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Apenas os fatos: a fantasia de uma ciência histórica

(tradução de Alexandre Santos)

Ethan Kleinberg

“Tentamos, lutamos, mas no final não conseguimos. Que ninguém se


impaciente com isso! A coisa importante (é sempre) a forma como nós
lidamos com a humanidade como ela é, explicável ou inexplicável; a
vida do indivíduo, das gerações, das nações; e às vezes com a mão de
Deus sobre eles”.

O trecho acima de Ranke apresenta a sua mais celebrada mas também


vilipendiada aspiração histórica de mostrar os eventos passados como wie es
eigentlich gewesen - “Como realmente aconteceram” ou “como realmente eram”. E é
aqui que eu quero começar a minha exploração sobre a fantasia de uma ciência
histórica. Eu não quero apontar Ranke como um indicativo de ciência histórica. Em
lugar disso eu quero enfatizar a forma como a última afirmação de Ranke sobre os
limites da pesquisa histórica foi apagada por sua mais ousada, mais positivista e mais
definitiva pretensão de apresentar o passado como ele realmente aconteceu: apenas
os fatos. Os historiadores sempre foram adeptos de oferecer paradigmas que eles
sabem que são inatingíveis e então apagar aqueles aspectos que expõem a
instabilidade ou os limites de seu modelo.
O que está sendo considerado aqui é o ressurgimento ou retorno da
ciência no método histórico. Entretanto, o meu foco não é a ciência per si, mas a
fantasia de que tipo de ciência é ou pode ser a prática da história. O mais recente
encantamento com a ciência é novo e problemático porque eu acredito que ele serve
mais para interditar a discussão e o debate entre historiadores e cientistas do que para
promovê-lo, e também porque o ímpeto para tanto a meu ver é principalmente
financeiro. Mas a fantasia de uma ciência histórica mesmo na sua encarnação mais
atual está alinhada com atenção que assombrou a história desde os dias de Heródoto.
Para Aristóteles, o problema com a história não era que ela fosse insuficientemente
científica, mas que ela privilegiava o particular sobre o universal: “é por isso que a
poesia é mais filosófica e mais séria do que a história; porque ela fala do que a
Universal enquanto a história fala do que é particular”. Isaiah Berlin analisou esta
questão a luz do racionalismo cartesiano, citando a negativa de Descartes a qualquer
pretensão da história de ser um estudo sério e, portanto, científico. Berlim acreditava
que “aqueles que aceitam a validade do método cartesiano confinam a história em um
lugar abaixo da dignidade dos homens sérios, de tal forma que, desde que a sua
Doutrina do que era e do que não era a ciência foi anunciada, aqueles que pensaram
sobre a natureza dos estudos históricos trabalharam sob o estigma da condenação
cartesiana”. Para os nossos propósitos, nós podemos olhar para a anunciação dessa
condenação cartesiana no momento em que para os historiadores a ciência tomou a
posição do universal e atemporal, incorporando as qualidades mais filosóficas e sérias
que Aristóteles valorizava enquanto a história permaneceu como o domínio do
particular.
No início do século 19, “o triunfo da ciência era enunciado linguisticamente,
enquanto o termo ciência sem um adjetivo específico era identificado principalmente e
às vezes exclusivamente com as ciências naturais”, enquanto as ciências humanas
perdiam o seu status “científico” e eram denominadas de “humanidades”. Esse
movimento linguístico levou acadêmicos aspirantes e emergentes a se desenvolverem
como cientistas sociais, imitando e advogando a “nomotética” (normas gerais, eventos
verificáveis em amostras relativamente grandes) das leis gerais das ciências duras
(hard sciences). A história como uma disciplina ficou presa entre os seus próprios
interesses idiográficos (método científico que considera os fatos individualmente, como
únicos) e as aspirações científicas nomotéticas das outras Ciências Sociais em
desenvolvimento. A ascensão do sistema universitário norte-americano como o
modelo dominante após 1945, acompanhado de uma extraordinária expansão
quantitativa e geográfica das universidades nos 25 anos seguintes, levaram a
reestruturar a universidade como uma instituição com uma bem-definida ênfase nas
tendências mais nomotéticas dentro das Ciências Sociais. O investimento público e
privado maciço na pesquisa científica deu a esses pólos de desenvolvimento científico
uma inquestionável vantagem sobre as orientações que pareciam menos rigorosas e
menos orientadas politicamente. Como resultado deste desenvolvimento interesses
intelectuais e econômicos estiveram em jogo enquanto a disciplina da história
apresentou uma mudança quantitativa nos anos 70, estabelecendo-se mais próxima
de outras Ciências Sociais - apesar de sua tradição idiográfica. Essa tensão se
mantém ainda hoje, refletida na localização dos departamentos de história dentro de
suas universidades: em algumas, eles se localizam nas Faculdades de Ciências
Sociais e, em outras, nas humanidades.
Se o dinheiro não fosse importante e os historiadores estivessem
satisfeitos em ser nominalistas, não haveria problemas. Poderíamos todos permanecer
dentro do reino da investigação particular com pouca ou nenhuma preocupação com
uma perspectiva mais ampla, leis lógicas de transformação ou conclusões em larga
escala. Mas o Manifesto da História, a Grande História (Big History) e a História
Profunda (Deep History) deixaram claro que muitos historiadores não estavam
satisfeitos em lidar apenas com o reino das particularidades ou singularidades e
