Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONTEÚDO
1
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
2
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
Materiais semicondutores:
1. Elementares:
Si, Ge, S , Se, Te, B, P,...
2. Compostos binários:
III – V: GaAs, InP, InSb, GaN ,...
II – VI : CdS , CdTe, ZnSe,...
I – VII : CuCl
IV- VI : PbS , PbTe,...
IV – IV: SiC
3. Òxidos:
CuO, Cu 2 O, La 2 CuO4 ,...
4. Soluções sólidas:
Si x Ge1− x ( x = 0 ÷ 1)
Al x Ga1− x As, Cd x Hg1− xTe, Zn S x Se1− x
5. Semicondutores orgânicos: polímeros “conjugados”, etc.
3
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
4
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
r
onde an é um dos vectores de translação da rede cristalina. No entanto, isto já é
suficiente para tirar algumas conclusões importantes relativamente ao espectro
electrónico do cristal.
r r
A partir daqui o índice “eff” do potencial vai ser omitido, Veff (r ) → V (r ) .
O teorema do Bloch
A equação de Schrödinger para um electrão no cristal é:
h2 r r r r
− ∆ψ (r ) + V (r )ψ (r ) = Eψ (r ) (2)
2 m0
Reescrevemos esta equação para um outro ponto, distante de um vector de translação:
h2 r r r r r r r
− ∆ψ (r + a n ) + V (r )ψ (r + a n ) = Eψ (r + a n )
2 m0
onde utilizamos a periodicidade do potencial. Então,
r r r
ψ (r + a n ) = C nψ (r ) ,
onde Cn é uma constante, C n = 1 da condição de normalização.
r r
Fazendo o mesmo para um outro vector de translação a n ′ ≠ a n e para a translação que
r r r
é a soma das duas primeiras a n ′′ = a n ′ + a n , chegamos a conclusão que
Cn′ + n = Cn′ ⋅ Cn
A função que tem esta propriedade é
rr
ik a n
Cn = e
r
onde k é um vector arbitrário. Então, a função de onda num cristal (a onda de Bloch)
pode ser escrita sob a seguinte forma:
r
r r ik rr
ψ ( r ) = u k ( r )e
r (3)
onde
r r r
u kr (r ) = u kr (r + a n )
rr
ik r
é uma função periódica. Chama-se amplitude de Bloch, e e é a exponencial de Bloch.
Então,
rr
r r r
ψ ( r + a n ) = ψ ( r ) e ik a n (4)
A Eq.(3) expressa o teorema de Bloch. A função de onda (3) (desenhada abaixo) é
constituída por dois factores: a amplitude de Bloch, que é igual para qualquer célula
unitária, e a “função de envelope”, que é uma função harmónica.
r
Se a Eq.(3) for válida para um k qualquer, também vai ser válida para um outro vector
r
de onda k ′, sendo
r r r
k ′ = k + bn , (5)
r r
(bn ⋅ a n ) = 0, 2π , 4π , L
5
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
Assim surge a rede recíproca. Pode ser construída à base de três vectores,
r 2π r
b1 = (a2 × ar3 ) ,
V0
r 2π r r
b2 = (a3 × a1 ) , (6)
V0
r 2π r r
b3 = (a1 × a2 ) ,
V0
r r r
onde V0 = a1 ⋅ [a 2 × a3 ] é o volume da célula unitária.
Por exemplo, para uma rede quadrática, a rede recíproca também é rede quadrática, com
2π
a célula de tamanho . A rede recíproca à face-centrada cúbica (f.c.c.) é a corpo-
a
centrada cúbica ( b.c.c.) e vice versa.
A célula de Wigner-Seitz da rede recíproca chama-se primeira zona de Brillouin (Z.B.)
6
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
Tabela I.
7
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
r r r r
(11)) é importante para aqueles pontos da Z.B. onde E (k ) ≈ E (k ′) para k ≠ k ′ .
Sabemos que a função V (x) é periódica, com o período a . Então, a sua transformada
2π
Fourier tem que ser um conjunto de picos para k ′ − k = n , n = 0, ± 1,... , ou seja,
a
2π
Vkk ′ ≠ 0 para k ′ − k = n . Logo, a interacção é importante (o segundo termo em
a
π
(11) é grande) para os pontos k = 0 e k = ± da Z.B. A interacção faz com que as
a
bandas se afastem, porque o segundo termo é negativo para a banda mais baixa e é
positivo para banda mais alta (o sinal do denominador é diferente!)
