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Rudolf Steiner eM ctotne tn 3 Be lor escort coolest ogra Gs eae TEM erry @liiceake e)agec ero Usa Mal (rats Ol Cie soso Won gtel-tlele we Mieco Waterco lie vaca Vey Io | PEM Mn AN ou teTie Mato lle tor-tscoelgrore UI Ma lo-1 afa 0 exercicio de uma arte médica ampliada. Iniciado em Ch Clem ne eons eee eae ne aac ene Bee ee neeer- Uta america tale teeter Ressesorn eet leet sc uiosuteyTeutare utter) linicos em casos especificos. Indicagoes medicamentosas elutes talc Ve tnigetle ta eroM hu heclotiace Me Ualitie 1c Bese cite ser isso uel ul os ental PANU) MW itau (a: (0] | ARTE DE CURA Segundo os conhecimentos da Ciéncia Es| I 2 a ui ary Miele ary © Ste} RUDOLF STEINER ITA WEGMAN Elementos fundamentais para uma ampliacdo da ARTE DE CURAR Segundo os conhecimentos da Ciéncia Espiritual ‘Tradugio de Sonia Setzer @ = ‘ANTROPOSOFIGA § SBMA et ‘Paulo do original: Grunpurcenoes ran sine Bnverenune pen Hennxunst ‘nach geltesteissonachaflichon Erkenntnissen © 19772 by Rudolf Nachlasevorwaltang, Dornach (usa) (GA27 — ISBN 8.7274-02709-9, Direltos desta edigdo reservados a: Eorrona Antaoposérica Lima. —R. da Fraternidade, 174 (04738-020 Sto Paulo ~ SP — Tol. / Fax (Oxxi) 5687-9714 ‘www antroposotiea.com br — editoraGantropasofiea.com.br Soctspape Brasitiiea ne Mtpicos Anraoroséricos Regina Badra, 576 — 04641-000 Sio Paulo - ‘Tel (Fax (Oxx11) 5687-3630 — sbmadmedicinasntroposotiea.com br ‘ww modicinaantropasafica com br — www.anedicinaantroposofica.med.br Copy.desk eeditorago: Jacira Cardoso ¥ edipfa: 1979 (Reimpressio em 1986) Associagio Beneficente Tobins 2 edigio — 2001 ISBN 85-7122-1324 Sumario Preficio A primeira ediedo do original eo u I, Oconhecimento real do ser humano como fundamento da arte médica 9 II, Por que o homem adoece? nnnennnnnnees 1B III. As manifestagées da vida ssn 22 IV, Da esséneia do organismo senciente .onvnnnnsnnnn 26 V. Planta, animal, homen .. : 30 VI. Sanguee nervo.. : : Er VIL. Aesséncia dos efeitos eurativos 37 VIII. Atividades no organismo human Diabetes mellitus. - 40 ss eaalbumintria eerers 44 XO papel das gorduras no organisme humano @ 0s complexos sintomaéticos locais fictfcios... 4a XI. A configuracdo do corpo humano e a gota... 50 XIL Estruturacdo e secrecéo no organismo humano ww... 53 XIIL. Da esséncia do estado patolégico e da cura. 87 XIV, Sobre o modo de pensar terapéutico XV. 0 procedimento terapéutico XVI. reconhecimento de medicamentos XVII. O conhecimento de substancias como base para o reconhecimento de medicamento8 nee 10 XVII Eurritnia curativa c B XIX. Casos patoldgios earactersteos.. 15 XX, Medieamentos tipicos... 98 Bptl0go nn ee 103, Prefcio & primeira edigao do original Omestre, guia e amigo Rudolf Steiner nao esté mais entre os vivos. Uma doenea grave, que teve stia origem num esgotamento fisico, levou-o. Mesmo estando imerso em trabalho, ele teve de recolher-se ao leito; suas forgas, que tao intensa e ilimitadamente ele havia doado para sua atuacéo na Sociedade Antroposéfica, nao foram suficientes para superar sua doenca. E todos os que o ama- vam e veneravam tiveram de vivenciar com uma dor imensurdvel 0 fato de que ele, amado por tantos e tendo podido ajudar tantas, pessoas, teve de deixar o destino agir nele préprio, sabendo que aqui estavam imperando poderes superiores. + Neste pequeno livro foi depositado o fruto de um trabalho conjunto, Como médica, pude admitir plenamente os ensinamentos da Antroposofia, um verdadeiro tesouro, prineipalmente para a cién- cia médica, e neles encontrei uma fonte de sabedoria da qual se pode haurir incansavelmente e que pode iluminar e resolver mui- tos problemas até hoje nao solucionados pela medicina. Surgiu assim, entre Rudolf Steiner e eu, um trabalho conjunto muito ati- vvo em prol dos conhecimentos médicos, o qual se aprofiindou espe- cialmente nos iltimos dois anos, tornando possivel escrevermos ‘um livro juntos. A meta constante de Rudolf Steiner —e eu mani- festei a maior compreensio nesse sentido — era renovar a antiga esséncia dos mistérios e fazé-la fluir para a medicina; pois desde tempos remotos essa esséncia dos mistérios esteve em estreita relagéo com a arte médica, e a conquista de conhecimentos espiri- tuais estava relacionada com o curar. Nao se tratava de menos- prezar de maneire diletante, leiga, a medicina cientifiea—esta foi plenamente reconhecida; tratava-se, sim, de complementar o que havia na compreensio dos processos da doenca e da cura com 0 que pode fluir de um verdadeiro conhecimento do espirito. Obvia- mente nao se pretendia reavivar a forma animica, instintiva, dos antigos mistérios, mas elaborar uma forma que correspondesse & consciéncia moderna plenamente desenvolvida, elevada ao aspec- to espiritual. ‘Assim iniciamos, e o Instituto Clinieo-Terapéutico, fundado por mim em Arlesheim, forneceu as bases préticas para as teorias aqui expostas. Aqueles que carregam em si a necessidade de am- pliar seus conhecimentos médicos no sentido aqui indicado, procu- ramos mostrar 0s caminhos para uma arte médica. ‘Tinhamos planejado dar prosseguimento a este pequeno li- vyro com outros resultados de nosso trabalho comum. Infelizmente {sto nao foi mais possivel; mas eu tenho a inteneao de publicar um segundo e, talvez, ainda um terceiro volume, ambos baseados nas muitas idéias e anotagées que possuo. Que este primeiro volume, cujo manuscrito foi corrigido com alegria e satisfacao interior por Rudolf Steiner ainda trés dias antes de sua morte, possa encon- trar seu caminho entre todos aqueles que procuram, a partir dos enigmas da vida, chegar & compreenséo da vida em toda a sua maravitha e grandeza. Dro Ita Wegman ‘Arlesheim/Dornach, setemro de 1925 I O conhecimento real do ser humano como fundamento da arte médica Nesta obra apontamos para novas possibilidades do saber e da habilidade do médico. O que vir exposto aqui s6 poderé ser julgado corretamente se puderem ser aceitos os pontos de vista ‘que nortearam o desenvolvimento das nogées médicas aqui abor~ dadas. - Nao se trata de uma oposi¢ao & medicina que trabalha com 08 métodos cientificos reconhecidos atualmente. Nés reconhece- mos plenamente seus principios, sendo nossa opiniéo que o con- tetido a ser exposto aqui 86 deveria ser colocado em prética, na arte médica, por médicos plenamente qualificados no sentido dos prinefpios cientificos. Entretanto, ao que se pode saber pelos métodos cientificos modernos actescentamos conhecimentos adicionais, obtidos por métodos diferentes; por isso nos vernos na obrigacéo de traba- Ihar na ampliaedo da arte médica a partir desse conhecimento ampliado do mundo e do ser humano, Em realidade, a medicina oficial néo pode fazer objecdo ao que vamos expor, pois nés no a negamos. Nossa tentativa 36 po- deria ser rejeitada a priori por quem nao apenas exigisse a confir- macéo do seu saber, mas ainda tivesse a pretensao de achar que nao pode haver conhecimento que transcenda 0 seu. ‘A ampliacao do conhecimento do mundo e do ser humano se nos apresenta na Antroposofia, findada por Rudolf Steiner. Ao conhecimento sobre o homem fisico, que s6 pode ser aleancadlo por meio dos métodos cientificos contemporaneos, ela acrescenta 0 conhecimento sobre o homem espiritual. Essa ampliagao nao pas- ‘sa dos conhecimentos do ambito fisico aos do espiritual por mera reflexao. Tal caminho s6 nos coloca diante de hipéteses mais ou ‘menos bem pensadas, e ninguém pode provar que algo corresponda a.elas no mundo real, : ‘Antes de fazer pronunciamentos sobre o espiritual, a Antroposofia desenvolve os métodos que a autorizam a fazé-los. Para se ter uma idéia desses métodos, cabe ponderar o seguinte: todos os resultados obtidos pela Cigncia Natural atualmente reco- nhecida provém basicamente das impressdes dos sentidos huma- nos. Ora, mesmo que o homem amplie com instrumentos 0 que os sentidos Ihe possam revelar pela experiéncia ou pela observacdo, nada de essencialmente novo se acrescenta aos conhecimentos so- bre esse mundo em que o homem vive por meio de seus sentidos; masnada de novo se acrescenta tampouco, por meio do pensar, a0 que é dado pelos sentidos enquanto aquele esté ativo na pesquisa do mundo fisico. O pensar combina, analisa, ete. as impressées sensoriais para chegar a leis (leis naturais); mas o pesquisador do mundo sensorial tem de admitir o seguinte: “Esse pensar que jor~ rademim ndo acrescenta algoreal & realidade domundo sensorial.” Isto muda, porém, quando nao nos detemos no pensar que 0 homem adquire inicialmente pela vida e pela educacdo. N6s pode- mos intensificar, fortalecer esse pensar; pocemos eolocar no cen- tro da consciéneia pensamentos simples, facilmente compreensi- veis, e depois, excluindo todos os outros pensamentos, manter toda a forca da alma concentrada nessas representacdes mentais. As- sim como o miisculo fica mais vigoroso quando é contraido repeti- damente no sentido da mesma forga, a energia anfmica fortalece aquela regido que normalmente atwa no pensar ao fazer exereicios da maneira indicada. Temos de frisar que esses exercicios deve basear-se em pensamentos simples, facilmente. compreensiveis, pois enquanto faz esses exercfcios, a alma nao deve estar exposta 1 qualquer tipo de influéncias semiconscientes ou totalmente in- conscientes. {Aqui s6 podemos indicar o prinefpio desses exerei- cios; uma descriefo detalhada e indicacdes de como eles dever ser feitos encontram-se nas obras O conhecimentos dos mundos supe- riores, A Ciéncia Ocuita e em outros eseritos antroposéfices de Rudolf Steiner).’ E fécil objetar que alguém que se entregue com todo o vigor a pensamentos colocados no centro da consciéncia esta exposto a uma série de auto-sugestées e coisas similares, e que simplesmen- te entra no campo da fantasia. Contudo, simultaneamente a Antroposofia mostra como esses exercicios devem transcorrer para que essa objecdo seja completamente injustificada, Ela mostra como TRadolf Steiner, O conkecimento dos mundos superiores (4. ed. S80 Paulo: “Antroposéfies, 1998) « A Citncia Oculla (ed. SSo Paulo: Antroposétiea, 1998), 10 se deve, durante o exereicio, progredir de maneira totalmente cla- ra, mantendo a consciéncia, tal como ocorre na solticdo de um pro- blema aritmético ou geométrico. Assim como ao fazer matematica fa consciéncia jamais pode deslizar para o inconsciente, ela igual- mente pouco pode fazé-lo durante os exerefcios apontados quando as indicagses antroposéficas séo seguidas corretamente, No decorrer desses exercicios adquire-se um revigoramento da forga do pensar, da qual néo se tinha idéia antes. Sentimos a forga do pensar atuando em nés como um novo contetido da enti- dade humana; e um contetido universal, antes talvez pressentido, ‘mas ndo conhecido por experiéneia prépria, revela-se simultanea- mente a esse contetido da prépria entidade humana. Quando, em momentos de auto-observacdo, contemplamos o pensar comum, notamos que os pensamentos sio como sombras, sd palidos quan- do defrontados com as impressoes dadas pelos sentidos. Mas aqui- Jo que passamos a perceber com a forca revigorada do pensar nao 6 péllido e vago; € algo cheio de contetido, de imagens coneretas; é constitufdo de uma realidade muito mais intensa do que o contet- do das impressées sensoriais. Quando o homem amplia a forga de sua capacidade perceptiva da maneira indicada, um