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Nº 3 - Outubro/Dezembro de 2001
origem
Tarô
e nossa parte, apesar dos percalços, 2001 foi sem dúvida um ano
mais para livro do que para revista propriamente dita. Mais fácil de
2
dos em São Paulo e em Florianópolis. Para tanto recebemos a visita de
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Mário WillmersdorfJr.
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3
NOTAS SOBRE O SENTIDO DO NATAL
Marielle-Frédérique Turpaud
Esra noire iremos, uma vez mais, refletir sobre a fesra de Naral.
O uabalho reperitivo não deve nos surpreender, já que passamos uma boa
pane da nossa vida iniciárica relembrando nossa iniciação e encontrando
sempre novas riquezas nessas leiruras.
Ponanro, além dos perus, dos patês, dos chocolates - compulsão compen
sarória dos terrores das noites que se apresentam cada vez mais longas -
realizemos o Natal.
4
"
Porque Belém quer dizer a casa do pão". Isto significa que Jesus é o "pão de
Deus, o pão que desce do céu e dá vida ao mundo" Qoão, 6, 33), e dá ao
mundo para que aquele que o come não morra, mas entre na vida eterna, a
Grande e Perfeita Reintegração no Coração de Deus. Eis porque Jesus
Menino está deitado em uma manjedoura: porque seu destino é deixar-se
devorar pelo Amor.
Mas, rrie diriam vocês, a manjedoura está destinada ao boi que lá se encon
trava, conforme sugerido por piedosos autores, e como nosso irmão São
Francisco o representou no primeiro presépio de Natal. Correto. Mas existe
muita diferença entre a sonolência pesada desse bravo ani-
mal, cujo horizonte não vai muito além de trabalhar
dormir-forragem, e nossa própria inércia diante das
grandezas divinas?
Asaph constata:
5
NOTAS SOBRE O SENTIDO DO NATAL
Por falar em hebraico, a palavra "Galiléia" significa "o círculo". Maria e José
teri:im que "sair do círculo" para chegar na cidade do rei Davi, a "casa do
pão". Como "saímos do círculo" na marcha cega da iniciação2, para cami
nhar rumo à verdade.
Caminhar para Jesus, como os pastores - e por amor, como Ele veio em
um corpo de bebê por amor a nós. No oco da montanha da "Casa do Pão'',
esd oculro o Cálice3, seu retiro secrero, como está escrito:
Mas para atingir esse retiro secreto é necessário sair de si, "sair do círculo",
como o fizeram os pastores e, de mais longe, os Magos e, ao mesmo
tempo, penetrar no mais recôndito de seu próprio coração, sob a mon
tanha4, onde Ele está aninhado, dormindo, esperando ser despertado por
nossa amorosa vigilância para refulgir em plena força e glória em toda a
infinidade da sua luz.
6
NOTAS SOBRE O SENTIDO DO NATAL
5Verlucas2, 19e2,51.
6 Ver Mateus 2, 13
7 Signo dado pelo Anjo aos pastores (Lucas 2, 12).
7
PAPUS E O MARTINISMO
Philippe Encausse
Filho de Papw, o Dr. Philippe Encausse deixou este plano no dia 22 de julho de
1984. Homem exemplar por sua bondade, conduta e devoção integral ao
Martinismo, foi ele o responsável pelo ressurgimento da Ordem, em 1953. Suas
obras se integram, sem dúvida, ao legado dos grandes "Mestres Passados" do
Martinismo. O artigo Papus e o Martinismo foi publicado pela primeira vez
em Llnitiation, na edição N° 1 de 1991, que traz em sua capa a figura de
Delaage, o grande iniciador de Papus.
8
PAPUS E O MARTINISMO
"Logo, fervoroso adepto dàs organizações ativas, Papus resolveu fundar uma
ordem que" tomou o nome de Ordem Martinista".
Convém especificar aqui que meu pai e seu amigo Augustin Chaboseau tro
caram suas iniciações pouco depois da conversa a que Robert Amberlain se
refere. Conferiram-se assim um ao outro o que cada um deles havia rece
bido. Essa dupla iniciação teve lugar em 1888, como testemunha essa nota
manuscrita de Augustin Chaboseau: "Como eu reconheceria Bl... como
'Grão-mestre', eu que havia iniciado Papus em 1888?"
1 Henri Delaage escreveu algumas obras, dentre elas lnitiation aux mystàres du mag
nétisme (1847), Perfectionnement physique de la Ra.ce humaine (1850), Ooctrines des
sociétés secretes (1852), Le Monde prophétique (1853), t.:Éternité dévoi/ée (1854), Le
Monde occulte (1856) e La Science du Vrai (1882).
9
PAPUS E O MARTINISMO
Para constituir o primeiro Supremo Conselho, em. 1891, Papus apelou a dez
de seus amigos da primeira hora e a Augustiri. Chaboseau, naturalmente.
Respondendo ao convite de Sranislas de Guait�; ·Ô não-ocultista Maurice
Barres aceitou fazer parte dos doze primeiros membros. Ele não iria per
manecer por muiro tempo...
