socialização da sua origem e condição de ser social e não forma sua
personalidade social na sua individualidade para somente depois se socializar; mesmo que continue com
algumas características primárias sempre será socializada, sendo nesse contexto a escola como
mediador do estagio de desenvolvimento de interação.

Miranda (1984, p.132), conclui:

O processo de socialização da criança não pode ser tratado senão dentro da


perspectiva da análise dialética das relações de reciprocidade estabelecidas entre
crianças e sociedade de classes, processo de socialização só pode ser tratado
como processo evolutivo da condição social da criança e considerando sua
origem.

Além de tudo, na escola a criança participa de forma ativa do processo de socialização com qualidade,
internalizando conteúdos, modo de comportamento e valores sociais. Será sujeitado a procedimento de
internalização da realidade de suas vidas pela mediação dos professores. Devido à participação e a

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importância da mediação dos professores como figuras ímpares no processo socialização é preciso
recriar e repensar na metodologia mais eficaz para auxiliar.

Quando falamos de uma escola preocupada e comprometida realmente com os interesses populares, a
mesma deve procurar conhecer a realidade de cada criança envolvida na socialização, sem deixar
influenciar pela cultura dominadora e dessa forma que construímos uma escola democrática. No entanto,
as instituições escolares precisam trabalhar atividades pedagógicas e particularidades que facilitam o
desenvolvimento do aluno. “ A escola deverá, portanto, atuar crítica e reflexivamente na objetivação de
conteúdos, normas e valores internalizados na relação entre criança e escola”. (MIRANDA,1984, p.134).

Diante desses problemas no desenvolvimento socioeducativo, admitimos que a psicologia esteja em


parceria com a pedagogia aliados dentro do ambiente escolar contribuindo e auxiliando em todos os
aspectos relevantes á socialização da criança, além de solucionar problemas emocionais vinculados a
família trazida para dentro da escola. Portanto, a forma de condução dentro e fora de sala de aula os
professores como agentes socializador, acredita-se que outras ciências auxilie os mesmos no processo
educação na socialização Então, segundo. Miranda. (1984, p.134):

Acreditamos que a psicologia tem uma importante contribuição a dar, um auxílio à


pedagogia, na redefinição de todos esses aspectos relativos a socialização da
criança na escola. Problemas como indisciplina, violência, rivalidade, competição,
descompromisso, individualismo, autoritarismo estão presentes no cotidiano das
escolas brasileiras. Tais questões são tratadas empiricamente ou, se tanto, são
psicologizadas sob diferentes matizes teóricos.

Ao responder o questionamento sobre o papel da escola no processo de socialização na educação


infantil, verificou-se que a escola é um ambiente com variedades culturais que através das interações
interpessoais constrói laços afetivos e prepara para integrar a sociedade; e assim é um agente principal
da socialização, individualidade e autonomia da criança.

Desta forma, é possível compreender que a escola possui o papel na socialização juntamente com a
família; pois compartilham deveres e obrigações nas atribuições sociais e educacionais, desenvolvendo
a evolução cognitiva e geral da criança. Compreende-se, porém, que a escola é fundamental para o
indivíduo no seu desenvolvimento, além de preparar para enfrentar dificuldades de uma sociedade
dinâmica, competitiva e os conflitos entre pessoas, contribuindo para evolução de seres críticos na
sociedade.

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É oportuno lembrar, que a socialização é um processo contínuo na vida dos seres humanos, é através
dela que aprendemos a viver coletivamente e entender as relações sociais. A socialização faz parte do
desenvolvimento de ensino-aprendizagem, auxiliando ao longo de problemas quotidiano escolar e de
convívio, o fortalecimento das relações interpessoais e a homogeneidade. Nesse sentido, a socialização
constrói o ser social através educação, adequando o ser humano as normas e princípios éticos e morais
impostos na sociedade.

Fale-se, assim, que as crianças internalizam expectativas sociais referentes ao gênero, cultura e
ambiente familiar; ao chegar universo escolar começam a trabalhar as igualdades que ajudam a quebrar
paradigmas com as brincadeiras coletivas de forma lúdica e natural, evoluindo e ajustando-se as
experiências no dia a dia.

A escola é uma instituição social com finalidade de perpetuar conhecimento para contribuições sociais,
promovendo a aprendizagem e desenvolvendo o cognitivo; ou seja; é nela que aprendemos a ler,
escrever, conhecer e respeitar pessoas.

Conclui-se a partir de referencias teóricas fundamentadas que o papel da escola vai além do processo
ensino-aprendizagem, que o professor é o mediador para o sucesso no processo, resultado final e
mostre realmente que o educador tem sensibilidade para entender a criança,estreitar relações com
afetividade e ganhar confiança e respeito de suas crianças;pois, educar é importante na formação de
indivíduos críticos, socializados para a formação do caráter, preparado para o mundo contemporâneo
com ética, moral para serem integradas e conseguirem sucesso na sociedade.

As consequências da massificaçã o do ensino – da igualdade de acesso à desigualdade de


sucesso

Mas vamos então desvendar alguns dos principais constrangimentos do sistema de ensino, esses
sim, decisivos para um sistema de ensino de qualidade.

A massificação. O número de alunos na escolas portuguesas aumentou exponencialmente nos


últimos 30 anos e todos nos devemos congratular por isso. A democratização do ensino, generalizada a
todos os estratos sociais, foi uma conquista do 25 de Abril. É justo reconhecer que devemos a essa
conquista o progresso na sociedade portuguesa desde então, a todos os níveis. Contudo, não soubemos

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adaptar-nos à nova realidade educativa que exigiria uma nova organização do sistema. Pelo contrário,
por inércia, mantivemos um sistema de Ensino vocacionado para acolher as elites e os mais aptos.

A partir do final dos anos 80 e, sobretudo, dos anos 90, os professores do 3º Ciclo e do Ensino
Secundário começaram a receber alunos com um novo perfil, provenientes de famílias de baixa condição
sociocultural, frequentemente com baixa auto-estima e/ou revelando revelando dificuldades de
aprendizagem e, por vezes, até mesmo algum grau de atraso mental. Antes, estes alunos esbarravam no
1ºCiclo do Ensino Básico e diante de sucessivas reprovações, abandonavam o sistema de ensino.
Agora, finalmente, passaram a ser acolhidos pelas escolas e, acrescente-se, em boa hora.

Contudo, a resposta dos sucessivos ministros da Educação à massificação e à inclusão de todos


os alunos no sistema, sem excepção, foi a pior possível. Optou-se pela solução mais fácil: nivelar a
qualidade do Ensino por baixo, de forma a garantir taxas de aprovação políticamente correctas. Para
garantir o êxito desta opção, a partir do final dos anos 80, os professores que persistiam em manter
padrões de exigência elevados passaram a ser alvo de todo o tipo de pressões e até perseguidos.