mundo novo se abre para ele. A medida que o homem aprende a ter percepedes nesse mun- do do mesmo modo como, anteriormente, s6 conseguia perceber no mundo sensorial, fica-lhe claro que todas as leis da natureze que ele havia conhecido antes valem exclusivamente para o mundo fisico, e que a esséncia do mundo onde agora ele penetra é consti tuida de leis diferentes, contrérias mesmo aquelas do mundo fis co. Nesse mundo, a lei da gravitacdo terrestre nao tem valor; a0 contrério, porém, surge uma forga que néo atua do centro da Ter- ra para fora, mas da periferia do Universo para o centro da Terra. Com as outras forcas do mundo fisico ocorre algo equivalente, Acapacidade que, por meio de exercicios, o homem adquiriu para observar esse mundo € chamada na Antroposofia de ‘forga cognitiva imaginativa’— ‘imaginativa’ néo por ter algo a ver com o que é imaginério, mas porque o contetido da consciéncia nao esté preenchido de sombras de pensamentos, mas de imagens. E assim como nés nos sentimos vivenciando diretamente a realidade por meio da percepedo sensorial, o mesmo também acontece com & atividade animiea do conhecimelnto imaginativo. O mundo ao qual se refere esse conhecimento é chamado pela Antroposofia de ‘mundo etérico’, Nao se trata, no entanto, do éter hipotético da fisica atual, mas de algo que se mostra como realidade a viséo espiritual. O nome é dado de acordo com nogdes mais antigas, instintivas, desse mundo. Frente ao que hoje pode ser conhecido claramente, essas nogSes carecem de valor cognitivo; contudo, quando queremos de- nominar algo, precisamos de nomes. Dentro desse mundo etérico percebe-se, a0 lado da corpo- ralidade fisica do homem, uma corporalidade etérica. Quanto & sua esséncia, essa corporalidade etérica é algo que encontramos também no mundo vegetal. As plantas possuem seu corpo etérico. As leis fisicas realmente valem apenas para o mundo mineral, sem vida. ‘Acexisténcia do mundo vegetal é possivel na ‘Terra pelo fato de nela estarem presentes substancias que nao ficam presas &s leis fisicas, e sim deixam de lado essas leis e aceitam outras, opos- tas. As leis fisicas atuam partindo da Terra; as etéricas, como que fluindo de todos os lados da periferia csmica para a Terra. $6 podemos compreender a formagéo do reino vegetal vendo nele a interagdo entre o ambito terrestre-fisico ¢ 0 eésmico-ctérieo, E assim sucede quanto ao corpo etérico humano. Por meio dele ocorre no ser humano algo que ndo é a continuagdo do efeito regular das forcas do corpo fisico, mas se fundamenta no fato de que as substéncias fisicas, ao afluir para o Ambito etérico, primei- rose desfazem de suas foreas fisicas, No infeio da vida terrestre humana, mais nitidamente du- rante a época embriondria, essas forgas ativas no corpo etérico atuam como foreas formativas e foreas de erescimento. No decor- rerda vida terrestre, uma parte dessas forcas se emancipa da atua- cao sobre a formagao e o crescimento e transforma-se em forcas do pensar, ou seja, justamente naquelas forcas que trazem o mundo ‘vago dos pensamentos para a consciéncia geval. Bextremamente importante sabermos que as forgas do pen- sar eomum do homem sao as forgas formativas e de crescimento refinadas. Na conformacio e no crescimento do organismo huma- no, manifesta-se algo de espiritual; posteriormente, na vida, esse espiritual aparece como a forca espiritual do pensar. Essa forca do pensar é apenas uma parte da forea plasmadora ede crescimento humans que vive no etérico. A outra parte per manece fiel A tarefa que ela detinha no comego da vida humana. O aspecto etérico-espiritual, que tece e vive no organismo, s6 pode 2 ———————————————— manifestar-se posteriormente, na vida, como forea do pensar por- queo ser humano continua evoluindo depois que sua configuracéo e seu crescimento jé estado bem avancados, isto &, terminados até determinado grau. ‘Assim, de um lado a forea plasmadora (plastica) revela-se & contemplacao espiritual imaginativa como algo etérico-espiritual ‘que se manifesta, de outro lado, como o contetico animico do pensar. ‘Acompanhando o aspecto substancial das substéncias te restres até a conformagao etérica, deve-se afirmar o seguinte: sem- pre que essas substancias entram nessa conformacao, elas assu- mem uma caracteristies pela qual se afastam da natureza fisica. Nesse estado de distanciamento, elas penetram num mundo onde co elemento espiritual vem ao seu encontro, transfarmando-as de acordo com a esséncia do mesmo. Blevar-se desse modo & ontidade etérico-vital do ser huma~ no, conforme é relatado aqui, é algo completamente diferente da afirmagao néo-cientffiea — ainda eomum até a metade do século XIX — da existéncia de uma ‘forga vital’ para explicar os corpos vivos. Trata-se aqui da verdadeira contemplacdo — da percepedo spiritual — de algo com o cardter de uma entidade presente no ser humano, bem como em tudo o que é vivo, tal eomo 0 corpo fisico. Para realizar esse tipo de contemplagdo, nao ¢ posstvel con- tinuar pensando de maneira indeterminada com o pensar corren- te; tampouco se pode imaginar um outro mundo com a forga da fantasia. B preciso ampliar o conhecimento humano de maneira muito precisa, e essa ampliagéo também tem como resultado a experiéneia de um mundo ampliado. Pode-se dar continuidacle aos exercicios que conduzem a uma pereepedo superior. Assim como empregamos uma forga superior para concentrar-nos em pensamentos que pusemos no centro de nossa conseiéneia, também podemos empregar uma forga supe- rior para suprimir as imaginagées (imagens de uma realidade es- piritual-etérica) obtidas. Atingimos entao o estado de uma cons- cigneia completamente vazia. Estamos apenas acordados, sem gue, a prineipio, esse estado de vigilia tenha um eontetido. (Mais deta- Ihes encontram-se nos livros jé citados.) No ontanto, esse estado de vigilia sem contetido néo persiste. A consciéncia, esvaziada de todas as impressées fisicas e também etérico-imaginativas, preen- che-se de um conteido que Ihe aflai de um mundo espiritual 28 teal, assim como as impressées do mundo fisico afluem aos senti- dos fisicos. Pelo conhecimento imaginative conhecemos um segundo membro constituinte da entidade humane; ao preencher a cons- cigneia vazia com contetidos espirituais, chegamos 20 conhecimento de um terceiro membro. A Antroposofia denomina o conhecimento obtido desse modo como ‘inspiragao’. (No devemos deixar-nos enganar por essas expressdes; elas advém de uma maneira instin- tiva de pereeber os mundos espirituais, propria de épocas remo- tas; todavia, definimos com preciso o que aqui queremos denomi- nar com elas.) Ela designa como ‘mundo astral’ o mundo onde se penetra pela ‘inspiraeao’, Quando falamos de ‘mundo etérieo’, con- forme foi explicado aqui, referimo-nos as atuagbes que agem da periferia césmica para a Terra. Quando, porém, falamos de ‘mun- do astral’, de acordo com as observacdes da consciéncia inspirativa, passamos das atuacbes da periferia eésmica para determinadas entidades espirituais que se revelam nessas atuagées, tal qual as substdncias terrenas se revelam nas foreas que emanam da Terra. Falamos de entidades espirituais coneretas que atuam a partir de distancias césmicas longinquas, da mesma maneira como falamos de estrelas e constelagées ao olhar o eu noturno com nossos sen- tidos. Daf a expresso ‘mundo astral’. Nesse mundo astral o ser humano porta o tereeiro membro de sua entidade: seu corpo astral A substancialidade terrena também deve afluir para esse corpo astral. Com isso ela se distancia ainda mais de sua esséncia fisiea. Assim como partilha seu corpo etérico com o mundo vege- tal, o ser humano partilha seu corpo astral com o reino animal. A entidade realmente humana, que eleva o homem acima do reino animal, é reconhecida por um tipo de cognicao ainda mais elevado do que a inspiragdo. A Antroposofia fala entao de ‘intui- o’. Na inspiraggo se revela um mundo de seres espirituais; na {tuigéo’ se aprofunda a relagdo entre o ser humano que esté de- senvolvendo tal cognigdo e aquele mundo. Traz-se & plena cons- cigneia aquilo que é puramente espiritual, algo que na vivencia consciente é experimentado como nao tendo earrespondéncia al- guma com uma experiéneia por meio da corporalidade. Desse modo 1 pessoa se transfere para uma existéncia que é a do espirito hu- mano entre outros seres espirituais. Os seres espirituais do mun- do se revelam pela inspiragdo; pela intuigdo, nés convivemos com “ Chega-se, assim, ao reconhecimento do quarto membro cons- tituinte da entidade humana, ao verdadeiro ‘eu’. Mais uma vez notamos como a substancialidade terrena se afasta muito mais de sua natureza fisica ao se inserir na atuagdo ena esséncia do'eu’. A entidade que incorpora essa substancialidade como ‘organizagio do eu’ é aquela forma da substancialidade terrestre que mais se afasta de seu eardter fisico-terreno. ‘O que conhecemos, dessa maneira, como ‘corpo astral’ e ‘eu no esté ligado ao corpo fisico da organizacdo humana do mesmo modo como o corpo etérieo. A inspiraeao e a intuieso mostram que ‘corpo astral’ eo ‘eu’ se separam dos corposfisico e etérico duran- te 0 sono, e que apenas durante o estado de vigilia existe um entrosamento total dos quatro membros da natureza humana, for- mando uma entidade humana unitéria, a Durante 0 sono, o corpo fisico e 0 corpo etérico do homem permanecem nos mundos fisico e etérico. Porém eles nao se encon- tram na mesma situacdo em que se encontram os corpos fisico € etérico de um ser vegetal; eles carregam em si os efeitos decorren- tes da atuagao da entidade astral e do eu. No instante em que os efeitos dessa atuacdo cessassem, o homem teria de acordar. Um corpo fisico humano jamais pode estar submetido unieamente a atuagées fisieas, assim como um corpo etérico humano jamais pode estar submetido unicamente a atuagbes etéricas. A conseqténcia disso seria a desintegracdo deles. A inspiragao ea intuigdo, contudo, ainda mostram outra eoi- sa. A substancialidade fisica experimenta uma evolugéo da sua esséncia quando passa a atuar e a viver no ambito etérico. A vida decorre do fato de o corpo orgénico ser arrebatado da esséncia prépria do elemento terrestre e ser estruturado a partir do Cosmo extraterrestre, Essa estruturacéo, porém, certamente leva a vida, mas nao a consciéncia e nem A autoconsciéneia. O corpo astral precisa estruturar sua organizagao dentro das organizacées fisica e etériea; o cu tom de fazer o mesmo em relacdo A organizagao do eu. Mas essa estruturaedo (edificacdio) néo resulta num desabro- char consciente da vida an{mica. Para que isso acontega, é preciso que um desgaste se oponha a edifieacéo, O corpo astral configura seus érgios; ele os desgasta novamente ao permitir que a ativida- de dos sentimentos se desenvolva na conseiéncia da alma. O eu estrutura sua ‘organizacdo dou’; clea desgasta quando a ativida- de volitiva se torna atuante na autoconseiéneia. No interior da individualidade humana, o espirito ndo se desenvolve tendo por base uma atividade substancial edificante, ‘mas um processo de desgaste. A substancia deve retrair-se de sua atividade no loeal do ser humano onde deve atuar o espirito. Jéo aparecimento do pensar, dentro do corpo etérico, nao se fundamenta numa continuidade da caracteristica etérica, mas no desgaste da mesma. O pensar consciente nao se desenvolve