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A Igreja e os Bárbaros
Quando o bárbaro Átila, rei dos hunos, ameaçou invadir e destruir Roma, foi o Papa S. Leão Magno
(†460) quem os enfrentou em Mântua; ele foi se encontrar com o terrível Átila, “o flagelo de Deus”,
e o fez retornar. O mesmo se deu com o bárbaro Genserico.
Afirma Daniel Rops, historiador que ganhou um Prêmio da Academia Francesa de Letra, que: “Se a
Igreja Católica Romana não tivesse tido uma admirável organização temporal como poderiam ter
subsistido os melhores princípios do Evangelho?” [“A Igreja dos Tempos Bárbaros”, Ed. Quadrante,
vol. II, 1991, SP, pág. 85, v. II].
Firme em torno do “Bispo de Roma”, o Papa, a Igreja católica era o único ponto estável num mundo
em que tudo estremecia. O poeta Lactâncio, neste tempo, escreveu: “Somente a Igreja conserva e
sustenta tudo” (idem).
Os homens da Igreja souberam dar sentido aos acontecimentos trágicos da queda de Roma: S.
Bento de Núrcia, S. Agostinho de Hipona, S. Leão Magno e tantos outros, foram os gigantes da
Igreja que, do caos da barbárie, começaram a modelar uma nova Civilização, por amor a Deus e
pela missão que Cristo lhes deu.
Disse Daniel Rops que: “O maior serviço que o Cristianismo prestou ao século V, foi o de dar um
sentido a seu drama, impedindo-os de permanecer inertes, sós e angustiados, à beira de um abismo
para além do qual já não enxergavam” (Idem, 86).
Roma, a “Cidade Eterna” estava dominada. São Jerônimo, cidadão romano, que já estava em
Belém, na Judéia, traduzindo a Bíblia do grego e hebraico para o latim, a pedido do Papa Damaso,
exclama chorando: “O navio está afundando!” “A minha voz extingue-se; os soluços embargam-me
as palavras. Foi tomada a Cidade que tinha tomado o mundo! Pereceu pela fome e pela espada;
está em chamas a ilustre cabeça do Império”. Para todos, era inimaginável a queda de Roma.
Santo Agostinho disse: “Talvez não seja ainda o fim da Cidade, mas em breve a Cidade terá um
fim”. A sua obra “Cidade de Deus” foi a resposta de Santo Agostinho ao caos instalado pelos
bárbaros. “Nas piores circunstâncias é preciso cumprir o nosso dever de homens”. Com a fé da
Igreja, Agostinho sustentava os fiéis. A idéia de que todos os acontecimentos, por piores que sejam,
obedecem ao desígnio de Deus, foi a grande força do cristianismo para fortalecer os corações.
Os cristãos sempre souberam que “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (1Ts 5,17) e
por isso, não se desesperam.
A Igreja sempre teve nos seus bispos e monges uma elite consciente de suas responsabilidades
sociais e históricas e muito bem preparados para as assumir; eram homens de primeira linha. Eles
souberam enfrentar a longa e árdua missão de civilizar os bárbaros pela amabilidade e acolhimento.
Para isso, tiveram inevitavelmente que exercer um papel político além do religioso, porque o bispo
passou a ser o representante do povo na noite escura da barbárie.
Ele passou a ser o “defensor da Cidade” até o heroísmo e o sacrifício. Santo Agostinho sustenta a
coragem em Hipona, São Nicácio deixa-se matar em sua catedral de Reims (França); S. Exupério
de Toulouse resiste aos bárbaros e é decapitado, S. Aide organiza a defesa de Orleans, S. Lobo
lidera a resistência em Troyes...
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Sobre o autor:
Felipe Aquino.
felipeaquino@cancaonova.com
Prof. Felipe Aquino, casado, 5 fihos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor
da Fundação João Paulo II. Participa de Aprofundamentos no país e no exterior, já escreveu 60
livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Trocando
Idéias". Conheça mais em www.cleofas.com.br