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GZO141- Nutrição de cães e gatos

Metabolismo de lipídeos

Prof.: Dra. Flávia M. O. Borges Saad


Prof.: Dra. Vanessa Avelar Silva
Introdução
• Lipídeos: substâncias heterogêneas solúveis em solventes
apolares
– Éter
– Clorofórmio
– Acetona

• Gorduras* (SATURADOS - )
• Óleos * (INSATURADOS =)
• Ceras

*triglicerídeos de composição semelhante e que se diferenciam


pela composição de ácidos graxos.
Introdução
• Terpenos;
• Esteróis Não contém ácido
• Vitaminas lipossolúveis graxo na molécula

• Triglicerídeos
• Fosfolipídeos
• Glicolipídeos Contém ácido graxo na
molécula
• Ceras
Principais funções dos lipídeos
• Estrutural

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Principais funções dos lipídeos
• Reserva
Importância
• Fonte de energia

1g de lipídeo: 9 kcal
1g de carboidrato: 4 kcal
1g de proteína: 4 kcal

• Proteção contra choques

• Isolamento térmico
Importância
• Precursores de vitaminas lipossolúveis e ácidos
graxos essenciais;

• Participa na secreção da bile;

• Síntese de prostaglandinas e hormônios


reprodutivos;

• Fornece água metabólica em casos de privação


de água de bebida;
Importância
• Fornecimento de energia de baixo IC;

• Carrega vitaminas lipossolúveis;

• Reduz a velocidade de passagem no TGI favorecendo a absorção.

• Estímulo para liberação da CCK que tem como efeito o aumento


na secreção do suco pancreático que contém enzimas como
proteases, lipases e amilase;

• Favorece a absorção e aproveitamento de substâncias


lipossolúveis como vitaminas, carotenos e ácidos graxos.
Importância prática
• Melhoram a palatabilidade de rações de cães e gatos (predileção boi e frango)

• Cão: 25 a 50% dos requisitos energéticos podem ser suplementados a partir de


óleos e gorduras (entre 5 - 20% da MS da dieta). Uma maior introdução de
gordura pode ser desejável em épocas de maior demanda energética, como na
lactação, exercícios pesados ou estresse.

• Gato: 15 a 50% dos requisitos energéticos dos gatos podem ser suplementados a
partir de óleos e gorduras (entre 5 - 20% da MS da dieta).

• A resposta dos cães e gatos em função da palatabilidade é de natureza


quadrática, isto é, respondem positivamente até determinado nível de adição de
gordura às dietas. Acima deste nível (entre 20 e 25% da MS), a ingestão diminui
(Nunes, 1995).
Destinos metabólicos dos lipídeos da
dieta
• Os lipídeos são digeridos e absorvidos no ID,
principalmente na forma de triglicerídeos

Disposição dos AG

AG1
AG2

AG3
Destinos metabólicos dos Lipídeos na
dieta
• No intestino delgado há formação das micelas
– Emulsificação e hidrólise dos triglicerídeos em ácidos
graxos e glicerol.
– Ácidos e sais biliares

• A nível da mucosa intestinal ocorre reesterificação


dos AG ao glicerol;

• Formação dos quilomicrons que são transportados na


corrente sanguínea
ÁCIDOS GRAXOS
• São produtos da hidrólise dos triglicerídeos

• Critérios de classificação
– Saturação
– Essencialidade

• Saturação:
– Óleos vegetais: insaturados – líquidos à T° ambiente
Ponto de fusão
– Gorduras: saturadas – sólidos à T° ambiente
Ponto de fusão
Ácidos graxos essenciais
SÉRIE ÔMEGA 6 E ÔMEGA 3.

• Ômega 6: O precursor é o ácido linoléico (C18 : 2). Sua carência provoca o


ressecamento da pele, descamação, alopécia e pelos sem brilho.

• A necessidade mínima, recomendada pelo NRC 85 é de 2.5% da Energia


Metabolizável.
• Royal Canin - nível de 4 - 6% da EM.

• Ômega 3: O precursor é o Ácido linolênico (C18 : 3). - função metabólica


importante na integridade da membrana celular, no funcionamento do sistema
nervoso e na indução da imunidade.

• Ácido linoléico  18:2n6 (18 carbonos e 2 duplas ligações sendo a primeira no


sexto carbono a partir da extremidade metil da cadeia)

• Ácidos linoléico, g-linolênico e araquidônico (20:4n6)  série ômega 6.

