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CIDADE £ SISTEMA URBANO, —a baixa densidade marca quase todo 0 terri- t6rio alentcjano (densidades inferiores a 15 habi- tantesfkm?), onde as perdas se estend ‘quase toda a regio (mesmo pelo litoral), s6 cons 2.2. Os TERRITORIOS QUE PERDEM E OS QUE GANHAM DENSIDADE POPULACIONAL EM PORTUGAL Censos 1950 Continente = 89 hab fs Se analisarmos as dindimicas populacionais nos al timos cinquenta anos, torna-se possivel aprofundar identificar os diferentes ritmos de urbanizaca0 em termos territoriais e verificar se a litoralizacio populacional se intensificou ou no nos tiltimos Alem disso, possivel avaliar a intensidade dos processos de despovoamento nos centros tradi ionais de algumas cidades e os diferentes niveis de abandono nas dreas rurais. ‘As imagens com que se procura sistematizar a evolucio populacional nos iltimos cinguenta anos slo bem es em curso (Fig. 87) —uma grande extensfo do terrtério perdeu cla- ramente populagdo enquanto uma outra visivelmente reforgou a densidade populacional; no literal, entre 0 extremo norte ¢ Seuibal, as densidades aumentaram; duas importantes reas mais densas e dindmica uma em tomo do Porto ¢ a outra de Lisboa, retra- tam 0s intensos processos de suburbanizagio e pe riurbaniza¢io dos ltimos anos. O Porto apresenta todavia um processo de urbanizagiio mais estendido ¢ Lisboa um outro mais concentrado; —algumas sconstelagdes* urbanas, com maio- res densidades, estdo a ser progressivamente dese- 0 Lamego-Vila Real em direceio a ¢ 0 scti entorno urbang; 0 iso Cus il das areas envolventes 0 Algarve litoral reforcou-se; ecedoras dos processos terzitoriais nhadas: 0 ei Chaves; Vise telo Branco em perd ‘ensos 1970 90 pb ern Continen guindo escapar al uns centros urbanos © algumas ‘reas litoraiss —no interior, cle uma forma muito dispersa, cevidenciam-se alguns centros isolados, quase silhas tumas mais pequenas e outras um pouco mais vi veis, retratande processos locals de crescim: populacional positives ou estaveis. Una anilise mais fina em tomo da populacio 1 sidente nas areas urbanas' permite uma visualizagd mais clara dos processos de urbanizacio (Fig. 88 Uma coroa urbana em torno de Lisboa evidenc (98 intensos processos de suburban nos iiltimos cinquenta anos, Trata-se de uma man- ccha que cresce © ‘6 coneelho de L boa, definindo as areas demograficamente mais nimicas do continente. No centro desta manc cidade de Lisboa apresenta ritmos de crescimen negativos, mostrando os intensos processos de re composicio demogrifica ¢ urbanis ram a regillo nos anos 60. Em torno do Porto evidencia-se de igual form: uma extensa Grea com ritmos de er do verificados que afecta- ‘cimento po- Pulacional elevados, mas inferiores aos registadios nna coroa de Lisboa, Trata-se de um processo urbanizagio mais difuso e estendido, ¢ aparente- mente mais fragmentado. Esta area estende-se se sivelmente raga ¢ Aveiro, ainda que se po sam visualizar algumas verateras» (fre dindmicas). A cidade central também perde popu- Censos 2001 Continente = 112 hab, HabJ ker 1000 ey 196 GEOGRAFIA DE PORTUGAL 2 SISTEMA URBANO E TERRITORIOS EM TRANSTORMACKO Foe. $9 Visi Populacao residente nas areas urbanas Fete Mau Censos 1950 Censos 2001 Comtinente = 4 $71 490 hab Continemte = 7 368 189 hab Populagio residente wha drea urbana (a. habitantes) Limite de eoncelho a Fis. §8 Varago da Populagdo rexiente mas Seas Urbana em 1950 ¢ 200 CIDADE E SISTEMA URBANO Fat, 99 Perspctiva de Vinhats, em Tris-os-Montes ow Almeida Esl Arguivo Gircula de Leones Fig. 89 Bvolugso da populasio resident Urbana entre 1991 € Jago residente, mas a desdensificagio afectou uma frea relatvamente restia ° Entre as duas metripoles desenvolve-se um ex- tenso mosaico, mais ou menos retalhado, traduzin- . do crescimentos populacionais no muito altos ou perdas pouco significaives. No Algarve reg -se intensos processos de urbanizaeo linear, que tm afectado, com intensidade variivel, 0s virio Jugares ao longo da costa. Depois encontra-se um estenso temritério a perder popiilagdo residents ¢ densidade populacional nos iltimos cinquenta anos. O despovoamento exprime-se com diferentes intensidades mas nio ha divida de que uma vasta frea do pais esté a ser abandonada pelos seus resi- demtesé. F o que normalmente denominamos como interior regressive que g espacial e temporal, como bem mostra a Figura 89. ‘Neste teritério em despovoamento umas pequenas stuzes) de esperanca acendem-se, identificando al- gumas {reas que resistem e conseguem mesmo ver aumentada a sua poptlacdo residente ou as densi- dades populacionais. Sio sobretudo as areas urba- nas das cidades médias, designadamente Braganca. Vila Real, Guarda, Covilha, Castelo Branco, Evora, soo oo entre outras. No entanto, nem todas as freguesias G se . ‘urbanas conseguem resistir algumas perdem resi= ranha forca e continuidade : dente, designadamente no Peso da Régua e em me yeti: Portalegre S De facto, em Portugal, na dltima década, os HE Posiiva campos foram teritirios de éxodo e de envelheci- . mento, No continente, em 2000 freguesiss spredo- HH Ncsativa minantemente ruraiss” $6 282 aumentam de po- © suum | Pulagio, as outas perderam um total de 135070 = habitantes. Simultaneamente as vireas moderada- mente urbanas» ganharam 40 796 habitantes (mes- Limite de coneelho 198 GrOGRAFA DE PORTUGAL 2. SISTEMA URBANO TERRITGRIOS EN TRANSFORMACIO mo se muitas perderam) e as streas predominante- mente urbanas+ ganharam 116 233 habitantes. Os processos de urbanizacio que atravessaram nas Gtimas décadas o territério portugues tiveram implicagdes no sistema urbano nacional. Em pri- meio lugar destaca-se Lisboa, com fortes proces- 0s de recomposicao espacial, como ja assinalames. Assim, a cidade perde 18% da populaZo residente na década de 80 e 16 % na década de 90, retratan- do uma scrise» eo carieter repulsive proprio d imas reas historicas. Em contrapartida, os r sidentes nas periferias aumentam vertiginosamen- te, sobretudo nas décadas de 50, 60 ¢ 70, que- bbrando um pouco o ritmo na década de 80. As rages de populacdo chegam a ultrapassar, na 0, os 100 % (o erescimento de Ama dora ¢ Oeiras