π 2π
A fórmula (11) deixa de ser válida nos pontos k = ± , ± , etc , porque estes estados
a a
(não perturbados) são degenerados. Tem-se de usar a outra forma da teoria de
perturbações, na qual os níveis perturbados são calculados através da equação secular:
r
E0 (k ) − E Vkr , kr + Kr
r r r =0,
Vkr , kr − Kr E0 (k + K r ) − E
r
r
onde K r é o vector de onda que separa os estados com valores de energia próximos.
Então, o espectro perturbado é dado pela expressão:
1 r r r 1 r r r 2
E (k ) = ( E0 (k ) + E0 (k + K r )) ± ( E0 (k ) − E0 (k + K r )) 2 + Vkr , kr − Kr . (11a)
2 4 r
r r r
(Repare-se que, se Vkr , kr − Kr for pequeno comparando com ( E0 (k ) − E0 (k + K r )) ,
r
8
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
Fig.1
9
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
porque todos os átomos são iguais para o cristal perfeito considerado aqui (ε j = ε ) e
r r r
Rm = R j − R ′j também é um vector de translação da rede.
Admitindo que a sobreposição das funções de onda é pequena, podemos adoptar a
seguinte aproximação:
r
r 1 para Rm = 0
S ( Rm ) = ;
0 em outros casos
r
A0 para Rm = 0
r r r
A( Rm ) = A1 para Rm = a ( vizinhos próximos)
0 em outros casos
10
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
r
(O factor pequeno ϕ j ϕ *j ′ na definição de A( R jj ′ ) é compensado pela grande diferença
dos potenciais cristalino e atómico (V − U j ) longe de átomo j.)
Então, rr
r ik R
E (k ) = ε + A0 + A1 ∑ e m (18)
↓
sobre os vizinhos mais próximos
Para uma rede quadrática,
E = ε + A0 + 2 A1 (cos(k x a ) + cos(k y a )) (18a)
A Eq.(18a) determina uma banda de largura
8A1 que surgiu do nível atómico devido à
interacção (descrita pelos parâmetros A0 e A1 ).
Se considerássemos dois níveis atómicos de
energia, obteríamos duas bandas, etc. Pode-se
mostrar que o sinal do parâmetro A1 altera para
os níveis consecutivos. Então, os máximos da
banda inferior são posicionadas aos mesmos k
do que os mínimos da banda superior, como
mostra a figura 2.
11
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
no sentido contrário à do campo eléctrico, ou seja, vai haver uma corrente eléctrica. Esta
situação corresponde a um metal, o que significa que a condutividade eléctrica a T=0 é
não nula.
2) Na banda de valência todos os estados são ocupados, mas há sobreposição com a
banda mais alta (Fig.3b). Esta situação também corresponde a um metal (por exemplo,
Ca).
3) Todos os estados da banda de valência são ocupados e não há sobreposição com a
banda de cima. Este material seria isolador.
Consideremos, por exemplo, o sal ( Na Cl ).
Na + (1s 2 2s 2 2 p 6 )
Cl − (1s 2 2s 2 2 p 6 3s 2 3 p 6 )
A banda de valência tem origem no estado 3 p, tem 6 N lugares, todos são do Cl − é
estão ocupados a T=0. A banda de condução origina do estado 3s do Na e contém 2N
estados, todos vazios. Há um hiato (“gap”) entre as bandas. Se aplicarmos um campo
eléctrico, não vai haver corrente → NaCl é isolador.
Fig.3
Então, a estrutura das bandas permite uma classificação dos sólidos, como mostra a
Figura 3. Notemos que a diferença entre um material isolador e um semicondutor é
quantitativa, não qualitativa. Consideram-se como isoladores materiais com
Eg ≥ 3.5 − 4 eV (Figs.3c e 3d).
As energias do gap para os materiais mais importantes estão na Tabela II, que também
mostra se o gap é directo ou indirecto e o grupo pontual de simetria do cristal.
