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Universidade de Cabo Verde

Faculdade de Ciências & Tecnologia

Campus de Palmarejo CP: 279 Praia - Cabo Verde Tel.: (00238) 262 91 12 Fax: (00238) 262 76 55

Cursos: EGI; EIC; EC; EM; EQB; EE - 1o Ano

UC : Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I

Aplicações Lineares

Praia, Janeiro 2018


Cursos: EGI; EIC; EC; EM; EQB; EE Faculdade de Ciências & Tecnologia Ano Lectivo: 2017/2018

Ano: 1o Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

Aplicações Lineares

Definição 1 (Aplicação linear). Sejam V e V 0 espaços vectoriais sobre um mesmo corpo F. Uma aplicação
(ou função)
f : V −→ V 0
diz-se uma aplicação linear se, ∀ ~ ~ ∈ V, ∀ λ ∈ F, tem-se:
v, u

(1) f ~
v+u ~ = f ~ ~;
v +f u
  

(2) f λ ~
v =λf ~
 
v

Nota 1. Nota-se que, na propriedade (2) desta definição, o escalar λ aplica-se, no primeiro membro, a um vector
de V, e, no segundo membro, a um vector de V 0 , o que exige que de facto o corpo dos escalares F seja o mesmo
para os dois espaços vectoriais, V e V 0 .

Teorema 1 (Critério de aplicação linear). Sejam V e V 0 espaços vectoriais sobre um mesmo corpo F. Uma
aplicação
f : V −→ V 0
é uma aplicação linear se, e somente se,

~, ~
∀ λ, β ∈ F , ∀ u v ∈ V , tem-se, f λ~
u + β~ ~ + βf ~
v = λf u
  
v .

Exemplo 1. Sejam os espaços vectoriais reais R2 e R3 . A aplicação

f : R3 −→ R2
,→ x, y, z = 3x − 7z, x − 5y + 8z
  
x, y, z f

é uma aplicação linear.

Resolução:
~ = (u1 , u2 , u3 ) , ~
Verifica-se: ∀ u v = (v1 , v2 , v3 ) ∈ R3 , ∀ λ ∈ R, tem-se:

~+~
v = f ((u1 + v1 , u2 + v2 , u3 + v3 ))

(1) f u
= (3 (u1 + v1 ) − 7 (u3 + v3 ) , u1 + v1 − 5 (u2 + v2 ) + 8 (u3 + v3 ))
= (3u1 − 7u3 + 3v1 − 7v3 , u1 − 5u2 + 8u3 + v1 − 5v2 + 8v3 )
= (3u1 − 7u3 , u1 − 5u2 + 8u3 ) + (3v1 − 7v3 , v1 − 5v2 + 8v3 )
= f u~ +f ~
 
v
f λ~
v = f ((λv1 , λv2 , λv3 ))

(2)
= (3λv1 − 7λv3 , λv1 − 5λv2 + 8λv3 )
= λ (3v1 − 7v3 , v1 − 5v2 + 8v3 )
= λf ~

v

Como f satisfaz as propriedades (1) e (2), então f é uma aplicação linear.

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Alternativamente, aplicando o teorema 1,

f λ~u + β~
v = f λ (u1 , u2 , u3 ) + β (v1 , v2 , v3 )
 

= f λu1 + βv1 , λu2 + βv2 , λu3 + βv3




= 3 · λu1 + βv1 − 7 · λu3 + βv3 , λu1 + βv1 − 5 · λu2 + βv2 + 8 · λu3 + βv3
   

= (3λu1 − 7λu3 , λu1 − 5λu2 + 8λu3 ) + 3βv1 − 7βv3 , βv1 − 5βv2 + 8βv3


= λ (3u1 − 7u3 , u1 − 5u2 + 8u3 ) + β (3v1 − 7v3 , v1 − 5v2 + 8v3 )


= λ f (~
u) + β f (~
v),

Como f satisfaz a condição desse teorema, então f é uma aplicação linear.

Exemplo 2. Seja V um espaço vectorial qualquer, sobre um corpo F. Dado um escalar arbitrário δ ∈ F, a
aplicação
η : V −→ V
~
v ,→ η ~ v = δ~

v
é uma aplicação linear denominada homotetia.

Resolução:
~, ~
Verifica-se: ∀ u v ∈ V, ∀ λ ∈ F, tem-se:

~+~
η u ~+~
v = δ u
 
(1) v
= δ~
u + δ~ v
= η u~ +η ~
 
v
η λ~
v = δ λ~
 
(2) v
= λ δ~v = λη ~
 
v .

Exemplo 3. Seja V um espaço vectorial qualquer, sobre um corpo F. A aplicação

0 : V −→ V
~ ,→ v = ~0
0 ~

v

é uma aplicação linear, denominada aplicação linear nula.

Resolução:
~, ~
Verifica-se: ∀ u v ∈ V, ∀ λ ∈ F, tem-se:

(1) ~+~
0 u v =
 ~0
= ~0 + ~0 = 0 u
~ +0 ~

v


(2) 0 λ~
u =
 ~0

= λ~0 = λ0 ~

v .