10
PAPUS E O MARTINISMO
11
DA ORDEM MARTINISTA ÀS ORDENS MARTINISTAS
Gino Sandri
1 Les cahiers de l'ordre au temps de Papus (Os cadernos da ordem no tempo de Papus),
publicados por Robert Amaciou em Oocuments martinistes, nº 14 (1980).
12
bléias martm1stas �re�ididas por um iniciador. Existem igualmente inici
adores livres, detentores dos mais amplos poderes. Enfim o Supremo
Conselho agiu em todos os países por intermédio de delegados e inspetores
A Ordem martinista, caracteriza-se por uma organização muito flexível,
deixando a maior liberdade aos responsáveis pelos grupos, aos membros,
assim como aos iniciadores livres. Os próprios iniciadores têm uma grande
liberdade de ação para �daptar os rituais de recepção, desde que conserva-
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dos os pontos essenciàis.
13
DA ORDEM MARTINISTA ÀS ORDENS MARTINISTAS
macia em 1922 por Victor Blanchard. Que terá suas pos1çoes igualmente
contestadas, o que redundará na criação de uma Ordem martinista tradi
cional. A corrente encarnada por essas duas ordens pretende ser mais fi�I ao
espírito e às formas da Ordem martinista original. Esse fracionamento entre
"lioneses" e "parisienses" teve repercussões em nível internacional. A O.M.S.
participa na aventura da Federação Universal das Ordens e Sociedades
Iniciáticas (FUDOSI); a Oi·dem martinista presidida por Jean Bricaud apóia
a feder;i.ção concorrente, ;i FUDOFSI.
. A fratura entre os dois ramos está longe de ser hermética e as' passagens ou as
comunicações entre umJ. e outra não são raras, inclusive no nível mais elevado!
14
DA ORDEM MARTINISTA ÀS ORDENS MARTINISTAS
15
DA ORDEM MARTINISTA ÀS ORDENS MARTINISTAS
Neste estágio, a questão do que forma a diferença entre estas diversas associ
ações que reivindicam para si a Ordem Maninisra permanece colocada.
É inegável que as querelas pessoais têm sua parte nisto, notadamente quando
das sucessões aos postos de direção. De uma maneira geral, nas organizações
que têm vocação para serem o veículo do Espírito, as tensões, as paixões, ma
nifestam-se às vezes de maneirar exacerbada.
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A GRANDE INICIAÇÃO
ROSACRUCIANA
DE ROBERT FLUDD
Serge Hutin
o Tmctatus théologophilo-
N sophicus (publicado em
Oppenheim em 161 7) de Robert
Fludd - esse grande alquimista inglês
que foi iniciado nos mais altos mistérios
rosacruciancls + lemos as seguintes li-·
nhas muito reveladorasl:
1 Texto extr.aído de uma tradução francesa inédita de Edgar Jégut. O o riginal, como o
da grande mkioria das obras de Robert Fludd, foi escrito em latim.
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A GRANDE INICIAÇÃO ROSACRUCIANA DE ROBERT FLUDD
"Conclui pois comigo, ó homens deste mundo tornado cego por uma
nuvem de ignorância, que a virtude e a eficácia do Espírito Santo são
verdadeiramente os Irmãos da Rosa+Cruz e crede que seu retiro está
situado ou nas fronteiras mesmo desse lugar de volúpia terrestre
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A GRANDE INICIAÇÃO ROSACRUCIANA DE ROBERT FLUDD
Para voltar ao ritual iniciático que Fludd nos descreve com todos os detalhes,
nós o visualizamos muito bem: os dois recipiendários (porque nesse grau dois
neófitos são iniciados simultaneamente ao ápice), são conduzidos ao cimo de
uma montanha simbólica e lá passam pelas provas destinadas a colocar em
ação a visão hermética rosacruciana da ascensão de Elias, identificada aqui ao
2 Citado por Sédir em Les Roses+Croix (Os Rosa-Cruzes), Paris, Les Amitiés
Spirituelles (As Amizades Espirituais), 1953, pag. 103-105.
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A GRANDE INICIAÇÃO ROSACRUCIANA DE ROBERT FLUDD
20
ECOS DA PALAVRA PERDIDA
Christian Sastre
Que segredo permanece para sempre oculto sob a capa dessas palavras?
Em que consistia esta palavra original? Quem a pronunciou? Está ela real
mente perdida? Pode-se reproduzí-la atualmente?
21
ECOS DA PALAVRA PERDIDA
O som e a paúwra
.J:- palavra subentende a produção de sons. Ora, o som é uma vibração com
nreendida bum diapasão bastante restrito em relação a todas as outras fr�
qÜências do universo. Dissemos que. à palavra se associa geralmente o verbo.
É co.rreto que a palavra engei-idra uma ação, um movimento, senão não
haveria verbo. Tudo seria estático; a Criação não teria ocorrido.