12
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
Tabela II.
A massa efectiva
Vamos considerar apenas duas bandas, a de valência e a de condução, num
semicondutor. Dentro de modelo de electrões quase livres, ou de ligação forte, E k .
Chamemos o fundo da banda de condução de Ec e o topo da banda de valência de Ev .
Na vizinhança do máximo Ev = E (k = 0) podemos usar a expansão em série de Taylor,
∂E 1 ∂E
E (k ) = E (0) + k+ k2
∂k k = 0
{ 2 ∂k k = 0
2
⇓
0
h2 2 1
= Ev − k (19)
2 mx
onde
1 1 ∂ 2 E (k )
= r (20)
mv* h2 ∂k 2 k =0
mvx chama-se massa efectiva (da banda de valência). Para a banda de condução.
h 2k 2 p2
E (k ) = Ec + = Ec + (21)
2mc* 2mc*
O segundo termo da (20) coincide com a energia cinética de uma partícula livre. Então,
o efeito da rede cristalina está incluído neste parâmetro, do resto, a relação de dispersão
coincide com a do electrão livre. Por exemplo, no modelo de ligação forte (17a),
1 1
=− 2 A1a 2 ,
* 2
m h
ou
13
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
14
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
Consideremos um electrão, num cristal sob acção de uma força externa. Se a força não
for muito grande, a consideração quasiclássica é possível. Partimos da equação clássica
de movimento, que expressa a variação da energia do electrão em resultado de acção da
r
força externa F ,
∂E r r
= ( F ⋅ν ) (25)
∂t
A derivada em ordem ao tempo pode ser escrita como
r r
∂E ∂p ∂E ∂p r
= ⋅ r = ⋅ν .
∂t ∂t ∂p ∂t
Então,
r
∂p r
= F, (26)
∂t
o que formalmente coincide com a segunda lei de Newton para uma partícula no vazio.
r
No entanto, o significado é diferente: p é o quasimomento. Para o momento
“verdadeiro”, a equação seria r
∂P r ∂V
=F− r
∂t ∂r
(onde V é o potencial cristalino). Então, não há conservação do momento num cristal,
mesmo na ausência de qualquer força externa. No entanto, o quasimomento conserva-
se, se não existir nenhuma força externa. Isto pode ser considerado como a conservação
do quasimomento num cristal. O quasimomento num cristal periódico desempenha o
papel do momento no vazio. Se o cristal contiver algum defeito (uma impureza,
qualquer coisa que seja irregularidade no potencial cristalino), isto provoca alteração do
quasimomento, ou difusão do electrão.
15
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
dv x
= (m* ) −1 < 0 .
∂p x
Então, em vez de considerar um electrão, com e < 0 e m* < 0 , é conveniente introduzir
uma quasipartícula com e > 0 e m x > 0 , chamada lacuna. As propriedades da lacuna
são:
r r
1) k h = − k e (O quasimomento
total de uma bandar
cheia menos
um electrão é (- k e ). É atribuído à E
lacuna -rver Fig.4); Banda de
( r
2) Eh (kh ) − Ev = − Ee (ke ) − Ev ) lacunas
ou, equivalente,
mh* = − m* .
Assim, o espectro de lacunas é:
h 2 k h2
Eh = Ev + ; k
2m h
3) A corrente eléctrica associada a
uma lacuna é:
Banda de
j = −(− e )ν e (E ) = eν h (E h ) . valência dos
electrões
É preciso ter em conta que a
analogia entre os electrões de
banda de condução e as lacunas da Fig.4
banda de valência é incompleta.
Num campo de inércia, o que se
altera é o momento verdadeiro e não o quasimomento. Na experiência de Tallman e
Stewart (quando uma barra de semicondutor que estava em movimento para
abruptamente), a carga específica sempre foi medida negativa.
Cristais de Si e Ge têm estrutura de diamante, que é constituída por duas redes f.c.c
(então, não é uma rede de Bravais), uma das quais é deslocada a um quarto da diagonal
do cubo que representa a célula unitária da primeira (ver Fig. 5). Os vizinhos mais
próximos estão ligados ente si por ligações covalentes.
