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A EXPANSAO DA POS- GRADUACAO EM GEOGRAFIA E A ANPEGE Dirce Maria Antunes Suertegaray* RESUMO, Fste texto trata da discussae feita nos anos 80 sobre pés-gradu em Geografia no Brasil, apresentando dados referentes 4 expansao destes cursos a partir do ano de 1996, Contempla também as ques- tes ainda em discussao, referentes 4 conselidagao desta modalidade de ensino no campo da Geografia, posto que, expe algumas das di- fieuldades que constituem a pauta sobre este tema. Informa, ainda, sobre © papel da Anpege nesse processo e na consolicagdo futura dos mestrados e doutorados na area. PALAVRAS-CHAVE: pds-graduacio, papel da Anpege, Capes, qualidade de ensino ABSTRACT This text approaches the discussion about Geography graduate courses in Brazil in the eighties. It presents data regarding the expansion of such courses since the year of 1996. It indicates the subjects still in discussion conceraing the consolidation of this teaching modality in the field of Geography, since it introduces some of the difficulties which constitute the discussion on this theme, It informs about the role of Anpege in this process and in the future consolidation of graduate courses in the area. Frit Dia do Universidade Federal da Rio Grande de Sut 18 A Expansito.da Pésgradiacto em Geograsia ea Anpege KEYWORDS: graduate courses, the role of Anpege, Capes, teaching quality. Para encaminhar a discussio sobre pds-graduagio em Geografia ¢ os 10 anos de Anpege, buscaram-se alguns textas esctitos por colegas, profissionais da Geografia, que em outros momentos abordaram a tematica em nosso cam- po do conhecimento, O resgate destes textos teve como objetivo relembrar que era colocado como quest6es fundamentais, 4 época, e, tomando-os como referénei sio na busca de consolidagio da pis-graduagéo em Geografia no Brasil. ima das questes abordadas nos anos 80 diz respeito ao surgimento ¢ a necessida- de de consolidagao da pds-graduacdo em Geogralia, A esse respeito, percebe- se uma significativa distribuigdo espacial dos cursos. 8 anos 61/70), teve~ se a criagio do mestrado na USP. a institucionalizagéo da péds-graduagiio, a eriagio do curso de mestrado na UFRJ (1972) e na UFPE (1976). Dando continuidade, nos anos 80 houve a consolidacéo do mestrado & do doutorado na USP, a abertura do doutorado na Unesp-Rio Claro (1983) ¢, posteriormen- te, na UFRJ (1985), Dos anos 80 em diante, evidenciou-se uma crescente expansiio dos cursos de pos-graduagao em Geografia, Para demonstrar essa continuidade da expan- io & maior distribuigao espacial em territério nacional, tomam-se como refe- . efletir sobre o que foi construdo ¢ 6 que ainda é abjeto de discus réncia os dados da Capes, disponiveis na rede, em sua pagina institucional Optou-se por abordar dois anos, o de 1996 ¢ o de 2001, acrescentando a estes, os dados de 2003. As tubelas | © 2 indicam o nimero de programas por unidade da federa- io, Ag observar os dados de 2001, é possivel verificar um crescimento signi- ficativo. Em cinco anos, 0 numero de cursos creseeu de 11 (1996} para 21 (2001), sendo que deste conjunto, em 1996, apenas 3 programas tinham dou- torado (USP; Unesp ¢ UFRJ). Para o ano de 2001, tém-se entre os 21 progra- mas, 7 com curse de mestrado/doutorado, sendo eles: USP (2), Unesp (2), UPRJ (1), UPF (1) e UFSC (1), A distribuigéo dos cursos de doutorada per- manece concentrada na regio Sudeste, enquanto os cursos de mestrado apre- sentam uma trajetéria de descentralizacao, ecw Bahia A Expansio da Péxgreduagie em PT coi cis ood 1 Goias Minas Gerais Pernambuco Rio de Janeiro Sergipe Santa Catarina Sao Paulo 1 1 1 1 1 i 4 Total il Fonte: CAPES, 2003. Sergipe Disirito Federal RU to Os cu Ceara 1 | Minas Gerais 2 | Parand 3 Bahia Sk a Rio de La | | Goids I | Pernambuco i | [ Rio Grandedo Sul | l Rio Grande do Norte i Santa Catarina 1 Sao Paulo Geografia © a Anpege Tabela 1: Niimero de programas de pds-graduagdo em weografia por unidade da Federagaa - 1996 Tabela 2: Niamero de programas de (pés-graduagao em geografia por unidade da federagao - 2003. 