INCLUSÃO ESCOLAR
2ª Edição
Indaial - 2019
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
K64e
ISBN 978-85-7141-392-4
ISBN Digital 978-85-7141-393-1
1. Educação especial. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo
Da Vinci.
CDD 371.9
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO...........................................................................05
CAPÍTULO 1
Da Educação Especial à Educação Inclusiva............................09
CAPÍTULO 2
Políticas da Educação Inclusiva e Seus Pressupostos
Teórico-Metodológicos na Educação.......................................43
CAPÍTULO 3
Práticas Pedagógicas Inclusivas e as Especificidades
da Inclusão....................................................................................91
APRESENTAÇÃO
Este livro aborda questões relacionadas à Educação Especial e a Educação
Inclusiva. Por que passamos a viver num tempo em que a diferença e a diversidade
ganharam centralidade na vida em sociedade? Esta pergunta é fundamental que
seja feita em todos os âmbitos, seja nas relações familiares, interpessoais, de
trabalho e, principalmente, no caso a que se propõe este livro, nas educacionais.
Se há bem pouco tempo víamos ou ouvíamos falar pouco nas pessoas com
deficiência, hoje temos um cenário bem diferente. No entanto, isso não significa
que todos os problemas que estas pessoas enfrentam estão solucionados.
Muitas foram as formas como as nomeamos: como inválidos, defeituosos,
incapacitados, defeituosos, deficientes, excepcionais, portadores de deficiências,
com necessidades especiais, entre outras conotações pejorativas utilizadas
nas relações cotidianas. No decorrer dos capítulos deste livro discutiremos que
tais maneiras de nomearmos não são neutras e não existem por acaso. Elas
são inventadas em um tempo e em um espaço cultural, social, político, que, ao
nomear, também produz determinadas posições para estes sujeitos, permite-os
fazer ou não determinadas coisas, ocupar ou não determinados espaços.
Nesse sentido, não podemos fazer apenas uma defesa de uma forma de
nomear em detrimento da outra. Exaltar essa época em que muito se fala nas
diferenças, na diversidade e nas pessoas com deficiência, considerando seus
direitos garantidos na lei, não é garantia de que a inclusão ocorra de fato. Não
se trata de reduzirmos essa questão apenas visualizando a legislação como
garantia dos direitos das pessoas e como garantia de uma melhor forma,
politicamente correta, de chamá-las. O conteúdo deste livro abordará as razões
históricas de chamar dessa ou de outra forma. Quais os fundamentos históricos e
conceituais que nos levam a pensar e a escolher um melhor nome em detrimento
de outro? E, ainda, como esses fundamentos passam a constituir-se como
verdades inquestionáveis em nossas relações? Problematizar estas verdades
pode nos ajudar a encontrar outras respostas, outras formas de nomear, outras
possibilidades de escutas que não aquelas oficialmente vistas como as mais
aceitáveis e verdadeiras.
Como estes sujeitos que ocupam esta posição de “pessoas com deficiência”
se veem? Quais nomes que eles mesmos se dão que permitem eles se
reconhecerem como sujeitos pertencentes a essa sociedade?
O fundamento teórico que será utilizado nesse livro, que ancora essas
discussões, permitindo problematizar essas nomeações é a perspectiva pós-
estruturalista e dos Estudos Culturais. Tal perspectiva ajuda a ampliar o nosso olhar
porque tensiona as verdades, permite examinar o status quo para desnaturalizar as
formas como tais verdades foram construídas em diferentes tempos históricos. Essa
perspectiva explora “[...]modos mais alternativos de pensar, falar e potencialmente
fazer determinadas práticas sociais e, concomitantemente, remodelar as
metodologias de pesquisa para que elas não se constituam como ferramentas
de reprodução social” (GASTALDO, 2012, p. 10). Esse olhar que movimenta as
pesquisas em educação pode também movimentar as práticas sociais e escolares,
pois a pesquisa não se separa da prática. Uma decorre da outra, havendo uma
correlação entre uma e outra, como dois lados da mesma moeda. Citando ainda
essa autora que tem contribuído para as pesquisas em saúde na Espanha e na
América Latina, discutindo as questões de gênero e migração, Gastaldo (2012)
afirma que a produção cientifica em educação precisa produzir conhecimento
contextualmente específico, considerando seus aspectos micro e macros,
mostrando que as narrativas sobre esses sujeitos não são neutras.
