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1.

Tema:

O processo de ensino e aprendizagem em turmas numerosas: uma análise sobre o seu


impacto no ensino primário, caso da Escola Primária da Estação, Lichinga, 2014 – 2015.

2. Problematização

Geralmente as escolas públicas urbanas ao nível do país debatem-se com o problema de salas
de aulas, este problema contribui para a diminuição de números de turmas por classe, com
esta diminuição de turmas o efectivo de alunos por turma é muito elevado.

A província de Niassa, a cidade de Lichinga em particular, também enfrenta este problema,


pois durante as práticas pedagógicas, verificamos na EP1 – Estação que algumas turmas
apresentavam um número muito acima do preconizado pelo REGEB.

Em algumas turmas um professor está para um universo de 80 a 120 alunos, uma carteira que
normalmente deve ser ocupada por dois alunos, acaba sendo ocupada por 3 ou mais alunos o
que dificulta a criança se ajeitar para melhor escrever.

Actualmente as escolas são exigidas a desenvolver um ensino de qualidade, mas notamos que
há muita dificuldade por parte do professor em cumprir esta exigência numa turma numerosa,
nessas turmas o professor não consegue dar oportunidade a todos alunos para se expressarem,
a relação adequada entre professor-aluno fica comprometida. Daí que levantamos a seguinte
questão:

Qual é o impacto das turmas numerosas para o processo de ensino e aprendizagem?

3. Delimitação do tema

O estudo deste tema abrange o ensino primário, será realizado na Província de Niassa, Cidade
de Lichinga, concretamente na Escola Primária da Estação, Bairro Chiuaula, 2014 – 2015.

4. Justificativa

A elaboração desta pesquisa partiu da tentativa de conhecer o impacto das turmas numerosas
para o processo de ensino e aprendizagem concretamente no ensino primário.

O motivo que nos levou a desenvolver esta pesquisa no ensino primário deve-se ao facto de
constatarmos que o problema de turmas numerosas na EP1 – Estação era muito evidente.
No ensino primário, a relação entre professor e aluno, carece de um clima de maior
afetividade, visto que, nessa fase de escolaridade, o aluno faz do ambiente escolar uma
extensão do lar, em busca de segurança e afecto. Em turmas numerosas este clima de maior
afectividade dificilmente pode se notar, fazendo com que as crianças façam uma avaliação
errada da escola, da sala de aula e da própria aprendizagem.

A adaptação ao ambiente escolar, principalmente para crianças pequenas é, muitas vezes,


motivo de angústia e insegurança. Só uma prática pedagógica acolhedora, permeada de
simpatia, compreensão, afeição, escuta sensível e aceitação do outro, favorece a formação do
auto-conceito e da auto-estima do aluno, ajudando-o a ter mais autonomia.

Sabemos que hoje as escolas não têm mais o papel de apenas instruir as crianças. Elas vão
muito além disso. A criança merece toda  atenção do professor. Devido o número elevado de
alunos na turma, muitas vezes, o professor se sente perdido, não tendo condições de utilizar as
suas técnicas educacionais de forma satisfatória a fim de ajudar seus alunos no crescimento e
desenvolvimento dentro do processo de ensino-aprendizagem.

Em turmas numerosas torna-se difícil para o professor actuar de forma satisfatória indo ao
encontro dos anseios dos seus alunos, tirando as suas dúvidas, para encontrar, junto com eles,
soluções viáveis para os problemas de ensino-aprendizagem.

Actualmente no país discute-se sobre a fraca qualidade de ensino, o governo, os pais e ou


encarregados de educação estão preocupados com este cenário, apesar de esforço por parte do
governo para melhorar a qualidade de ensino os resultados ainda não são satisfatórios. Por
esta razão discutir sobre o impacto de turmas numerosas para o processo de ensino e
aprendizagem pode ser uma das soluções do problema da qualidade do ensino.

O tema em estudo é de grande relevância para a vida académica, e para curso de Psicologia
Educacional, visto que, poderá permitir aos professores e outros profissionais ligados a
educação escolar a terem uma visão sobre as consequências das turmas numerosas no
processo ensino-aprendizagem, o que pode permitir na adopção mecanismos para minimizá-
las, permitindo deste modo a melhoria do desempenho pedagógico dos alunos e
consequentemente da qualidade do ensino.