O primeiro qualifica o ruído que qualquer coisa pode emitir, seja por um
movimento exterior (deslocamento, choque no espaço), .ou por um movi
mento interior (dilatação, complexificação). Esta emissão do som é, conse�
qüentemente, anárquica, sem objetivo preconcebido quanto ao. seu destino.
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ECOS DA PALAVRA PERDIDA
Vocês talvez pensem que o autor desse extrato antecipa muito sobre as reais
possibilidades criadoras da Palavra!
23 - --
ECOS DA PALAVRA PERDIDA
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ECOS DA PALAVRA PERDIDA
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ECOS DA PALAVRA PERDIDA
Eis o que a lógica leva a propor. Das duas soluções consideradas, a segunda
parece a mais plausível, porque nenhuma manifestação poderia surgir do
nada ou ser criada com "nada". Assim, é naturalmente preferível considerar
a hipótese de uma energia vibratória universal representando o plano de
vida, como base fundamental da Palavra perdida.
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ECOS DA PALAVRA PERDIDA
Fazer enormes blocos de basalto voarem parece bem mais espetacular do que
o famoso ''Abre-te Sésamo!" de Ali Babá. Atualmente, graças à voz, é pos
sível abrir eletronicamente, por exemplo, a porta de uma garagem ou de um
cofre-forte. Uma célula vibrante reage exatamente às modulações dos sons
vocais. Ela transmite os impulsos sob forma de código personalizado ao
motor que desencadeia a abertura da porta. Podemos portanto compreen
der isto.
De qualquer maneira, seja qual for o procedimento que a ciência vier a uti
lizar, não teremos progredido no domínio da Palavra psíquica. A "telecine
sia artificial " será um dia inventada, mas a telecinesia mental, objeto de estu-
4 L.:or des Oieux (O Ouro dos Deuses) de Erich von Danlken, página 130,
Éditions Robert Laffont, 1974.
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ECOS DA PALAVRA PERDIDA
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ECOS DA PALAVRA PERDIDA
Finalmente, dirão vocês, em que a Palavra pode ser considerada como per
dida? Existe uma palavra específica, uma palavra que se teria perdido, uma
palavra que as civilizações passadas teriam perdido?
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ECOS DA PALAVRA PERDIDA
As palavras de força que são os mantras não são todas de igual importância.
O impacro vibrarório é diferente segundo se trate de uma estruturação esta
belecida a panir do plano físico, do plano mental ou do espiritual. Não é
rodo mundo que pode ter o conhecimento íntimo dos mantras que agem
sobre os três planos. É necessário ter desenvolvido suficientemente sua con
sciência para compreender roda a sua significação e praticar suas modu
lações específicas e apropriadas a cada plano.
Um mantra sagrado foi concebido para rer repercussões até o plano divino,
a fim de lá estabelecer contaros conscientes. Se, na seqüência de uma extra
ordinária conjunrura de circunstâncias, um profano chegasse a pronunciá
la, correria o risco de desencadear um processo de reação vibratória, cujas
desagradáveis conseqüências se abateriam sobre ele. Mas isto é muito raro,
porque, de qualquer maneira, uma palavra de força que é escrita não revela
a enronação necessária ao acionamento de seu poder. Além do que, tem-se
que ter sido iniciado por uma pessoa que prarique esse mantra há muito
rempo. Portanto a iniciação só pode ser oral.
30
ECOS DA PALAVRA PERDIDA
Agindo sobre o mental de outrem, sobre sua consciência objetiva, seria pos
sível anular temporariamente sua percepção - portanto tornar-se invisível,
fazer nascer fantasmas, alucinações e vários outros fatos estranhos. Agindo
sobre o plano divino, o da energia universal, seria portanto possível levar
essa energia sutil a submeter-se à sua própria vontade. A Palavra a formular
para o cumprimento dessa criação não é uma utopia. Alguns grandes inici
ados a praticaram. Se a Palavra é considerada como perdida, é simplesmente
porque o homem, que ainda não havia involuído, usava de sua eficácia. Em
seguida, tendo-a utilizado para fins egoístas, ele perdeu seu significado e
emprego. Somente os seres que reencontraram sua pura consciência original
têm conhecimento dela. Esses iniciados captam diretamente no plano de
vida a energia de que necessitam para ajudar a humanidade.
Que aquele que aspira a encontrar a Palavra perdida espere o Iniciador. Ele
virá iniciar o postulante quando ele estiver pronto e "aberto" a este sublime
conhecimento. Porque é uma verdade atual, já que eterna: o Verbo criador
está ao alcance das cordas vocais daquele cujo coração é puro.
31
A ORIGEM DO TARÔ
Dr. Fugairon
1
As figuras do Tarô, cal como as temos,
são incontestavelmente da Idade Média.
Os símbolos são também desta época.