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Capítulo 1 DA EDUCAÇÃO ESPECIAL À EDUCAÇÃO INCLUSIVA
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Para compreendermos a inclusão, o que se tem dito atualmente sobre ela, como
ela deve ser pensada e efetivada na sociedade e, no contexto escolar, de modo mais
específico, torna-se imprescindível uma aproximação com a história da Educação
Especial. A ideia de Educação inclusiva na contemporaneidade só faz sentido se
pensarmos no quanto a Educação Especial, produziu mudanças até chegar na
forma como tem sido reconhecida hoje a partir do conceito de inclusão. A Educação
especial hoje é considerada uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis,
etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza
os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e
aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular (BRASIL, 2001).
São esses subsídios históricos da Educação Especial que serão resgatados nesse
capítulo, a fim de subsidiar o olhar do professor na escola para a construção de práticas
inclusivas. Esse processo é desafiador quando se considera a sua complexidade
histórica. Percebe-se que apenas as mudanças políticas produzidas na legislação
não garantem por si só práticas mais includentes. Trata-se de uma luta constante
em que todos nós somos convocados a refletir de forma constante sobre a história
da Educação Especial, considerando a emergência da Educação Inclusiva. Isso não
significa descartar uma em detrimento da outra, mas antes visualizá-las a partir de uma
compreensão para além do campo da educação. Segundo Veiga-Neto e Lopes (2007,
p. 948), “a inclusão é um tema que só recentemente entrou na agenda das políticas
públicas”, colocando-se em jogo uma série de “[...] variáveis sociais e culturais que
vão desde princípios e ideologias até interesses e disputas por significação”. A partir
desse olhar, que considera essa complexidade, é importante discutir a inclusão, pois
com esses debates, abre-se a oportunidade de problematizar várias questões sociais,
culturais, políticas e pedagógicas. No Capítulo 2, você poderá observar tais questões a
partir de exemplos de práticas educativas, tornando possível refletir sobre elas de modo
mais centralizado no presente e nos aspectos pedagógicos.
Portanto, o foco principal do estudo nesse capítulo está centrado nos aspectos
históricos sobre o tema da inclusão a fim de possibilitar aos profissionais envolvidos
com a educação possam compreendê-la tanto no âmbito macro quanto na dimensão
micro das práticas desenvolvidas no contexto educacional. Por isso, na primeira
parte do capítulo, apresenta-se a história da Educação especial a partir de alguns
estudiosos que pesquisam esse campo e tem nos auxiliado a avançar nas políticas
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Educação Especial e Inclusão Escolar
que são criadas atualmente. Em seguida iremos situar os desafios implicados para
o que temos chamado de Educação Inclusiva na contemporaneidade. E, para
finalizar, traremos algumas considerações que problematizam o deslocamento
conceitual e político entre a Educação Especial e a Educação Inclusiva.
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FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/300_(filme)>.
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e, por isso, casos para a medicina tratar. Após a Primeira Guerra Mundial (1914-
1918) vários fatores vão produzir mudanças sociais e também no que diz respeito
ao atendimento as pessoas com deficiência.
Na charge a seguir fica explicito essa forma de identificar aqueles que não se
enquadravam no padrão normal de escola. Aqueles que não conseguiam passar
por um processo de escolarização através de um currículo que ensinava tanto,
um comportamento desejável, quanto determinados conhecimentos escolares,
considerados científicos.
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FIGURA 4 - AVALIAÇÃO
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Pode-se dizer que a partir dos anos 1990 passamos a identificar as nuances
do que temos chamado de Educação Inclusiva no Brasil. É sobre esse período
atual e esse modelo de educação que passaremos a seguir a discutir. Serão
trazidos alguns elementos que contribuem nesse mapeamento de elementos
históricos mais contemporâneos que constituem a educação especial vista a partir
de um movimento, ou seja, de uma passagem para a educação inclusiva.