19 20 A_Expansio. dit Pés-guadtuagio 2m Guografia e a Anpese Para uma melhor viswalizagio desta distribuigao foram claborados dois mapas (figuras 1 ¢ 2). A comparagao destes mapas permite perceber uma descentralizacdo dos cursos. Tomando como referéncia 0 ano de 2001 compa- rativamente a 1996, verifica-se a presenca de programas de pds-graduagao em 15 unidades da federacdo. Entretanto, a distribuigdo ainda nao é eqiiitativa, considerando que nas regides Norte ¢ Centro-Oeste nao tém programas insta~ lados. Distribuicio dos programas de poxgraduacao em Geografia - 1996 gos) Némero de programa de pés-graduago em Geografla por estado = 1996 [5 Sem programa de pos-graduagao | Br Niel de meso = Messrado © deutorado = Mesto (1) Mostiado © Bosiorado (3h Figura I: Neimicro de programas de pos-graduagaa em geografia por estado. Fonte: CAPES, 2003. ansio da Pés-grawagito em Geografae a Aaupege Os dados de 2003 (tabela 3) indieam a mudanga nesse panorama, com a constituigio do mestrado na UEMT e a constituiggo do doutorado na UFMG. estes foi acrescido um novo programa/curso de mestrado na UERJ, na UBSM, além do mestrado ¢ doutorado em Campinas. Permanece a regido Norte sem programa implantado. Disteibuigéo dos programas de pésaraduagao em Geografia - 1996 i at Sate Nomere de programa = 4 ™~ de pés-graduagio em m6} Geografia por'estade, 001 sem programa de pos-gradvagac TBI - Noel de mesiraco TB | - Mesteado ¢ doutorado | MME > — Mestrado © doutorado = Nivel de Mestrude 8) MMM G - Mestrado ¢ Dowtorado 4 raw aw Figura 2: Mimero de programas de pés-graduacio em geografie por estado. Fonte: CAPES, 2003, 21 22 Tabela 3: Niimero de programas de 1 | pas-graduagao em a geografia por =e unidade da | Parand 3d fedora go - 2003, Bahia at 5 jolis | Pernambuco Rio Grande do Sul Rio Grande do Norte Distrito Federal | Sao Paulo | Mato Grosso Mato Grosso do Sul Total 26 Fonte: CAPES, 2003. Uma anilise destes dados mostra que houve avanco na iinplantagéo de pro- gramas de Geografia. GALVAO (1987), fazendo referéncia as disparidades, indicava & época que, em nivel regional, as diferencas s¢ mantinham, conside- rando que um elevado percentual de cursos de Geografia estava no Sudeste. Esta ‘expansio foi facilitada pelo crescimento da pés-graduagao nas universida- des cujos cursos j estavam consolidados nos anos 80 na USP ¢ Unesp/Rio Cla- ro, seguicios da UFRJ, Estes trés centres, em maior ou menor proporeio, foram a intadiadores da formagdo geogrifica brasileira, em termos cle pé aduacio, logicamente associados 20 conjunto de doutores titulades no exterior. Esta formagao era a condigio para a expansfo de programas Mm dimen- sfo nacional. Observa-se, no entanto, que sobre esta questo certas dificulda- desainda sao apresentadas. Para avaliar.a dimensao clos programas, sos dados jelativos ao numero de professores por stituigao (tabela 4). A Fipiensito da Pés.graduagar ia ea Anpese Tabela 4: Niimero de docentes, reducdo ¢ acréscimo entre os anos de 1996 ¢ 2001 nos programas de pés-graduagito em geografia por instituicdo de ensina superior Instituigées | Nimero total de docentes - 1996 | docentes | FUNECE - 18 Hy 14 12 22 10 07 -03 12 15 12 -03 i fi 16 _| 14 08 6 12 12 25 29 4 “| | UFRN r 08 ; PUFSC 22 32 10 UFSE 21 20 “I | UFU 3] 20 UNB [ 0 UNESP oT 7 “14 i USP L 49 4 Total 258 "| 392 Fonte: CAPES, 2003, | Em relagdo a0 niimero de docentes, é possive! observar uma certa seme- Ihanga entre 08 trés grupos percebidos: o das instituigdes que mantém o pro- grama com um nGmero de professores enire 10 e 20, seguido de outro grupo (imermedidrio), eujos programas apresentam de 20 a 30 professores e, final- mente, 0 grupo de programas que tm mais de 30 professores. Ao comparar a 23 24 A Eyontio di Ps guaduact em Geogoafia £ 0A demanda de profes entre os anos de 1996 ¢ 2001 - leva ndo em conta as snstituigdes que ja mantinham programas desde 1996 = observa-se um dado importante: para o conjunto dos 9 programas, 5 tiveram reducdo de seu qua~ dro de professores, Esta questo remete & reflexio sobre ¢ crise da universida- doe seu decorrente enxigamento - durante a década de 90, ais sucessivas dis- as no sistema previdenciario, entre outros elementos, como articulares cussoes € muda a oferta de emprego aos professores tituladas em universidades fem expansio, que necessitavam qualifiear seus quadros por forga da Lei de Diretrizes e Bases, aprovada nesta década. Esta questao continua delicad considerando que 6 grau de incerteza sobre os Tumos da universidade, sobre a previcléneia ¢ 0s direitos dos trabalhadores est implicando, neste momento, rea onda de aposentadorias. Seguramente, este panorama trai conseqiiénci- we fuluras, favorecendo a reducgho de professores NOS Cursos de pos-giadua- 10, em particular na Geografia, cuje ineremento data dos anos 80 e, especial- mente, anos 9 em muitos dos Departamentos. Esta ques exige Vigiliineia & consolidagao tao desejada e vineula-se # permanéneia e/au ampliaggo dos qua dros docentes. Em artigo publicado em 1987, Galvio, a0'se referir a desigualdade regio- nal na distribuicho dos cursos, escreveus Fava situagto nao representa, necessariamente, 0 wivel de quatidade do- professorudo de geografia nas diversas universidades, mas a frace representatividede numérice dos efetiramente (quatlificacios em cada uma. Drea decane a necessidade inquestiondvel de solidificacdo ¢ ampltagiio ‘dos contros ji existentes, aas quais-cabe prover a capacitagae de quadros panw as demais unidacles unilversitérias: (GALVAO, 1987, ps 29). Este parece ter side 0 caminho perseguido desde entaa. A qualilicagio se ampliow com um esforco extremamente rande para aqueles que se dispuse~ ram em realizat seus doutorados, come para aquicles que, permanesendo nos departamentos, assumiram redobrados compromissos para que essa quill Gao ocorresse emt curlo espace de tempo. A titulo de exemplo, cabe lembrar a minha experiéneia recente. Ao final dos anos ‘80, mais precisamente 88, conta- yao departamento em que trabalho, com um doutor. Ao final da década de 90, inicio de 2000, ja éramos 10, Este esforgo, entretanto- apenas o comego.c; ne el A Bspanso da Posgradeagao em Geografia ea Anpexe atual conjuntura, a consolidagdo néo depende apenas deste quesito. A partir da implantagao da avuliagio e da nova ldgica de producao cientifica, ovtras so as demandas para a efetiva consolidagio dos programas. Outra dimensio apontada como preocupante, nos anos 80, diz respeito & qualificagio discente. As eriticas da época indicavam um despreparo dos dis- centes para a pesquisa. Este baixo desempenho é apontado, nesse momento, como causa do elevado nimero de abandono dos cursos, do elevade namero de trancamento de matriculas ¢ 0 tempo excessivamente longo para clabora- gdo de dissertagdes € teses, ‘A implantagéo do processo de avaliagao dos cursos de pds-graduagto € sua reformulacao nos anos 90, toma, entre outros elementos, 0 desempenho dos alunos como quesito de avaliagdo dos programas. As tabelas 5. 