"Os Tarôs - diz o Sr. Paul Lacroix ofe
recendo uma representação filosófica da vida do ponto de vista cristão -
apresentam o Homem nos diferentes estados que o nascimento lhe faz pas
sar e nas diversas condições em que a natureza o coloca: aqui, o Louco e o
Amante, ali, o Papa e o Imperador. O Homem, seja qual for a sua situação
social, deve fugir do Di abo, escutar a Religião (o Eremita) e imbuir-se das
virtudes - a Força, a Justiça, a Temperança, buscando a Fortuna, pois qual
quer dia a Morte viria, a morte que alcança o vivo tanto no cadafalso (o
Enforcado) quanto no Carro do Triunfo, a morre que conduz ao julgamento
das almas e que abre aos justos a Casa-Deus."
Ademais, o ponto de vista cristão não impede de admitir uma certa influên
cia do Mi�ndo, do Sol, da Lua e das Estrelas sobre a vida humana.
Deste modo, supondo que a origem do Tarô remonte à mais alta antigu
idade, somos obrigados a admitir que ele sofreu uma completa transfor
mação no final da Idade Média e que as figuras do antigo Tarô desaparece
ram por inteiro. Portanto, o Tarô atual tem uma origem medieval.
32
A ORIGEM DO TARÔ
II
Temos algum indício da existência entre os antigos de um jogo análogo ao
do Tarô?
Piarão, no seu Fedro, diz que o deus egípcio T hot, que havia ensinado aos
homens as matemáticas e a Astrologia, inventou o jogo dos ossículos (tali ou
calcult) e o jogo de dados (alea).
Martin Delrio (Disquis. magic, Lib. V7) pretende também que os dados e os
ossículos rraziam figuras e nomes de deuses e deusas. Estes nomes são cita
dos mais de uma vez nas comédias de Plauto e há bons motivos - diz o Sr.
Lacroix - para se concluir que as resselas, tornando-se placas de ossos ou
de madeira ornamentadas com signos ou pinturas (tabulae sigillatae), devi
am parecer muito com as cartas indianas, pintadas igualmente sobre folhas
de marfim ou de escama, quadradas, redondas ou octogonais, e que não
remontam para além do século XII.
33
A ORIGEM DO TARÔ
Eis mdo o que sabemos sobre a existência enm.: os antigos de jogos análo
gos ao do Tarô.
Supondo que as figuras do Tarô atual sejam transformações das figuras que
remontam à antiguidade, não seria possível encontrar vestígios destas anti
gas figuras' Cn.:io que seja possível, e já tentamos isto aqui mesmo nessa
revista. Ora, a que país nos reportam as figuras assim reconstituídas' Ao·
Egito, mas ao Egito do século II ou III da nossa era. Nós as reconhecemos
como sendo obra dos judeus neoplatônicos.
Difundidas por rodo o Oriente com diferentes variações, foi depois das
cruzadas que elas foram trazidas para a Europa, e lá passaram também por
transformações que resultaram no atual jogo de.: Tarô.
34
O SIMBOLISMO NA FRANCO-MAÇONARIA
Papus
35
O SIMBOLISMO NA FRANCO-MAÇONARIA
O quadro de nosso estudo não nos permite abordar agora um tema tão
importante em todos os seus desdobramentos; também não trataremos hoje
do simbolismo na franco-maçonaria que, de um ponto de vista geral, deixa
para mais tarde a consideração dos detalhes.
Seria necessário fixar uma época para o nascimento desse modo de expressão?
"
A tarefa é quando menos temerária já que, por mais longe que possa remontar
a arqueologia nesses trabalhos, aparece a pedra bruta vestida como lembrança .;
'
É no seio da iniciação egípcia, em seus mistérios cujos ritos são ainda encon
trados na Maçonaria 1, que esta língua sublime adquire seus completos desen
volvimentos.
3G
O SIMBOLISMO NA FRANCO-MAÇONARIA
5 Moisés chama estas forças de Caim e Abel, e a luta dos dois irmãos simboliza a ação
eterna dessas forças na natureza. Vide CaTn, de Fabre d'Olivet e Fabre d'O/ivet e St-Yves
d'Alveydre, de Papus.
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O SIMBOLISMO NA FRANCO-MAÇONARIA
Para demonstrar de forma cabal que o simbolismo que trata apenas das leis
gerais encontra-se vivo ainda hoje como representação dessas leis, apliquemo-
·
lo às ciências contemporâneas.
Tomemos, por exemplo, uma das mais fecundas dentre elas: a física.
'
Não vemos, de faro, esta força ativa, positiva, aparecer no calor, no luminoso,
no positivo, na atração, e esta força passiva, negativa, no frio, no escuro, no
negativo, na repulsão' Encontram-se aí os dois pólos extremos de uma série
de transições que estão sintetizadas nos dois eternos opostos, abraçando roda
a física: a Força, pólo positivo, e a Matéria, pólo negativo da evolução natur
al.