3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E OS
DESAFIOS PARA A ESCOLA NA
CONTEMPORANEIDADE
Conforme anunciado no início desse capítulo, não podemos defender a
Educação Inclusiva exaltando-a como se todos os problemas da Educação
Especial estivessem resolvidos. Conforme veremos, na base dessas mudanças
está uma promessa de modernidade, de democratização da educação e uma
preocupação com a permanência de todos na escola. A partir da Constituição
Federal Brasileira de 1988, os princípios de democratização da educação
brasileira, pretendia “erradicar o analfabetismo, universalizar o atendimento
escolar, melhorar a qualidade do ensino, implementar a formação para o
trabalho e a formação humanística, científica e tecnológica do país”. Pretendia
ainda assegurar “a educação de pessoas com deficiência deveria ocorrer,
preferencialmente na rede regular de ensino e garantiu ainda o direito ao
atendimento educacional especializado (MENDES, 2010, p. 101).
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Capítulo 1 DA EDUCAÇÃO ESPECIAL À EDUCAÇÃO INCLUSIVA
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uma escolha, uma tomada de posição a respeito de algo e que reflete o compro-
metimento de alguém consigo mesmo e com o outro. Partindo dessa escola, a
maneira de estar no mundo será coerente com ela. É importante frisar que atitude
nesse sentido não é algo universal, individualista, mas uma ação que envolve a
relação de alguém consigo mesmo e com o outro. Esse êthos, esse modo de ser
comprometido consigo e com o outro imprimiria outra dimensão para a experiência
de inclusão (PROVIN, 2011, p. 101)
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efeitos para o campo da inclusão escolar, tanto para as políticas quanto para as
práticas escolares. Vamos mostrar no capítulo seguinte que a política nacional da
Educação Especial (BRASIL, 1994), e, posteriormente, a política da Educação
Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008) pautam-se por diferentes
saberes – Psicologia, Medicina, Pedagogia – os quais além de descrever os su-
jeitos da inclusão, eles instituem e consolidam praticas educacionais, modos de
fazer a inclusão na contemporaneidade.
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Por fim, precisamos trilhar por caminhos que vão nos exigir um exercício
constante de crítica seja para investigar, analisar, refletir ou construir nossas
práticas pedagógicas em relação a todos os sujeitos da Educação. Não podemos
naturalizar nosso olhar sobre aquilo que ouvimos sobre a inclusão, simplesmente
para tolerar esses sujeitos que são incluídos na educação regular. O exercício
constante de colocarmos sob suspeita o que pensamos sobre a inclusão pode nos
ajudar a construirmos outros modos de ver. Isso torna-se mais um dos desafios
a enfrentarmos. Considerar que quando estamos envolvidos nesses processos
inclusivos, nunca podemos olhar de forma binária para as situações: um sujeito
incluído e outro excluído, um normal e outro anormal e, assim, por diante. Quando
falamos em inclusão seria oportuno pensarmos em processos de in/exclusão. Tal
processo, de acordo com as autoras Lopes e Fabris (2013) é visualizar a inclusão
e a exclusão como duas dimensões que se alimentam e convivem em situações de
trocas recíprocas, pois uma depende da outra para existir e para cambiar posições.