6 apresen- tam dados relativos ao namero de alunos no mestrado € doutorado por ins tuigio, o:ndimero de titulados no ano, 08 abandonos € 0 tempo médio de dura- gio do curso. ‘Tabela $: Neamero-de discontes, titulacdo, abandono e tempo médio nos programas de pois gradtuacdo em geagrafia por institwigdo de ensino superior - 1996, Titulados | Abandonos m |p [|M |bDIf™M M | D 1 0 0 o 3 0 0 0 aah OL al Mea [oO Lue 0 0 | 0 18 0 8 0 o | 0 36 0 27_ [0 7 0 2 0 [36/0 | $2 | 27 | 16 | 2 2 3 | 44_| 30 60. 0 13 0 3 a 53 0 am [ie | 8 | oe Lo. [seo 10s | 46 | 20 | 6 4 o | 54 | 58 200 | 181 | 3 7 | 8 [8 | 09 | 84 Total sai | 254 [132 [3 [it | 54 [76 Fonie: CAPES, 2003 = 26. A Exparsto da Pos-practeacto em Geasrafia ea Anpege ‘Tabela 62 Nuimero de discentes, diulacito, abandono ¢ tempo médio nos programas de pbs-graduacdo em geografia por instituicao de ensino superiar - 2001 Matriculados| Titulados | Abandonos | Tempo médio COR CERT dD FUNECE | 20 | 0 eo [os o [30 | 0 PUCIMG 45 [0 [ir | o [of o |4i|o | UEL 0 [0 0 0 0 0 oo, a |UEM 33 [0 13 o | 0 | 0 UFBA 36 [0 i 0 0 0 0 UFF = 0 [at [oe fo fo 0 UFG a0 | o 10 0 é [see ('UFMG- 69 | 0 i7 0 0 33 | 0 UFPE 25 [0 4 0 0 0 o | UPFPR [au [0 is | 0 i 0 0 UFRGS 64 | 0 Lime 2 [| 0 0 UFR 75 [ios [24 | 5 7 |S | ae [ee [UFRN F(a 0 o [0 0 Urs ce | et | aa] 0 q 0 UFSE 27 [0 3 0 2 | UFU wo | 0 | 30 | 0 1 0 UND 2 | 0 isl 0 0 0 UNESP 122 | 64 | 47 | i 0 [USP 158 [176 [48 [42 [0 [0 FToraliMeédia | 976 [366 [297 | 58 | 14 | 3 Fonte: CAPES, 2003. _ O ano de 2001 revela um aumento significative do némero de alunos matriculadas, pasando de 531 - nos cursos de mestrado -, em 1996, para 976, em 2001. Da mesma forma, 0 niimero de alunos no doutorado que, de 254 matriculados, em 1996, chegam a 366, em 2001, Ao mesmo tempo, tems el A Expancsto da Pas-graduacao em Geografia ¢.a Anpege uma redugio no abandono de 22, em 1996, para 14, em 2001, no conjunto dos cursos, Na seqiéneia, é também visivel a queda no tempo de realizacio da curso. O tempo médio de duragio para o conjunto dos cursos foi, para a mestrado, de 54 meses, em 1996, para 37 meses, em 2001. Para 0 Doutorado, tEm-se 76 meses em 1996, para 60 meses em 2001. Se for retomada a discus so dos anos 80, fica a questao: o que estes dados revelam? Acredita-se que possa ser pensado que a qualificagao discente melhorou. Entretanto, cabe lem- brar da existéncia da avaliagéo de desempenho dos cursos. Esta tem sido sem- pre uma questao polémica, pois, se de um lado a redugio do tempo pode indi- car qualificagao, de outro o tempo, cada vez menor, pode indicar trabalhos menos qualificados, O grafico (figura 3) apresenta visualmente esta redugdio no tempo que, embora tenha sido diminuido, € motivo, ainda, de questionamentos ‘Terps Médio de Titulagao Pés-Graduagao em Geografia oo 20 0 4 (|| : oLL, + = ure FPR asiraae 796 Jesirad «2604 mDoutorade- 1998 tert - 7001 UFR uru une 8 § Figura 3: Grifico do tempo médio de titulagao pos-graduagde em geografia. Fonte: CAPES, 2003. CERON E SANCHEZ (1987) indicavam, ao fazer referéneia & pés-gra- duagio, © apoio necessdrio das Universidades, o intercdmbio de pesquisado- res, 0 aperfeigoamento de docentes vinculados aos cursos de pds-graduacao ¢ as bolsas para pés-graduandos, como constituintes fundamentais para o forta- A Expansio-do- Pos-sruduucao em Gecapiifla © a npicge lecimento dos programas. Era. perceptivel o pouco interesse Enstatuctonal, out seja, pouco empenho por parte las universidades cm promower 4 fi programas, Informam os auteres que, nesta Epoca, muito dos £ursos OTBANZE Gos derivavam a iniciativa de grupo de professores em. diferentes instituicdes Uma reflesio sobre esta questao expoe uma perspectiva de mudanga