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Relacionamento

Quando a relação adoece

e-book
Para quem está em um relacionamento
abusivo é muito difícil enxergar com
exatidão o quanto essa relação está
fazendo mal. Você pode ter amigos ou
familiares que estão passando por isso e,
por mais que você fale, eles não percebem
e até evitam ter contato para não ouvir o
que você tem a dizer, porque dói.
Nós queremos te ajudar a abrir os olhos
da pessoa que você ama e que está nessa
situação. Dê esse e-book de presente para
ela e conte conosco como aliados para
ajudá-la a enxergar o que está passando
e o quanto tudo isso é ruim e devastador
para sua vida.
Esse e-book pode ter as palavras que ela
tanto precisa ler para entender toda a
confusão de emoções que está sentindo.
Conte com a gente.
Copyright© Relacionamento Abusivo - Quando a relação adoece, 2019.

Material para uso pessoal. Proibida a reprodução total ou parcial desta


obra, por qualquer forma ou meio eletrônico ou mecânico, sem a autorização
explícita da autora, exceto em citações breves com indicação da fonte.
(Lei n 9.610 de 19.02.1998).
Todos os direitos reservados.

Revisão: Mentora, Organizadora


Mariana Kohlrausch e Escritora:
mariana_kol6@hotmail.com Psicóloga Nielma de B. Leal.
Projeto gráfico e edição: CRP: 06/138464
Adriane Mascotti Relacionamento Abusivo -
adrianemascotti@gmail.com Quando a relação adoece.

Escritores:
BARROS, Ana. Capítulo 1: O que é o abuso psicológico na relação?, Capítulo 2: Como
identificar que você está vivendo um relacionamento abusivo?, 2019.
Cardoso, Polyana Antunes. Capítulo 13: Por que alguém que está
em uma relação abusiva se sente sem forças?, 2019.
Chartone, Valéria Valente. Capítulo 3: Um relacionamento nunca começa
sendo abusivo, pelo contrário, 2019.
Leal, Nielma. Capítulo 10: Por mais que você tente, por que nunca
está bom o suficiente para seu(a) parceiro(a)?, 2019.
Ligeiro, Cris. Capítulo 4: Nem todo relacionamento abusivo tem agressão
física, mas faz tão mal quanto!, 2019.
Limeira, Ignez. Capítulo 14: Como sair de uma relação abusiva?, 2019.
Macedo, Rose Mayre. Capítulo 5: Características e comportamentos
de um abusador ou dominador, 2019.
Pereira, Luís Cesar. Capítulo 9: Seu(sua) parceiro(a) diz que tudo o que você fala está errado? 2019.
Pinheiro, Jully Ana Leal. Capítulo 6: Ciúmes: Quando o seu convívio
com outras pessoas é um problema para o parceiro(a), 2019.
Santana, Cristina L. S. Capítulo 7: Isolamento: Como essa característica
funciona em uma relação abusiva?, 2019.
Souza, Leticia F. de Brito. Capítulo 12: Será que eu sou o(a) abusador(a) da relação?, 2019.
Sznycer, Thaymã Cavon Antunes. Capítulo 8: Humor velado: Quando as
“brincadeiras” do seu(sua) parceiro(a) machucam, 2019.
Mascotti, Thais de Souza. Capítulo 11: Autoestima e relacionamentos
sem direitos: qual é a relação?, 2019.

Responsável:
Psicóloga Nielma de B. Leal
nielmaleal@gmail.com
ÍNDICE
Capítulo 1: O que é o abuso psicológico na relação?
Ana Barros
8
Capítulo 2: Como identificar que você está vivendo um
relacionamento abusivo?
Ana Barros
13
17
Capítulo 3: Um relacionamento nunca começa sendo
abusivo, pelo contrário
Valéria Valente Chartone
Capítulo 4: Nem todo relacionamento abusivo tem agressão
física, mas faz tão mal quanto!
Cris Ligeiro
20
25
Capítulo 5: Características e comportamentos
de um abusador ou dominador
Rose Mayre Macedo

29
Capítulo 6: Ciúmes: Quando o seu convívio com outras
pessoas é um problema para o parceiro(a)
Jully Ana Leal Pinheiro

33
Capítulo 7: Isolamento: Como essa característica funciona
em uma relação abusiva?
Cristina L. S. Santana

Capítulo 8: Humor velado: “Quando as brincadeiras” do


seu(sua) parceiro(a) machucam
Thaymã Cavon Antunes Sznycer

38
ÍNDICE

42
Capítulo 9: Seu(sua) parceiro(a) diz que tudo o que
você fala está errado?
Luís Cesar Pereira

47
Capítulo 10: Por mais que você tente, por que nunca
está bom o suficiente para seu(a) parceiro(a)?
Nielma Leal

Capítulo 11: Autoestima e relacionamentos


sem direitos: qual é a relação?
Thais de Souza Mascotti
51
Capítulo 12: Será que eu sou o(a) abusador(a) da relação?
Leticia F. de Brito Souza
56
60
Capítulo 13: Por que alguém que está em uma relação
abusiva se sente sem forças?
Polyana Antunes Cardoso

Capítulo 14: Como sair de uma relação abusiva?


Ignez Limeira
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INTRODUÇÃO
Caro leitor,
Sei que você pode estar começando a leitura desse e-book
meio desconfiado(a) e com algumas ideias já formadas, do tipo:
“Relacionamento abusivo é quando há agressão física”, “Ciúme é
normal, todo mundo tem!”, “Meu parceiro(a) só faz certas coisas
para proteger a nossa relação”.

Mas cá entre nós, além dessas afirmações, você se sente


cansado(a)? Culpado(a)? Sentindo que nunca consegue atingir
as expectativas do parceiro(a)? Percebe que ele(a) sutilmente vai
apontando os defeitos das pessoas que você gosta e acaba direta
ou indiretamente te afastando delas? Que por mais que você se
sinta feliz, ao mesmo tempo, se sente mal de um jeito tão profundo
e confuso, que é difícil explicar?

Então, querido le i tor(a), você está no lugar certo.

Mas não se sinta pressionado, só queremos que você olhe para


o que vem acontecendo com uma visão de quem está de fora e
assim você possa chegar às suas conclusões.
Sabe, existem relacionamentos em que o parceiro(a) faz comentários
desagradáveis sobre o corpo, ou o jeito do outro e depois fala: “É
brincadeira”, “Você não tem humor”, “Você leva as coisas muito
a sério”. Quem escuta esse tipo de argumento pode até começar

6
a acreditar que o parceiro(a) tem razão, que está exagerando e
levando as coisas muito a sério, mas por dentro esses comentários
vão criando um machucado muito mais profundo e doloroso do
que qualquer ferida feita na pele. Vão destruindo a pessoa aos
poucos, de um jeito tão devastador, tão profundo e sutil ao mesmo
tempo, que é difícil se defender.

Existem relacionamentos em que a pessoa é colocada como um


objeto, que é da posse do outro e que por esse motivo deve dar
todo tipo de satisfação, como: o que está fazendo, com quem,
que horas e porque. Vai perdendo a posse dela mesma e muitas
vezes se sente culpada por estar fazendo algo que gosta, mas que
desagrada o seu parceiro(a).

Tudo isso são sent imentos mui to confusos,


dolorosos e dif íce is de l idar.

Gostaria que você respirasse fundo, pois aqui você está entre amigos
e nós só queremos te ajudar, sem julgamentos, pois sabemos o
quanto uma relação dessas confunde e faz você agir de forma que
jamais imaginaria ser capaz.

Queremos te ajudar nesse momento tão difícil, então, vem com a


gente e vamos entender o que é um relacionamento que te destrói
aos poucos.
Estamos te estendendo a mão. Segure e venha com a gente para
um lugar seguro.

Psicóloga Nielma de B. Leal – CRP 06/138464


(Mentora e Organizadora do e-book)

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Capítulo 1
O que é o abuso psicológico na relação?

sem pensar
Su a est up ide z Conte ao menos até três
Roberto Carlos
Se precisar conte outra vez

Meu bem, meu bem Mas pense outra vez

Você tem que acreditar em mim Meu bem, meu bem, meu bem

Ninguém pode destruir assim Eu te amo

Um grande amor Meu bem, meu bem

Não dê ouvidos à maldade alheia Sua incompreensão já é demais

E creia Nunca vi alguém tão incapaz

Sua estupidez não lhe deixa ver De compreender

Que eu te amo Que o meu amor é bem maior que

Meu bem, meu bem tudo

Use a inteligência uma vez só Que existe

Quantos idiotas vivem só Mas sua estupidez não lhe deixa ver

Sem ter amor Que eu te amo

E você vai ficar também sozinha Conte ao menos até três

E eu sei porque Se precisar conte outra vez

Sua estupidez não lhe deixa ver Pense outra vez

Que eu te amo Meu bem, meu bem, meu bem

Quantas vezes eu tentei falar Eu te amo

Que no mundo não há mais lugar Eu te amo

Pra quem toma decisões na vida Eu te amo

8
Existe algo curioso sobre o tema do abuso psicológico: ainda
observa-se resistência em assumir que esse tipo de violência
existe. Atualmente, fala-se mais sobre o assunto e por ser uma
discussão recente, há quem sugira ser uma classificação “inventada”
pela sociedade contemporânea. No consultório é comum ouvir
colocações do tipo: “Os relacionamentos sempre foram assim!”,
“Meu pai agia assim com a minha mãe e viveram juntos até o final
da vida”.