;era!, uma transição entre essas duas fo'.ças. O quente e o frio se fundem, de
38
O SIMBOLISMO NA FRANCO-MAÇONARIA
Cada vez que o poder despótico crê haver esmagado com suas perseguições
os protestos da liberdade e do pensamento, a inteligência do homem de
39
O SIMBOLISMO NA FRANCO-MAÇONARIA
Quando a Igreja, tornada pod er temporal, perdeu por esse faro mesmo a
chave de rodos esses mistérios, quando o esoterismo primitivo, tr a nsmiti do
pelos essênios àqueles que se tornaram os primeiros cristãosG parece perdido
para sempre, a Rosa-Cruz Maçônica pratica ainda, inconscientemente, os
ritos secrerns das catacumbas. É no 18° grau do Escocismo que a arqueolo
gia pod e ir com confiança buscar em sua fonte a cristandade; que o ocultismo
instruído p ode estudar o esoterismo cristão em roda a sua pureza.
Esse segundo aspecto do S i m bolism o representa, portanto, para nós, uma das
mais engenhosas maneiras encontradas pelo espírito humano para restabele
cer a verdade histórica. O iniciado tornava-se ator de um fato importante ou
das tendências de uma época que o literato narrava simbolicamente· para
escapar aos olhos vigilantes do poder despótico. Tal como Cervantes repre
sentando a bravura (Dom Quixote), montando Rossinante e o bom senso
(Sancho Pança) conduzido pela Besteira?.
40
O SIMBOLISMO NA FRANCO-MAÇONARIA
41
O LEÃO ALADO DE SÃO MARCOS
Henry Bac
Or::i., antes que ele tivesse podido ganhar o alto mar a bordo de seu leve
barco, desencadeou-se uma violenta tempestade. Conseguiu encontrar abri
go n::t cabana de um pescador, numa ilhota da laguna. Adormeceu e, em
sonho, imaginou que naquele local, onde viria a se erguer a mais bela cidade
do mundo, repousariam seus ossos.
Essa ilhota , plantada com oliveira e ciprestes, ficava no centro da laguna for
mada pelos estuários de três imponentes rios que despencavam dos Alpes.
Lá vivia um contingente cada vez m::tior de pesc::tdores fugidos das invasões,
protegidos do mar alto por uma muralha de bancos arenosos. Haviam cons
truído no local c;isas toscas, cobertas de palha, construídas sobre pabftras.
Mais adiante muitos cidad:-íos, para escapar aos invasores l-drbaros que se
sucediam, abandonaram suas confi:irdveis residências p::tra buscar na laguna
o refúgio que se impunha. Eles rrahalharam duramente. Para construir uma
cas:1 deviam, antes de tudo, fortalecer o terreno deslizante e corroído pdas
águas. Depois dos hunos, outras hordas se abateram nas planícies. Os
homens da laguna tornaram-se - após uma luta titânica para reforçar
com muralhas e diques as margens voltadas para o mar - os pioneiros de
uma VENEZA que acabou por afirmar, paulatinamente, sua força e sua
virai idade.
42 -- --
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43
O LEÃO ALADO DE SÃO MARCOS
fez uma careca de repugnância e pediu-lhe que se afastasse depressa com seu
pacore.
Os dois venezianos
embarcaram com
um mar encapela
do; mas mal
chegaram a bordo
com os restos sagra
dos, as ondas
tornaram-se tran
qüilas. Eles pen
saram em um novo
milagre do Santo.
Chegaram a Veneza
onde, tão logo
Bacia de São Marcos (Canaletto) tomou conheci
A grande rota dos mercadores venezianos menro do borim
precioso que trazi
am, a mulridão jubilosa os aclamou. O Doge, o Clero, os magistrados, o
povo, comprimiram-se diante das relíquias. Elas foram solenemente deposi
radas na capela do Palácio Ducal que acabara de ser construído na maior das
ilhas.
O emblema de São Marcos, o leão alado, não tardou a ser estampado nos
mais belos prédios, nas bandeiras e na proa dos galeões de guerra.
44
O LEÃO ALADO DE SÃO MARCOS
Qual seria esse poder do leão alado de Veneza, unido o "volátil" e o "fixo"?
Com um tal emblema a cidade iria suplantar todas as outras em riqueza e
em magnificência.
dos. Logo seriam seus protetores, depois seus rivai� 'e en.fim seus senhqres..
No decorrer da quarta cru�ada, eles conseguiram salvar da febre devast'�do
ra reinante em Cons�antinopla os quatro soberbos cavalos de bronze.
Constantino os havia trazido de Roma, onde decoravam o arco de Nero.
1
Eles provinham do templo do sol em Corinto e até hoje dominam a entra�
da da igreja de São Marcos, não sem antes terem sentido o ar de Paris, em
cima do arco do triunfo do Carrossel, onde Napoleão ordenou que fossem
colocados, lá ficando entre 1797 e 1814.