na cons- truedio do ensino superior de pésepraduacao assumida desile © Decreto #5668/ $6, que instituiuo 3% Plano Nacional de Pos-G raduagao. Observarse na dé da de 90, particularmente nos dltimos anos, um-progressivo estimulo & criugae ide novos programas, conside rando que ester impor tincia é resultado da busea de exee Iencia, elemento fundamental na discussdo sobre os ramos da univers: Gade, das politicas de ampliagda de aporte de recurses, bem como clo Cesen- volvimentor da pescuisa, Outro’elemento-cbservado ¢ necessidade de intercdm bio como instru- mento de fortalecimento dos programas, opiniao também expressa Por ANDRADE (1989), mas pouco valorizada na epoca, merecemdo, hoje, ser debatida, Considesa-se que houve avango em parte, ms Ina mute que se fazer nn sentido de promover o imtercimbio, seja em territério: naciomal, seja inter- nacional, O grande elemento restritive ag interedmbio deriva dos recursos cada vez mais escassos. Esta sitiacdy prumove prejuizos, inclusive gu anio & consti- tigi de bancas de avaliagie dos alunes que concluem mestrade € doutorado, sendo o imtercimbio a forma de minimizar a questao, frente & falta de recur- sos, O convite a participacio, em muites lugares, implica laimbém em convidlar 9 profess: para, aleim du pparticipagio na banea, uma aproximnagtio CoM os discentes elesses cursos por meio de paleéstra, No que se refere avs intercimbi- 06 interna ciomais, ob serva-sc um esforco de construgao, em weral, associado as universidades com programus tnais consolida dos. Nao cbstante, come esta é uma queseio presente entze os quesitos da. avaliagao clos programas, um esfor- co de encaminhamento nesse sentido ¢ observade. ‘Em relagio ao aperfeicoamento doce nte, ver ificam-se também novas pos: sibilidades, embora, dependendo de recursos em maior mimero, nos ultimos anos, tense possibilidades de participagio com a ampliacio de bolsas de pos- doutorado, da efetivacdio de convénias eou participagao Ge professores. nus diferentes congressos de umbito internacional, Deve-se destacara possibilida dde de aproximagio que resulta: do use eacla ver maior da rede ele computado- res mundiais. __A-Expunsio da Pés-graduacao om Geografia e « Aupese Por fim, eabe destacar a questio das bolsas, Estas, ainda que necessirias, tém sofrido um decréscimo relativo, consideranda o aumento significativo de alunos que procuram os cursos de pés-graduagdo. Acresce-se a isto a fato das bolsas estarem vinculadas a0 process avaliativo e sua distribuicdo depender da nota atribuida ao curso. O problema é efetivamente sério, porque os cursos recebem um contingente de alunos muito superior ao ntimero de bolsas, senco que a grande maioria realiza seus cursos (pelo menos esta é a realidade da pos- graduagao em Geografia da UFRGS) sem obter recursos ¢ vinculados ao tra: balho. Isto promove um dos grandes dilemas que se tem acompanhado: de um lado a exigéncia de redugio de prazos, de outro a dificuldade de diminué-lo, dado que 0 sobretrabalho é a caracteristica de um grande ntimero de nos alunos, Este dado indica que se esta num process de ampliacéo de procura em virtude das exigéncias da sociedade atual. Esta demanda decorre da neces- sidade, cada vez maior, de especializacio/diversificacao do conhecimento. Em relacdo a universidade, diferemtemente dos anos que antecederam os 90, a titulagio hoje é condigdo para o ingresso. ‘Ao mesmo tempo em que se amplia a procura, o quadro de professores, em muitas instituigdes, é pequeno e, a infra-estrutura de laboratéries ¢ biblio- 08 tecas deixa a desejar. Continuamos com o dilema consolidacio/expanséio pre- sente, ainda que a configuracao espacial tenha mudado. Esta cansolidagao