As estruturas de topo do Ministério da Educação, os inspectores e os conselhos directivos


passaram a exigir aos professores justificações escritas nos conselhos de turma para taxas de
aprovação inferiores a 50%, culpabilizando-os por via de regra pelas taxas de insucesso dos alunos, por
mais competência científica que o professor revelasse. Todos perceberam que a prioridade era que os
alunos passassem de ano, fosse qual fosse o seu nível de conhecimentos.

O Ministério decretou então que a retenção dos alunos passava a ser excepcional e decidida
pelos conselhos de turma. A medida trouxe o caos aos conselhos de turma que, em muitos casos,
viraram verdadeiros campos de batalha entre os próprios professores. Os mais exigentes evocavam a
honestidade do seu trabalho e a necessidade de manter o mérito enquanto os mais condescendentes
defendiam as orientações do Ministério da Educação, alegando, entre outras "pérolas", que "agora o 9º
ano é equivalente `a 4ª Classe" ou que "os alunos precisam do 9º ano para tirar a carta de condução"...
O mérito foi atirado às urtigas e os alunos passaram a transitar de ano com 5 ou 6 disciplinas com
classificações negativas.

Neste novo sistema, aparentemente, todos ganham: os alunos rejubilam com tantas facilidades,
os pais esfregam as mãos de contentes com o "êxito" dos filhos, professores e conselhos directivos
vêem-se agora (quase) livres de reclamações. Só o País perde, mas esse não tem rosto nem defensor,
e, como sempre, sucumbe facilmente diante dos interesses imediatos de grupo.

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No meio da desorientação geral, Manuela Ferreira Leite, então chegada ao cargo de ministra da
Educação no Governo de Cavaco Silva, veio à televisão anunciar que os alunos passavam a reprovar
não com 2 negativas, como antes, mas com 3... embora os conselhos de turma continuassem com o
poder de ponderar as classificações, caso a caso. A verdade é que esta medida avulsa pouco veio
alterar a situação e a vaga facilitista continuou a tomar de assalto as escolas, com o alto patrocínio dos
sucessivos responsáveis do Ministério da Educação. Como é evidente, Ferreira Leite não explicou em
que teoria se baseou para chegar a tal "critério" e duvido que o pudesse ter feito...

Enquanto Portugal varria o problema da massificação para debaixo do tapete, países como a
Alemanha resolveram enfrentá-lo de frente. Para tal, criaram três tipos de escolas com graus de
exigência diferenciados: as escola comuns, com menor grau de exigência, a escola de exigência média e
a escolas de exigência elevada. Os professores receberam formação diferenciada e específica para cada
um destes tipos de escola. Uma formação especialmente dirigida para lidar com problemas
socioafectivos, no caso das escolas comuns, e uma formação com especial ênfase na qualificação
técnico-científica, no caso das escolas mais exigentes. Desta forma, a Alemanha garantiu respostas
diferentes a alunos com problemas diferentes.

Entre nós, optámos por manter na mesma sala de aula alunos superdotados e alunos com graves
problemas de aprendizagem, não dando resposta satisfatória nem a uns nem a outros. Esclareça-se que
não existe qualquer segregação social neste sistema porque o aluno dispõe do direito de escolher o tipo
de escola que quer frequentar. Admito que haja alternativas ao método alemão e até melhores, mas não
o método de ensino português, perfeitamente datado e caduco. Portugal precisa de soluções efectivas
para enfrentar os problemas resultantes da generalização do ensino a 100% dos jovens, não de soluções
de faz-de-conta, como os planos de apoio especial e as aulas de apoio acrescido, com tanto de piedosos
como de ineficazes

A escola portuguesa precisa de se descentralizar, de ser menos formal e de se abrir ao mundo. A escola
de hoje continua perdida nas concepções dos anos da Guerra Fria, monolítica, burocratizada e
ineficiente. É urgente mudar, é preciso estudar modelos educativos mais avançados adoptados com
êxito por outros países, é necessário adequar a Educação ao mundo globalizado. Com coragem,
mas também com prudência e bom senso.

Pedagogia e curiosidade

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Paradoxalmente, enquanto o advento da Internet propicia o incremento da curiosidade, somos
varridos por uma vaga de pedagogias que se distinguem pela defesa de aprendizagens minimalistas, por
tópicos, em que o professor realiza todo o trabalho e o aluno só tem de se limitar a completar frases ou
ideias. Um exemplo do ridículo destas pedagogias consiste, por exemplo, em ensinar o 25 de Abril por
tópicos... Depois de tornarem o programa desta matéria completamente asséptico, o aluno apenas se
limita a decorar os tópicos. Para estes pedagogos, o método garante um êxito próximo dos 100%...

O único senão é que o aluno fica tão ignorante como antes sobre o que foi realmente a Revolução
dos Cravos: sem emoção, sem lágrimas, sem debate, sem complexidade, não há aprendizagem efectiva
possível. A pedagogia não se pode substituir à curiosidade e muito menos matá-la. E, em grande parte, é
isso que sucede nas nossas escolas, onde sobram manuais, fichas formativas, testes, planificações,
horários rígidos e aulas bolorentas: falta curiosidade, espírito crítico, trabalho apaixonado e memorização
afectiva.

Tipos e áreas de igualdade na educa ção Há dois tipos de igualdade presentes nas filosofias
educacionais:

Igualdade de acesso – preocupa-se com o acesso aos bens educativos independentemente do


aproveitamento que é feito deles.

a) Igualdade formal de oportunidades educacionais - aces Igualdade formal so pelos diversos grupos
sociais em condições formalmente iguais aos diversos bens educativos.

b) Igualdade real de oportunidades educacionais - acesso Igualdade real pelos diversos grupos sociais
em condições materialmente iguais aos diversos bens educativos. ~

Igualdade de uso – pressupõe a realização da primeira e preocupa-se com o uso dos bens educativos a
que se teve acesso, com resultados iguais pelos diversos grupos sociais.

Sucesso escolar – sucesso do aluno certificado pela escola.

A desigualdade do sucesso não depende apenas das diferenças individuais de mérito, mas de diferenças
sociais.

“É que os indivíduos chegam à escola em condições intelectuais desiguais –


porque tiveram uma educogenia familiar diferente; porque tiveram condições
culturais e ambientes diferentes; porque têm estatutos socioeconómicos

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diferentes; porque uns vivem numa cidade e outros numa aldeia; uns têm
televisão e lêem jornal e outros não (…)” Formosinho, p. 179.

