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AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1666061 - MT (2020/0038520-8)

RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE DO STJ


AGRAVANTE : DOVALINO SECHI
ADVOGADO : ANTÔNIO JOÃO DE CARVALHO JÚNIOR - MT006232
AGRAVADO : RENATO GOMES NERY
AGRAVADO : LUIZ CARLOS SALESSE
ADVOGADOS : RENATO GOMES NERY - MT002051
JUDSON GOMES DA SILVA BASTOS - MT008857
INTERES. : VALDECI ANTÔNIO GUADAGNIN
INTERES. : MOACIR TORTATO
INTERES. : MARIA SELMA VALOES
ADVOGADO : ANTÔNIO RUBENS FAGUNDES PEREIRA - MT002025

DECISÃO

Trata-se de agravo apresentado por DOVALINO SECHI contra a decisão que não
admitiu seu recurso especial.
O apelo nobre, fundamentado no artigo 105, inciso III, alínea "a", da CF/88, visa reformar
acórdão proferido pelo TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO GROSSO, assim resumido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – DEFERIMENTO DE REINTEGRAÇÃO


DOS AGRAVADOS NA POSSE DO IMÓVEL LITIGIOSO – PRECLUSÃO –
INOCORRÊNCIA – RECONSIDERAÇÃO DE DECISÃO PRETÉRITA EM
RAZÃO DA MODIFICAÇÃO DO QUADRO ATÉ ENTÃO CONSTITUÍDO –
POSSIBILIDADE – VIOLAÇÃO AO CONTRADITÓRIO NÃO VERIFICADA –
DESNECESSIDADE DE PRÉVIA OITIVA DA PARTE CONTRÁRIA PARA
DEFERIMENTO DO PEDIDO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – MEDIDA
QUE VISA DAR EFETIVIDADE À SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DO
PEDIDO FORMULADO EM EMBARGOS DE TERCEIRO, RESTABELECENDO
O ESTADO FÁTICO DA COISA ANTES DO SEU AJUIZAMENTO – DECISÃO
MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. 1. É juridicamente admitida a
reconsideração de decisão pretérita em razão da modificação do quadro até então
constituído nos autos de origem, não havendo falar em preclusão. 2. Não há óbice
legal à efetivação da ordem de reintegração de posse dos agravados no imóvel em
litígio, porquanto não há qualquer efeito suspensivo concedido em sede recursal que
hoje impeça o cumprimento do julgado, e até mesmo os limites da área em discussão
já foram definidos quando da realização da perícia, cujo laudo foi homologado pelo
julgador, inexistindo comprovação nos autos de que houve reversão daquela decisão
homologatória. 3. Não há falar em violação ao contraditório porque não se exige a
prévia oitiva da parte contrária para que só então o julgador defira o pedido de
cumprimento de sentença. 4. A prolação de sentença de improcedência de embargos
de terceiro ao qual foi concedido efeito suspensivo/ativo tem como corolário lógico o
restabelecimento do estado fático da coisa antes do ajuizamento do feito.

Quanto à primeira controvérsia, a parte recorrente, pela alínea "a" do permissivo


constitucional, alega violação dos arts. 505 e 1.018 do CPC, sustentando a preclusão da decisão que

Edição nº 0 - Brasília,
Documento eletrônico VDA25772520 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): JOÃO OTÁVIO DE NORONHA Assinado em: 15/06/2020 18:40:39
Publicação no DJe/STJ nº 2930 de 17/06/2020. Código de Controle do Documento: 40f9df26-d5d0-4bfc-a5e8-c65e279dc215
indeferiu o pedido de reintegração de posse dos recorridos.
Quanto à segunda controvérsia, a parte recorrente, pela alínea "a" do permissivo
constitucional, alega violação dos arts. 300 e 520 do CPC, no que concerne à "impossibilidade do
'cumprimento provisório de uma sentença de improcedência', e do deferimento de liminar em tutela de
urgência calcada em mera similaridade" (fl. 1.331).
É o relatório. Decido.
Na espécie, quanto a ambas as controvérsias, incide, por analogia, o óbice da Súmula n.
735/STF, pois, conforme a orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, é inviável, em
regra, a interposição de recurso especial que tenha por objeto o reexame do deferimento ou indeferimento
de medida acautelatória ou antecipatória, tendo em vista sua natureza precária e provisória, cuja reversão
é possível a qualquer momento pela instância a quo.
Nesse sentido: “A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que 'não é cabível recurso
especial para reexaminar decisão que defere ou indefere liminar ou antecipação de tutela, em razão da
natureza precária da decisão, sujeita a modificação a qualquer tempo, devendo ser confirmada ou
revogada pela sentença de mérito'” (AgInt no AREsp n. 1.351.487/RS, relatora Ministra Assusete
Magalhães, Segunda Turma, DJe de 17/12/2018).
Confira-se ainda o seguinte precedente: AgInt no AREsp n. 1.321.705/MS, relator Ministro
Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe de 12/2/2019.
Ante o exposto, com base no art. 21-E, V, do Regimento Interno do Superior
Tribunal de Justiça, conheço do agravo para não conhecer do recurso especial.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília, 15 de junho de 2020.

MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA


Relator

Edição nº 0 - Brasília,
Documento eletrônico VDA25772520 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): JOÃO OTÁVIO DE NORONHA Assinado em: 15/06/2020 18:40:39
Publicação no DJe/STJ nº 2930 de 17/06/2020. Código de Controle do Documento: 40f9df26-d5d0-4bfc-a5e8-c65e279dc215

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