foi brutal). Nenhuma outra area di continente aumenta tanto em. termos absolutes ¢ clativos. Da cidade di Quadro 37), Em torn do Porto os processos tio s. A cidade central perde populacio residente ritmos mais accitaveis ¢ mas com dindmi década de isboa dos anos 0 passa ‘io urbana do final do s mais moderadas (dominam ereentagens inferiores @ 30%). Por outro lado, mbém & perfeitamente visivel a extensio do pro- 0 de rrbanizagie. O modelo policéntrice dos nos SD) acentua-se e os processos cle metropoliza- cio assimilam as centralidades e dinamicas envol- Yentes. Assim, um extenso aglomerado de popula- 0 forte dinamismo demogrifico, enquat lo concentra-se entre Braga e Aveiro, sinalizando da cidade do Porto perde populacio. Foe 91 Rua de Monsarz Foto: Almeida BealArquivo Girelo de Leis Cerne Se mC Area PopulagioPopulagio. Peso no Variago populagio ci), 1991 2001 pais (%) — residente 1991/2001 Regifo Metropotana de Lisboa (a) 9352897316 3.062482 51 ‘rea Metropolitana de Lisboa 32 2520708 2661850 6 Concelho de Lisboa 01 663394 S648 149 Ours concelhos da AML 31 1857314 2097193 129 Outros concalhos da RML. 63 76608 400.632 64 Regifo Metopoliana do Porto (@) -4§.—=«221S734 2413262233 39 Area Metropolitana do Porto a9 1467800 1221339 11 46 Concetho do Porto ao = 302472263131 2S “30 Outros concehos da AMP 8 865328958208. 83 10, Outros conelhos da RMP 36 1047934 1191923115, 137 Concelhos fora das repibes 826 4260876 439359924 al Sree ieeeernale Hy metropolitans tat Dane Cr CConcethos com cidades médiws «154.—«—=«1725288=«T8S7SRE 179 7 he ra Concethos com cents uibanos —37,7—« 1899204 «1952244189 28 fel Me = com > 10.000 hab, (b) x Outros conccthos 4 aad 5846756 36 “Total do continente 966 9375926 9860343 95,3 33 “Total do pais 1000 9867147 10356117100 50 = Pande or es metropoltanas definidas por J. Fer (2002)% (o) exclu as eidades médias, ‘Trat-se da populagto resi OSHENG Se Gente nas freguesias ypredominantemente urbanass, (Fela, Seine Tin. To Nova de Fam Fonte: INE, Cosas, 1991 e 2001 oe SOCIEDADE, PASAGENS E CIDADES 199) ‘CIDADE E SISTEMA URBANO Fos 9 Panoriica de Ever Foor Madrico Abe 200 GEOGRAFIA DE PORTUGAL ae oe Mais a sul destaca-se ainda Coimbra relativa- mented area envolvente, menos dindmica. A nor- te da aglomeragio urbana de Lisboa prolifera uma estrutura de pequenos e médios centros com processos diferenciados. Podemos realgar, desig- nadamente, Santarém/Cartaxo/Almeirim ¢ Torres Vedras, Caldas da Rainha, Alcobaca, Marinha Grande/Leiria, Ourém, Tomar, Abrantes e Entron- camento e Torres Novas. No litoral algarvio as di- niimieas confirmam 0 processa de urbanizagio lit near ji: mencionado, No interior, Braganca, Mirandela, Vila, Re Viseu, Guarda, Covilh, Castelo Branco, Beja ¢ outros pequenos eentros urbanos foram nos ‘iltimos cinquenta anos importantes focos de reten- io de populagio em contextos rurais em perda, Além destas areas urbanas, aparecem outros pequenos ce de para suster as tendéncias regressivas das areas envolventes. sande ros com uma interessante capacida 2.3. DINAMICA ECONOMICA E ESTRUTURA URBANA As relagSes entre as dindmicas urbanas ¢ econd- micas sio dificeis de articular, mas em parte a su- bburbanizagdo residencial € acompanhada pela re- localizagio das actividades econdmicas. Diversas investigacSes evidenciam a emergéncia de novas especializagies espaciais que poderio fr uma nova geografia da nomicas com implicagdes no sistema urbano na ional A industrializago Ievou a uma reorganizacio macica do espaco interno de cada pais, determi- const actividades eco ye a, nando um desenvolvimento concentrado em mus freas ¢ deixando outras virtualmente into das, Q resultado foi um padrio intranacional de desigualdades territoriais, pois formaram-se gran- des aglomeraces que se tornaram importantes pé- Jos do crescimento nacional. Os processos de urba- nizagdo que caracterizaram as iltimas décadas do steulo xx foram acompanhados por novos proces sos de industrializagdo, agora mais periféricos, ¢ onomicas. Ex 3 proces pela terciarizacio das actividades termos tertitoriais, podem identifica de especializagio ou de diversiticags de turbuléncia (criaglo/destruigo) de empre mais ou menos intensos em funcio dos processos ‘Sem prejuizo do tratamento dado as questdes di localizago das actividades econémicas nas fneas ur- banas na parte 5 deste volume e no volume i, fare- mos um breve retrato da geografia das actividades economicas, para posteriormente analisarmos as suas dinimicas da ditima década ¢ os seus efeitos na estrutura do sistema urbano. A concentragdo de uma populago mais activa qualificada e produtiva do que a média nacional confere a AML uma posigo destacada no panora- ma do pais (Quadro 38). A capacidade produtiva desta drca exprime-se na concentra¢io do emprego /)), Ro valor aerescentado bruto produzido no servigos (44%), no volume de vendas das socie- dades (51%), na localizagio das maiores empre- sas portuguesas (68 %) € na atractividade sobre os investimentos directos estrangeitos (73 % das in- ences de investimento entre 1996 ¢ 2001). Esta metrépole concentra também os quadros. mais pelt mtd _2 SISTEMA URBANO & TERRITORIOS EM TRANSFORNAACAO ot. 98 Aspecto d Foto: Arquivo RTP, OCU Coe Ro eet Tee Se eM Oe Popullaglo residente (n° hab.) Emprego Emprego piiblica Valor acreseentado bruto na indistia Valor acrecentado brito os servis Volume de vendas das sciedades N= empresas (500 mires em factaragao) Investment directo extrangir (intense) Exportagdes (comércio intra e cextracomunitiri) Capacidade hoteleira Doutorados (USL) nas Areas das Cincias © Teenologias ‘Alunos no ensino superior (pil piv.) Rendimento colectivel Pensdes pagas pela Seguranga Social *Percentagem relatvamente a0 total do continente AML 6 0 a4 2 18 9 39 2 2» AMP Total Ano (6 do pais) 38 2001 aa 2001 47" 1999 (Dezembro) a 1999 7 1999 66 31.12.2000 a 2001 aa 1996/2001 2001 24 31.07.2001 66 2001 2001/2002 om 1999) 41 2002 INE, An. Est. 2002 INE, Censo 2001 INE, Contas Regionais INE, Contas Regionais INE, An, Est, 2002 INE, F.C. Emp, Ice? INE, An. Est. 2002 INE, An, Est. 2002 mcr INE, An. Est, 2002 DGAL, 2000 INE, An, Est. 2002 SOCIEDADE, PAISAGENS E