nos processos de configurago e de crescimento, mas em processos de desintegragao, de murchamento, de extingao, os quais esto conti- nuamente inseridos no proceso etérics. No pensar consciente os pensamentos libertam-se da es- trutura corporal e, como estrutura animies, tornam-se vivéncias humanas. Enfocando agora a entidade humana com base num tal co- nhecimento do ser humano, notamos que s6 conseguiremos com- preender o ser humano como um todo, bem como um 6rgao isola- do, quando soubermos como nele atuam os corpos fisico, etérico, astral eo eu. Hé érgios em que atua principalmente o eu; hé ou- tros em que oeu atta pouco, mas em compensagdo hd uma predo- minio da organizagio fisica. és s6 podemos entender o ser humano sadio ao reconhecer- ‘mos o modo como os membros suiperiores constituintes da entida- de humana se apoderam da substancia terrestre para forgé-la a seus servigos, e quando reconhecemos igualmente como a subs- tancia terrestre se transforma ao penetrar no ambito da atividade dos membros superiores da natureza humana. Do mesmo modo, 86 podemos compreender o homem doente quando reconhecemos a situagao do organismo global, de um érgao ou de uma cadeia de 6rgaos, em conseqiténcia do modo de atuacéo irregular dos mem- bros superiores constituintes da entidade humana. E 6 podemos pensar em medicamentos depois de desenvolver um conhecimen- to de como uma substancia terrestre ou um proceso terrestre se relaciona com o ambito etérico, com o astral e com o eu. Somente entdo a administragao de uma substéncia terrestre ao organismo humano, ou um tratamento com uma atividade terrena, pode as- segurar aos membros superiores da entidade humana um desen- volvimento livre; ou fazer com que naquilo que foi administrado a substancialidade terrestre encontreo suporte necessario para che- gar a tornar-se a base para a atividade terrena do espirito. 16 Oser humano é 0 queé gragas ao corpo fisieo, a0 corpo etérivo, a alma (corpo astral) e ao ett (espfrito). Ele deve ser visto como homem sadio a partir desses membros; como doente, deve ser per- cebido no equilibrio perturbado dos mesmos; para sua satide de- vem-se encontrar medicamentos que restabelecam 0 equilibrio perturbado. Esta obra pretende indicar uma visio da medicina elaborada sobre essas bases. W Mm Por que o homem adoece? Quem, empregando um pensamento puramente cientifico, reflete sobre o fato de o ser humano poder adoecer, chega a uma contradigao cuja origem ele élevado a supor estar no préprio caré- ter da existéncia. Observado superficialmente, o que acontece no processo patolégico é um processo natural; mas o que ocorre em seu lugar no estado de satide também 6 um processo natural. A principio, conhecemos os processos naturais pela observa- 80 do mundo exterior e pela observacdo do ser humano, conquan- to seja feita exatamente da mesma maneira como a da natureza exterior. O homem é entéo considerado uma parte da natureza, em que os fenémenos observados nele — e que também existe fora dele — sao mais complexos, porém do mesmo tipo que os pro- cessos naturais exteriores. Mas entdo surge uma pergunta que, desse ponto de vista, fica sem resposta: como se originam, no interior do ser humano, processos naturais — ndo falaremos aqui dos animais — que sic ‘opostos aos sadios? © organismo humano sadio parece ser compreensivel como uma parte da natureza; o organismo humano doente, no. Por isso este precisa ser compreensivel por si mesmo, por meio de algo que nio Ihe é dado pela natureza. SupSe-se que o aspecto espiritual do ser humano tena como fandamento fisico um processo natural eomplicado, que seria como uma continuiidade dos processos naturais encontrados fora do ho- mem. Mas seré que alguma ver foi possivel observar a continuida- de de um proceso natural, fundamentado no organismo humano sadio, dando origem & vivéncia espiritual em si? O que acontece 6 o contrério. A vivencia espiritual 6 extinta quando o processo na- tural prossegue em linha reta. Isto acontece durante o sono, e acon- tece também no desmaio, Observemos, por outro lado, como a vida espiritual conscien- te se aguga quando um 6rgao adoece: instala-se dor, ou pelo menos ‘uma indisposiedo e mal-estar; a vida dos sentimentos adquire um 18 contetido que normalmente nao possui; ¢ a vida volitiva é prejudi- cada. A movimentagSo de tm membro, que 6 executada natural- mente no estado de satide, néo consegue ser realizada porque dor ou a indisposieo se opde como barreira, Observemos a transi¢éo do movimento de um membro, acom panhado de dor, até sua paralisia. O inicio da paralisia encontra- se no movimento acompanhado de dor. O que é espiritualmente ativo intervém no organismo. No estado de satide, isto se manifes: ta inicialmente na vida das representacdes mentais, ou do pensar. Ativada uma representagdo mental, segue-se o movimento do membro. Com a representacdo mental néo penetramos conscien- temente nos processos orgéinicos que, por fim, levam ao movimen- to da extremidade; a representagdo mental submerge no incons- ciente. No estado de satide se manifesta um sentir que atua ape- nas animicamente, entre a representagéo mental eo movimento. Esse sentir nao se apéia nitidamente em algo organico, corpéreo, 0 que no entanto acontece no estado patolégico. O sentir, que no estado de satide é vivenciado como separado do organismo fisico, uune-se a este na vivéncia patolégica E desse modo que se manifesta o parentesco entre os proces- sos do sentir saclio e da vivéncia patolégica. Deve haver algo que no esteja tao intensamente ligado ao organismo sadio quanto ao organismo doente. Esse algo revela-se A visdo espiritual como sen- doo corpo astral. Trata-se de uma organizacéo supra-sensfvel den- tro da organizacéo sensivel. Ele pode interferir num érgao de uma maneira frouxa, levando a uma vivencia animica que subsiste por si mesma endo é experimentada em relagao com o corpo, ou entéo interferir intensamente num érgéo, levando & vivéncia do estar doente. Deve-se imaginar uma das formas de doenca como um proceso em que o corpo astral se apodera do organismo, fazendo 0 homem espiritual submergir mais profundamente em seu corpo do que acontece no estado de saitde. ‘Mas também o pensar tem sua base fisica no organismo. S6 que no estado de satide o pensar ainda estd mais desligado do organismo do que o sentir. Além do corpo astral, a visao espiritual ainda encontra uma singular organizagdo do eu, que se manifesta animicamente livre no pensar. Quando o homem submerge inten- samente em sua corporalidade com essa organizacéo do eu, surge um estado em que a observacdo do préprio organismo se asseme- Iha & obsorvacdo do mundo exterior. Fe Ao observarmos um objeto ou um processo do mundo exte- rior, defrontamo-nos com o fato de que o pensamento do homem e oalvo da observagao nao estao numa relacdo de viva reciprocida- de, sendo independentes um do outro. Isto s6 acontece com um membro humano quando este fica paralisado, Entdo ele se torna mundo exterior. A organizacao do eu néo est mais ligada frouxa- mente a extremidade, como no estado de satide— quando, no mo- vimento, pode ligar-se e logo em seguida desligar-se dela —; a organizagéo do eu submerge definitivamente no membro e nio consegue mais soltar-se dele. ‘Mais uma vez os processos da movimentaedo sadia de um membro ¢ a paralisia colocam-se lado a lado, quanto ao seu paren- tesco. Podle-se ver isso nitidamente: a movimentacéo sadia é uma paralisia incipiente que é anulada logo em seu inicio. Como carater do estado patolégico, deve-se reconhecer uma ligagao intensa do corpo astral on da organizagéo do eu com 0 or ganismo fisico, Essa ligacdo, contudo, é apenas um reforgo daque- Ja presente de modo mais frouxo no estado de satide. A interferén- cia normal do corpo astral e da organizacdo do eu no corpo huma- no tampoueo 6 aparentada com os processes vitais sadios, e sim com os patol6gicos. Quando o espitito e a alma esto atuando, eles anulam 0 ajuste habitual do corpo e 0 transformam no oposto. Dessa forma, porém, levam o organismo por um caminho onde quer iniciar-se o estado patolégico. Na vida comum, o organismo é regulado por meio de uma autocura assim que isto acontece. ‘Uma certa forma de doenca manifesta-se quando o aspecto espiritual ou o anfmico penetra demais no organismo, de modo que a autocura néo consegue ocorrer, ou entéo ocorre apenas Ientamente. Portanto, é preciso procurar as eausas da doenca nas facul- dades do espirito e da alma. Ea cura deve consistir num afrouxa- ‘mento do lado anfmico ou espiritual em relagao & organizacéo fisica. Este é um tipo de doenea. Existe ainda um outro. A organiza- ‘g8o do eu e 0 corpo astral podem ser impedidos de estabelecer a ligagao frouxa com a corporalidade, ligacéo que na existéncia co- mum determina o sentir, o pensar e o querer auténomos. Em con- seqiiéncia disso surge, nos érgdos ou nas fungdes que nao conse guem ser atingidos pelo espirito e pela alma, uma continuidade dos processos de satide além da medida adequada ao organismo. Nesse caso se revela & visto espiritual que o organismo fisico néo 20 exocuta meramente os processos sem vida da natureza exterior: 0 organismo fisico esta permeado de um organismo etérico. Isolada- mente, o organismo fisico jamais poderia provocar um processo de autocura. Este é desencadeado pelo organismo etérico, Sendo as- sim, pode-se reconhecer a satide como sendo 0 estado cuja origem esta no organismo etérico.* F Comparande © que foi dito no primeiro capitulo com o eontetide do segundo, obtém-se uma eompraensso melhor do que ae trata aqui a Ti As manifestagdes da vida Nio se pode compreender nem o organismo humano sadio nem odoente imaginando que o modo de atuacdo de uma substan. cia qualquer da natureza exterior, ingerida com o alimento, sim. plesmente continue no interior do organismo, Nao se trata da con. tinuidade de tal atividade observada na substancia fora do orga. nnismo humano, mas de sua superagao. Ailuséo de que no organismo as substancias do mundo exte- ior conservern suas earacteristicas surge pelo fato de ser esta a mpressao obtica pelo modo de pensar eomum da quimiea. Em virtude de suas pesquisas, esta acredita, por exemplo, que ohidro. nie se encontre no erganismo tal como na natureza exterior, 6 encontrado nos alimentos e nas bebidas in etam. bem nos produtos de excrepdc ar, urna, fetes nas sectesoey como por exempl na il : loje em dia, néo se sente a necessidade de perguntar o acontsee, dentro do organism, com aquelo hidrogenie que apace, Ce como tal antes de Ingressar nee e dope de sar dele. Nao se Perunta:o ane se pases dente do crganiome cm egio gue ape- Essa pergunta conduz imediatamente a atencSo para a dife- nga, no organismo, entre os estadosde sono ode vgtia, Noesta- lo dle sono, a natureza material do organismo nao serve de base para 0 desenvolvimento das vivéncias conscientes e autocons- Gientes, Contudo, ela serve de base para o desenvolvimento da vida. Nese sentido, o organismo em estado de sono ge diferencia lo organismo morto, Neste, a base material néo se presta a base da vida. Enquanto se enfoear essa diferenea apenas na composi, sao diferente das substéneias do organismo morto edo vivo, a com Dreensio nfo poderd progredin ‘ quase meio século, o importante fisiclogista Du Boi Reymond alertou para fate de que nia ec cmegutricenions acom- "Bm Du Bois Reymond (1815-1600). «N.8.) 