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Resumo
Analisa-se, no presente trabalho, o organismo denominado “Todos pela Educação”, sob o prisma das relações de
hegemonia e suas propostas para a Educação Básica. De modo especial, examina-se o papel dessa entidade na
atual configuração da sociedade civil brasileira, bem como sua inserção no movimento político-empresarial em
curso no país na atualidade, procurando indicar o significado de suas proposições para a educação das massas
no Brasil. O referencial teórico-metodológico é fundamentado no pensamento gramsciano. O estudo conclui que o
fortalecimento político do organismo “Todos Pela Educação” representa um desafio para se pensar criticamente a
educação da classe trabalhadora e os fundamentos das políticas educacionais no Brasil de hoje.
Palavras-chave: Educação Básica. Hegemonia. Empresários.
Abstract
This article analyses the project called “Everybody for Education” from the perspective of hegemonic relations and
their proposals for Basic Education. The article examines the role of the project in current Brazilian society as well
as its insertion in the political-business movement in course in the country. This is done in an attempt to demonstrate
the meaning of these proposals to mass education in Brazil. The theoretical-methodological framework for the study
is based on Gramsci’s ideas. The study points out that the political strengthening of the project “Everybody for Edu-
cation” challenges the need to reflect critically about the education of the working class and also reflect about the
foundations of educational policies in Brazil.
Keywords: Basic Education. Hegemony. Businessmen.
∗
Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: andresilvamartins@globo.com
Práxis Educativa, Ponta Grossa, v.4, n.1, p.21-28 , jan.-jun. 2009. Disponível em <http://www.periodicos.uepg.br>
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Práxis Educativa, Ponta Grossa, v.4, n.1, p.21-28, jan.-jun. 2009. Disponível em <http://www.periodicos.uepg.br>
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empresarial3. No evento, foi possível apresentar e dez contribuintes, entre eles: Grupo Gerdau5, Grupo
legitimar politicamente o projeto “Compromisso To- Suzano, Banco Itaú, Banco Bradesco, Organizações
dos pela Educação” e fortalecer no meio empresa- Globo. No conjunto, destacam-se aqueles grupos
rial a importância de um organismo com capacidade com atuação predominante no setor financeiro.
para defender interesses da classe na sociedade
A estrutura organizacional da entidade é bem
civil e intervir na definição de políticas educacionais
definida em termos técnicos e políticos. É constitu-
na aparelhagem de Estado. Os empresários brasi-
ída por uma presidência, ocupada por um empre-
leiros saíram do evento com metas, estratégias, cro-
sário articulador da organização; um Conselho de
nograma e uma significativa mobilização para iniciar
Governança, composto por dezesseis empresários
a construção de um pacto nacional em defesa da
ou representantes de empresas; um Comitê Ges-
Educação Básica brasileira4.
tor, composto por seis dirigentes, sendo cinco deles
Uma das intelectuais orgânicas da classe em- empresários; uma Comissão de Comunicação, com-
presarial apresentou, em tom de entusiasmo, em ar- posta por seis membros, todos ligados a grupos em-
tigo publicado num importante jornal do país, o que presariais; uma Comissão de Articulação, integrada
pode ser considerado como síntese do evento para por doze membros numa composição mais diversa
o TPE: (empresários, lideranças de movimentos sociais,
representante da Igreja Católica, representante da
Só a educação de qualidade pode formar a base de
um novo projeto de país, mais justo e mais desen-
Unesco, representante do Ministério da Educação);
volvido. Foi exatamente esse o espírito do encontro uma Comissão Técnica, composta por dezesseis
na Bahia: ao analisar o triste cenário no Brasil e membros, predominantemente por empresários;
na América Latina, os 250 participantes do evento uma Comissão de Relações Institucionais, ocupada
chegaram à conclusão de que a educação é, neste por um empresário; e por fim, uma Equipe Executi-
momento, a mais importante política pública e que va, composta por dez membros (não-empresários),
assegurar a sua qualidade, especialmente para os sob a direção de uma Presidência-Executiva a cargo
menos favorecidos, constitui o melhor instrumento de um intelectual orgânico do capital com trajetória
para reduzir nossas históricas desigualdades so-
na educação superior.
