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A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

PELO STF
Disciplina: Teoria do Direito
Professor Dr. Willis Santiago Guerra Filho
Autor: Maurício da Silva Lopes Filho

Introdução

Ao pesquisar a palavra proporcionalidade na publicação eletrônica A


Constituição e o Supremo, são identificadas algumas dezenas de ocorrências. A maior
concentração está na parte inicial da Constituição (fundamentos, princípios e direitos
fundamentais) e nos artigos sobre o sistema tributário nacional.

A proporcionalidade ora é utilizada como meio de restringir liberdades, ora com


meio de ampliá-las, verdade é que, como o direito não se faz isoladamente, ou seja,
todas as relações se dão entre indivíduos, a ampliação de direitos corresponde a algum
grau de restrição de direitos alheios.

Nesta perspectiva, importante entender alguns casos nos quais o Supremo


Tribunal Federal aplicou a proporcionalidade.

Princípio da Proporcionalidade

Proporcionalidade é o princípio segundo o qual o direito deve ser adequado aos


fins perseguidos, necessário aos seus objetivos e ponderado para produzir benefícios na
sua correta extensão, sem desmesurada interferência na esfera dos direitos dos terceiros
que de algum modo são afetados.

Enquanto necessária, adequada e proporcional a norma jurídica é executada com


eficiência, contribuindo para a pacificação social. No entanto, quando há a crise no
direito, decorrente da alegação de sofrimento de ilícito, a jurisdição pode ser convidada
para, aplicando sua interpretação do direito ao caso, determinar a solução da questão.
Neste processo de interpretação e aplicação da lei, o princípio da
proporcionalidade tem papel de suma importância, pois ele está como um princípio de
sobreposição, sendo chamado ao ofício do exegeta para acomodar eventuais
contrariedades entre princípios, permitindo coesão e coerência na hermenêutica
constitucional e infraconstitucional.

Caso concreto

A Supremo Tribunal Federal tem decidido com o princípio da proporcionalidade


de forma superficial, mencionando-o em fechos de julgados, como se da simples citação
do princípio decorresse implicitamente a sua aplicação.

Vejamos:

Lei 10.248/1993 do Estado do Paraná, que obriga os estabelecimentos que


comercializem Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) a pesarem, à vista do consumidor, os botijões
ou cilindros entregues ou recebidos para substituição, com abatimento proporcional do preço do
produto ante a eventual verificação de diferença a menor entre o conteúdo e a quantidade líquida
especificada no recipiente. Inconstitucionalidade formal, por ofensa à competência privativa da
União para legislar sobre o tema (CF/1988, art. 22, IV, e art. 238). Violação ao princípio da
proporcionalidade e razoabilidade das leis restritivas de direitos. [ADI 855, rel. p/ o ac. min.
Gilmar Mendes, j. 6-3-2008, P, DJE de 27-3-2009.]

Quando se aplica a proporcionalidade sem a aferição de seus requisitos


(adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito), vulgariza-se a norma,
implicando naturalmente em perda da sua importância, pelo desvirtuamento de sua
importante função de sobreprincípio.

Conclusão

O princípio da proporcionalidade desempenha papel de fundamental


importância da consolidação da democracia brasileira. Serve de norte ao hermeneuta
desvencilhando fatos que se encontrar entre normas aparentemente conflitivas,
permitindo decisões consentâneas com ordenamento jurídico pátrio enquanto sistema.

A Aplicação mal fundamentada e até mesmo desvirtuada do referido princípio,


implica em seu desgaste enquanto valor superior da interpretação do direito nacional,
podendo levar ao enfraquecimento deste importante cânone jurídico.

Nesse aspecto, deve-se resgatar a importância da utilização virtuosa da


proporcionalidade, sempre submetido aos seus requisitos de aplicabilidade, imprimindo
realização efetiva dos valores constitucionalmente consagrados.

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