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Papiloscopia - 2

Créditos: Clemil José Araújo – Papiloscipista Policial Federal

Papiloscopia 2 – Módulo 1
SENASP/MJ - Última atualização em 03/03/2010
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Apresentação

Na Unidade 1 do curso Papiloscopia você estudou os elementos técnicos de


papiloscopia, sem deixar de tratar dos aspectos históricos, éticos e legais.

Agora, nesta unidade (Papiloscopia 2) você estudará sobre os sistemas biométricos, o


confronto de impressões papilares, a perícia papiloscópica e o laudo papiloscópico.

Ao final deste curso, você deverá ser capaz de:

► Reconhecer as contribuições da biometria para identificação humana;

► Identificar os sistemas utilizados para identificação humana;

► Compreender os aspectos conceituais relacionados ao levantamento, ao


confronto e a revelação de impressões papilares;

► Descrever o processo de levantamento e de confronto de impressões


papilares utilizando as classificações estudadas;

► Enumerar os procedimentos utilizados na perícia papiloscópica.

► Enumerar as etapas do laudo papiloscópico.

Este curso está dividido nos seguintes módulos:

Módulo 1 - Sistemas Biométricos

Módulo 2 - Levantamento e confronto de impressões papilares

Módulo 3 - Perícia papiloscópica

Módulo 4 - Laudo papiloscópico

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Módulo 1

Sistemas Biométricos

Apresentação

Antes iniciar o estudo desse módulo acesse alguns vídeos sobre biometria
disponíveis no You Tube.

Além observar as tecnologias que estão sendo utilizadas, poderá verificar a sua
aplicação. Isto o ajudará no estudo do módulo.

Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:

► Descrever os principais sistemas de Identificação Biométricos;

► Enumerar as funções do AFIS e identificar as diferentes partes que o


compõe.

O conteúdo deste módulo está dividido em 3 aulas:

Aula 1 - Noções de Biometria

Aula 2 - Tipos de Sistemas Biométricos

Aula 3 - Sistemas Automáticos de Impressões Digitais (AFIS)

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Aula 1
Noções de Biometria

Principais tópicos desta aula

► O que é Biometria
► Metodologia utilizada pela Biometria
► Identificação x Verificação
► Aplicações da Biometria

O que é Biometria

Segundo Vergini (1999, p. 9), “Biometria significa, literalmente, medida da vida. No


mundo da segurança ou da Criminalística, refere-se aos métodos automatizados
usados para identificação de pessoas com base em suas características físicas únicas
ou aspectos comportamentais.”

Metodologia utilizada pela Biometria

Com a evolução dos estudos relacionados à Biometria, sua aplicação deixou de ser
voltada para simples procedimentos de segurança, como a autenticação de usuário,
passando a ter efetiva utilidade na investigação criminal, exigindo para tanto a
adoção de métodos e procedimentos adequados.

Fases da metodologia:

Primeira fase: registro dos dados antropométricos, coletando digitalmente, voz, íris,
imagem da face, impressão digital e outros;

Segunda fase: conversão das características em um padrão único para


armazenamento como dado numérico criptografado;

Terceira fase: confronto entre o padrão armazenado e o coletado em tempo real.

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Como a coincidência entre os dados gravados e o questionado dificilmente será
total, pois quanto mais tempo passar entre as duas verificações, maior a
probabilidade de erro. O sistema terá de ser programado para um grau de tolerância
suficiente para evitar rejeições e fraudes.

Identificação x Verificação

As técnicas de identificação por meio da Biometria podem ser adotadas de duas


formas:

Primeira
É a verificação da identidade do usuário. É a mais simples de ser implementada.

Descrição:

O usuário apresenta-se como uma determinada pessoa caso, o usuário terá acesso ao
que é restrito. Sistemas desse tipo são chamados de “1:1” (um por um), pois a medida
biométrica que se apresenta é simplesmente checada com o que foi registrado no
banco de dados, durante o cadastro desse usuário. Os exemplos desse tipo de
sistema basicamente se resumem àqueles que poderiam funcionar com o tradicional
esquema nome de usuário/senha, como o login em redes e aplicativos ou a
liberação de travas e o sistema confere a veracidade da informação. Se for o de
portas elétricas de ambientes restritos.

Segunda
É a procura da identificação de alguma pessoa. Demanda maior tempo de
processamento.

Descrição:

A identificação refere-se aos casos em que se o usuário apresenta um dado


biométrico, como um fragmento de uma impressão digital, por exemplo. O sistema
terá de capturar este dado, tratá-lo, convertê-lo para a sua lógica, varrer o seu banco
de dados, a fim de verificar, entre aqueles que já foram registrados e arquivados,
quais apresentam maior taxa de coincidência de características identificadoras com o
dado pesquisado. Finalmente, apresenta uma lista para que um técnico decida se a
identidade foi obtida ou não.

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Aplicações da Biometria

A aplicação da Biometria na segurança é promissora, podendo diminuir o custo de


administração. O assunto Biometria e suas imagens vivas têm atraído a atenção de
muitos. Um conjunto extraordinário de sistemas biométricos, baseados em
características únicas oferecidas por diferentes partes do corpo humano, vem sendo
desenvolvido.

A tecnologia da Biometria utiliza o corpo como senha: dispositivos confirmam a


identidade de uma pessoa pela comparação precisa entre a característica biológica
apresentada e o respectivo registro da imagem digital.

O identificador biométrico pode ser:

► Físico (impressão digital, contorno do rosto ou da mão, padrão da retina


ou da íris) ou;

► Comportamental (padrão da voz ou da emissão acústica e da escrita).

Outros identificadores menos comuns estão sendo testados, como as linhas dos nós
dos dedos, as veias das mãos, a ressonância acústica da cabeça e o odor do corpo.

A imensa quantidade de senhas e números de contas atribuídos a um indivíduo para


que desempenhe as atividades na sociedade moderna, está sufocando usuários e
organizações. Os usuários pedem a liberdade dessas amarras e as organizações, a fim
de terem de administrar sistemas de segurança diante dessa complexa realidade.

A Biometria oferece a possibilidade de salvaguardar ativos de informação por meio


de um identificador teoricamente irrefutável e sempre presente: aquilo que o
usuário é.

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Aula 2
Tipos de Sistemas Biométricos

Principais tópicos desta aula

► Reconhecimento da face

► Identificação pela íris

► Reconhecimento pela retina

► Reconhecimento da voz

► Geometria das mãos, palmas e dedos

► Reconhecimento da assinatura escrita

► Reconhecimento da dinâmica da digitação

► Identificação pela cadeia de DNA

► Tecnologias futuras

Existem várias tipos de sistemas biométricos. Para implantá-los são necessários


equipamentos especiais e softwares que tratem os dados capturados. De forma
generalizada, todos funcionam sobre os mesmos princípios, mas para cada caso, o
hardware e o software devem ser otimizados para o elemento biométrico adotado.

A seguir, você estudará os principais tipos de sistemas biométrico existentes.


Alguns já existem comercialmente e estão em funcionamento em algumas empresas;
outros são bem mais específicos e implementados em casos particulares. Ainda há
tipos de sistemas biométricos que estão em estudo ou que ainda são muito caros,
mas poderão fazer parte de nossa realidade no futuro.

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São eles:

► Reconhecimento da face
► Identificação pela íris
► Reconhecimento pela retina
► Reconhecimento da voz
► Geometria das mãos, palmas e dedos
► Reconhecimento da assinatura escrita
► Reconhecimento da dinâmica da digitação
► Identificação pela cadeia de DNA

Reconhecimento da face

Para reconhecer o rosto de uma pessoa, os programas mapeiam basicamente a


geometria e as proporções da face. Ao contrário do que muitos imaginam, os
programas de reconhecimento podem identificar corretamente uma pessoa mesmo
que ela tenha mudado o corte ou a cor do cabelo, ou acrescente, sem exageros,
acessórios como chapéu, óculos, barba ou bigode.

O software de reconhecimento registra vários pontos delimitadores na face,


capazes de definir proporções, distâncias, tamanhos e formas de cada elemento
do rosto, como olhos, nariz, queixo, maçãs do rosto, orelhas, etc. Esses pontos
identificam um usuário e, dependendo do grau de precisão que o usuário exigir do
sistema, podem reconhecer sósias como pessoas distintas. É possível ainda
configurar o sistema para que ignore vários pontos do mapeamento, quando
estiverem encobertos, como em casos de barba muito grande ou orelhas
completamente escondidas, entre outros exemplos. Assim como nós humanos,
somos capazes de reconhecer alguém mesmo que ele esteja mudado sutilmente
com novos óculos, brincos, bigode, maquiagem ou pelo envelhecimento, o
programa de reconhecimento pode prender-se a detalhes decisivos que identificam
o rosto da pessoa.

