Faculdade de Ciências & Tecnologia

Palmarejo, CP 279 – Praia, Cabo Verde – Tel. (+ 238) 334 01 00; (+ 238) 262 76 55

Cursos: EQB, EA, EE, EC, EM, EGI, EIC – 1o Ano

UC de Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I

Inversa de uma matriz regular

Praia, Outubro de 2017

Cursos: EQB, EA, EE, EC, EM, EGI, EIC Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2017/2018

Ano: 1 o
Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

Inversa de uma matriz regular

Definição 1 (Inversa de matriz. Matriz regular/singular ). Uma matriz quadrada A de ordem
n, sobre um corpo F, diz-se regular (ou invertı́vel), se existe uma matriz quadrada B de ordem n,
sobre o mesmo corpo, tal que
AB = BA = In . (1)
Neste caso, a matriz B diz-se inversa de A, e escreve-se B = A−1 . Do mesmo modo, diz-se que A é
inversa de B, e escreve-se A = B −1 .
Se não existir tal B que satisfaz a propriedade em (1) dir-se-á que A é singular ou não-invertı́vel.
Teorema 1. Sejam A e B matrizes quadradas de ordem n. Então,
AB = In ⇔ BA = In .
Nota 1. Então, uma matriz quadrada de ordem n é regular, se existe uma matriz quadrada B, de
ordem n, tal que:
AB = In ou BA = In .
Ou seja,
A−1 = B (equivalentemente, B −1 = A) ⇔ AB = In ou BA = In .
Exemplo 1. Seja a matriz real,  
1 −1 1
A = 0 1 1 .
 
1 1 1
Verificar que  
0 −1 1
 −1 1 
A−1 =  2 0 2 
1 −1
2 1 2

Resolução:
Basta verificar que:
AA−1 = I3 .
Ou então que:
A−1 A = I3 .

Exemplo 2. Considere a matriz real " #

a b
A=
c d
tal que, ad − bc 6= 0. Então, " #
−1 1 d −b
A = .
ad − bc −c a
Verifica-se:
" # " # " # " #
1 a b d −b 1 ad − bc 0 1 0
A.A−1 = . = =
ad − bc c d −c a ad − bc 0 ad − bc 0 1

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Ano: 1 o
Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

Teorema 2 (Unicidade da matriz inversa). Toda matriz regular tem uma e uma só inversa.

Demonstração:
Seja A uma matriz regular de ordem n, sobre um corpo F; e sejam B e D inversas de A. Vai mostrar-se
que B = D. Então, como
AB = BA = In e AD = DA = In
tem-se:
BA = In ⇒ (BA) D = In D

⇒ B (AD) = D

⇒ BIn = D

⇒ B=D

Teorema 3 (Propriedades de matrizes regulares). Segue-se, abaixo, um conjunto de propriedades

de matrizes regulares:

−1
(1) Se A é uma matriz regular, então A−1 também é regular, e A−1 = A;
(2) Se A e B são matrizes regulares da mesma ordem, então AB também é regular, e

(AB)−1 = B −1 A−1 ;

−1
t
(3) Se A é uma matriz regular, At também é regular, e At = A−1 ;
(4) Toda matriz identidade I é regular e, I −1 = I;
1 −1
(5) Se A é uma matriz regular, então λA (λ 6= 0) também é regular, e (λA)−1 = A ;
λ
(6) Seja k ∈ N e i = 1 , 2 , . . . , k; sejam Ai matrizes regulares, então A1 A2 . . . Ak−1 Ak é também
regular, e
(A1 A2 . . . Ak−1 Ak )−1 = Ak −1 Ak−1 −1 . . . A2 −1 A1 −1 ;
 −1
k
(7) Seja k ∈ N. Se a matriz A é regular, então Ak é também regular, e Ak = A−1 .