O fato é que suscitar o diálogo sobre esse tipo de abuso/violência


psicológica traz luz a sofrimentos antigos, que por séculos se
mantiveram velados. Muitas pessoas já sofreram pela normalização
da dor, tendo que suportar sem questionar, se convencendo de
que “relacionamento é assim mesmo”, “Ele bom para mim, ele nem
me bate!”.
Então, me responde uma coisa: se esse
rel acionamento é bom para você e se é amor, por
que você sente essa angúst ia aí no pe i to?

Essa confusão na cabeça? Por que duvida de si? Por que não
consegue nomear o que gosta? Por que não lembra mais dos seus
objetivos de vida? Por que sente medo de falar com as pessoas ou
de se posicionar com uma opinião? Por que sente tanta tristeza?
Por que esse isolamento? Por que não acredita mais que pode
fazer algo só, sem essa pessoa? Por que não se imagina vivendo
sem ela?

A violência psicológica acontece em todos os tipos


de relacionamentos abusivos, seja na família, entre
amigos, no trabalho e com o parceiro amoroso.

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Em geral, começa silenciosa e é gradual, o que a torna difícil de
detectar, pois tal comportamento pode ser dissimulado como
cuidado (“quem ama cuida!”), ciúme/insegurança (“não te deixo
sair com eles, pois te amo muito e não quero te perder”) e até
amor (“só te controlo porque te amo!”).

Interessante como essas interpretações equivocadas do amor e de


como deve ser um relacionamento validam os comportamentos
abusivos no contexto social. Um bom exemplo dessa legitimação
são algumas músicas que por vezes se tornam o hit do casal como se
fossem românticas. Contudo, um olhar atento identifica facilmente
em seu conteúdo a violência psicológica.

Veja a música interpretada pelo rei Roberto Carlos, “Sua estupidez”,


citada no início do capítulo. Imagino quantas vezes foi romantizada
pelos casais apaixonados. Porém, gostaria de analisá-la mais
criticamente. Logo no começo do texto o personagem principal,
possivelmente masculino, pede para a mulher não acreditar no
que os outros falam a respeito dele; quer que ela confie em sua

10
palavra e desconsidere o que os outros - maldosos - estão falando
“Meu bem, meu bem/ Você tem que acreditar em mim / Ninguém
pode destruir assim / Um grande amor / Não dê ouvidos à maldade
alheia /E creia”. Muito comum no abuso psicológico, esse tipo de
comportamento de negação e desvalidação faz com que a vítima
passe a duvidar de todos ao redor e coloque o abusador como único
referencial de verdade, tornando-a dependente dele e isolando-a
das pessoas próximas, como amigos e família.

Outra postura é fazer com que o abusado passe a duvidar da sua


própria capacidade de análise crítica, questionando seus senti-
mentos, inteligência e instintos, como é possível observar na con-
tinuação da letra - “Sua estupidez não te deixa ver, que eu te amo”.
Aqui cabe a análise da palavra “estupidez” que é considerada falta
de inteligência, sendo o oposto de falta de conhecimento, poden-
do se referir ao uso inadequado do juízo por uma pessoa que se
julga inteligente. Ou seja, ele quer dizer que ela não é inteligen-
te e, em seguida, pede para que ela use a inteligência uma única
vez e, assim, concorde com ele. Ela só será considerada inteligente
quando concordar com o que ele deseja que ela faça, caso contrá-
rio, ele a ameaça de que ficará sozinha, sem ele e, possivelmente,
sem ninguém - “Use a inteligência uma vez só/ Quantos idiotas
vivem só/ Sem ter amor/ E você vai ficar também sozinha /E eu sei
porque/Sua estupidez não lhe deixa ver /Que eu te amo”.

Há um termo muito utilizado para exemplificar a violência


psicológica, Gasligth ou Gaslighting, originado de uma peça
estadunidense que posteriormente se tornou um filme de mesmo

11
nome. A expressão Gaslighting é utilizada desde 1960 para
descrever a manipulação do sentido de realidade de alguém, sendo
uma ardilosa forma de abuso psicológico na qual informações são
distorcidas ou seletivamente omitidas no intuito de favorecer o
abusador e com intenção de fazer com que a vítima duvide de sua
própria memória, percepção e sanidade.

Em geral, o abusador tem um perfil narcisista, controlador e


possessivo, e sua fala está direcionada a culpabilizar o outro
por suas inseguranças, dores e frustrações.

Por ser uma violência silenciosa, deixa marcas profundas, uma


vez que as imposições vão surgindo de maneira sutil. Porém, as
consequências vão se acumulando, resultando em sofrimento
emocional e psicológico, dependência emocional, diminuição
da autoestima, coação, humilhação, imposições, jogos de poder,
desvalorização, xingamentos, gritos, desprezo, desrespeito, enfim,
todas as ações que caracterizem transgressão dos valores morais.

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Capítulo 2
Como identificar que você está vivendo
um relacionamento abusivo?

“Alguns amores são tão doloridos


Que se curar do amor
É melhor do que amar.”
Ana Suy

1 • Crí t ica
Geralmente aponta o que pensa serem suas falhas para mostrar que
é melhor que você. Ataca suas vulnerabilidades, como sua forma
de falar, nível educacional, social, inteligência, relações familiares,
crenças religiosas e culturais ou aparência física.

2 • Ignora seus dese jos, só se importando com os dele(a)


Não se importa com suas opiniões, desejos, projetos pessoais
ou profissionais. Tende a ignorar seus sentimentos, por vezes até
critica dizendo que você é “muito sensível” e se mostra incapaz de
reconhecer sua dor. Diz que você exagera nas reações e que cria
caso sem motivo.

3 • Tudo de errado que acontece é por sua culpa


Faz você sentir culpa por tudo de ruim que acontece, mesmo quando
você não tem controle sobre as condições, inclusive quando ele(a)
te trata mal.

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4 • Trata você com sarcasmo
Toda vez que você compartilha boas notícias, responde com
sarcasmo, tirando sarro, desmerecendo suas conquistas e sem se
importar se os comentários te magoam.

5 • Não respe i ta l imi tes


Força você a fazer coisas humilhantes, nunca respeita seus limites,
nem faz o que você pede, sempre é o desejo dele(a) que prevalece,
sejam gostos pessoais, atividade sexual, escolhas profissionais e etc.

6 • O afeto é condicional
Usa de indiferença quando você o(a) desagrada. Como forma de
punição, não demonstra afeto com a intenção de que você sofra.

7 • Tem o controle da sua vida


Interfere com o que você gasta seu próprio dinheiro, suas roupas,
com quem fala, com quem tem amizades, aonde vai, que horas
chega, seu tempo no celular. Tenta definir todos os aspectos da
sua vida chegando ao ponto de executá-los para você.

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8 • Compara você
Você se vê sendo comparada(o) com a(o) ex, seus amigos ou
qualquer um que conheça, apenas para envergonhá-la(o). Trabalha
para diminuir sua autoestima, dessa forma ele(a) pode se sentir
melhor sobre si mesmo.

9 • Isol a você
Isolar você da família e dos amigos é uma estratégia, uma vez que
é mais fácil manipular alguém fragilizado e que não está cercado
pelas pessoas que ama.

10 • É dele(a) a últ ima pal avra


Sempre afirmando estar certo, é alguém que gosta de vencer
em uma discussão, porque ele(a) sempre tem a palavra final.
Independente de quem esteja com a razão, ou qual seja a verdade
dos fatos, pois para ele(a) o importante é ganhar sem argumentos,
no grito, na ameaça.

15
Ana Barros
Ana Zélia Damasceno de Barros Batista, Psicólo-
ga (CRP 10/4289), Palestrante e treinadora. Atua
como Psicoterapeuta em consultório particular
em Castanhal/PA, realizando atendimento pre-
sencial de adolescentes e adultos, tendo a Psi-
canálise como abordagem.
Idealizadora do movimento #30pequenasalegrias, um projeto terapêuti-
co que funciona como exercício diário para ajudar direcionar o olhar para
a própria vida e as coisas simples que acontecem.
Ainda apresenta vasto conhecimento na área da Psicologia Organizacio-
nal (empresarial), tendo habilidade na realização de palestras, treinamen-
tos e recrutamento e seleção.
É perita em avaliação psicológica e especialista na área da Psicologia do
Trânsito.

Whatsapp: (91) 9.99607-6723


E-mail: psicologa.anabarros@gmail.com
Instagram: @psicologa_anabarros

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Capítulo 3
Um relacionamento nunca começa
sendo abusivo, pelo contrário

Você já deve ter ouvido pessoas dizerem: “como ela pôde se envolver
com esse rapaz?”, ou “como ele pôde gostar de uma pessoa assim?”.

Pois bem, como qualquer outro relacionamento, o abusivo também


começa com uma troca de olhares, com um convite, um bate-papo
agradável. As pessoas começam a sair juntas, passam a se encontrar,
desenvolvem sentimentos uma pela outra. Na maioria das vezes, o
futuro abusador é muito educado, gentil e faz tudo pela outra pessoa.

Como na música do cantor Roberto Carlos “Esse cara sou eu”:


“O cara que ama você do seu je i to,
Que depois do amor você se de i ta em seu pe i to...”

Aquela pessoa carinhosa, amorosa, muito romântica, que tantas


pessoas esperam encontrar e que de repente encontram. Alguém
que faz tudo pela outra e que se mostra extremamente apaixonado.