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Exemplo 4. Seja V um espaço vectorial qualquer, sobre um corpo F. a aplicação

ι : V −→ V
~ ,→ ι ~
v =~

v v

é uma aplicação linear, denominada aplicação linear identidade.

Exemplo 5. Seja V um espaço vectorial qualquer, sobre um corpo F. Suponha-se que A, B ≤ V e A ⊕ B = V.


Uma vez que a soma A com B é uma soma directa, então todo vector ~
v ∈ V, escreve-se de uma única maneira
como soma de um vector de A com um vector de B, diga-se

v = ~a~v + ~b~v ,
~

com ~a~v ∈ A e ~b~v ∈ B. Assim, as aplicações

ρA : V −→ A
~ ,→ ρA ~
v = ~a~v

v
e
ρB : V −→ B
~ ,→ v = ~b~v
ρB ~

v
são lineares, e são chamadas, respectivamente, projecções de ~
v sobre A e sobre B.

Nota 2. Há aplicações, entre espaços vectoriais, que não são lineares. Por exemplo, no espaço vectorial real R2 ,
a aplicação
f : R2 −→ R2
x, y ,→ f x, y = xy , x + y
  

não é linear.
Nota-se que, para todo vector ~
v = x, y ∈ V, para todo escalar λ ∈ F, tem-se:


f λ~
v = f λx, λy
 
 
= λ2 xy, λ x + y
= λ λxy, x + y

, λ xy, x + y = λ f ~v , para λ = 2 e x, y , 0, por exemplo.
 

Isto é, a aplicação f não satisfaz a propriedade (2) da definição 1.

Teorema 2. Sejam V e V 0 espaços vectoriais sobre um mesmo corpo F. Seja

f : V −→ V 0

uma aplicação linear. Então:

(1) f ~0V = ~0V0 , onde ~0V e ~0V0 representam, o vector nulo em V e o vector nulo em V 0 , respectivamente.
 

(2) Para todo ~ v = −f ~


 
v ∈ V, f −~ v;

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~, ~ ~−~ ~ −f ~
v = f u
  
(3) ∀ u v ∈ V, f u v.

Teorema 3. Sejam V e V 0 espaços vectoriais sobre um mesmo corpo F. Seja

f : V −→ V 0

uma aplicação linear. Então:

(1) f transforma vectores linearmente dependentes em vectores linearmente dependentes, isto é, se

~
v1 , ~
v2 , . . . , ~
vk ∈ V

são linearmente dependentes, então

f ~
v1 , f ~
v2 , . . . , f ~
vk ∈ V 0
  

também o são.

(2) f transforma vectores linearmente independentes em vectores linearmente independentes, se, e somente se,
f é injectiva.

Definição 2 (Classificação de uma aplicação linear). Sejam V e V 0 espaços vectoriais quaisquer sobre um
mesmo corpo F. Uma aplicação linear
f : V −→ V 0
diz-se:

(1) Monomorfismo se é injectiva, isto é, objectos diferentes correspondem à imagens diferentes.

(2) Epimorfismo se é sobrejectiva, isto é, o seu contradomı́nio coincide com o seu conjunto de chagada V 0 ;

(3) Isomorfismo se é bijectiva, ou seja, f é, simultaneamente, injectiva e sobrejectiva;

(4) Endomorfismo se o seu conjunto de partida V é igual ao seu conjunto de chagada V 0 ;

(5) Automorfismo se é, simultaneamente, um isomorfismo e endomorfismo.

Teorema 4. Sejam V e V 0 espaços vectoriais quaisquer, sobre um mesmo corpo F, e sejam F e F0 subespaços
vectoriais de V e V 0 , respectivamente. Se

f : V −→ V 0

é uma aplicação linear, então:

(1) f (F) = f ~ v : ~
v ∈ F é um subespaço vectorial de V 0 .
 

(2) f −1 (F0 ) = ~v∈V : f ~ v ∈ F0 (diz-se imagem inversa de F0 ) é um subespaço vectorial de V.


 

Nota 3. Se V e V 0 são dois espaços vectoriais, sobre um mesmo corpo F; e se

f : V −→ V 0

é uma aplicação linear, então:

(1) f (V) ≤ V 0 , pois V é subespaço vectorial de si próprio;

(2) f −1 ~0V0 ≤ V, onde ~0V0 é o vector nulo em V 0 , pois ~0V0 ≤ V 0 .


n o n o

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Definição 3 (Imagem e núcleo). Sejam V e V 0 espaços vectoriais, sobre um mesmo corpo F; e seja

f : V −→ V 0

uma aplicação linear.


O subespaço vectorial de V 0 ,

f (V) = Im f = D0 f (imagem ou contradomı́nio de f ),


 

é o espaço-imagem ou espaço-caracterı́stico de f .
Quando o espaço imagem é finitamente gerado, a sua dimensão chama-se caracterı́stica de f , e representa-se
por c f , ou seja,
c f = dim Im f .


O subespaço vectorial de V,

f −1 ~0V0 = f −1 ~0V0 = Nuc f = Ker f ,


n o    

é o núcleo ou espaço de nulidade de f .


Quando o núcleo de f é finitamente gerado, a sua dimensão chama-se nulidade de f , e representa-se por n f , ou
seja,
n f = dim Nuc f .