Insucesso Escolar

Quando se fala de sucesso ou insucesso escolar pretende-se dizer que é o aluno quem, na sua trajetória
escolar, obtém sucesso ou fracassa, que ele obteve resultado positivo ou negativo expresso por uma
classificação positiva ou negativa e pela aprovação ou reprovação no final do ano letivo. As instâncias
internacionais mobilizam como indicadores não apenas os resultados dos exames, mas também as
reprovações, os abandonos da escola e os atrasos na escolarização. Como escreve A. Sousa
Fernandes, estes indicadores “dizem-nos que houve insucesso em relação à instrução, mas não nos
permitem diretamente concluir que este insucesso também se verifica nas outras dimensões educativas”
(1991:187). Alerta este autor que poderíamos dizer que há insucesso ou fracasso escolar quando não é
alcançado algum dos objetivos da educação escolar, nomeadamente quando se falha na instrução,
estimulação e socialização dos educandos: “A educação escolar (…) visa a aquisição de determinados
conhecimentos e técnicas (instrução), o desenvolvimento equilibrado da personalidade do aluno
(estimulação) e a interiorização de determinadas condutas e valores com vista à vida em sociedade
(socialização). Se algum destes objetivos, que constituem outras tantas dimensões da educação, não é
atingido, pode dizer-se que há insucesso na educação escolar” (1991:187-188). Na verdade, a sociedade
atribui diversas finalidades à escola com peso diversificado nos diversos níveis e ciclos de ensino
(Formosinho, 1988). Compete à escola: transmitir um património de conhecimentos, técnicas e crenças
que fazem parte do seu thesaurus cultural (finalidade cultural); integrar os alunos na comunidade de que
fazem parte, dandolhes linguagem, valores e comportamentos comuns (finalidade socializadora);
promover o desenvolvimento integral da pessoa humana (domínios psicomotor, intelectual, afetivo,
social, espiritual e moral), visando o equilíbrio da personalidade e a realização pessoal (finalidade
personalizadora); fornecer pessoal qualificado ao sistema económico e aos outros sistemas sociais
(finalidade produtiva); selecionar os alunos que evidenciam sucessos para os níveis seguintes de
escolaridade ou para a inserção na vida ativa, através da certificação positiva ou negativa da
aprendizagem (finalidade seletiva); corrigir as desigualdades sociais seja no acesso dos alunos à escola
seja no sucesso de cada um na escola (finalidade igualizadora). Assim, se perspetivarmos a escola a

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partir da sua finalidade igualizadora, concretizada através de medidas de políticas igualitárias 15 em
áreas como o acesso à escola, a provisão curricular, o sucesso escolar e a educação informal familiar
(Formosinho, 1991:172), diríamos que há sucesso escolar quando a escola garante nessas áreas de
igualdade idênticas condições seja de acesso de cada aluno aos bens educativos seja de uso dos bens
educativos a que ele tem acesso. Por isso, os sistemas educativos têm introduzido medidas igualitárias
de política educativa (1991:177) que visam corrigir fatores de desigualdade seja no acesso aos bens
educativos (igualdade formal e igualdade real de oportunidades), seja no uso (igualdade de uso) desses
mesmos bens. Por outro lado, se perspetivarmos a escola a partir da sua finalidade seletiva,
concretizada através de estruturas e processos educativos que privilegiam a seleção de alguns alunos
(em detrimento de estruturas e processos que privilegiam a sua integração), diríamos que, “se
predominam os mecanismos de seleção dos alunos o insucesso deles é a contrapartida do sucesso da
escola. Pois, neste caso, a função da escola é selecionar os melhores (do seu ponto de vista) e não
educar igualmente todos”. Por isso, algumas correntes sociológicas “tendem a abandonar o conceito de
insucesso escolar por parcial e deficiente, utilizando o conceito de seleção escolar como mais ajustado
para explicar o fracasso escolar de uma grande percentagem de alunos” (Fernandes, 1991:190).

A constatação de que, na escola, "não há um, mas vários insucessos" (Pires, 1987) obriga-a a repensar
esta questão, centrando-a não apenas no insucesso do aluno, mas também no insucesso da escola em
cumprir as finalidades que a sociedade lhe atribui e mostrando a sua inadequação à realidade
(Formosinho & Machado, 2009:35-36). 16 2. A influência da escola no (in)sucesso dos alunos Os
primeiros estudos sobre o insucesso escolar começam por centrarse no insucesso do aluno e realçar a
influência de fatores individuais, familiares e psicológicos: caraterísticas cognitivas/intelectuais,
atitudinais/ comportamentais, psicológicas, emocionais e sociais, organização do trabalho e do estudo e
cultura informal da família. Ainda encontraram fatores económicos (o nível económico da família), fatores
regionais (por exemplo, cidade e campo) e fatores culturais (a cultura informal do meio) para o
insucesso. Estes estudos deixam de fora eventuais fatores escolares. Contudo, outros estudos vieram
enfatizar a influência de fatores escolares no insucesso e abandono escolar: fatores curriculares (cursos,
programas, estruturas e métodos de avaliação), fatores pedagógicos (organização pedagógica da escola
e interação seletiva (Gomes, 1987) dos professores com os alunos na sala de aula), fatores
organizacionais (formas de agrupar os alunos, preparação científica e pedagógica dos professores,
sistema de aprovação/reprovação dos alunos) e fatores culturais (códigos linguísticos da escola). Em
1987, João Formosinho desvenda como a escola se organiza para promover o (in)sucesso educativo,
dando conta de como a lógica e a coerência interna do modelo escolar tradicional não se adapta às

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novas exigências da massificação escolar. Segundo ele, em Portugal desde sempre tem prevalecido
uma filosofia curricular que defende que o conjunto de saberes ensinados em disciplinas deve ser: -
planeado centralmente por um grupo de “iluminados” (iluminismo); 17 - adaptado e mandado executar
por serviços centrais (centralismo); - integrado por um saber fragmentado à maneira de um “um pouco de
tudo” (enciclopedismo); - uniforme para todos os alunos, todas as escolas e todos os professores,
independentemente das caraterísticas e aptidões dos que o transmitem e dos que o recebem e das
condições da sua implementação (uniformismo); - preparatório para o grau escolar imediatamente
superior (sequencialismo) (2007:19). A mensagem principal de João Formosinho é a de que, mantendo-
se no essencial as caraterísticas de uma escola com um currículo uniforme pronto-a-vestir de tamanho
único como se tinha tornado a escola pós primária unificada, precisamente num tempo caraterizado pela
maior heterogeneidade – académica, social, económica e cultural – da população discente, o insucesso
escolar manter-se-ia elevado e que, por isso, é preciso reestruturar a escola, rompendo com uma lógica
de ação homogeneizadora, uniforme e impessoal. Por outras palavras, a escola de massas tornou-se
mais complexa e exige respostas diversificadas para responder à heterogeneidade que nela habita.
Nesse sentido, Formosinho defende: A alternativa só pode ser outro modelo curricular, em que a nível
central se definam alguns conteúdos do saber, e em que, a nível de escola, se ajustem os conteúdos às
necessidades dos alunos concretos (substituição do iluminismo e do centralismo); se possam aprofundar
certos assuntos (substituição do enciclopedismo); a carga horária por ano por disciplina possa ser
diferente para cada aluno na 18 parte obrigatória de cada disciplina e haja disciplinas de opção
(substituição do uniformismo; cada ciclo tenha finalidades próprias (fim do sequencialismo) (2007:25).

