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Ou
Como Elaborar a Linha Base de Perfil Cognitivo do Idoso
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Sobre as autoras
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Como tudo começou
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Compartilhar conhecimento
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Introdução
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Chegada do Idoso e seu familiar
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Conceito de Funcionalidade
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- Atividade Básica de Vida Diária, que são aquelas que se referem ao
autocuidado, como por exemplo, tomar banho, vestir-se, realizar higiene, ter
continência, capacidade de alimentar-se e deambular
- Atividades Instrumentais da Vida Diária, que são relacionadas com a
realização de tarefas mais complexas como realizar as atividades domésticas,
manusear dinheiro, telefonar, viajar, fazer compras, preparar os alimentos,
controlar e tomar os remédios. E é de acordo com a capacidade de realizar essas
atividades, que podemos determinar se o indivíduo pode ou não viver sozinho
sem supervisão.
- Atividades avançadas da vida diária, que são mais complexas que as
atividades básicas e as instrumentais, e não estão incluídas na avaliação
funcional do idoso. Elas são as atividades cotidianas, voluntárias específicas
para cada indivíduo e influenciadas por fatores socioculturais, educacionais e
motivacionais. Os exemplos são dirigir automóvel, praticar esportes, pintar, tocar
instrumento musical, participar de serviços voluntários ou atividades políticas,
trabalho, entre outras.
Essas atividades avançadas da vida diária não são fundamentais para uma
vida independente por isso não estão na avaliação de funcionalidade, porém,
demonstram maior capacidade cognitiva e podem contribuir para uma melhor
saúde física e mental e assim uma melhor qualidade de vida. Ressaltamos que
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a avaliação de funcionalidade pode e deve ser aplicada por todos os profissionais
da saúde, pois é um norteador do diagnóstico, tratamento e intervenções.
Estamos abordando brevemente esse conceito da funcionalidade pois ela
deverá estar incluída na avaliação. Após esse momento inicial da entrevista você
pode aplicar um questionário ou escala de avaliação funcional. Também deve
ser aplicada nos idosos ativos, pois assim estabelecemos uma linha base da sua
funcionalidade para acompanhamento futuro e detecção precoce de um futuro
declínio funcional.
E nos casos de idosos em que estamos investigando um declínio,
aplicamos a entrevista a um familiar ou cuidador que tenha suficiente contato
com o idoso e sua rotina. Se o familiar entrevistado for o filho que mora em outro
município e visita o pai uma vez no mês ele não é um informante qualificado.
Identificar um declínio funcional, significa que pode estar associado a um
declínio cognitivo. Com o trabalho de estimulação, podemos trazer uma
manutenção da cognição estabilizando a perda da funcionalidade, assim como
uma melhora cognitiva irá acarretar uma melhora funcional.
E mesmo quando a perda de funcionalidade não estiver associada a uma
perda cognitiva, podemos fazer intervenções psicoeducacionais e
encaminhamentos adequados.
Antes de abordamos a anamnese precisamos também recordar o conceito
de cognição.
A cognição é o processo de aquisição de conhecimento que se dá através
de alguns processos que envolvem a percepção, atenção, o raciocínio, o
pensamento, a memória, o juízo, a abstração, a linguagem, entre outros. De uma
maneira mais simples, podemos dizer que cognição é a forma como
o cérebro percebe, aprende, armazena, recorda e pensa sobre toda informação
captada através dos cinco sentidos bem como as informações que são
disponibilizadas pelo armazenamento da memória.
A cognição processa as informações sensoriais que vem dos estímulos do
ambiente que estamos. E ao mesmo tempo processa o conteúdo que retemos
em relação às nossas experiências passadas. E é essa interação de informações
que utilizamos para a adaptação no meio em que vivemos. E é através desse
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processo, que nos permite interagir com outras pessoas e com o meio em que
vivemos. A cognição não é estática ela se desenvolve durante toda a vida, mas
podem ocorrer alterações cognitivas que levem a um declínio cognitivo.
Algumas das principais habilidades cognitivas são: a memória, atenção,
funções executivas, linguagem, visuopercepção e a função visuoespacial.
visuopercepção e a função visuoespacial.