É neste âmbito que o pretendemos trazer ideias fundamentadas através de recolha de dados e
abordagens teóricas com intuito de identificar as consequências das turmas numerosas no
processo de ensino-aprendizagem na Escola Primária da Estação, cidade de Lichinga,
província de Niassa.

5. Objectivos:
5.1. Geral:
 Conhecer o impacto das turmas numerosas para o processo de ensino e aprendizagem
no primeiro ciclo do ensino primário.
5.2. Específicos:
 Identificar as consequências das turmas numerosas para o processo de ensino e
aprendizagem;
 Explicar como é que estas consequências interferem no processo de ensino e
aprendizagem;
 Propor estratégias que possam minimizar as consequências das turmas numerosas no
processo de ensino e aprendizagem.
6. Objecto de estudo

O objecto de estudo desta pesquisa é o processo de ensino-aprendizagem em turmas


numerosas.

7. Hipóteses:
 As turmas numerosas dificultam ao professor fazer o acompanhamento do processo de
ensino e aprendizagem dos alunos;
 As turmas numerosas dificultam ao professor conhecer as particularidades dos alunos;
 As turmas numerosas contribuem para a fraca participação dos alunos durante o
processo de ensino e aprendizagem;
 As turmas numerosas dificultam ao professor fazer um acompanhamento
individualizado do aluno;
 As turmas numerosas contribuem para a fraca qualidade de ensino.
8. Procedimentos metodológicos
8.1. Tipo de pesquisa

Quanto a abordagem optaremos pela pesquisa qualitativa, porque será feita uma explicação
dos fenómenos observados que não sãos possíveis de quantificar, mas serão usadas algumas
técnicas da estatística durante a análise e interpretação dos dados. Quanto a natureza será uma
pesquisa aplicada pois tem como objectivo gerar conhecimentos para aplicação prática,
dirigidos à solução de problemas específicos. Quanto ao objectivo a pesquisa será explicativa
pois com esta pesquisa pretende-se identificar o impacto das turmas numerosas e explicar as
consequências deste fenómeno no processo de ensino-aprendizagem a partir dos resultados
obtidos na pesquisa. E finalmente quanto ao procedimento será uma pesquisa de campo
porque além da pesquisa bibliográfica, será necessário deslocarmo-nos ao terreno para
realizar uma colecta de dados através de diferentes técnicas.

8.2. Técnicas de colecta de dados

Nesta pesquisa para a colecta de dados, serão usadas as seguintes técnicas: a observação, o
questionário e a entrevista.

Observação - esta técnica será usada durante as aulas, permitirá vivenciar e examinar o
impacto das turmas numerosas no processo de ensino e aprendizagem, verificar as
manifestações dos alunos e professores, o nível de participação dos alunos nas aulas, e a
motivação dos alunos para o processo de ensino e aprendizagem. Esta técnica irá ajudar no
registo sistemático do que se pretende investigar assim com na planificação sistemática das
actividades que se pretendem levar a cabo.

Questionário – esta técnica será aplicada para os professores e pais ou encarregados de


educação, o seu uso permitirá fazer uma comparação das respostas dos respondentes com base
no mesmo conjunto de perguntas, facilitará a recolha de dados pois pode abranger vários
respondentes ao mesmo tempo. Esta técnica garante uma maior liberdade das respostas em
razão do anonimato e obtêm-se respostas rápidas.

Entrevista – está técnica será aplicada aos membros da direcção, aos professores, aos pais e
ou encarregados de educação, e aos alunos, nesta pesquisa será privilegiada a entrevista semi-
estruturada porque irá intercalar perguntas do roteiro e outras que poderão ser pertinentes
durante o desenvolvimento da entrevista. Esta técnica irá possibilitar explorar mais o
entrevistado de modo a se abrir e a dar mais informações necessárias para o alcance dos
objectivos desta pesquisa.

9. Delimitação do universo

A pesquisa será feita na Escola Primária da Estação, serão inquiridos membros da direcção,
professores, pais/encarregados dos alunos e próprios os alunos.
9.1. Tipos de amostragem

O tipo de amostragem que será aplicado para escolha da amostra desta pesquisa será a
amostragem probabilística.

De acordo com LAKATOS & MARCONI (1992), este tipo de amostragem baseia-se na
recolha aleatória dos pesquisados, significando o aleatório que a selecção se faz de forma
que cada membro da população tenha a mesma probabilidade de ser escolhido.