Exemplo 6. Considere a aplicação linear do exemplo 1:

f : R3 −→ R2
,→ x, y, z = 3x − 7z, x − 5y + 8z .
  
x, y, z f

Determina-se D0 f e Nuc f .


Resolução:

D0 f : Nota-se que,

  
Im f = f R3 = f
 
x, y, z : x, y, z ∈ R .
Então:
= 3x − 7z, x − 5y + 8z
 
f x, y, z
= (3x, x) + 0, −5y + (−7z, 8z)


= x (3, 1) + y (0, −5) + z (−7, 8)


= h(3, 1) , (0, −5) , (−7, 8)i
Como Im f é um subespaço do espaço vectorial real R2 e dimensão de R2 é 2, então c f ≤ 2.


Por outro lado, no sistema de geradores de Im f há dois vectores linearmente independentes,
por exemplo:
(3, 1) e (0, −5) .
Senso assim, c f = 2, equivalentemente,

Im f = R2 .


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Nuc f : Para este caso,
 n o
Nuc f = x, y, z ∈ R3 : f
 
x, y, z ∈ {(0, 0)} .
Logo,

f x, y, z ∈ {(0, 0)}
x, y, z = (0, 0)

⇔ f
3x − 7z = 0
(
⇔ (i)
x − 5y + 8z = 0

Resolve-se o sistema homogéneo em (i):


" # " # " #
3 0 −7 1 0 −7/3 1 0 −7/3
−→ −→
1 −5 8 L1 ← 13 L1 0 −5 31/3 L2 ←− 15 L1 0 1 −31/15
L2 ←L2 − 13 L1

Tem-se:
x = − 73 λ





y = − 31
15 λ





 z=λ∈R

Pronto: n  o
= − 73 λ, − 15
31
λ, λ : λ ∈ R

Nuc f
D E
= − 37 , − 31
15 , 1

= h(−35, −31, 15)i .

Teorema 5. Sejam espaços vectoriais V e V 0 , sobre um mesmo corpo F. Seja

f : V −→ V 0

uma aplicação linear. Então:

~∈Veu
~0 = f u
~ ∈ V 0 , tem-se:

(1) Dado um vector u

~0
f −1 u = ~
x∈V : f ~ x =u~0
  

= u ~ + Nuc f .
 

(2) f é um monomorfismo (injectiva) se, e somente se, Nuc f = ~0V .


 n o

Exemplo 7. Seja um endomorfismo


f : P2 −→ P2
definida por:
∀ p(x) ∈ P2 , f p(x) = p0 (x) derivada de p(x)
 

Determinar f −1 (1 + 3x) e verificar se f é um monomorfismo.

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Resolução:
n   o
f −1 (1 + 3x) = ax2 + bx + c ∈ P2 : f ax2 + bx + c = 1 + 3x
Ora,  
f ax2 + bx + c = 1 + 3x
⇔ 2ax + b = 1 + 3x
2a = 3 a = 3/2
 

 

= =1
 
⇔  b 1 ⇔ b
 
 

 c∈R
  c∈R

Então,
3 2
 
f −1 (1 + 3x) = x +x+c : c∈R
2
3 2
 
= x + x + h1i .
2
Sendo assim, Nuc f = h1i , {0}, o que significa que f não é um monomorfismo.


Teorema 6. Sejam V e V 0 espaços vectoriais, sobre um mesmo corpo F. Seja uma aplicação linear
f : V −→ V 0 .

Se F é um subespaço vectorial de V e F = hXi, então

f (F) = f (X) .

Em particular, se F é finitamente gerado, também f (F) é finitamente gerado, e tem-se



dim f (F) ≤ dim (F) .

Nota 4. Nota-se que se V , ~0 é um espaço finitamente gerado, com base


n o

B= ~ v1 , ~
v2 , . . . , ~

vk , para algum k ∈ N,

então:
Im f = f ~
v1 , f ~
v2 , . . . , f ~

  
vn .
Exemplo 8. Considere a aplicação linear

f : P2 −→ P2
p(x) ,→ f p(x) = p0 (x) 1a derivada de p(x) .
 


Determinar Im f e f (F), onde D E
F = x2 − x, x + 1 .

Resolução:n o
Como B = x2 , x, 1 é uma base de P2 , então
D   E
= f x2 , f (x) , f (1)

Im f
= h2x, 1i
= P1 .

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Da mesma forma, D   E
f (F) = f x2 − x , f (x + 1)
= h2x − 1, 1i
= P1 .

Teorema 7. Sejam V e V 0 espaços vectoriais, sobre um mesmo corpo F. Seja

f : V −→ V 0

uma aplicação linear. Se V tem dimensão finita, então

dim (V) = n f + c f .

Corolário 1. Sejam V e V 0 espaços vectoriais, sobre um mesmo corpo F, ambos com dimensão finita, diga-se
dim (V) = dim (V 0 ) = n, n ∈ N. Então, f é um monomorfismo se, e somente se, f é um epimorfismo.
Em particular, um endomorfismo num espaço vectorial V, de dimensão finita, é monomorfismo se, e somente
se, é epimorfismo.