16
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
Os ângulos entre estas ligações são iguais a ( arccos(− 1 / 3) ), de maneira que os quatro
vizinhos mais próximos de um átomo ocupam os vértices de um tetraedro, enquanto o
próprio átomo está no centro deste tetraedro. O grupo pontual de simetria desta estrutura
é Oh .
A maioria dos semicondutores III-V e
II-VI têm estrutura de sfalerite (ou
“blenda”), que é diferente da de
diamante em que uma das sub-redes
f.c.c. é ocupada pelos catiões e a outra
pelos aniões. Então, os 4 vizinhos
mais próximos de cada átomo são
átomos de outro tipo. O grupo pontual
de simetria desta estrutura é Td .
A rede recíproca para ambas as
estruturas é b.c.c. A célula de Wigner-
Seitz desta rede (ou seja, a 1-a zona de
Brillouin) é um octaedro truncado (ver
Fig.6). Como a b.c.c. é uma rede
cúbica, as direcções de simetria mais Fig.5
alta são (100), (111) e (110). A r
estrutura electrónica dos semicondutores é normalmente representada no espaço k , ao
longo destas direcções, dentro da 1-a Z.B. Nesta zona, existem alguns pontos de alta
simetria, que têm nomes especiais, por
exemplo,
2π π π π
Γ(0,0,0), X 0, ,0 , L , , , etc.,
a a a a
onde a é a constante da rede.
Nos cristais de Si e Ge, bem como nos
materiais com a estrutura de blenda, as
ligações covalentes são do tipo sp 3
hibridizado. A banda de valência origina
predominantemente dos níveis electrónicos
do tipo p dos respectivos átomos (no caso
dos materiais III-V e II-VI, dos aniões). As
orbitais do tipo p (bem como as do tipo s )
dos átomos vizinhos podem ser
colectivizadas de duas maneiras: Fig.6
- simétrica,
- anti-simétrica.
Os dois átomos em causa constituem a base do cristal. Cada nível electrónico deste par
dá origem a uma banda no cristal, onde surgem duas bandas do tipo p, chamadas
“bonding” e “ anti-bonding”. A banda de valência é a de “bonding”. Isto é universal
para Si, Ge, Sn e também para os materiais compostos com estrutura de blenda mas a
banda de condução tem origem diferente para os materiais diferentes. Para o silício, a
banda de condução é do tipo p - anti-bonding (chama-se Γ15 - da teoria de grupos). No
ponto Γ, é 3 vezes degenerada. Para o germânio, a banda do tipo s (anti-bonding) tem
energia mais baixa e, porém, é esta a banda de condução (não degenerada no ponto Γ ).
17
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
A banda de condução nos materiais com a estrutura de blenda também é do tipo s, não
degenerada. A estrutura electrónica qualitativa dos materiais semicondutores com rede
cristalina cúbica e mostrada na parte central da Fig.6. As bolinhas indicam os mínimos
de energia mais baixa na banda de condução para os diferentes materiais. Repare-se que
para o Si e o Ge este mínimo não se situa no centro da zona Brillouin, pelo contrário à
situação de materiais III-V e II-VI. O Si e Ge têm estrutura indirecta. (A estrutura
electrónica representada nestes desenhos tem o carácter qualitativo.)
Existe uma interacção, chamada acoplamento “spin-órbita”, que tem influência bastante
importante na estrutura das bandas. Este acoplamento tem a ver com que o momento
angular orbital e o spin não se conservam separadamente, mas é o momento angular
total que é um integral de movimento,
r r r
J =l +s.
Rigorosamente falando, este efeito faz com que seja necessário considerar a equação de
Dirac e não a de Schrödinger. No entanto, na maior parte dos casos, o acoplamento
spin-órbita pode ser tratado da maneira perturbativa, acrescentando um termo à equação
de Schrödinger, que tem a seguinte forma:
h r r r
Hˆ so = (∇V × p ) ⋅ σ ,
2 2
4 m0 c
r r
onde σ é o vector de matrizes de Pauli, p é o operador do momento linear e V o
potencial cristalino.