Os estudos organizacionais vieram mostrar que as escolas são organizações diferentes de outras
organizações formais por apresentarem especificidades próprias, mas que também há fatores que as
tornam diferentes entre si. Os estudos sobre a eficácia da escola mostram que várias delas conseguem
diminuir a fatalidade dos fatores externos à escola e aumentar a sua capacidade de promover as
aprendizagens dos alunos. Como realça Joaquim Azevedo, revisitando vários estudos sobre o “efeito
escola”, os resultados comparados das escolas permitem afirmar que “para alunos mais desfavorecidos,
a escola que frequentam – residência/escola - tem um fator de impacto relevante na conclusão de
estudos e no rendimento escolar em geral”, que “a qualidade da escola e dos seus professores é o fator
mais decisivo para a aprendizagem e não é menor do que a influência da família”, que a escola tanto
“pode favorecer o sucesso escolar dos alunos como pode igualmente engendrar ou aprofundar o seu
insucesso” e que “tratamento escolar” idêntico para todos não deixa de ser “um modo de legitimar as

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desiguais capacidades e competências construídas anteriormente no meio familiar e social de origem”
(2013:42-43).

A autonomia das escolas e dos professores como condição de sucesso educativo. O sucesso dos
alunos depende de variados fatores, mas também da capacidade que a escola tem para desenvolver
respostas adequadas a todos e cada um dos alunos. Essa capacidade corresponde ao grau de
autonomia posto em ação pela escola enquanto organização e pelos seus profissionais. A proposta de
reestruturação da escola exige que se rompa, em primeiro lugar, com um modelo de organização da
escola entendida como serviço local de estado e que só reconhece a inovação pensada no topo do
sistema para ser realizada na sua base, fazendo dos professores meros executores de políticas
centralmente definidas (Formosinho, 1984). Esta perspetiva não ignora que à escola comporta
desenvolver um currículo, pelo menos parcialmente definido pelo Estado, com competências a promover
também definidas a nível central. Significa, outrossim, que à escola enquanto organização e aos
professores enquanto profissionais deve ser reconhecida autonomia, até porque no centro do processo
de ensino-aprendizagem está a relação pedagógica e esta é uma relação pessoal entre pessoas
concretas, destinada a transmitir conhecimentos, valores, normas e atitudes a crianças e adolescentes
grandemente diferentes entre si (por temperamento, origem social, meio ambiente, aptidões, interesses,
necessidades e motivações) através de pessoas também diferentes em contextos diferentes e que, por
isso, a ação pedagógica da escola não pode ser sujeita a sistemas que se baseiam na impessoalidade e
na abstração, a soluções pedagógicas baseadas na uniformidade, a um sistema de decisão caraterizado
pela distância e afastamento entre quem decide e as pessoas interessadas na decisão (Formosinho,
1984). A autonomia concretiza-se através da capacitação da escola para estabelecer a sua organização
pedagógica intermédia e da capacitação dos professores para a realização de práticas de diversificação
curricular e diferenciação pedagógica.

A relação da heterogeneidade de público escolar face à interação seletiva operada na escola

A questão da diversidade suscita hoje, no quadro da União Europeia, uma das principais oportunidades
de cooperação e de trabalho conjunto, no quadro do método aberto de coordenação aplicado à esfera da
educação. Mas que a diversidade seja hoje um dos principais problemas de sistemas educativos das
democracias modernas procede também, fundamentalmente, da ambição que estes mesmos sistemas
assumiram e dos objectivos que fixaram para si próprios. Nas democracias modernas os cidadãos, todos

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os cidadãos, são sujeitos de direitos iguais. A equidade está inscrita na matriz da democracia moderna.
E os cidadãos são sujeitos não apenas de direitos cívicos e políticos, mas também de direitos sociais,
económicos e culturais, em que avulta o direito à educação como direito fundamental, porque é um
direito de que depende o exercício pleno de outros direitos. Por isso, a missão dos sistemas educativos e
das escolas que os constituem e que executam as suas missões, não pode deixar de ser proporcionar a
todos e a cada um dos cidadãos a possibilidade de desenvolverem todas as suas capacidades até ao
limite, e de realizarem o seu potencial, no sentido da sua integração plena na sociedade como cidadãos
de parte inteira. Esta é a missão dos sistemas educativos. Todos e cada um dos cidadãos. Todos e cada
um na sua individualidade, com as suas características, sem que se possa fazer depender o exercício
destes direitos de uma homogeneização prévia ou da conformidade com um padrão social, cultural, de
que dependa o exercício deste direito. É perante esta ambição de uma igualdade de oportunidades para
todos que se mede o sucesso e o insucesso dos nossos sistemas.

É, naturalmente, perante esta fasquia elevada que se situa a avaliação daquilo que fazemos em matéria
de educação. Por isso não deixam de soar por vezes com alguma injustiça as críticas que são dirigidas
aos sistemas educativos das democracias modernas. Tempos 22 SEMINÁRIO houve em que o problema
da diversidade não se colocava, não porque estivesse resolvido, mas porque era suprimido à partida
através da exclusão ou da selecção precoce. E por isso não deixa de ofender aqueles que em
democracia trabalham em prol da igualdade de oportunidades para todos, os elogios a sistemas do
passado, as nostalgias perante sistemas que na realidade nunca existiram, e que se caracterizaram pela
desigualdade e pela eliminação à partida daqueles que poderiam suscitar resultados menos positivos.
Não significa isto que nos devamos comprazer com a situação actual. E é verdade que em Portugal,
como nas outras democracias avançadas, o problema da diversidade está longe de estar resolvido, ou
sequer de ter sido adequadamente tratado. É, talvez, o problema que maior desafio suscita à acção
política, à acção dos decisores na Escola, à acção dos próprios educadores.

Porque se é verdade que hoje a diversidade na sociedade portuguesa e em particular na comunidade


escolar é muito maior do que aquela que existia há algumas décadas atrás – as migrações internacionais
disso se encarregaram – é muito menor do que a de países em que existem escolas onde há alunos com
mais de cem línguas maternas diferentes. Nós temos hoje algumas escolas com quinze línguas
maternas diferentes. É bem diferente de ter mais de uma centena. Por vezes há uma outra diversidade,
menos evidente, mais escondida, mas igualmente importante e que é a diversidade das origens sociais,
a diversidade do comportamento das famílias, a diversidade das capacidades dos alunos. E esta

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diversidade tem também de ter uma resposta. Mostram os estudos que a reprodução social no nosso
sistema educativo continua a ser preocupante e que é necessário conseguir melhores resultados na
resposta a esta situação.

Existem hoje, tanto quanto desafios, oportunidades novas para tratar do problema da diversidade. É
fundamental que a formação dos professores seja uma formação tanto quanto possível próxima da
prática lectiva e do serviço realizado pelos professores, para que possa responder a este desafio. ( Jorge
Pedreira - Secretário de Estado Adjunto e da Educação).