Exemplo 9. Considere o seguinte endomorfismo do espaço vectorial real R4 , definida por:

x, y, z, w = x − y + z, x + z − w, 2x + 2z − y − w, x + w , ∀ x, y, z, w ∈ R.
 
f

Determinar o núcleo de f e concluir se f é ou não um epimorfismo.

Resolução:n o
Nuc f = x, y, z, w ∈ R4 : f x, y, z, w = (0, 0, 0, 0) .
  

x, y, z, w = (0, 0, 0, 0)

f
x−y+z=0



x+z−w=0



⇔ 



 2x + 2z − y − w = 0
x+w=0

     
1 −1 1 0  1 −1 1 0  1 0 1 −1
1 0 1 −1 0 1 0 −1 0 1 0 −1
     
  −→   −→  
2 −1 2 −1 L2 ←L2 −L1 0 1 0 −1 L1 ←L1 +L2 0 0 0 0 
1 0 0 1 L3 ←L3 −2L1 0 1 −1 1 L3 ←L3 −L2 0 0 −1 2
     
L4 ←L4 −L1 L4 ←L4 −L2
   
1 0 0 1  1 0 0 1 
0 1 0 −1 0 1 0 −1
  
−→   −→  
L3 ↔L4
0
 0 −1 2  L3 ←−1L3 0
 0 1 −2
0 0 0 0 0 0 0 0
  

Então:
x = −λ



y=λ




z = 2λ




w=λ∈R

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Logo,
= {(−λ, λ, 2λ, λ) : λ ∈ R}

Nuc f
= h(−1, 1, 2, 1)i .
Sendo assim, como n f = 1, então
 
dim R4 = c f + n f ⇔ c f = 3,

= 3, isto é,

ou seja, dim Im f

Im f , R4
 
espaço de chegada ,

equivalentemente a dizer que f não é um epimorfismo.

Matriz de uma aplicação linear

Definição 4 (Matriz de uma aplicação linear). Sejam V e V 0 espaços vetoriais reais, com dimensão n, p ∈ N,
respetivamente, e seja f : V −→ V 0 uma aplicação linear. Sejam
n o
B= ~v1 , ~
v2 , . . . , ~ e B0 = ~ v1 0 , ~
v2 0 , . . . , ~
vp 0 ,

vn

bases arbitrárias de V e V 0 , respetivamente. Sejam


 
f ~ a11 , a21 , . . . , ap1

v1 ≡B0
 
f ~ a12 , a22 , . . . , ap2

v2 ≡B0
.. .. ..
. . .
 
f ~ a1n , a2n , . . . , apn

vn ≡B0

Então, a matriz da aplicação linear f : V −→ V 0 em relação às bases B e B0 é

a11 a12 . . . a1n 


 
a21 a22 . . . a2n 
A = M f ; B , B =  ..
0
.. .. ..  ,
 
 . . . . 
ap1 ap2 . . . apn
 

isto é, é a matriz de dimensão p × n, cuja coluna i é composta pelos componentes do vetor ~
vi na base B0 .
Nota 5. Uma aplicação linear tem várias matrizes, mas todas elas têm a mesma ordem. Sempre que se escolha
uma base no espaço de partida e uma outra no espaço de chegada tem-se uma determinada matriz, ou seja, uma
matriz de uma aplicação linear depende das bases escolhidas nos espaços de partida e de chegada.
Exemplo 10. Seja a aplicação linear f : R3 −→ R2 , definida por

f (x, y, z) = 3x − 7z , x − 5y + 8z .
 

Para determinar uma matriz de f escolhe-se uma base arbitrária no espaço de partida R3 e uma outra, também
arbitrária, no espaço de chegada R2 .

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Ano: 1o Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

Seja B = {(1, 0, 0) , (0, 1, 0) , (0, 0, 1)}, a base canónica de R3 , e B0 = {(1, 0) , (0, 1)}, a base canónica de R2 .
Então:
f ((1, 0, 0)) = (3, 1) ≡B0 (3, 1)
f ((0, 1, 0)) = (0, −5) ≡B0 (0, −5)
f ((0, 0, 1)) = (−7, 8) ≡B0 (−7, 8) .

Sendo assim, a matriz mudança de base, em relação à essas bases, é


" #
3 0 −7
A = M f ; B, B = 0
.
1 −5 8

Se a base de R3 for B = {(1, −1, −1) , (0, 1, 2) , (0, 0, 1)}, e a base de R2 for B0 = {(1, −1) , (−1, 2)}, ter-se-á:

f ((1, −1, −1)) = (10, −2) ≡B0 (18, 8)


f ((0, 1, 2)) = (−14, 11) ≡B0 (−17, −3)
f ((0, 0, 1)) = (−7, 8) ≡B0 (−6, 1) ,

consequentemente, a matriz mudança de base será


" #
18 −17 −6
A = M f ; B, B = 0
.
8 −3 1

Teorema 8. Seja f : V −→ V 0 uma aplicação linear entre os espaços vetoriais reais V e V 0 sobre o corpo R,
com dimensão n e p, respetivamente. Sejam
n o
B= ~ v1 , ~
v2 , . . . , ~ e B0 = ~
v1 0 , ~
v2 0 , . . . , ~
vp 0 ,

vn

bases arbitrárias de V e V 0 , na devida ordem. h it


Dado um vetor arbitrário ~ x ∈ V tal que ~ x ≡B (x1 , x2 , . . . , xn ). Seja X = x1 x2 . . . xn , a matriz coluna,
composta pelas componentes do vetor ~ x na base B. Então, X0 = AX é a matriz coluna, composta pelas
componentes, ordenadamente, do vetor f ~ x na base B0 .