Para fazer o reconhecimento são necessários uma pequena câmera para a captura
da imagem do rosto e o programa para o processamento da imagem.

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Identificação pela íris

O padrão da íris do olho humano (a parte colorida dos olhos, em torno da pupila)
guarda uma imagem muito complexa e, assim como a impressão digital, é única em
cada pessoa. Lentes e óculos não muito escuros podem ser usados sem
comprometer o desempenho do reconhecimento.

Para implementar esse tipo de sistema biométrico, são necessários uma câmera e o
programa. Assim como acontece com os demais sistemas, uma câmera
monocromática é mais que suficiente, pois as cores não são significativas para a
identificação, mas, sim os contornos e padrões geométricos.

Reconhecimento pela retina

Esse método é semelhante ao da íris. A retina é a parte do fundo do olho, uma


camada interna composta por vasos sangüíneos que desenham um padrão único e
pessoal.

A imagem da retina forma um padrão que é o mais preciso entre todos os métodos
biométricos. A captura dessa imagem, entretanto, é difícil e incômoda, pois é
necessário que o usuário olhe fixamente para um ponto luminoso de infravermelho
até que a câmera focalize os padrões e os capture.

Reconhecimento da voz

Para esse método, é necessário um microfone ou telefone que capture a voz do


usuário. O programa de identificação faz uma análise dos padrões harmônicos e não
simplesmente uma comparação entre reproduções de uma mesma fala. Essa
característica é importante para evitar tentativas de fraude, com o uso de gravadores,
por exemplo. Os sistemas mais recentes solicitam que o usuário fale, em voz alta,
uma seqüência aleatória de números ou uma frase qualquer, inviabilizando também
a tentativa de uso de voz gravada em fita cassete.

A maior dificuldade para o uso dessa tecnologia é que ruídos do ambiente e o


estado emocional momentâneo da pessoa comprometem a precisão do
reconhecimento. É relativamente comum o usuário legítimo ser recusado pelo
sistema caso ele esteja rouco, fatigado ou exaltado demais. Para que o sistema seja
menos sensível a essas alterações, é interessante que, no cadastro do usuário, seja

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feita uma coleta de várias frases lidas em voz alta, que seriam capazes de identificar
um modelo acústico pessoal e de forma única. Embora implique maior precisão, se-
essa coleta for muito extensa, pode entediar ou irritar o usuário, além de tornar o
processo posterior de autenticação mais demorado.

Geometria das mãos, palmas e dedos

Trata-se de três sistemas distintos que têm funcionamento análogo. Todos utilizam
um scanner especialmente desenhado para capturar a imagem desses três
elementos biométricos.

Para a leitura da geometria da mão, o scanner possui guias que se assemelham


a pinos que se encaixam entre os dedos. Essas guias facilitam o reconhecimento
do desenho da mão. O sistema calcula e registra as proporções entre os dedos e as
articulações, que são decisivas para identificar a pessoa.

O reconhecimento dos dedos restringe-se à identificação do formato de um ou dois


dedos, a proporção entre as articulações e o cálculo das áreas. O scanner captura
uma imagem tridimensional dos dedos que é convertida em um modelo geométrico.

No caso da palma da mão, o sistema é focado no desenho das linhas, saliências e


outros detalhes, o que o faz muito parecido com os sistemas de reconhecimento de
impressões digitais.

Reconhecimento da assinatura escrita

Em nossa cultura, a assinatura pessoal é amplamente aceita como uma forma de


autorização do usuário. Cheques, comprovantes de compra com cartões de crédito
ou débito e outros documentos são validados com o simples ato de assiná-Ios.

Uma das dificuldades desse tipo de técnica é que a assinatura de uma pessoa varia
consideravelmente, dependendo do momento, das circunstâncias e conforme o
passar dos anos. Uma alternativa para aumentar a precisão do reconhecimento é
fazer com que o usuário se registre no sistema com várias amostras de assinaturas ou
repita a escrita a cada assinatura recusada, durante um processo de verificação.
Embora necessárias, essas repetidas tentativas podem ser constrangedoras e
prolongam o tempo de autenticação do usuário.

E, para piorar, a cada recusa, o usuário tende a mudar o comportamento da escrita


(para caprichar mais na letra ou, por nervosismo, comprimir mais a caneta), o que
pode comprometer o reconhecimento pelo computador.

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Reconhecimento da dinâmica da digitação

Outra forma relativamente barata de ser implementada que autentica o acesso a um


computador ou sistema é uma análise baseada na forma como a pessoa digita seu
nome e senha. O ritmo da digitação - identificado pela velocidade, espaço de tempo
entre o acionamento de cada tecla, intensidade da pressão, tempo em que se
mantém pressionada cada tecla e tempo de liberação delas - é difícil de ser imitado
por um usuário ilegítimo e, mesmo que se tenha conhecimento da senha da pessoa
dificilmente terá permissão de acesso.

Ao contrário das demais alternativas, o reconhecimento da digitação não requer


hardware adicional. Basta um teclado, que pode ser o mesmo já utilizado na
empresa, além do software que analisa e identifica o ritmo da digitação. Esse tipo de
técnica pode ser adotado em redes corporativas, de forma bastante natural, pois é
transparente para o usuário.

Identificação pela cadeia de DNA

Desenvolvido em 1985, na Universidade de Leicester, Inglaterra, pelo cientista Alec


Jeffreys, que descobriu que os pares de bases, substâncias químicas que se
combinam para formar o DNA (ácido desoxirribonucléico), se agrupam em
seqüências que se repetem de modo diferente de pessoa para pessoa, permitindo
identificar comparativamente a cadeia de genes contida na molécula de DNA de um
indivíduo. A pesquisa inicial baseou-se no fato de que o DNA é um elemento que
contém em si informações genéticas de cada pessoa, com as suas características
individualizadoras, permitindo comparações como se fosse uma impressão digital.
Por isso a técnica foi batizada pelo seu criador com o nome de Impressão Genética.

Importante!

Da mesma forma que não existem duas impressões digitais iguais, não há dois
indivíduos com a mesma estrutura de DNA, exceto no caso de irmãos gêmeos.
Assim, excluída a hipótese de gêmeos suspeitos de um mesmo crime, a possibilidade de
que duas pessoas tenham a mesma estrutura genética é de “uma em bilhões”. Ou seja,
uma possibilidade de coincidência tão remota quanto as chances de se encontrar duas
impressões digitais iguais em pessoas diferentes, conforme comprovou o cientista que
desenvolveu a técnica que permitiu a comparação dos genes.

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Ainda estudando sobre identificação pela cadeia de DNA, o trabalho consiste em
submeter o material coletado – uma gota de sangue, saliva, esperma, fios de
cabelo, etc. – no local do crime ou na vítima, a um bombardeio de raios em um
equipamento apropriado, em um laboratório, isolando-se as células ali
existentes. Dessa forma, chega-se a uma estrutura de DNA, que será comparada à
estrutura do DNA do suspeito. Por sua vez, o material necessário para a determinação
da estrutura genética do suspeito é conseguido a partir de qualquer tecido do seu
corpo ou mesmo de uma gota de sangue (tecido líquido).

Conseguem-se assim as duas impressões digitais genéticas:

► a questionada, encontrada no local do crime ou na vítima;


► a padrão, coletada do suspeito.

Ao serem comparadas, elas podem se revelar idênticas ou não, constituindo-se em


uma prova decisiva para condenar um culpado ou absolver um inocente.

Tecnologias futuras

Os tipos de sistemas de Biometria citados são os mais comuns, mas ainda há outros
que estão em desenvolvimento ou em fase de pesquisas para análise de suas
aplicações e viabilidade do uso em situações práticas. É possível que, no futuro,
existam comercialmente sistemas de identificação biométrica baseados na análise de
DNA, odores e salinidade do corpo humano, formato da orelha e estudos de padrões
das veias por imagem térmica do rosto ou punho.