Se levarmos em conta esta interacção, aparecem vários efeitos na estrutura electrónica,
o mais importante dos quais é o desdobramento da banda de valência no ponto Γ. Com
efeito, duas bandas (as de lacunas leves e de lacunas pesadas) deslocam-se para cima, e
a terceira, chamada “spin-split band”, fica mais para baixo. Este efeito é mostrado na
Fig.7d. A figura 7 (ver página a seguir) mostra as características específicas da estrutura
das bandas para alguns semicondutores importantes. Nomeadamente,
1) Si e Ge têm estrutura de bandas indirecta. As superfícies de energia constante
r r
- no silício, são 6 elipsóides, situados nas direcções (100) e equivalentes, a k = 0.85k x ;
r r
- no germânio, são 8 metades de elipsóide, a k = k L .
2) A maioria dos materiais cúbicos III-V e II-VI têm gap directo.
3) A banda de valência é constituída por duas sub-bandas (lacunas leves e lacunas
pesadas). A uma energia ∆(≤ 1eV ) mais para baixo, fica mais uma banda (“spin-split”).
4) Para alguns materiais (por exemplo, InSb), a banda de condução é suficientemente
não parabólica (Fig.7a).
18
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
Fig.7
19
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
Tabela III.
[C.F.Klingshirn, “Semiconductor Optics”, Springer, 1995]
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
20
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
21
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
r r
ψ (r ) = ∑ uνr Fν (r ) , (32)
k =0
ν
r
onde o somatório é sobre várias bandas electrónicas e Fν (r ) chama-se função de
envelope. Repare-se
r
que isto é uma aproximação, pois aparecem apenas as amplitudes
de Bloch com k = 0 e não com todos os vectores de onda possíveis. Normalmente é
suficiente incluir no somatório (32) apenas a banda mais próxima (na escala de energia)
ao nível local criado pelo átomo de impureza. As impurezas que criam níveis locais
perto de Ec chamam-se dadores, e aquelas que dão origem aos níveis perto da Ev
chamam-se aceitadores. Então, para os dadores a função de onda do estado localizado é
determinada pela(s) função(-ões) de Bloch da banda de condução e para os aceitadores
pela banda de valência.
È possível mostrar que a função de envelope para uma banda de condução simples é
determinada pela seguinte equação:
h2 r r r
− + Vi (r ) F (r ) = ( E − Ec ) F (r ) (33)
2m *
onde m* é a massa efectiva desta banda. Desprezando a interacção da célula central,
chagaremos ao modelo mais simples possível, chamado hidrogenóide, que permite
calcular os níveis de energia imediatamente utilizando a analogia com o átomo de
hidrogénio. Os níveis locais de energia são dados pela série hidrogenóide:
m *e 4 1
E n = Ec − (n = 1,2, etc) (34)
2ε 2 h 2 n 2
O estado com n = 1 é o estado fundamental do electrão ligado ao átomo de impureza. A
função de envelope que corresponde a este estado é
r
−
1 ab
F (r ) = e
π ab 3 / 2
onde ab é o raio de Bohr efectivo,
εh 2
ab = . (35)
m*e 2
22
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
εh 2 εh 2 r
onde a|| = , a⊥ = e z é dirigido segundo a direcção k 0 . Repare-se que os
m|| e 2 m⊥ e 2
r
tamanhos típicos de localização de electrão segundo a direcção k 0 (que é (100) para o Si
e (111) para o Ge) e no plano perpendicular a ela são diferentes cerca de 10 vezes (ver
Tabela III).
Para os níveis aceitadores (em qualquer material semicondutor com estrutura cristalina
de diamante ou de blenda), o modelo hidrogenóide
(formula (34)), rigorosamente falando, não é
aplicável, porque a banda de valência é degenerada
no ponto Γ. Levando em conta apenas duas sub-
bandas (as de lacunas leves e lacunas pesadas), é
necessário resolver duas equações acopladas para
obter as duas funções de envelope ( Flh e Fhh ) e os
níveis de energia. O resultado para o nível
fundamental (o nível aceitador de energia mais alta,
E = Ev + E a ) é apresentado na forma gráfica na
e2
Fig.8, onde ε = E a / E hh , E hh = , ahh é o
2εa hh
raio de Bohr efectivo das lacunas pesadas e Fig.8
β = mlh / mhh .