Exemplo 11. Seja a aplicação linear f : R3 −→ R2 , definida por

f (x, y, z) = 3x − 7z , x − 5y + 8z .
 

Pelo exemplo anterior, exemplo 10, a matriz da aplicação linear f , em relação às bases

B = {(1, −1, −1) , (0, 1, 2) , (0, 0, 1)} e B0 = {(1, −1) , (−1, 2)}

dos espaços de partida e de chegada, respetivamente, é


" #
18 −17 −6
A= .
8 −3 1

Seja o vetor ~
v = (x, y, z) ∈ R3 , um vetor arbitrário. Então,

~
x ≡B x , x + y , −x − 2y + z .


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Ano: 1o Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

Seja  
" # x  " #
18 −17 −6  7x − 5y − 6z
X0 = AX = x + y  = .

4x − 5y + z
 
8 −3 1 
−x − 2y + z

Então,
f ~
x ≡B0 7x − 5y − 6z , 4x − 5y + z .
 

Nota-se que, de facto,

f ~
x =
 
f x, y, z
= 7x − 5y − 6z · (1, −1) + 4x − 5y + z · (−1, 2)
 

= 3x − 7z , x − 5y + 8z .


Nota 6. Uma aplicação linear fica bem definida quando se conhece uma sua matriz, em relação a duas bases
dadas (um do espaço de partida e outra do espaço de chegada).

Teorema 9. Sejam V e V 0 espaços vetoriais reais com a mesma dimensão, n ∈ N. Seja f : V −→ V 0 uma
aplicação linear. Então, f é um isomorfismo se, e somente se, a matriz quadrada A = M f ; B, B0 é regular (ou

invertı́vel).

Matriz mudança de base, como matriz da aplicação linear identidade

Definição 5 (Matriz mudança de base). Seja V um espaço vetorial real de dimensão n ∈ N. Seja a aplicação
linear identidade
ι : V −→ V 0
~
x −→ ι ~ x =~

x.

Sejam duas bases B e B0 de V. Então,

M (ι ; B, B0 ) = M (B0 −→ B) e M (ι ; B0 , B) M (B −→ B0 ) .

Operações com aplicações lineares

Definição 6 (Soma e produto por um escalar). Sejam V e V 0 espaços vetoriais reais, e seja f : V −→ V 0 ,
g : V −→ V 0 aplicações lineares.

1. A soma de f e g é uma aplicação linear

f + g : V −→ V 0 ,

definida por
f +g ~x = f ~
x +g ~
x , ∀~
   
x ∈ V.

2. O produto da aplicação linear f por um escalar λ ∈ R é uma aplicação linear

λ f : V −→ V 0 ,

definida por
λf ~
x = λf ~
x , ∀~
  
x ∈ V.

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Ano: 1o Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

Teorema 10. Nas condições da definição anterior, definição 6, se B e B0 são bases de V e V 0 , respetivamente, e
A = M f ; B, B0 , C = M g ; B, B0 , então
 

A + C = M f + g ; B, B0 e λA = M λ f ; B, B0 .
 

Definição 7 (Composição de aplicações lineares). Sejam V, V 0 e V 00 espaços vetoriais reais, e sejam


f : V −→ V 0 , g : V 0 −→ V 00 aplicações lineares. A composição g ◦ f é uma aplicação linear

g ◦ f : V −→ V 00 ,

definida por
~
x =g f ~
x , ∀~
  
g◦ f x ∈ V.

Teorema 11. Nas condições da definição anterior, definição 7, se B, B0 e B00 são bases de V, V 0 e V 00 ,
respetivamente, e A = M f ; B, B0 , C = M g ; B0 , B00 , então
 

C · A = M g ◦ f ; B, B00 .


C=M( g ; B0 ,B00 )
VO 0 / V 00
g >

g◦ f
A=M( f ; B,B0 ) f
C·A=M( g◦ f ; B,B00 )

V
Teorema 12. Seja f : V −→ V 0 um isomorfismo entre os espaços vetoriais reais V e V 0 . Então, a aplicação
inversa f −1 : V 0 −→ V é um isomorfismo.

0 0
 Mais ainda, se B, B são bases de V e V , nesta ordem, e
A = M f ; B, B0 , então A−1 = M f −1 ; B0 , B .


n o
Exemplo 12. Sejam as bases B = {(1, 1, 1) , (0, 1, 2) , (−1, 0, 2)}, B0 = x2 , −x , x + 1 e B00 = {1} dos espaços
vetoriais reais R3 , P2 e R, nesta ordem.
Sejam as seguintes aplicações lineares:

• f : R3 −→ P2 , definida por

f ((a, b, c)) = (a + c)x2 + (b + c)x + a − b + c ;

• g : R3 −→ P2 , definida pela matriz


 

1 0 0
A = M g ; B, B0 = 0 1 0 ;
  
1 −1 0
 

• h : P2 −→ R, definida por  
h ax2 + bx + c = a + b − c .