Cada uma das tecnologias tem vantagens e desvantagens sobre as demais, por isso,
para cada caso existe uma alternativa recomendada. A escolha correta do tipo de
sistema depende basicamente do nível de segurança necessário na aplicação.

Importante!

Sob o ponto de vista da segurança, nenhum sistema é absolutamente perfeito. Ainda


é difícil, por exemplo, evitar que um usuário coagido por uma arma libere o acesso a
um sistema (ou conta bancária) para um ladrão. Mas, sem dúvida, a Biometria reduz
as brechas existentes hoje.

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Aula 3
Sistemas Automáticos de Impressões Digitais (AFIS)

Principais tópicos desta aula

► O Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais

► Etapas do processo de execução do sistema automatizado de


identificação de impressão digital

► O AFIS do Departamento de Polícia Federal

► Aplicação

► Capacidade

Sistemas Automáticos de Impressões Digitais (AFIS)

O reconhecimento de impressões digitais é um dos métodos mais simples de ser


implantado, além de implicar custos relativamente menores que as demais técnicas.
Por esses motivos, os produtos que se baseiam na tomada de impressões digitais
foram mais difundidos até o momento.

O Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais (Automated


Fingerprint Identification System – AFIS) une a Papiloscopia à Informática de forma
que agilize o processo de identificação, promover a sua ampla utilização e
potencializar as vantagens inerentes à identificação papiloscópica. As pesquisas
tiveram início na década de 60 nos Estados Unidos da América e rapidamente o
sistema foi difundido e adotado internacionalmente.

O método utilizado pelo AFIS requer um scanner capaz de capturar, com um


bom grau de precisão, os traços que definem a impressão dos dedos, além de
um programa que trate a imagem capturada e faça o reconhecimento da digital.

Os scanners para captura da impressão digital possuem tamanho relativamente


reduzido. Alguns modelos são independentes e podem ser anexados ao teclado,
monitor ou gabinete do computador. Outros já possuem o mecanismo acoplado a
dispositivos como mouse, teclado e terminais.

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Apoiado em tecnologia moderna baseada em parâmetros de consistência, segurança
e confiabilidade, O AFIS visa a suprimir as deficiências dos sistemas manuais de
classificação.

O AFIS utiliza, geralmente, os finais de linha e bifurcações como minúcias a


serem comparadas. Para viabilizar a sua utilização, o processo automatizado deve
ter capacidade de extrair minúcias de uma impressão papilar com suficiente
velocidade e precisão e comparar e identificar impressões papilares
automaticamente a partir dos dados da imagem gerada pelo dispositivo que extraiu
as minúcias.

O papiloscopista é o técnico capaz de realizar a identificação 1: N (um por N), ou seja,


o sistema automatizado produz uma lista de prováveis candidatos para uma
impressão digital questionada. Desta forma, a determinação da identidade de um
indivíduo pela impressão digital fica dependente da confirmação do papiloscopista.

Etapas do processo de execução do sistema automatizado de


identificação de impressão digital

O processo de execução de um AFIS consiste de três etapas:

1ª Etapa - Processamento de Imagens;

2ª Etapa - Processamento e Busca;

3ª. Etapa - Verificação;

Veja as tarefas realizadas em cada uma das etapas:

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1ª. Etapa: Processamento de Imagens

A primeira etapa é subdividida em cinco tarefas:

 aquisição das impressões papilares;


 tratamento de imagens;
 extração de minúcias;
 classificação e armazenamento - esta etapa consiste no processo de inserção,
preparo das impressões, percepção dos pontos característicos (minúcias) da
impressão digital; classificação por meio da determinação da forma da
impressão digital; e
 o arquivamento automatizado das digitais dos indivíduos identificados
criminalmente (sejam adquiridas de fichas em papel ou de scanners de
aquisição in vivo), bem como das impressões latentes coletadas em locais de
crime.

Figura 1 - Diagrama ilustrando a etapa de processamento de imagens. Sistema de Identificação


Nacional – Senasp-MJ 2004.

2ª etapa - Processamento e busca

É a etapa mais pesada do processo de execução do AFIS. Após o processamento da


imagem, com marcação de minúcias e classificação, o sistema está pronto para
realizar a pesquisa no banco de dados digital existente, a fim de realizar uma
identificação. Os algoritmos para busca neste banco digital são segredos e
propriedade exclusiva das empresas que desenvolvem os sistemas.

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3ª Etapa - Verificação

Após a busca no arquivo digital, o sistema apresentará uma lista dos indivíduos que
apresentaram maiores coincidências de pontos característicos. Caso não haja
identificação positiva, as impressões do indivíduo pesquisado serão incluídas no
arquivo do sistema.

O AFIS do Departamento de Polícia Federal

Aplicação

O AFIS Instalado na Polícia Federal foi configurado de forma a englobar grupos que
envolvam tipos de pessoas em dois contextos básicos: o criminal e o civil.
Essa divisão em grupos é uma forma de segmentação da base de dados,
organizando-a de acordo com a finalidade do grupo de pessoas. Por exemplo: o
grupo funcional destina-se ao registro das individuais datiloscópicas dos policiais
federais, enquanto o grupo estrangeiro compreende os estrangeiros com
documento de identificação expedido pelo DPF.

Figura 2 – Escaneamento de uma individual datiloscópica no AFIS do Departamento de Polícia


Federal.

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Os grupos: RIC (Registro Único de Identificação Civil), estrangeiro, funcional e
segurança, destinam-se às atividades de identificação civil, enquanto os demais são
partes das atividades de AFIS criminal.

A diferença básica de um AFIS destinado à atividade de identificação criminal para


outro destinado à atividade de identificação civil consiste no fato de o primeiro
poder realizar pesquisa de latentes, com capacidade inclusive de rotacionar o vetor
de minúcias, independentemente da orientação da ponta do dedo da impressão
digital armazenada no banco de dados.

O sistema instalado no Departamento de Polícia Federal pode tanto se destinar à


identificação criminal quanto à civil.

Capacidade

O sistema foi adquirido com uma capacidade inicial de armazenamento de 5 milhões


de individuais decadactilares, 100 mil latentes digitais não solucionadas, 500 mil
individuais palmares, 40 mil palmares não solucionadas, 9 milhões de fotografias e
100 mil casos criminais. Esta capacidade é passível de ampliação conforme as
necessidades do Departamento. Para tanto, faz-se necessária a ampliação do espaço
em disco, de forma a poder armazenar adequadamente a quantidade adicional de
informações.

Quanto às pesquisas, o sistema suporta carga diária conforme a tabela a seguir.

Tabela 1 : Número de pesquisas que o sistema suporta por dia

Tipo de
Quantidade
Consulta
TP/TP 3.000
TP/UL 3.000
LT/TP 100
LT/UL 100
PL/UP 1.050
PL/PP 30

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Finalizando

Neste módulo, você aprendeu que:

► Segundo Vergini (1999, p. 9), “Biometria significa, literalmente, medida


da vida. No mundo da segurança ou da Criminalística, refere-se aos
métodos automatizados usados para identificação de pessoas com base
em suas características físicas únicas ou aspectos comportamentais.”

► A tecnologia da Biometria utiliza o corpo como senha: dispositivos


confirmam a identidade de uma pessoa pela comparação precisa entre a
característica biológica apresentada e o respectivo registro da imagem
digital.

► Existem várias tipos de sistemas biométricos. Para implantá-los são


necessários equipamentos especiais e softwares que tratem os dados
capturados. De forma generalizada, todos funcionam sobre os mesmos
princípios, mas para cada caso, o hardware e o software devem ser
otimizados para o elemento biométrico adotado.

► O Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais


(Automated Fingerprint Identification System – AFIS) une a Papiloscopia
à Informática de forma que agilize o processo de identificação,
promover a sua ampla utilização e potencializar as vantagens inerentes
à identificação papiloscópica.

► O AFIS Instalado na Polícia Federal foi configurado de forma a englobar


grupos que envolvam tipos de pessoas em dois contextos básicos: o
criminal e o civil.

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Neste módulo é apresentado um exercício de fixação para auxiliar a
compreensão do conteúdo.

Exercícios:

1. Enumere na ordem correta as fases da metodologia utilizada na


biometria:

( ) Confronto entre o padrão armazenado e o coletado em tempo real.

