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Tales de Mileto (testemunhos)

Ora Tales, conforme afirmam Heródoto e Dúris e Demócrito, era filho de Exâmias e de
Cleobulina, da família de Teleu, que sendo da mais alta nobreza fenícia, fazem remontar a sua
origem a Cadmo e Agernor... e ele [Agenor] foi inscrito como cidadão de Mileto, quando veio
com Nileu, que fora desterrado da Fenícia. Mas a maior parte da gente diz que Tales era um
verdadeiro milésio e de uma família ilustre. (Diógenes Laércio I, 22 (DK11A1))

Precisamente como, Teodoro, se diz que uma ladina e graciosa escrava trácia troçou de Tales
por este ter caído a um poço, enquanto observava os astros e olhava para o céu. Dizia ela que
Tales, ansioso por conhecer as coisas do céu, não se dava conta do que estava atrás dele e
mesmo a seus pés. (Platão Teeteto 174a)

No sexto ano da guerra, que eles [Medos e Lídios] vinham travando entre si com igual fortuna,
deu-se um recontro durante o qual sucedeu que, estando a luta em curso, o dia se fez
subitamente noite. Esta alteração do dia tinha sido predita aos Jónios por Tales de Mileto, que
havia fixado como seu limite o ano em que o fenómeno efectivamente se verificou. (Heródoto I,
74)

Jerónimo afirma que ele [Tales] mediu efectivamente as pirâmides por intermédio da sua
sombra, após ter observado o momento em que a nossa sombra é igual à nossa altura. (Diógenes
Laércio I, 27)

Outros dizem que a terra repousa sobre a água. Com efeito, é esta a versão mais antiga que
recebemos, dada, segundo dizem, por Tales de Mileto, a saber: ela mantém-se no devido lugar
pelo fato de flutuar na como madeiro ou algo de semelhante (pois nenhum destes corpos se
mantém, por natureza, no ar, mas na água) – como o mesmo argumento se não aplicasse tanto à
água que suporta a terra como à própria terra. (Aristóteles Met. B 13, 249 a 28)

Na sua maior parte, os primeiros filósofos pesaram que os princípios, sob a forma de matéria,
foram os únicos princípios de todas as coisas: pois a fonte original de todas as coisas que
existem, aquela a partir da qual uma coisa é primeiro originada e na qual por fim é destruída, a
substância que persiste, mas se modifica nas suas qualidades, essa, afirmam eles, é o elemento e
o primeiro princípio das coisas existentes, e por essa razão consideram que não há geração ou
morte absolutas, com base no fato de uma tal natureza ser sempre preservada... pois deve haver
alguma substância natural, uma ou mais de uma, de que provêm as outras coisas, enquanto ela é
preservada. Contudo, sobre o número e a forma desta espécie nem todos estão de acordo; mas
Tales, o fundador deste tipo de filosofia, diz que a água (e por conseqüência declarou que a terra
está sobre a água), tendo talvez formulado esta suposição por ver que o alimento de todas as
coisas é úmido, e que o próprio calor dele provém e vive graças a ele (aquilo de que provêm é o
princípio de todas as coisas) – formulou a hipótese não só a partir disto, como ainda do fato de
os embriões de todas as coisas terem uma natureza úmida, sendo a água o princípio natural das
coisas úmidas. (Aristóteles Met. A 3, 983 b 6)

Parece que também Tales, a avaliar pelo que se conta, considerava a alma como algo de
cinético, se é que ele disse que a pedra [de Magnésia] possui alma pelo fato de deslocar o ferro.
(Aristóteles De an. A 2, 405 a 19)

Aristóteles e Hípias afirmam que ele partilhou a alma até pelos objetos inanimados, servindo-se
da pedra de Magnésia e do âmbar como indício desse conceito. (Diógines Laércio I, 24)

E alguns afirmam que ela [a alma] está misturada no universo: foi, talvez, por essa razão que
Tales também pensou que tudo está cheio de deuses. (Aristóteles De an. A 5, 411 a)

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