CIDADES 201 CIDADE £ SISTEMA URBANO. ot. 2 Panori Foto: Mauri A 200 GrocRAFIA DE PORTUGAL waa Ga re LUZ ‘Mais a sul destaca-se ainda Coimbra relativa- mente drea envolvente, menos dindmica, A nor- te da aglomeracio urbana de Lisboa prolifera uma estrutura de pequenos e médios centros com processos dife sig nadamente, Santarém/Cartaxo/Almeirim e Torres Vedras, Caldas da Rainha, Alcobaca, Marinha Grande/Leiria, Ourémn, Tomar, Abrantes e Entron- camento e Torres Novas. No itoral algarvio as di- nimicas confirmam o processo de urbanizagio i+ fados. Podemos realear near jd mencionado, No interior, Braganga, Mirandela, Vila, Real Viseu, Guarda, Covilhi, Castelo Branco, Evora, Beja ¢ outros pequenos centros urbanos foram nos iiltimos cinguenta anos importantes focos de reten- fo de populggiio em contextos rurais em grande perda, Além destas areas urbanas, aparecem outros pequenos centros com uma interessante capacida- 1 suster a tencléncias regressivas das direas 2.3. DINAMICA ECONOMICA E ESTRUTURA URBANA Rs entre as dindmicas urbanas € econé- micas sio dificeis de articular, mas em parte 2 st burbanizacio residencial € acompanhada pela re- localizacio das actividades econémicas. Diversis investigagdes evidenciam a emer especial incia de novas s espaciais que poderiio estar a construir uma nova geografia das actividades eco- némicas com implicagé s no sistema urbano na A industrializagio levou a uma reorganizacio maciga do espago interno de cada pais, determi- 6: nando um desenvolvimento concentrado em mas dreas e deixando outras virtualmente intoc das. O resultado foi um padrio intranacion desigualdades tertitoriais, pois formaram-se des aglomeracées que se tornaram importantes los do crescimento nacional. Os processos de ur nizagio que caracterizaram as tltimas dk século xx foram acompanhados por novos sos de industrializagio, agora mais periféric pela terciarizagio das actividades e termos territoriais, pod de especializacdo ou de diversificagio e detectar ni- veis de nirbuléncia (criaeiojdestruicio) de empres: ‘mais ou menos intensos em funcdo dos process Sem prejuizo do tratamento dado as questdes localizago das actividades econémicas nas areas ur~ Danas na parte 5 deste volume e no volume ul, fare mos um breve retrato da geogr ividades as, para posteriormente analisarmos imicas da ultima década e os seus efeit na estrutura do sistema urbano, m identificar-se processos A concentracdo de uma poptlacio mais acti ualifieada e produtiva do que a média naciona onfere | AMI uma posipfo destacada no panora~ ma do pais (Quadro 38). A capacidade produtiv desta irea exprime-se na concentracio do empres (30 %) no valor asrescentado bruto produzide nc servigos (44%), no volume de vendis das socie dades (51%), na localizagio das maiores empre- Sas portuguesas (68 %) e na atractividade sobre o investimentos dircetos estrangeiros (73 % das in~ tengies de investimento entre 1996 & 2001). Es: metrépole concentra também os quadros mais CIDADE E SISTEMA URBANO, 202 GEOGRAFIA DE PORTUGAL ‘qualificados € @ maior capacidade de formagio ¢ investigacio do pais. Em termos de rendimen- tos, 0s residentes possuem niveis médios mais ele~ glomerados 42% dos rendi- mentos colectiveis do continente. Se juntarmos & AML a AMP verificamos que mais de 40% dos recursos humanos, da producio ¢ dos rendimentos esto concentrados nas duas areas metropolitanas ministrativas. IE verdade que a faixa ltoral foi privilegiada pelos processos de modemizagio iniciados nos anos 60, No entanto, a oposigo entre um interior subdesen= volvido um litoral modemo milo ¢ suficientemente precisa, como podemos verificar pelos indicadores seleccionados. Na década de 90, os cessos de criaga actividades econdmicas no alteraram os niveis de concentragio do emprego no continente portugues Fig. 89 © Quadro 38): em 2001, as duas dreas me tropali do emprego total do continente (43% em 1991) e as duas regides me- tropolitanas 59% (em 1991, 5 das cidades médias (localizadas fora das regides metropolitanas) somam 20% do emprego total do continente (em 1991, 19 %). Isto significa que eer- vados ¢ aqui esto ntensos p 10 ou relocalizagio das diferentes ynas concentram 44 neellios cca de 80 % do emprego do continente esté localiza- do nas regides metropolitanas e nus cidades médias Fig. 90) ‘Na década de 90 assistimos a importantes alte rages nas estruturas de actividades e de empr nos centros das cidades, & emergt pacos de emprego nas periferias urbanas ¢ ao de- senvolvimento dos servigas nos centros urbanos mais periféricos, De um modo geral, Lisboa descola da drea bana envolvente ¢ de todo o territério nacional pe ‘quantidade, diversidade e qualidade de empreg ‘que concentra, A estrutura de actividades e a de emprego mantém-se fortemente concentradas, ¢ ‘que reflecte a elevada densidade institucional e em presarial (piiblica privada) © a capacidade de alracgllofretenctio de comércio e servigas, de em- Prego piblico e de actividades mais exigentes e: pessoal qualficado. As dindmicas registadas na dé~ cada de 90 acentuam o perfil de exceléncia nacio- nal, mesmo se, globalmente, os modelos territoriais, das duas metrépoles nao se alteraram muito suas difereneas, tema que seri retomado no capitu- lo 333. Nos concethos de Lisboa e Porto os empre na indistria ¢ no comércio diminuiram drasti mente ¢ 08 servigos ds empresas e 0s servigos pi blicos ¢ sociais aumentaram. Assim, 0 perfil de ac- tividades dos centros metropolitanos alterou-se, a capital evoluiu no sentido de concentrar mais servi- ¢0s ds empresas, enquanto Porto ainda manté: tum registo muito industrial (Fig. 91). Ci te, a estrutura de actividades do concelho do Port em 2001 € muito semelhamte & estrutura do cone: Iho de Lisboa em 1991, 0 que pode significa uma décalage de dez anos nos processos de desindustt Tizacdo e terciatizagio. As periferias metropolitanas foram as grandes anhadoras de emprego na ilkima década, fruto os processos de suburbanizapio das actividades econdmicas. Entre 1991 e 2001, os concelhos per féricos da AML. véem © emprego aumentar 33% e os da AMP 20.5 % emprego piblico, o comércio ¢ os servigos pii- bilicos e sociais sio um