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CENTRO DE ENSINO UNIFICADO DO PIAUÍ - CEUPI


GRUPO EDUCACIONAL CEUMA
BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DE ELEMENTOS DE CONTRAVENTAMENTO DE UM


RESERVATORIO ELEVADO

Bruno Bandeira Cardoso1

Francisco das Chagas Oliveira Cardoso2


Thyago Camelo
Pereira da Silva3

Resumo: Os ventos são ações importantes no calculo de uma estrutura, sobretudo devido sua
atuação sobre a estabilidade global da mesma. Em reservatórios elevados o vento provoca
deformações que geram esforços de segunda ordem, alem de causar desconforto nos usuários.
Para evitar essas deformidades se fazem necessários elementos, chamados de
contraventamento. Nesse artigo foi analisado um reservatório modelo com duas diferentes
maneiras de contraventação, são essas um pórtico hiperestático e outra com a utilização de
cantoneiras em diagonais. Os deslocamentos dos pontos notáveis da estrutura têm valor
decisivo no resultado da pesquisa, tendo em vista que o objetivo é reduzir os deslocamentos
horizontais, para assim reduzir os esforços de segunda ordem nos pilares.

Palavras-chave: Ventos. Contraventamento. Reservatório. Deslocamento.

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Graduando em Engenharia Civil pelo Centro de Ensino Unificado do Piauí – CEUPI. E-mail:
bandeirabruno012@gmail.com
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1. INTRODUÇÃO
O crescimento da população demanda abastecimentos de recursos básicos como
energia e água potável, para esse último o desafio é dar vazão à água dos reservatórios das
concessionárias e pressão para chegar aos reservatórios residenciais. Como Azevedo Neto
(1998) ensina, para combater as percas de pressão se faz necessário aumentar a altura do
reservatório para alcançar toda a população necessária.
Quanto mais alta é a estrutura e mantendo a geometria transversal dos seus elementos,
mais esbelta ela será considerada, desta forma ela fica suscetível a maiores deformações
principalmente pelas ações dos ventos sobre essa. Por Matos (2014) a estabilidade das
estruturas metálicas é atingida de diversas maneiras, dentre elas, a mais eficaz e mais usual
nos projetos estruturais são os contraventamentos, os quais são elementos rígidos adicionadas
na estrutura com o propósito de impedir o deslocamento dos elementos estruturais
aumentando assim a rigidez da estrutura.
Com esse obstáculo para o bom funcionamento da estrutura, a aplicação de elementos
que absorvem os esforços do vento nos traz o seguinte problema: qual a melhor maneira de
contraventar uma estrutura metálica de um reservatório elevado? O tema é importante para o
entendimento do funcionamento dos elementos de rigidez, assim como a melhor forma de
aplicar esse método, minha motivação para fazer esse projeto é pela minha afinidade com a
área e o interesse de compreender melhor elementos que compõe as estruturas.
O objetivo específico é analisar duas maneiras de contraventar uma estrutura metálica
através de um estudo de caso em um reservatório fornecido pela HABPLAN, e avaliar qual a
mais eficiente quanto ao desempenho de estabilidade e eficiência econômica, essas formas
são: cantoneiras diagonais cruzadas que trabalham a tração impedindo a deformação global, e
pelo método do pórtico hiperestático que utiliza vigas horizontais para a função de elemento
de contraventamento.
Como objetivo secundário será apresentado o analise do comportamento de ambas as
estruturas perante as ações do vento, verificar a influencia dos perfis de aço para fazer a
contraventação.
A hipótese inicial é que a forma mais efetiva é a de cantoneiras cruzadas, pelo fato de
formar uma treliça com os outros elementos da estrutura, e o fato de necessitar de pouco
material para a fabricação das peças, os dois fatores que podem contribuir para o bom
desempenho e economia da estrutura.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1.Conhecimentos gerais sobre estruturas metálicas


Segundo Pinheiro (2005), os indícios da utilização de estruturas metálicas em escala
industrial a partir de 1970, falando de Brasil o inicio de sua fabricação foi no ano de 1982.
Pinheiro também cita as vantagens e desvantagens da utilização de perfis metálicos em
estruturas, para as vantagens citou: a fabricação com precisão milimétrica possibilitando
maior controle na produção, garantia das dimensões e propriedades dos materiais, material
resistente a choque e vibrações, execução mais rápida e limpa, possibilita desmontagem e
remontagem, estrutura leve e resistente a vãos maiores, possibilidade de reaproveitamento de
materiais. E sobre desvantagens: difícil transporte, necessidade de tratamento superficial
contra oxidação, necessidade de mão-de-obra e equipamento especializado.