ciais.[...] É a crença de que a educação deixará de
ser pauta de importância secundária apenas quan- Analisando o papel dos empresários enquan-
do todos os setores fizerem a sua parte de forma to intelectuais orgânicos, Gramsci (2000a) observou
integrada e sinérgica. Pela primeira vez, um grupo que:
de lideranças, apoiado por organizações da socie-
dade civil e em sintonia com os governos, decidiu [...] o empresário representa uma elaboração so-
juntar esforços em torno de um grande projeto edu- cial superior, já caracterizada por uma certa capa-
cacional para o país. Como demonstração de von- cidade dirigente e técnica (isto é, intelectual): ele
tade, a maioria dos presentes subscreveu sua par- deve possuir uma certa capacidade técnica, não
ticipação no movimento “Compromisso Todos Pela somente na esfera restrita de sua atividade e de
Educação” [...]. Na prática, a adesão significa colo- sua iniciativa, mas também em outras esferas, pelo
car energia e recursos no cumprimento da missão menos nas mais próximas da produção econômica
de efetivar o direito à educação de qualidade para (deve ser um organizador de massa de homens,
que, em 2022, bicentenário da Independência do deve ser um organizador da “confiança” dos que in-
Brasil, todas as crianças e jovens tenham acesso a vestem em sua empresa, dos compradores de sua
um ensino básico que os prepare para os desafios mercadoria, etc.). Se não todos os empresários,
do século 21 (VILLELA, 2006, p. 7). pelo menos uma elite deles deve possuir a capaci-
dade de organizar a sociedade em geral, em todo
Com esse horizonte político, os empresários complexo organismo de serviço, até o organismo
estruturam o TPE de modo a transformá-lo num think estatal, tendo em vista a necessidade de criar as
tank da área educacional, isto é, num organismo es- condições mais favoráveis à expansão da própria
pecializado em produzir e difundir conhecimentos e
idéias para educação no país. A sustentação finan- 5
O Grupo Gerdau (ligado ao setor de metalurgia) ocupa a cha-
ceira foi montada a partir de captação de recursos mada “cota ouro” e se destaca como principal patrocinador da
entidade (consultar: http://todospelaeducacao.org,br). Embora na
privados. Os contribuintes são apresentados como
página da TPE não estejam disponíveis os valores das doações,
“patrocinadores” da organização e encontram-se di- estima-se que os mesmos girem em torno de cifras considerá-
vididos em três níveis que variam de acordo com o veis. Essa inferência se baseia no volume de gastos do Grupo em
valor do repasse. Ao todo, a organização conta com projetos de responsabilidade social, especialmente os identifica-
dos como da área da Educação, apurados na análise do Relatório
Anual da empresa. O documento referente ao exercício de 2007
revela que foram gastos 72,7 milhões de reais em projetos de
“responsabilidade social”. O relatório revela também que, do total
3
O evento foi organizado por três organizações de origem empre- dos gastos, 63,9 milhões de reais foram aplicados em Educação,
sarial: Fundação Coleman, Fundação Jacobs (ambas com sede onde se contabiliza, explicitamente, o financiamento do Grupo à
na Suíça) e Instituto Gerdau. organização Todos pela Educação, ainda que não sejam detalha-
4
Para outros detalhes consultar: <http://www.fundacaolemann. dos os valores. Para maiores detalhes consultar: Grupo Gerdau
org.br/conferencia/port/news/04.asp> (2008).
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classe; ou pelo menos, deve possuir a capacidade A formulação que orienta o TPE na organi-
de escolher os “prepostos” (empregados especia- zação da “vontade coletiva” é assim descrita: “sem
lizados) a quem confiar esta atividade organizativa educação de qualidade para todos, o país jamais
das relações gerais exteriores à empresa (p. 15 – será competitivo, jamais oferecerá oportunidades
16)
iguais de crescimento para todos os seus cidadãos,
Se no passado o próprio empresariado bra- jamais terá um desenvolvimento com justiça e com
sileiro encarregava-se diretamente das formulações eqüidade”. (VILLELA, 2006, p.3).
de suas entidades, se mais recentemente, com a Todo esse movimento promovido pelo TPE
complexificação da ação política, os empresários confirma que setores importantes da classe empre-
dividiram essas ações com “empregados especiali- sarial no país alcançaram um nível mais elevado
zados”, como revela Rodrigues (1998) em seu estu- de consciência política, o nível ético-político7, nes-
do sobre a Confederação Nacional das Indústrias, te início de século. Com o referencial gramsciano
é possível verificar que no TPE essa tendência se de análise, é possível verificar também que os es-
confirma em novas condições, pois os “prepostos” forços coordenados pela entidade se constituíram
parecem formular ao lado dos empresários, e não numa articulada estratégia de hegemonia no campo
só a partir deles, assumindo inclusive funções de educacional, abrangendo, pelo menos, duas linhas
direção, num regime de compartilhamento de res- centrais: (1) orientar uma percepção social de que a
ponsabilidades. sociedade civil se transformou numa instância har-
É importante considerar também que o en- moniosa em que os antagonismos perdem a rele-
volvimento de diferentes intelectuais no TPE não se vância, pois o mais importante seria o predomínio da
limitou à composição de suas instâncias internas de “coesão cívica”, da “nova cidadania” e da “colabora-
poder. O organismo vem atuando para assimilar um ção” social; (2) legitimar uma determinada leitura da
número cada vez maior de intelectuais orgânicos em realidade educacional e também uma determinada
torno de seus interesses, procurando, assim, ampliar perspectiva para a Educação Básica.
o alcance de suas iniciativas político-ideológicas.