( ) Registro dos dados antropométricos, coletando digitalmente, voz,


íris, imagem da face, impressão digital e outros;

( ) Conversão das características em um padrão único para


armazenamento como dado numérico criptografado;

2. De acordo com as aplicações da papiloscopia, marque (V) para as


sentenças verdadeiras e (F) para as falsas:

( ) A tecnologia da Biometria utiliza o corpo como senha.

( ) O identificador biométrco pode ser físico ou comportamental.

( ) A Biometria oferece a possibilidade de salvaguardar ativos de


informação por meio de um identificador teoricamente irrefutável e
sempre presente: aquilo que o usuário é.

( ) A aplicação da Biometria na segurança é promissora. Contudo, o


custo de administração é altíssimo.

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3. Considerando alguns dos tipos de sistemas biométricos, marque (V)
para as sentenças verdadeiras e (F) para as falsas:

( ) O reconhecimento da digitação requer hardware adicional.

( ) Para reconhecer o rosto de uma pessoa, os programas mapeiam


basicamente a geometria e as proporções da face.

( ) A escolha correta do tipo de sistema independe do nível de


segurança necessário na aplicação.

( ) Uma das dificuldades do sistema de reconhecimento de assinatura


escrita é que a assinatura de uma pessoa varia consideravelmente,
dependendo do momento, das circunstâncias e conforme o passar dos
anos.

( ) Para fazer o reconhecimento da face são necessários uma pequena


câmera para a captura da imagem do rosto e o programa para o
processamento da imagem.

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Gabaritos:

1. Enumere na ordem correta as fases da metodologia utilizada na


biometria:

( 3 ) Confronto entre o padrão armazenado e o coletado em tempo


real.

( 1 ) Registro dos dados antropométricos, coletando digitalmente, voz,


íris, imagem da face, impressão digital e outros;

( 2 ) Conversão das características em um padrão único para


armazenamento como dado numérico criptografado;

2. De acordo com as aplicações da papiloscopia, marque (V) para as


sentenças verdadeiras e (F) para as falsas:

( V ) A tecnologia da Biometria utiliza o corpo como senha.

( V ) O identificador biométrco pode ser físico ou comportamental.

( V ) A Biometria oferece a possibilidade de salvaguardar ativos de


informação por meio de um identificador teoricamente irrefutável e
sempre presente: aquilo que o usuário é.

( F ) A aplicação da Biometria na segurança é promissora. Contudo, o


custo de administração é altíssimo.

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3. Considerando alguns dos tipos de sistemas biométricos, marque (V)
para as sentenças verdadeiras e (F) para as falsas:

( F ) O reconhecimento da digitação requer hardware adicional.

( V ) Para reconhecer o rosto de uma pessoa, os programas mapeiam


basicamente a geometria e as proporções da face.

( F ) A escolha correta do tipo de sistema independe do nível de


segurança necessário na aplicação.

( V ) Uma das dificuldades do sistema de reconhecimento de


assinatura escrita é que a assinatura de uma pessoa varia
consideravelmente, dependendo do momento, das circunstâncias e
conforme o passar dos anos.

( V ) Para fazer o reconhecimento da face são necessários uma


pequena câmera para a captura da imagem do rosto e o programa para
o processamento da imagem.

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Módulo 2

Levantamento e Confronto de Impressões


Papilares

Apresentação

O levantamento e o confronto de impressões papilares são etapas da perícia


papiloscópica. Contudo, você os estudará em separado, pois eles envolvem a
compreensão de vários aspectos técnicos e conceituais que são subsídios para
reconhecer a importância da perícia papiloscópica, notadamente a realizada em
local.

Ao final do módulo, você será capaz de:

► Compreender os aspectos conceituais relacionados ao levantamento,


ao confronto e a revelação de impressões papilares;

► Descrever o processo de levantamento e de confronto de impressões


papilares utilizando as classificações estudadas;

O conteúdo deste módulo está divido em 4 aulas:

Aula 1 – Levantamento de Impressões papilares

Aula 2 – Confronto de Impressões papilares

Aula 3 – Revelação

Papiloscopia 2 – Módulo 2
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Aula 1
Levantamento de Impressões papilares

Principais tópicos desta aula

► Definição
► Locais de levantamento
► Classificação de acordo com as condições para o levantamento
► Superfícies para o levantamento de impressões digitais
► Acondicionamento e transporte de materiais para perícia papiloscópica
► Acondicionamento de materiais de superfícies não porosas
► Acondicionamento de materiais de superfícies porosas
► Identificação e registro das evidências papilares

Definição

O levantamento de impressões papilares o conjunto de técnicas e procedimentos


objetivando a localização, revelação, análise qualitativa, registro e coleta de
impressões papilares.

Locais de levantamento

O levantamento de impressões papilares pode ser realizado:

 Em materiais – São aqueles realizados em materiais encaminhados para


exames a fim de localizar e identificar impressões papilares de pessoas que as
manusearam.

 Em veículos – São aqueles realizados em veículos a fim de localizar e


identificar impressões papilares de pessoas que tiveram contato com o
mesmo.

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 Em local – São realizados em cenas de crime, a fim de localizar e identificar
impressões papilares de pessoas que estiveram no local.

 Em cadáveres (Perícia Necropapiloscópica) – São para o tratamento e


aproveitamento do tecido dérmico ou epidérmico de cadáveres,
reconstituindo as impressões papilares visando à identificação do de cujus.

Leia com atenção estas observações!

O exame de uma impressão papilar não permite afirmar com certeza científica se
uma determinada impressão latente revelada no local foi produzida antes, durante
ou depois do fato investigado, embora existam circunstâncias e locais onde essa
impressão ao ser depositada nos permite fazer algumas deduções.

Também não está comprovado cientificamente que o exame de uma impressão


papilar possa revelar o sexo, cor ou raça do seu autor, embora a experiência de
muitos técnicos possibilite uma boa margem de acertos. Contudo, pode servir de
algum auxílio na investigação do fato.

Classificação de acordo com as condições para o levantamento

As impressões papilares podem ser encontradas nas seguintes condições:

 Impressões visíveis - são impressões impregnadas de algum tipo de


substância corante, como tinta, sangue ou outras e, por isso, facilmente
localizadas a olho nu sob luz convencional.

 Impressões modeladas - são encontradas em superfícies macias como massa


de vidraceiro, goma de mascar, argila, etc.

 Impressões latentes - são impressões constituídas por elementos excretados


pela pele humana, como suor e gordura. Não são prontamente perceptíveis a
olho nu, por isso necessitam de tratamento com reveladores ou reagentes
específicos.

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Superfícies para o levantamento de impressões digitais

Você estudou na Unidade 1 que impressões papilares são essencialmente compostas


de elementos do suor depositados nas cristas papilares que se transferem para as
superfícies dos objetos. Suas linhas impressas devem ter continuidade suficiente que
permitam a visualização dos seus elementos identificadores, caso contrário a
impressão se torna inútil à identificação.

Não são recomendados para levantamento de impressões papilares materiais


texturizados, muito fibrosos, rudes, não tratados e in natura como: pedra bruta,
concreto, madeira bruta, emborrachado, couro, isopor, telas, cordas, lonas, tecidos,
espuma, pintura texturizada, parte serrilhada ou entrelaçada de armas.

Também são contra-indicadas, peças muito pequenas, de superfície irregulares,


como porcas e parafusos, pregos, alfinetes. Não se encontram boas impressões em
materiais de superfícies sujas, empoeiradas e enferrujadas.

As superfícies ideais para levantamentos de impressões papilares são materiais


lisos, limpos e de larga extensão como sacos plásticos, vidros, papéis, porcelana,
metais polidos, etc.

Veja a seguir os tipos de superfícies onde é possível encontrar impressões digitais:

 As superfícieis não porosas – São aqueles que não absorvem os elementos


químicos expelidos pela pele humana. Exemplos: Plásticos, vidros e porcelana
esmaltada, metais polidos, materiais de polietileno etc. A superfície não
absorve a parte líquida, por isso podem ser utilizados reveladores sólidos,
gasosos como pós e cianoacrilato.

 Superfícieis porosas – São superfícies que absorvem os líquidos do suor. Ex.:


todos os tipos de papéis, papelões, cartões, etc. A superfície absorve a parte
líquida, fazendo-a evaporar, no entanto ficam retidos os elementos sólidos
em suas fibras. Neste caso empregam-se reveladores líquidos ou gasosos
como ninidrina, nitrato de prata e iodo.