certamente é difícil imaginar justificar contratações de departamentos, aulas ou
manuscritos propostos como base naquela pretensão. Diferentemente, a profissão
histórica tem uma longa história de tentar se fazer mais séria empregando afirmações
universais a serviço de nossas investigações particulares, afirmações que servem
para substanciar uma teoria histórica mais geral e estável (se não anunciada). A
fantasia de uma ciência histórica é predicado nesse desejo de corrigir as fraquezas
diagnosticadas por Aristóteles estabelecendo regras universais para corrigir a
instabilidade ou a maleabilidade e particularidade da condição histórica.
Os historiadores se posicionaram de diferentes formas sobre esse
processo. Alguns subordinaram a história aos métodos (ou mesmo se apropriaram
deles) de alguma das ciências naturais. Outros deram as costas a ciência,
argumentando que a história era mais próxima da literatura e que sua natureza
subjetiva e imaginativa deveria ser motivo de orgulho, como nas artes. E por fim,
havia os historiadores que pretenderam definir a história como um tipo de ciência
particular - que cria regras muito diferentes mas não menos sérias do que as das
ciências naturais. Eu gostaria de apontar aqui o trabalho de Willhelm Windelband e de
Wilhelm Dilthey - particularmente na distinção que cada um deles articula entre a
perspectiva atemporal das ciências naturais e a posição historicamente condicionada e
constantemente em movimento das ciências humanas. Com a intenção de criar um
espaço para uma ciência histórica em particular, tal distinção também serviu para
reforçar a designação das ciências naturais como aquela que continha as qualidades
admiradas e sérias apresentadas por Aristóteles e Descartes.
De qualquer forma, seja desafiando ou aceitando a dominação do modelo
científico, os historiadores e sua disciplina se definiram pela sua resposta a sua
alegada falta de rigor. Por exemplo, quando o jornal History and theory foi fundado em
1960, estabeleceu como a sua principal preocupação intelectual a conexão entre as
explicações na ciência e na história, especificamente com atenção ao modelo legal
(covering law model) de Carl Hempel. No entendimento de Hempel, a habilidade para
explicar um evento como referência a outro necessariamente pressupunha um apelo a
leis ou proposições gerais que poderiam ser repetidamente observadas. Maurice
Mandelbaum escreveu o seguinte em 1961: “enxergando o assunto em perspectiva
histórica, os teóricos legais estavam em guerra com movimento muito amplo e
influente no pensamento alemão que tentava mostrar e os métodos dos historiadores
eram necessariamente diferentes dos métodos empregados nas ciências naturais”. Os
contrastes entre as ciências naturais e ciências sociais, entre o que era repetível e o
que era único, entre as disciplinas nomotéticas e ideográficas eram os principais
argumentos contra os quais os teóricos legais se rebelaram.
Hempel procurou demonstrar “que as leis gerais tem funções análogas na
história e nas ciências naturais, que elas formam um instrumento indispensável da
pesquisa histórica, e que elas constituem a base comum de vários procedimentos que
frequentemente são considerados como as características das ciências sociais em
contraposição com a ciências naturais”. Dessa forma, Hempel argumentou que não há
diferença entre história e ciências naturais, já que “ambas podem nos proporcionar um
relatório de seu objeto (de seu conteúdo) apenas em termos de conceitos gerais, e a
história capta a individualidade única dos seus objetos de estudo de forma similar (não
mais nem menos do que) a física ou a química”. Assim, Hempel advogava que os
historiadores aceitam a validade de leis gerais e formas universais no modelo das
ciências naturais e como reconhecimento da unidade metodológica da ciência
empírica. Entender de outra forma seria metodologicamente inadequado e os
historiadores que defendem trabalhar com regras diferentes também seriam
inadequados.
Eu trouxe essa discussão particularmente para narrar uma tentativa de
proporcionar uma lógica científica e empírica para a investigação histórica. Mas mais
importante para notar que enquanto o modelo legal (covering law model). Foi
eventualmente rejeitado pelos historiadores como inadequado para a tarefa de
compreender a causalidade histórica, foram na verdade os avanços na biologia
molecular e celular ocorridos nos anos 60 que levaram a morte do modelo legal
(covering law model) . Enquanto os avanços da ciência determinava que a ciências
especiais (química, biologia, neurociência) não poderiam mais ser denominadas de
defeituosas por serem desprovidas de leis universais.
Na mesa redonda “A História encontra a Biologia”, na edição de dezembro
de 2014 da American Historical Review, chamou minha atenção uma tentativa inicial,
embora superficial, de aproximação entre a história e a Biologia. Mas o que chama a
atenção não é o que atrai muitos dos participantes na mesa redonda para biologia,
nem o que levou ao ressurgimento do método científico nos dias atuais. Nos seus
comentários finais na mesa redonda, o paleontólogo Norman Macleod identificou o
campo sobre o qual as colaborações entre história e biologia estão se estabelecendo.
Baseando os seus comentários na sua leitura das contribuições individuais daqueles
que apresentaram painéis na mesa redonda, incorporando também o título do seu
próprio ensaio “Pesquisa histórica como uma disciplina Igualmente nomotética e
evolucionária”, Macleod lembrou suas observações sobre as leis explanatórias gerais
(nomotéticas) presentes em Hempel:

“a Biologia como todas as ciências está estabelecida nos fundamentos


gêmeos de descobrir novos fatos e de testar as afirmações a respeito da
forma como os processos naturais operam. Novos fatos são descobertos
(geralmente) ao viajar para novos locais fisicamente (por exemplo,
pesquisadores experientes chegando à regiões inexploradas) ou através
de tecnologias que aprimoram os sentidos humanos (por exemplo, a
invenção do telescópio, do microscópio, e do acelerador de partículas). Os
testes de hipóteses são construídos e avaliados sobre os princípios da
lógica de inferência e podem utilizar resultados obtidos pelo emprego de
tecnologias avançadas, embora nem sempre seja assim”.

A exemplo de Hempel, Macleod aceitava que o conhecimento perfeito de


um fenômeno não é necessariamente anterior aos insights que podem ser formulados.
Ele concluiu:
“A prática da ciência é muitas vezes idêntica a prática da história. Os
cientistas, a exemplo dos historiadores, escolhem quais fatos merecem
atenção ou devem ser coletados. Esta escolha é informada pelas teorias e
hipóteses que formam a estrutura básica da investigação científica, bem
como das histórias pessoais e da formação de cada cientista. Como
resultado, tanto os cientistas, quanto os historiadores são influenciados
pela sociedade que os cerca, bem como a interpretação dos resultados de
suas investigações. A ciência é filosoficamente comprometida com o
progressismo e com a causalidade determinística, apesar de em alguns
casos admitir a importância de contingências e limites”.