Para finalizar esse capítulo, cabe retomar alguns pontos que se procurou
analisar a partir de alguns marcos históricos para compreender de que forma
o processo de inclusão foi se desenvolvendo para chegar no que identificamos
hoje na contemporaneidade: nessa passagem de Educação Especial para a
Educação inclusiva. Consideramos as condições políticas, econômicas e culturais
para que esse deslocamento histórico ocorresse. Mostramos que ele não é bom
nem ruim, pois justamente o que abordamos foi a complexidade das relações
de poder e de saber que estiveram envolvidas nesse processo histórico. Além
disso, esse capítulo, cumpre um de seus objetivos que foi o de subsidiar a
construção de práticas inclusivas tendo como base o contexto histórico e político
de compreensão da Educação Inclusiva para visualizar os sujeitos da educação
especial de outras formas. Acreditamos que foi possível deixar o leitor/estudante
curioso para saber mais sobre como a Educação Inclusiva se organiza atualmente
no contexto educacional. Tal organização será mostrada através de marcadores
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Educação Especial e Inclusão Escolar
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Recapitulando o que se pretendeu com esses marcos históricos sobre a
Educação Especial, importa ressaltar novamente que não se pretendeu demonizar
ou exaltar a Educação Especial ou a Educação Inclusiva. Mas, apresentar
esses elementos da história do que entendemos por Educação Especial, a fim
de evidenciarmos um cenário de lutas políticas, culturais e econômicas que
embasam nossas formas de compreender os sujeitos na contemporaneidade. A
forma como entendemos esses sujeitos e que tipo de práticas devem ensiná-los
estão ligados a esse contexto mais amplo. Exploramos com maior profundidade
sobre os aspectos relacionados ao sistema neoliberal, pois ele tem orientado a
lógica contemporânea, incluindo os processos educacionais. Quem é normal e
anormal e, mais, porque fizemos historicamente essa divisão em nossa forma
de ver, pautada em saberes da Modernidade, são questões de fundo desse
capítulo e que seriam interessantes serem retomadas no capítulo seguinte a fim
de fundamentar os estudos sobre as práticas inclusivas que serão apresentadas.
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FONTE: <http://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/creche-muda-
postura-para-incluir-crianca-sem-laudo-medico-definido/)>.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial.
Brasília, 1994.
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C APÍTULO 2
POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-
METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
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Capítulo 2 POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SEUS PRESSU-
POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Importa mostrar nesse capítulo como determinadas políticas foram criadas,
a partir da Constituição de 1988, a fim de identificar alguns efeitos que elas
produzem nos contextos educacionais. Alguns princípios e conceitos já foram
anunciados no capítulo anterior, que subsidiam o planejamento e desenvolvimento
de propostas pedagógicas inclusivas em diferentes contextos educacionais. Além
disso, o conceito de in/exclusão como princípio organizacional das práticas, permite
identificarmos como a inclusão se tornou um imperativo de Estado e que, a partir
das políticas de inclusão e dos organismos nacionais e internacionais, podemos
visualizar as possibilidades de construir outras práticas no contexto da educação.
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ainda não pensadas e das contingências daquela situação, a qual uma nunca
será igual a outra situação já ocorrida.
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FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=8K9Gg164Bsw>.
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Nesse sentido, que a Educação Inclusiva vai ganhando espaço e força nos
discursos pró-inclusão, podendo ser vista como um jargão na área educacional
para marcar práticas que desejamos mais justas, democráticas e solidárias
(KLEIN, 2010). O imperativo da inclusão, o qual iremos abordar com mais detalhes
adiante, primeiramente foi centrado no acesso arquitetônico, incentivando e
buscando garantir que todos ingressassem no ensino regular, mas atualmente
percebe-se uma ênfase na dimensão pedagógica, ou seja, perguntando-se como
esses sujeitos ditos incluídos estão aprendendo. Trazer para o debate, a questão
curricular nesse caso, é fundamental, pois já sabemos que não se trata mais
de apenas colocar os sujeitos para dentro, ou de se colocar contra ou a favor
da inclusão, não é uma questão que pode ser analisada de forma binária. De
acordo com Klein e Lopes (2008 apud KLEIN, 2010, p. 15) “colocando o foco
na escola, quando penso em inclusão, referimo-nos a toda e qualquer posição
de aprendizagem e de aluno criada a partir das relações que são estabelecidas
naquele espaço”.
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FONTE: <www.museudainfancia.unesc.net>.