Dentre os métodos mais comuns de amostragem probabilística, nesta pesquisa usaremos a


amostragem aleatória simples.

Está técnica facilitará na escolha da amostra, pois todo universo tem a mesma probabilidade,
será fácil de corrigir caso existir algum erro ou uma representatividade inadequada na amostra
da pesquisa.

9.2. Quadro da distribuição da amostra

Componentes da amostra Distribuição Técnica de colecta de dados


Membros da Direcção 2 Entrevista
Professores 15 Questionário e entrevista
Pais ou encarregados de educação 5 Entrevista
Alunos 15 Entrevista
Total 37
Adaptado pelo autor

10. Revisão Bibliográfica

FERREIRA & SANTOS, sustentam que sem ordem ensinar torna-se difícil e separar na
prática pedagógica a organização e ensino é não praticar nada na educação porque os fins
não serão atingidos com êxito.

Em linhas gerais a respeito do processo educativo Comenius assinalou que o sentido de


ensinar deve estabelecer uma ação na direção do aluno: “A arte de ensinar é sublime,  pois
destina-se a formar o homem, é uma ação do professor no aluno, tornando-o diferente do que
era antes.”

PILETTI (2004:244) defende que, a sala de aulas é somente um acampamento para


aprendizagem e quanto mais entrarem nela experiências da vida da criança, tanto melhor
para aprendizagem.
As superlotações das salas de aula têm implicações negativas no processo de aprendizagem do
aluno, pois é quase impossível ter o controlo da turma e, como consequência disso, são
poucos os estudantes que apreendem e compreendem a matéria .

De acordo com NÉRICI (1988: 257), é difícil ou quase impossível a um professor dedicar-se,
convenientemente, a tantos alunos a um só tempo…o ideal seria de 20 a 25 alunos por turma.
Atender as diferenças individuais, em classes numerosas, é quase utópico.

Em todas escolas, a avaliação do desempenho do aluno é feita através de provas. Quando se


aproxima o período de avaliações, a “dor de cabeça”para os professores aumenta. Os
estudantes são muitos e chega a ser difícil separá-los para avaliá-los individualmente.

Ainda que o aluno não queira copiar, o facto de as respostas dos colegas se encontrarem à
exposição leva-o a enveredar por esse caminho. Às vezes, não é intenção do estudante copiar
as respostas dos outros, mas a forma como estão apertados, dentro da sala, obriga-os a isso.

11. Cronograma

A pesquisa que se pretende realizar decorrerá de acordo com as etapas e períodos abaixo
indicados:

MESES DE EXECUÇÃO
ACTIVIDADES A. M. J. J. A. S. O. N.
1. Elaboração do Projecto X
2. Revisão da literatura X
3. Contacto com a Direcção da Escola X
4. Colecta de dados X X
5. Análise e interpretação dos dados colectados X X
6. Elaboração do relatório (Monografia) X X
7. Entrega da Monografia ao Departamento X

12. Quadro de orçamento

Nrº Designação do Material Quantidade Custo/Unidade Custo total/Mts


01 Sebenta 2 50.00 100.00
02 Resma 1 250.00 250.00
03 Esferográfica 5 10.00 50.00
05 Lápis 2 10.00 20.00
06 Borracha 2 5.00 10.00
07 Flesh 1 400.00 400.00
08 Impressão 2.400.00
09 Cópia 800.00
10 Comunicação 1.500.00
Total 5.530.00

13. Bibliografia

PILETTI, Claudino. Didáctica Geral. 23ª Ed. Editora Ática. São Paulo, 2004.

NÉRICI, Imidio Giusepe. Introdução a didáctica Geral, 2ª ed, São Paulo, Editora
Ática,1988.

- FERREIRA, Manuela Sanches; SANTOS, Milice Ribeiro dos. Aprender à


Ensinar, Ensinar à Aprender. Edição 526, Porto, Edições Afrontamento., 1994.

- LIBÂNIO, José Carlos. Didáctica. São Paulo, Cortez Editora, 1992. 256p

- MINED – Moçambique, Regulamento Geral das Escolas do Ensino Básico


(REGEB), Edição DNEB/MINED – Moçambique, Maputo, Março 2003. 101 P

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