Um dado importante é que em idosos com doença neurodegenerativa que
possuem uma alta reserva cognitiva, os processos compensatórios que
desaceleram o início dos sintomas clínicos, após muitos anos de doença podem
chegar no seu limite. Isso significa, que o idoso utilizou toda reserva cognitiva e
assim, os sintomas irão desenvolver rapidamente, por não ter mais reserva
cognitiva para ser utilizada.
Em idosos com alta reserva cognitiva podemos ter dificuldade em fazer o
diagnóstico por demorarem a apresentar os sintomas clínicos de uma doença
neurodegenerativa, muitas das vezes perdem a oportunidade de receber um
diagnóstico mais precoce da doença. O diagnóstico precoce oferece maior
possibilidade de iniciar logo uma estimulação cognitiva enquanto ainda conserva
sua reserva cognitiva e proporciona tomada de decisão sobre seu futuro junto
com sua família.
Em idosos com pouco ou nenhuma escolaridade, há pouca reserva
cognitiva, logo podem aparentar ter um declínio cognitivo maior do que realmente
tem. Por isso, é muito importante sempre avaliar o funcionamento atual ou o
prévio do mesmo idoso, ou seja, comprar o idosos ele com ele mesmo. Só assim
podemos ter uma ideia melhor se há ou não comprometimento.
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Avaliação do idoso: anamnese e testes de rastreio
Todas as informações contidas até aqui nos ajudam a fazer uma avaliação
do idoso e o raciocínio clínico sobre seu caso. Para fazermos um diagnóstico
diferencial e o raciocínio clínico, temos que levar em consideração toda a vida
prévia do idoso, os sintomas clínicos atuais, os exames laboratoriais e de
imagem. Sendo esse conjunto de informações essencial. Como também é
importante saber o que é esperado para um envelhecimento normal e os critérios
diagnósticos do comprometimento cognitivo leve e das demências.
Isso tudo porque o raciocínio clínico, que tanto falamos, não serve apenas
para fazer um diagnóstico diferencial, mas também para entender o perfil
neuropsicológico do idoso e como traçar o planejamento da estimulação. Esse
raciocínio clínico se dá através do seguinte conjunto de informações que
devemos coletar:
- primeiro a história de vida do idoso, e qual é sua reserva cognitiva;
- segundo, quais são as habilidades cognitivas que estão prejudicas e quais
estão preservadas, e se são sugestivos de um quadro neurodegenerativo;
- terceiro, devemos solicitar os resultados dos exames clínicos e de
imagem, e caso não tenham, orientar que solicite ao médico de referência;
- quarto, se há algum transtorno psiquiátrico ou de humor e como está sua
funcionalidade.
Somente com esses dados é que você irá conseguir traçar uma linha de
raciocínio sobre o caso. Pois sabemos que dois idosos podem ter o mesmo
diagnóstico da Doença de Alzheimer, mas eles podem apresentar sintomas, bem
diferentes um do outro.
É na anamnese que começamos a investigar o funcionamento prévio do
idoso e o atual, comparando, ele com ele mesmo para reconhecimento de um
quadro de declínio funcional e cognitivo. Por exemplo, se o idoso hoje não
cozinha, mas ao longo da sua vida nunca cozinhou, então comparando ele com
ele mesmo, não houve perda de funcionalidade no aspecto de cozinhar. E só
podemos ter essas informações na entrevista.
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Em alguns casos, o próprio idoso não irá conseguir informar sobre suas
atividades passadas ou atuais, então é importante que tenhamos algum
informante de qualidade, que possa nos passar dados verdadeiros sobre o
funcionamento do idoso.
Nesse processo de levantamento de informações, iremos fazer uso de
questionários, escalas e testes de rastreio, mas lembramos que eles não são
critérios de diagnóstico e sim indicadores para uma investigação clínica mais
completa.
Quanto ao diagnóstico só quem fecha é o médico, nós outros profissionais
da área da saúde e educação podemos sugerir ao familiar que o idoso está
apresentando determinados sintomas compatíveis com os critérios diagnostico
de determinada demência. Mas não podemos concluir um diagnóstico. Pois é o
médico que avaliar melhor todas as variáveis, como interações medicamentosas,
exames clínicos, falta de vitaminas, exames de imagens, avaliação
neuropsicológica e/ou nosso relatório de tratamento do idoso.