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As SRM são divididas em dois tipos, de acordo com o material que é enviado
pelo Ministério da Educação. A sala tipo 1 conta com: microcomputadores, monitores,
fones de ouvido, microfones, scanner, impressora a laser, teclado e colmeia, mouse
e acionador de pressão, laptop, materiais e jogos pedagógicos acessíveis, software
para comunicação alternativa, lupas manuais e eletrônica, plano inclinado, mesas,
cadeiras, armário, quadro melanínico. A sala tipo 2 conta com os mesmos recursos,
mais recursos específicos para o trabalho com alunos cegos (SCHERER, 2015).
Seja do tipo 1 ou do tipo 2, o trabalho desenvolvido no AEE, com base na Nota
Técnica n°04/2014, deve ser marcadamente um atendimento pedagógico, e não
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clínico, tanto que essa nota vai indicar que o laudo clínico sobre o aluno não poderá
definir se ele tem ou não direito a esse atendimento. O objetivo desta nota também
é o de regulamentar o trabalho do professor do AEE no sentido de que ele deve
enfatizar o olhar pedagógico sobre a aprendizagem do aluno, buscando o professor
em sala de aula para que possam construir possibilidades de trabalho, contribuindo
assim para esse processo de inclusão. Segundo a nota técnica:
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Educação Especial e Inclusão Escolar
Bridi (2011 apud Scherer, 2015) realizou um estudo sobre essa questão dos
diagnósticos e nos traz algumas questões interessantes para refletir a respeito
do trabalho realizado na escola atualmente: em uma escola por ela pesquisada
dos 600 alunos, 25, frequentavam a sala de recursos, sendo que 15 deles
apresentavam deficiência mental e somente dois tinham diagnósticos clínicos da
deficiência. O restante fora encaminhado por identificação de seus professores.
Mesmo após a nota técnica que permite o atendimento ao aluno é preciso
perguntar sobre a forma como os professores estão fazendo a leitura sobre o
aluno e suas aprendizagens. Concordo com Scherer (2015) quando esta afirma
que precisamos (re)pensar de que forma a escola como um todo pode envolver-se
nesse processo de inclusão, não apenas delegar ao AEE ou a professora da turma
ou às famílias. Para que esse trabalho possa ocorrer da forma mais significativa
possível, é necessário que todos possam se responsabilizar, principalmente, a
equipe de gestão da escola, incluindo aí, a ideia de rede de apoio.
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Vale a pena conferir e refletir sobre o conteúdo da reportagem, ainda que não
trate diretamente da Educação, o quanto os efeitos desses diagnósticos estarão
presentes no contexto educacional, produzindo alunos considerados “doentes”.
Não se trata de ser contrária ao posicionamento médico, duvidar de seus saberes.
Trata-se antes de desconfiar, problematizar um tipo de visão - clínica e biológica -
a respeito dos sujeitos. Veremos no próximo subtítulo sobre essas questões mais
específicas, que competem ao trabalho pedagógico e não clínico, considerando as
possibilidades que o profissional tem dentro do contexto educacional. Conforme
vimos no primeiro capítulo, a ênfase nas pedagogias corretivas e psicológicas
proliferam nessa lógica de inclusão de todos na escola. Podemos nos perguntar
a partir daí, como a própria pedagogia se constitui historicamente como um saber
da educação?
A mesma autora trata ainda desses termos como “mitos sobre a deficiência”
que subestimam as capacidades de aprendizagem dos alunos a partir de uma
visão médico-psicológica, conforme já vimos no capítulo anterior. Como defeito
orgânico e funcional naturalizado, ou seja, esse aluno não tem chance de ser
diferente do que representa ser ou do que os outros dizem sobre ele. E ainda
esses discursos marcados pela falta (sensorial, motora, verbal, cognitiva), muitas
vezes, orienta o olhar e os pareceres descritivos redigidos pelos professores
como resultados das avaliações das aprendizagens dos alunos na escola, ficando
marcados pela impossibilidade de aprender.