 As superfícieis adesivas – São superfícies que retiram líquidos e células


descamadas da pele. São todos os tipos de fitas e etiquetas auto-adesivas.
Neste caso empregamos pós especiais com detergente e violeta de genciana.

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 As superfícieis contendo impressões contaminadas de sangue – Neste caso
são empregados reveladores específicos para sangue que são amido black,
luminol ou leucomalaquita.

Acondicionamento e transporte de materiais para perícia


papiloscópica

Freqüentemente os materiais são transportados para os laboratórios dos Núcleos de


Identificação onde normalmente há melhores condições para a revelação e registro
das impressões. A remoção de tais objetos é feita com a ciência do proprietário ou
responsável pela guarda do mesmo, além das autoridades policiais.

Importante!

O fato de um indivíduo estar utilizando luvas, não garante a integridade das


impressões; estas apenas impedem que as suas impressões contaminem o material.
Os objetos deverão ser sempre manuseados pelas bordas ou arestas, a fim de
minimizar os riscos de destruição das impressões.

Acondicionamento de materiais de superfícies não porosas

Os materiais de superfícies não porosas deverão ser acondicionados em caixas de


papelão, afixados pelas bordas ou arestas, com suas superfícies livres de atrito com
quaisquer materiais, como tecidos, espumas, isopor, plásticos, papéis e outros
materiais absorventes, etc.

Figura 1 – Acondicionamento de arma de fogo. Foto: Eduardo Braz/INI

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Figura 2 – Acondicionamento de faca. Foto: Eduardo Braz/INI

Aplique cianoacrialato antes do acondicionamento. Dessa forma as impressões são


polimerizadas (fixadas). Isso reduz as chances de serem destruídas no transporte.

Acondicionamento de materiais de superfícies porosas

Os materiais de superfícies porosas podem ser acondicionados em envelopes de


plástico, salvo se estiverem contaminados por sangue, caso em que terá que se
utilizar envelopes de papel.

Recomendações:

 Não manuseie sem luvas para não haver contaminação das impressões a
serem reveladas;

 Não dobre as provas documentais. As dobraduras podem destruir algum


detalhe importante das impressões a serem reveladas;

 Não grampeie nem use clipes ou alfinetes nos documentos;

 Não risque o documento nem ponha nele qualquer tipo de sinal;

 Diligencie para que os documentos suspeitos de possuírem impressões


papilares sejam avaliados pelo especialista o quanto antes.

Importante!

Lembre-se:

Ao acondicionar os materiais, desloque-se do local o mais rápido possível,


providenciando para que sejam examinados o quanto antes para que as impressões
latentes não se deteriorem.
As impressões papilares latentes são compostas de 99% de água. Os reveladores
principais utilizados em locais aderem à aos líquidos e óleos da impressão.
Uma vez depositada começa imediatamente o processo de evaporação de líquidos e,
portanto, a perda das evidências.

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Identificação e registro das evidências papilares

Assim que os materiais chegam ao laboratório, devem ser anotadas as características


principais (tipo, quantidade, peso, cor, etc.), procedendo-se, então, aos registros
gráficos (croqui) e/ou fotográficos dos mesmos.

Tratando-se de muitos itens com características semelhantes, cada um receberá um


número ou código que o identificará. Cada código será anotado contendo as
características individuais de cada item.

O material será examinado cuidadosamente, antes de ser aberto. Se for o caso, seu
invólucro será retirado a fim de possibilitar a localização de impressões papilares
visíveis ou latentes.

Uma vez examinado, o material é analisado e avaliado quanto à possibilidade de


apresentarem impressões em condições de confronto. Em caso negativo é elaborado
um documento chamado Informação Técnica. Deve-se providenciar o imediato
retorno do material ao local, o qual para isso, devera ser elaborado um recibo, a ser
assinado pelo proprietário ou responsável pelos objetos periciados.

Em caso positivo, ou seja, quando as impressões de valor forem encontradas, o


material devera ser fotografado e as impressões serão escaneadas para confrontro e
elaboração de laudo.

Aula 2
Confronto de impressões papilares

Principais tópicos desta aula

► Definição
► Nomenclaturas utilizadas
► Detalhes de uma Impressão Papilar
► Pontos Característicos
► Quantidade mínima exigida de pontos característicos em um confronto
papiloscópico
► Norma do INI para demonstração para assinalamentos de pontos
característicos

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Definição

Confronto de impressões papilares é o exame comparativo entre duas ou mais


impressões papilares objetivando sua identificação. São utilizados, pelo perito,
instrumentos como lupas, comparadores ópticos e ampliações fotográficas e
reagentes químicos.

O exame de confronto pode:

► ser feito diretamente sobre a impressão visível ou por sua fotografia.


► ser digital palmar ou plantar, conforme a região papilar examinada.

Nomenclaturas utilizadas

Impressão questionada: é a impressão de autoria desconhecida, cuja identidade se


pretende estabelecer.
Exemplos:

► Impressões levantadas em locais de crime;


► Impressões apostas em documentos em que seja suscitada dúvida
quanto à identidade do autor.

Impressão Padrão: é a impressão de origem certa, de autoria conhecida, cuja


identidade não está sendo objeto de questionamento. Serve de base de comparação
com a impressão questionada. Exemplos: Impressão do polegar direito das Carteiras
de Identidade; Os prontuários civis dos Institutos de Identificação e as impressões
coletadas de pessoa conhecida para confronto com impressões questionadas.

Nomenclaturas utilizadas

Fragmento de impressão: são impressões incompletas, que não permitem uma


exata classificação ou determinação de região papilar. Geralmente são impressões
questionadas deixadas de maneira casual. Podem ser digitais, palmares ou plantares.

Suporte é a superfície em que a impressão papilar foi depositada. Pode ser primário
ou secundário. O suporte primário é a superfície em que se encontra uma impressão.
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Suportes secundários são cartões utilizados para receber os decalques extraídos da
impressão latente, já revelada, geralmente com pós, ou as fotografias das
impressões.

Detalhes de uma Impressão Papilar

O exame de confronto pode ter como objeto os seguintes elementos da estrutura


papilar:

► Pontos característicos – particularidades morfológicas provocadas por


descontinuidade ou interrupção das linhas papilares;

► Poros Sudoríparos – particularidades morfológicas que aparecem


como falhas no meio ou nas bordas das cristas papilares;

► Estrutura das linhas papilares – particularidades morfológicas que


caracterizam o formato das linhas papilares.

Pontos Característicos

Como você estudou na Unidade 1 desse curso, o Instituto Nacional de Identificação


(INI) adotou os seguintes pontos característicos: Ponta de linha, ponto, bifurcação,
ilhota e encerro.

Quantidade mínima exigida de pontos característicos em um confronto


papiloscópico

Não existe um número mínimo de pontos característicos coincidentes que permitam


determinar a identidade da impressão papilar. Isto porque o papiloscopista, ao fazer
o confronto das impressões, não observa somente a quantidade de pontos, mas
também a configuração do desenho quanto à raridade, ao formato das linhas e até
mesmo à estrutura dos poros. Todos esses elementos são igualmente importantes e
gozam dos princípios da perenidade, imutabilidade e variabilidade. Na maioria dos
casos, a partir da constatação do terceiro ponto de coincidência, o perito já começa a
perceber a identidade das impressões. Quanto mais sinalética for a impressão e
maior o grau de visibilidade de sua estrutura de linha, menor será a quantidade de
pontos característicos necessários à identificação.

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Saiba mais...

Os 12 pontos tradicionalmente assinalados é um padrão adotado para a


individualização. Os Estados Unidos aceitam a quantidade mínima de oito pontos; a
Suíça sete pontos; a França e a Inglaterra 18 pontos, e em outros países varia em
torno de 12 pontos. Trata-se de convenções jurídicas calcadas na tradição que
remonta à época do criminalista Locard (1909). Porém o próprio Locard, embora
tivesse a opinião de que a quantidade de 12 pontos fosse suficiente, admitiu que um
agrupamento de linhas de forma incomum é muito mais sinalético (ou seja,
individualizador) do que uma centena de pontas de linhas espalhadas pela
impressão.

Do ponto de vista técnico não há empecilho algum. Se as impressões são idênticas,


não somente 12 pontos serão coincidentes, mas todos os pontos visíveis o serão. O
único problema é quando for examinado um fragmento de impressão papilar em
que todos os elementos técnicos tenham permitido a absoluta convicção da
identidade do mesmo, porém alega falta de condições técnicas de exame, em razão
da quantidade mínima dos doze pontos não terem sido atingidos.