suporte crucial para a susten- ucio das cidades médias do interior. Estas cidades elementos estruturadores do mundo rural pela oferta e diversidade de emprego que representam ¢ pelo dinamismo que conseguem manter. Num terri= ‘rio de fraca empregabilidade, sio slhas de espe- rancar para 0s que ficaram e para aqueles que poce- reas residenciais. Es ‘Jo vir a optar por essas cidades tm uma massa critica de empr dlébil e mostram grandes dificuldades na atracei novas actividades e empregos. Na década de 90, Vila Real, Viseu, Guarda ¢ Evora destacaram-se das de- mais pelos volumes de empregos criados. Devemos, no entanto, referir que a terciarizacio que atravessou todas as cidades médias c pecializago e niio para cializagSes proporcionadoras de redes de comple: mentaridade ¢ cooperago interurbana, iro mostra uma estrutura articu! Aveiro, wwibuiu para uma deses- ia de novas espe- pelas ainda Guarda, ma década, tudo visiveis em Leiria-Pombal-Ourér Aveiro, Viseu e Guarda No Algarve, © sistema polinuclado do litoral foi reforcado em termos de emprego sobretudo em Faro, Loulé, Albufeira ¢ Portimao, ‘emprego foram sobre Coimbra Fat 94 Vis Povo: Cim Anco, ete SOCIEDADE, PAIAGENS E CIDADES 203 CIDADE E SISTEMA URBANO, 2.4. Nivels DE ARTICULACAO DO SISTEMA URBANO. A cidade europeia nos ‘iltimos decénios abando- nou © modelo monocéntrico ¢ denso, sobretude fundado na proximidade fisica, para passar a apresentar um modelo apoiado nos deslocamentos, por automével ¢ outros meios de comunicagies, ‘com consequéncias na dimensfo e estructura espa- cial das aglomeragies, Podemos decompor os pro- ccessos de urbanizacto periférica em fases sucessi- vas; até ao fim do século XIX tivemos uma cidade em que 0 centro assumia uma grande impor lugar da cultura © das trocas que se caracterizava por uma mobilidade quotidiana, essencialmente pe- ese, Entre 05 anos 20 € 0s anos 60 do século x3, a fase de suburbanizacio foi acompanhada pelos ivestimentos em transportes colectivos orientados para as ligagSes centro-periferia continuando a fa vorecer a hegemonia do centro; nos ulimos anos umentou a periurbanizagio e a forma como pro- @ perlodo caracteri- ‘ase por um crescimento extensive, pouco denso € descontinuo, que se organiza sobre um modelo urbano centrifugo dominado por uma forte mobi- lidade pendular individual, assente sobretudo no automével, © qual permite uma dispersio dos flu os em todas as direceSes. So as grandes infea- truturas de acessiblidades que estruturam e di- reecionam os fluxos na cidade contemporinea. AS redes de alto débito so as estruturas de interco- sxio, que ora fragmentam os espagos urbanos ‘ou 0s territérios natura, ora interligam cidades € espagos antes desconeciados e distantes ‘vasos comunieantes dos espacos urbanos em cres= cimento ¢ as ligag6es que integram os teritbrios mais longinquos. Assim, 0 aumento da mobilidade e, sobretudo, © reforco da mobilidade quotidiana colocam os processos de polarizago mo centro das questies de ordenamento territorial. A methoria das inica- truturas de transporte € 0 aumento da mobili- dade individual poderdo ter determinado modifi ceagSes no funcionamento dos sistemas espaciais. Neste jogo de fluxos, em direeeo ao trabalho, & escola, aos equipamentos de educagio ou de sat- de ou 8s novas centralidades comerciais ou de la- zer, cruzam-se individuos em miltiplas direcgaes estruturando ou construindo uma malha de milti- plas centalidades, Q os a) ‘Trabatham e residem no me: sboa dependente de residentes de outr A recomposigo dos sistemas espaciais (de re- sidéncia, emprego e consumo e lazer) traduz-se, 4 scala local, pela emergéncia de multipolaridades nas dreas urbanas, mas importa verificar se a rede urbana se tornou mais reticular ou, pelo contritio, se se mantém hierarquizada, As formas de articu- lagdo de um sistema urbano podem ser avaliadas segundo diferentes factores, de que se destacam agui dois: redes funcionais traduzidas pelos movi- mentos casa-trabalho; redes funcionais avaliadas pelos perfis funcionais das areas urbanas ¢ pelas referencias nas deslocagbes casa-comércio ¢ ser vigos. 2.4.1. A mobilidade Os deslocamentos casa-trabalho quotidianos sto bons indicadores de polaridades e podem dar inci- ‘cages sobre as mutagées em curso. O estudo das dinimicas de atractividade ou da capacidade de olarizaco dos locais de emprego permite eviden- iar, em termos territoriais, as dindmicas que atra- vvessam os centros polarizadores. Observar as di nimicas nos tiltimos dez anos € um contributo importante para a percepeio e compreensio das mutagdes nos sistemas espaciais e no sistema urba- no em particular. n 1991, cerca de 941 000 pessoas desloca- vam-se quotidianamente para ir trabalhar, 0 que significava que 25% dos empregados nio resi- diam no concelho de trabalho e que tinham de ir para outro concelho para exercer a sua actividade. A mobilidade para o emprego aumentou na déca- da de 90 © em 2001 temos em trnsito cerea de 1337 000 empregados, 0 que traduz um aumen- to, relativamente a 1991, de cerca de 400 000 in- dividuos; em 1991, 25% da populago trabalhava fora do concelho de residéncia e em 2001 este va- lor sobe para 30% As mobilidades casa-trabalho tém uma forte in cidéncia nas regides metropolitanas, representandc cerca de 72,5% das deslocagdes reportadas no continente (Fig. 92 ¢ Quadro 39) A Regito Metropolitana de Lisboa continua a ser uma regio funcional fortemente polarizada por Lisboa, muito longe dos modelos de complementa- ridade reticular. Os movimentos casa-trabalho so responsiveis pela entrada em Lisboa de 366.000 individuos e pela saida de 101 000 (em 2001). Na ‘cada de 90, Ociras, Loures, Sintra, Cascais. Odivelas ¢ Palmela reforgaram a polaridade face ES} Tod ssmo concelho __ Movimentos casa-trabalho (% do emprego) entradas 191 2001 1991 2001 Porto 108 000 (48%) 86000 (39%) 114000 133.000 Lisboa 245.000 (44%) 210.000 (36%) 312000 366 000 Fonte: INE, Cans, 1991 ¢ 2001 204 GEOGRAFIA DE PORTUGAL ': demais concelhos metropolitanos ¢ contribul- ara acentuar uma estrutura de caricter multi- at, onde Lisboa domina claramente, Excluindo 1. so sobretudo os coneelhos da margem rie do Tejo que