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sexualidade
Índice
Sexualidade humana 4
Sexualidade infantil 5
Primeiras pesquisas 5
Sintomas comportamentais 7
Princípio da infância 8
Masturbação e orgasmo 8
Média infância 9
Atividade sexual 10
Aspectos jurídicos 10
Puberdade 11
Tipos de puberdade 12
Puberdade precoce 12
Puberdade atrasada 13
Puberdade masculina 13
Ereções indesejadas 14
Puberdade feminina 14
Menstruação 15
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Adolescência 16
A sexualidade do adolescente 17
Comportamento sexual 17
Libido 21
Disfunção libidinal 22
Conceito de pulsão 23
Pulsão de vida 25
Pulsão de morte 25
Princípio de Nirvana 26
Princípio de Prazer 27
Princípio de Realidade 28
Complexo de Édipo 29
O Estágio Pré-Edipiano 32
Fases da Libido 32
O estágio edipiano 37
A história de Édipo 38
A formação do superego 39
O período de latência 42
Fase Genital 44
Mecanismos de Defesa 47
Sublimação 48
Negação 49
Regressão 50
Projeção 50
Introjeção 51
Repressão 51
Defesas patológicas 52
Formação recreativa 53
Anulação ou reparação 54
Isolamento 55
Racionalização 56
Antropologia e Psicanálise 68
Antropologia e psicologia 70
Contribuições da psicanálise 73
Perspectivas antropológicas 76
Primeiras pesquisas
Alfred Kinsey, cujas duas principais obras são os seus estudos (1948 e 1953),
utilizou recursos para fazer os primeiros inquéritos em larga escala de
comportamento sexual. O trabalho deKinsey centrava-se em adultos, mas ele
também estudou crianças e desenvolveu os primeiros relatórios estatísticos
sobre a masturbação na infância. Tem sido acusado que parte dos dados que
ele coletou não se poderiam obter sem observação ou participação em abuso
sexual de crianças ou colaborações com pedófilos.
Sintomas comportamentais
As crianças que foram vítimas de abuso sexual por vezes podem demonstrar
comportamento sexual impróprio para a idade, o que pode ser definido como
uma expressão comportamental que não é normal para a respectiva cultura. O
comportamento sexual pode constituir a melhor indicação de que uma criança
tenha sido abusada sexualmente, embora algumas vítimas não apresentem
comportamento anormal. Mas também há crianças que apresentam
comportamento sexual impróprio, porém, causados por outros fatores além de
abuso sexual. Outros sintomas de abuso sexual podem incluir manifestações
de stress pós-traumático em crianças mais novas; medo, agressividade, e
pesadelos em crianças em idade escolar; e depressão em crianças mais
velhas.
Masturbação e orgasmo
De acordo com Alfred Kinsey em seus estudos na década de 1950, as crianças
são capazes de terem orgasmos a partir dos cinco meses de idade. Kinsey
observou que por volta dos três anos de idade, as meninas masturbam-se com
mais freqüência do que os meninos, mas estudos mais recentes feitos na
Suécia indicam que a masturbação em crianças desta idade é incomum, e mais
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Média infância
Com o avanço desta fase, a escolha de amigos do mesmo sexo torna-se mais
acentuada, e aumenta o desprezo pelo sexo oposto.
Atividade sexual
Num estudo com 796 estudantes, 15% das mulheres e 10% dos homens
relataram algum tipo de experiência sexual que tenha envolvido um irmão; a
maioria destes não chega a ser uma real experiência sexual conforme
considerada pelos adultos. Cerca de uma em cada quatro dessas experiências
foram descritas como abusivas ou exploratórias. O efeito não exploratório dos
jogos sexuais entre irmãos é incerto, alguns estudos sugerem efeitos a longo
prazo, tanto positivos como negativos, ou não encontram efeitos significativos.
Aspectos jurídicos
Puberdade
Tipos de puberdade
Puberdade precoce
Já nos meninos, a puberdade pode demorar a vir até aos 15 anos de idade. Os
meninos ficam relativamente menores que as meninas, mas depois de um
tempo, é comum a ultrapassagem de altura.