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essa inclusão, a aprendizagem de todos como um direito; existe por outro lado, as
relações entre esses sujeitos, as relações de poder e de saber que envolvem os
profissionais, os especialistas, as premissas do Estado neoliberal que movimenta
esse processo de in/exclusão. É sobre ele que nos deteremos a seguir a partir
de exemplos, de cases, de materiais diversos que podem contribuir para essa
compreensão de como as políticas educacionais e de inclusão não apenas
descrevem orientando práticas no contexto educacional, mas constituem ações,
alunos, famílias, profissionais da educação, entre outros. Veremos a seguir como
o conceito de in/exclusão pode contribuir nesse sentido.
3 CONCEITO DE IN/EXCLUSÃO
COMO PRINCÍPIO ORGANIZACIONAL
DAS PRÁTICAS
A partir desse conceito - in/exclusão grafados juntos - podemos logo remeter
a um tipo de entendimento: a algo que não será tomado de forma separada,
binária, como sendo duas palavras com significados contrários. Essas palavras
serão entendidas como dois lados da mesma moeda, ou seja, nenhum dos dois
conceitos são fixos, eles se movimentam a partir de um processo que envolve
múltiplas questões, relações, compreensões, conforme já apontado no subtítulo
anterior. Procurou-se descrever a inclusão como um imperativo, “como condição
necessária, embora não suficiente, para desencadearmos práticas de inclusão
que nos mobilizem a realizar mudanças culturais” (LOPES; FABRIS, 2013, p. 111).
Mudanças estas, marcadas por lutas constante entre estar e não estar incluído,
não nos lugares, mas nas relações estabelecidas dentro dos espaços criados
para conviver, ensinar, trabalhar etc., com o outro.
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POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
Nesse sentido, será utilizado aqui alguns materiais que dão visibilidade a
essa produção do aluno como anormal, a partir dos diagnósticos e possibilidades
de encaminhamentos para tratamentos clínicos e psicológicos. De acordo com
Hattge e Klaus (2014, p. 327) essa visibilidade contribui para a reflexão sobre as
práticas que tem ocorrido nos contextos educacionais, principalmente na escola.
As autoras afirmam que está ocorrendo “um silenciamento da Pedagogia, que se
submete ao saber clínico ou da área psi e acaba por não cumprir sua função na
produção de práticas pedagógicas que atendam às necessidades específicas dos
sujeitos”. Por isso, o diagnóstico clínico precisa ser problematizado como uma
verdade absoluta sobre o sujeito, pois ele acaba determinando qual será o tipo
de intervenção que precisa ser assumida pelo professor. Muitas vezes o caminho
para essa intervenção restringe-se à medicalização.
De acordo com Klein (2015) o Educas, atende crianças nos anos iniciais
ou mesmo em anos finais do Ensino Fundamental, buscando estabelecer, há
mais de 20 anos, uma relação permanente entre a Universidade e as escolas
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Parecer sobre o aluno redigido por sua professora - Material fornecido pelo
Programa de Educação e Ação Social – EDUCAS para fins de pesquisa.
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POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
Hattge e Klaus (2014) nos dão algumas pistas para pensar como essa visão
tem sido construída. Segundo as autoras (2014, p. 329), o fato de “a inclusão
escolar ser vista como a grande metáfora da solidariedade, da evolução humana,
trazendo o discurso da aceitação, da tolerância e da benevolência como central”
permite que o aluno com deficiência ou com necessidades educacionais especiais
na sala de aula seja visto a partir da ênfase na socialização, ou seja, o simples
fato de o aluno frequentar a escola, tendo a oportunidade de conviver com os
demais colegas e professores, justificaria sua permanência em sala de aula.
Negligencia-se a construção do conhecimento em prol da socialização do sujeito.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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Capítulo 2 POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SEUS PRESSU-
POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=0u48uOxCZyQ>.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
Parecer sobre o aluno redigido por sua professora - Material fornecido pelo
Programa de Educação e Ação Social – EDUCAS para fins de pesquisa.
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Capítulo 2 POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SEUS PRESSU-
POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
Não demonstra noção de perigo: quer subir no muro, atirar-se no chão da sala.