Existem muitos assuntos a tratar aqui. Entretanto, eu quero primeiro


enfatizar que a reaproximação ou o diálogo entre a biologia e a história parece pender
mais para um lado – enquanto se concentra mais na forma como o método científico
que cria as condições para a formulação das leis gerais, do que na investigação sobre
de que forma a pesquisa histórica pode sintetizar leis gerais. É interessante notar que
Macleod tem consciência desse dilema na maior parte do tempo; ele questiona a
forma como os historiadores enfatizam que os conceitos biológicos podem esclarecer
os elementos históricos, mas não defendem que o trabalho histórico pode esclarecer
os conceitos da biologia. Ele comenta que: “os historiadores não deveriam supor que
eles não podem ou não devem se dedicar integralmente a esse processo de
iluminação disciplinar recíproca”. Dessa forma, destaca o problema da relação entre
verdade e significado. A ciência ou pelo menos as modernas ciências naturais,
entendem que significado e verdade são a mesma coisa. A história continua
interessada no significado: qual é o significado (para citar apenas um exemplo) do
Holocausto - para os alemães, para os judeus, para nós, para mim? Se a verdade tem
mais a ver com os enunciados que se fazem sobre o mundo do que com o mundo em
si mesmo, então a verdade continua a ser “feita” mais do que “descoberta” nas coisas.
A verdade expressa no conhecimento biológico pode ser assim, e embora Macleod
não reconheça expressamente essa possibilidade crítica, seu artigo deixa claro que
ele deveria analisar esta possibilidade.
Prosseguindo, Julia Adeney Thomas e Michael D. Gordin fazem críticas
importantes, mas a maior parte da mesa redonda apresenta historiadores que apelam
para a natureza universal dos poderes explanatórios da biologia. Tais intervenções
defendem os poderes explanatórios que proporcionam evidências mais sólidas e de
maior amplitude, escala e alcance do que a história convencional, além de uma
metodologia interpretativa que permite ao historiador reconstruir o tempo a que se
referem as evidências históricas (documentos e outros objetos). E embora a
apresentação do grupo na mesa redonda cuidadosamente afirme “não advogar uma
nova virada biológica, evolucionária ou neurocientífica na pesquisa histórica”, esta
afirmação é difícil de compatibilizar com a afirmação anterior de Smail e Shyrock de
que “graças ao giro biológico, acadêmicos de todos os campos sentem a importância
do passado profundo da humanidade” que aparece na introdução da obra “História
Profunda” (Deep History). Independentemente de ter sido proposto um giro ou não,
está claro que os contribuintes da mesa redonda consideram a biologia como o nosso
paradigma explicatório dominante e que “o desafio dos historiadores ainda está por vir
com essas descobertas biológicas que reconhecem que os historiadores tem um papel
ainda mais importante a desempenhar”.
Mas não está claro o que é esse “papel ainda mais importante” para os
historiadores pode ser, já que a lógica da mesa redonda, apesar dos protestos em
sentido contrário, é que a biologia oferece alguma coisa que a história não pode
oferecer. Aqui, o ressurgimento da ciência no método histórico é uma mudança no
sentido das ciências duras (hard sciences) na forma como a Biologia adotou (e
também a ciência neurológica e evolutiva) e distante das humanidades para
permanecer relevante e “séria”. Mas vale a pena investigar a lógica histórica deste
esforço colaborativo e nós podemos fazer isso analisando um outro exemplo da
história evolucionária antes de retornar para as contribuições de Daniel Smail e Lynn
Hunt para a mesa redonda.
Na obra de William McNeil “Pragas e pessoas” (Plagues and people) de
1977, McNeil realiza uma macro narrativa do desenvolvimento humano baseada na
teoria evolucionista de Darwin e, especificamente, no papel que a doença
desempenha na história da humanidade. Na sua análise da origem da peste negra na
Europa, McNeil admite que ele não tem evidências históricas suficientes para recriar
as condições que levaram a epidemia de peste bubônica. O que ele tem, entretanto,
são evidências de epidemias mais recentes e ele as utiliza juntamente com a estrutura
evolucionária para discernir os processos que levaram a uma epidemia. Como o
modelo é evolucionário e o processo de seleção natural é definido como constante
McNeil pode usar sua investigação naquela epidemia no século 14. Este argumento é
baseado em investigação científica de dados verificáveis e particulares, mas o que é
interessante é que ele é verdadeiro e pode ser aplicado a outras situações onde dados
concretos não estão disponíveis em virtude do caráter universal transcendente ou
trans-histórico da teoria da seleção natural; de outra forma isso seria apenas uma
analogia. O mecanismo utilizado para analisar os casos históricos modernos é
igualmente aplicável a eventos passados. Mas não se questiona a adequação dessa
proposta.
Daniel Smail é um crítico das falácias funcionalistas que atrapalharam a
história evolutiva, a sociobiologia e o evolucionismo psicológico. Em seu trabalho, ele
se volta a desenvolvimentos recentes da neurociência para alcançar o que ele
considera ser uma história mas matizada e profunda. Eu não vou me aprofundar aqui
nos méritos da história profunda (Deep history), mas eu quero destacar a tensão no
trabalho de Smail que foi articulado por William Reddy no seu artigo “Sobre a história
profunda e o Cérebro” (Deep History and the Brain). Smail está claramente consciente