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Ano: 1o Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

1. Determinar a matriz A0 = M f ; B, B0 e a matriz C = M (h ; B0 , B00 ).




2. Determinar f + g ((a, b, c)), para todo (a, b, c) ∈ R3 .




3. Verificar que f é um isomorfismo.


4. Definir o isomorfismo f −1 : P2 −→ R3 , explicitando a imagem de cada objeto ax2 + bx + c ∈ P2 , com
a, b, c ∈ R.
5. Determinar −3 f + g ((a, b, c)), ∀ (a, b, c) ∈ R3 .


6. Determinar a matriz E = M h ◦ g ; B, B00 , e determinar h ◦ g (a, b, c), para todo (a, b, c) ∈ R3 .


 

Resolução:

(a) Determinação da matriz A0 = M f ; B, B0 :




f ((1, 1, 1)) = 2x2 + 2x + 1 ≡B0 (2, −1, 1)


f ((0, 1, 2)) = 2x2 + 3x + 1 ≡B0 (2, −2, 1)
f ((−1, 0, 2)) = x2 + 2x + 1 ≡B0 (1, −1, 1) .

Logo,  

 2 2 1 
A0 = M f ; B, B0 = −1 −2 −1 .
  
1 1 1
 

Determinação da matriz C = (h ; B0 , B00 ):


 
h x2 = 1 ≡B00 1
h (−x) = −1 ≡B00 −1
h (x + 1) = 0 ≡B00 0 .

Logo,
h i
C = (h ; B0 , B00 ) = 1 −1 0 .

(b) f + g : R3 −→ P2 .
 
 3 2 1 
D = A + A0 = M f + g ; B, B0 = −1 −1 −1.
  
2 0 1
 

(a, b, c) ≡B (2a − 2b + c , −2a + 3b − c , a − 2b + c)


 2a − 2b + c  3a − 2b + 2c
   

D · −2a + 3b − c =  −a + b − c , então


   
a − 2b + c 5a − 6b + 3c
   

f + g ((a, b, c)) ≡B0 (3a − 2b + 2c , −a + b − c , 5a − 6b + 3c)




⇔ f + g ((a, b, c)) = (3a − 2b + 2c) x2 + (−a + b − c) (−x) + (5a − 6b + 3c) · (x + 1) .




= (3a − 2b + 2c) x2 + (6a − 7b + 4c) x + 5a − 6b + 3c

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Ano: 1o Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

(c) f é um isomorfismo sse f é regular sse a matriz quadrada A0 = M f ; B, B0 é regular, onde B e B0



são as bases consideradas no espaço de partida e no espaço de chegada, respetivamente.

A matriz A0 = M f ; B, B0 é regular sse A0 , 0.


2 2 1 2 2 1
2

1
A = −1 −2 −1 = −1 −2 −1 =
0 = −1, logo f é um isomorfismo.

−1 −1
1 1 1 0 −1 0

 
   1 1 0 
(d) A0 −1 = M f −1 ; B0 , B =  0 −1 −1

−1 0 2
 

ax2 + bx + c ≡B0 (a, −b + c, c)


 a  a − b + c
   

A0 −1 · −b + c =  b − 2c , logo


   
c −a + 2c
   

 
f −1 ax2 + bx + c ≡B (a − b + c, b − 2c, −a + 2c)
 
⇔ f −1 ax2 + bx + c = (a − b + c) (1, 1, 1) + (b − 2c) (0, 1, 2) + (−a + 2c) (−1, 0, 2)
= (2a − b − c , a − c , −a + b + c)

 
−9 −6 −3
(e) D0 = −3D =  3 3 3 
 
−6 0 −3
 

 2a − 2b + c   −9a + 6b − 6c 
   

D0 · −2a + 3b − c =  3a − 3b + 3c , logo


   
a − 2b + c −15a + 18b − 9c
   

−3 f + g (a, b, c) ≡B (−9a + 6b − 6c , 3a − 3b + 3c , −15a + 18b − 9c)




−3 f + g (a, b, c) = (−9a + 6b − 6c) x2 + (3a − 3b + 3c) (−x) + (−15a + 18b − 9c) (x + 1)




= (−9a + 6b − 6c) x2 + (−18a + 21b − 12c) x − 15a + 18b − 9c

 
h i 1 0 0 h i
(f) E = M h ◦ g ; B, B00 = C · A = 1 −1 0 · 0 1 0 = 1 −1 0 .