2 conseiéncia a partir dos efeitos das substéncias. Ele afirmou que nunea se chegard a compreender por que nao seria indiferente para um niimero determinado de atomos de carbono, oxigénio, nitrogénio e hidrogénio em que posigao eles se encontram, se en- contravam e se encontraro, ¢ por que, por uma mudanga de posi- co, provocariam no ser humano as sensagées: “eu vejo vermelho”; eu sinto o perfume da rosa’. A opinido de Du Bois-Reymond era a de que, justamente por causa disto, 0 modo de pensar da Cigncia Natural jamais poderia explicar o homem em vigilia, repleto de sensagées, mas apenas o homem em estado de sono. ‘Com essa opiniéo ele se entregou a uma iluséo. Ele acredite: vva que pelo modo de agir das substancias néo se poderia explicar ‘as manifestacdes da consciéncia, mas certamente as da vida. Em verdade, porém, devemos afirmar o que Du Bois-Reymond dizia ‘quanto as manifestacbes da consciéncia igualmente quanto As manifestagées da vida. Por que determinado ntimero de dtomos de carbono, oxigénio, nitrogénio e hidrogénio iria importar, na ori- gem da manifestagio da vida, segundo a forma em que se encon- travam, se encontram ou se encontraréo? ‘A observagao mostra que as manifestagSes da vida tem uma orientagao totalmente diferente daquelas que ocorrem no mundo sem vida. Das tiltimas, pode-se afirmar que elas se mostram domi- nadas por forgas que emanam da esséncia da substancia, do cen- tro — relative — para a periferia, As manifestagSes da vida mos- tram a substancia dominada por foreas que atuam de fora para dentro, em dirego ao centro —relativo, Na transigdo para a vida, a substancia tem de subtrair-se as forgas centrifugas, que irra- diam para fora, e sujeitar-se as forcas centripetas, que emanam de fora para dentro, Cada substdncia terrestre, como também cada processo ter- restre, recebe suas foreas da irradiacao que se dirige para fora da ‘Terra e as possui em comum com esta. Observada pela quimica, tal substéncia s6 possui as earacteristicas descritas por ela en- quanto componente do corpo teliirieo. Quando passa ao Ambito da vida, essa substncia deixa de ser uma mera parte da Terra; elase retira da eomunhéo com a Terra e é inserida nas forcas que ema- nam para esta, vindas de todos os lados do ambito extraterrestre, ‘Ao vermos tuma substéncia ou um proceso desenvolver-se como vida, temos de imaginé-la subtraindo-se das foreas que sobre ela 28 atuam a partir do centro da Terra e inserindo-se no dominio de outras foreas que néo possuem um centro, mas uma periferia, Essas forgas atuam de todos os lados em direc&a ao centro da ‘Terra. Blas teriam de dissolver, dilacerar completamente o aspec- to material do Ambito terrestre até levé-lo a um estado amoro, caso a esse campo de foreas nao se misturassem os efeitos dos corpos celestes extraterrestres, que modificam essa dissolugdo, Na planta podemos observar do que se trata. Nas plantas as substan. cias da Terra so retiradas do dominio das atuacées teltiricas, ten- Gentes 20 estado amorfo. Os efeitos da atuacéo do sol e de outras semelhantes, vindas do espaco eésmico, modificam essa transi¢éo para o estado amorfo. Quando isto nao ocorze, ou quando hé ou- tras atuagdes como, por exemplo, durante a noite, tornam-se no- vamente ativas dentro das substéncias as forcas que elas tém em comum com a ‘Terra, O ser vegetal tem sua origem na interagio entre as forcas terrestres e cdsmicas, Se todas as atividades que as substancias desenvolvem sob a influéneia tervestre forem resumi- das como sendo o aspecto fisico, deve-se designar as outras foreas, que néo irradiam da Terra mas emanam para ela, com um nome que expresse esse cardter tao diferente. O que no capitulo anterior Jf indicamos existir, de um lado, na organizagdo humana, encon- tramos aqui visto de outro lado. Em conformiciade com um costs me antigo, denominamos essa parte do organismo humano como o aspecto ebérico, termo que pode gerar confuséo pela influéncia da mentalidade moderna, orientada para o lado fisico. B preciso afir- mar: no reino vegetal, isto é, naquilo que se manifesta como vivo, impera 0 elemento etérico. Como o homem é um ser vivo, esse aspecto etérico também existe nele. No entanto, hé também uma diferenca significativa, zo que se refere as simples manifestacdes da vida, em comparacao com o reino vegetal, Quando 0 etérico do espago eésmico nao de- senvolve mais sua atividade, como acontece durante a noite — quando o éter solar deixa de agir —, a planta permite que o aspec- to fisico prepondere dentro dela. O ser humano 36 permite ao fi co dominar seu corpo na morte, As manifestagdes de consciéneia e autoconsciéncia desaparecem durante o sono; as manifestagées vitais, porém, permanecem, mesmo que o éter solar néo esteja atuando no espago eésmico, Continuamente a planta absorve, du- rante sua vida, as forgas etérieas que irraciam para a Terra, © homem, contudo, jé as traz individualizadas dentro de si, desde a 4 época embrionéria. O que a planta reeebe do Universo o homem retira de si mesmo durante sua vida, pois jé o recebeu no ventre materno para seu desenvolvimento ulterior. Uma forca que origi- nalmente é césmica, determinada a produzir um efeito de irradia go para a Terra, atua a partir do pulmo ou do figado, tendo sofrido uma metamorfose em seu direcionamento. Por isso temos de dizer que o ser humano carrega em si o aspecto etérico de maneira individualizada. Assim como ele € por- tador do aspeeto fisico na forma individualizada de seu corpo fisico e de seus 6rgdos eorporais, do mesmo modo ele 0 & do etérico. Ele possui seu corpo etérico especifico do mesmo modo camo possui ‘seu corpo fisico especifico. Durante o sono esse corpo etérico conti- nua ligado ao corpo fisico e Ihe da a vida, e apenas na morte se solta dele, 25 Da esséncia do organismo senciente* A configuracdo e a organizacdo dos vegetais sfo um resulta. do exclusivo dos dois ambitos de foreas: dos que irradiam para fora da Terra e dos que emanam pare ela. JA a configuracaoe a organi- zagéo dos seres animais e humanos ndo o so de modo absoluto. A folha de uma planta esté sob a influéncia exclusiva desses dois grupos de forgas; o pulmo animal também esta sob essa influén- cia, mas néo exclusivamente. No caso da folha, todas as forcas configuradoras estdo nesses Ambitos; para o pulmao existem ou- tras, fora deles. Isto vale tanto para as forcas plasmadoras que conferem a forma exterior quanto para aquelas que regulam 0 movimento interno das substancias, conferindo-Ihes determinada direedo, combinando-as ou separando-as. Pode-se dizer que, para as substancias absorvidas pela plan- ta, nao é indiferente viverem ou néo pelo fato de se inserirem nas foreas que irradiam para a Terra, Enquanto nao recebem a atua- Go das foreas da periferia, elas néo tém vida dentro da planta; elas passam a viver quando esto sob a influéncia dessas forcas. Mas para a substancia vegetal, mesmo quando viva, 6 indife- rente que posicdo tinham, tém e terdo seus eomponentes em rela- go a sua prépria atividade. Elas se abandonam & atividade das foreas externas que emanam para fora e para dentro. J4 a subs- taneia animal adentra efeitos que séo independentes dessas for- gas. Ela se movimenta, tanto dentro do organismo quanto como organismo global, de um modo tal que esses movimentos nao sao apenas uma conseqiéncia das forces que irradiam para forae para dentro. Portanto, a configuracdo animal origina-se independente- mente dos ambitos das forgas que irradiam da Terra ou em dire- fo a ela Devido ao,jogo de forgas caracterizado, resulta na planta uma alternéncia entre a insereao nas foreas que emanam da periferia Tenclonte’ o que tem sonsapbes, Cf, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Novo diziondrio da lingua portuguesa (1. ed. S00 Paulo: Nova Fronteiva, 1978). (NT) 26 para a Terra e a exeluséo quanto a essas forgas. Por causa disso, 0 ser vegetal desintegra-se em dois componentes: um aponta para a vida e esta totalmente na regiao da periferia — sfo os érgéos germinativos, de erescimento, portadores das flores; 0 outro apon- ta para o Ambito sem vida, permanecendo na regido das forcas que irradiam para fora, e abrange tudo o que endurece o crescimento, 44 suporte a vida, ete. A vida se acende e se extingue entre esses dois componentes; e a morte da planta é apenas um predominio dos efeitos das forcas que irradiam para fora sobre as forgas que emanam para dentro. No animal, algo da substancialidade é totalmente retirado do dominio dessas duuas regides de foreas. Por isso surge uma con: figuragdo diferente em relagao & planta. Ocorrem formagées de 6rgios que permanecem no dominio das duas regides de forgas outros que se separam delas. Entre as duas formagées de érgéos ocorrem interacdes. E nessas interagses que reside o fato dea subs- tancia animal poder ser a portadora das vivencias. Uma conse- atiéneia disso é a diferenca na aparéncia, na constituigao da subs- tancia animal frente a vegetal. No organismo animal temos um Ambito de forgas indepen- dente daquelas que irradiam da Terra ou em direedo a ela, Trata- se do ambito das forcas astrais, situado além do fisico e etérico e do qual jé falamos de outro ponto de vista. Nao devemos incomodar- nos com a expressio ‘astral’. As forcas terrestres so as que daqui irradiam, ¢ as que para cd emanam sfo as da periferia edsmica da ‘Terra; jé as forgas ‘astrais’ contém algo que transcende esses dois tipos de foreas, Esse algo torna a prépria Terra um corpo césmico, tum ‘astro’, Pelas foreas fisieas, esta se separa do Cosmo; pelas forcas etéricas, ela se entrega a atuacdo césmica; pelas forcas ‘as trais’ ela se torna uma individualidade autonoma no Cosmo. Tal qual os organismos etérico ¢ fisico, o elemento ‘astral é um membro independente, eoeso no organismo animal. Por isso podemos falar desse membro como sendo o ‘corpo astral” S6 se pode compreender a organizagao animal quando se fo- calizam as inter-relagdes entre os corpos fisico, etérico e astral; pois todos os trés esto presentes na organizacéo animal como membros independentes, sendo também diferentes do que existe além deles como corpos sem vida (minerais) e como organismos vegetais vivos. a Certamente o organismo fisieo animal pode ser considerado sem vida; mas ele se distingue do que, sendo também sem vida, é mineral. Inicialmente ele se torna estranho ao mineral devido aos organismos etérico e astral, e depois ¢ novamente devolvido ao Ambito sem vida quando as foreas etéricas e astrais se retraem. Ele é uma estrutura em que as foreas atuantes no mineral, me- ramente teliricas, tém uma aco apenas destrutiva, e s6 conse- gue servir ao organismo animal total enquanto as foreas etéricas e astrais tem um predomfnio sobre essa interferéncia destrutiva do mineral. O organismo etérico animal vive como o da planta, porém néo da mesma forma. Devido as forcas astrais, a vida é levada a um estado estranho a ela mesma; tendo sido arraneada das for- eas que irradiam para a Terra, ela é novamente colocada em seu dominio, O organismo etérico ¢ uma estrutura cujas forgas pu- ramente vegetais possuem, na organizacéo animal, uma existén- cia excessivamente obscura, e $6 pode servir ao organismo ani- mal total quando as forcas astrais ‘clareiam’ a maneira como ele ata, Assim, quando a atuacéo do organismo