Puberdade masculina
Esse crescimento dos pelos depende da genética e varia muito de pessoa para
pessoa. Além disso, essas mudanças são acompanhadas de modificação da
voz, a qual fica mais grave. O esqueleto se alonga, os músculos se enrijecem,
o tronco e os ombros alargam e a pele se torna muito mais gordurosa, o que
Ereções indesejadas
Ejaculações durante o sono são conhecidas popularmente como polução
noturna. O pênis pode ficar ereto regularmente durante o sono e os homens
podem acordar com uma ereção. Uma vez que um menino atinge certa idade,
ereções ocorrem com muito mais frequência devido à puberdade. As ereções
podem ocorrer espontaneamente a qualquer hora do dia, e ela pode ocorrer até
mesmo ao se vestir. Ereções são comuns para crianças e bebês, e pode
mesmo ocorrer antes do nascimento. As espontâneas são normais, mas
podem ser embaraçosas se acontecerem em público, como em uma sala de
aula ou sala de estar.
Puberdade feminina
Menstruação
Adolescência
Comportamento sexual
Baseados em seus estudos com adolescentes alemães Schmid-Tannwald e
Kluge (1998) defendem três teses que resumem o resultado desse trabalho:
Durante muito tempo a adolescência foi vista como uma fase de "tempestades
e tormentas" (Sturm umd Drang, por exemplo por Granvillle S. Hall). Com o
auxílio da pesquisa mais atual, no entanto, essa visão tem se tornado mais
diferenciada. Por exemplo, quando medidas através de questionários, a
autoimagem e a autoestima mantém-se relativamente estáveis durante toda a
adolescência - se bem que em uma importante minoria, sobretudo entre as
moças, há uma tendência de diminuição da autoestima.
O "eu verdadeiro" é visto cada vez mais como diferente de um "eu falso" ou
"fingido": enquanto adolescentes com doze ou 13 anos não fazem essa
diferença, rapazes e moças mais velhos a consideram importante;
Os adolescentes aprendem cada vez mais a verem-se pelos olhos dos outros;
Entre o si mesmo real e o como deveria ser - a imagem que a pessoa faz de si
não corresponde à ideia que ela faz a respeito das obrigações e tarefas que ele
deveria cumprir; a pessoa tende a ter sentimentos de culpa e a fazer
acusações, condenando-se a si mesma;
Santo Agostinho foi o primeiro a distinguir três tipos de desejos: a libido sciendi,
desejo de conhecimento, a libido sentiendi, desejo sensual em sentido mais
amplo, e a libido dominendi, desejo de dominar.
A libido segundo Freud, não está relacionada somente com a sexualidade, mas
também está presente em outras áreas da vida, como nas atividades culturais,
caracterizadas pela sublimação da energia libidinosa de Freud.
Carl Gustav Jung quis dizer com a libido, em geral, toda a energia mental de
um homem. Ao contrário de Freud, Jung considera que esse poder como
semelhante ao conceito do Extremo Oriente do chi ou prana, ou seja, como um
esforço geral para alguma coisa.
Lacan disse que a libido marca a relação na qual o sujeito toma parte da
sexualidade, com sua morte.
Disfunção libidinal
A falta de libido é referida como frigidez.
● Depressão
● Anorexia
● Cirrose
● Hemocromatose
● Hipogonadismo, eunuco e ism
● Falta de Testosterona no homem e a Efeminização
● Obsessão
● hipertireoidismo leve
● Sífilis
Conceito de pulsão
Freud propõe duas teorias das pulsões e ambas são dualistas. Na primeira
teoria das pulsões, o dualismo se dá entre pulsões sexuais vs pulsões do ego
ou de autoconservação. O id representa um reservatório de pulsões e a
contraposição se dá entre pulsões de vida vs pulsões de morte.
• Grande categoria das pulsões que Freud contrapõe, na sua última teoria, às
pulsões de morte. Tendem a constituir unidades cada vez maiores, e a mantê-
las. As pulsões de vida, também designadas pelo termo “Eros”, abrangem não
apenas as pulsões sexuais propriamente ditas, mas ainda as pulsões de
autoconservação.