1 −1 0
 

(a, b, c) ≡B (2a − 2b + c , −2a + 3b − c , a − 2b + c)


 2a − 2b + c  h
 
i
E · −2a + 3b − c = 4a − 5b + 2c , logo
 
a − 2b + c
 

(4a − 5b + 2c)

h ◦ g (a, b, c) ≡B00
⇔ h ◦ g (a, b, c) = (4a − 5b + 2c) · 1


= 4a − 5b + 2c

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Ano: 1o Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

Relação entre duas matrizes de uma aplicação linear

Seja uma aplicação linear f : V −→ V 0 , entre os espaços vetoriais reais V e V 0 , de dimensões


n ∈ N e m ∈ N, respetivamente. Sejam A = M f ; B1 , B1 0 e C = M f ; B2 , B2 0 , onde B1 e B2 são bases
 
arbitrárias de V, e B0 1 e B0 2 são bases arbitrárias de V 0 . Sejam P = (ι ; B2 , B1 ) e Q = (ι ; B0 1 , B0 2 ). Então,

C = Q · A · P ⇔ A = Q−1 · C · P−1 .

f
VO / V0
A=M( f ; B1 ,B1 0 )

P=M(ι ; B2 ,B2 0 ) Q=M(ι ; B1 0 ,B2 0 )

C=M( f ; B2 ,B2 0 ) 
V / V0
f

Definição 8 (Matrizes equivalentes). Sejam A e C matrizes reais do tipo m × n, m, n ∈ N. Diz-se que A


é equivalente a C, e representa-se por A ∼ C, se existem matrizes invertı́veis P, de ordem n, e Q, de ordem m,
tais que C = Q · A · P.

Teorema 13. Sejam A e C matrizes de dimensões m × n, m, n ∈ N. Então, A ∼ C se, e somente se, existe uma
aplicação linear f : V −→ V 0 , entre os espaços vetoriais V e V 0 , de dimensões n e m, respetivamente, e existem
bases B1 e B2 de V, e B0 1 e B0 2 de V 0 , tais que A = M f ; B1 , B1 0 e C = M f ; B2 , B2 0 .
 

Seja V um espaço vetorial de dimensão n ∈ N, e seja f : V −→ V um endomorfismo de V. Sejam B1


e B2 bases de V, e sejam A = M f ; B1 , B1 , C = M f ; B2 , B2 , P = (ι ; B2 , B1 ) e Q = P−1 = M (ι ; B1 , B2 ).
 
Então,
C = Q · A · P ⇔ C = P−1 · A · P .

f
VO /V
A=M( f ; B1 ,B1 )

P=M(ι ; B2 ,B1 ) Q=M(ι ; B1 ,B2 )=P−1

C=M( f ; B2 ,B2 ) 
V /V
f

Definição 9 (Matrizes semelhantes). Sejam A e C matrizes quadradas reais de ordem n ∈ N. Diz-se que A
é semelhante a C, e representa-se por A ≈ C, se existe uma matriz invertı́vel P, tal que C = P−1 · A · P.

Teorema 14. Sejam A e C matrizes quadradas reais de ordem n ∈ N. Então, A ≈ C se, e somente se, existe
um endomorfismo f : V −→ V, onde V é um espaço vetorial real de dimensão n, e existem bases B1 e B2 de V,
tais que A = M f ; B1 , B1 e C = M f ; B2 , B2 .
 

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Ano: 1o Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

" #
−1 1 1
Exemplo 13. 1. Indicar uma matriz C equivalente a matriz A = .
1 0 2

2. Dar exemplo de duas matrizes quadradas reais de ordem 3, A e C, que são semelhantes.

Resolução:

1. Como A é uma matriz 3 × 2, então ela pode definir uma aplicação linear f : R3 −→ R2 , em
relação às bases canónicas

B = {(1, 0, 0) , (0, 1, 0) , (0, 0, 1)} e B0 = {(1, 0) , (0, 1)}

de R3 e de R2 , respetivamente.
(a, b, c) ≡B (a, b, c), ∀ (a, b, c) ∈ R3 .
 
a "
−a + b + c
#
A · b =
 
a + 2c
c
 

Sendo assim,
f ((a, b, c)) ≡B0 (−a + b + c , a + 2c)
⇔ f ((a, b, c)) = (−a + b + c) · (1, 0) + (a + 2c) · (0, 1)
= (−a + b + c , a + 2c)

Considera-se outras bases

B1 = {(1, 0, 1) , (0, 1, 0) , (0, 0, 1)} e B0 1 = {(1, 1) , (0, 1)} ,

de R3 e R2 , respetivamente.

f ((1, 0, 1)) = (0, 3) ≡B0 1 (0, 3)


f ((0, 1, 0)) = (1, 0) ≡B0 1 (1, −1)
f ((0, 0, 1)) = (1, 2) ≡B0 1 (1, 1) .

Então, a matriz pedida é " #


0 1 1
C= .
3 −1 1

Nota-se que A = Q · C · P, onde:


 
 1 0 0 " #
1 0
P = M (ι ; B, B1 ) =  0 1 0 Q = (ι ; B 1 , B ) =
0 0
 
e
1 1
−1 0 1
 

são matrizes quadradas reais regulares, de ordem 3 e 2, respetivamente.


 
1 0 0
2. Seja A = 0 1 0 uma matriz quadrada real de ordem 3.
 