2.2.Ações do vento na estrutura


Andreolla (2016) comenta que o vento é uma ação variável que sempre atua na direção
perpendicular ao plano da superfície da obstrução. E tem uma velocidade característica que é
utilizada em cálculos de projetos, que dependem dos fatores topográficos, influencia da
rugosidade e dimensões da edificação e fator estatístico da mesma.

2.3.Elementos de contraventamento
“Os contraventamentos devem ser utilizados para edifícios de pequeno porte, caso
estejam submetidos às ações de vento ou apresentem grande esbeltez.” (MATOS, 2014).
Matos (2014) ainda fala que há duas formas de tornar a estrutura rígida, uma pelo aumento
das rigidezes nos nós dos elementos criando um pórtico rígido o suficiente para os esforços, a
outra maneira seria com o auxilio de barras de contraventamentos que impedem as ligações
rotuladas ou elementos esbeltos se desloquem demais.
Carneiro e Martins (2008) comentam que pórticos de nós fixos a preocupação na
deformidade é exclusiva para as peças individuais, já nos pórticos de nós moveis, ou pórtico
com deslocamentos laterais, a preocupação será de estabilidade global para se chegar à
segurança estrutural. Suas palavras são representadas na Figura 1 abaixo.
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Figura 1 – Demonstração do pórtico de nós móveis (esquerda) e pórtico de nós fixos (direita).
Fonte:(CARNEIRO E MARTINS, 2008).

Comparando falas de Smith e Coull (1991) no que diz respeito a estruturas


contraventadas por elementos em diagonal, formando uma treliça com os outros elementos
(viga e pilas), são geralmente feitos de aço, e sujeitos basicamente a tração. Porem, esse
sistema impede a implantação de janelas e portas. O pórtico rígido já da essa liberdade
arquitetônica, muito utilizada em concreto armado, só se torna econômico até uma edificação
de 25 andares.
Carneiro e Martins (2008) concluem que o sistema mais ideal para edifícios urbanos é o
de pilares que contrapõe as solicitações verticais e contraventamentos para impedir ações
horizontais, e ainda que alguns tipos de subsistemas de contraventamento podem, ao mesmo
tempo, agir de contra ações verticais e horizontais.

3. METODOLOGIA
O trabalho trata-se de um estudo de caso do tipo de pesquisa experimental que foi
desenvolvido modelando duas formas de contraventamento para uma estrutura de um
reservatório elevado, diferenciadas pelo método de contraventamento onde a primeira
(MODELO I) uma estrutura hiperestática utilizando vigas com nós rígidos que suportem as
ações do vento e outra (MODELO II) isostática com cantoneiras de aço em diagonais
travando a estruturas em todas as direções e sentidos, utilizando o programa SAP2000 de
acordo com as normas NBR 6123 de vento, NBR 8800 e a norma americana AISC360-05 de
estruturas de aço, buscando analisar qual entre esses casos são mais eficientes.
DADOS DO ESTUDO
Para o levantamento da ação do vendo sobre a estrutura em questão utilizou-se da NBR
6123, que para atendê-la foi sugerido que a estrutura se encontra em um município de
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Teresina-PI, onde temos Vo= 30m/s. O que nos dar as características de um terreno plano
pelo item 5.2, S1= 1,0,com a categoria IV de rugosidade e que se refere a edificações em
áreas com obstáculos numerosos como uma cidade pequena segundo o item 5.3, S2= 0,80,
uma edificação com baixo teor de ocupação, S3= 0,95. Das resultantes encontradas a pior
situação encontrada foi a mostrada na Figura 2.

Figura 2 – Situação mais desfavorável de resultantes da ação de vento.


Fonte:(Programa VisualVentos V20).

Os esforços aplicados foram resultantes desses encontrados mais o momento provocado


aplicado sobre as vigas que apóia a laje do fundo da caixa d’água, no sentido positivo da
direção Y.
Como referencia foi utilizado dimensões da estrutura da Figura 3, sendo um modelo de
concreto armado, teve adaptações: por se tratar de uma estrutura cilíndrica tornou-se uma
estrutura de perfil retangular, para melhor modelagem. Para as ações verticais não foi
modificado as dimensões da caixa d’água e nem o material, considerando que esteja
totalmente cheio o que da 173,36 kN/m² de peso próprio, mais 0,5 kN/m² de peso acidental,
todas no sentido negativo da direção Z.
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Figura 3 – Reservatório de 300 m³ utilizado como modelo para análise.


Fonte:(HABPLAN, 2014).