de- vera ocorrer, pois cabe lembrar que esse processo de signilivativa expansio AANPEGE E A CONSTRUCAO DA POS-GRADUACAO A Anpege, criada em 1993, comemora dez anos de fundacao como uma Associagaio que se organizou com 0 objetivo de estimulas a discussio e incenti- var a desenvolvimento da pesquisa em Geografia no Brasil, Sua construgio na6 Toi algo facil e, na época, muitas vozes foram contra a sua organizacao Passado esses dez anos, ainda que seu trabalho seja feito. com muita dificulda- de. € possivel observar ganhos com sua criacio. Estes avangos dizem respeito 4 discuss constantemente presente nos eventos que organiza sabre a pos- sraduacio em Geografia e a sua consolidagio, bem como da pesquisa © sua divulgacao. 29, 80, A Expenydo da Pov graduagiy en Geogrufia ea Anpege Toube & Anpege, nestes 10 anos, aglutinar 0 debate, construinds espagos como estes. Antes de se estabelecer nao havia um espaco de discussie dos problemas que, em maior ou menor medida, formam a realidade dos progra- mas de pés-graduagéio, Pouco se conhecia e pequeno era o intercdmbio. Hoje, a0 observar sua atuacdo podem-se perceber sua dinamica. Cabe lembrar aqui a atuacao de professores ¢ coordenadores na discussao sobre a avaliagio dos programas. A participagao da Anpege incluiu, além de sugestOes, a indicagdode nomes de colegas para comporem a comissfio de avaliacdio, Esta proposta, bem itago por parte dos envolvidos nesse processo, € uma demonstra co da importincia de sua atuagio, Comprometidos mutuamente, construi~ mos junto & Anpege o espaco de explicitagao, esclirecendo, para 0 conjunto dos programas, os ctitérios adotados pelas comissdes entao formadas. Esse partilhar coletive permitiu que a avaliagio levasse em conta muitas das solici- lacdes ¢ as encaminhasse de forma muito proxima da realidade da Geografia brasileira. No tiltimo encontro, no entanto, indicou-se da necessidade de um olhar mais afastado, que permitisse uma eritiea propositiva em relacdo @ avaliagio dos prograimas Esta questao, entretanto, nda é simples, pois sob muitos pontos ha con cordincia no que ¢ como avaliar, ¢, em outros, a discordancia € significativa, Um dos temas polémicos, registrados nas falas de CARLOS (2001), diz res- peito & passividade e aceite das regras de avaliacao. Este questiona o sentido da avaliagaa no que se refere 4 pesquisa, indicunde a mudanea no cotidiano da investigacdio em Geografia, bem como nas demais areas, na medida em que se abandona o critério de qualidade e se assume a quantidade. Concorda-se ple- namente com sua avaliacio, considerando-a fundamental, como também se faz necessirio discutir o estimulo & construcio apressada do conhecimento. Esta questao, aparentemente pequena, revela politicas bem mais amplas e, no fundo, remete a discussao das mudangas ocorridas na universidade ¢ na pro- ducio da conhecimento. ‘As tillimas décadas vividas pela universidade expressam uma progressiva crise, posto que se transforma no que Gio A pesquisa, evidenciou-se uma Lransposicao, deixando de ser a universi de.a nortéadora da pesquisa, para, gradativamente, ser estimulada pelos Or- gos de fomenta pablicos e/ou privados. A autonomia na pesquisa e, por con- como aa respeito a varias questées. Em rela- te A bapa ae. da Pos gradungto em Geografia ¢-4 Anpuge seqiéncia, a autonomia da universidade € progressivamente menor, sendo, portanto, cada vez mais regrada de fora, Esta questdo merece debate ¢, no ‘context geogrifico, cabe perguntar: em que medida este process vem inter- ferindo na producao e na autonomia da construgio do conhecimento em nosso campo? 