1 1 1
 

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Ano: 1o Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

A matriz A pode ser considerada a matriz de um endomorfismo de um espaço tridimensional,


em relação à uma base arbitrária. Por exemplo,

A = M f ; Bc , Bc ,


n o
onde f é um endomorfismo de P2 e Bc = x2 , x , 1 .
Então, ax2 + bx + c ≡Bc (a, b, c), ∀ ax2 + bx + c ∈ P2 .
   
a  a 
A · b =  b
   
   .
a+b+c

c
  
 
f ax2 + bx + c ≡Bc (a, b, a + b + c)
 
⇔ f ax2 + bx + c = ax2 + bx + a + b + c .

n o
Seja B1 = x2 + 1 , x − 1 , −x + 2 uma base de P2 . Então,
 
f x2 + 1 = x2 + 2 ≡B1 (1, 1, 1)
f (x − 1) = x ≡B1 (0, 2, 1)
f (−x + 2) = −x + 1 ≡B1 (0, −1, 0) .

Sendo assim, a matriz B, solicitada, é


 
1 0 0 
B = 1 2 −1 .
 
1 1 0
 

Nota-se que A = Q · B · P, onde


   
1 0 0   1 0 0
Q = M (ι ; B1 , Bc ) = 0 1 −1 P = M (ι ; Bc , B1 ) = −1 2 1 ,
   
e
1 −1 2 −1 1 1
   

com Q = P−1 , ou seja,


A = P−1 · B · P ⇔ B = P · A · P−1 .

Exercı́cios

1. Diga, justificando, se cada uma das aplicações que se seguem é ou não linear:

(a) f : R2 −→ R2 , definida por f (x, y) = xy , x + y ;


 

(b) g : R3 −→ P1 , definida por g ((a, b, c)) = (a + c)x − a + b + 2c.

2. Considere a aplicação linear f : R3 −→ P3 tal que:

f ((1, 0, 0)) = x3 + 2x, f ((0, 1, 0)) = x2 − 2x e f ((0, 0, 1)) = x3 + x2 .

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Ano: 1o Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

(a) Determine f ((a, b, c)), para todo (a, b, c) ∈ R3 .


(b) Determine o núcleo e a imagem de f .
(c) Determine c f + n f .
D E
(d) Determine f −1 x3 − 1 , x3 + x − 1 .
n o
(e) Determine f −1 x3 − 1 , x3 + x − 1 .
(f) Determine f (h(1, −1, 1) , (0, −2, 1)i).
3. Considere a aplicação linear f : R3 −→ P2 , definida por
f ((a, b, c)) = (2a + c)x2 + (a + b)x + c .
(a) Verifique que f é um isomorfismo.
 
(b) Determine f −1 ax2 + bx + c , para todo a, b, c ∈ R.
(c) Indique uma base B de R3 e uma base B0 de P2 . Determine uma matriz quadrada real
C = M f ; B, B0 . Determine uma matriz quadrada real A, equivalente a C.


4. Considere a aplicação linear g : R3 −→ P1 , definida por


f ((a, b, c)) = (a + c)x − a + 2b − c .
(a) Determine f −1 (x − 1).
(b) A partir do resultado da alı́nea anterior, diga se f é ou não um monomorfismo, e determine
cf .
(c) Determine f (F), onde F = h(1, 1, 0) , (−1, 0, 1)i.
(d) Determine f −1 (F0 ), onde F0 = hx − 1i.
5. Seja uma aplicação linear f : R3 −→ P1 , tal que
#"
−1 1 0
A = M f ; B, B = 0
,
−1 1 −2
onde B = {(1, −1, 1) , (0, 2, −1) , (1, −1, 2)} e B0 = {x + 1 , x − 1}.
(a) Determine f ((a, b, c)), para todo (a, b, c) ∈ R3 .
(b) Determine a matriz C = M f ; B1 , B1 0 , onde B1 é a basa canónica de R3 e B1 0 = {x , −x + 1}.


(c) Determine as matrizes invertı́veis Q, de ordem 2, e P, de ordem 3, tais que C = Q · A · P.


 
 1 1 −1
6. Determine uma matriz semelhante à matriz A =  1 0 −2.
 
−1 1 3
 

7. Seja a aplicação linear g : P2 −→ R3 , tal que


 
−1 −1 1
A = M g ; B, B0 =  1

0 0 ,
 
−1 −2 1
 
n o
onde B = x2 , x − 1 , −x2 + 1 e B0 = {(1, 0, 1) , (−1, 1, −1) , (1, −1, 2)}.
(a) Justifique que g é um isomorfismo.
(b) Determine g−1 ((a, b, c)), para todo (a, b, c) ∈ R3 .
(c) Seja h : R3 −→ P1 ,tal que h ((a, b, c)) = (a + b − c)x − a + 2c, para todo a, b, c ∈ R. Determine
h ◦ g ax2 + bx + c , a, b, c ∈ R.


(d) Determine a matriz D = M h ◦ g ; B, B00 , onde B00 = {x , 1}.




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Ano: 1o Ano Álgebra Linear e Geometria Analı́tica I 1o Semestre

Referências

[1] NICHOLSON, W. K. (2006). Álgebra Linear. McGraw-Hill, 2a ed., São Paulo.

[2] MONTEIRO, A.; PINTO, G.; MARQUES C. (1997). Álgebra Linear e Geometria Analı́tica – Problemas
e Exercı́cios. McGraw-Hill de Portugal Lda., Lisboa.

[3] MONTEIRO, A. (2001). Álgebra Linear e Geometria Analı́tica. McGraw-Hill de Portugal Lda.,
Lisboa.

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