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Paróquia Ascensão do Senhor

TEOLOGIA FUNDAMENTAL
“estando sempre pronto a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pede” (1Pd 3,15)

Curso: INTRODUÇÃO A TEOLOGIA FUNDAMENTAL

Área: Teologia Sistemática – Teologia Fundamental

Descrição: A Teologia fundamental é a disciplina que tem o objetivo de estabelecer as primeiras bases
racionais do estudo teológico, em outras palavras, os pontos de partidas da Teologia. Assim, neste minicurso
será apresentado os principais elementos para se compor o saber teológico.

O que é Teologia?

Composta de duas palavras gregas (Theos e logos), a teologia, etimologicamente, é um tratado sobre Deus.
Neste sentido, antes de ter sido usada pelos autores cristãos, foi usada pelos escritores gregos, o que significa
que se pode e se deve distinguir entre uma teologia natural (teodiceia) e uma teologia sobrenatural. Outro
sinônimo seu, em uso desde o tempo da Escolástica, é o de "doutrina sagrada".

Ciência da Fé sobre a revelação ou a ciência da fé, em latim,


intellectus fidei, a fé como ciência.
Na expressão acertada de Karl Rahner (1904-
1984), teologia é "a explanação e explicação Experiência de Fé
consciente e metodológica da Revelação divina,
recebida e aprendida na fé". A teologia nasce da fé; é seu desdobramento
teórico ou intelectual. A experiência da fé
Nesta formulação estão presentes os elementos constitui sua condição interna, essencial e vital.
identificadores de uma autêntica teologia cristã. Com a razão o cristão procura aprofundar,
Trata-se, de fato, de "ciência da fé", entendida justificar e esclarecer seu ato de fé em Deus. Isto
como esforço humano para compreender e é, busca "compreender o que crê" ou captar pela
interpretar a experiência de fé de uma comunidade razão aquilo de que já está convencido pela fé.
e comunicá-la em linguagem e símbolos.
A Comunidade Fiel
Intellectus Fidei
Teologia se faz dentro da Comunidade eclesial e
São várias as definições de teologia que os como serviço ao Povo de Deus. Com efeito, trata-
teólogos cristãos têm dado, mas todas elas se se de "teologia da fé" e fé é "fé da Igreja". É na
referem geralmente ou à revelação ou à fé. Por Comunidade eclesial que essa fé nasce, cresce e se
isso, se diz que a teologia é a reflexão sistemática mantém. Assim, teologia não é uma atividade
privada, mas essencialmente eclesial.

Refletir um Encontro

Na Comunidade eclesial a fé é testemunhada primeiramente no querigma (anúncio) e só depois transmitida


na didaskalia (ensino). A teologia não reflete, em primeiro lugar, uma doutrina, mas a própria Revelação,
entendida como "verdade-evento": o acontecimento da Verdade salvífica na História, acolhida na fé.

A Razão Atenta

No fundo, a teologia é a tentativa de pôr ordem e unidade no conjunto do plano de salvação de Deus,
manifestado e comunicado aos homens no decorrer da história. É Deus e o seu mundo submetidos à atenção
da razão humana, a fim de Lhe captamos as suas pulsações interiores e assim podemos dar uma solução aos
problemas fundamentais do homem.

Componentes Essenciais

A teologia, além de ler no passado, tem também o encargo de atualizar as verdades da fé para os homens de
cada época, respondendo às suas perguntas, inquietações e esperanças, com a linguagem que lhes é própria.
Para tal, é preciso um olho retrospectivo, que olha para a revelação e a fé; e um prospectivo, que se lança
para o presente e o futuro, a fim de os iluminar com a luz da fé. Duas tarefas que, unidas, formam a chamada
hermenêutica e que exigem do teólogo o difícil e arriscado empenho de conjugar a fidelidade e a
criatividade.

Contínua Atualização

Não nos podemos limitar a dizer que a teologia é a fé que procura compreender. Ela é também o esforço
permanentemente renovado de atualização.

Nesta sua função, ela sente a necessidade da ajuda que lhe podem oferecer as ciências humanas, em especial
a filosofia. Na verdade, a teologia exerce uma função de mediadora entre a Igreja e o mundo e a cultura do
momento.

Fontes da Teologia

O projeto divino da Revelação realiza-se ao mesmo tempo "por ações e por palavras ligadas entre si e que se
iluminam mutuamente". Por etapas Deus vai se revelando e pedagogicamente conduz seu povo a acolher
esta sua auto-revelação que culmina na pessoa e missão de Jesus de Nazaré, seu Verbo encarnado.