reforcam a atractividade, nesta ida, Relativamente aos flusos de saidas (con hos fornecedores de mao-de-obra para outras 's de emprego) salientam-se Loures, Sintra, dora, Oeiras, Seixal, Lisboa, Almada, Cascais Vila Franea de Xira’ No Noroeste de Portugal, modelo difuso de povoamento traduz-se numa malha apertada onde reas de emprego estruturam uma rede densa centralidades locais que dinamizam uma forte tensidade de relagdes intra-regionais, Os movi- mentos so menos intensos que na AML, mas sio tito cruzados. Simultaneamente, um grande nit- ‘9 de concelhos apresenta niveis elevados de uuto-suficigneia (trabalham e residem no concelho ais de 75% dos empregados nesse concelho ¢ fem para trabalhar fora do concelho menos de 25% dos residentes empregados no concelho), Neste contexto, so os concelhos do Porto, Maia, Matosinhos e Vila Nova de Gaia que apresentam, usos de entrada mais fortes (superiores a 20 000 ndividuos), exercendo uma forte atractividade so- © 08 concelhos envolventes. Relativamente aos uuxos de saidas (concelhos fornecedores de mio- obra para outras reas de emprego) salientam. se Vila Nova de Gaia, Gondomar, Matosinhos, Maia e Porto (fluxos superiores a 20.000 indivi- {uos). Analisando a evolucao dos fluxos de entrada ¢ de saida na década de 90 verificamos que foi so- oreiudo © Porto que intensificou os niveis de pola- zzagio e, numa ordem de grandeza inferior, Mato- sinhos, Maia, Vila Nova de Gaia, Vila da Feira e, mais a notte, Braga. O modelo difuso multipolar cnde assim @ perpetuar-se (Os movimentos casa-trat s netropolitanas tém uma fraca expresso, Um nt: neto significative de concelhos sio auto-suficien- tes, 0 que significa que apenas uma pequena per- centagem de residentes activos sai do concelho para ir trabalhar noutro (menos de 25% os concelhos localizados nas dreas com fraca verta de emprego, mas onde niio existem alternati- ss de emprego nas proximidades. Os residentes activos sujeitam-se a oferta existente, porque 0s empregos alternatives estio localizades em areas clativamente distantes, sobretudo nas regiSes me- ‘opolitanas. Esta situacio é comum nos concelhos das cidades médias do interior, como Guarda, Vila Real, Covilhd e Evora, que sustentam 0 emprego com 08 residentes activos dos seus proprios territ6~ nos, exibindo um perfil de auto-suficiéncia, Aqui comina 0 emprego tercidrio, dominantemente pi- ico, como j —0s concelhios com um razodivel volume de cmprego (mais de 20.000 empregados) face & di- mensiio da populacio residente activa. Silo os con celhos das cidades médias de Viana do Castelo, Braga, Barcelos, Aveiro, Viseu, Coimbra e Leiria, que possuem um potencial de emprego considerié- vel, o que explica que menos de 25% dos seus re- silentes activos saiam do coneelho para ir trabalha fora. Além disso, estas cidades siio atractivas relati- vamente aos concelhos envol de entradas subiu significativ 2001 ¢ consolidaram-se constelagies urbanas em tomo do empr 0»). A titulo de exemplo podem mencionar-se: Aveiro, Ilhavo, Vagos, Albergaria-a-Velha, Agueda e Oliveira do Bairro, que formam uma consiclagio em tomo do emprego local; Viseu polariza uma malha com ‘Tondela, Mangualde, Sitio, $30 Pedro do Sul e Vouzela: Coimbra e Montemor-o-Velho, Condeisa Soure, Miranda do Corvo, Penacova, Poiares, Lous e ainda Cantanhede e Mealhada-Anadia formam ‘uma constelagio também articulada com a Figueira da Foz; 0 cixo urbano Leiria-Marinha Grande de- senvolve complementaridades com Pombal, Ourém, Batalha e Porto de Més. Formam-se assim peque- nas bacias de emprego ou sistemas tetritoriais de sustentados pela populagdo residente acti: eS, pois © volume nire 1991 & nente 10 (bacias de empre Na iiltima década surgiram novas interdepen- déncias entre diferentes reas mas no se regista- ram alteragdes que tenham posto em causa as es tuuturas mais clissicas, apoiadas na dominaneia das relagdes ascendentes. Continuam a ser as grandes 300 000 600 fdas superiors 4 $0 taal Total de entradas (a trab.), em 2001 Fluxo dominante * Limite de coneetho * O ftoxo mais clevado para um destino mais straciv __2 SISTEM, URBANO E TERRITORIOS EM TRANSFORMACIO SOCIEDADE, PAISAGENS E CIDADES 205 CIDADE E SISTEMA URBANO, Fig 95 Cena {e infaing, Resse de proxi e res de hisrarauia Font: chorus partir de dade do INE targus, 2003, p. 190. agiomerae regional de emprego. ganharam emprego e logo uma 1 cigncia, Mesmo que se para o desenvolvimento de uma certa multipolar dade na AML, este processo s6 vein contribuir para o reforgo da polarizagio de Lisboa c, deste nodo, para acentuar a metropolizacilo, Embora as tendéncias verificadas acentuem um cenitio de au- mento nas deslocagies cass-trabalho, na RMP hi tuma forte percentagem de residentes activos que ro saem do concelho de residéneia para ir trabs: Thar, perdurando 0 modelo difuso assente em ma- has de prosimidade As cidades médias, localizadas fora das regives metropolitanas, viram reforcado 6 emprego na tti- sobretudo com 0 suporte dos seus resi- denies actives, As cidades média es urbenas que polarizam © mercado As periferias metropolita interiores, com uma estrutu- ra débil de emprego, apresentam uma forte perce tagem de populacio que tabalha e reside no cor celho. Em contrapartida, no litoral pode-se detecta um numero significative de malh: los centros de emprego. organizadas pe- 2.4.2. Centralidades ¢ redes Em termos de centralidades de comércio e se ‘gos a Logica hienirquica continua a dominar, por sudo as fungSes politico-administrati vas que organizam as estruturas de relacionamento inter-urbano, Estas estruturas de relacionamento ali que sio 80 mentam redes de dependéncia hicrarquica ni Centralidades e areas de influéncia Redes de proximidade Densidade populacional, por freguesia, em 2001 Habitantesfiny Toa 500 1000 300 = 300 1a0 200 60100 30-60. BE is-30 mmo-15 luxe residéncia~> osu {fungao ce hicrargui T1998) 2006 GEOGRAFIA DE PORTUGAL contribuem para a construgio de uma estrutura re- ticular apoiada em sistemas de complementaridade le cooperacio funcional baseada nas diferenc: Ges € especializagdes interurbanas. ‘As relagdes de complementaridade e de coope- ragiio, que muito gradual ¢ lentamente se tém vin- do esto sobretudo presentes nos documentos de planeamento ou na defesa de pro- blemas ou estratégias comuns. Devemos salienta ‘que, ao contririo das organizagoes empresariais as hierarquias urbanas sio muito persistentes © tendem a fiver perdurar a estruturagdo urbana, Assim, os sistemas urbanos so uma forma de or ganizagdo com uma historia, com uma dinimis propria, ¢ isso transmite-Ihes niveis profundos de perenidade alas local e r vindo diversificar-se ¢ a sobrepor-se: 0 centro da cidade histbrica compete com as novas centralidades su- burbanas, os novos centros concorrem entre ees, 0 continuo metropolitano colide © inter-relaci com as periferias mais difusas ¢ policéntricas, 0 ‘campo ati novos servigos e a cidade central perc outros. Os 16s das redes parecem ter-se multiplic: do, mas também se diluiram ou tornaramese me nos perceptiveis as diferentes redes. Nos extensos espacos metropolitanos, a iden- tificago do destino mais vulgar para o usulrut de uma necessidade de comircio e servigos de ni vel hierdrquic de extrema dificulda de identificagio. A oferta € muito diferenciada as opgdes individuais e familiares so muito het Ase jonal, as redes 1 inferior & Redes de hicrarquia superior Total de servigos cespecializados, em 1999 Fluxo residénca (daneao de his = hosp Neos) rogéneas; uns optam pela proximidade, mas ou- tros preferem os grandes centros de consumo pa- ra satisfuzer, quer necessidades bisicas, quer as mais especializadas, A medida que as areas urba nas diminuem de dimensio e a oferta rareia, as ‘opedes individuais comecam a ficar mais limita- 1s pela oferta local ou pela disponibilidade para realizar viagens longas e, assim, as opgdes tendem a fivar pela proximidade real ou, quando a neces- sidade & de ordem mais elevada, pela centralidade onal ‘O mesmo tipo de raciocinio se coloca aos niveis hierdrquicos mais altos. Sdo as regides urbanas que concentram um maior mimero de oportunidades para satisfazer a procura. Centralidades miltiplas criginam uma grande diversidade de malhas, tradu- zindo um amplo leque de atractividades de op¢ individuais. E nas regides urbanas que as malhas surgem menos claras, porque slo mais diversifica- is € respondem a uma multiplicagdo de ofertas -quipamentos, comércio, servigos ¢ emprego) que desencadeiam relacionamentos cruzados. Esta mul- tiplicidade de redes produ uma grande heteroge neidade de relacOes sociais, Nos territorios mais ra- refeitos, a oferta de comércio © servigos € mais limitada e as opedes individuais fieam condiciona- das, mesmo num cenitrio em que @ mobilidade au- menta as alternativas Observando 0 mapa das centralidades © das re- des de nivel hierirquico superior (Fig. 93) verifica- mos que 0s territétios estdo estruturados em fungio de um conjunto de centros politica-administrativos © que & possivel definir Sreas de influéncia. B certo ‘que 0 aumento da mobilidade diversificow as opor- tunidades, mas a distincia (tempo, custo ¢ quilé- metros) tem signifieados diferentes em fungio dos tertitérios e ainda pesa nas opeSes individuals. O re- forgo nos tiltimos anos das centralidades intermédias (cidades médias) contribui para a construgio de um sistema mais equilibrado as universidades tiveram um papel fundamental na dindmica de algumas ci- dades. Mesmo assim, so as logicas da organiza dos servicos da Administragdo Central (ministérios dda Educagio, Saide ¢ Cultura) que continuam a ‘marear a estrutura urbana, muito hierdrquica e pou- co diferenciada ¢ especializada; por exemplo, as ofertas curriculares das universidades portuguesas sio demasiado semelhantes para criarem especifici- dades urbanas, conclusdo, podemos afirmar que as redes traduzem uma estrutura hierarquizada de centrali- dades, num cenario em que as opgdes individuais sio claramente condicionadas pela oferta. As redes denunciam uma estrutura bipolar, em torno do Porto ¢ de Lisboa, mas com Lisboa a destacar-se, No entanto, nos tltimos anos 0 reforco da impor- tineia das cidades médias veio contribuir para a construgio de um sistema mais equilibrado. mas ainda pouco reticular 2.5. ESTRUTURA URBANA E SISTEMAS REGIONAIS. E possivel ainda aprofundar as leituras dos siste- mas urbanos regionais e precisar a importincia e 0 papel da estrutura urbana na organizacio regional do continente. Assim, no Norte litoral, em torno do Porto aparece uma nebulosa+ urbana a que chamamos a Regilo Metropolitana do Porto’, Este territério organiza-se em torno de uma estrutura urbana muito dinimica e caracteriza-se por um modelo de ocupacio do territério denso e difuso de populagao residente, de actividades ¢ AMP, para norie e para sul. Estamos em pre de uma estrurura polinucleada, polarizad: dade do Porto, por um conjunto de polaridades pe riféricas metropolitanas ¢ por um niimera razoav de cidades médias, Na tltima década, neste mo- delo difuso em expansio, a coroa metropolitana (com destaque para Vila Nova de Gaia ¢ Matosi- nihos) ¢ as cidades de Braga (a norte) ¢ Aveiro (a sul) reforcaram os seus niveis de polarizacto, Guimaraes, Santo Tirso, Famalicto (vale do Ave) Paredes-Penafiel ¢ Felguciras (vale do Sousa) e. mais a sul, Feira, So Jodo da Madeira e Oliveira de Azeméis, sio cidades que se destacam nesta nebulosa urbana, Varias pequenas cidades e ct compl Pacos de Ferreira, Lousada, Felgueiras, Fai Marco de Canaveses ¢ Ovar, contribuem para a construgio de uma malha multipolar. Os proces sos de urbanizacdo estio a estender-se e 0 modelo vai incorporando, por alastramento do difuso © por reforgo das acessibilidades, outros centros ut= banos complementares, designadamente Ponte de Lima, Vila Verde, Amares, Povoa do Lanhoso, Vieira do Minho, Ama tarreja ¢ Alberga- ria-a-Velha. Esta regio metropolitana possiti um modelo. econdmico baseado numa estrutura produtiva vo cacionada para os sectores tradicionais, que esta a reposicionar-se no mercado internacional. E um sistema polinucleado a reclamar uma reflexio e uma estratégia espacial sustentadas num modelo de governagdo que promova complementaridades ¢ faca emergir as especificidades internas. Em mos de lideranca e capacidade de cooper rea mostra dificuldades