Pulsão de morte
Princípio de Nirvana
• Denominação proposta por Barbara Low e retomada por Freud para designar
a tendência do aparelho psíquico para levar a zero ou pelo menos para reduzir
Princípio de Prazer
Princípio de Realidade
Complexo de Édipo
Seu destino nos move apenas porque poderia ter sido o nosso - porque o
oráculo lançou a mesma maldição sobre nós antes do nosso nascimento, como
sobre ele. É o destino de todos nós, talvez, dirigir nosso primeiro impulso
sexual para nossa mãe e nosso primeiro ódio e nosso primeiro desejo
assassino contra nosso pai. Nossos sonhos nos convencem de que isso é
assim.
Tais fontes constituem as ameaças do Ego infantil, contra o qual a criança tem
de desenvolver os meios necessários para alcançar a redução destas tensões
que se caracterizam por serem recorrentes, o que, ao final, resultam no
processo, de desenvolvimento da personalidade.
O Estágio Pré-Edipiano
É o estágio que vai do zero até quatro anos. Dentro dele se encontram as fases
oral, anal e fálica.
Fases da Libido
O estágio edipiano
Durante este tempo, a criança aprende que seus desejos sexuais são
proibidos, apresentando sentimentos de amor e ódio em relação ao genitor do
mesmo sexo. Isso leva a sentimentos de ansiedade e culpa, bem como de
medo de punição pelo crime.
A história de Édipo
Um oráculo anunciou a Laio, rei de Tebas e a rainha Jocasta, que seu próprio
filho o mataria e se casaria com a mãe.
O rei, assustado, ordenou que levassem o filho, Édipo, para longe da cidade. O
menino foi criado por outro rei, cresceu forte e sábio, até que um dia encontrou
um homem em uma estrada, teve com ele uma briga e o matou. Era seu pai.
A formação do superego
1. Acesso ao período edipiano com conflitos na fase oral, anal ou fálica, que
são do período pré-edipiano, trazendo para o período novo, alguém sem
energia suficiente para enfrentar as novas circunstâncias;
O período de latência
Este é o período que vai dos 7 – 12 até aos 14 anos. A característica desta
fase é a repressão das fantasias e das atividades sexuais.
Observa-se nesta fase uma tendência para uma reedição dos impulsos orais,
anais e fálicos e um misto de interesse sexual e de conflitos com os pais, como
na fase edipiana.
Neste período, a partir dos 16 – 18 anos e pelo resto da vida, podem ser
observados os chamados pontos de fixação, que são correspondentes às fases
não solucionadas, ou pelo menos não satisfatoriamente solucionadas, que
determinam a existência de um indivíduo adulto, que passa um quadro de
imaturidade em algumas áreas do seu caráter, de sua identificação sexual, de
seu equilíbrio afetivo, suas tendências a regredir ante o stress, sua
incapacidade de formar um relacionamento estável, suas eleições sexuais (não
somente as homossexuais em qualquer grau) e pelas evidentes indicações de
eclosão de um comportamento neurótico.
Fase Genital
Fixação e Regressão
O fato porém, é que mesmo sendo um sucesso o avanço, por ser coroado de
êxitos, ao chegar ao fim da campanha, a tropa inicial já estará bastante
desfalcada, pelo que, ante uma eventual batalha em que tenha
inesperadamente de se empenhar, quando já parecia que todos os seus
problemas haviam terminado, o comandante não terá alternativa, senão recuar
(em termos psicanalíticos, está aí a regressão) e recuar para onde deixou um
maior número de soldados, que, por sua vez, será sempre o lugar que
conquistou em função de grandes dificuldades com que se deparou.
Mecanismos de Defesa
Sublimação
Caracteriza-se a sublimação:
A) Inibição do objetivo;
B) Desexualização;
Todas estas qualidades também são vistas nos resultados de umas tantas
identificações; qual seja, no processo de formação do superego.
Negação
Regressão
Projeção
Introjeção
Repressão
Este mecanismo foi o primeiro a ser reconhecido e tem sido mais comentado
pela literatura psicanalítica. É a operação psíquica que impede que os impulsos
ameaçadores, sentimentos, desejos, pensamentos dolorosos ou perigosos, em
suma, conteúdos desagradáveis ou inoportunos cheguem à consciência.