O evento que lançou o projeto “Compromisso
Sobre as proposições para a educação
Todos pela Educação”, realizado em setembro de
2006, em São Paulo, foi uma prova dessa tendên-
brasileira
cia. Ao divulgar as bases do projeto, o TPE propôs
que fosse selado um compromisso em defesa da De fato, a atuação empresarial na educação
educação pública. Assim, empresários de peso da não se constitui num dado novo. Ao longo de nos-
economia brasileira, representantes das três esferas sa história, a classe se empenhou para demarcar o
de poder (municipal, estadual e federal), dirigentes seu campo político e traduzir nas leis e em espaços
do Conselho Nacional de Secretários de Educação educativos específicos seus interesses e objetivos
- CONSED e da União Nacional de Dirigentes Mu- na educação (NEVES, 1994, 2000; RODRIGUES,
nicipais de Educação - UNDIME, e representantes 1998). Mas, deve-se considerar que a criação de um
de diferentes organizações da sociedade civil pas- organismo específico para propor e articular ações
saram a unir esforços em torno de um projeto único em defesa da escola pública e de qualidade para
para a educação do país. A unidade política passou todos é um elemento novo em nossa história. O pro-
a ser denominada de “uma ampla aliança interseto- tagonismo empresarial na definição dos rumos da
rial” em defesa de um projeto de nação (GRUPO DE educação no país e o discurso de que tal iniciativa
INSTITUTOS, FUNDAÇÕES E EMPRESAS, 2007; refere-se a um projeto de nação em nome do bem-
TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2007). comum exigem reflexões.
A chamada aliança intersetorial não substi- Nessa linha, o primeiro aspecto que precisa
tuiu o trabalho do TPE como um “aparelho privado ser analisado refere-se à formulação geral da enti-
de hegemonia” (GRAMSCI, 2000b); ao contrário, dade, ao destacar a importância da educação para o
aumentou sua responsabilidade e peso político. O cidadão e para o país no mundo de hoje. A formula-
fato de envolver um grande número de organismos ção é assim expressa: “o Brasil só será verdadeira-
e pessoas6 não limita sua função de direção e coor- mente independente quando todos seus cidadãos
denação política de ações para implementar metas, tiverem uma Educação de qualidade” (TODOS PELA
monitorar as ações, avaliar os resultados e, ainda, EDUCAÇÃO, 2008, s.p. grifos nossos). Mas qual o
difundir o preceito da colaboração social para o con- significado desse slogan?
junto da sociedade. A noção de “independência” nos remete ao
conceito de soberania (BOBBIO; MATTEUCCI; PAS-
6
Segundo dados do TPE, em abril de 2008, a organização con-
tava com mais de 300 adesões entre empresas, associações e
7
fundações de diferentes origens. Ver <http://www.todospelaedu- Sobre níveis de consciência política coletiva, ver Gramsci
cacao.org.br> Acesso em ago. 2008. (2000b)
Práxis Educativa, Ponta Grossa, v.4, n.1, p.21-28, jan.-jun. 2009. Disponível em <http://www.periodicos.uepg.br>
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QUINO, 2004) e a temas como a subordinação do dade civil assumir um papel mais ativo, de modo que
país na nova divisão internacional do trabalho (TA- tal tendência deveria orientar os processos atuais de
VARES, 1998), a adaptação e integração também reforma do aparelho de Estado. Em sua formulação,
subordinada dos países ao movimento de mundia- institutos e/ou fundações passariam a prestar servi-
lização das finanças (CHESNAIS, 2005), a posição ços públicos, sem almejar lucro, criando, assim, os
dos países diante da nova fase do imperialismo chamados “espaços públicos não estatais”, dando
(FONTES, 2006). uma nova configuração à sociedade civil e um novo
sentido à relação dessa instância com o aparelho de
Num primeiro momento, a noção de “indepen-
Estado em favor do desenvolvimento do país. Par-
dência” sugere que os empresários seriam portado-
tindo de outro referencial, Neves (2005) afirma que
res de um projeto de refundação do capitalismo no
a mudança da relação entre sociedade civil e apa-
país sob o princípio da autonomia, ou seja, de não-
relho de Estado seria uma expressão do movimento
subordinação internacional. Entretanto, o que se ob-
de “repolitização da política”, cuja meta central seria
serva na atualidade, a partir de estudos (BIANCHI,
substituir os conflitos e os antagonismos pela noção
2001; DINIZ, 2000, 2002) e de documentos (FIESP,
de colaboração e coesão cívica ou social.