etérico passa a pre- dominar, surge 0 sono; quando predomina o organismo astral, te- mos vigilia. “Ambos, 0 sono ea vigilia, nao podem ultrapassar determina- do limite de atuacéo. Se isto acontecesse com 0 sono, 0 aspecto vegetal do organismo inteiro tenderia ao mineral; como estado patolégico, ocorreria uma hipertrofia do aspecto vegetal. E se acon- tecesse com a vigilia, o elemento vegetal teria de alienar-se total- mente do mineral; este assumiria, no organismo, formas que néo seriam as suas préprias, mas aguelas do reino sem vida extra- orgénico. Configurar-se-ia um estado patologico pela hipertrofia do aspecto mineral. ‘Em todos os trés organismos—o fisico, o etérico eo astral — penetra substncia fisica vinda de fora. Cada qual tem de superar as caracteristicas do aspecto fisico & sua maneira. Isto acarreta ‘uma triplicidade na estruturacao dos érgaos: A.organizagao fisica forma érgaos que passaram pela organi- zagdo etérica e astral, mas que estdo voltando novamente para seu Ambito. No entanto, eles néo podem fazé-lo completamente, pois isto teria como consegiiéncia a morte do organismo. O organismo etérico forma érgdos que passaram pela organi- zago astral, mas que sempre tendem a subtrair-se dela; eles con- 28 tm a forga para o embotamento do sono, ¢ tendem a desenvolver a mera vida vegetative. O organismo astral forma 6rgéos que se apartam da vida vegetativa. Estes s6 podem existir quando a vida vegetativa os permeia sempre de novo; pois, por nao apresentarem afinidade com as forgas que irradiam da ‘Terra nem com as que emanam para ela, deveriam ficar completamente fora do dominio do ele- mento terrestre se nao fossem repetidamente permeados por es- sas forcas. Nesses érgios deve ocorrer uma interacao ritmiea en- tre as caracteristicas animais e vegetais, Isso determina os esta- dos alternados de sono e vigilia. Durante o sono, também os 6r- gos das foreas astrais encontram-se no torpor da vida vegetal; entdo eles nao desempenham atuagao alguma nos ambitos etérico e fisico: estéo completamente entregues As forgas que irradiam da Torra e as que emanam para ela, 29 Vv Planta, animal, homem ___No corpo astral, a configuracao animal se manifesta exte- riormente como uma forma global e interiormente como configu- ragdo dos érgdos. A subst@ncia animal senciente é um resultado desse corpo astral configurador. Quando essa configuracao é leva- da até o fim, forma-se entdo o animal ‘No ser humano ela jé nfo é levada até o fim. Em determina- do ponto de seu trajeto, ela é detida, inibida. Aplanta contém a substancia que é transformada pelas for- gas que irradiam em direeéo & Terra, Trata-se da substancia viva, que interage com a substancia sem vida. E preciso pensar que no ser vegetal essa substéncia viva 6 continuamente segregada da substdncia sem vida. Na substdncia viva, a forma da planta surge como resultado das forgas que irradiam para a Terra. Isso dé lu- gar a um fluxo de substancias: algo sem vida transforma-se em algo vivo; algo vivo transforma-se em algo sem vida. E nesse fluxo que se formam os érgios vegetais, No animal, a substancia senciente origina-se da substéncia viva tal qual na planta esta se origina da substéncia sem vida. ‘Temos entdo um duplo fluxo de substancias. No Ambito etérico, a vida néo é levada até uma forma vital estruturada; ela émantida em fluxo, e por intermédio da organizacéo astral a configuragio se introduz nessa vida em fluxo. No ser humano, esse proceso também é mantido em fluxo. A substdncia senciente é inserida na esfera de uma outra orga- nizagio, que podemos denominar ‘organizacéo do eu’. A subs- tancia senciente transforma-se mais uma ver. Surge um triplice fluxo de substaneias, no qual nasce a forma humana interior e exterior. Isso permite a ela tornar-se portadora da vida espiritu- al autoconsciente. Em sua configuraeéo, até nas menores partes de sua substaneia, o ser humano é um resultado dessa organiza- go do eu. Pode-se acompanhar essa configuragéo segundo seu aspecto substancial. Na transformacéo da substancia de um nfvel para 30 outro, a substancia do nivel superior aparece como uma secregéo produizida pelo nivel inferior e como uma elaboragao da forma a partir da substdncia secretada. Na planta, a substancia viva € secretada pela substancia sem vida. As foreas que emanam em diregio & Terra, as forcas etéricas, tem uma atuagéo configuradora nessa substéncia secretada, Inicialmente ndo ocorre uma verda- deiva secregdo, mas uma transformacéo total da substancia fisica pelas forgas etéricas. Isto, porém, acontece apenas na formacio das sementes, Nesta pode ocorrer essa transformacao total, pois a semente é protegida da influéncia das forcas fisicas pela organiza- go materna que a envolve. Quando a formacéo das sementes se iberta da organizagao materna, a atuacdo de foreas da planta di- vide-se em uma atividade em que a formacao da substancia tende a0 mbito etérico e em outra em que ela tende novamente A con- formacéo fisica. Na entidade vegetal surgem partes que estao a caminho da vida e outras que tendem a perecer. Estas se manifes- tam como as partes exeretoras do organismo vegetal. Como um exemplo bastante caracterfstico, pode-se observar essa excrecéo na formagdo da casea das arvores. No animal se processam uma dupla secreeéo e uma dupla exeregéo. A transformagdo vegetal, que néo é levada até o fim, ‘mas mantida em fluxo, acrescenta-se a transformaeao da substan- cia viva em substéncia senciente, Esta se separa da substancia meramente vivente. Temos entao uma substancia que tende ao ser senciente e outra que tende a simples vida. Contudo, no organismo todos os membros interagem. Por isso, até a excregao da planta em direedo ao elemento sem vida, que no vegetal se aproxima muito do elemento inerte exterior —_do mine- ral —, ainda esta muito longe desse mineral. O que na planta se manifesta como formagao da casea, que se desprende quanto mais mineral se torna, no animal surge como produtos de exeregao da digestao. Estes ainda estéo mais afastados da esfera mineral do que as excreeses vegetais. No ser humano, secreta-se da substéncia senciente aquela que seré portadora do espirito autoconsciente; mas continuamente também ocorre uma excrego, com o surgimento de uma substén- cia que tende & mera capacidade de sensacao. O aspecto animal est presente no organismo humano sob forme de uma exererao continua. 31 No estado de vigilia do organismo animal, a secrecdo ea con- figuragao do que foi secretado, bem como a eliminacdo da subs- tancia senciente, estéo sob a influéncia da atividade astral. No homem, acrescenta-se ainda a atividade do organismo do eu. Du- vante o sono, 08 organismos astral e do eu nao esto diretamente ativos; mas a substéncia esta impregmada dessa atividade e Ihe 44 continuidade, como que por inéreia, Uma substancia que algu- ia vez tenhe sido moldada interiormente dessa forma, como acon- tece por acdo das organizagies astral e do eu, de certo modo tam- bém atua durante 0 sono, no sentido dessas organizagées, como que por inéreia, Por isso no se pode falar de uma atividade meramente vegetativa no organismo do homem adormecido. As organizagées, astral ¢ do eu continuam atuando durante o estado de sono por intermédio da substancia configurada por elas. A diferena entre sono e vigilia nao é uma alternéncia entre as atividades animal- humana e vegetativo-fisiea, A coisa é bem diferente. No estado de vigilia, a substancia senciente e a possivel portadora do esp: to auttoconsciente so separadas do organismo global e colocadas a servigo do corpo astral e da organizagao do eu. Entao os orga nismos fisico e etérico tém de agir de forma tal que s6 atuem ne- les as foreas que emanam da Terra para a periferia e as que irra diam da periferia para a Terra. Nesse modo de acéo, cles s40 im- pregnados pelo corpo astral e pela organizagdo do eu apenas de fora. Durante 0 sono, porém, eles sdo impregnados pelas subs- tancias que se formam, a partir do interior, pela influéneia do cor po astral e da organizagao do eu, Durante o sono, s6 atuam no ser humano a partir do Universo as forcas que irradiam para fora e para dentro da Terra, enquanto as forgas das substancias que séo preparadas pelo corpo astral e pela organizagdo do eu atuam so- bre ele a partir de dentro. Considerando-se a substancia senciente como o resto do cor- poastral, e aquela que se forma sob a influéncia da organizagao do eu como 0 resto desta, pode-se dizer que no organismo humano desperto atuam 0 corpo astral e a organizagao do eu, enquanto no organismo humano adormecido atuam seus restos substanciais, Em vigilia, o homem vive numa atividade que o coloca em relacdo com o mundo ambiente por intermédio de seu corpo astral eda sua organizagéo do eu; durante o sono, seus organismos fisica € etérico vive dos restos dessas duas organizagées. Uma subs- 2 t€ncia como o oxigénio, que é absorvida pela respiracdo tanto no estado de sono como em vigilia, tem de ser diferenciada quanto 0s seus efeitos, de acordo com esses dois estados, De acordo com suas propriedades, o oxigénio recebido de fora provoca o ador- mecimento, e nao 0 despertar. Uma absoreao excessiva de oxigé- nio causa uma sonoléncia anormal. No estado de vigflia, o corpo astral combate continuamente o efeito adormecedor da absorgao de oxigénio, Quando o corpo astral interrompe sua atividade no corpo fisico, o oxigénio desenvolve sua prépria caracteristica: faz adormecer. 38 V [ Sangue e nervo Na formagdo do sangue e do nervo se encontram, de maneira especialmente impressionante, as atividades dos diversos mem- bros constitutivos humanos em relago ao organismo global. A me! ida que a formagao do sangue ocorre em continuidade a elabora- gio dos alimentos ingeridos, 0 processo global de sua formacio esta sob influéncia da organizacdo do eu. A organizacéo do eu atua desde nos processos acompanhados de sensagdes conscientes — na Ifngua, no palato— até nos processos inconscientes e subcons- cientes — nas atividade péptiea, pancrestica, biliar, ete, Entéo a atuacéo da organizacdo do eu se retrai, ¢ na transformagao ulte- rior da substancia nutritiva em substancia sangiifnea atua parti cularmente o corpo astral. Isto prossegue até o sangue encontrar o ar —0 oxigénio— no proceso respiratério, Nesse ponto, o corpo etérico cumpre sua atividade principal. Antes de abandonar o cor- po, 0 gas carbonico, prestes a ser expirado, é uma substancia efe- tivamente apenas viva —nem senciente, nem morta. (Vivo é tudo aquilo que leva em si a atividade do corpo etérico). A maior parte desse gas carbonico vivo deixa o organismo; uma pequena parte, porém, continua agindo naqueles processos do organismo cujo cen- tro esté na organizacao da cabeca. Essa parte tem uma forte ten- déncia a passar ao estado sem vida, inorgénico, embora nao che- gue a ficar totalmente sem vida. No sistema nervoso acontece o oposto. No sistema nervoso simpético, que permeia os 6rgdos digestivos, impera principalmente © corpo etérico. Os érgios nervosos que interessam nesse aspecta so efetivamente, por si mesmos, apenas érgaos vives. As organi- zagSes astral e do eu néo atuam sobre eles organizando a partir de dentro, mas de fora. Por isso a influéncia das organizagées do eu e astral sobre esses érgdos nervosos 6 intensa. Afetos e paixées tm uma atuacdo importante e duradoura sobre o