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- Anamnese
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horas ou poucos dias. Ocorre em decorrência de distúrbios sistêmicos e perda
de orientação temporal em casos de internação hospitalar.
Também é importante perguntar sobre os antecedentes familiares, se
apresentaram quadros de esquecimentos, mesmo que não diagnosticados, ou
quadros psiquiátricos.
Por último e não menos importante, perguntamos sobre a personalidade e
estado de humor. Como o idoso era na vida adulta e como ele está hoje, se tem
alguma mudança significativa. Por exemplo, uma senhora que sempre foi muito
tímida atualmente apresenta maior desinibição, contanto piadas que nunca
contou antes ou indo ao banheiro de porta aberta.
Ficamos atenta a mudanças bruscas de hábitos, como alguém que sempre
caminhou ou leu, e agora não realiza mais as atividades que gostava. Isso
porque, essas mudanças podem ser indicativos de declínio cognitivo ou de um
quadro depressivo.
Perguntamos também, sobre a dinâmica familiar, com quem reside, se
reside há muito tempo na mesma casa ou bairro, qual é a religião e se frequenta
alguma instituição e em que o idoso contribui na rotina da casa. Se ele mantém
alguma responsabilidade. E é na entrevista começamos a observar
comportamento do idoso como o idoso responde, se seu discurso está
organizado, coerente ou não, ou se está com dificuldade de encontrar as
palavras e de se expressar. Também vamos observar como o idoso se comporta
quando está só conosco e quando o familiar estiver junto.
Complementando a anamnese, é preciso avaliar a lista de medicamentos
em uso atual e estar atento aqueles que podem interferir no estado cognitivo. E
os resultados dos exames de imagem do crânio.
Após conduzir a anamnese de forma leve, nós começamos introduzir os
testes de rastreio cognitivo, humor e funcionalidade. De forma leve e cuidadosa,
pois não pode gerar angústia ou ansiedade no idoso, pois pode interferir nos
resultados.
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- Testes de Rastreio Cognitivo
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indicado que os testes de rastreio sejam aplicados com o intervalo de no mínio
8 a 12 meses.
No caso do idoso já com declínio moderado, mas sem laudo, nós
aplicamos nosso protocolo mesmo sabendo que o idoso irá ter um desempenho
ruim. O importante é você ter registrado o desempenho dele naquele momento
para criar sua linha de base.
Ao final você poderá juntar os dados quantitativos que os testes dão e os
dados qualitativos da sua observação clínica, isso lhe proporcionará informações
para orientar os familiares e trocar com outros profissionais que acompanham o
idoso.
Em relação aos idosos ativos, aí mesmo que é mais importante fazer os
testes de rastreio cognitivo. Pois são uma ferramenta imprescindível, para a
identificação precoce de uma doença neurodegenerativa e possibilita o rápido
acesso ao tratamento adequado.
Nosso protocolo:
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Os testes que compõe nosso protocolo são:
- Mini Exame do Estado Mental (MEEM)
- Fluência Verbal Fonêmica e Categórica (FAS + CAT)
- Teste do Desenho do Relógio
- Escala de Depressão Geriátrica (GDS)
- Inventário de Ansiedade (GAI)
- Questionário de Atividades Funcionais de Pfeffer
- Escala de Katz
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Quanto a avaliação do humor, aplicamos a Escala de Depressão
Geriátrica (GDS) que serve para rastreio dos casos de sintomas de depressão.
Utilizamos a versão reduzia com 15 perguntas que o idoso terá que responder
apenas sim ou não. Ao final somamos a pontuação e verificamos se sua nota
está acima da nota de corte que indica sintomas depressivos. Quanto maior a
nota, maior indicativo de depressão.
Ainda dentro da avaliação do humor, aplicamos o inventário de ansiedade
(GAI). Que consiste em 20 afirmações, onde o idoso irá responder se concorda
ou discorda. Da mesma forma que o GDS, ao final você irá conferir se a
pontuação do idoso está de acordo com o ponto de corte.
Concluindo nosso protocolo, fazemos a avalição da funcionalidade com o
Questionário de Atividades Funcionais de Pfeffer que possui dez questões
voltadas principalmente para atividades instrumentais. Pedimos para que o
familiar responda, mesmo quando é um idoso ativo. As pontuações variam de
zero a trinta, notas maiores indicam pior desempenho.