Mencionemos ainda que o decaimento asimptótico ( r → ∞ ) da função de onda é
determinado pelo raio de Bohr para as lacunas leves (em que entra a massa mlh ).,
2mlh E a
Flh (r ) ∝ exp − r .
2
h
O modelo hidrogenóide (34) pode servir apenas para uma estimativa bastante grossa da
energia dos níveis aceitadores a das correspondentes funções de onda.
23
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
24
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
2m * dS (2m * )
3/ 2
( E − Ec )1 / 2
3 2 ∫ k
g (E) = = 4π (40)
(2π ) h ↓ (2πh ) 3
sobre a esfera de raio E − Ec
2m * h 2
Na banda de condução do Si e do Ge, a massa efectiva é anisotrópica e as superfícies de
energia constante são elipsóides de revolução:
E = Ec +
(
h 2 k z − k z0
2
+
)
k x 2 + k y 2
(41)
2 m|| m⊥
onde o eixo z é escolhido ao longo de (111) para o Ge e ao longo da direcção (100) para
o Si. Podemos transformar a relação de dispersão (37) introduzindo variáveis novas:
k z − k z0 ky k
κz = ; κy = ; κx = k .
m|| m⊥ m⊥
Então,
h 2κ 2
κ = {κ x , κ y , κ z }.
r
E = Ec + ; (41a)
2
A densidade de estados é
g (E) =
(
21 / 2 m|| m⊥ 2 )1 / 2 (E − Ec )1 / 2 (42)
π 2h3
Como sabemos, quer para o silício quer para o germânio, há mais de um vale (ou seja,
mínimo da banda de condução) da mesma energia, por isso, o número de estados tem
que ser multiplicado pelo número de vales (ν). A densidade de estados para a banda de
condução nestes materiais pode ser apresentada na seguinte forma:
g (E) =
( )3 / 2
*
2 mds
(E − E c ) (42a)
π 2h3
onde
*
mds (
= ν 2 m|| m⊥ 2 )1 / 3
chama-se massa efectiva de densidade de estados, ν é o número dos vales. Por
*
exemplo, para o silício m|| = 0,95m0 , m⊥ = 0,19m0 , ν = 6 e mds = 1,08m0 .
Para a banda de valência, há, pelo menos, dois tipos de estados (lacunas leves e lacunas
pesadas). Também podemos definir a massa efectiva de densidade de estados na banda
de valência:
*
mds = mlh3/ 2
( 3/ 2
+ mhh . )2 / 3
Note-se que a densidade de estados é parabólica na vizinhança do extremo de qualquer
banda. No entanto, quando afastarmos do extremo (na escala da energia), a expressão
(42a) deixa de ser válida.
As singularidades
r de van Hove
Como E (k ) é uma função periódica, sempre há pontos na zona de Brillouin onde
∇ kr E = 0 . Então, a função integrada na Eq.(39) é infinita nestes pontos. Os valores de
energia que correspondem a estes pontos chamam-se singularidades de van Hove. São
25
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
pontos especiais do espectro electrónico e, por isso, são importantes do ponto de vista
experimental. Por exemplo, para o espectro “tight-binding” (18), que aqui reescrevemos
como
(
E = E0 − 2t cos k x a + cos k y a + cos k z a )
(onde t é uma constante),.o módulo do gradiente é:
dE
r = 2ta sin 2 (k x a ) + sin 2 (k y a ) + sin 2 (k z a ) .
dk
Os pontos
π
k x = 0, ±
a
π
k y = 0, ±
a
π
k z = 0, ±
a
são as singularidades de van Hove. Entre estas combinações, há pontos de dois tipos:
E = E0 ± 6t - extremos;
E = E0 ± 2t - pontos de sela.
A densidade de estados (a 3D) é contínua nestes pontos. No entanto, a sua derivada (que
determina o declive) é descontínua. A Fig.9 mostra os vários tipos de singularidades de
van Hove (M0 e M3 – extremos, M1 e M2 – pontos de sela).
Fig.9
26
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
ou seja, surge uma interacção entre os electrões localizados nos átomos de impureza
diferentes. O resultado disto é a formação de uma banda de impurezas, como mostra a
Fig.10. A forma desta banda pode ser bastante complicada de calcular, mas muitas
vezes é aproximada por uma Gaussiana de largura finita.