simpatico. Mégoas, preocupagées deterioram paulatinamente esse sistema nervoso. O sistema nervoso da medula espinhal, ou reflexo, com todas, as suas ramifieacbes, é aquele em que intervém especialmente a 4 organizagdo astral. Assim, ele 6 portador daquilo que é anfmico no homem, dos processos reflexos, mas ndo daquilo que ocorre no eu, no espirito autoconseiente. Os nervos cerebrais séo aqueles subordinados a organiza- go do eu. Nestes, as atividades das organizacdes etérica e astral se retraem. Podem-se notar, entio, trés areas no Ambito do organismo geral. Na regio inferior atuam principalmente os nervos efetiva- mente impregnados em seu interior pelo organismo etérico, em conjunto com a substancia sangiifnea, que se submete principal: mente & atividade da organizagao do eu. Durante o perfodo do desenvolvimento embrionérioe pés-embrionério, encontra-se nessa regio o ponto de partida para a formacao de todos ps érgaos rela- cionados com a vivificacdo interior do organismo htimano, Duran- te a fase embrionéria, essa regido, ainda fraca, é suprida pelas influéncias vivificantes e plasmadoras do organismo materno envolvente. Depois é preciso considerar uma regiéo mediana, onde (0 6rgaos nervosos, influenciados pela organizagéo astral, atuam em conjunto com os processos sangitineos, que também dependem dessa orgenizaco astral e, em sua parte superior, da organizacao etérica. Durante o perfodo formativo do ser humano, encontra-se gui o ponto de partida para a formagéo dos érgaos mediadores da mobilidade interior e exterior — por exemplo, para toda a forma- ao dos masculos, mas também para todos os érglios que no sho propriamente miisculos mas, mesmo assim, causam mobilidade. Arregido superior 6 aquela onde os nervos que estdo sob oefeito da atuacdo organizadora interna do eu interagem com os processos sangtifneos que possuem forte tendéncia a passar ao estado mine ral, sem vida, Durante o periodo embriondrio, encontramos aqui o ponto de partida para a formacao dos ossos ¢ para tudo o que, no corpo humano, serve de apoio. ‘$6 6 possivel compreender o cérebra humano quando s segue reconhecer nele a tendéncia & formagao dssea interrompida em seu momento de origem; e s6 se pode compreender a formagaio 6ssea quando nela se consegue reconhecer um efeito impulsionador de formagéo cerebral levado até seu fim, permeado de fora pel impulsos da regiao mediana do organismo, onde os érgios nervo- sos de influéncia astral interagem com a substéncia sangitinea de influéncia etérica. A cinza dos ossos, que permanece com sua con- figuragio prépria quando o osso 6 tratado por meio de combustio, 35 EE contém os efeitos da regio mais elevada da organizacdo humana. Na substéncia cartilaginosa, obtida quando se trata 0 osso com Acido cloridrico dilufdo, obtém-se o resultado dos impulsos da re- giao intermediaiia. O esqueleto é a imagem fisica da organizagdo do eu. Na for- macéo dssea, a substéncia humana orgénica tendente ao estado mineral, sem vida, sucumbe totalmente & organizagao do eu. No cérebro, o eu esta ativo como entidade espiritual; mas ali sua forca plasmadora, que atua no fisico, é completamente dominada pela forga organizadora etérica, e até mesmo pelas forcas préprias do mbito fisico. A forea plasmadora do eu alicerga o eérebro apenas Jevemente; ela submerge no processo vital e nos efeitos fisicos pré- prios. E essa é a razio pela qual o cérebro é 0 portador da atuagao espiritual do eu, pois ndo requisita a atuagéo fisico-organica da organizacdo do eu, e por isso esta pode atuar livremente como tal Em contrapartida, 0 esqueleto ésseo é a imagem fisica perfeita da organizacdo do eu; mas esta se esgota na organizacdo fisica, de modo que nada Ihe resta como atividade espiritual. Por isso os rocessos nos oss0s so os mais inconscientes. Ogés carbonico expelido durante o processo respiratério ain- da é uma substancia viva dentro do organismo; ele é atingido pela atividade astral ancorada no sistema nervoso intermediério ¢ eli- minado para o exterior. A parte do gés earbonico que, junto eom 0 metabolismo, vai para a cabeca tende a passar & influéncia da oxganizagao do eu ao combinar-se com o edlcio, Dessa forma, sob influéneia dos nervos cerebrais impulsionados interiormente pela organizacao do eu, 0 carbonato de célcio é levado ao caminho da formacio dssea. As substdncias miosina e miogénio, oriundas dos alimentos, tem tendéncia a depositar-se no sangue; trata-se, inicialmente, de substancias determinadas pelo ambito astral e que estéo em interagao com o sistema nervoso simpatico, organizado interior- mente pelo corpo etérico. Essas duas substdncias protéicas sto tomadas parcialmente pela atividade do sistema nervoso interme- didrio, que esta sob influéncia do corpo astral. Por isso elas tem afinidade com produtos de decomposigao protéica, com gorduras, com aeticar e com substéncias similares ao agticar. Isto lhes possi. bilita chegar ao eaminho da formagio dos masculos, sob influéncia do sistema nervoso intermediario. 36 Vil Aesséncia dos efeitos curativos A organizacao humana global nao é um sistema coeso, cons- titufdo angiomas que interagem reciprocamente. Se 0 fosse, n&o poderia ser portadora dos elementos animico e espiritual. Estes 86 podem ter o organismo humano como fundamento porque ele se decompée continuamente ou estd a caminho da atividade mineral, sem vida nas substancias nervosa e éssea e nos processos dos quais te gine Pt emt diam para a Terra; ela simplesmente se decompée. Por isso as atividades etéricas — que, partindo dos objetos e dos processos do meio ambiente exterior, penetram através dos sentidos —, como também aquelas que se formam pelo uso dos érgios de movimen- ‘to, podem utilizar os nervos como érgaos ao longo dos quais elas se re or todo o corpo. gao da substéncia protéica e o de perfusao dessa substancia de- composta com substancia etérica; acidos, sais, substancias fosféricas esulfurosas estimulam essa substancia decomposta a circular. As gorduras e a égua propiciam o equilibrio entre esses dois processos. mente continua. Essa compensagao ocorre nao apenas pelo fatode atividades metabélicas, mas também porque compete a ele uma atividade sanadora permanente, que se op6e aos processos nervo- 308 wes de doencas. que em sentido mais restrito servem ao crescimento e ao meta- bolismo. As origens da atividade sanadora do sangue situam-se no teor de ferro encontrado ao exame dos glébulos vermelhos. 7 Por isso o ferro também aparece no suco gastrico e, como éxido de ferro, no quimo. Em todos esses locais sio eriados mananciais de processos de efeito compensatério em relagio aos processos hervosos. Examinando-se o sangue, o ferro se apresenta como o tinico metal que, dentro do organismo humano, tem tendéncia a crista- lizagdo. Desse modo ele faz valer as forgas naturais externas, fis cas, minerais. Blas eonstituem, no interior do organismo humano, uum sistema de forgas orientado no sentido da natureza exterior, fisica. Esse sistema de foreas, no entanto, é continuamente supe- rado pela organizagéo do eu. preciso lidar com dois sistemas de forgas. Um deles se ori- gina nos processos nervosos, e o outro na formagao do sangue. Nos processos nervosos se desenvolvem processos que causam Goencas, atingindo o nivel em que continuamente podem ser cu- rados pelos processos do sangue que se lhes opéem. Os processos nervosos so aqueles que séo produzicos pelo corpo astral na subs- tania nervosa, e, assim, no organismo todo. Os processos do san- gue sdo tais que a organizacdo do eu no interior do organismo humano se confronta com a natureza fisiea exterior, que prosse- gue para a interior deste e é submetida & configuracdo dessa or- ganizacdo do eu. Nessa inter-relacio se pode perceber, de maneira imediata, 0s processos do adoecimento e da cura. Estamos diante da doenca quando os processos produzidos em seu grau normal pela atuacéo dos nervos aparecem intensificados no organismo, Poder4 ocorrer 2 cura se a esses processos conseguirmos opor aqueles quesse apre- sentam como reforgos dos efeitos da natureza exterior dentro do organismo, desde que esses efeitos da natureza exterior sejam dominados pela organizagéo do eu e atuem compensando os pro- cessos que se orientam em sentido oposto ao seu. O leite tem apenas uma pequena quantidade de ferro; como tal, 6 a substancia cujos efeitos apresentam o menor poder atogénico, O sangue precisa suportar contintiamente tudo o que causa doenga; por isso ele necessita, como medieamento perma- nentemente ativo, do ferro organizado, isto 6, do ferro incorporado A organizagdo do eu —a hematina, E necessdrio reconhecer inieialmente até que ponto a orga- nizagdo astral atua no sentido de provoear uma decomposieao da protefna em qualquer local do organismo, do mesmo modo como 38 isso é causado normalmente pela organizacéo dos nervos; s6 en- tao se pode encontrar o medicamento que deve atuar num estado patolégico existente na organizagdo interior, bem como num de causa exterior mas que se desenvolva no interior do organismo. Suponhamos que se trate de estagnagbes no abdome, Pelas dores que se manifestam, podemos pereeber uma atividade excessiva do corpo astral. No caso caracterizado, isto ocorre, portanto, no organismo intestinal. . Em seguida cabe perguntar: como se consegue compensar atuacdo astral intensificada? Isto pode ser feito levando-se para 0 sangue substéncias que possam ser captadas pela parte da organi- zacdo do eu que atua no organismo intestinal. Trata-se do s6dio ¢ dbo potéssio, Administradas ao orgenismo sob forma de um prepe- rado, ou por meio de uma substéncia vegetal — por exemplo, Anagalis arvensis —, retira-se do corpo astral sua atuagho nervo- 'sa excessiva, transferindo-a para a atividade das substancias men- cionadas, captadas pela organizagio do eu a partir do sangue. Quando se emprega a substéncia mineral, é preciso euidar para que esses metais sejam levados corretamente a cireulagio sangilinea pela adiedo de outras substancias, ou melhor, median- te um preparado em que o potdssio ou o sédio 6 combinado com 0 enxofre, de maneira que 2 metamorfose da protefna seja contida antes de sua decomposicao. O enxofre tem a propriedade de servir a inibieéo da decomposigao da proteina, mantendo unidas, por assim dizer, as foreas organizadoras da substancia protéica. Quan- do ele penetra na circulacdo sangitinea combinado com o potassio ‘ou com o sédio, seu efeito seré no local onde o potassio ou 0 sédio apresentam uma atracio especial por certos érgaos. Isto acontece nos érgaos intestinais. 