1990; KPMG, 2000), é que tal perspectiva não se
apresenta como opção dos empresários brasileiros. A perspectiva crítica de análise sobre socie-
O entendimento que ainda predomina nessa classe dade civil e aparelho de Estado, acima referenciada,
é a manutenção da tendência histórica, assinalada oferece elementos para afirmar que a proposição de
por Fernandes (1981), de busca pela inserção de- “parceria” (ou co-responsabilidade) defendida pelo
pendente na ordem internacional, em nome do lucro TPE reforça as estratégias de dominação presentes
a qualquer custo. no Brasil de hoje, justamente por explicitar que em
nome da educação é necessário um novo “pacto so-
Por esse ângulo de análise, a noção de “in-
cial” e a renúncia a projetos alternativos de educa-
dependência” apresentada atinge um patamar tão
ção em favor das proposições empresariais.
elevado de abstração que perde vínculos com o
movimento do real, ficando sem qualquer capacida- O terceiro ponto da análise envolve as “me-
de explicativa, tornando-se um enunciado vazio de tas” propostas pelo TPE para a educação pública
conteúdo. Mas é necessário considerar que o esva- brasileira, que estão assim descritas:
ziamento conceitual não implica necessariamente
Meta 1 – Acesso: Até 2022, 98% ou mais das crian-
a diminuição do potencial político de agregação de ças e jovens de 4 a 17 anos deverão estar matricu-
pessoas e forças sociais em torno do projeto de edu- lados e freqüentando a escola.
cação para o país.
Meta 2 – Alfabetização: Até 2010, 80% ou mais, e
O segundo ponto de destaque relaciona-se a até 2022, 100% das crianças deverão apresentar
um princípio político que se desdobra numa estra- as habilidades básicas de leitura e escrita até o final
tégia de ação. No entendimento do TPE, a melho- da 2ª série (ou 3º ano) do Ensino Fundamental.
ria da qualidade da educação brasileira só poderá
ser alcançada mediante uma ampla mobilização Meta 3 – Qualidade: Até 2022, 70% ou mais dos
de forças composta por “atores” da sociedade civil alunos terão aprendido o que é essencial para a
sua série”. Ficou definido, então, que 70% dos alu-
e por órgãos da sociedade política. As noções de
nos da 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e da
co-responsabilidade e de parceria constituem-se 3ª série do Ensino Médio do conjunto de alunos das
como referências centrais da proposição. O posicio- redes pública e privada deverão ter desempenhos
namento é assim apresentado: “O ponto central da superiores a respectivamente 200, 275 e 300 pon-
nossa estratégia é a co-responsabilidade pelo todo, tos na escala de Português do SAEB, e superiores
que se traduz na atuação convergente, complemen- a 225, 300 e 350 pontos na escala de Matemática.
tar e sinérgica entre as políticas públicas, a iniciativa
Meta 4 – Conclusão: Até 2022, 95% ou mais dos
privada e as organizações sociais” (TODOS PELA
jovens brasileiros de 16 anos deverão ter comple-
EDUCAÇÃO, 2008, s.p.). De modo mais amplo, o tado o Ensino Fundamental e 90% ou mais dos
conteúdo dessas noções está ligado ao entendimen- jovens brasileiros de 19 anos deverão ter comple-
to de que a relação entre sociedade civil e sociedade tado o Ensino Médio.
política deve ser modificada a partir de novos prin-
cípios, como propõe o projeto neoliberal da Terceira Meta 5 – Investimento: Até 2010, mantendo até
Via. 2022, o investimento público em Educação Básica
deverá ser de 5% ou mais do PIB. (TODOS PELA
Sobre essa temática, Bresser-Pereira (1999) EDUCAÇÃO, 2007, p. 4).
defende que a sociedade civil precisa ser democra-
Nesse mesmo documento o TPE avalia que
tizada para permitir a realização de uma profunda
o Brasil, apesar dos esforços recentes, não apre-
reforma do aparelho de Estado, visando ao avanço,
senta eficiência no que se refere às políticas para
modernização e crescimento do país. Para o autor, o
educação por dois motivos principais: incapacidade
fenômeno da democratização tem permitido à socie-
Práxis Educativa, Ponta Grossa, v.4, n.1, p.21-28 , jan.-jun. 2009. Disponível em <http://www.periodicos.uepg.br>
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fendidos em nome do “todos pela educação” não se DINIZ, E. Globalização, reformas econômicas e elites
refletem num projeto de educação única para todos. empresariais. Rio de Janeiro: FGV, 2000.
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Recebido em 12/01/2009
Aceito em 02/04/2009.
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