institucionais e politi em gerir uma estrutura difusa ¢ polinucleada e em construir uma estratégia regional aberta Esta mancha urbana estende-se para ki da pela ¢ pol nentares, designadamente T} 20 eNte- Em termos nacionais e regionais € crucial construir um espago de governagio policéntrica e de cooperagio estratégica mentagSes mu- nivipais e associativas nilo devem comprometer vi- ses € posicionamentos esiratégicos mais abran- gentes. A regio precisa de assumir novos riscos para fazer face aos desafios que se vio colocar no fumuro. No espago de transiciio entre 0 litoral ¢ 0 in terior existe um conjunto de pequenos centros (Paredes de Coura, Arcos de Valdevez-Ponte da Barca, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Baio, Cinfiies e Castelo de Paiva) que padecem ainda de problemas inerentes a uma interioridade que s6 nos titimos anos foi contrariada pelo reforco das acessibilidades ¢ pela industrializagio. So, tam- bém por isso, territérios de turbuléncias sociais e econdmicas, proprias das reas de transigdo, entre SOCIEDADE, PASAGENS E CIDADES 207 Me zu ict ove 2 SISTEMA, URBANO € TERRITORIOS EM TRANSTORMACAO. ‘CIDADE E SISTEMA URBANO, tum urbano industrial e um rural regressive. O po- voamento é difuso ¢ a populagto residente 6 rela- tivamente jovem. As saidas precoces da escola an- tecipam uma entrada no mercado de trabalho, mas significam a desvalorizagio da escola, 0 que pode representar uma perda de confiang na aprendizagem e comprometer a capacidade co- lectiva de gerar riqueza. Persistem algumas insufi- ciéncias nas infra-estruturas educativas ¢ de saii- de, 0 abandono € o insucesso escolar S20 altos € os niveis de rendimento e a capacidade de consumo so baixos. Nestes territorios as cidades poderiam ter um papel importante de recuperagdo da cida- dania mas, para isso, era necessirio uma afirma- cio politica da cidade, enquanto espaco de urba- nidade e de cidadania, para uma vida em torno da polis. Em Tris-os-Montes € Alto Douro as cidades médias de Vila Real-Peso da Régua-Lamego (eixo urbano linear com potencial de consolidacio) ¢ Chaves, Mirandela e Braganga procuram estrutu- rar um extenso territério rural em perda, Trata-se de um sistema urbano de fraca dimensiio em ter- mos demogrificos e econdmicos. Neste deminio, cabe ainda evidenciar o patriménio vernacular do Douro Vinhateiro, classifi mundial (paisagem cultural evolutiva viva) ¢ evi- do chomem na constra- io de uma nova paisagem» com uma forte identi- dade cultural e natural ecurso turistico & um importante produto de internacionalizagio re- sional ‘A Regio Centro apresenta um sistema urbano estruturado em torno de um conjunto de conste- ages urbanas. A bergaria-a-Velha, social -ado como patriménio iciando a importinci Agueda ¢ Oliveira do Bairro para articular e fortalecer uma estrutura urbano- industrial e, deste modo, exercer uma importante funeo polarizadora a sul da metropole do Porto, Vise centraliza também uma constelagio urbana pequenos centros envolvente designadamente, Tondela, Mangualde, Sitio, Sio Pediro do Sul e Vouzela, Coimbra e os lug volventes, Montemor-o-Velho, Condeixa, Soure. Miranda do Corvo, Penacova, Poiares, Lousi ¢ ainda Cantanhede ¢ Mealhada-Anadia formam uma constelacio urbana relativamente articulada com a Figueira da Foz ¢ exercem uma importante fungo polarizadora entre as duas regides metro- politanas, A sul de Coimbra, © eixo urbano Leiria- ~Marinha Grande desenvolve complementaridades e funeies de cooperagio com Pombal, Ourém, Batalha ¢ Porto de Més, criando um importante cluster urbano-industrial. As cidades médias de ‘Torres Novas, Tomar e Abrantes ¢ Entronca- mento ¢ ainda um conjunto de centros comple- mentares de menor dimenstio (designadamente Ferreira do Zézere, Sardoal, Gavizo ¢ Vila Nova da Barguinha) estruturam o espago do Médio Te- jo. Este sistema polinucleado é crucial na estrutu- urbana da Regio Centro e contribui para cigs polarizadoras das duas meirOpoles. No interior, 0 cixo de Guarda-Bel- Covilhi-Fundio-Castelo Branco constitui uma importante dincora de sustentago social ¢ construida com 0 contra 208 GEOGRAFA DE PORTUGAL cconémica de um extenso territério rural em pe da demogrifica Lisboa, embora tendo perdido nas altimas di cadas um grande nimero de residentes, tem vin- do a fortalecer 0 scu posicionamento estratégico e captado a maioria dos recursos nacionais em ma- téria de conhecimento ¢ actividades de servicos avangados. Os intensos processos de suburbaniz: flo das periferias e as tendéncias para um reforco damultipolaridade metropolitana fazem desta metropole o principal centro de competitividade do pais. Na iltima década, as dindmicas de en prego e de mobilidade contribuiram para uma es- trutura metropolitana com um cariicter multipol: mais pronunciado em termos de oferta de empre- go. A estrutura de centralidades de comércio ¢ servigos de lazer e a mobilidade que the anda as- sociada também confirmam a tendéncia para 0 aumento da multipolaridade, sem que Lisboa per- ca o seu caricter central ¢ polarizador sobre as periferias envolventes, Assim, nos iiltimos anos esta drea tem vindo a progredir para um modelo mais desconcentrado, sobretudo visivel em termos de cmprego, mas manifestando-se também nas estruturas de I&D e na relocalizacio das sedes de algumas grandes empresas. A emergéncia destas novas centralidades metropotitanas € claramente positiva para um bom funcionamento desta estru- tura espacial. Devemos, no entanto, registar a au- séncia de um sistema de governagio regional, t duzindo a insuficiente cultura de parceria ¢ uma pritica preciria de concepglo de estratégias inter municipais, Lisboa aparece a liderar o sistema urbano por tugués: é a maior concentraco nacional de activi- dades de base tecnolégica, de industrias e servigos intensivos em conhecimentoo ¢ de 1&D; possui um stock de capital humano muito expressivo © com um perfil de escolaridade e profisses muito diversificado; os stocks de emprego t&m uma gran- de dimensio ¢ uma qualidade média alta, © que proporciona uma melhor capacidade de evoluco: representa a maior concentracdo institucional do pais; possui a maior ¢ mais