Defesas patológicas
Formação recreativa
Anulação ou reparação
Isolamento
É uma forma de substituir por boas razões uma determinada conduta que exija
explicações, de um modo geral da parte de quem a adota. Ou é o processo
pelo qual o sujeito procura apresentar uma explicação coerente do ponto de
vista lógico, ou aceitável do ponto de vista moral, para uma atitude, uma ação,
uma idéia, um sentimento, etc, cujos motivos verdadeiros não percebem; fala-
se mais especialmente da racionalização de um sintoma. De uma compulsão
defensiva, de uma formação reativa. A racionalização intervém também no
delírio, resultando numa sistematização mais ou menos acentuada. Mediante
as definições citadas, a racionalização é a forma de abstrair-se das vivências
afetivas e, em cima de premissas lógicas, tentar justificar as atitudes e assim
provar que é merecedor do reconhecimento dos outros. Jocosamente, os
psicanalistas consideram a racionalização como uma mentira inconsciente que
se põe no lugar de algo que se reprimiu.
É natural que Freud, que tudo explica, não tenha explicado o que as mulheres
querem. É natural pois as mulheres mesmo não sabem o que querem…
Podemos então perceber que esta insatisfação é crônica. Porque mais que
tentem sempre parece que falta algo. Como diz Fernando Pessoa:
Existe uma música da Alanis Morisset que resume bem este sentimento de
insatisfação feminina:
Bem, poderíamos dizer que as mulheres querem o que não possuem… (afinal,
nunca queremos mais o que possuímos…)
Amor significa ter alguém para amar – e alguém que a ame – mas também
signifca ter alguém que seja compatível com um eu ideal: os outros também
tem que de certa forma aprovar quem recebe o amor… ou mesmo invejar…
Ora, porque então, se não há prazer, a pessoa continua aonde está? Porque
mesmo sofrendo, chorando, sentindo mágoa, culpa ou remorso não há reação?
Além das relações profissionais, Alain Miller casou-se com a filha de Lacan.
Abaixo, reproduzo uma importante entrevista de Jacques-Alain Miller sobre o
amor. Achei interessantíssima a definição que ele dá de amor: “Amar
verdadeiramente alguém é acreditar que, ao amá-lo, se alcançará a uma
verdade sobre si”.
Jacques-Alain Miller: Muito, pois é uma experiência cuja fonte é o amor. Trata-
se desse amor automático, e freqüentemente inconsciente, que o analisando
dirige ao analista e que se chama transferência. É um amor fictício, mas é do
mesmo estofo que o amor verdadeiro. Ele atualiza sua mecânica: o amor se
dirige àquele que a senhora pensa que conhece sua verdade verdadeira.
Porém, o amor permite imaginar que essa verdade será amável, agradável,
enquanto ela é, de fato, difícil de suportar.
J-A Miller: Alguns sabem provocar o amor no outro, os serial lovers – se posso
dizer – homens e mulheres. Eles sabem quais botões apertar para se fazer
amar. Porém, não necessariamente amam, mais brincam de gato e rato com
suas presas. Para amar, é necessário confessar sua falta e reconhecer que se
tem necessidade do outro, que ele lhe falta. Os que crêem ser completos
sozinhos, ou querem ser, não sabem amar. E, às vezes, o constatam
dolorosamente. Manipulam, mexem os pauzinhos, mas do amor não conhecem
nem o risco, nem as delícias.
J-A Miller: Acertou! “Amar, dizia Lacan, é dar o que não se tem”. O que quer
dizer: amar é reconhecer sua falta e doá-la ao outro, colocá-la no outro. Não é
dar o que se possui, os bens, os presentes: é dar algo que não se possui, que
vai além de si mesmo. Para isso, é preciso se assegurar de sua falta, de sua
“castração”, como dizia Freud. E isso é essencialmente feminino. Só se ama
verdadeiramente a partir de uma posição feminina. Amar feminiza. É por isso
que o amor é sempre um pouco cômico em um homem. Porém, se ele se deixa
intimidar pelo ridículo, é que, na realidade, não está seguro de sua virilidade.