A Escola e a Diversidade Étnica e Cultural

“Se a existência de quadros legais que promovam a integração dos imigrantes em Portugal é
fundamental, é igualmente necessário implantar uma educação intercultural susceptível de desenvolver
nos portugueses a capacidade de aceitarem e valorizarem as diferenças e contribuir para criar uma
sociedade onde todos participem e dialoguem e uma concepção cosmopolita da nação.” (Ramos,
2003b:263) A educação é a força do futuro, dado que este é o meio mais eficaz que a sociedade possui
para fazer frente face às provas do futuro. Pretende-se formar pessoas mais sábias, com melhores
conhecimentos, eticamente bem formadas, responsáveis e críticas, dado que, se todos os seres
humanos tiverem estas aptidões e qualidades, apesar dos problemas mundiais não se resolverem de
imediato, os meios e a vontade para os resolver estariam presentes.

“À Escola competirá a organização de um ambiente cultural que permita a maturação de cada indivíduo
no respeito pelos aspectos éticos, cívicos e técnicos, harmoniosamente interligados, humanizando o
ensino de modo a que faça evoluir o processo cognitivo e relacional, que possibilite o desenvolvimento
de atitudes responsáveis nos jovens, que lhes permitam assumir a responsabilidade pelos seus actos e a
capacidade de tomar decisões perante si próprios, perante o grupo e a sociedade em que vivem,
aprendendo a participar com autenticidade na construção do bem comum.” (Sá, 2001:13)

Muitos autores consideram que a educação tem um papel duplo: primeiro, reproduzir determinados
aspectos da sociedade actual; segundo, preparar a transformação da sociedade através dos alunos. A
modificação patente na orgânica das sociedades contemporâneas não pode ser ignorada, pelo que se
torna imprescindível uma reorganização e reconhecimento do outro como igual. Perante esta diversidade
e diferença é possível constatar que práticas direccionadas para a homogeneidade e uniformidade não
têm sentido. Torna-se fulcral contrariar a idiossincrasia da homogeneidade.

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Cabanas (1998:47, tradução nossa) alerta para o facto de que “a diversidade cultural se define pelo
direito de coexistir, na escola, diversos grupos culturais ou linguísticos, seja por uma convivência
histórica e geográfica entre eles, seja por causa das imigrações na sociedade industrial” e acrescenta
que “a educação intercultural ou multicultural, dispõe-se a procurar um melhor desenvolvimento humano
das pessoas a partir da sua relação com outras de diferente cultura”. O autor (idem:48, tradução nossa)
reforça a ideia de que “A sociedade, em si, não é uniforme, mas sim plural, diversa: mais que sociedade
o que há são umas pessoas, com as suas características individuais e as suas necessidades peculiares;
o grupo não é mais que um órgão criado por elas mesmas para satisfazer essas necessidades. Quando
a sociedade, pois, não respeita a diversidade dos seus membros, está traindo a sua própria essência e
missão”.

Cabe à escola reconhecer e valorizar a heterogeneidade cultural e linguística dos alunos que a
frequentam. Porém, apesar da dinamização de projectos interculturais e de sensibilização para a
diferenciação pedagógica, muitos docentes perante turmas heterogéneas ainda desenvolvem estratégias
educativas homogéneas para todos os alunos e planificam as suas actividades para o que designam
“aluno médio”. É necessário que estes educadores reavaliem as suas práticas pedagógicas. Estes
agentes de ensino necessitam de preconizar estratégias educativas que visem dar oportunidade a que
todas as crianças demonstrem as suas capacidades sem se encontrarem limitadas.

A constatação da modificação da sociedade portuguesa faz-se sentir nas escolas e surgem novas
metodologias de trabalho em que as práticas pedagógicas devem promover a autonomia do aluno e
desenvolver competências que lhes permitam demonstrar as suas potencialidades e aprendizagens
realizadas.

A escola, actualmente, revela uma maior abertura face às questões relacionadas com a diversidade
étnico-cultural. No entanto, efectuando uma retrospectiva ao longo dos tempos é possível analisar que
esta postura não foi sempre assumida desta forma. Torna-se então importante verificar quais as
respostas que a Escola tem dado à heterogeneidade cultural e linguística dos alunos que a frequentam,
para melhor compreendermos a realidade actual.

Os objectivos da interculturalidade serão alcançados nas nossas escolas quando os alunos não forem
discriminados pelas suas diferenças e o seu processo de ensino-aprendizagem não for condicionado por
factores exteriores. Só com uma intervenção conjunta de todos os agentes de ensino é possível
assegurar o sucesso educativo de todos os alunos, independentemente das suas culturas de origem.

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Os conceitos de habitus cultural e aluno ideal, num pressuposto de selectividade

Habitus (Formas de pensar, sentir e agir). 


A verdade é que hoje em dia os Habitus das sociedades são bastante semelhantes, como por exemplo
na Europa, no entanto isso não quer dizer que não existam excepções. Se formos ver por exemplo na
Asia, mais precisamente nos paises com a religião islamica (Irão, Palestina, Afeganistão etc) os seus
habitus residem todos à volta da sua religião o que influencia o seu ideal de aluno ideal. Nesses países o
aluno ideal é distinto e equilibrado e personifica os ensinamentos de Alcorão/Corão. Consiste de muitas
relações diferentes: com o seu Senhor, seu próprio eu, sua família e as pessoas ao seu redor. A escola
e a sociedade mudaram bastante nas últimas décadas. As crianças passam mais tempo nas salas de
aula e até os tempos livres são muitas vezes preenchidos com actividades organizadas pelos adultos. A
brincadeira espontânea entre miúdos, ao ar livre, em muitos lados simplesmente desapareceu, e tanto a
actividade física como a convivência com os pares e os adultos são preteridas a favor da interacção com
os ecrãs de tablets, telemóveis e computadores.

E isto origina uma realidade que todos os professores conhecem bem: crianças e jovens que se agitam
nas salas de aula sem se conseguirem concentrar, desinteresse até por matérias que sempre suscitaram
curiosidade nos mais novos, mas que agora não conseguem competir com os jogos e os bonecos mais
aliciantes que correm nos ecrãs. Há quem goste de se iludir, pensando que os alunos de hoje funcionam
segundo novos paradigmas mentais, que a aparente distracção é na verdade um sinal de que estão em
modo de multitarefa e conseguem, ao contrário de nós, pensar e fazer várias coisas ao mesmo tempo.
Não me parece. Quando alguém, miúdo ou graúdo, precisa que lhe digam duas ou três vezes uma
informação simples até a conseguir assimilar, isto não tem a ver com paradigmas: está apenas
completamente distraído.