Com o passar do tempo, e de uma forma sutil e gradual, o


comportamento dessa pessoa apaixonada, que podemos chamar
de abusador, dá sinais de mudanças. Ainda na música do cantor
Roberto Carlos:

17
“ O cara que pega você pelo braço/
Esbarra em quem for que interrompa seus passos…”

Tem-se aí uma atitude mais possessiva, na qual a pessoa


procura fazer e decidir pela outra. A princípio parece algo muito
romântico, de alguém apaixonado, um gesto protetor, mas que
pode se transformar em um comportamento mais agressivo. Isso
acaba confundindo o(a) parceiro(a), pois essa pessoa parece tão
encantadora. Ele(a) deixa passar a situação, por se encontrar
completamente envolvido(a) e apaixonado(a), passando a justificar
as atitudes do outro, acreditando que foi somente algo passageiro
e que tudo voltará a ser como antes. E então, a pessoa que
sofre o abuso, busca incessantemente a aprovação do abusador,
aguardando que tudo volte a ser como era no início, acreditando
que ela(e) é quem está cometendo erros, por isso está sendo
tratada(o) de uma maneira tão diferente.

E é assim que acontece com um relacionamento abusivo.


Começa de uma maneira muito romântica, sem que a pessoa
sequer imagine que todo esse carinho irá se transformar em
algo tão destrutivo, podemos até dizer, em um pesadelo.

Afinal, o abusador não vai iniciar um relacionamento debochando


do outro, ou fazendo comentários críticos, pois se esses
comportamentos fossem manifestados no começo, seria mais fácil
cortar os laços. É por isso que ele aguarda ter conseguido toda a
atenção do(a) parceiro(a), todo envolvimento necessário, para que
comece a mostrar outro lado nunca antes imaginado.

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Valéria Valente Chartone
Psicóloga (CRP 06/57727) formada pela Univer-
sidade Metodista de Piracicaba/UNIMEP, desde
1999. Tem formação na abordagem Psicanalíti-
ca e Especialização em Dependência Química.
Atua na cidade de Sorocaba/SP, com atendi-
mento na modalidade presencial e on-line. Trabalhou por muitos anos em
Clínicas e Comunidades Terapêuticas, com dependentes químicos e seus
familiares, através de palestras, dinâmicas de grupo e atendimentos indi-
viduais. Amante do ser humano, acredita na capacidade e no potencial
que cada um carrega dentro de si, busca acolher e valorizar a individuali-
dade dentro de cada processo.

Celular: (15) 99116-4962


E-mail: valeria.chartone@gmail.com
Facebook: Psicóloga Valéria Valente
Instagram: @valeria.valentepsico
Youtube: Valéria Valente – Liberte-se para a Vida
Blog: valeriavalentechartone.blogspot.com – Liberte-se para a Vida

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Capítulo 4
Nem todo relacionamento abusivo tem
agressão física, mas faz tão mal quanto!

O início do relacionamento sempre é gostoso, mas é difícil manter o


mesmo “frio na barriga” com o passar dos anos e os acontecimentos
do dia a dia.

Ao conhecermos uma pessoa que nos identificamos, não sa-


bemos o que esperar do envolvimento da relação e essa des-
coberta vai acontecendo com a construção do relacionamento,
um dia de cada vez.

Primeiramente, sou imensamente grata por poder participar desse


projeto e trazer a todos os leitores um pouco de conhecimento sobre
relacionamentos abusivos, um assunto que considero delicado e
ao mesmo tempo muito comum nos dias de hoje entre casais, mas
pouco discutido devido a uma visão distorcida do que é abuso
nas relações. Quando falamos a palavra abuso é automático vir
ao nosso pensamento um ato de agressão física, já que as marcas
deixadas por essa violência são visíveis aos outros, mas a agressão
não física pode gerar marcas emocionais que sangram por dentro
mais que cortes visíveis aos olhos.

Neste capítulo vamos conversar sobre as dores invisíveis que o


abuso não físico causa no indivíduo abusado. Antes de iniciar,

20
quero ressaltar que apesar dos estudos comprovados que 95% das
vítimas são mulheres, não vamos especificar um gênero, homem
ou mulher, e sim indivíduo como cito acima, considerando dois
seres humanos capazes de desenvolver uma postura abusiva no
relacionamento amoroso.

Construímos relacionamentos na visão do amor romântico, um amor


que aprendemos com base na cultura que estamos inseridos, nas
nossas crenças, na referência que temos do relacionamento dos
nossos pais e avós. Essa visão muitas vezes nos impede de perce-
ber que estamos vivendo um relacionamento abusivo, pois somos
tendenciosos a justificar o abuso não físico por pensamentos refe-
rentes ao comportamento do abusador como: “é imaturidade, falta
de experiência de vida, insegurança, baixa autoestima…”. Contudo,
as justificativas são eficientes para permanecermos em uma relação
destrutiva acreditando que uma hora as coisas vão se acertar.

Mas, então, o que é um abuso não físico? São as ameaças e coação,


intimidação, abuso emocional, isolamento, abuso econômico,
depreciações de sua pessoa e controle excessivo.

Essa violência que não deixa hematomas, cicatrizes ou marcas

21
profundas na pele, é manifestada por meio de gestos, censuras,
olhares e atitudes que nada lembram a tradicional e brutal
violência física. É uma ameaça invisível e implacável, imperceptível
até mesmo para as vítimas que estão submetidas a algum tipo de
abuso emocional e psicológico.

A chacota, o deboche, a desqualificação, o desrespeito, a humilhação


e o isolamento são configurações da violência não física. Cito
abaixo alguns exemplos de frases comuns que talvez você possa
se identificar ou conheça alguém que vivenciou isso.

“Vou me matar se você me de ixar”, “Vou sequestrar as crianças se


você for em bora”, “Vendo a casa e você f ica na rua da amargura”,
“Está vendo essa faca? El a pode te machucar se não me obedecer”.

Ações como chutar móveis na casa, maltratar animais de estimação


para atingir o outro, desfazer de objetos queridos da pessoa sem
autorização, proibir contato com amigos e familiares, controle
do dinheiro e da vida financeira do outro com autoritarismo,
são atitudes que não causam feridas, mas provocam marcas tão
profundas que levam anos para cicatrizar.

Quem convive com um parceiro agressivo, que vive criticando,


insultando e menosprezando, conhece bem essa dor. No entanto,
muitas vezes a pessoa está tão acostumada a esse tratamento que
não se dá conta de que está sofrendo um abuso que precisa ser
enfrentado com coragem e determinação.

A violência verbal começa com afirmações como: “Você está gorda(o)”,


“Você nunca entende nada”, “Não pedi sua opinião”, “Você só fala

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besteira”. Esses são exemplos de utilização das palavras como ar-
mas e que são bastante ouvidas pelas vítimas de abuso.

Atenção!!! Se você se relaciona com alguém que costuma fazer


comentários ofensivos a seu respeito, mas alega que está brincando,
você está com um agressor. Se a pessoa não está disposta a ouvir
seus sentimentos e os trata com inferioridade, não se sensibiliza
com seus pedidos e não prioriza suas dores, você está sendo vítima
de agressão.

A tristeza, o incômodo e o mal-estar nos fazem sentir que há algo


errado, e assim achamos que a culpa é nossa. O primeiro passo
para se libertar dessa situação é se conscientizar de que você não
merece esse tipo de tratamento e nem levar essas falas tóxicas
para sua vida.

Finalizo esse capítulo com uma reflexão: reconheça sua potenciali-


dade como ser único e livre, para amar e ser amado com liberdade,
dignidade, respeito e cumplicidade.

23
Cris L ige iro
Cristiane Ligeiro é psicóloga clínica (CRP
06/124539), palestrante e pós-graduanda
em Psicologia da saúde/ Hospitalar pela
Famerp- Faculdade de Medicina de São
José do Rio Preto. Atua na abordagem
Fenômeno Existencial e Psicologia Positiva
com atendimento presencial para adolescentes e adultos, na cidade
de Catanduva, interior de São Paulo. Apaixonada por pessoas,
acredita que o ser humano está em constante transformação e com o
desenvolvimento pode encontrar sua melhor versão e modo de ser
no mundo.

Celular: (17) 99632-6727


E-mail : psicologacrisligeiro@gmail.com
Facebook:@psicologacristianeligeiro
Instagram: @crisligeiropsi
Capítulo 5
comportamentos de um
abusador ou dominador

Os números de casos de violência nos relacionamentos amorosos


têm se destacado cada vez mais na mídia. São apresentados casos
de ciúmes doentios, brigas intermináveis e em casos extremos,
mas não raros, a violência física e psicológica.

O relacionamento abusivo apresenta diversos sinais, mas os


mais comuns são a manipulação, a necessidade de controle e o
ciúme excessivo. No entanto, a romantização dos relacionamentos
abusivos é comum nas músicas populares brasileiras. Vale a pena
analisar trechos de uma música que mostra o comportamento de
um abusador(a) ou dominador(a) em um relacionamento amoroso.
Trata-se da canção de Henrique & Diego, Ciumento Eu, que atribui
o ciúme patológico como “excesso de cuidado”.

“Tem uma câmera no canto do Ninguém entende o meu


seu quarto descontrole
Um gravador de som dentro do Eu sou assim não é de hoje
carro É tudo por amor
E não me leve a mal E tá pra nascer
Se eu destravar seu celular com Alguém mais cuidadoso e
sua digital apaixonado do que eu”
Eu não sei dividir o doce

25
O rel acionamento com um abusador é mui to
intenso e perturbador. Ex istem forças emocionais
profundas em ação, o que dif iculta a pessoa a
perceber cl aramente o que está acontecendo.

Muitas vezes, quem passa por um abuso se recusa a reconhecer os


padrões abusivos ou, quando os nota, teme graves repercussões
se tentar sair do relacionamento.

