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3 metodologias ativas para

apostar em 2020
Por Thuinie Daros

Durante décadas, a Pedagogia persistiu numa relação em que o


professor era o detentor do saber e, o aluno, o receptor passivo dos
conhecimentos transmitidos pelo mestre. As mudanças sociais,
econômicas e tecnológicas, no entanto, transformaram essa realidade.

O que vem ocorrendo nas últimas décadas tem impacto direto sobre a
organização escolar. O desenvolvimento da internet e o surgimento de
novas tecnologias e dispositivos digitais, facilitou novas relações sociais,
novas formas de aprender e de interagir. Ou seja, modificou a relação
entre professor e aluno.

Por meio de redes sociais, games, memes, vídeos e outras façanhas do


mundo contemporâneo, os estudantes recebem uma avalanche de
informações. Não é de se admirar, portanto, que eles recorram ao
YouTube ou ao Google para ter acesso e mais detalhes ao conteúdo da
aula. São novos tempos.

Leia mais: Saem os livros, entram os vídeos: YouTube ganha


preferência na aprendizagem
Novos modelos de negócio, recursos, formas de pensar, de ensinar e
aprender, de viver, de conviver: é tanta mudança, que é preciso buscar
(novas) metodologias, tecnologias, ferramentas e técnicas capazes de
gerar maior engajamento dos estudantes.

O objetivo é proporcionar novas maneiras de acessar e se apropriar do


conhecimento de forma articulada com as metas de aprendizagem. Para
isso, a pedido do portal Desafios da Educação, sugeri 3 metodologias
ativas para apostar neste ano de 2020 que se avizinha.

Leia mais: 3 metodologias ativas para apostar em 2019

Aprendizagem criativa
A capacidade de criar é essencialmente relevante devido a característica
do nosso momento histórico.

No livro Escolas criativas: a revolução que está transformando a


educação, Ken Robinson, especialista em educação e criatividade,
escreve que “a criatividade não é apenas ter ideias não convencionais e
deixar a imaginação correr livre. Pode até envolver tudo isso, mas
também envolve refinar, testar e se concentrar no que está fazendo”.

O desenvolvimento desta competência deve ser materializada nas


práticas educativas atuais. Como? Por meio da metodologia da
aprendizagem criativa.

Inspirada nas ideias de Seymour Papert, matemático e docente do MIT


(Massachusetts Institute of Technology), a metodologia para o
aprendizado mais criativo é desenvolvida a partir de 4 princípios.
Conhecidos como os 4 Ps da Aprendizagem Criativa, eles são (em
inglês):  project, passion, people e play.

Leia mais: Ambiente aberto à criatividade é um dos desafios da


educação contemporânea

 Project/projeto: o desafio é proposto aos estudantes, que por sua vez


precisam realizar todo o planejamento de como resolver a situação
apresentada, além de definir os materiais e os recursos a serem
utilizados.

Passion/paixão: com o projeto definido, a questão ou o desafio lançado


deve ser envolvente e instigante capaz de despertar paixão pelo que se
está fazendo.

People/parcerias: para resolução do projeto, e com a questão


desafiadora definida, os estudantes deverão buscar parcerias. Elas
podem ser desde pessoas e profissionais mais experientes ou mentores
no assunto, até pessoas que possam ajudar na viabilidade da solução do
problema trabalhado em grupo – um stakeholder por exemplo.

Play/brincar: é a fase na qual os estudantes colocam em ação todas as


etapas supracitadas por meio de um processo de efetiva experimentação
e vivência prática. O objetivo é proporcionar a validação das hipóteses
das soluções ou protótipos construídos, realizando adequações, se
necessário.

Atividades colaborativas orientadas pela cultura Maker ou a “ mão na


massa”, como robótica, programação, animações e stop motion, são
exemplos dessa possibilidade. Os 4 princípios da aprendizagem criativa
criam condições para que o estudante possa experimentar, criar, testar,
errar a partir de uma experimentação concreta e ativa de aprendizagem.

Leia mais: Como as metodologias ágeis podem transformar o ensino


superior

Metodologia ágil
A agilidade, a experiência intensa e o conectivismo inspirativo são
evidenciados como os principais pilares desta metodologia.

Nela, os estudantes, na posição de aprendizes autodirigidos, vivenciam,


em ciclos de aprendizagem pontuais, experiências, interações sobre
processos e ferramentas, compartilhamento de conhecimentos,
informações e dados. Isso tudo através da componentização da
aprendizagem em micromomentos, microatividades e microconteúdos –
partes menores, porém profundas e altamente relevantes.

A metodologia ágil é uma oportunidade de resposta à mudança. É um


esforço para que o processo de aprendizagem seja menos conteudista e
mais focado no desenvolvimento e na preparação dos estudantes para
os desafios do mundo atual. Ou seja, experiência a partir do
desenvolvimento de competências e soft skills.

Construção de blogs, wikis, web-fórum, pílulas de aprendizagem, nano-


learning, digital game-based learning, QR Code , websérie, think-pair-
share, vídeos ou nivelamentos just in time, feedbacks, rubricas de
avaliação ou mesmo a aplicação de uma matriz swot ou um canva para
modelagem de um projeto são exemplos de abordagens ágeis que
proporcionam uma experiência de aprendizagem significativa e que
tende a ser aplicada nas escolas.

Leia mais: Inspirada em Harry Potter, escola mineira desenvolve


competências dos alunos
Ensino híbrido
Os modelos educacionais estão cada vez mais híbridos. Isso significa
que ao aluno aprende ao misturar atividades presenciais com o professor
e momentos remotos, aprendendo por meio de softwares, plataformas e
aplicativos. Essa é uma realidade tanto na educação básica quanto no
ensino superior, em modelos presenciais, a distância ou ainda no mundo
corporativo.

Leia mais: Como utilizar ensino híbrido na educação corporativa

O ensino híbrido (ou blended learning, em inglês) foi apresentado


pelo Instituto Clayton Christensen e tem sido disseminado com o intuito
de definir uma metodologia que integra o método tradicional —
presencial, em sala de aula e com a interação do professor — com o
aprendizado online.

A educação virtual utiliza as tecnologias para possibilitar o acesso ao


conhecimento com o controle do tempo e ritmo por parte do estudante.
Em outras palavras, mistura as atividades online e offline, mantendo o
foco na personalização do aprendizado do estudante.

Leia mais: Mais do que personalizar a aprendizagem, é preciso


humanizar a educação

As estratégias como rotação por estação, laboratório rotacional, e sala de


aula invertida ou ainda o modelo flex, modelo à La Carte e o modelo
virtual enriquecido são exemplos de hibridização da educação. Essas
técnicas possibilitam a autonomia do aluno, aprendizado personalizado,
o domínio gradativo do conhecimento e a construção de relacionamentos
produtivos entre professor e aluno e aluno com aluno.

Aqui, cabe um conselho aos docentes: assumam postura crítica e ativa


em relação a utilização das tecnologias no processo de aprendizagem.
Sobretudo em abordagens híbridas, de modo que não se reproduza os
velhos métodos.

Saiba mais (livro): Blended: usando a inovação disruptiva para


aprimorar a educação

Sobre a autora
Thuinie Daros é head de metodologias ativas e cursos híbridos da
Unicesumar, co-fundadora da Téssera Educação e autora do livro A
sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o
aprendizado ativo (editora Penso, 2018).

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