A Revelação apenas levanta o véu (a revelação, literalmente,


também re-vela, isto é, vela de novo). Velar e
Aprouve a Deus. na sua bondade e sabedoria, revelar são os seus componentes essenciais.
revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério Revelação e mistério são as duas faces da mesma
da sua vontade, segundo o qual os homens, por medalha.
meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao
Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da
natureza divina. Em virtude desta revelação, Deus
invisível, na riqueza do seu amor, fala aos homens Depositum Fidei
como amigos e convive com eles, para os
convidar e admitir à comunhão com Ele... (DV 2). A transmissão da Revelação divina se faz pela
Tradição apostólica e pela Escritura, estreitamente
Sagrada Escritura unidas entre si e reciprocamente comunicantes.
Ambas, de fato, promanam da mesma fonte e, de
A Bíblia não é um tratado sistemático, mas uma certo modo, tendem ao mesmo fim.
história, precisamente a história da salvação e da
comunhão. A revelação natural é superada e Embora a Revelação esteja terminada, pois Cristo
transcendida em beleza, isto é, Deus faz-Se amigo é o mediador pleno da inteira auto-manifestação
do homem. Uma revelação que, no entanto, não divina, ela ainda não está "explicitada" por
acaba com o mistério, porque, enquanto revela, completo. Cabe à fé cristã no decorrer dos tempos
captar todo o seu alcance...

Mediar e Interpretar

A revelação, que é a automanifestação de Deus pela comunhão, não se realiza em estado puro. Ela exige
sempre uma mediação, uma interpretação, uma aceitação por parte da pessoa (ou da comunidade) que a
recebe. Esta recepção é hoje considerada como elemento constitutivo da própria revelação. Assim, por
exemplo, o Novo Testamento não é só palavra que cai do alto, mas também um eco vivo da Igreja primitiva
que a recebeu, viveu e transmitiu. a Tradição não é senão o modo concreto como a comunidade crente
escutou, em cada época, a revelação.

Tradição Apostólica

A primeira interpretação do acontecimento-Jesus é constitutiva e normativa para a Igreja de todos os tempos.


A comunidade cristã deve voltar sempre a ela, para lhe apreender o sentido profundo e predispor-se, assim, à
sua atualização, uma vez que ela constitui a fonte fundamental da fé.

O Elo: Vida e Texto

A Sagrada Escritura não é uma cristalização direta da comunidade apostólica, realizada sob o carisma da
inspiração e a vigilância dos apóstolos. Por conseguinte, não podemos estar seguros de encontrar nela, total
e explicitamente, o pensamento e a prática da Igreja Apostólica... É aqui que se torna necessário recorrer à
tradição eclesiástica, a fim de nos esclarecermos sobre as fontes escriturísticas.

Tradição Pós-Apostólica

A tradição pós-apostólica (ou eclesiástica) é o modo como a Igreja compreendeu a revelação ao longo dos
séculos, em função dos novos problemas da Humanidade: uma atualização contínua, sob a bandeira da
fidelidade e da criatividade. Se, quanto à sua etapa constitutiva, a revelação ficou encerrada para sempre
com a morte do último apóstolo, a sua atualização, no seio da Igreja, nunca termina. A fidelidade ao passado
jamais pode eliminar o dever para com o presente.

Magistério da Igreja Tipos de Magistério

Ao Magistério, que possui «O carisma da O magistério da Igreja é exercido de várias


verdade», foi confiado «O interpretar maneiras e com graus de intensidade crescente. É
autenticamente a palavra de Deus inscrita ou fundamental a distinção entre magistério autêntico
contida na Tradição» (DV 10) e esta sua função em si, mas não infalível, e magistério autêntico e
normativa e esclarecedora deve ser vista em infalível. O aspecto da fé em questão é o da
relação a duas realidades que é chamado a servir: verdade e o dos conteúdos. É neste domínio que
por um lado, em relação à palavra de Deus, a compete ao magistério institucional da Igreja
única norma absoluta; por outro, em relação à estabelecer os limites entre verdade e erro, entre
comunidade dos crentes que, no seu conjunto, normas estabelecidas da fé e as que dela se
possui o sentido da fé que não erra (LG 12). afastam.

“Parece bom, pensar”

O dogma é em si mesmo imutável, embora se possa falar de evolução do dogma, no sentido em que este não
se considera como uma fórmula estática e absolutizada, mas aberta ao progresso e que pode, por isso
mesmo, ser integrada, aprofundada ou ainda, em último termo, substituída por uma expressão melhor e mais
compreensível.

Jesus Cristo Todo joelho se dobrará

Cristo é o centro, o objetivo e a plenitude da Os grandes teólogos são pessoas de intensa vida
Revelação. A fé da Igreja confessa e anuncia que a espiritual. A fé vivida é a alma da teologia e, por
autocomunicação de Deus se deu em plenitude na isso, esta deve ser feita “de joelhos”, orando. De
pessoa histórica de Jesus Cristo, mediador entre o fato, só uma teologia genuflexa (Han Urs von
Pai e a Humanidade, pois o “Verbo se fez carne”. Balthasar) pode obter do Espírito o dom de uma
É por isso que, na perspectiva cristã, toda a Bíblia mente iluminada.
deve ser lida à luz de Cristo, de sua palavra e de
sua vida.

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