Mas é necessário identificar esses padrões o mais cedo possível e


sair do relacionamento com segurança, pois quanto mais tempo a
pessoa permanecer com um abusador, será mais difícil sair e pior
se tornará o abuso.

Sendo assim, é necessária a atenção a alguns sinais apresentados


a seguir. Eles objetivam dar uma luz para você verificar se está (ou
não) se relacionando com uma pessoa abusadora ou dominadora.

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• Insiste em ter controle sobre sua vida, pensamento e
comportamento;
• Sempre faz críticas e encontra um defeito em você;
• Grita, faz ameaças de abandono ou deixar de amá-la(o),
caso não faça o que ele(a) quer;
• Faz agressões ou ameaças de violência física, mas toda
vez diz que não vai mais fazer isso;
• Tem acessos de raiva inesperadamente;
• Faz comentários depreciativos sobre você;
• Nega amor, dinheiro ou sexo como forma de punição;
• Faz você sentir que a culpa por ele(a) ser agressivo(a) ou
ameaçador(a) é sua;
• É ciumento(a) e possessivo(a);
• Exige que você renuncie a coisas que são importantes
para você, a fim de satisfazê-lo(a);
• Humilha você na frente de outras pessoas;
• Não gosta que você fale com outras pessoas, especialmente
sem a presença dele(a);
• Critica constantemente as pessoas importantes em sua
vida, como família e amigos;
• Força você a participar de atos sexuais que não quer.

Um relacionamento amoroso não necessita ter o caos que parece


fazer parte do romance abusivo. Dessa forma, o melhor que você
pode fazer é assumir seu senso de valor próprio, abandonar os
comportamentos negativos seus e do seu parceiro(a) e com isso
viver a expectativa de um relacionamento respeitoso. Afinal, amar
não significa se anular e sofrer.

27
Rose Mayre Macedo
É graduada em Psicologia (CRP/RJ 55888)
pela Universidade UNIJORGE, em Salvador/
BA, e em Direito pela AEUDF, em Brasília/
DF. Perita judicial, mediadora de conflitos,
especialista em psicologia sistêmica indivi-
dual, familiar e casal, especialista em psico-
pedagogia clínica e institucional, terapeuta certificada em EMDR e
Brainspotting, Personal e Professional Coaching, cursando especiali-
zação em Psicologia Jurídica, na PUC/RJ. É também autora da cartilha
O Fim do Silêncio é Libertação – Vamos Dar um Basta na Violência
Contra as Mulheres. Possui vasta experiência em atendimento psico-
terapêutico infantil, adolescente e adulto, presencial e on-line. Com
capacitação em Intervenção em Desastres e Catástrofes Naturais,
atua como voluntária no Programa Rede Solidária da Associação Bra-
sileira de EMDR.

Celular: (21) 98652-1336


E-mail: rosemayremacedo@gmail.com
Site: www.psicologiarosemacedo.com.br
Facebook: Semeare - Psicologia e Coaching de Relacionamento
Instagram: @psicologiarosemacedo
Capítulo 6
Ciúmes: Quando o seu convívio com outras
pessoas é um problema para o parceiro(a)

vou te rastrear
“Não ligue se eu lhe perguntar
Porque quem ama, cuida
Nem vá se estressar se eu quiser
Eu vou cuidar de você
saber
Todo dia, toda hora e a todo o
Com quem, aonde você tá
momento
Que hora vai voltar e o que vai fazer
Você jamais vai duvidar do meu
Não tô pegando no seu pé
sentimento
É que quando a gente quer, a gente
É de dar inveja um amor assim
vai à luta
Eu vou cuidar de você
Mas não desligue o celular, eu vou
Todo dia, toda hora e a todo
te rastrear
momento
Porque quem ama, cuida [...]
Eu sou capaz de ler até seu
[...] Ei, não é ciúme, eu confio em
pensamento
você
Só pra saber se tá pensando em
E vou tá sempre onde você estiver
mim.”
E mesmo estando ausente, eu vou
estar presente Composição: Vanessa Evelyn
Toda hora que você quiser [...]
[...] Mas não desligue o celular, eu

29
Em uma sociedade monogâmica como a nossa, a fidelidade nos
relacionamentos é considerada como essencial por muitos casais.
O medo de que o parceiro(a) se envolva com outra pessoa, seja
sexual ou emocionalmente, está presente em muitas relações.
Considera-se completamente “normal” sentir ciúme e, muitas
vezes, esse comportamento é exaltado e estimulado na sociedade.
Quem nunca ouviu frases como “Quem ama cuida”, “Quem não
sente ciúme não ama de verdade”, “Ciúme é bom para apimentar
a relação”?

Frases como essas perpetuam um estereótipo de que relaciona-


mento bom tem que ter ciúme, se não tem ciúme é porque não
tem amor. Baseado nesse estereótipo, muitos relacionamentos
abusivos seguem despercebidos pela família, amigos e, principal-
mente, pela vítima.

A linha entre ciúme saudável e doentio é tênue, portanto, é


preciso prestar atenção em alguns sinais, muitas vezes sutis, para
identificar se você está sendo alvo de um ciúme doentio. Para
isso, primeiramente é necessário se libertar desse estereótipo
de relacionamento onde o ciúme é prova de amor, só assim será
possível olhar para a sua relação e fazer uma análise coerente dos
comportamentos que possam ser abusivos.

Feito isso, observe a sua vida em geral. Como você está no âmbito
pessoal, social, ocupacional e familiar? Seu parceiro(a) tem
influenciado de alguma forma nesses campos a ponto de diminuir
seu desempenho nessas áreas? Caso tenha dúvidas sobre como
avaliar isso, reflita sobre as seguintes perguntas:

30
Você deixou de ver algum amigo ou familiar para não desagradar
seu parceiro(a)?
Deixou de ir àquela confraternização do trabalho porque seu
companheiro(a) não poderia ir e ele(a) não gosta da ideia de você
ir sozinha(o)? Ou ainda por não querer que você mantenha contato
com alguém que estará lá?
Você não consegue executar bem o seu trabalho por que seu
companheiro(a) vive mandando mensagens ou telefonando
enquanto você trabalha? Isso te atrapalha muito, mas você responde
para não aborrecê-lo(a)?
Quando você não o responde ele(a) liga insistentemente até
você atender?
Quando você atende exige explicações de forma agressiva,
insinua que você estava com alguém, fica com ciúme?
Ele(a) já exigiu/sugeriu que você se afastasse de alguém? Proi-
biu você de manter contato com alguém? Excluiu/bloqueou al-
guém de suas redes sociais?
Seu parceiro(a) quer controlar seus passos, suas amizades, suas
curtidas/conversas nas redes sociais, suas ligações telefônicas?
Exige ver seu celular constantemente?
Você já teve que mentir sobre onde iria ou com quem iria por-
que sabia que se falasse a verdade ele(a) não permitiria?
Seu companheiro(a) fiscaliza até suas movimentações finan-
ceiras, sua fatura do cartão, questiona onde foi feita determinada
compra, com quem você estava e por quê?

31
Se a resposta para a maioria dessas perguntas foi positiva, é sinal que
seu companheiro(a) está tentando controlar você. Muitas pessoas
passam por isso sem perceber devido à romantização do ciúme.
Fique atenta(o) aos sinais. Não é fácil sair de um relacionamento
abusivo, mas não é impossível. Se necessário, procure ajuda
profissional e mantenha-se perto de pessoas especiais para você.

Jully Ana Le al Pinhe iro


Psicóloga (CRP 10/05301), Pedagoga,
Neuropsicopedagoga, pós-graduanda em
Avaliação Psicológica, professora da rede
pública municipal de ensino em Belém e
Ananindeua, militante de políticas públicas
e palestrante em temáticas de educação,
comportamento, igualdade de gênero e direitos das mulheres,
crianças e adolescentes.

Celular: (91) 98032-4627


E-mail: juhleal7@gmail.com
Capítulo 7
Isolamento: Como essa característica
funciona em uma relação abusiva?

Gloria é uma linda morena, de cachos definidos, olhos brilhantes e


um sorriso encantador. Optou por cursar veterinária devido ao seu
grande amor pelos animais, mas pelo curso ser integral, sofre com
muita saudade da família, pois todos têm um ótimo relacionamento.
Ela é a filha do meio de 3 irmãos, seus pais estão casados a mais
de 40 anos e são uma inspiração para familiares e amigos pela
parceria e cumplicidade. Na faculdade conheceu Luciano, estudante
de Medicina, alto, de marcantes olhos azuis. Descobriram tantas
afinidades e após cinco meses de se conhecerem começaram a
namorar.

Durante as férias um conheceu a família do outro, Luciano deu


boas gargalhadas com os irmãos da moça, além de muito elogiar
o tempero da mãe. Quando conversavam sobre o futuro, nenhum
dos pontos que ela apresentou como importantes para sua vida
foram questionados por ele. E assim se passaram 4 anos de
namoro e eles começaram a planejar o casamento, momento no
qual começaram algumas reclamações do jovem contra a família
dela. Eram palavras e comentários que menosprezavam a profissão
dos irmãos, incômodo com a quantidade de bebida ingerida pelo
pai, críticas sobre os cardápios apresentados pela mãe e, ao ser

33
confrontado, ele argumentava que só falava para o bem de todos,
afinal eles poderiam progredir.