J-A Miller: Ah, sim! Mesmo um homem enamorado tem retornos de orgulho,
assaltos de agressividade contra o objeto de seu amor, porque esse amor o
coloca na posição de incompletude, de dependência. É por isso que pode
desejar as mulheres que não ama, a fim de reencontrar a posição viril que
coloca em suspensão quando ama. Esse princípio Freud denominou a
“degradação da vida amorosa” no homem: a cisão do amor e do desejo sexual.
P.: Não se encontra seu ‘cada um’, sua ‘cada uma’ por acaso. Por que
ele? Por que ela?
J-A Miller: Nas mulheres, quer sejam conscientes ou inconscientes, são mais
determinantes para a posição de gozo do que para a escolha amorosa. E é o
inverso para os homens. Por exemplo, acontece de uma mulher só conseguir
obter o gozo – o orgasmo, digamos – com a condição de se imaginar, durante
o próprio ato, sendo batida, violada, ou de ser uma outra mulher, ou ainda de
estar ausente, em outro lugar.
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J-A Miller: Está bem evidente no amor à primeira vista. O exemplo clássico,
comentado por Lacan, é, no romance de Goethe (2), a súbita paixão do jovem
Werther por Charlotte, no momento em que a vê pela primeira vez, alimentando
ao numeroso grupo de crianças que a rodeiam. Há aqui a qualidade maternal
da mulher que desencadeia o amor. Outro exemplo, retirado de minha prática,
é este: um patrão qüinquagenário recebe candidatas a um posto de secretária.
Uma jovem mulher de 20 anos se apresenta; ele lhe declara de imediato seu
fogo. Pergunta-se o que o tomou, entra em análise. Lá, descobre o
desencadeante: ele havia nela reencontrado os traços que evocavam o que ele
próprio era quando tinha 20 anos, quando se apresentou ao seu primeiro
emprego. Ele estava, de alguma forma, caído de amores por ele mesmo.
Reencontra-se nesses dois exemplos, as duas vertentes distinguidas por
Freud: ama-se ou a pessoa que protege, aqui a mãe, ou a uma imagem
narcísica de si mesmo.
J-A Miller: Não, entre tal homem e tal mulher, nada está escrito por
antecipação, não há bússola, nem proporção pré-estabelecida. Seu encontro
não é programado como o do espermatozóide e do óvulo; nada a ver também
com os genes. Os homens e as mulheres falam, vivem num mundo de
discurso, e isso é determinante. As modalidades do amor são ultra-sensíveis à
cultura ambiente. Cada civilização se distingue pela maneira como estrutura a
relação entre os sexos. Ora, acontece que no Ocidente, em nossas sociedades
ao mesmo tempo liberais, mercadológicas e jurídicas, o “múltiplo” está
passando a destronar o “um”. O modelo ideal do “grande amor de toda a vida”
cede, pouco a pouco, terreno para o speed dating, o speed loving e toda
floração de cenários amorosos alternativos, sucessivos, inclusive simultâneos.
J-A Miller: Dizia Balzac: “Toda paixão que não se acredita eterna é repugnante”
(3). Entretanto, pode o laço se manter por toda a vida no registro da paixão?
Quanto mais um homem se consagra a uma só mulher, mais ela tende a ter
para ele uma significação maternal: quanto mais sublime e intocada, mais
amada. São os homossexuais casados que melhor desenvolvem esse culto à
mulher: Aragão canta seu amor por Elsa; assim que ela morre, bom dia
rapazes! E quando uma mulher se agarra a um só homem, ela o castra.
Portanto, o caminho é estreito. O melhor caminho do amor conjugal é a
amizade, dizia, de fato, Aristóteles.
J-A Miller: Sim. O que faz objeção à solução aristotélica é que o diálogo de um
sexo ao outro é impossível, suspirava Lacan. Os amantes estão, de fato,
condenados a aprender indefinidamente a língua do outro, tateando, buscando
as chaves, sempre revogáveis. O amor é um labirinto de mal entendidos onde
a saída não existe.
***
***
O inicio de uma análise, segundo Jacques Allain Miller, não pode ser pensado
sem sua inter-relação intrínseca ao fim. Isso porque, para o próprio paciente
entrar em analise já implica projetar um fim para a mesma, e para o analista, o
inicio assinala o abalo do fantasma (ou fantasia), e o fim, a travessia deste.