Importante!
No âmbito da Polícia Federal, o Instituto Nacional de Identificação recomenda o
assinalamento de pelo menos 12 pontos característicos.

Norma do INI para demonstração para assinalamentos de pontos


característicos

Os assinalamentos de pontos característicos em fotografias e imagens digitalizadas


das impressões analisadas têm por finalidade a demonstração das afirmações
contidas no laudo a respeito da individualização ali estabelecida.

Todas as fotografias ou imagens deverão ser carimbadas e rubricas, abrangendo


parte da foto e parte da folha do Laudo.

Existem diversos métodos de assinalamento de pontos característicos em fotografias


ou imagens digitalizadas.

O INI adota o que está descrito a seguir:

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 Ampliação das impressões papilares entre 5 e 10 vezes, utilizando régua em
escala milimétrica, a fim de que
 se possa aferir a ampliação realizada;
 As ampliações das impressões confrontadas guardarão as mesmas proporções;
 As fotografias ou imagens das impressões confrontadas podem ser
apresentadas na mesma página ou em
 páginas separadas;
 Assinalamento de pontos característicos coincidentes deverá ser demonstrado
por meio de linhas retas, em
 formato de raios;
 Deve-se assinalar um ponto característico de cada vez em ambas as peças,
primeiro na impressão
 questionada e, em seguida, a correspondente na impressão padrão;
 A enumeração é feita no sentido horário, contornando toda a fotografia;
 Não é permitido o cruzamento de linhas indicadoras dos pontos característicos;
 Não é necessário marcar todos os pontos característicos observados na
fotografia ou imagem digitalizada.

Importante!

É desaconselhável o contorno do ponto característico, especialmente no caso de


haver distorções e pequenas diferenças provocadas por variação dos tipos de tinta,
pressão, etc. Tratam-se de diferenças normais do ponto de vista técnico, que não
interferem na individualização.

Aula 3
Revelação de impressões papilares

Como você estudou anteriormente, a perícia papiloscópica inicia-se com a


busca de impressões papilares.

As impressões latentes, na maioria dos casos, só serão localizadas por meio do


emprego de reveladores de impressões papilares, devendo-se observar os seguintes
aspectos:

 Se possível, cada fase do processo de revelação deve ser registrada


fotograficamente;

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 Realizada a revelação das impressões existentes, selecionam-se as impressões
que apresentam condições de confronto;

 Cada fragmento ou impressão papilar selecionados receberão uma marcação


própria, com a anotação precisa de sua localização no material examinado;

 Separam-se os fragmentos de impressão, de modo a estabelecer sua


classificação mais provável. Em seguida, faz-se o exame comparativo entre os
mesmos, a fim de averiguar a repetição de impressões. Ao final, deve-se saber
quantas diferentes impressões foram levantadas.

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Finalizando

Neste módulo, você estudou que:

► O levantamento de impressões papilares é o conjunto de técnicas e


procedimentos objetivando a localização, revelação, análise qualitativa,
registro e coleta de impressões papilares;

► Confronto de impressões papilares é o exame comparativo entre duas


ou mais impressões papilares objetivando sua identificação;

► Revelação de impressões é a técnica que se utiliza para busca e a


visualização de impressões papilares, por meio da aplicação de
reveladores e reagentes químicos;

► Não existe um número mínimo de pontos característicos coincidentes


que permitam determinar a identidade da impressão papilar; e

► Os assinalamentos de pontos característicos em fotografias e imagens


digitalizadas das impressões analisadas têm por finalidade a
demonstração das afirmações contidas no laudo a respeito da
individualização ali estabelecida.

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Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a
compreensão do conteúdo.

Exercícios:

1. As impressões digitais abaixo foram produzidas por um mesmo dedo?


Em caso positivo assinale até 15 os pontos característicos coincidentes.

A B

C D

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2. As impressões digitais abaixo foram produzidas por um mesmo dedo?
Em caso positivo assinale até 15 os pontos característicos coincidentes.

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Gabaritos

1. As impressões digitais abaixo foram produzidas por um mesmo dedo?


Em caso positivo assinale até 15 os pontos característicos coincidentes.

Resposta
O conjunto de impressões A e B apresentam pontos característicos
coincidentes em quantidade suficiente para se concluir que foram
produzidas por um mesmo dedo impressor, ou seja, pertencem a uma
mesma pessoa. Os pontos podem ser assinalados pelo aluno e
encaminhada para o tutor (que deve ser um papiloscopista) faca as devidas
correções, se necessário. Também poderei fazer as revisões, se necessário.

O conjunto de impressões C e D apresentam pontos característicos que não


correspondem, por essa razão, não foram produzidas por um mesmo dedo.
Neste caso pode pertencer ou não a uma mesma pessoa, dependendo se
trata-se ou não de diferentes dedos de uma mesma pessoa. Neste caso não
ha pontos a assinalar por causa das divergências.

2. As impressões digitais abaixo foram produzidas por um mesmo dedo?


Em caso positivo assinale até 15 os pontos característicos coincidentes.

Resposta
Ponto positivo: manuseio cuidadoso pelas bordas.
Ponto negativo: falta de luvas

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Módulo 3

Perícia Papiloscópica

Apresentação

Todo policial deve conhecer os procedimentos periciais básicos de proteção e de


preservação de materiais a serem periciados, pois, muitas vezes, ao analisar
impressões papilares, após grande tempo despendido, descobre-se que pertenciam
aos próprios policiais encarregados de investigar o caso, o que pode significar a
perda de provas importantes.

A garantia de bons resultados na Perícia Papiloscópica depende em especial dos


primeiros policiais a chegarem ao local de crime ou que venham a transportar
materiais a serem analisados em laboratório. A qualidade e a forma adequadas do
manuseio (como o uso de luvas, proteção das latentes e outras) influirão no
resultado da perícia.

Neste curso você não estudará sobre Local de Crime, pois há na rede um curso
especifico. Mas, irá estudar os procedimentos de perícia que garantem um bom
resultado, notadamente, a perícia realizada no local.

Ao final do módulo, você será capaz de:

► Enumerar os procedimentos utilizados na perícia papiloscópica.

O conteúdo deste módulo está todo em 1 aula:

Aula 1 - Perícia Papiloscópica em local

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Aula 1
Perícia Papiloscópica em local

Principais tópicos desta aula

► Definição
► Etapas do levantamento de impressões papilares em local

Definição

Entende-se por Perícia Papiloscópica o conjunto de técnicas utilizadas na busca e


no exame de impressões papilares com a finalidade de identificar as pessoas que as
produziram.

Como você estudou na aula 2, a perícia papiloscópica está dividida em duas fases: O
levantamento e o confronto.

Etapas do levantamento de impressões papilares em local

Na realização da perícia papiloscópica em local, faz-se necessário seguir alguns


passos, cujos mais importantes são:

 preparação do material de trabalho;


 levantamento preliminar do local;
 localização e revelação de impressões;
 seleção das impressões encontradas;
 marcação e enumeração das impressões selecionadas;
 registro fotográfico;
 preparo de croquis

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Preparação do material de trabalho

O papiloscopista deve obter informações gerais a respeito do local e circunstâncias


do crime a fim de melhor elaborar um plano de ação, distribuindo as tarefas, além de
providenciar os materiais necessários, compatíveis com a situação apresentada.

Levantamento preliminar do local

O levantamento objetiva a busca de vestígios que possam, de alguma forma,


permitir a identificação de fatos e de pessoas - vítima(s) e autor(es) relacionados com
a ação delituosa em questão. As evidências vinculam o fato, vítima e autor. São
tomados procedimentos que antecedem a busca de impressões papilares.
Considerando que o excesso de informações jamais prejudicará a perícia e que
nenhum perito deverá confiar na memória, é importante anotar tudo que julgar
necessário, além de outros registros, como elaboração de croquis, filmagens e
fotografias de todas as constatações evidenciadas no local que possam auxiliar na
investigação. Esse procedimento é de fundamental importância, pois a partir do
momento que o local for liberado não haverá como voltá-lo à forma original.

Localização e revelação de impressões

A busca de impressões papilares deve ser realizada com base nos levantamentos
preliminares do local, precedendo a outros procedimentos, com exceção do registro
fotográfico. O papiloscopista deve atentar para a presença de pegadas ou
impressões plantares e para outros vestígios igualmente importantes sob a
responsabilidade dos demais especialistas.