que os recentes avanços na neurociência, na psicologia evolutiva e na sociobiologia
repousam em explicações funcionais puramente especulativas sobre o
comportamento, que geram hipóteses impossíveis de testar e que determinam algo
como modelos de comportamento. Ele assim o afirma explicitamente. Entretanto, ele
apresenta uma teoria sobre um “módulo para reconhecer subordinação social em
circunstâncias apropriadas e respondidas adequadamente”. Isto porque ele entende
que é uma “suposição razoável, já que padrões de comportamento reconhecíveis são
comuns a praticamente todas as espécies de primatas”.
Eu gostaria de fazer várias críticas sobre essas afirmações. Primeiramente,
depois de levantar sérias dúvidas sobre a viabilidade dos modos de comportamento,
Smail aplica tal método baseado em estudos sobre primatas. Em segundo lugar, ao
fazer isso, Smail, como McNeil, estende a pesquisa deu esquema temporal para outro
(pesquisas sobre comportamento de babuínos e sobre europeus do século 11 e 12) e
assim cria um modelo trans-histórico e funcional que é aplicável independentemente
do tempo e do espaço. Ele faz assim até mesmo quando defende a existência de
adaptações funcionais - certas configurações neurais tenderiam a evoluir em virtude
de adequações funcionais, gerando alterações significativas ao longo do tempo. Dessa
forma, a constância do mecanismo explicatório caminha em sentido contrário a da
condição histórica específica da adaptação evolutiva em qualquer tempo e lugar. Para
os neurocientistas, esses paradigmas são especulativos. Mas nas narrativas de Smail,
eles são naturalizados e mais, eles se tornam fundamentos inquestionáveis de
adaptação evolutiva, desbordando da natureza particular das ciências especiais que
carecem de leis universais.
Mas existe uma contradição ainda maior e mais perniciosa. A retórica de
Smail frequentemente apresenta a reaproximação da ciência e da história como capaz
de fazer desaparecer o foco antropocêntrico na disciplina histórica. Na introdução
escrita em conjunto na obra “História Profunda: arquitetura do passado e do presente”
(Deep History: the Architecture of Past and Present), Smail e Shyrock escreveram: “um
século atrás, a historiografia moderna foi construída sob a égide do progresso, uma
história fundamentada na ascensão da civilização e na superação da natureza que
supostamente se apresentou há cinco ou seis mil anos atrás. Essa narrativa exalta um
discurso triunfalista sobre a razão humana”. Os coautores lamentam que a
excepcionalidade humana, baseada na oposição entre “natureza” e “civilização”, ainda
seja abordada em nossos modelos históricos modernos. Contrastando com isso, eles
argumentam que a mudança para modelos científicos na prática da história viria a
destruir essa falsa oposição. Essa destruição iria nos libertar da excepcionalidade
humana por meio de um conhecimento mais profundo que volta a tempos anteriores
as próprias evidências textuais históricas, e que nos levaria a uma aceitação mais
ampla do que pode ser aceito como “história”. Destruir a distinção entre as ciências
naturais e humanas também levaria a eliminação do privilégio dos textos escritos e
consequentemente removeria as crenças culturais e intelectuais que sustentam a
narrativa dos “poderosos homens do passado”. Seguindo essa lógica não é apenas a
nossa compreensão do tempo, mas também o campo dos atores históricos potenciais
(humanos ou não) que se expande: “a lógica que faz com que o homem de
Neanderthal e outros hominídeos antigos sejam visíveis para história profunda é a
mesma lógica que faz subalternos em todos os lugares em que a pesquisa histórica
moderna enxerga atores visíveis”.
Mas o que parece ser um sentimento eminentemente democratizante é, na
verdade, profundamente problemático em virtude de desembocar na política. A crítica
da razão como aspecto distintivo da humanidade, foi o que animou muitos teóricos
feministas, anti-racistas e de defesas das minorias desde os anos 70. Contudo, isso é
ignorado por Smail e Shyrock, que substituem essa concepção por uma falsa
promessa de humanidade universal, visão que despolitiza a história e historiografia.
Além disso, enquanto Smail apresenta o argumento para a reaproximação entre a
história e a ciência como uma proposta de aumentar a distância temporal e uma ótica
mais inclusiva, é no seu argumento a respeito do “progresso que gera mais progresso”
que ele perde espaço. Isso porque ele entende nosso momento contemporâneo como
privilegiado - um tempo em que a ciência avançou o suficiente para que nós possamos
finalmente compreender a história de uma forma científica, e para que possamos
assim afastar nossas formas antiquadas de interpretar o passado. Aonde havia
anteriormente uma “grave ausência de dados que fez a história profunda da
humanidade metodologicamente impensável”, agora “o grande acúmulo de
conhecimento a respeito do passado da humanidade se tornou tão impressionante que
a reaproximação (entre a história e a ciência) é necessária” porque “o paradigma da
seleção natural nos permitiu gerar compreensões altamente detalhadas não apenas
sobre como a linhagem dos hominídeos evoluiu, mas também sobre como formas
sociais e habilidades culturais se desenvolveram ao longo do tempo”.
Entretanto, a partir dessa posição iluminada, os teóricos da história
profunda na verdade parecem mais encerrar as conversas entre a história e a ciências
do que estimulá-las, já que elas implicam que os historiadores que permanecem
céticos em relação ao modelo científico simplesmente não estão iluminados. Aqueles