Neste livro, Freud define o desejo como sendo a força que traz o elemento
mnêmico de uma experiência de satisfação. Neste sentido, o elemento
primordial da satisfação do sujeito, o protótipo de satisfação, é o seio materno.
Por essa via, é que lemos Freud ao escrever que o “sentido de todos os
sonhos é a realização de um desejo”. (Freud, 1992 :153). Para Miller, “o desejo
é um conceito complexo, que segundo Freud, pode ser recalcado e aí realizado
nos sonhos, e, sobretudo, pode ser modificado na experiência analítica”.
(Miller, 1997: 35).
Em outras palavras, “Em Freud, a pulsão é uma demanda muito particular: não
pede nada a ninguém” (Miller, 1997:445). Ainda segundo Miller, “o que
chamamos desejo é algo que pomos não ao nível de significante, mas debaixo
dessa articulação, (S1 S2/d), como algo que circula entre os elementos da
articulação mecânica e que não responde ao mecanismo” (Miller, 1997: 340)
Miller (1997: 353), em seu seminário A patologia da ética, diz que na analise:
“há momentos de ‘quero saber’ e outros onde, ao contrario, dentro do ‘quero
saber’ há o ‘não quero saber (…) Para utilizar a barra (…) há um ‘quero saber’,
que se pode apresentar enunciado como uma demanda, quando o desejo
secreto dentro é ‘não quero saber’ de nada.
A entrada em analise precisa ser solicitada, mas o sujeito que faz uma
demanda de analise não sabe o que está pedindo. Deve-se somente aceitar
uma demanda de analise se, mais além da analise que é pedida, o analista
consegue entender o que o sujeito deseja.
É por isso que se necessita não de uma demanda determinada, para que se
aceite um sujeito em analise, mas de um desejo decidido que não tem nada a
ver com o imperativo, com a urgência, a pressão, e que é escutado entre as
palavras. (Miller, 1997:451).
Por outro lado, o conceito de demanda, não foi utilizado por Freud, mas sim
elaborado por Lacan, sendo que ambos representam uma oposição
Antropologia e Psicanálise
Índice [esconder]
1 Antropologia e psicologia
2 Contribuições da psicanálise
3 Perspectivas antropológicas
4 Referências
5 Ver também
Antropologia e psicologia
Tal como referido no início, tradicionalmente na antropologia divide-se em
antropologia cultural e antropologia física, cada uma destas com suas
contribuições específicas para o estudo da mente e comportamento humano.
Em seu processo de construção abrigou diversas correntes de pensamento
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Contribuições da psicanálise
Apesar de alguns autores como Alexander e Selesnick situarem a psicanálise
na perspectiva de desenvolvimento da história da psiquiatria a maioria dos
historiadores da psicologia situam esta no início da evolução da psicologia
clínica. Goodwin , Hothersall
Entre outros psicanalistas que podem ser considerados parte desta escola
estão:
Erich Fromm (1900 —1980) que destacou-se na área pela proposição dos
estudos de personalidade como resultado de fatores culturais e biológicos e
aproximação com Marxismo possuindo diversos trabalhos sobre o cristianismo,
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Destaque especial deve ser dado aos praticantes que se voltaram à pesquisa
entre doença mental e cultura (cross-cultural) como Georges Devereux (1908 -
1985) considerado pioneiro da etnopsiquiatria e etnopsicanálise juntamente
com Geza Róheim e Gananath Obeyesekere, professor da Universidade de
Princeton e do Sri Lanka (sua terra natal), conhecido por seus trabalhos sobre
Depressão, Budismo e Psicanálise, onde considera a "via de mão dupla" dos
povos estudados e teorias científicas.
Perspectivas antropológicas
Ainda sobre a relação entre a vida mental dos selvagens e dos neuróticos é o
referido antropólogo Levi-Strauss que nos apresenta a seguinte proposição: a
comparação entre a psicanálise e a cura xamânica facilita o entendimento
dessa última. Considera também a possibilidade do estudo do xamanismo,
inversamente, vir a ser utilizado para elucidar pontos obscuros da teoria de
Freud, em especial as noções de mito e inconsciente.