Muitas críticas fez o noivo em todos os imóveis próximos à família


dela. Apesar de triste, ela lembrou que os sogros também agem
assim, como se nada que os outros gostem estivesse bom, só a
própria opinião importava. Os pais a questionaram se não tinha
medo dos comportamentos piorarem com o tempo, mas mesmo
diante de tudo ela tinha certeza de seu amor por ele. Compraram a
casa que ele gostou e na data programada o casamento aconteceu.
Receberam a visita de amigos ou parentes, mas quando esses
iam embora, haviam críticas ou julgamentos. Ela manifestava sua
tristeza por essas ações do marido e ele dizia que não falava nada
mais que a verdade, que a culpa não é dele por operário não ser
uma profissão desejável e que ele não valorizava, por acreditar que
todos deveriam buscar crescimento profissional. Meses depois,

34
quando ela voltou de uma visita aos pais, ele reclamou que ela
estava abandonando a casa. Não satisfeito com tudo o que dizia a
ela, em um almoço de domingo na casa dos sogros ele apresentou
todas as suas considerações aos presentes na mesa e acabou
criando uma discussão gigantesca, foram embora mais cedo e
ele ficou meses sem ir lá. Ele sugere que eles possam viajar mais
aos finais de semana e, quando não o fazem, convidam amigos
para almoçar. Em uma dessas ocasiões ele constrange a esposa
reclamando do seu tempero na frente de todos, dizendo que a
mulher não foi ensinada a cozinhar porque a família queria que
ela estudasse e os tirasse “do buraco”. Envergonhada, ela vai para
o banheiro chorar.

E a frequência dessas situações se multiplica, mas sempre que ela


tenta conversar com o marido fica ainda pior, se sentindo culpada. A
partir disso ela decide diminuir as visitas aos pais e outros parentes
para que não percebam sua tristeza. Conversando com as amigas,
fica confusa, pois elas sempre a encorajam a deixá-lo, mas Gloria
sempre sonhou em ter um casamento longo como o dos pais. Ator-
doada com o proceder, ela se esforça para o casamento dar certo.

35
Reflet indo:
O abuso é uma relação de poder na qual encontramos um
dominante e um dominado. Na maioria dos casos ele se inicia
leve e sútil, possivelmente também surgem desconfianças
disfarçadas de “proteção”, como aplicativo de rastreamento e
livre acesso a senhas das redes sociais. O dominante afirma que
as ofensas são brincadeiras e faz até comentários nos quais
coloca em dúvida o caráter ou a inteligência do dominado.
As ações que promovem o isolamento têm por objetivo
deixar a pessoa sem rede de apoio, gerando sentimento
de impotência ou a fantasia de extinção do sofrimento, se
tornando dependente.

Nesse relato o abusador expressava carinho pela família dela,


mas o tempo passou e a máscara caiu, transbordando despre-
zo. As amigas, por estarem de fora da situação, percebem a
dinâmica presente, porém ela se apega aos pontos positivos
do marido e ao seu desejo de longevidade conjugal, sem per-
ceber o quanto isso a enfraquece, rebaixando sua autoestima.

Para que tudo isso se resolva, o primeiro passo é identificar


que há um abuso, mas muitas pessoas estão acostumadas a
acreditar que ele está presente apenas na agressão física.

36
Crist ina L. S. Santana
Psicóloga (CRP: 06/105076), Palestrante,
Escritora e Supervisora Clínica. Atua na ca-
pital de São Paulo, criando ações direciona-
das às mulheres com sofrimento em seus
relacionamentos amorosos e autoconheci-
mento. Seus atendimentos são realizados
presencialmente e on-line para o público adulto e infantil, além da
avaliação psicológica para cirurgia bariátrica. Idealizadora do Espaço
Semeando de Saúde Física e Mental, onde são ministrados cursos
de capacitação e palestras gratuitas a fim de fomentar informação
e, especialmente, aproximar a psicologia da população. Coautora do
livro A Arte De Ser Mulher. Voluntária da campanha Janeiro Branco
desenvolvendo ações de promoção da saúde mental na Zona Sul de
São Paulo.

Contato: (11) 96450-5911


E-mail: psicologacrissantana@gmail.com
Facebook: cristinasantana.psicologa
Instagram: @contruindoboasrelacoes
Capítulo 8
Humor velado: Quando as “brincadeiras”
do seu(sua) parceiro(a) machucam

Sabe-se que família é a primeira sociedade na qual somos


inseridos e a que pode causar maior influência em nossas vidas.
É a esfera de aprendizagem, crescimento, experiência, êxitos e
fracassos, assim como de cura e de doença. Os modelos de relações
familiares presenciados principalmente durante a infância podem
ser aprendidos como exemplos, servindo como uma espécie de
molde para relacionamentos futuros. Contextos familiares têm
direta influência no estabelecimento de vínculos e formas de agir
e se relacionar na vida adulta, tanto no papel de vítima quanto
no papel de agressor. Tendemos a reproduzir os modelos que já
conhecemos. Mesmo que não sejam saudáveis, são formatos que
nos são familiarizados, habituados, o que os torna mais suscetíveis
à repetição.

Comumente, observa-se entre casais a existência de atitudes


agressivas e abusos psicológicos de forma velada em sua forma
de se relacionar, sob a alegação de que se tratam apenas de
“brincadeiras”. Essas “brincadeiras” perversas caracterizam
violência psicológica. São ações que causam ou visam causar danos
diretos à autoestima, identidade ou desenvolvimento da pessoa.

38
Nestas ações, incluem-se: ameaças, chantagens, discriminações,
humilhações, críticas, ofensas, constantemente gritar, menosprezar,
enganar, privar da liberdade, estabelecer confinamento doméstico,
expor publicamente, etc. Dentre as modalidades de violência e
agressão, é a mais subjetiva e difícil de ser identificada. Em contexto
familiar, filhos registram a forma como o pai e a mãe tratam um ao
outro, a forma como cada um trata a si mesmo e a forma como
tratam outras pessoas. Frases como “sua mãe não sabe fazer nada
direito!” são alguns dos exemplos mais simples de agressão velada.

As violências verbais mascaradas como brincadeiras causam


impacto direto na autoestima e no autoconceito de quem as
sofre. Mesmo que implícitos e subjetivos, os danos são severos.
Frases como:

“você não sabe fazer porque é mulher! T inha que ser


mulher!”, “Você precisa fazer um regime, he in?”, T inha
que ser loira!” e “Você é burra(o)!”

São alguns dos exemplos e estão diretamente relacionados à


cultura do país, onde estes tipos de agressões são normalizadas
e mascaradas como se fossem brincadeiras. São seguidas de

39
risos depois de pronunciadas, mas ferem a autoestima de quem
as ouve. Entretanto, todos estão suscetíveis a serem vítimas de
violência psicológica, independentemente de gênero, orientação
sexual ou idade. Existem relatos até mesmo de ameaças como
“você tá reclamando desse roxinho?! Para de ser dramática!” e
“se você fizer tal coisa, eu te mato!” acompanhadas de risadas!
Como alguém pode ameaçar a minha integridade física ao nível
mais extremo e rir ao mesmo tempo? São atitudes incongruentes,
passivo-agressivas, o que favorece a sua difícil identificação como
violência por parte da vítima.

Presenciar ou vivenciar diretamente essas atitudes ocasiona


medo, tristeza, raiva, ansiedade, revolta e leva a pessoa a se sentir
desvalorizada, humilhada, fraca, impotente, injustiçada e até
mesmo culpada. Em casos mais extremos, quando essas situações
se agravam e continuam durante muito tempo, o suicídio também
é um risco.

Elza Soares, consagrada cantora e compositora brasileira, foi


vítima de violência doméstica das mais diversas formas em sua
relação com Garrincha. Mesmo com tantos anos de agressão,
reconhece que tentava protegê-lo, disse que “Garrincha era o
médico e o monstro” e o considera como “amor da minha vida”.
A música intitulada “Na Pele”, na qual Elza faz participação, relata
a experiência de uma vítima de violência doméstica através de
sua perspectiva. Como relatado durante os capítulos, a violência
silenciosa e invisível deixa marcas tão profundas quanto as físicas.
A frase mais notável da canção se mostra através de: “se essas são
marcas externas, imagine as de dentro”.

40
Thaymã Cavon Antunes Sznycer
Psicóloga (CRP 08/27038). Segue linhas de
pesquisa focadas nos seguintes temas: gê-
nero, combate à violência, famílias e violên-
cia contra as mulheres.
Atua como colaboradora no Projeto “Viva
em Paz”, realizado pelo Centro Judiciário de
Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) da comarca de União da
Vitória/PR. O projeto visa desenvolver ações de prevenção à violên-
cia doméstica, proporcionando de forma gratuita um espaço de aco-
lhimento e de trabalho psicoterápico coletivo contínuo a indivíduos
que são acusados da prática de violência doméstica.

Celular: (42) 99822-7185


Email: thaymacas@yahoo.com
Instagram: @thaymaa
Capítulo 9
(sua) parceiro(a) diz que tudo o
que você fala está errado?

Fazendo uma viagem nostálgica a meados dos anos de 1990, nos


deparamos com um hit da época chamado “Lôraburra”, do cantor
Gabriel, o Pensador. A música tinha o intuito de fazer uma crítica à
mulher sem opinião, porém observo aqui o exemplo mais claro da
condenação de um parceiro ao outro. Vamos lá, a letra conta com
a seguinte linha:

“Existem mulheres que são uma beleza, mas quando abrem a boca,
humm, que tristeza! O problema é o que elas falam que não dá pra
aguentar. Nada na cabeça, personalidade fraca. Produzidas com
roupinhas da estação, que viram no anúncio da televisão”.