Desde o final do século XIII as bandeiras decoradas com o leão alado de São
Marcos passam a espalhar-se cada vez mais nos lugares onde os venezianos
se tornam senhores: Caifa, Rodes, Metonl, Ascalão, Chio, Candie, na ilha
de Eubéia, na Albânia, na Eólia, nas ilhas jônicas, em Galipoli, em Chipre,
nos três oitavos de Constantinopla com o arsenal do Chifre de Ouro, �m
Bérgamo, Brescia, V icenzia; . Pádua, Ravena, na Damácia, e mesmo em
Andrinopla. Logo não há mais um porto importante Mediterrâneo onde
Veneza não disponha de uma representação e de lojas.
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O LEÃO ALADO DE SÃO MARCOS
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O LEÃO ALADO DE SÃO MARCOS
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O LEÃO ALADO DE SÃO MARCOS
Michele, no Campo
Santo, com seu Mestre
de-cerimônias de pé e
o mestre adjunr o 3
proa. O anim::il expri
me:.: sua aflição sob suas
asas dobradas.
Veneza cobriu-se de
leões alados . Seu pode
rio e sua prosperidade
aun1enr::iram; reve a
suprem ::i cia dos mares.
Seu :.usenal rnrnou-se o Praça de São Marcos (Canaletto)
c::inre1ro naval mais Centro nevrálgico de Veneza, para Petrarca "o único
refúgio da humanidade, da paz, da justiça, da liberdade"
imponanre do mundo.
Sua marina, suas canho neiras , pareciam incomparáveis. Ela foi a pnmeira
cidade européia a rirar proveito do ensinamento oriental.
48
O LEÃO ALADO DE SÃO MARCOS
A fé religiosa vacilava.
49
ATUALIDADE DE COMENIUS, O SÁBIO
Pierre Marie!
Em dezembro de 1958, a
1 A obra oculta do verdadeiro Sábio é abrir a Terra a fim de que ela produza a saúde
para o povo.
2 Queimado vivo por heresia em 6 de julho de 1415
50
principados. Fugindo da Boêmia, sua patr1a, encontra enfim abrigo na
Polônia, em Leszno, onde os Irmãos Morávios dirigem um colégio alta
mente reputado. Ele instaura lá uma pedagogia (revolucionária à época)
inspirada pelas idéias de dois Rosacruzes, Francis Bacon e Campanella, que
qualifica de "felizes restauradores da Sabedorià'.
51
ATUALIDADE DE COMENIUS, O SÁBIO
"Toda a juventude dos dois sexos deve ser enviada a escolas públicas. Não
há qualquer razão válida para privar as meninas do escudo das çiências. Sua
inteligência iguala a dos meninos: é necessário que se lhes abra a via aos mais
elevados destinos ... "
Citemos Comenius:
Estátua de Comenius, o primeiro
instigador de um governo ecumênico
"É bom juntar guardiães3 vigilantes aos
letrados. Sua tarefa será ensinar-lhes,
encorajando-os, sua principal missão, que é eliminar a ignorância e os erros
nos espíritos.
"Deve-se juntar guardiães aos sacerdotes para afastar, com sua ajuda, tudo o
que subsiste de ateísmo, de impiedade, de epicurismo.
52
ATUALIDADE DE COMENIUS, O SÁBIO
"Deve-se juntar guardiães aos príncipes para que sementes de discórdia não
germinem entre Estados ou, se elas começam a germinar, sejam extirpadas a
tempo.
"Para manter em roda parte a ordem universal, uns serão subordinados aos
outros, a fim de que, através desta subordinação graduada, a escola do
Cristo, o tempo do Cristo e o reino do Cristo sejam solidamente estabeleci
dos.
"O Tribunal dos letrados será denominado Conselho da Luz. Ele velará para
que não seja encontrado, em parte alguma, alguém que ignore algo de indis
pensável. Este conselho permitirá a rodos os humanos voltar os olhos para
esta Luz: a Verdade.
"Tribunal político, a Corte de Justiça cuidará para que em parte alguma uma
nação se erga contra outra, a fim de que as espadas e as lanças sejam trans
formadas em foices e em lâminas de charrua".
53
ATUALIDADE DE COMENIUS, O SÁBIO
O que nos leva a concluir citando um excerto dos Homens de Boa Vontade
(Hommes de Bormc Volont/i). Em Em Úusca de uma igreja (A La recherche
d'u11e .É,e;lise) se lê:
54
QUEM TEM A PAZ TEM A ALEGRIA
Aqui embaixo tudo é relativo e não tem valor verdadeiro senão pelas cons
tantes que podem ser observadas e em função das quais damos um sentido
à nossa existência.
Que é a verdade? - perguntou Pilatos a Jesus. Questão que Ele não respon
deu ... senão quando declarou aos seus discípulos: "Eu sou o caminho, a ver
dade e a vida" (Jo. XIV, 6), o que significa: seguindo o meu exemplo, expe
rimentem o meu ensinamento, e então me conhecereis e também à verdad�
e "a verdade vos libertará" (Jo. VIII, 32).
Fora da experiência nada tem valor. Querer falar disto ou daquilo no que
concerne ao misticismo ou aos místicos, de uma maneira puramente inte
lectual, é entregar-se ao jogo de MARA o grande sedutor do mental, Lúcifer,
o portador da luz mas não a luz: enquanto que Ele, o Senhor, é "a Luz que
ilumina todo homem vindo a este mundo" (Jo. 1, 9).