que questionam se a história e a Biologia compartilham um campo comum, estão sob
a influência de uma “confusão disciplinar e de falta de confiança”. A ideia de uma
divisão entre as humanidades e as Ciências Naturais é tomada como paroquial,
disciplinarmente radical ou mal estabelecida e assim suprime a importante questão
estabelecida por Roger Cooter: é realmente de interesse geral resolver a guerra entre
“as duas culturas” com a vitória da ciência? Ou é simplesmente culturalmente
conveniente manter essa dicotomia? Como as ciências naturais se apresentam como
neutras (livres da política) estas questões são reputadas como inadequadas.
Em sua contribuição para a mesa redonda, Lynn Hunt se volta para
neurociência para estimular “novas formas de pensar interpretações históricas de
individualidade”, que proporciona um espaço para redução da agência humana que
nós vemos em McNeil ou os perigos do funcionalismo articulados por Smail. E, como
Smail, Hunt aplica o artifício retórico de caracterizar os historiadores que adotam a
neurociência com uma proposta revolucionária: “os historiadores sempre foram
alérgicos a explicações psicológicas, então não parece que muitos deles estarão
propensos a abraçar a neurociência ou a neuro-história”. Mas, diferentemente de
Smail, ou mesmo McNeil, Hunt mantém uma grande distância retórica da ciência que
ela emprega no seu trabalho histórico. Ela prefere citar acadêmicos de importantes
campos, tais como Hannah e Antonio Damasio, Michael Gazzaniga, e mesmo Smail, a
lançar mão de teorias evolucionistas e epigenéticas que fundamentem suas
afirmações. Isso porque apesar de sua confiança no valor da neurociência para
compreender questões da individualidade histórica, ela também está consciente das
limitações de se importar esse modelo. Na obra “Inventando os direitos humanos”,
(Inventing Human Rights), Hunt nos diz que “não há uma forma fácil nem óbvia de
promover, nem mesmo de medir o efeito das experiências culturais nas pessoas do
século 18, menos ainda nas suas concepções de direitos. Já é muito difícil analisar
cientificamente os hábitos de leitura ou de assistir televisão nos dias de hoje, e estas
pesquisas ainda tem a vantagem de poder ser estudadas por diversos métodos de
pesquisa diferentes”.
Entretanto, e de alguma forma refletindo a mudança retórica registrada na
frase de Ranke citada no início deste artigo, Hunt segue as qualificações sobre
“neurociência, psiquiatria e psicologia (como) ainda incertas sobre sua própria
natureza” com uma afirmação extremamente confiante de que “o seu argumento
depende da noção de que ler histórias de tortura ou novelas gera efeitos físicos
traduzidos em mudanças cerebrais e que retornam como novos conceitos sobre a
organização social e política da vida”. Essa é uma afirmativa que funciona
perfeitamente bem no nível da interpretação imaginativa, mas Hunt não pode
encontrar evidências neurocientíficamente significativas. Hunt assim resume sua
manifestação na mesa redonda: “como os historiadores podem reorientar sua
pesquisa com essas ideias em mente? Nós não podemos fazer estudos e descobrir de
que forma o cérebro de um indivíduo reage a doutrina Cristã, ao tabaco ou a histórias
de jornal sobre guerras e também não podemos concluir que as reações nos dias
atuais a tais estímulos seriam as mesmas do passado”. A exemplo dos trabalhos de
McNeil e Smail, a fundamentação científica de Hunt deve ser tomada mais como um
mecanismo transhistórico atemporal ou como uma analogia. Se entendermos como
um mecanismo trans-histórico atemporal, então Hunt está em descompasso com a
natureza hipotética e limitada daquelas afirmações que se referem exclusivamente a
biologia. Se entendermos como uma analogia, então o seu argumento não tem
fundamento em evidências típicas das ciências duras (hard sciences) que ela
aparentemente reputa ser o elemento de distinção entre seu trabalho e a explicação
histórica convencional. No fim, a análise de Hunt parece ter muito pouco a ver com a
interseção entre a neurociência e a história e muito a ver com a escolha interpretativa
do historiador.
Mas aqui está a questão: em cada um destes casos, o que acontece na
apropriação pelo historiador é que o paradigma especulativo da ciência é naturalizado,
então se transforma em base de explicação e não em um possível modelo
interpretativo. Uma vez que o momento historicamente condicionado de interpretação -
seja biológico, neurocientíficio, evolucionista ou outro - é naturalizado e apresentado
como dado, então nada mais pode assumir esta posição: apenas os fatos. Esta é a
fantasia de uma ciência histórica separada da realidade especulativa e hipotética da
neurociência, da teoria evolucionista ou da pesquisa em biologia. É também uma
narrativa vazia do poder interpretativo crítico que a história pode trazer a estes
campos.
Ao dizer que as descobertas recentes das ciências naturais são verdades,
os historiadores as enunciam como “descobertas” e não como formas hipotéticas ou
especulativas de compreender a natureza. Assim, os historiadores se referem as
ciências naturais como autoridades míticas e grandiosas do atemporal “dado” como
Dilthey e Windelband defendiam. Ironicamente, esta aproximação afirma que é falsa a
concepção das ciências naturais como pesquisas especulativas que estão sempre
sujeitas a auto-crítica e a revisão. Humanistas, em outras palavras, e historiadores em
particular, são culpados de inflar as ciências naturais de uma disciplina puramente
positivista para a qual eles se podem voltar na sua luta por fatos duros e indisputáveis:
apenas os fatos. A ironia final é que até mesmo o historiador mais crítico
frequentemente atribuirá um positivismo acrítico nas ciências naturais e
posteriormente atribuirá esta ausência de crítica a auto-compreensão das ciências em
si mesmas.
E é nesse campo naturalizado e inquestionável que a história digital surgiu,
proporcionando-nos um incrível leque de ferramentas para obter e processar dados.
Mas, como a história digital não tem teoria crítica ou fundamento histórico imaginativo,
nós nos encontramos entrando em uma zona de neo-empirismo que acompanha o
ressurgimento da “ciência”. O que nós estamos fazendo é descobrir novas formas de
coletar evidências e de colocá-las nos mesmos sacos. Nós não estamos inovando na
disciplina histórica com os dados, códigos ou mapas que agora nós podemos obter,
nem estamos fazendo o trabalho epistemológico de questionar o que está
acontecendo com ferramentas históricas importantes como arquivos e como isso afeta
nossa disciplina. Quando analisamos imagens do cérebro, estamos questionando a
natureza da apropriação visual ou codificando essa informação para nós, ou estamos
analisando o fato “bruto”? As informações são dadas, mas por quem e com qual
finalidade? Além disso, a imagem não é o mais importante: os historiadores perdem a
referência de objetos que estão no passado ao criar um mapa (para localizá-los) e
supor que o mapa é o que determina a sua localização e não uma representação
secundária.
Esta ausência de auto consciência crítica ao apropriar modelos científicos,
juntamente com suas possíveis consequências, se tornaram dolorosamente visíveis no
recente artigo de Ian Hesketh, denominado “A história da Grande História” (The Story
of Big History), que foi publicado neste jornal. Nesse artigo, Hesketh demonstra de
que forma, apesar da tentativa de superar o afastamento entre as humanidades e as
ciências através de uma grande síntese, “os grandes historiadores tomam emprestado
não apenas os fatos que são produzidos nessas disciplinas mas, o mais importante,
frases da retórica da literatura científica que popularizam esse trabalho, frases estas
que, de uma forma geral, popularizaram a ciência com uma qualidade antropomórfica”.
Mas uma questão ainda maior se apresenta: por que exaltar as ciências duras,
dotadas de um discurso um grupo de disciplinas que tem tantos problemas com
hierarquia, diversidade de gênero e presentismo? A história sdessa ciências é
profundamente problemática em relação a programas sociais e a política: basta
lembrar da teoria racional vitoriana ou da eugenia nazista.
No nível mais cínico minha resposta é que, apesar de muitas boas
intenções daqueles acadêmicos que procuram expandir os horizontes da disciplina
histórica, a questão aqui é principalmente econômica. Os critérios para determinar
quais disciplinas são consideradas sérias não são mais aqueles de Aristóteles, mas
em lugar disso dizem respeito a financiamento. Como parece que apresentar uma
forma universal e unificada de explicação é a chave para o sucesso nessa arena,
talvez Aristóteles esteja certo no final das contas. Nos últimos 20 anos, os
historiadores oscilaram entre a filiação com a Ciências Sociais e depois com as
ciências duras; esse movimento estabelece o início da iniciativa “STEM”(Science,
Tecnology, Engineering and Mathematics, movimento que privilegia investimentos em
educação nas áreas da ciência, tecnologia, engenharias e matemática) e estabelece a
crise as humanidades. Não é de se surpreender, nem mesmo é uma coincidência, o
fato de que os governos federal, estaduais e locais tem investido quantias elevadas
nas ciências duras, enquanto os investimentos nas humanidades e na história em
particular se reduziram. Isso é acompanhado com uma lógica de avaliação em que
agências de financiamento decidem se uma pesquisa vale a pena com base nos
financiamentos previamente destinados a pesquisas nesta área. O dinheiro segue o
dinheiro e, dessa forma, as ideias seguem o financiamento e não o contrário.
A busca do capital estimula a elaboração de ideias e de paradigmas e,
como resultado, agora os historiadores correm em direção a ciência procurando por
esses fundos. Para mim as escolhas interpretativas de Lynn Hunt, Daniel Smail, e
outros membros do grupo neuro-histórico na Universidade da Califórnia (UCLA) ou os
teórico da Grande História (Big history) financiados por Bill Gates, devem ser
enxergados dessa forma, sejam quais forem os méritos de suas interpretações
particulares. Tais escolhas também apontam na direção de que sua supostamente
insurgente posição contra a hegemonia do trabalho histórico é, na verdade, em um
sentido mais amplo, alinhada com a maior tendência que domina as lógicas de
financiamento. Também é importante notar que os argumentos sobre a utilidade da
história e de outras formas de conhecimento residem na verdade em uma lógica em
que a produção do conhecimento deve ser útil ou utilizável em um curto espaço de
tempo. Esta lógica é estabelecida especificamente para garantir grandes ciclos ou
pedidos de financiamento, não em termos da longa duração (longue dureé), Grande
História (Big history) ou história profunda (Deep history). Eu argumentaria que o que
nós estamos vendo nessa corrida para a ciências não é a reaproximação entre as
ciências e as humanidades, embora as falas sobre interdisciplinaridade entre essas
divisões certamente ajudam a levantar fundos, mas ao invés disso, os historiadores
vem subordinando a prática da história a fantasia do método científico.