Depois vem o refrão “Lôraburra”, exprimindo que a mulher é burra


ou estúpida apenas pelo fato de não comungar com os valores do
intérprete da obra. E aí? Gostou da música? Uma pérola da MPB?
Bem, isto cabe a você decidir.

Trazendo isso para nosso dia a dia, vemos situações onde uma
das partes em um relacionamento julga a outra se baseando em
valores e, notando divergências, desvaloriza e condena através da
crítica, velada ou não, ou usa de qualquer ferramenta que faça com
que seu par se sinta mal e errado em pensar e dizer algo diferente.

42
Para exemplificar, vamos tomar o casal Duda e Sam. Duda trabalha
em uma multinacional e tem como plano de vida atingir altas
patentes hierárquicas na carreira. Sam também trabalha, mas não
aspira grandes cargos na companhia, já que sua realização pessoal
está no contato constante com a família, com seu lazer e com a
natureza. Adora trabalhos manuais como crochê e quebra-cabeças.

Em uma discussão, Duda acusa Sam de não ter ambição. Fala que
tudo o que Sam faz na vida é bobagem e que deveria se inteirar mais
nos tempos modernos. “Onde já se viu fazer crochê? Parece uma
pessoa do século passado!”, acusou Duda em determinado ponto.

Na visão de Duda, Sam não tem garra na vida. Deixou-se acomodar


com o tempo. Tudo o que Sam fala em sua defesa é prontamente
atacado por Duda através de uma argumentação sagaz. Duda diz
que tudo o que Sam fala está errado e só despeja críticas por Sam
ser como é.

Como fica a autoestima de Sam? Em frangalhos, certamente. E a de


Duda? Vitoriosa, visto que provou mais uma vez que seus pontos

43
de vista estão corretos. Óbvio que apenas em sua visão deturpada.
Contudo, Duda não percebe que, ao criticar o outro e dizer que ele
está errado, está, na verdade, julgando os valores do mesmo.

Em uma relação, cada um possui uma coleção própria de valores


e gostos. Duda tem como valor pessoal status e dinheiro. Já
Sam possui outra gama de valores, como estar em família e em
comunhão com a natureza.

Quem está certo? Ora, os dois! Quando um respeita os valores do


outro, não há espaço para este tipo de acusação. Há sim uma intera-
ção entre eles. Portanto, quando há conflitos de valores, a situação
não pode ser resolvida em um embate para ver quem é o vencedor.
Já quanto a gostos, a história é diferente. Gostos não são valores.
É muito mais fácil haver uma discussão por conta de divergências
de gostos, porém, com respeito mútuo, o conflito poderá ser
facilmente resolvido e não haverá o sentimento de menos valia
por parte de nenhum deles.

Imagine que Duda ame comida italiana e Sam odeie. O casal terá que
achar um meio termo caso Duda queira ir a uma cantina. Concessões
terão de ser feitas de ambas as partes para um bom convívio.

Porém, no caso de valores, que são arraigados em nós mesmos,


não há barganha. Eles não devem ser julgados e apontados pelo
outro como erráticos. Nenhuma justificativa que acompanhe a
acusação, como “digo isto para seu bem”, “só falo porque te amo”,
ou mesmo “falo isso para que você se torne uma pessoa melhor”
tem base sólida para se sustentar, pois se apoia apenas na palavra
do acusador, que se considera dotado da “verdade absoluta”.

44
Salvo exceções, com risco real, como situações geradas por drogas,
crises ou surtos psiquiátricos ou onde haja legítima falta de
discernimento, não há qualquer motivo para que um faça com que
o outro se cale de si mesmo.

Portanto, ao perceber a crítica do outro, veja se há divergências


apenas em um gosto ou se são valores de vida. Perceba também
que, assim como ele(a), você também tem todo o direito a seus
próprios gostos e valores. E nada do que você pense ou diga pode,
em geral, estar errado. Afinal, somos provas inequívocas de que o
universo nos permitiu viver dentro de nós mesmos, cada um à sua
maneira!

45
Luís Cesar Pere ira
Terapeuta Transpessoal e Autor pela Editora
Vida & Consciência. Oferece serviço de
atendimento terapêutico on-line. Através
de sua própria história de vida, entendeu
que tudo é funcional e que é possível
mudar crenças e padrões de forma rápida e
eficiente, usando técnicas e ferramentas da Gestalt Terapia, Soma
Terapia, Análise de Sonhos pela interpretação Junguiana, entre
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Capítulo 10
Por mais que você tente, por que nunca está
bom o suficiente para seu(a) parceiro(a)?

Querido leitor(a), eu posso não te conhecer pessoalmente, mas se


você se identificou com o título desse capítulo, eu acredito que te
conheço um pouquinho. Eu diria que você é uma pessoa empática,
que se coloca no lugar do outro, que tenta sempre manter a harmonia
nos lugares que frequenta, busca fazer com que as pessoas que
estão ao seu redor se sintam bem. Acertei?

Quando uma pessoa tem essas característ icas el a escuta o


que o parce iro(a) tem a dizer, o que ele(a) acredi ta que você
deveria melhorar ou mudar para que a rel ação se ja cada ve z
melhor e os confl i tos diminuam cada ve z mais.

Aposto que você já ouviu com atenção os apontamentos de melhoria


que seu parceiro(a) disse, que você os levou em consideração e
buscou colocá-los em prática, seja: mandar mensagem com mais
frequência, dizer onde está e com quem está, se não ele(a) ficaria
preocupado ou enciumado, buscou não fazer certas atividades com
certas pessoas para evitar conflitos, talvez até tenha tomado mais
cuidado com a sua aparência física já que você estava chamando

47
muita atenção ou estava sendo muito descuidada(o) nesse aspecto.
Ok, tudo foi ouvido, colocado em prática e o que você esperava?
Menos brigas, mais elogios e mais tranquilidade nessa relação. E
o que você recebeu? Mais coisas para melhorar, mais coisas que
você ainda não é boa(bom) o suficiente, as mudanças que você já
tinha colocado em prática não são percebidas e nem levadas em
consideração, ou elas também acabam sendo criticadas de uma
maneira diferente, mas sempre são criticadas.

Quanto mais você muda para se adequar ao seu(a) parceiro(a), mais


coisas ele(a) diz que você tem que mudar e você se pergunta:

“Quando isso vai parar? Até quando terei que me adequar? Parece
que nunca consigo atingir as expectativas que ele(a) tem!”

E isso dói, machuca, já que você está se esforçando tanto para


que as coisas deem certo. Contudo, parece que elas nunca dão e
a sensação é de que a culpa disso estar acontecendo é sua, já que
você não consegue melhorar o suficiente para que seu parceiro(a)
fique feliz.

Querido leitor(a), eu tenho algo muito importante para te dizer nesse


momento: a culpa não é sua. Em um relacionamento abusivo,
o abusador sempre vai aumentar os parâmetros que ele deseja
que a(o) parceira(o) alcance, assim, quando ela(e) atingir o que era
esperado, o abusador vai e aumenta a aposta, nunca deixando você
ganhar esse jogo. Fazendo isso, ele se mantém confiante, como se
fosse melhor que você e você fosse uma pessoa ruim, que tem
muita coisa para melhorar para ser boa(bom) o suficiente para ele.

48
Repito: isso é um jogo e o único ganhador é o abusador. Você não
tem chances, porque ele sempre vai subir a aposta, ele é quem
faz as regras. Esses parâmetros que o abusador coloca para você
atingir são as expectativas dele, isso não significa que é a melhor
escolha para você.

Perceba, quando você fica tentando alcançar aquilo que ele quer,
acaba se distanciando aos poucos de quem você é de verdade.
Pense comigo, quem você era antes dessa relação?

O que gostava de fazer?


Onde gostava de ir?
Como costumava agir?
Quais eram as pessoas que ficavam à sua volta e que te faziam bem?
Com que frequência você costumava sorrir?
E como você está agora?
Qual dessas duas versões de você é a sua favorita? A de antes
ou a de agora?

Busque entrar em contato com quem você é de verdade. Haja,


sinta, se comporte e faça aquilo que te faz bem! Só assim você vai
se sentir mais dona(o) de você, mais confiante e mais feliz.

Não entre no jogo do abusador, lembre-se: os objetivos que ele


coloca sempre vão subir. Se você buscar seguir esse caminho,
nunca vai alcançar as expectativas dele e, consequentemente, vai
se afastar de quem você é de verdade.

Busque sua essência e, quando encontrá-la, aceite, abrace e respei-

49
te! Ande de mãos dadas e lute por ela. Enquanto vocês estiverem
juntas, ninguém mais poderá dizer quem você deve ou não ser.

“Voltei e dessa vez eu vou Porque eu sou dona da


por cima minha vida”
Sou eu dona da minha vida Música:
Eu mereço ter o que tirou de mim Dona da Minha Vida - Rouge
Vou encontrar a saída

Nielma de B. Le al
Psicóloga (CRP 06/138464) e Palestrante.
Formada na Terapia Cognitivo Comporta-
mental. Oferece serviço de atendimento
psicológico on-line. É idealizadora do Proje-
to Permita-se, que tem como objetivo apro-
ximar a psicologia das pessoas de um jeito
leve, agradável e de fácil compreensão a partir das redes sociais. Pa-
lestrante e treinadora há muitos anos, ama passar conhecimento e
inspiração para as pessoas a partir de um conteúdo de qualidade,
proporcionando um novo olhar aos participantes.

Celular: (11) 97076-4664


E-mail: nielmaleal@gmail.com
Site: www.nielmaleal.com.br
Facebook: nielmalealpermitase
Instagram: @nielmalealpermitase
Youtube: Nielma Leal - Permita-se
Capítulo 11
Autoestima e relacionamentos sem
direitos: qual é a relação?