1
f (E,T ) = , (44)
E − EF
1 + exp
kT
onde E F é o potencial electroquímico do gás de electrões, ou a energia de Fermi (ou
ainda o nível de Fermi). Para T=0,
esta função é um degrau (se o
nível de Fermi se situa numa das
bandas de energia permitida),
pois todos os estados abaixo do
nível de Fermi estão ocupados
enquanto todos acima dele estão
vazios. A T > 0, o degrau torna-
se uma descida mais suave, sendo
a sua largura da ordem de kT .
(ver Fig.11) Para E − E F >> kT ,
(44) reduz-se à distribuição
clássica de Maxwell-Boltzmann,
E
−
f ( E , T ) = const e kT (45)
Fig.11
Para os níveis locais, a
probabilidade de ocupação é dada por uma expressão ligeiramente diferente de (44).
Consideremos um centro do tipo dador com apenas um nível. (É mais correcto dizer que
se considera um conjunto de centros iguais). A energia livre deste centro é:
N
E − EF
− nN
F = − kT ln ∑ e kT
↓
todos os estados possíveis com N electrões
E − EF 2( E d − E F ) + E cor
− d −
= − kT ln 1 + β d e kT +e kT
onde E d é a energia do nível, β d é o factor de degenerescência do nível (esta
degenerescência, no caso mais simples, é associada a duas projecções do spin) e Ecor é
27
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
Nc = 2
( *
2πmds kT )
3/ 2
(51)
(2πh )3
e
∞
2 x1 / 2 dx
π ∫0 1 + exp( x − η )
F1 / 2 (η ) = . (52)
Chama-se integral de Fermi da ordem 1/2. Não tem expressão analítica, mas há algumas
aproximações:
28
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
exp(η ), η < 0; η >> 1
1
F1 / 2 (η ) = , −5 <η <1
−η
0.27 + e
4 3/ 2
3 π η , η >1
n= p
e
Ec − Ev 3 m*
EF = + kT ln v , (56)
2 4 mc*
onde mc* e mv* significam as massas efectivas de densidade de estados para as bandas
de condução e de valência, respectivamente. A concentração intrínseca de portadores de
carga em função da temperatura é:
Eg
ni = N c N v exp −
(57)
2 kT
Para um semicondutor dopado com dadores,
n = p + pd ⋅ N d ,
ou seja,
Ev − EF
Nd E − Ec
+ N v e kT = N c F1 / 2 F (58)
E F − Ed kT
1 + β d exp
kT
É óbvio que o nível de Fermi neste caso fica próximo do fundo da banda de condução,
por isso, logo utilizamos a aproximação exponencial do integral de Fermi para as
lacunas. No entanto, se a temperatura for suficientemente baixa, as transições térmicas
banda-a-banda são pouco prováveis e podemos desprezar as lacunas da banda de
valência na Eq.(58).
29
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
Repare-se que
E − Ed n E − Ed n
exp F = exp c ≡ ,
kT Nc kT n1
E − Ec
onde n1 = N c exp d ⋅ Com esta notação, a Eq.(58) fica:
kT
Nd
n= ,
n
1+ βd
n1
ou seja,
n2
( N d − n) = . (59)
β d−1n1
Resolvendo a equação quadrática (59), obtemos:
β d−1n1 4N d
n= 1 + − 1 . (60)
2 − 1
β d n1
4β d N d
Para as temperaturas mesmo muito baixas quando >> 1 ,
n1
Ec − Ed
n= β d−1n1 N d = (−1
βd Nc Nd )
1/ 2
e 2kT (61)
n E + Ec kT Nd
E F − Ec = kT ln = d + ln (62)
Nc 2 2 βd Nc
Ev − EF
Para as temperaturas mais elevadas, quando n1 >> N d mas ainda N d >> N v e kT,
n ≈ Nd
N
E F − Ec = kT ln d (63)
Nc
Para as temperaturas ainda mais altas, o número de electrões na banda de condução
Fig.12
30
Física dos Semicondutores – notas do Prof. Mikhail Vasilevskiy – 1aParte
31