39 Vi Atividades no organismo humano Diabetes Mellitus Por intermédio de todas as suas estruturas, 0 organismo humano desenvolve atividades que s6 podem ter seus impulsos nole mesmo. O que ele absorve do exterior deve ser a mera mot! vagio para que ele possa desenvolver sua prépria atividade, ou ents deve agir no corpo de maneira tal que a atividade estranha no se distinga de uma atividade do seu interior assim que pene- tre no corpo. A alimentagdo necesséria ao homem contém, por exemplo, carboidratos. Em parte, estes so semelhantes ao amido, e come tais sio substancias que desenvolvem sua atividade nas plantas Bles adentram o orgenismo humano no estado que podem alcan garna planta. Nese estado, o amido um eorpo estranho, O orga, nismo humano nao desenvolve atividade alguma eorrespondente Aquela de que o amido é eapaz ao chegar ao corpo. Por exemplo, 0 que 6 produzido no figado humano como uma substancia seme. Ihante ao amido (glicogénio) é algo totalmente diferente do amido vogetal. Por outro lado, a glicose é uma substancia que estimula atividades do mesmo tipo que as atividades do organismo hum. no. Por iss0 0 amido nao pode, neste sltimo, permanecer tal qual é Para desenvolver uma atividade que tena importéneia pare 0 corpo, © amido tom de ser transformado. Ao ser impregnado pele ptialina da cavidade oral, ele se transforma em agticar A proteina e a gordura néo séo modificadas pela ptialina Blas chegam ao estémago como substancias estranhas. Neste, sob aco da pepsina secretada pelo estémago, as substancias protéicas so transformadas de modo que os produtos de seu catabelismo cheguem as peptonas — cubstaneias cujos impulsos de atividade coincidem com os do corpo. Em eompensacéo, a gordura no sofre alteragao alguma no estdmago; la s6 6 transformada pelo produte da secreeio panerestica, dando origem a subst&ncias que no orga, nism morto aparecem como glicerina e éeidos graxoe 0 A transformago do amido em agtear, contudo, estende-se por todo processo digestivo. Se o amido jé ndo foi transformado pela ptialina, ele ainda é transformado pelo suco géstrico. Quando ocorre @ transformagao do amido pela ptialina, 0 processo se encontra no limite daquilo que, no ser humano, ocorre no ambito da organizagdo do eu, nomeada no capftulo II. Em sua esfera ocorre a primeira transformacdo do que é absorvido do ex- terior. A glicose é uma substancia que pode atuar na esfera da organizacdo do eu; ela earresponde ao sabor doce, e tem sua exis- teneia na organizagéo do eu. Quando se produz agiiear pela atuacdo do suco géstrico no amido, isto significa que a organizacdo do eu penetra na esfera do sistema digestivo. Entao o sabor doce nao existe para a conscién- cia; no entanto, o que ocorre na consciéncia — na esfera da organi- zacdo do eu—durante a sensacao ‘doce’ penetra nas regides incons- cientes do corpo humano, e a organizacao do eu se torna ativa ali No sentido do capitulo Il, temos de considerar inicialmente o corpo astral nas regides inconscientes. Quando o amido é transfor- mado em agticar no estémago, estamos diante de uma atividade do corpo astral 0 homem s6 pode estar eonsciente devido ao que, em sua organizacdo do eu, atua de maneira tal que nada a domine nem perturbe, para que ela possa desenvolver-se plenamente, Isto ocorre nna esfera em que se encontram as atuagées da ptialina. Na esfeva de atuacéo da pepsina, o corpo astral predomina sobre a organiza- cao do eu. A atividade do eu submerge na astral. Assim, podemos acompanhar a organizacao clo eu no Ambito material pela presen- ca de glicose. Onde hé glicose estd a organizacéo do eu; onde se produz glicose, aparece a organizagdo do eu para orientar a corpo- ralidade sub-humana (vegetativa, animal) em direeéo & humana. No Diabetes mellitus, a glicose aparece como produto de ex- crecdo, Trata-se da presenea da organizacéo do eu, no organismo humano, de uma maneira pela qual essa organizacdo tem um elei- to destrutivo. Ao investigarmos qualquer outra regido de atuacao da organizagao do eu, notamos que esta submerge na organizacéo astral. A glicose saboreada se localiza imediatamente na organi- zacdo do eu, provocando ali o sabor doce. O amido saboreado e transformado em agticar pela ptialina ou pelo suco gstrico evi- deneia que, na cavidade oral ou no estémago, o corpo astral atua em conjunto com a organizacdo do eu e a domina a1 Mas o sangue também contém glicose. Cireulando por todo 0 corpo e contendo glieose, o sangue leva consigo a organizagao do cu através daquele. Pela atuacdo do organismo humano, contudo, essa organizagdo do eu é mantida em seu equilfbrio em qualquer local. No capitulo II ficou evidente que, além da organizacao do eu e do corpo astral, ainda estao presentes na entidade humana 03 corpos etérico e fisico. Também estes recebem a organizacéo do eu ea mantém dentro de si. Enquanto isto ocorrer, nao haveré elimi- nacéo de glicose pela urina. A forma como a organizagao do eu pode viver sustentando a glicose mostra-se nos processos do orga- nismo vineulados ao agiicar. Na pessoa sadia, pode aparecer glicose na urina somente depois de ingestéo exeessiva de acticar, ou apés 0 consumo exage- rado de alcool, o qual, pela néo-formacao de produtos de transfor- magdo, penetra nos processos do corpo, Em ambos os casos 0 pro- cesso do agticar aparece de maneira auténoma, ao lado dos outros processos no homem., No Diabetes mellitus, a organizagdo do eu é to atenuada ao submergir nas éreas de atuacdo astral e etérica que nao consegue mais ser ativa em sua atuacdo na glicose. Entao o que deveri acontecer com a glicose por intermédio da organizagao do eu ocor- re através das regides astral e etérica. ‘Tudo o que arranca a organizagao do eu da atuag&o pela qual esta intervém na atividade do corpo — como, por exemplo, emo- ges que néo se apresentam isoladas, mas repetidamente, sobre- cargas intelectuais, carga hereditaria impedindo uma incorpora- go normal da organizacao do eu no organismo geral — promove 0 Diabetes. Por sua vez, tudo isto esta vinculado ao fato de na orga- nizagdo da eabega ocorrerem os processos que, em realidade, deve- riam ser paralelos & atividade animico-espiritual; mas, por essa atividade acontecer de modo demasiado répido ou muito lenta- mente, eles deixam de fazer parte desse paralelismo. O sistema nervoso pensa, por assim dizer, de modo auténomo, paralelamen- te ao homem pensante, Porém esta é uma atividade que o sistema nervoso deveria realizar apenas durante sono. No diabético ocorre, paralelamente a vigilia, uma espécie de sono nas profundezas do organismo, Por isso é que aparece uma degeneracio do sistema nervoso no quadro evolutivo do Diabetes. Bsta é uma conseqién- cia da interferéncia insuficiente da organizagéo do eu. 2 ‘Uma outra manifestagao colateral dos diabéticos 6 a forma- a0 de farimculos. Os furineulos originam-se por um exeedente na regido da atividade etérica. A organizagéo do eu falha onde deveria atuar. A atividade astral ndo consegue desenvolver-se, porque justamente num local como esse ela s6 tem forea quando est em sintonia com a organizagéo do eu. A consegtiéncia é 0 excesso de atuagéo etérica, que se manifesta na formacéo de fu- riineulos. ‘Tudo isso mostra que s6 se consegue iniciar um proceso de cura para o Diabetes mellitus quando é possivel fortalecer a orga- nizagdo do eu. 43 O papel da protefna no corpo humano ea albuminuria A protefna 6a substéncia do corpo vivo possivel de ser trans formada do modo mais variado posstvel pelas foreas plasmadoras deste, de maneira que o resultado da substancia protéiea trans- formada apareca na forma dos érgios ede todo o organismo. Para poder ser utilizada desse modo, a protefna deve ter a propriedade Ge perder a configuracio resultante da natureza de seus compo- nentes materiais no momento em que é convoeada a servir a0 organismo numa forma exigida por ele A pattir disso, pode-se reconhecer que as foreas da proteina, resultantes do hidrogénio, do oxigénio, do nitrogénio e do carbone © de suas relagies reciprocas se desagregam. As combinagées de substaneias inorgénicas desfazem-se, eas foreas plasmadaras or. ganicas eomegam a atuar na decomposieso protéica, Essas forgas plasmadoras esto vineuladas ao corpo etérico. Aproteina sempre esta no limiar para ser incorporada & atividade do carpo etérico ou desprender-se dele. A proteina retirada do ot. ganismo ao qual pertencia adquire a tendéncia a transformar-se numa substéineia composta, que se submete as forcas inarganicas do hidrogénio, do oxigénio, do nitrogénio e do carbono. A protefna que continua pertencendo ao organismo vivo reprime essa ten- déncia em si mesma e submete-se as forcas plasmadoras do corpo etérie. > 0 homem absorve as proteinas com os alimentos. A protefna absorvida de fora 6 transformada pela pepsina do estémago até formar peptonas, que sio substdncias protéieas inieialmente soli- vois. Essa transformagao é continuada pelo suco pancredtico. Quando ingerida como alimento, a proteina absorvida é ini- cialmente um corpo estranho no organismo humano. Ela contém 08 efeitos dos processos etéricos do ser vivo do qual foi retirada, Estes t8m de ser completamente removicis, e ela precisa ser in. corporada as atuagdes etérieas do organismo humano. “4 Assim, temos de considerar dois tipos de substancias protéicas no transeurso do processo digestivo humano, No inicio desse prt ‘cesso, a proteina é algo estranho para o organismo humano; no final, é algo préprio dele. Entre esses estados ha um outro, em que ‘a proteina absorvida dos alimentos ainda nao se desfez.completa- mente das atuagdes etéricas anteriores e ainda nao assimilou com- pletamente as novas. Nesse ponto, a protefna é quase totalmente inorganica, estando somente sob a influéncia do corpo fisico hu mano. Este, que em sua forma é um resultado da organizagao do eu, traz em si forgas da atuacao inorganiea —e por isso atua des- truindo o que é vivo. Tudo o que chega a esfera da organizagao do eu vem a morrer. Por isso, a organizacdo do eu incorpora substan- cias puramente inorganicas no corpo fisico, Bstas néo atuam no organismo fisico humano tal qual na natureza sem vida, fora do homem; elas atuam de modo inorganico, isto é, reprimindo. A pro- teina sofre essa repressio na regiao digestiva em que atua a tripsina, um componente do suco panereético. Pode-se notar que est em jogo algo inorganico pela maneira de atuar da tripsina, pois essa substancia desenvolve sua ativida- de com a ajuda de dlealis. ‘Até o encontro do suico pancreético coma tripsina,o alimenta protéico vive como algo estranho ao organismo, de maneira apro- priada ao organismo do qual provém, Em seu encontro com tripsina, a protefna fica sem vida. Podemos dizer que ela fiea sem vida no organismo humano apenas por um instante; entéo ela é incorporada ao corpo fisico em acordo com a organizacéo do eu. Esta, portanto, deve ter a forea para conduzir & esfera do corpo etérico humano aquilo em que se transformou a protein. Assim, a proteina ingerida transforma-se em substancia plasmadora do organismo humano. As atuacées etéricas estranhas, antes vineu- ladas a primeira, sdo eliminadas pelo homem. Para o homem digerir de modo sadio a protefna dos alimen- tos, 6 preciso, todavia, que ele tenha uma organizagdo do eu téo forte que toda a proteina necesséria ao organismo humano poss passar & esfera do corpo etérico. Quando isto no acontece, origi na-se uma atividade excessiva deste, Para exercer sua atividade, © corpo etérico nao recebe uma proteina suficientemente prepa- rada pela organizagéo do eu. A conseqiténcia disto é que a ativi- dade orientada para a vivificagdo da proteina incorporada pela organizagéo do eu apodera-se da proteina que ainda contém efei- 45 — i tos etéricos estranhos. O homem recebe em sew proprio corpo etérico uma soma de efeitos que nao eabem neste, Bstes tém de ser eliminados de uma forma irregular, originando-se uma exerecdo patolégica, __ Essa excregao patolégica apresenta-se como albuminuria. Elimina-se proteina que deveria ser incorporada esfera do corpo etérico, Trata-se de uma proteina que, devido a fraqueza da onga- nizacdo do eu, no