Para avaliar as atividades básicas da vida diária utilizamos a Escala de
Katz, ela é multidimensional. Contém 6 perguntas, que o familiar deverá
responder se o idoso realiza as atividades com independência, com uma
assistência parcial ou se está totalmente dependente.
Você poderá encontrar os testes na internet, basta utilizar as referências
para buscá-los. Eles são multidisciplinares, ou seja, não são restritivos a
psicólogos ou qualquer outro profissional específico.
Apesar de termos esse protocolo nós somos flexíveis e dificilmente
conseguimos fazer esse protocolo completo no primeiro encontro, ou em um
único encontro. O importante é que você consiga ter todo o protocolo aplicado
mesmo que em mais de um encontro e assim você irá elaborar sua conclusão e
dar uma devolutiva para o familiar ou para o próprio idoso ativo.
Desejamos que compartilhar sobre nossa forma de trabalhar tenha
contribuído para você poder elaborar o seu protocolo de chegada.
Abraços
Rachel e Shayenne
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Referências dos Testes de Rastreio
MEEM
Brucki, SMD: Nitrini R; Caramelli P; Betolucci PHF; Okamoto IH. Sugestões para
o uso do Mini-Exame do Estado Mental no Brasil. Arq. Neuropsiquiatr. 2003;
61(3-B): 777-781
GDS
Juliane F. Ferrari, Roberta R. Dalacorte. Uso de Escala de Depressão Geri’trica
de Yesavage para avaliar a prevalência depressão em idosos hospitalizados.
Scientia Médica, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 3-8. Jan/mar. 2007.
GAI
Referência: Massena, P. N., et al., (2015). Validation of the Brazilian Portuguese
Version of Geriatric Anxiety Inventory–GAI-BR. International
Psychogeriatrics, 27(7), 1113-1119.
Pfefer
Pfeffer RI, et al., Measurement of functional activities in older adults in the
community. The Journals of Gerontology, 1982.
Escala Katz
Lino, VTS et al., Adaptação transcultural da Escala de Independência em
Atividades de Vida Diária (escala de Katz). Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
2008.
CDR
Maia ALG, Godinho C, Ferreira ED, Almeida A, Schuh A, Kaye J, et al. Aplicação
da versão brasileira da escala de avaliação clínica da demência (Clinical
Dementia Rating – CDR) em amostras de pacientes com demência. Arq
Neuropsiquiatr 2006;64(2B):485-9.
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Referência Bibliográfica
Freitas, Elizabete Viana de & Py, Ligia, Tratado de geriatria e gerontologia – 4ed.
Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2017.
Miotto, Eliane Correa et al., Neuropsicologia clínica. São Paulo. Roca, 2015.
Snowdon, David A., et al. "Brain infarction and the clinical expression of
Alzheimer disease: the Nun Study." Jama277.10 (1997): 813-817.
Teixeira, Antonio Lucio et al., Psicogeriatria na prática clínica. São Paulo.
Pearson Clinical Brasil, 2017.
Veras RP, Caldas CP, Cordeiro HA, Motta LB, Lima KC. Desenvolvimento de
uma linha de cuidados para o idoso: hierarquização da atenção baseada na
capacidade funcional. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia 2013;
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Veras RP, Caldas CP, Cordeiro HA. Modelos de atenção à saúde do idoso:
repensando o sentido da prevenção. Physis 2013; 23(4):1189-1213.
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Anamnese - Idosos
Nome: ______________________________________________________________
Endereço:____________________________________________________________
Data de Nascimento: _________________________________
Idade:_________________
Naturalidade: _________________________________________________________
Telefones:____________________________________________________________
Estado Civil:___________________________________________________________
Escolaridade: _________________________________________________________
Ocupação prévia: ______________________________________________________
Profissão: ____________________________________________________________
Ocupação atual: _______________________________________________________
Religião: _____________________________________________________________
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Início da queixa principal:
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Medicações atuais:
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Personalidade prévia:
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Alterações comportamentais:
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Uso de cigarro, álcool e outras drogas:
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Exames complementares:
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Outras observações:
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