diversificada base de servigos sociais e de apoio ao sector produtivo do pais; 0 turismo, a cultura e 0 lazer representam uum cluster urbano em crescimento. Devemos ain- da realcar que Lisboa esta numa posiglo periféri no contexto europeu e, relativamente a Madrid. tem dificuldade em atrair investimentos estrangei- ros interessados no mercado ibérico. Em termos de redes internacionais, a cidade joga uma posi¢ao i teressante nas redes transcontinentais baseadas 1: lingua portuguesa e a sua tradi¢do multiculturalista pode tornar-se um recurso estratégico no contexto europeu, A Regio Metropolitana de Lisboa, embora funcione como um sistema fortemente polarizado. tem vindo a integrar a dintmica das cidades mé- dias mais proximas, Nos tltimos anos tem-se regis- tado um processo crescente de reforgo de comple- mentaridades ¢ de integragdo territorial em torno de dois espagos de concertacio estratégica: Oeste (Regio Centro) ¢ a Leziria do Tejo (Alentejo). As cidades médias de Torres Vedras e Caldas da R: 2 SISTEMA URBANO E TERRITORIOS EM TRANSFORMACKO nha ¢ uma rede de centros urbanos complemen- wes estruturam 0 Oeste. A cidade de Santarém e uma rede de centros urbanos como Almeitim, Car- significa que -regional so fundamentais ¢ devem ser potencia- das e articuladas. O desenvolvimento territorial de- das as pecas do mosaico urbano- _)Nss ess reominanenc SDATAR saxo, Rio Major, Benavente ¢ Coruche estruturam ve ser colocado a virias esealas — regional, ibéica if > espago da Leziria do. Teo. curopeia. mio No Alentejo evidenciam-se quatro centralidades Este cenario pressupée valores, discursos, 1e- urbanas: Porta do Cacém. um subsistema urbano enquadrado Aum tertitério rural extenso, de fraca densidade, elo de povoamento muito cons do ¢ com dinimicas regressivas significativas "a enquadra- 0 de forte acessibilidade, que liga Lisboa a Elvas e Badajoz, o que Ihe trans: mite um Pposicionamento estratégico em termos jionais (ecidade-incoray). Para Sines-Santiago Cacém é importante completar as infra-estru- turas logisticas ¢ do nove corredor ferroviirio de Sines a Madrid. Portalegre mostra dificuldades em manter a sua populagio residente e Beja, num contexto regressive, conseguiu aumentar a popu- laeo na ihtima década. O sistema regional integra ainda outros centros complementares com menor capacidade polarizadora e alguma especializacio: presentagées e pritieas comuns que se vo cons ‘tuindo numa ideia de projecto e de pi te cenirio, as duas regiSes metropolitanas tém uma posi¢do determinante no relacionamento ibérico ¢ europeu ¢ as cidades médias so nés fundamentals de estruturagdo urbana regional, No entanto, 0 ce nario aposta na potenciacdo das diferenas ¢ espe- cificidades, nos consércios, no assumir riscos ¢ vie sbes no investimento em redes multivariadas, Aqui a geografia é um instrumento para a construcio ou rectiagio de uma estratégia milipla. E claramente © cendrio que exige uma maior participagio civiea eum debate mais aberto is grandes questdes do ordenamento transnacional. ‘Temos metropoles de fraca dimensfio no espaco europeu, logo temos. de construir modelos de governacia mais inovado- Elvas-Campo Maior € um eixo agroalimentar com importante relacionamento transfronteirign; Estre- moz-Borba-Vila Vigosa constitui 0 miicleo das in- diistrias e artes da pedra; Castro Verde & um pélo ‘No Algarve desenvolve-se um sistema urbano linear, determinado por um processo de forte ur- banizacio da faixa litoral e um esvaziamento da serra, A pressfo urbanistica determinou 0 eresci- ‘0 de um eixo pouco estruturado de direas ur- banas © um mosaico urbano-turistico. A oriente, emergem neste diluso urbano a constelagdo Faro- -Loulé-Othfo ¢ um conjunto de novas centralida- (Vila Moura, Quarteira, Oura-Montechoro- -Olhos d’Agua), que em certas fungées rivalizam com as centralidades iradicionais. Este conjunto rroano agrega cerca de 150 000 habitantes. Cami- thando pata ocidente aparecem Albufeira, Silves, Lagoa, Portimio e Lagos, e, para oriente, Tavira e | Vila Real de Santo Antonio. As distincias entre 0s, diferentes centros so eurtas ¢ os movimentos in- eruzbanos sio cruzados. Neste eixo urbano poli- nuclear residem habitualmente ccrea de 275 000 habitantes’. O sistema mantém fortes relacionamen- os transfronteiricos com as cidades espanholas, Tuelva e Sevilha, e evidencia cla- ramente um perfil wristico de internacionalizacio. \ diversificacio da oferta turistica, procurando ar- icular cidade-serra-praia, permite 0 crescimento de especificidades urbanas ¢ uma forte articulacio ervitorial. | 2.6, CENARIO PROSPECTIVO (DESEJAVEL) Para concluit nario pros (Fig. 9 desenvolvimento regional e de ordenamento do territbrio, em que o sistema urbano e a estrutura de governanca regional devem evoluir para uma organizagdo polinucleada. E claramente 0 cenario mais desejavel e 0 de mais dificil construgio. Isto optimos por reproduzir um ce | 'vo do sistema urbano nacional | iro assenta num modelo de SOCIEDADE, PAISAGENS E CIDADES 209 CIDADE £ SISTEMA URBANO 210 GrOGRAFA DE PORTUGAL para criar a smassa criticay e a necessétia di mensio europeia © equilibrio do territério € nio ha sociedades equilibradas; o d na utopi pois envolvimento consttoi-se € os processos sJ0 por naturezat dese auilibr: gionais ¢ intra-urbanos acentuam-se ¢ as conver géncias inter-regionais ¢ intra-regionais slo cada fianea nas instituigdes e na classe politica é possive! atingir um nivel social e politicamente tolerivel de mnifiea que & preciso manter ni jos. Nos iiltimos anos, os desequiliorios re- No entanto, havendo con: assimetrias. Isto sig veis elevados de integracio social e desenvolve: identidades partilhadas ¢ simultancamente aberta rio apresentado pressupde uma visio es- tratégica e mobilizadora do territério nacional gional, assumindo a diversidade espacial. Tr de um cenitio que acredita na capacidade de er quecimento dos contetidos das estratégias a dife rentes escalas teritoriais e na inclusto de diferente priticas de desenvolvimento, Por outro lado. cle abre-se a ligicas de participagio institucional e ci- vViea mais abrangentes

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