Não obstante o exame inicial descrito acima, a busca de impressões papilares, de


forma generalizada, deve ser efetuada sempre em direção ao ponto onde,
presumivelmente, há maior quantidade de indícios e exista a suspeita de
manipulação por parte do(s) autor(es).

O exame das superfícies serve para definir quais reagentes químicos poderão ser
utilizados para revelação das impressões papilares.

Quando o local não apresentar condições para que se processe a revelação de


impressões papilares, deve-se providenciar o transporte dos materiais necessários
para o tratamento laboratorial.

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Seleção das impressões encontradas

Esta seleção é resultado de uma análise de fatores que determinam:

A importância no local do crime - geralmente se refere ao local específico onde


a impressão foi encontrada, podendo ser capaz de servir como forte indício de
crime pelo simples fato de se encontrar em determinada superfície (ex.: na arma
do crime);

A nitidez - a nitidez diz respeito à condição para observação das linhas papilares
(visibilidade dos pontos característicos), ou seja, de sua possibilidade de ser
individualizada. Uma impressão sem nitidez será de pouco ou nenhum valor para
o caso.

Fatores que influenciam a nitidez das impressões papilares

• Não isolamento do local até a chegada do especialista;


• Exposição dos vestígios às intempéries climáticas, como sol, poeira e chuva;
• Superfícies de natureza irregular ou excessivamente absorventes, tais como
madeira rústica, pedra bruta,
• concreto, tijolos, couro cru, etc.;
• Precauções por parte do criminoso (uso de luvas e outros meios de proteção);
• Perturbações de natureza clínica, patológica e/ou funcional nos desenhos
papilares do criminoso;
• Pressão insuficiente do desenho papilar na superfície;
• Deslizamento ou sobreposição de impressões;
• Borrões causados por sudorese excessiva;
• Existência de impurezas na superfície dos objetos;

Importante!

Mesmo diante das circunstâncias supracitadas, o papiloscopista deve realizar o


levantamento de impressões papilares, pois somente ele poderá avaliar
adequadamente a condição geral das impressões encontradas.

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Marcação e enumeração das impressões selecionadas
As impressões visíveis, modeladas e as reveladas que tiverem condições de serem
identificadas deverão ser indicadas com setas e referenciadas numericamente nos
formulário de registro escrito. No caso de latentes decalcadas com pós, deverá haver
uma numeração correspondente no suporte secundário, além de outros dados
como: tipo do objeto levantado, nome de quem a levantou, data e local, etc.

Registro fotográfico

O registro fotográfico deve ser planejado e executado de modo a expressar, com


fidelidade, o local tal como foi encontrado pelos peritos. As áreas adjacentes à cena
do crime também merecerão atenção quanto ao levantamento de impressões
papilares e registro.

A fotografia deverá enfocar:

 o ambiente;

 o objeto no ambiente; e

 a impressão no objeto.

Preparo de croquis

O croqui deve complementar o registro fotográfico, apresentando as dimensões do


local, estabelecendo relação entre o ambiente e os objetos nos quais as impressões
papilares foram localizadas e fotografadas.

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Finalizando

Neste módulo, você estudou que:

► Entende-se por Perícia Papiloscópica o conjunto de técnicas utilizadas


na busca e no exame de impressões papilares com a finalidade de
identificar as pessoas que as produziram.

► Na realização da perícia papiloscópica em local, faz-se necessário seguir


alguns passos, cujos mais importantes são:

 Preparação do material de trabalho;


 Levantamento preliminar do local;
 Localização e revelação de impressões;
 Seleção das impressões encontradas;
 Marcação e enumeração das impressões selecionadas;
 Registro fotográfico;
 Preparo de croquis;

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Neste módulo é apresentado um exercício de fixação para auxiliar a
compreensão do conteúdo.

Exercício:

Considerando as etapas realizadas na perícia papiloscópica. Enumere em


ordem crescente:

( ) preparação do material de trabalho


( ) registro fotográfico;
( ) preparo de croquis;
( ) marcação e enumeração das impressões selecionadas
( ) seleção das impressões encontradas;
( ) levantamento preliminar do local;
( ) localização e revelação de impressões;

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Gabarito

Considerando as etapas realizadas na perícia papiloscópica. Enumere em


ordem crescente:

( 1 ) preparação do material de trabalho


( 6 ) registro fotográfico;
( 7 ) preparo de croquis;
( 5 ) marcação e enumeração das impressões selecionadas
( 4 ) seleção das impressões encontradas;
( 2 ) levantamento preliminar do local;
( 3 ) localização e revelação de impressões;

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Módulo 4

Laudo Papiloscópico

Apresentação

O laudo papiloscópico é um relatório técnico que tem por objetivo relatar o


resultado da perícia.
A forma de elaboração e apresentação deve considerar alguns itens indispensáveis.

Ao final do módulo, você será capaz de:

► Enumerar as etapas do laudo papiloscópico

O conteúdo deste módulo está divido em 3 aulas:

Aula 1 – Relatórios Técnicos

Aula 2 – Laudo Papiloscópico

Aula 3 – Laudo de Levantamento

Papiloscopia 2 – Módulo 4
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Aula 1
Relatórios Técnicos

Principais tópicos desta aula

► Definição
► Tipos de Relatórios Técnicos

Definição

Relatórios técnicos são os documentos emitidos para relatar sobre a perícia


papiloscópica.

Tipos de Relatórios Técnicos

No âmbito da perícia, comumente, são utilizados 4 tipos de relatórios técnicos: laudo,


informação, parecer/nota, auto/termos. Veja cada um deles:

► Laudo – Parte formal dos autos a fim de relatar o resultado de uma


Perícia.
► Informação – Perícia em que é desnecessária emissão de laudo.
Esclarecimento de dúvidas de natureza técnica.
► Parecer / Nota – Opinião fundamentada a respeito de perícia de
terceiros. Resposta a consultas técnicas.
► Auto /Termo – Relatado oral feito à autoridade policial.

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Aula 2
Laudo Papiloscópico

Principais tópicos desta aula

► Princípios de elaboração
► Partes do Laudo
► Título
► Subtítulo
► Preâmbulo do Laudo
► Material Examinado
► Objetivos dos exames
► Exames realizados
► Conclusão/ Resposta aos quesitos
► Encerramento do Módulo
► Anexos
► Capa
► Recomendações

Princípios de elaboração

O laudo papiloscópico deverá estar fundamentado nos seguintes princípios:

► Legalidade
► Formalidade
► Oficialidade
► Objetividade
► Clareza
► Correção
► Sobriedade

Partes do Laudo

O laudo deverá conter as seguintes partes:

► Título
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► Subtítulo
► Preâmbulo
► Material Examinado (Q x P)
► Objetivo
► Exames Realizados
► Conclusão / Resposta aos Quesitos
► Encerramento
► Anexos

Título

Objetivo: Padronizar a denominação dos laudos da Perícia Papiloscópica

“Laudo de perícia papiloscópica N° nnnn/aaaa- Respectivo Instituto de


Identificação/Unidade Federativa”

n: número do laudo (em ordem seqüencial renovada a cada ano pelo respectivo
Instituto Identificação)
a: ano em 4 dígitos

Formato de letras: Fonte Arial, tamanho 12, caixa alta, negrito

Subtítulo

Vem logo a seguir ao “Título do Laudo.”

Objetivo: Especificar o tipo de exame papiloscópico que será realizado.

Formato de letras: Arial, tamanho 12, Iniciais Maiúsculas, negrito

Modalidades de subtítulos

1.Exame de Confronto de Impressões Digitais em Suportes


2.Exame de Confronto de Impressões Digitais em Documentos
3.Levantamento de impressões Papilares em Materiais
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4.Levantamento de impressões Papilares em Veículos
5.Levantamento de impressões Papilares em Locais
6.Exame Necropapiloscópico.
Exemplos de título e subtítulos:

LAUDO DE PERÍCIA PAPILOSCÓPICA No. 120/2010-II/SSP/PE


Confronto de Impressões Digitais em Documentos

LAUDO DE PERÍCIA PAPILOSCÓPICA N° 100/2010–II/PCDF


Levantamento de Impressões Papilares em Materiais

Importante:

O laudo papiloscópico deve ser conclusivo, mesmo que seja parcial, por isso só será
emitido após a realização de um exame de confronto.