'A divulgagdo do conhecimento produzido ¢ outro dado a ser considera do, A Anpege, promovendo a organizagio dos encontros nacionais, criow a possibilidade de divulgacao do conhecimento e expansio do debate sabre a produgio geografica brasileira. Professores © estudantes reunidos, 20 expo- rem seus trabalhos, permitem que se construa um conhecimento ampliado, juntamente com o avanco da discussio conceitual, mas muitos so ainda as difieuldades. Entre os desafios, € interessante lembrar uma tarefa indicada pelos cole+ gas a partir da plendria final do Encontro Nacional de 2001. Trata-se de tracar uma politica de pos-graduagao em Geografia que seja uma construgao conjun- ta. Alguns esforeos foram feitos nesse sentido, em particular, entre os progra- mas da Regido Nordeste, Uma leitura desse documento, construida para sub- sidiar a ent4o proposta, revela pontos significativos que nao sero abordados na sua lotalidade aqui, ¢ sim referidos de forma geral, no sentido de encami- nhar a discussio, pois dez anos de Anpege estao a exigir um passo a frente. Entre os pontos nominados, muitos sio recorrentes & fazem parte de nossa pauta desde os anos 80. A saber: + Financiamento € verbas ptiblicas; * Financiamento dos discentes (bolsas); + Intercambios; * Ampliagéio do quadra docente: + Equipamentos e laboratérias; * Bibliotecas; * Ampliagdo da capacitagao do discente desde a graduagia; * Fomento a discussio teorico-conceitual: + Fomento as discussdes tematicas; * Fomento as discusses didatico-pedagdgicas: * Producio € divulgacio cientifica; * Ampliacdo da diseussdo sobre estrutura, organizacao, implantacao e avaliagio dos programas. a2 A Papinsto das Peade 1 Geogralin ecm Estas demandas estio implicadas em politicns educacionais mais abrangentes, Dai a necessidade, ja indicada por CARLOS (2001), em proma- verse o debate sobre nosso trabalho na Universidade e, para além dele, 0 papel da universidade, do intelectual ¢ da producdo do conhecimento no con- texto atual, Na ocasido deste debate, em 2001, indicavam-se algumas transtor- magdes em nosso cotidiano, reveladoras dessas mudancas. Devem-se ter pre- sentes essas mudangas, elas explicitam politicas mais gerais. Entre elas, para Jembrar algumas temos: + A crescente burocratizacdo do trabalho universitirio; + A transferéncia de atividades, de setores de apoio, ao professor; * A responsabilidade do professor individual vou em grupo de competir por recursos em Ambito externa; + A demanda crescente de trabalho externo (publica), sem retorno finan- ceiro (avaliagdes, pareceres, assessorias); * A obrigatotiedade de ser produtivo, pesquisar, publicar, orientar, ad- ministrar. Estas praticas nos transformam, como ja se referia SANTOS (2000), em buroprofessores envolvidos em atividades que impedem a reflexao e a critica, produzindo-se muita informagdo ¢ pouca andlise criteriosa © espago- promovido pela Anpege deve ser fortalecido. Creio que estes dez anos de experiéneia nos pérmitem dar a méo A palmatéria ¢ perceber que aqui, se nds desejarmos, pode ser construida uma aniilise ctiteriosa sobre os rumos da educacio superior no Brasil, que possa contribuir para o debate sobre a crise/transformacao da universidade. REFERENCIAS ANDRATE WC Retina esac dn tacenCagt:Cminbinwensonnhe ds Gogets Comsnas Paps ip 1882 BLO 8» Busse patacansiao ca ump pki tapasarzbagie en evga: ENGCNTRO NAGIONAL DAANPEGE A (BEOGRAFIA Wo SECU 4200, San Pau Aeas. 30?.a6 USF ZI WLC Res ating tpiblonscs neers ee cesar Bt de Gog pS "S08. 187 TENRGAD2E APERFEIPCANERTOCEPESSOAL DE NEL SUPERION-CAPES, Batson asaya de psgrahagio Dispornel owcoes gov Acessa a is eu 6703, NZ LA 5 As pesesmes es eaoe te pGeiingso erate. iin de Catrafa Taos Ria fhe 31.369 68 15,0181 ls, lo Ca,

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