Em Portugal, 14% dos alunos dizem sentir-se infelizes na escola e, segundo um estudo do Conselho
Nacional de Educação (CNE), os estudantes menos felizes têm piores resultados académicos. A agravar
esta situação está o facto de a maioria dos alunos infelizes frequentar escolas de meios mais
desfavorecidos e com piores resultados académicos. Os investigadores analisaram também o impacto
do relacionamento que os alunos têm com os professores e verificaram que existia uma ligação direta
entre bom relacionamento e felicidade.

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Outro factor preocupante é o Bullying e as agressões em ambiente escolar têm vindo a aumentar. No
último ano letivo(2016), PSP e GNR registaram 4757 crimes dessa natureza. “Tens piolhos, és foleira,
olha as tuas roupas." Os insultos repetiram-se durante meses, criando um clima de medo e de revolta
numa aluna do 7.º ano de uma escola secundária na zona de Sacavém, Loures. O caso desta
adolescente, de 14 anos, que chegou ao Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família (GAAF), do Instituto de
Apoio à Criança, na passada quarta-feira, é um dos 4757 atos de agressões, ameaças ou injúrias
registados em ambiente escolar.

No ano letivo de 2015-2016 houve 4102 crimes registados nas escolas portuguesas pela PSP, aos quais
se juntaram 657 reportados pelo programa equivalente da GNR, num total de 4757 situações. A maioria
dos casos acontece no interior do espaço escolar, sobretudo no recreio.

Apoiar a vítima e chegar a quem agride é um dos objetivos deste ano do Programa Escola Segura, da
PSP. "A causa do problema reside na criança que é agressora e que muitas vezes é vítima de violência
no seu espaço doméstico ou social. Poderão ser os criminosos de amanhã. Por isso, temos de fazer uma
intervenção o mais precoce possível", salienta o subintendente Hugo Guinote. A PSP já iniciou, há um
ano, ações de sensibilização sobre o que significa agredir os outros física e verbalmente, junto das
crianças do pré-escolar e primeiro ciclo.

O cenário nas escolas é cada vez mais duro e a violência está a ser banalizada pelas gravações de
telemóvel que se colocam nas redes sociais. No ano letivo passado, a PSP deteve 90 alunos, 74 deles
no interior da escola, por alegada participação em crimes. Uma subida de assinalar, pois no ano letivo de
2014-15 foram 58 os detidos, a maioria deles no exterior (47). Nos últimos quatro anos, as armas
apreendidas pela PSP nas escolas superaram a média de cem por ano.

A socióloga Margarida Gaspar de Matos, que coordenou parte dos dados do relatório da UNICEF - "As
crianças no mundo desenvolvido" - divulgado em abril, diz não ser possível associar a pobreza às vítimas
de bullying e a riqueza aos agressores. "Um estudo recente num outro sentido associa o desafogo
económico e o sucesso escolar a algum egocentrismo. Por isso, mais do que "diabolizar" a pobreza ou a
riqueza, era importante providenciar aos jovens alternativas (competências, motivação e oportunidades)
de optarem por modos de convívio mais pacíficos", conclui Margarida Gaspar.

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O aluno ideal ,que todo professor gostaria de ter sentado à sua frente na sala de aula tem a idade
compatível com a série frequentada. Recebeu, em casa, uma educação esmerada. Seus pais fazem
questão de manter o diálogo franco e aberto, de responder aos questionamentos do jovem,de orientá-lo
na solução de seus problemas.Seus pais são adultos maduros e responsáveis, honestos,fazem questão
de valorizar em casa tudo o que se valoriza na escola,para que o jovem não sinta diferença entre o
ambiente doméstico e o escolar.

Responsabilidade e compromisso viajam diariamente em sua mochila, de casa para escola e da escola
para casa.Fala baixo,ouve os colegas,acata as orientações dos professores.Assiste todas as aulas,tem
sempre uma pergunta pertinente sobre o assunto abordado,faz todas as lições.Estuda em casa,participa
dos trabalhos em grupo e está sempre disponível para ajudar os que precisam.

A escola num quadro de reprodução da cultura da classe dominante

Pierre Bourdieu – os processos culturais efectuam a manutenção das estruturas económicas e sociais
existentes. A cultura transmitida na escola é a cultura da classe dominante que passa a impôr-se como a
cultura por excelência.

Giroux – admite uma relativa autonomia da educação relativamente à ordem social capitalista. A
socialização escolar não consegue actualizar completamente o seu papel de reprodutora pois há
fenómenos de contraculturas que se geram entre os jovens escolarizados.

Contraculturas – movimentos não conformistas e críticos da sociedade. Apresentam-se mais como


alternativa do que como simples condenação da ordem social e do poder estabelecido.

Reprodução cultural e Reprodução social

A reprodução cultural, tal como a reprodução social, respeita à renovação da cultura ou das relações
sociais, sem que haja uma modificação. A reprodução cultural é, frequentemente, tratada no âmbito das
funções de reprodução do sistema escolar. É o caso de Bourdieu, que se interessou pelas funções do
sistema escolar na reprodução cultural e também pelos efeitos de diferenciação cultural provocados
igualmente pela escola. A escola, segundo a análise de Bourdieu, participa não só na transmissão e
renovação da cultura, como na renovação da desigualdade social, por intermédio da imposição da
cultura dominante como cultura legítima. São as crianças dos meios sociais privilegiados que estão mais
aptas a incorporar a cultura dominante veiculada pelo sistema de ensino.
Bourdieu insiste, assim, no facto de a cultura própria à escola e aos seus professores ser imposta às
crianças, mesmo àquelas que são provenientes de meios culturais diferentes ou de uma outra cultura. A

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questão da reprodução cultural liga-se, deste modo, ao estudo das condições da reprodução da
dominação, na qual a cultura tem um lugar. O caso da análise da escola é exemplar, na medida em que
demonstra como esta instituição participa na reprodução das relações de dominação. Com efeito, a
escola legitima o insucesso das crianças provenientes das classes populares, assim como, em
contrapartida, as grandes escolas, cujos alunos são, na sua maioria, provenientes das classes
superiores, asseguram a reprodução daqueles que dominam.
As análises de Bourdieu sobre a reprodução social e cultural utilizam determinados conceitos, como:
violência simbólica (e legitimação das diferentes dominações), habitus (ou a herança cultural coletiva e
comum, em função das aprendizagens dos modelos de conduta e dos modos de perceção e de
pensamento), capital social e cultural (no sentido dos recursos disponíveis), campo social (há uma
pluralidade de espaços sociais, marcados pelas relações de concorrência entre agentes ou pelas
relações de dominação específicas de cada campo), dominação cultural (relações assimétricas entre os
agentes e os grupos; certos agentes acumulam capitais culturais ou mesmo capitais económicos,
culturais e políticos, enquanto outros são excluídos).
Em conclusão, pode entender-se por reprodução cultural os modos como a escola, a par de outras
instituições, contribui para manter as desigualdades sociais e culturais, transmitindo os valores, as
atitudes e os hábitos de cultura dominantes.

