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Sentido indo e vindo, aqui e acolá, o corpo vai tomando cada vez mais, mais formas.
Neste momento os meus olhos já estão abertos, se perguntando se é possível aguardar mais
cinco minutos... dez, ou nenhum. A coluna me dá um “oi lindo”. Percebo bem a atenção que
ela requer de mim. Não sei se devo ou posso, ou quero, mas necessito. Rodo ela para lá, em
seguida para cá, torço ela de tal maneira, que seria possível fazer uma fita de moebius com
ela. Este tem um som em duração, porém audível. As articulações dando o seu primeiro “Bom
dia”. Tudo bem, já disse que não devo, não irei me colocar esta culpa, não hoje. Vou estralar
todas as minhas articulações sem ressentimento algum. Mas como me é sabido, também me é
necessário; o prazer provocado por esta é tal maneira gratificante que não há medicina chinesa
que me convença do contrário.
Buscando as polaridades dentro de meu próprio corpo, sigo o meu programa matinal,
com os braços ao lado do corpo, joelhos semi dobrados, vou forçando a força que vem de meu
próprio corpo, contra o colchão num movimento de contra-peso, se pudesse observar de fora
agora, conseguiria muito bem observar um vetor se moldando pelo corpo, matematicamente,
triangulos entre a escápula, mão e peito se formam e todo o corpo um grande equilátero.
Enfim me levanto, me emolduro dentro de forma ou “pose”, como é modernamente chamado,
do Àsana Adho Mukha Shvanasana, ou Cachorro Olhando para Baixo, como muitos o
chamam, ainda mesmo no colchão. Agora me sinto preparado para levantar-me da cama.
Fiquei me perguntando agora, ao escrever, o que isso significa para mim, essa educação
corporal. Acredito que ela seja proveniente das várias paisagens qu me formam e que me
cercam. Yôga, Teatro, Bioenergética. Há uma programa intenso, seguido de muitos mestres,
que ao mesmo tempo em que crio em cima deles, rejeito-os todos, porém, achei importante
aqui, neste momento citá-los e doar um pouco do meu agradecimento. Estas imagens-
paisagens me compõe e dão a vitalidade a este corpo de pulsar, em ritmos longos e pausados,
mas sempre constante em movimentos e caminhos diversos. Um corpo é senão esses
agenciamentos que é capaz de fazer, não? Um corpo é formado justamente, por estas
paisagens ou blocos de devir que lhe compõe, não? Não sei. Penso que sim.
Sento-me na cama. Sinto que meu pescoço está levemento tensionado. Enfim, sigo.