55
QUEM TEM A PAZ TEM A ALEGRIA
É inútil e vão querer cornar inteligível, por meio do mental, aquilo que o
ultrapassa e que, estando além dele, necessita, ao contrário, que ele seja
domado, fazendo calar a nossa imaginação. Desse modo estaremos em
condições de perceber, para além de toda a agitação, na calma e na
serenidade inceriores e exceriores, a verdadeira vida ecerna à qual nos convi
da AQUELE com Quem, por Quem, de Quem, em Quem e para Quem nós
somos para a Sua maior Glória e Salvação da humanidade.
Aqui, "o inceligível cessa e começa a agonia" como escreveu Leconte de Lisle
cm seu maravilhoso poema O Condor.
1 Por exemplo, Simão o novo teólogo, Mestr.e Eckhart, Tauler, São João da Cruz, a
grande Teresa de Avila, Suso ... e quantos outros à vossa disposição..
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QUEM TEM A PAZ TEM A ALEGRIA
Loas a Deus!
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BOLÍVAR
O Libertador Fraterno
Henry Bac
Lá nosso herói c:i.sou-se aos dezenove anos. longe dos seus, com a jovem e
encantadora Maria Teresa. Um louco amor os unia. Embarcaram para a
América. Ela morreu ao chegar.
Ei-lo aos vinte e um anos rico e sem projetos. Leva uma vida de grande se
nhor em Viena, Londres, Portugal e Espanha. Ingressa como aprendiz na
loja m:i.çõnica de Cádiz.
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Em Paris freqüenta a boa
sociedade, visita os salões mais
brilhances da época. Lá encontra
Mme. Récamier, Madame de
Scael, Chateaubriand. Mantém
conversas com Alexandre de
Humbolt, explorador e sábio
recém-retornado da América,
que lhe declara que as colônias
espanholas, sábias o bastante
para se autogerirem, irão desen
volver-se quando encontrarem
um líder competente que busque
sua emancipação.
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BOLIVAR O Libertador Fraterno
Bolívar embarca para a América, mas quer fazer antes uma escala no norte,
nos Estados Unidos, e conhecer de perto o comportamento de um Estado
que conquistara recentemente sua independência.
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BOLIVAR O Libertador Fraterno
da admira o trabalho rápido dos pioneiros: urna bela cidade com sólidos
edifícios, tanto particulares quanto administrativos, ruas bem pavimen
tadas, gramados cortados por aléias de árvores, habitantes ativos e alegres.
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BOLIVAR O Libertador Fraterno
Com homens que nunca haviam sido destinados ao ofício militar, negros,
mestiços, índios, crioulos e mesmo alguns franceses e ingleses, consegue for
mar excelentes soldados.
A Espanha não tolera tal situação. Chega então o maior exército que jamais
formara para a América do Sul. Dotados de uma anilharia de primeira
ordem, surgem navios de guerra de três po nt es sob o comando do general
,
Morillo.
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BOLIVAR O Libertador Fraterno
Graças a palavras �esse tipo Bolívar pôde, à frente de uma coluna pouco
numerosa, mal equipada e pouco treinada, chegar ao' ponto de esmagar as
melhores tropas regiilares do rei Ferdinando VII.
_
Será necessário passar pelos Andes, realização cumprida apesar das dificul
dades impostas pela altitude. Bolívar escolheu os caminhos mais 1mpra
riciveis, seguro de encontrá-los mais desguarnecidos.
63
BOLIVAR O Libertador Fraterno
Dirige-se em seguida com suas tropas para o Equador, onde esmaga o inimi
go após uma sangrenta batalha. Seu fiel subcomandante, o general José
Antonio de Sucre, já se encontra em Quito.
SIMON BOLÍVAR
LIBERTADOR DA COLÔMBIA
64
BOLIVAR O Libert;,ador Fraterno
Apesar das dificuldades, sem meios financeiros, ele forma uma brigada de
cavalaria que coloca em fuga o inimigo em Junin.
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BOLIVAR O Libertador Fraterno
Bolívar, a esta altura esgotado por seu excesso de atividades, cai doente.
Tudo o que deseja é repousar. O governo da Colômbia concede-lhe uma
pensão anual vitalícia de sessenta mil peseras. Mas ele jamais rncará em qual
quer rnsrão porque o tesouro permanece vazio.
66 - -
BOLIVAR O Libertador Fraterno
Bolívar, criador ideal, desprezando o ouro e :is honras, extraindo forças do·
nada, conseguiu trazer aos habitantes da América do Sul esse bem tão pre
cioso: a liberdade.
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GOETHE - Iniciado
Pierre Marie!
Graças ao doutor Metz o jovem Goethe não somente curou-se, mas encon
rr�u urna vitalidade que, a partir de então, não mais o abandonaria. Foi por
imermédio do mesmo personagem benfeitor e enigmático que Wolfgang
viu-se admitido, em Estrasburgo, no círculo pietista de Suzanne de
Klettenberg.