De acordo com o sociólogo francês Pierre Bourdieu, reprodução cultural é o processo social pelo qual as
culturas são reproduzidas através de gerações, sobretudo pela influência socializante de grandes
instituições. Bourdieu aplicou o conceito, em especial, a maneira como instituições sociais, como
escolas, são usada para transmitir ideias culturais que servem de base e dão respaldo à posição
privilegiada das classes dominantes ou governantes.
A reprodução cultural faz parte de um processo mais amplo de reprodução social através do qual
sociedades inteiras e suas características culturais, estruturais e ecológicas são reproduzidas por um
processo que invariavelmente envolve certo volume de mudança. Da perspectiva marxista, a reprodução
social é sobretudo de escopo económico, incluindo as relações de produção, as forças produtivas e a
FORÇA do TRABALHO da classe operária. Em sentido mais vasto, contudo, ela inclui muito mais do que
isso, da forma das instituições religiosas e linguagens às variedades de música e outros produtos
culturais.

Quando se fala de reprodução social (por vezes também designada por reprodução cultural) tem-se em
mente a "transmissão de normas e valores culturais de geração em geração".
Uma reprodução é uma repetição da mesma coisa. A reprodução social consiste na transmissão e

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aquisição de valores, normas e costumes sem proceder a alterações significativas, sem inovar, sem
mudar o legado recebido. Diz-se que os seres humanos são produtos e produtores da cultura. O conceito
de reprodução social significa que muitos indivíduos não são produtores mas meros reprodutores da
cultura que adquiriram no processo de socialização (e que os "produziu", isto é, fez deles seres
humanos).
Essa reprodução é assegurada por diversos "mecanismos através dos quais é mantida e assegurada a
continuidade da experiência social ao longo do tempo. Os processos de escolaridade nas sociedades
modernas estão entre os principais mecanismos da reprodução cultural, em virtude das aprendizagens
formais mas também das aprendizagens informais (currículo oculto)."
A reprodução social não consiste apenas na repetição da cultura actualmente existente, mas também na
repetição, na manutenção, da própria estrutura social e do sistema de estatutos e papéis sociais
existente num dado momento. Por isso, a reprodução social é um modo de manter as desigualdades
sociais, económicas, políticas, etc.

"Estudar o equilíbrio existente entre a reprodução social e a transformação social é uma tarefa da
sociologia. A reprodução social diz respeito ao modo como as sociedades persistem no tempo. A
transformação social refere-se às mudanças pelas quais passam. A reprodução social tem lugar na
medida em que há uma continuidade entre o que as pessoas fazem de dia para dia e de ano para ano e
as práticas sociais que seguem”.

Com efeito, podemos afirmar que o conceito de reprodução social/cultural, não pode ser ignorado
mesmo diante de suas deficiências, haja vista que contribuiu para a construção de uma nova perspectiva
educacional. Não por acaso, autores como Raymond Morrow e Carlos Alberto Torres (2003) têm insistido
num resgate e releitura do referido conceito. Assim, não podemos descartar o conceito de reprodução
em educação, mesmo cientes das fragilidades que o acompanham.

Os Direitos das Crianças


Em 20 de Novembro de 1989, as Nações Unidas adoptaram por unanimidade
a Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), documento que enuncia um amplo conjunto de
direitos fundamentais – os direitos civis e políticos, e também os direitos económicos, sociais e
culturais – de todas as crianças, bem como as respectivas disposições para que sejam aplicados. 

A CDC não é apenas uma declaração de princípios gerais; quando ratificada, representa um vínculo
juridíco para os Estados que a ela aderem, os quais devem adequar as normas de Direito interno às
da Convenção, para a promoção e protecção eficaz dos direitos e Liberdades nela consagrados.

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Este tratado internacional é um importante instrumento legal devido ao seu carácter universal e
tembém pelo facto de ter sido ratificado pela quase totalidade dos Estados do mundo (192).
Apenas dois países, os Estados Unidos da América e a Somália, ainda não ratificaram a

Convenção sobre os Direitos da Criança.

Portugal ratificou a Convenção em 21 de Setembro de 1990.


A Convenção assenta em quatro pilares fundamentais que estão relacionados com todos os
outros direitos das crianças:

• a não discriminação, que significa que todas as crianças têm o direito de desenvolver todo o
seu potencial – todas as crianças, em todas as circunstâncias, em qualquer momento, em
qualquer parte do mundo.
• o interesse superior da criança deve ser uma consideração prioritária em todas as acções e
decisões que lhe digam respeito.
• a sobrevivência e desenvolvimento sublinha a importância vital da garantia de acesso a
serviços básicos e à igualdade de oportunidades para que as crianças possam desenvolver-se
plenamente.
• a opinião da criança que significa que a voz das crianças deve ser ouvida e tida em conta em
todos os assuntos que se relacionem com os seus direitos.

A Convenção contém 54 artigos, que podem ser divididos em quatro categorias de direitos:

• os direitos à sobrevivência (ex. o direito a cuidados adequados)


• os direitos relativos ao desenvolvimento (ex. o direito à educação)
• os direitos relativos à protecção (ex. o direito de ser protegida contra a exploração)
• os direitos de participação (ex. o direito de exprimir a sua própria opinião)
Tais direitos devem ser claros:

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1º- Toda criança será beneficiada por estes direitos, sem nenhuma discriminação de raça, cor, sexo,
língua, religião, país de origem, classe social ou situação económica. Toda e qualquer criança do
mundo deve ter seus direitos respeitados!

2.º - Todas as crianças têm direito a protecção especial e a todas as facilidades e oportunidades para se
desenvolver plenamente, com liberdade e dignidade. As leis deverão ter em conta os melhores
interesses da criança.

3.º - Desde o dia em que nasce, toda a criança tem direito a um nome e uma nacionalidade, ou seja, ser
cidadão de um país.

4.º - As crianças têm direito a crescer e criar-se com saúde. Para isso, as futuras mães também têm
direito a cuidados especiais, para que seus filhos possam nascer saudáveis. Todas as crianças têm
também direito a alimentação, habitação, recreação e assistência médica.

5.º- Crianças com deficiência física ou mental devem receber educação e cuidados especiais exigidos

.
pela sua condição particular Porque elas merecem respeito como qualquer criança.

6.º - Toda a criança deve crescer num ambiente de amor, segurança e compreensão. As crianças devem
ser criadas sob o cuidado dos pais, e as mais pequenas jamais deverão separar-se da mãe, a menos
que seja necessário (para bem da criança). O governo e a sociedade têm a obrigação de fornecer
cuidados especiais para as crianças que não têm família nem dinheiro para viver decentemente.

7.º - Toda a criança tem direito a receber educação primária gratuita, e também de qualidade, para que
possa ter oportunidades iguais para desenvolver as suas habilidades. E como brincar também é uma boa
maneira de aprender, as crianças também têm todo o direito de brincar e de se divertir!