Exemplo 3. Verifica-se as seguintes propriedades do “teorema 3”:

−1
(1) A é regular ⇔ AA−1 = I ⇔ A−1 A = I ⇔ A−1 é regular, e A−1 = A.
(2) A é regular ⇔ AA−1 = I; B é regular ⇔ BB −1 = I, então
(AB) B −1 A−1 = A BB −1 A−1 = AIA−1 = AA−1 = I ⇔ AB é regular, e (AB)−1 =

B −1 A−1 .
(3) A é regular ⇔ AA−1 = I.

t
t
−1
t
At A−1 = A−1 A = I t = I ⇔ At é regular, e At = A−1 .
(4) II = I ⇔ I é regular, e I −1 = I.

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Método para determinação da inversa de uma matriz

Para tornar a abordagem mais “amigável”, apresenta-se, a partir de um exemplo,um dos métodos –
mais utilizado – para a determinação da inversa de uma matriz regular.

Considera-se a seguinte matriz regular,

 
1 1 1
A =  1 −1 1  .
 
1 1 0

Vai determinar-se a sua inversa,  

a b c
A−1 =  a1 b1 c1  .
 
a2 b2 c2
Então,

AA −1 = I
 3    
1 1 1 a b c 1 0 0
⇔  1 −1 1   a1 b1 c1  =  0 1 0 
    
1 1 0 a2 b2 c2 0 0 1
   
a + a1 + a2 b + b1 + b2 c + c1 + c2 1 0 0
⇔  a − a1 + a2 b − b1 + b2 c − c1 + c2  =  0 1 0 
   
a + a1 b + b1 c + c1 0 0 1
           
a + a1 + a2 1 b + b1 + b2 0 c + c1 + c2 0
⇔  a − a1 + a2  =  0  e  b − b1 + b2  =  1  e  c − c1 + c2  =  0 
           
a + a1 0 b + b1 0 c + c1 1
  
 a + a1 + a2
 = 1  b + b1 + b2
 = 0  c + c1 + c2
 = 0
⇔ a − a1 + a2 = 0 (1) e b − b1 + b2 = 1 (2) e c − c1 + c2 = 0 (3)
  
 a + a1 = 0  b + b1 = 0  c + c1 = 1

Como as matrizes dos coeficientes dos sistemas (1), (2) e (3) são iguais, então pode-se resolver estes

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Ano: 1 o
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três sistemas em simultâneo:

   
1 1 1 1 0 0 1 1 1 1 0 0
1 −1 1 0 1 0 −→ 0 −2 0 −1 1 0 
   
  
L2 ←L2 −L1
1 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 1
   
1 1 1 1 0 0 1 1 1 1 0 0
−→  0 −2 0 −1 1 0  −→  0 1 0 1/2 −1/2 0 
   
L3 ←L3 −L1 L2 ←−1/2L2
0 0 −1 −1 0 1 0 0 −1 −1 0 1
   
1 1 1 1 0 0 1 0 1 1/2 1/2 0
−→  0 1 0 1/2 −1/2 0  −→  0 1 0 1/2 −1/2 0 
   
L3 ←−1L3 L1 ←L1 −L2
0 0 1 1 0 −1 0 0 1 1 0 −1
 
1 0 0 −1/2 1/2 1
−→  0 1 0 1/2 −1/2 0 
 
L1 ←L1 −L3
0 0 1 1 0 −1

Sendo assim, a matriz inversa de A é

 
−1/2 1/2 1
A−1 =  1/2 −1/2 0 
 
1 0 −1
Nota 2. Nota-se que o “teorema # 2”, garante que a inversa de uma matriz regular é única, o que
significa que os sistemas (1), (2) e (3) são possı́veis determinados, i. e., cada um deles tem uma única
solução. Sendo assim, a matriz escalonada reduzida obtida a partir de A é igual a matriz identidade,
i. e., A tem caracterı́stica igual a sua dimensão, neste caso 3. Com base nisto, pode enunciar-se o
resultado que se segue:
Teorema 4 (Critérios de matriz regular). Seja A uma matriz regular de ordem n, então as
afirmações que se seguem são equivalentes:

(1) A é regular;
(2) c(A) = n;
(3) A matriz escalonada reduzida, obtida a partir de A por aplicação sucessiva de operações elemen-
tares sobre linhas, é uma matriz identidade In ;
(4) O sistema de equações lineares AX = B é possı́vel determinado, para toda matriz coluna B, de
termos independentes, e
AX = B ⇔ X = A−1 B.