Um círc�tÍo místico-esotérico
Suzanne de Klerrenberg agrupava ao seu redor, num ambiente piedoso e
confianre, um cerro número de pietistas e de ocultistas. Ela era depositária
de uma tradição esotérica que remontava a Jacob Boheme, onde as conso
lações do Evangelho mesclavam-se aos segredos da Arte Real.
\
Foi graças a eh que Goethe leu Paracclso, Basile Valcntin Van Helmont,
\1
1
naturalmente sem omitir Boehmc, Cornclius Agrippa, Giordano Bruno e
Spinoza. Ele fez da Aur& catena Homrri ( rra ra do fundamental de alquimia)
seu livro de cabeceira e dele extraiu o essencial de seus futuros trabalhos
cienríflcos sobre as plantas e as cores.
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Teria Goethe recebido então
uma iniciação stricto sensu? É
bastante provável, para não se
dizer certo. Pode-se admitir que
em Wilhelm Meister o doutor
Metz é evocado na personagem
de Makarie, e que a misteriosa
Sociedade da Torre é uma
alusão a uma ressurgência da
Rosa-cruz, onde Goethe teria
sido admitido.
A Franco-maçonaria
Documentos verossímeis, mas
não comprobatórios, tendem a
provar que Goethe solicitou, em
Estrasburgo ou em Frankfurt,
sua afiliação à franco-maçonaria,
que lhe teria sido recusada por
ele ser então menor.
Por outro lado, documentos de arquivo estabelecem que ele foi iniciado
à Loja Amália em Weimar, em 1780, e que foi assíduo nos trabalhos rit
ualísticos.
Isto porém não impediria que, em 1808, quando ministro do duque Carlos
Augusto em Weimar, tenha se oposto à "construção" de uma loja maçônica.
Goethe e os Iluminados
O ministro-conselheiro Go et he, ao lon go de toda a sua fecunda existência,
69
GOETHE - Iniciado
Foi nos dois Faustos que ele exprimiu suas teorias ontológicas e metafísicas,
e Paul Arnold perguntou-se engenhosamente se Mefistófeles não era mais
seu porra-voz do que Fausto.
A Sociedade da Torre
É de alguma maneira a prefiguração de uma Obediência maçônica idealiza
da. Cerimônias ocultas, graus iniciáticos, ubiqüidade na ação, rudo leva ao
mistério. E dissemos que era descrito sob os traços de Makarie, Grão-mestre
não somente de uma Ordem, mas de uma Sociedade universal que dirige o
mundo ...
A mensagem mística
Quanto à mensagem mística de Goethe, eis aqui como a definiu Christian
Lepinre:
"A idéia de que uma sociedade de eleitos ou de iniciados perpetua uma
mensagem sagrada (que é a própria essência de todas as doutrinas reli
giosas) domina o pensamento de Goethe... O poema dos Geheimnisse,
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GOETHE - Iniciado
Depositária da mais alta Tradição, essa Ordem ideal é a síntese das diferentes
formas de espiritualidade cristã, maçônica, rosacruciana, spinozista (e por
tanto cabalista); nela a influência de Louis-Claude de Saint-Martin é evi
dente. No esoterismo o mistério é uma forma superior de ascese ... Zacharias
Werner - observa com razão Christian Lepinte - atrairá a estima de
Goethe por haver buscado conciliar o cristianismo e os mistérios maçônicos
numa forma superior de religião universal. Neste sentido, os Filhos do Vale
marcaram época na existência goethiana".
Magos e Charlatões
Goethe, espírito de luz, poeta apolíneo, foi ao mesmo tempo atraído, fasci
nado ·e revoltado pelo aspecto sombrio e tenebroso do Esoterismo. Esta
ambivalência se reflete na psicologia e na ação de alguns de seus perso
nagens.
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GOETHE - Iniciado
Makarie
Makari e é a mais esuanha e uma das mais acracnccs criações do
gênio goechia no. Seu sexo é indeccrminado ou, mais exa camence,
"eb-ele" cranscende a sexualidade. S eu dom de dupla visão se
escende ao Cosmo inceiro e ela-ele já cem uma amoscra da luz será
fica. Makarie é descacada do corporal, do físi co , não se liga mais ao
mundo das a parências, a não ser por um fino mas r esistente "cordão
umbilical": a fra t ernidade universal. Ao mesmo tempo "ela exige
ação" e comanda com au toridade e compe tência seus Hmãos
irm ãs" da Soci edade da Torr e. Leonardo a definiu assim em se u
Diário:
Obras consultadas:
Goethe et L'occu!tisme de Christian Lepinte
(tese da Faculdade de Letras de Estrasburgo, 1957).
lntroduction à La traduction de "Faust" de Paul Arnold (Cal, 1964)
Les sources occu!tes du romantisme, de Auguste Viacte (Paris, 1928)
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