• Ácido a-linolênico (18:3n3), ácido eicosapentaenoico (20:5n3) e ácido


docasahexaenoico (22:6n3) são ácidos graxos da série ômega 3.
Essencialidade
• Série Ω-6

• Os AG linoléico (18:2) e aracdônico são considerados essenciais ao


organismo animal, no entanto, no fígado ocorre a síntese de aracdônico
a partir do linoléico, com presença de vitamina B6;

• O ácido araquidônico é considerado fisiologicamente essencial;

• No caso de uma deficiência dietética de linoleico, ocorrem reações ao


nível metabólico (elongamento e dessaturação), no sentido de produzir
aracdônico.
Essencialidade
• Série Ω-6
Importância:

– Levam a formação de prostaglandinas, leucotrienos e


tromboxanos das séries 2 e 4, potentes mediadores
inflamatórios;

FELINOS: Não conseguem sintetizar araquidônico por


meio do linolênico.
Baixa atividade da enzima delta-6-dessaturase.
Essencialidade
• Série Ω-3 ÁCIDO LINOLÊNICO (18:6)

EPA (eicosapentaenóico) 20:5


DHA (docosahexaenóico) 22:6

• São encontrados em óleos de peixes de águas


frias e profundas.
Essencialidade
• Série Ω-3

EPA: associado a proteção e saúde cardiovascular


estando ligado aos processos do metabolismo dos
lipídeos plasmáticos, agregação plaquetária e
coagulação sanguínea;

DHA: Fundamental para a formação do tecido


nervoso e visual, e principalmente, pela formação da
massa encefálica.
Carência de AG essenciais para cães e
gatos
• taxa reduzida de crescimento e perda de peso
• falhas de ovulação e lactação degeneração
testicular
• aumento da permeabilidade da pele e
membranas
• cicatrização insuficiente de feridas
• aumento na susceptibilidade a infecções
• perda de pelos acompanhada de dermatite
crostosa, hiperceratose
Deficiência de AGE para cães
• Teoricamente, apenas 1% dos ácidos linoléico e linolênico (em relação à
matéria seca) da alimentação é suficiente para prevenir o risco de
carência.

• O cão tem a capacidade de sintetizar todos os ácidos graxos de que


necessita a partir dos precursores presentes nos óleos vegetais.

• A carência só poderá sobrevir quando:


– Os alimentos comerciais forem de má qualidade: teor em gorduras muito reduzido, e/ou
gorduras mal protegidas da oxidação, logo aptas a serem degradadas em caso de más
condições de estocagem do alimento;
– O alimento fornecido for extremamente pobre em gordura.

Obs.: Uma carência em AGE é, mais frequentemente em ocorrência de alguns


distúrbios patológicos do cão: insuficiência pancreática ou hepática, diarréias
crônicas, deficiências em enzimas indispensáveis à síntese de AGE.

Em todos estes casos, as gorduras são mal assimiladas ou mal utilizadas, podendo
surgir uma carência secundária em AGE, mesmo com uma alimentação equilibrada.
Deficiência de AGE para gatos
• Para gatos o NRC 1986 recomenda um aporte mínimo de
0,5 % para o ácido linoléico e 0,02 % para o ácido
araquidônico em relação à matéria seca, o que corresponde
a cerca de 0,9 % a 0,04 % da EM, respectivamente.

• Na prática - 6 % e 0,2 % da EM para o ácido linoléico e


Araquidônico.

• Fontes da série ômega-6- Óleo de girassol, canola, linhaça


e outros óleos vegetais, presentes em grandes quantidades
nas reservas de gordura dos animais terrestres.
– Araquidônico - somente em gorduras animais.

• Fontes da série ômega-3-Animais marinhos, peixes


marinhos de água fria, sardinha, linhaça, soja e canola
Ácidos graxos polinsaturados de certas fontes alimentares
(em % de ácidos graxos totais)
ovo boi peixe salmão óleo de soja
Série v 6:
linoléico 15 2 20 1,5 52
Araquidônico 0,9 0,2 0,4 1,0 -
Série v 3:
a -linolênico 0,5 1 1 1 8
eicosapentaenóico - - - 12 -
docosahexaenóico - - - 14 -
Relação v 6/ v 3 32 2,2 20,4 0,09 6,5
Royal Canin (2000)
Digestibilidade das gorduras
• As gorduras são altamente digestíveis (85-95%)
• Existem diferenças na absorbabilidade:
– Comprimento da cadeia carbônica do AG
– Número de insaturações do AG
• Qto mais insaturações maior digestibilidade, pois facilita a
formação das micelas.
– Presença ou ausência de ligações éster (glicerol-AG)
• AG livres tem maior absorbabilidade
– Relação AG insaturados/saturados
• Há necessidade de AG insaturados para absorção dos
saturados
– Integridade da parede intestinal;
– Idade do animal (mais jovem, menos bile)
– Afinidade da FABP (Fatty acid binding protein)
– Ptn citosólica responsável pelo transporte de AG da parede
intestinal para o citosol
Rancidez das gorduras
• Modificação do aspecto físico e características
organolépticas das gorduras.

• Hidrolítica:
– Ocorre no meio ambiente pela ação de microorganismos.
– Causa hidrólise (liberação de mono e diglicerídeos)
– É a rancidez que ocorre no ID com os triglicerídeos para
absorção.
• Oxidativa:
– Entrada de O2 na cadeia carbônica insaturada dos AG,
reduzindo a capacidade deste de receber O2 no processo
de oxidação, afetando o valor energético.

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