Ao longo dos capítulos anteriores, foram expostas diversas situações


que podem abalar (e muito!) a autoestima de quem está em um
relacionamento abusivo. Mas antes de entender como autoestima
e relacionamentos sem direitos se relacionam, é importante falar
um pouco sobre o que é esse sentimento.

A autoestima é, em resumo, um sentimento de valor e respeito que


percebemos e atribuímos a nós mesmos e está relacionada à forma
como nos observamos e julgamos. Ao contrário do que algumas
pessoas imaginam, a autoestima é desenvolvida ao longo de toda
a nossa vida, a partir de nossas relações familiares e interações
com nosso contexto social. Isto é, de acordo com as relações que
estabelecemos com as pessoas a nossa volta e as situações pelas

51
quais passamos, vamos nos diferenciando uns dos outros, criando
uma referência individual de nós mesmos, que pode ser tanto
positiva como negativa. E no decorrer de nossas experiências, esse
sentimento vai se modificando.

Quando, por exemplo, temos uma rede de apoio forte e essas


pessoas que são importantes na nossa vida nos valorizam e
expressam reconhecimento, amor e o quão importante somos,
seja por meio de atenção, carinho, gesto ou palavra afetuosa, esse
tipo de relação aumenta nossa autoestima. Aprendemos a nos
amar e que é bom ser amado, mas que não precisamos ser amados
por ninguém em particular, senão se tornaria uma dependência.
Quando, por outro lado, não temos uma rede de apoio ou toda
vez que fazemos algo as pessoas que são importantes na nossa
vida nos repreendem, criticam, desprezam, se afastam ou não
conversam conosco, isso diminui o sentimento de autoestima.

O desenvolvimento deste sentimento, portanto, é muito importante


na medida em que, quando diminuído, pode ser um fator de
vulnerabilidade para o desenvolvimento de diversos transtornos
ou ainda o envolvimento em relacionamentos abusivos e sem
direitos. É claro, não são todas as pessoas com baixa autoestima
que vão se envolver neste tipo de relacionamento, assim como
pessoas com autoestima elevada não estão imunes a isso.

Af inal, não escolhemos nos rel acionar com alguém abusivo.

52
Todavia, o sentimento de autoestima elevada pode estar associado
a outros sentimentos que podem servir como fatores de proteção,
como a autoconfiança. Assim, quando uma pessoa tem uma maior
rede de apoio e sentimentos mais elevados de autoconfiança e
autoestima, tem mais propensão a abandonar um relacionamento
abusivo do que uma pessoa que esteja com estes sentimentos
fragilizados. Ao sentir-se insegura ou inferior, a pessoa pode evitar
se expor a novas experiências, exatamente o que poderia ajudá-la a
desenvolver novas habilidades e elevar o sentimento de autoestima.

Nesse sentido, fica mais fácil perceber que quando nos


relacionamos com pessoas que reconhecem nossas conquistas
e nos valorizam enquanto pessoas, nossa autoestima fica mais
elevada, ao contrário de relações nas quais o outro nos despreza,
humilha e nos deprecia, o que acontece com frequência em
relacionamentos em que há um abusador.

Viver neste tipo de relacionamento pode fazer você começar a se


sentir impotente e insegura(o) sobre o que acreditava ser verdade
sobre si mesma(o) antes da relação. Você pode acabar achando
que está ficando “louca(o)”, “instável” ou que está perdendo a
sanidade mental, quando na verdade isto faz parte do jogo do
abusador de fazer manipulações psicológicas, de forma que você
acredite que tem “sorte” de ter alguém como ele para “amá-la(o)”.
Isto o coloca em uma posição de poder e controle, enquanto você
se sente cada vez mais impotente, desamparada(o), insegura(o) e,
consequentemente, com menos chances de deixá-lo.

53
“Por sua causa, eu acho difícil confiar. Não só
em mim mesma, mas em todos a minha volta”
(Because of you, Kelly Clarkson)

Então, se você identifica com algum ponto deste capítulo, fique de


olho e leia este e-book até o final para saber onde e como buscar
ajuda. Recuperar a autoestima é um processo com altos e baixos,
por isso é preciso ser gentil consigo mesma(o) para se perdoar e
se permitir seguir nessa redescoberta de quem você é, dos seus
pontos fortes e também dos seus limites. Anotar conquistas e
realizações que você já alcançou, qualidades suas que você gosta,
permitir-se vivenciar novas coisas que sejam de seu interesse e
redescobrir hobbies e atividades prazerosas, são exercícios que
podem te auxiliar nessa caminhada.

Com carinho, Thais Mascotti.

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Thais de Souza Mascot t i
Psicóloga (CRP 07/137999), Mestranda em
Psicologia do Desenvolvimento e Aprendi-
zagem (UNESP) e pesquisadora no Labora-
tório de Aprendizagem, Desenvolvimento
e Saúde (LADS), parte integrante do Institu-
to Nacional de Ciência e Tecnologia sobre
Comportamento, Cognição e Ensino (INCT-ECCE). Idealizadora do
Projeto Psicologia Conecta, que compartilha conteúdos gratuitos em
psicologia. Seu trabalho visa proporcionar um espaço seguro de di-
álogo e condições para o desenvolvimento pessoal e profissional de
jovens e adultos. Você pode encontrar mais conteúdos gratuitos da
autora ou entrar em contato com a mesma em:

Site: www.thaismascotti.com.br
E-mail: thaismascotti@gmail.com
Instagram:@psicologathaismascotti
Capítulo 12
Será que eu sou o(a) abusador(a) da relação?

Pensando na temática deste capítulo, te faço a seguinte pergunta:

será que em seu rel acionamento atual, você é o abusador?

Faço essa pergunta pelo motivo que muitas vezes o abusador não
percebe que determinados comportamentos podem estar restrin-
gindo a liberdade de seu parceiro(a) e levando o seu relaciona-
mento para o declínio.

Você pode estar pensando que só está cuidando do que é SEU,


sem se dar conta do que está ocorrendo, fazendo com que seu(a)
parceiro(a) passe a exercer as suas vontades e não mais as dele(a).
O abusador possui o hábito de tratar o parceiro(a) como se fosse
seu objeto de posse, o que consequentemente gera o desejo de

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fazer com esse objeto o que bem entender, manipulando-o de uma
forma que todas as suas vontades sejam realizadas, em todos os
momentos que considerar necessário.

Alguns exemplos que posso lhe dizer são: escolher o tipo de roupa
que a pessoa deve usar, decidir quem irá fazer parte do ciclo de
amigos, desconfiança em excesso, querer que as coisas aconteçam
somente do seu jeito, entre outros.

A segurança é uma das características que compõe a personalidade


do abusador, ele sempre se mostra uma pessoa segura de si mesma,
empoderada, não deixando dúvidas sobre suas opiniões. Quando
não consegue o que almeja, fica facilmente irritado, iniciando assim
os abusos em suas diversas formas, sejam elas verbais, físicas e afins.

Deve ser lembrado que para o abusador conseguir se sentir seguro


é necessário que seu parceiro(a) também o deixe seguro, reforçando
para ele sua autoridade. Uma das maneiras de estar seguro é rebaixar
o outro, fazendo com que esse se sinta inferiorizado em várias
situações. Por exemplo, depender financeiramente, se sentir incapaz,

57
se sentir culpado(a) pela situação atual do seu relacionamento,
preferir não questionar para não causar brigas e afins.

Deve-se levar em conta que para um relacionamento ser saudável


ambos devem se sentir à vontade para expor seus sentimentos e
desejos um para o outro. Busquem sempre um equilíbrio em ambas
as partes para que consigam levar o relacionamento em frente,
superando suas dificuldades e preservando o sentimento de terem
ao seu lado um parceiro para andar junto e não o sentimento de
estar em um relacionamento que não faz bem, sem saber como
lidar com as situações que surgirem.

Então, lendo todas essas informações, você se identifica como


abusador(a)? Se a sua resposta for sim, que tal tirar um momento
para refletir sobre suas atitudes e identificar o que te leva a ter
determinados comportamentos? Isso pode estar prejudicando a
sua relação?

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Sugiro que reflita sobre essas questões para que consiga encontrar
respostas e, a partir daí, mudar os seus comportamentos no
relacionamento, fazendo dele uma relação de companheirismo
e parceria, reforçando o que há de bom entre ambas as partes,
procurando alternativas quando houver dificuldades e não apenas
vivendo na busca da perfeição no seu companheiro(a). Porque
ninguém é perfeito, nem o outro e nem você!

Se quiser ajuda para entender porque age de maneira abusiva


na sua relação e para mudar a forma como se relaciona, deixando
assim de abusar do seu companheiro(a), você sempre pode
pedir ajuda profissional. A psicoterapia pode te ajudar nesse
processo. Aprenda a ter relações saudáveis para você mesmo e
para seu parceiro(a).

Let icia F. de Bri to Souza


Psicóloga (CRP 06/143584) e Palestrante.
Formada na Terapia Cognitivo Comporta-
mental. Oferece serviço de atendimento
psicológico on-line.

Celular: (19) 98186-6697


E-mail: leeticia-brito@hotmail.com
Capítulo 13
Por que alguém que está em uma relação
abusiva se sente sem forças?