O confronto poderá ser com:

► Suspeitos apresentados
► Arquivos datiloscópico
► Candidatos do AFIS

Preâmbulo do Laudo

É a parte que contém os elementos de oficialidade e legalidade do laudo.


É composto de:

► Autoridade designante: Data, local, nome da Instituição, nome, cargo


e função da autoridade designante ou seu representante nas
entidades responsáveis pela perícia.

► Dispositivo Legal: Legitima a designação. Validade legal do laudo.

Importante:
É necessário que seja uma Lei ou Decreto Lei e pode ser acrescido de Portarias e
Decretos.
A tendência atual do Instituto Nacional de Criminalística (INC) é de suprimir este item
em razão da obviedade (de cumprir a legislação vigente).

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► Designados: Papiloscopistas Policiais Federais, nome completo e cargo
– pelo menos dois.

► Se não for Papailoscopista do órgão, terá que ser nomeado “Ad Hoc”.

► Autoridade Solicitante: Nome completo, cargo, função


► A autoridade solicitante é a pessoa legalmente investida de cargo ou
função para apurar fato de possa configurar delito.

► Exemplo: Presidentes de inquéritos policiais, inquéritos administrativos,


sindicâncias, processos judiciais, etc.

► Dados do Inquérito: N°, protocolo

Importante:

Se necessário o papiloscopista pode solicitar os autos do inquérito.


O perito tem que conhecer o caso que está trabalhando. Dever conhecer os
elementos que envolvem a perícia e assim melhor esclarecer a autoridade e
contextualizar suas respostas.

► Quesitos: Se houver, transcreva-os.

Importante!

Visto – É elaborado pela autoridade designante. Trata-se uma rubrica feita em todas
as páginas escritas, à margem das folhas.

Em alguns Institutos de Identificação o visto é feito pelo chefe do Setor de


Perícia Papiloscópica que por sua vez, pode também atuar como revisor do
Laudo.

Material Examinado

O objetivo deste item é caracterizar, com maior precisão descritiva possível, aquilo
que foi examinado.

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Importante!

Observe se as condições de acondicionamento prejudicaram o resultado dos


exames.
Se necessário separe por itens (letras) o Material Questionado (a) do Material Padrão
(b), nesta ordem.

Objetivos dos exames

Os exames têm por objetivo delimitar o universo da pesquisa.

Exames realizados

Neste item será realizada a descrição minuciosa de tudo o que se fez para chegar aos
resultados obtidos, ou seja, demonstrar com detalhes os exames de confrontos
realizados, as técnicas empregadas, os tipos de materiais empregados, os aparelhos
utilizados.

Faz parte do laudo todo material produzido pelos próprios papiloscopistas durante
os exames. Para isto emprega-se fotografias, tabelas e gráficos.

Importante!

Suportes diferentes e tintas diferentes podem prejudicar a qualidade dos exames.


Por isso é importante que a técnica e materiais utilizados na coleta do Padrão seja da
mesma forma que o Questionado.

Conclusão/ Resposta aos quesitos

Quando não há quesitos formulados, a conclusão é a resposta categórica dos


resultados obtidos.

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Tem por objetivos:

► Descrever claramente o resultado a que se chegou, esclarecendo a


autoridade.
► Fornecer os instrumentos necessários para a tomada de decisão pelo
solicitante.

Importante!

A resposta é categórica (conclusiva).

Quando há quesitos formulados, a resposta deverá apresentar devida


argumentação, pois necessita deixar claro o resultado a que se chegou respondendo
aos quesitos.

Importante!

Se julgar útil e necessário faça outros esclarecimentos, que não tenham sido
vislumbrados pela autoridade solicitante.

Encerramento do Módulo

O encerramento deverá contemplar: dados finais: Data, nome completo e matrícula


dos elaboradores do laudo.

Importante!
Mencionar se ficou algum material retido para outros exames, composição do
número de folhas, decalques, fotos, anexos, etc

Anexos

São todos os documentos solicitados externamente que foram utilizados para os


exames.

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Outros pontos

Capa

A capa tem como função dar uma apresentação e possibilitar a proteção ao laudo.

Deve conter:

► Logo ou distintivo do órgão


► Referência ao Inquérito Policial

Importante!

Os nomes dos papiloscopistas (opcionais).


Não deve conter assinatura ou rubrica.

Recomendações

► Não deixe no meio da parte escrita do laudo as fotografias e


assinalamentos.
► Coloque em anexo as imagens. A maioria dos laudos papiloscópicos é
simples, não passam de duas folhas. As imagens entremeadas tiram a
sobriedade do laudo, que fica mais parecido com uma revista.

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Página 9
Aula 3
Laudo de levantamento

Principais tópicos desta aula

► Em locais
► Em materiais

Em locais
(o papiloscopista se desloca até o local para realizar o exame)

O laudo deverá conter o histórico descrevendo os detalhes do local, suas condições


para o exame, fotografias e croquis

Em materiais
(o papiloscopista recebe o material para realização da perícia em laboratório)

O laudo de levantamento em locais deverá conter o histórico descrevendo os


materiais coletados, as condições que interessam ao exame papiloscópico,
fotografias e croquis de localização de impressões.

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Página 10
Finalizando

Neste módulo, você estudou que:

► No âmbito da perícia, comumente, são utilizados 4 tipos de relatórios


técnicos: laudo, informação, parecer/nota, auto/termos.

► O laudo tem por objetivo relatar o resultado da perícia e deverá estar


fundamentado nos seguintes princípios: legalidade, formalidade,
oficialidade, objetividade, clareza, correção e sobriedade.

► O laudo deverá conter as seguintes partes: Título, subtítulo, preâmbulo,


material examinado (Q x P), objetivo, exames realizados, conclusão /
resposta aos quesitos, encerramento e anexos.

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Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a
compreensão do conteúdo.

Exercícios:

1. De acordo com os tipos de relatório técnico, associe a segunda coluna


de acordo com a primeira:

1- Laudo
2- Informação
3- Parecer/ Nota
4- Auto/Termo

( ) Perícia em que é desnecessária emissão de laudo. Esclarecimento


de dúvidas de natureza técnica.

( ) Opinião fundamentada a respeito de perícia de terceiros. Resposta


a consultas técnicas.

( ) Relatado oral feito à autoridade policial.

( ) Parte formal dos autos a fim de relatar o resultado de uma Perícia.

2. Marque a alternativa correta. Os exames têm como objetivo:

( ) Delimitar o universo da pesquisa

( ) Caracterizar o que foi examinado

( ) Descrever o resultado

( ) Apresentar e proteger o laudo

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3. Marque (V) para as sentenças verdadeiras e (F) para as falsas:

( ) Se necessário o papiloscopista pode solicitar os autos do inquérito.

( ) Quando não há quesitos formulados, a resposta deverá apresentar


devida argumentação, pois necessita deixar claro o resultado a que se
chegou respondendo aos quesitos.

( ) O laudo de levantamento em locais deverá conter o histórico


descrevendo os materiais coletados, as condições que interessam ao
exame papiloscópico, fotografias e croquis de localização de impressões.

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Gabaritos

1.De acordo com os tipos de relatório técnico, associe a segunda coluna


de acordo com a primeira:

1- Laudo
2- Informação
3- Parecer/ Nota
4- Auto/Termo

( 2 ) Perícia em que é desnecessária emissão de laudo. Esclarecimento


de dúvidas de natureza técnica.

( 3 ) Opinião fundamentada a respeito de perícia de terceiros. Resposta


a consultas técnicas.

( 4 ) Relatado oral feito à autoridade policial.

( 1 ) Parte formal dos autos a fim de relatar o resultado de uma Perícia.

2.Marque a alternativa correta. Os exames têm como objetivo:

( x ) Delimitar o universo da pesquisa

( ) Caracterizar o que foi examinado

( ) Descrever o resultado

( ) Apresentar e proteger o laudo

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3.Marque (V) para as sentenças verdadeiras e (F) para as falsas:

( v ) Se necessário o papiloscopista pode solicitar os autos do inquérito.

( f ) Quando não há quesitos formulados, a resposta deverá apresentar


devida argumentação, pois necessita deixar claro o resultado a que se
chegou respondendo aos quesitos.

( v ) O laudo de levantamento em locais deverá conter o histórico


descrevendo os materiais coletados, as condições que interessam ao
exame papiloscópico, fotografias e croquis de localização de impressões.

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