Determinação da inversa de uma matriz regular A de ordem n

h i
O método consiste em reduzir a matriz A In à forma escalonada reduzida, aplicando sucessiva-
h i
mente operações elementares sobre linhas, obtendo In A−1 :
h i h i
A In −→ In A−1

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Exercı́cios

1. Determine a matriz inversa A−1 da matriz A, e verifique o resultado obtido:

     
1 4 −1 3 5 1 2 1 2
(a) A =  2 7 1  (b) A =  1 2 −1  (c) A =  −3 −1 −1 
     
1 3 0 −1 0 1 5 2 1

2. Em cada caso, encontre a matriz A:

" # " #
−1 1 0
t 1 2
(a) (3A) = (b) A−1 − 3I =5
−5 −1 3 4
" #!−1 " #
1 0 3 1
(c) At −3 =
2 −1 1 1

3. Seja A ∈ Rn×n ; mostre que, se A2 = 0n e In − A é regular, então (In − A)−1 = In + A.

4. Sabe-se que a matriz quadrada A, de ordem n, é zero do polinómio f (x) = x2 − x − 2. Determine

a inversa A−1 de A.

5. Sabe-se que a inversa da matriz real A é

 
1 0 2
A−1 = 1 2 1 .
 
3 5 3

Determine a matriz real X para cada um dos casos que se seguem:

 
2 −1 " #
2 3 −1
(a) AX =  1 0  (b) XA =
 
−1 0 5
0 −3

6. Sejam A e B matrizes regulares, sobre um corpo qualquer. Prove que se A + B é regular, então
 −1
A−1 + B −1 = A · (A + B)−1 · B.

7. Sejam A e B matrizes regulares, da mesma ordem, sobre um corpo qualquer, tais que:
 −1 t
(A · B)−1 + At ·X = A.

t
t
Prove que X = A2 − B −1 .

8. Sejam A e B matrizes regulares, de ordens n, sobre um corpo qualquer. Prove que se In + A · B

e In + B · A são regulares, então

(In + A · B)−1 · A = A · (In + B · A)−1 .

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9. Considere o sistema de equações lineares, sobre o corpo R:



 x1 + x3 = 1

 x + x = −1
2 4



x 1 + 2x 3 + x4 = −1

x1 − x2 + x3 = 1

(a) Represente o sistema na forma matricial, AX = B;

(b) Determine A−1 ;
(c) A partir do resultado da alı́nea anterior, resolve o sistema.

10. Demonstre a “propriedade (7)”, do “teorema 3”, aplicando o método de indução matemática.

11. À semelhança do que se fez no “exemplo 3”, verifique as propriedades (3) e (8), do “teorema 3”.

12. Seja A uma matriz simétrica regular, sobre o corpo R. Mostre que A−1 é também simétrica.

13. Seja A e B duas matrizes quadradas da mesma ordem. Mostre que se AB é regular, então A e
B são regulares.

14. Seja A uma matriz regular. Mostre que AAt e At A são também regulares.

15. Seja A uma matriz anti-simétrica regular. Mostre que A−1 é também anti-simétrica.

Referências

[1] NICHOLSON, W. K. (2006). Álgebra Linear. McGraw-Hill, 2a ed., São Paulo.

[2] RORRES, C., HOWARD, A. (2001). Álgebra Linear com aplicações. Bookman, 8a ed., Porto
Alegre.

[3] DE MATOS, I. M. T. (2008).Tópicos da Álgebra Linear. Secção de Matemática: DEETC - ISEL.

Lisboa.

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