Talvez o financiamento seja a única coisa que restou. Em acréscimo, tenho
lido as palestras de Foucault sobre biopolítica no Collège de France, particularmente
em uma afirmação que ele faz no final da obra “The Order of Things” sobre o
desaparecimento na categoria do humano “como um rosto desenhado na areia da
praia”. Mais tarde, em suas palestras, Foucault afirma: “Homo economicus é uma ilha
de racionalidade dentro de um processo econômico cuja natureza incontrolável não
muda, mas encontra a racionalidade do comportamento atomistico do homo
aeconomicus”. É este processo econômico que guia o homo economicus pela força
de uma mão invisível e conserva a escolha racional isenta de motivações políticas ou
econômicas. Aqui eu tomo a categoria de homo economicus não para indicar “homem
econômico ou humano”, mas ao invés disso eu leio homo como o “mesmo”, a indicar
a época do “aeconomicus aeconomicus”, uma lógica de economia por economia, uma
época em que humano é apagado, sublimado.
Voltar-se para o material, para o real, para a experiência, para o presente,
e para as ciências duras são respostas a ansiedade presente na história que, como
nós sabemos, está desaparecendo. Medos de redução de importância, redução em
aquisições de livros, redução de posições, e o mais importante, redução de
financiamentos, estão nos forçando a reavaliar nossa disciplina. Mas aqui nós temos
que tomar cuidado para que nós, os historiadores, simplesmente nos deixemos
apagar. Caminhar no sentido da ciência é um movimento tão importante porque priva
a história de seus fundamentos interpretativos por motivos que não são históricos e
por razões que eu acredito serem essencialmente financeiras. Como Cooter observa:
“como a Biologia é destinada a ser útil e economicamente eficiente, torna-se mais real
do que qualquer outra das outras disciplinas estabelecidas durante o Iluminismo
dotada de meios pragmáticos para explorar o que é ser humano… o mesmo processo
de mudança pela neurobiologização também se aplica a história acadêmica: num
contexto em que a Biologia é tomada como o caminho para entender a individualidade,
quem precisa de estudo histórico para chegar a este fim?”
Basta olhar para o recente artigo (histórico) sobre a famosa trégua no Natal
de 1914 que apareceu no Wall Street Journal, assinado pelo professor de biologia,
Neurologia e Neurocirurgia de Stanford, Robert M. Sapolsky. No artigo de Sapolsky, a
chave para compreender a trégua reside uma compreensão sobre os rituais
evolucionistas de cooperação: “muitos primatas tem gestos ritualísticos de agressão -
ou seja, um babuíno macho gritando na cara de um rival, mostrando os seus caninos.
Esta cena serve como uma ameaça. Mas nas trincheiras, o ritual das balas voando de
forma inócua, bem acima das cabeças dos soldados, simbolizava um compromisso
contínuo com a paz”. A questão aqui não é sobre os méritos da contribuição de
Sapolsky, embora seria melhor que esse artigo tivesse sido escrito em companhia de
um historiador, de forma a não subordinar os elementos críticos da disciplina histórica
ao reino universal da biologia. Ao invés disso, eu utilizo esse exemplo para apontar de
que forma a intervenção de Sapolsky transforma a história em algo redundante e
desnecessário nos mesmos campos que são usados pelos historiadores ao se
voltarem para a Biologia como uma aproximação com a ciência. Aqui, de acordo com
“os valores interesses neoliberais, juntamente com uma tendência para dissolver
divisões fora de moda de trabalho e outras obstruções ao rápido fluxo de bens e
informações para o propósito de acumulação de capital”, o trabalho do historiador é
consolidado e substituído pelo do biólogo. Isso não é uma reaproximação,
uma conversação, nem uma interação entre a história e a ciência, mas uma rendição
incondicional. Esse movimento serve as finalidades neoliberais, já que ao ceder
espaço para essa fantasia de ciência, os historiadores também cedem espaço para
intervenção crítica que é a força e o coração da nossa disciplina.
Aristóteles estava errado, pelo menos no seu julgamento sobre a história,
por que a força do nosso trabalho não está em relatar verdades universais, mas em
julgar a forma como o nosso conhecimento dessas verdades é sempre historicamente
condicionado e, portanto, sujeito a mudança. A força da história e das humanidades
repousa em nossa habilidade de proporcionar a intervenção crítica e especialmente de
determinar de que formas as metodologias aparentemente universais são em verdade
historicamente determinadas. É isso que nos permite mudar paradigmas que nos são
apresentados como naturais e portanto imutáveis - sejam eles evolucionários,
biológicos, neuropsicológicos ou econômicos - e para demonstrar que eles são
historicamente determinados, contingentes e sujeitos a críticas. E isso obviamente
inclui a própria disciplina da História.
Jamais foram “apenas os fatos”.

Eu gostaria de agradecer aos anônimos leitores da revista History of the Present por
seus comentários e sugestões. Hayden White, Laura Stark e Peter Eli Gordon
forneceram aconselhamento inestimável. Também gostaria de agradecer a Carolyn J.
Dean por organizar o painel no encontro da Associação Americana de História de
2015, em que eu apresentei esse trabalho como um artigo, bem como meus
companheiros de painel Stefanos Geroulanos, Samuel Moyn e Joanna Radin.

Ethan Kleinberg é professor de História e Letras na Universidade Wesleyan e Diretor


Executivo da Revista History and Theory.

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