passou por aquele estado de transigéo quase sem vida, As foreas que provoeam a excrecao no homem esto ligadas & esfera do corpo astral. Como na albumintiria este é forgado a de- sempenhar uma atividade para a qual néo esté orientado, sua ati- vidade diminui naquelas regies do organismo em que ela deveria desenvolver-se. Isto acontece nos epitélios renais. A lesdo do epitélio renal revela um sintoma do desvio da atividade do corpo astral, que deveria estar voltada para esse epitélio, " Desse contexto pode-se conchuir por onde comegar a cura da albumindria, Trata-se de intensificar a forga da organizacdo do eu no panereas, a qual estd muito fraca, - 6 x A O papel da gordura no organismo humano e os complexos sintomaticos locais ficticios ‘Agordura é a substancia que, ao ser ingerida, menos se apre- senta como uma substancia estranha ao organismo. As gorduras séo as substncias que mais facilmente se integram ao organismo humano a partir do estado que apresentam ao serem ingeridas. Por exemplo, os 80% de gorduras contidos na manteiga passam sem transformacéo pelas regides da ptialina e da pepsina, sendo ‘modificadas apenas pelo suco pancredtico e transformando-se em glicerina e écidos graxos, Esse comportamento da gordura s6 6 possivel porque ela transfere poueo da natureza de um organismo estranho (de stias forcas etéricas, etc.) ao organismo humano. Este pode incorporé- la facilmente & sua propria atividade, Isso advém do fato de a gordura ter um papel muito impor- tante na produgdo do calor interno, No organismo fisieo, a organi- zagio do eu vive preferencialménte nesse calor. Qualquer subs: tncia que se-encontre no organismo humano tem importaneia. pafa 6 organizagdo do eu na medida em que desenvolva calor em ividade. Por todo o seu comportamento, a gordura se revela Gomo uma substéncia que apenas preenche 0 corpo, sendo trans- portada por ele, e que somente interessa & organizacao ativa pelos processos em que se desenvolve calor. Por exemplo, a gordura de tum organismo animal, ingerida como alimento, nada transfere desse organismo animal ao organismo humano a nao ser a facul- dade de desenvolver ealor. Porém esse desenvolvimento de calor é tum dos processos mais tardios do metabolismo. Por isso ela se mantém como gordura ingerida enquanto passa pelos processos iniciais e medianos do metabolismo, sendo absorvida apenas na esfera da atividade corporal interna, nfo antes da abuagdo do suco Bancredtico. “"""O fato de a gordura aparecer no leite humano indica uma atividade notdvel do organismo. O corpo nao consome essa gordu- ‘ra; permite que ela seja transferida para um produto de secreeao. a | Desse modo, porém, também a organizac&o do eu passa para essa gordura. E nisso quese alicerea a forea plasmadora do leite mater- no. A mée transfere suas préprias forgas plasmadoras da organi- | zagdo do cu para a crianea, e ainda acrescenta algo as forcas estruturadoras transmitidas pela hereditariedade. O caminho sadio é aquele em que as forcas plasmadoras hu- manas consomem as reservas de gordura existentes no corpo para desenvoiver calor. Um caminho nocivo ¢ trilhado quando a gordu- ra néo é utilizada pela orgenizacao do eu nos processos de calor, | mas passa ao organismosem ser consumida. Tal gordura constitui um exeedente, pela possibilidade de produzir calor numa ou nou- tra parte do organiamo. Trata-se de um ealor que interfere em outros processos vitais num ou noutro local do organismo, trans- tornando-os, ¢ néo é abareado pela organizagéo do eu. Surgem, por assim dizer, focos parasitarios de calor que trazem em si a | tendéncia a estados inflamatérios. O aparecimento de tais focos deve ser procurado no fato de o corpo desenvolver a tendéncia a produzir mais gordura do que a organizagéo do eu necesita para vviver no calor interno. No organismo sadio, as forcas animais (astrais) produzivao ou acimulardo tanta gordura quaita' a organizacio do en pudet finsformar em processos de calor, e ainda a quantidade necessa- ‘Wa para maiter'ém ordem a Mecanica muscular e éssea. Nesse caso, seré produzido 0 calor necessario ao corpo. Se as forgas ani- mais levarem pouea gordura & organizaefo do cu, esta passaré a i ter ‘fome de calor’, Bla teré de subtrair das atividades dos érgtios ocalor de que necessita, Em conseqtiéncia disso, estes se tornaréo, por assim dizer, quebradicos, enrijecidos. Seus processos inevité- veis ocorrerao lentamente. Aparecerao processos patolégicos num ou noutro local, nos quais seré preciso reconhecer se sua causa consiste num déficit geral de gordura. Caso.ocorra a outra situagao jé mencionada — o excesso de gorduras, levando a formagao de focos parasitdrios de calor —, 08 Srgdos sero acometidos de tal maneira que sua atividade ultva- passard sta medida, Isso provocaré a tendéncia a uma ingestéo exeessiva de alimentos, que sobrecarrega o organismo. Nem é ne- cessdrio que isto evolua de modo a levar a pessoa afetada a comer ‘exeessivamente. Pode acontecer, por exemplo, que durante a ati- vidade metabéliea do organismo um excesso de substancia seja Ievada para um Srgao da eabeca, faltando aos érgios abdominais e 48 0s processes de seerectio, Ento os érgiios mal abastecidos terao_ uma atividade diminuida. As secrecées glandulares podera nase insulicientes, As partes liquidas do organismo passaréo a ter uma proporcdo nociva em sua mistura, Por exemplo, a secre- gio biliar se tornard excessiva em relacéo & secrecao pancreética. ‘Mais uma vez, é importante reeonhecer como um complexo sinto- mitico localizado deve ser julgado proveniente de uma atividade néo-sadia das gorduras, 9 XI A configurago do corpo humano e a gota _Aabsoreaio da protefna é um processo ligado a uma parte da atividade interna do organismo humano —aguela parte baseada na absoredo de substéncias. Qualquer atividade desse tipo tem como resultado a estrututracdo, o crescimento e a neoformacao de contetido substancial. Tudo o que esteja vinculado as fungdes in- conscientes do organismo pertenee a esse ambito Esses processos defrontam-se com aqueles que constituem as excregées — tanto as que séo exteriorizadas quanto aquelas cujo produto continua sendo elaborado no interior, para a forma- go ou substanciagso do corpo, Esses processos constituem a base material das vivéncias conscientes, A conseiéncia é diminufda pelos processos do primeiro tipo quando estes ultrapassam a medida em que ela pocle ser compensada pelos processos do segundo tipo, ‘Um proceso de excreeao particularmente digno de nota é 6 do dcido tirico, Nessa excrecao est ative 0 corpo astral. Ela tem de ocorrer no organismo inteiro, ocorrendo principalmente pela uring; mas também ocorre, por exemplo, no cérebro, sob forma de uma dispersio fina, Na exeregdo de dcido rico pela urina, esté ativo prineipalmente o corpo astral; a organizacao do eu participa de maneira secundaria, Na exerecdo de Acido tiico pelo eérebro, esté ativa em primeira linha a organizagao do eu, e 0 corpo astral se retrai. ___ Acontece que, no organismo, o corpo astral é o mediador da atividade da organizacao do eu em relagéo aos corpos etérico & fisieo. Essa atividade deve levar as substancias e as forgas sem vida aos 6rgos. Somente devido a essa impregnagéo dos érgaos com substéncias inorganicas 6 que o ser humano pode ser a enti- dade consciente que realmente 6. Substéncia orgénica e forcas orgénicas reduziriam_a consciéneia humana.ao, nivel. animal, “~Katividade do corpo astral prepara os érgaos para receber 0s depésitos inorganicos da organizagao do eu. Este 6, por assim dizer, o desbravador do eaminho deles. 50 Pode-se notar que a atividade do corpo astral predomina na parte inferior do organismo humano. O écido irico e as substan- cias a ele relacionadas nao devem ser absorvidas pelo organismo nessa regido; elas devem ser excretadas em abundancia, Por in- fluéncia dessa excrecdo, evita-se a impregnagéo com o aspecto inorganico. Quanto maior 6 a excrecdo de Acido tirieo, maior é a atividade do corpo astral e menor a atividade da organizacéo do eu, e, consegtientemente, a impregnacdo com matéria inorganica. ‘No cérebro, a atividade do corpo astral é reduzida. Excreta- se pequena quantidade de deido tirico; em compensagao, é deposi- tada uma quantidade maior de material inorgdnieo, no sentido da organizagéo do eu. A organizacdo do eu néo consegue veneer grandes quantida- des de dcido tirico; estas tém de submeter-se a atividade do corpo astral. Pequenas quantidades de Acido tivieo passam & organiza- gio do eu e entao formam a base para a configuracdo do que é inorgénico, no sentido dessa organizagao. ‘No organismo sadio deve reinar a economia correta na distri buigéo do Acido tirico para cada regio. A organizacdo neuro-sen- sorial deve receber apenas uma quantidade de°dcido Grico sufi- ciente para que possa ser utilizada para a atividade do eu; na or- ganizaco do metabolismo e das extremidades essa atividade deve ser reprimida, ea atividade astral deve poder desenvolver-se numa secregio abundante de écido rico. ‘Como o corpo astral é 0 desbravador da trajetéria da ativi- dade do eu nos érgaos, temos de considerar a deposicao de acido iirico corretamente distribufda uma parte essencial da satide hu- ‘mana; pois ela expressa a presenca de uma relacao correta entre a organizagao do eu e o corpo astral em qualquer érgéo ou siste- ma orgénico. ‘Suponhamos que num érgao qualquer, em que a organizagéo do eu deveria prevalecer sobre a atividade astral, esta titima pas- sasse a dominar. Isto 86 € possivel num érgaoem que a excrecéo de Acido tirico seja impossivel além de determinado grau, pela pré- pria caracteristica desse 6rgao. Entéo o mesmo fica repleto de dci- do tirico néo dominado pela organizacdo do eu. Mesmo assim, 0 corpo astral comeca a provocar a excreeao. Coma nesses locais néo existem érgdos exeretores, 0 dcido rico é depositado no préprio organismo, em vez de ser eliminado. Se ele chega a locais do orga- 51 nismo em que a organizaeso do eu nao consegue intervir sufic 'emonte, temos enigomatérias inorganieas isto6 alge potivente apenas & organizagao do eu e que esta, no entanto, deixa ao onear. 80 da atividade astral. Originam-se focos em que procossos sub. hhumanos (animais) se introduzem no organismo huumano soda a8 ent da gota. Quando se diz que muitas vezes esta losenvolve devide a tencléncias herdadas, isto ocorre porgue na Predomindncia das foreas da hereditariedade o aapecto astral, Enimal, tome-se petienlarmente ative, fazendo reeuar endo & Pode-se compreender isto melhor quando se procura a ver- dadeira eausa no fato de, pola ingestao de alimentos, penetrarem zo corpo humano substancias que nao conseguem perder sou ca. “der de substdncias estranhasno interior do organisino, pela at Taiade desto.Devido a uma fraca organizagéo do eu, elas nto ako atvidad sts Una carvlogem sted ea noo st cartilagem articular ou uma par i ‘onjuntivo 6 pode ser sobrecarregada com delle aries oe significa uma sobreearga com matéria inorginiea — quando nes. seeparies do corpo a atividade do eu fia ards da stuagio astral, Goma. forma global do orgenisme amano ¢ um resultado de organitagio do eu, deve surgir uma deformidade nos érgios om aiiéncia da irregularidade caracterizada, Nessa situagh organismo humano tende a perder sua forma. mee F om 52 Fro4u's

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