O software dá resultados para cargas separadas, sendo necessário criar uma combinação
das cargas para um resultado mais preciso, a combinação criada foi chamada de COMB1.
Para os perfis utilizou-se da função de auto-seleção do programa SAP2000, utilizando o
catalogo da GERDAU, para pilares perfil H, para vigas I, e para as barras diagonais
cantoneiras (perfis L). Como é descrito na Figura 4.
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Figura 4 – Estruturas modeladas para análise com descrição dos perfis.


Fonte:Produzida pelo autor.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1.Deslocamento dos nós da estrutura
Depois de o programa analisar a estrutura com os carregamentos ele gera resultados
como deformação global, momento fletor, esforços cortante entre outros resultados. Dentre
esses resultados geraram-se tabelas de deslocamentos dos pontos para analise do efeito do
contraventamento no impedimento da deformação da estrutura.

Tabela 1 – Deslocamento dos nós no Modelo I.

Fonte:(Programa SAP2000, V20.1.0).

Tabela 2 – Deslocamento dos nós no Modelo II.


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Fonte:(Programa SAP2000, V20.1.0).

Para melhor compreensão dos dados mostrados nas tabelas: o termo ‘joint’ refere-se
aos nós ou encontros dos elementos, sendo ‘Joint Displacements’ o termo para ‘deslocamento
dos nós’ em nosso português. ‘OutputCase’ indica a carga ou combinação de cargas utilizada
o que é definida na coluna ‘CaseType’. A letra U nas tabelas é símbolo para os deslocamentos
dos nós em cada direção, as direções são coordenadas pelos números que seguem a letra U, o
numero 1 sugere a direção X, o numero 2 a direção Y e o numero 3 a direção Z. Para efeito de
informação a letra R é símbolo para a rotação dos nós, mas não será útil nesse trabalho, uma
vez que a rotação é provocada pelo deslocamento, sendo o deslocamento suficiente para o
analise.
Os resultados obtidos mostram que o deslocamento no modelo II (Tabela 2) é menor
que o modelo I (Tabela 1), levando em consideração a direção adotada para a aplicação da
ação do vento. Os deslocamentos nas outras direções são devidos a deformação pela carga
permanente e acidental que transmite os efeitos de forma global.

4.2.Fator econômico
De acordo com os catálogos disponibilizados no próprio site do Comercial GERDAU,
onde há as massas lineares dos perfis utilizados, sendo assim a massa total obtida no primeiro
modelo é de 6.435 kg, e no segundo modelo de 6.374,11 kg. Com esses valores a suposição é
que o mais econômico também será o Modelo II, porém essa afirmação não é precisa dando
margem para estudos futuros de levantamento de custos considerando a mão-de-obra para
cada caso.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Diante da analise dos resultados foi então comprovada à hipótese inicial em que o
posicionamento das barras em diagonais cruzadas é mais eficaz no combate a deformações
devidas à ação do vento, e pela massa um pouco reduzida do material. Porém, a medida de
pórtico hiperestático pode ser utilizada em outra aplicação conveniente, dados os valores
muito próximos tanto de deslocamento quanto de massa do material, por exemplo, na situação
da necessidade de portas e ou janelas na edificação.

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123: Forças devidas ao
vento em edificações. 1988. 66 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de estruturas


de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. 2008. 237 p.

AMERICAN INSTITUTE OF STEEL CONSTRUCTION. ANSI/AISC 360-05:


Specification for Structural Steel Buildings. Illinois, 2005. 518 p.

AZEVEDO NETO, J. M. etal.Manual de hidráulica. 8. ed. São Paulo: Blucher, 1998

MATOS, R. C. B.Sistemas de contraventamentos em edifícios de estrutura metálica.


Brasília, 2014

PINHEIRO, A. C. F. B.et al. Estruturas metálicas. 2. ed. São Paulo:Blucher, 2005

CARNEIRO, F; MARTINS, J. G. Análise de Estruturas: Contraventamento de Edifícios.


Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia, Universidade Fernando Pessoa, Porto
Amial, 2008.

CARNEIRO, F; MARTINS, J. G. Análise de Estruturas: Contraventamento de Edifícios.


Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia, Universidade Fernando Pessoa, Porto
Amial, pag. 10. 2008.

ANDREOLLA, Mariélen. A ação do vento no dimensionamento de pavilhões de estrutura


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de aço. 2016. 174 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de
Santa Maria, Santa Maria, 2016.

COMERCIAL GERDAU. Catalogos. Disponível em:


<https://www.comercialgerdau.com.br/pt/produtos/catalogos#k=#s=31>. Acesso em: 06 nov.
2018.

Smith, B. S. e Coull, A. Tall building structure: analysis and design. Nova York: John
Wiley & Sons, 1991.

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