8.º - Seja numa emergência ou acidente, ou em qualquer outro caso, a criança deverá ser a primeira a
receber protecção e socorro dos adultos.

9. º - Nenhuma criança deverá sofrer por negligência (maus cuidados ou falta deles) dos responsáveis ou
do governo, nem por crueldade e exploração. Não será nunca objecto de tráfico (tirada dos pais e
vendida e comprada por outras pessoas). Nenhuma criança deverá trabalhar antes da idade mínima,
nem deverá ser obrigada a fazer actividades que prejudiquem sua saúde, educação e desenvolvimento.

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Respeito ao “Superior Interesse da Criança”.
Na perspectiva do respeito pelos seus direitos:

  “A criança gozará de protecção especial e deverão ser-lhe dadas oportunidades e facilidades através
da lei e outros meios para o seu desenvolvimento psíquico, mental, espiritual e social num ambiente
saudável e normal e em condições de liberdade e dignidade. Na elaboração das leis com este propósito,
o superior interesse da criança constituirá a preocupação fundamental.”

 Princípio 2º da Declaração dos Direitos da Criança de 1959

“Todas as decisões relativas a crianças, adoptadas por instituições públicas ou privadas de protecção
social, por tribunais, autoridades administrativas, ou órgãos legislativos, terão primacialmente em conta o
interesse superior da criança.”

 Artigo 3º da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989

O Instituto de Apoio à Criança e um conjunto de personalidades levaram a cabo uma reflexão sobre o
conceito legal de interesse superior da criança, enquanto sujeito autónomo de direitos.

A propósito de diversas e sucessivas decisões, quer administrativas, quer judiciais tornadas públicas, a
sociedade portuguesa tem sido confrontada com apreciações divergentes sobre o conteúdo do conceito
legal de “interesse superior da criança", traduzidas em interpretações opostas dos preceitos legais,
circunstâncias que não favorecem, antes colidem com a necessidade de garantir a segurança jurídica,
valor essencial num Estado de Direito.

Uma outra necessidade da criança é o sentir-se igual. As decisões devem ser tomadas tendo em conta a
sua necessidade de igualdade e de não discriminação em relação às demais crianças; tanto em termos
de prestação de cuidados, como em resposta às suas necessidades afectivas e acompanhamento do
seu desenvolvimento. Independentemente do modelo que a acolhe – hetero-parental, mono-parental,
homo-parental, adopção ou co-adopção – a criança precisa, acima de tudo, de sentir-se cuidada, amada,
protegida e desejada. Se o for, jamais a criança se sentirá discriminada, qualquer que seja o modelo
familiar em que se inclua. Sentir-se-á sim, discriminada, se se sentir rejeitada, descurada ou
emocionalmente abandonada.

A verdade. A necessidade de verdade é, em muitos aspectos, mais importante do que qualquer outra. A
verdade é uma das melhores formas de protecção contra erros e mentiras danosas. A tomada de
decisão que tenha em linha de conta a verdade, não só limita a angústia da criança perante o poder

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discricionário dos preconceitos e julgamentos alheios, como lhe transmite maior segurança e confiança
na percepção que tem de si e dos outros. Em grande parte das lutas judiciais, cada uma das partes tenta
minimizar as suas próprias falhas de carácter tentando, por sua vez, manchar o carácter da outra. Nestes
casos, a verdade sai demasiadas vezes contaminada: em primeiro lugar, pelo cliente ao relatar a
situação ao seu advogado, em segundo lugar pelo advogado aquando da preparação e apresentação do
caso em tribunal e, por último, pelo juiz que é forçado a julgar com base no que lhe é apresentado. Isto
porque, a maioria dos casos, são decididos tendo em conta a ‘evidência’ apresentada em tribunal
levando a que a determinação do “superior interesse da criança” fique sujeita a erro judicial. A verdade
torna-se, assim, a primeira vítima das batalhas judiciais, podendo a criança vir a ser a maior vítima
daquelas que são as guerras mais amargas e dirimidas em tribunal. Acima de tudo, a criança deverá ser
poupada à intrusão na sua privacidade, ao colocá-la no meio de conflitos – maioritariamente penosos –
exibidos em tribunal perante terceiros.
A vida social e a ligação ao contexto social são mais dois factores vitais para o desenvolvimento e bem-
estar da criança. O envolvimento e participação no colectivo permitem-lhe crescer com o sentimento de
pertença a um meio social mais amplo e a desenvolver um investimento pessoal em tudo o que a
envolve. Afectar positivamente a vida da criança é torná-la mais capaz e mais apta na sua ligação àquele
que será o seu desenvolvimento e percurso social.

Por fim, o respeito. O respeito talvez seja a necessidade mais negligenciada na sociedade
contemporânea. A falta de respeito é a consequência trágica do materialismo e do consumismo actual.
Laços de apego, relacionamentos positivos, sentimento de pertença e adaptação ao contexto social, são
necessidades que não devem nunca ser descuradas. Há que preservar e respeitar a criança não a
arrancando das suas raízes afectivas qualquer que seja o modelo familiar em que se desenvolvam –
desde que, obviamente, não esteja em risco a sua segurança.

À medida que a criança cresce e se desenvolve, deve ser encorajada à auto-definição dos seus planos
de vida. Por outro lado, sendo a habilidade para lidar com o risco, uma necessidade central no
desenvolvimento da criança, a protecção excessiva deverá ser evitada já que a completa ausência de
risco também lhe é prejudicial. É pois necessário encontrar o ponto de equilíbrio entre segurança e
protecção, por um lado, e risco e emoção, por outro.

O menosprezo em relação a qualquer uma das necessidades aqui referidas é um ataque à essência, à
auto-estima, ao bem-estar geral da criança. É debilitar a sua capacidade de iniciativa em tomadas de

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decisão que a envolvam, é debilitar a sua capacidade de contribuir nas questões de ordem social, é
potenciar a sua noção de culpa. É, em última instância, prejudicar e condicionar o seu futuro enquanto
adulto capaz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. A Família e a escola como contextos de desenvolvimento
humano. Brasília.2007.

GOMES, Jerusa Vieira. Socialização Primária: Tarefa Familiar? n. 91, p.54-61. São Paulo, nov. 1994.

LOPES, Ademil. Escola, socialização e cidadania. São Carlos: EDUFCar, 1995. MIRANDA, Marilia

PILETTI, Nelson. Sociologia da Educação. 3ªed. São Paulo: Ática, 1986. SETTON, Maria Graça Jacinto.

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Teorias da Socialização: Um estudo sobre as relações entre individuo e sociedade. In: Educação e Pesquisa, São
Paulo, V.37, n.4, p.711-724, 2011.

http://www.faculdadeplusdragaodomar.com.br/wp-content/uploads/2017/05/06-Artigo-O-PAPEL-DA-ESCOLA.pdf

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http://www.cnedu.pt/content/edicoes/seminarios_e_coloquios/a-escola-face-a-diversidade.pdf

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