“Ai, meu Deus, que saudade da Amélia


Aquilo sim é que era mulher
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade.” (Mário Lago)

Flávia, 31 anos, casada, do lar, mãe de dois filhos. Aos 25 anos de


idade Flávia conheceu Roberto. Uma pessoa carinhosa, atenciosa
e que era tudo o que ela esperava de um relacionamento sadio. Se
casaram depois de 1 ano de namoro e tiveram dois filhos, até que ele
começou a se mostrar outra pessoa. Roberto foi se transformando
e apresentando atitudes de um parceiro abusivo. Faz Flávia sentir
ciúmes, ofende constantemente, ameaça, proíbe de sair de casa
sozinha, controla suas roupas, é explosivo, sai todo fim de semana e
só volta de madrugada. Flávia está em uma situação frágil, o próprio
marido faz com que ela se sinta ridicularizada, sem vaidade, triste,
magoada, sem forças de levantar de sua própria cama, cuidar dos
filhos, procurar um emprego e se divertir.

A história contada acima é um exemplo específico e fictício de


um relacionamento abusivo. No início, tudo parece perfeito, mas

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nem sempre sabemos que estamos vivendo um relacionamento
sufocante, sendo vítimas de uma união agressiva psicologicamente,
deixando a mente paralisada diante dessa situação, sem forças
para aceitar e reconhecer que os abusos são ofensivos.

Existem pessoas que têm dificuldade em compreender e aceitar


que estão fazendo parte de um relacionamento abusivo, por se
sentirem culpadas e provocadoras do abuso. Seja por medo da
reação do parceiro(a), por acreditar na mudança do companheiro(a)
ou por estar envolvido(a) há muito tempo em um relacionamento
violento acreditando ser um relacionamento normal. Muitas vezes
também por pensar que está só e que não terá apoio, por causa
dos filhos ou até mesmo o próprio abusador, que tenta convencer
a parceira(o) que somente ele importa. Atitudes assim não são
provas de amor e a pessoa que te inferioriza e humilha não está te
fazendo bem.

Agressões com palavras e atitudes também fazem parte de um


relacionamento abusivo e são tão doloridas e significativas quanto
as agressões físicas. O parceiro(a) abusador tem como característica
presente em seu comportamento a possessividade e o ciúme
exagerado, usando isso para comandar e impedir que o outro não
saia da relação, não se importando com as escolhas, sentimentos e
a concepção do outro.

Sair de um relacionamento abusivo e reestruturar a vida é preciso.


Mesmo sem forças é primordial procurar ajuda e se afastar do
abusador. Nessas horas é importante estar perto das pessoas
que amam você. Inicie um acompanhamento psicológico, pois o

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profissional te ajudará a cuidar de sua mente e emoções, buscará
entender seus sentimentos diante do relacionamento e as
consequências que isso causou. Esse momento ruim deixará de
existir e a terapia pode evitar que outro relacionamento abusivo
faça parte da sua vida.

“Mas é preciso ter força Maria, Maria


É preciso ter raça Mistura de dor e alegria.”
É preciso ter gana sempre (Milton Nascimento e
Quem traz no corpo a Fernando Brant)
marca

Polyana Antunes Cardoso


É Psicóloga Clínica CRP (04/40543), realiza
atendimentos presenciais na cidade de Bom
Despacho/MG seguindo a abordagem Cog-
nitiva Comportamental. É credenciada pelo
DETRAN para realização de Avaliação Psico-
lógica aos candidatos para obtenção e reno-
vação da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) na Clínica Médica
e Psicológica Mateus Ltda. Possui especialização em Psicologia do
Trânsito pela Universidade Cândido Mendes-UCAM/RJ e desenvolve
projetos voltados a Psicologia do Trânsito.

Celular: (37) 99146-6408


E-mail: polyana_antunes@yahoo.com
Facebook: Polyana Antunes
Instagram: @polyanaantunes
Capítulo 14
Como sair de uma relação abusiva?

Até agora vimos várias situações que nos mostram quando estamos
em um relacionamento abusivo. O pior é que muitas vezes nem
percebemos ou damos a devida importância. Achamos que é assim
mesmo, “normal”. Só que não... Vejo em meu consultório muitas
mulheres feridas por palavras mentirosas e atitudes maldosas
daquelas que, supostamente, deveriam ser as pessoas que mais
as valorizam. Isso é muito triste! Mas não é o fim do mundo,
definitivamente! Podemos e devemos reagir a isso.

Para sairmos de uma situação desse tipo, em primeiro lugar, devemos


reconhecer que estamos nela e o quanto aquilo nos faz mal, pois se
não tivermos a ousadia de, ao menos, olhar as coisas como são, sem
disfarces, não há como escapar. Uma vez que reconhecemos que
estamos em uma relação abusiva, precisamos reunir coragem e força
para pedir ajuda, de preferência, a um profissional especializado –
um Psicólogo, pois não é fácil sair sozinha.

Em função de tudo o que já foi comentado em capítulos anteriores,


nos sentimos frágeis, temos dúvida se o erro não está em nós e
tendemos a fraquejar na primeira dificuldade em nossa caminhada
de libertação do cativeiro. Caso não seja possível ter a ajuda de

63
um Psicólogo, busque um familiar íntimo ou amigo próximo, com
quem você possa conversar abertamente e que possa apoiar você
no que precisará ser feito.

Devemos nos esforçar para manter próximas nossas relações de


amizade, pessoais, profissionais e de família, para que o outro
não se torne a única pessoa crucial de nossas vidas - poderosa,
absoluta e imprescindível. Esses amigos e familiares perceberão
atitudes impróprias e, certamente, ajudarão a nos posicionarmos
de maneira correta. Inclusive, após um rompimento, muitas vezes o
abusador faz inúmeras promessas de mudança, pois quer retomar
a relação – coisas que ele nunca fez durante o relacionamento e
que não tem condições de fazer, a não ser que se engaje em uma
terapia por um bom tempo. Nesses momentos, a ajuda dos amigos,
familiares e terapeuta é fundamental para abrir os olhos sobre a
dura realidade.

Algo mui to importante para trabalharmos em


nós mesmos é a autoest ima.

Pare e pense em todas as batalhas que você já venceu, em todas


as conquistas que teve, nas pessoas que você ama e a quem você
faz muito bem, em todos os pequenos milagres que acontecem ao
seu redor, fazendo você mais feliz, todos os dias. É crucial que você
consiga refletir sobre todas as coisas boas que lhe aconteceram e
que foram os pilares da sua vida, fazendo você chegar onde está
hoje. Desta forma, vai começar a perceber o quanto é valioso para
si, para algumas pessoas e para o mundo que lhe cerca. Dentro de

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nós há muitos recursos pessoais, dos quais precisamos lançar mão
ao longo da vida para superar diversos obstáculos. Basta que os
tiremos de dentro do baú! Eles estão lá, dentro de nós.

Tendo isso em mente, fica mais fácil não aceitar comentários que nos
depreciam e nos humilham, nos fazendo sentir pessoas sem valor.
Quando esses comentários vierem novamente, conseguiremos
rejeitá-los e começaremos a ver, no outro, o quanto aquilo que
ele está nos falando é relacionado aos problemas dele, e não aos
nossos. Precisamos estar atentos aos mecanismos de manipulação
psicológica, que tanto nos acorrentam a uma situação de eternas
vítimas perdedoras e não mais nos rendermos a eles.

Quando ouvirmos “brincadeiras” que nos machucam, devemos


chamar a pessoa que fez aquilo e deixar claro que isso é inaceitável.
Mesmo que essa pessoa diga que não foi nada demais, que “é assim
mesmo”, devemos reafirmar nossa posição e colocar nossos limites.
Algumas pessoas têm um estilo mais ardiloso e diplomático de se
comportar ao dizerem “verdades”, o que pode confundir, muitas
vezes. Primeiro nos elogiam e, de repente, falam várias coisas
inadequadas e desrespeitosas sobre nós. É como se procurassem

65
criar um álibi antes, para atacar depois. É crucial que possamos
prestar atenção a isso e denunciar esse comportamento de forma
transparente.

Precisamos ter claro em nossa mente quem é o abusador da relação


e o porquê dessa definição. Assim, poderemos exigir nossos direitos
de maneira firme e segura, sem culpas. Contudo, sabemos que não
é fácil mudar um padrão de comportamento que foi se ajustando
ao longo do tempo e criando um falso equilíbrio. Por isso, iniciamos
esse papo falando que seria importante alguma ajuda externa, pois
é extremamente difícil sair de uma relação como essa sozinho. Uma
última dica: independente de haver reconciliação ou não, perdoe.
Não guarde farpas que irão manter você preso de alguma forma.

Só assim conseguirá seguir em frente, totalmente l ivre!

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Igne z L ime ira
A Psicóloga Ignez Limeira (05/13555) é
Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-Rio
– linha de pesquisa: Casal e Família. O tema
de sua tese foi: Recasamento com o ex-côn-
juge: um processo de reconstrução conjunta
da relação conjugal. É Mestre pela UFF, es-
pecialista em Psicoterapia de Casal e Família pela PUC-Rio e em Tera-
pia Familiar Sistêmica Breve pela Núcleo Pesquisas, sob a supervisão
do Dr. Moisés Groisman; e Coach pela Corporate Coach University.
Atende como psicoterapeuta no Rio de Janeiro, nos bairros da Barra
da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, a indivíduos, casais e famílias,
utilizando as abordagens Sistêmica, EMDR e Brainspotting. Também
atende por Skype e tem inglês fluente, o que viabiliza atendimento a
nativos de língua inglesa.

Celular: (21) 98137-9935


E-mail: ignezrj1@gmail.com
Site: www.psicologaignezlimeira.com.br
Facebook: psicologaignezlimeira
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