A professora manifesta preocupação para que ele não se machuque.
Parecer sobre o aluno redigido por sua professora - Material fornecido pelo
Programa de Educação e Ação Social – EDUCAS para fins de pesquisa.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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Capítulo 2 POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SEUS PRESSU-
POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=MTFOb2bLjLA&t=11s>.
Quando a repórter pergunta à pediatra se ela utilizaria ritalina para seu filho
se ele viesse a apresentar essa necessidade, Maria Aparecida responde: “eu não
daria ritalina, eu daria Rita Lee”. Isso significa, que muitas vezes a criança não
precisa de medicação. Ao contrário, a criança precisa de atenção! Escutar mais
as crianças, conhecer mais sobre seus cotidianos, suas necessidades, enfim, ao
invés de partir para o que se diz sobre elas, pautados em saberes verdadeiros
e padronizados sobre o que devem ou não fazer, como devem
De uma concepção
se comportar, o que e quando devem falar, quando podem ou não una, centrada,
brincar, quando podem ou não correr etc. Essa reflexão apresentada equilibrada,
pela pediatra serve tanto para as famílias quanto para os contextos coerente e estável
educacionais. de identidade,
passa-se a
fragmentação,
Costa (2005) contribui com essa discussão em relação ao campo
efemeridade,
da educação ao dizer que a identidade dos sujeitos vem sendo mobilidade,
modificada e que precisamos não mais ver os alunos, por exemplo, da superficialidade,
mesma forma em que víamos no século passado. flutuação. Podemos
ser um e muitos, ao
De uma concepção una, centrada, equilibrada, mesmo tempo e em
coerente e estável de identidade, passa-se diferentes tempos.
a fragmentação, efemeridade, mobilidade, A identidade parece
superficialidade, flutuação. Podemos ser um e que está à deriva no
muitos, ao mesmo tempo e em diferentes tempos. tempo e no espaço,
A identidade parece que está à deriva no tempo o que a torna
e no espaço, o que a torna permanentemente permanentemente
capturável, ancorável, mas, paradoxalmente, capturável,
ao mesmo tempo escorregadia uma celebração ancorável, mas,
móvel (COSTA, 2005, s.p.). paradoxalmente,
ao mesmo tempo
escorregadia uma
Diante dessa mudança em relação ao sujeito e ao tempo e
celebração móvel
espaço, parece que insistimos na organização da instituição escolar (COSTA, 2005, s.p.).
75
Educação Especial e Inclusão Escolar
Quando Costa (2005) pergunta: “Quem são? Que querem? Que fazer com
eles?” ela quer nos mostrar justamente que na contemporaneidade vivemos sob
a condição de provisoriedade, a qual precisa considerar o caráter construído das
identidades. A proliferação discursiva sobre os infantis, segundo a autora, acaba
por produzir múltiplas narrativas sobre a infância e estas interpelam, convocam
e subjetivam as crianças. Portanto, “[...]os ditos sobre as crianças inventam
infâncias ao mesmo tempo em que subjetivam os infantis, instalam e legitimam
formas de lidar com eles. O mesmo raciocínio se aplica a jovens, negros, índios e
tantas outras identidades” (COSTA, 2005, s.p.).
É fato que o uso dessa medicação tem proliferado cada vez mais diante
desse contexto descrito acima, pois a medicação contribui para mantermos esses
sujeitos concentrados e obedientes, calmos e ordenados conforme as premissas
da modernidade, enquanto um projeto social de modernidade. Para maiores
aprofundamentos sobre esse cenário contemporâneo marcado pelos princípios
de um projeto de modernidade, pode-se estudar a obra de Zygmunt Bauman
(1925-2017), um sociólogo polonês, que escreveu muitos livros sobre a ideia de
modernidade como sendo líquida, como um conceito que pode ser definido como
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Capítulo 2 POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SEUS PRESSU-
POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=Tkli780dX6U>.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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Capítulo 2 POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SEUS PRESSU-
POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
O nariz
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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Capítulo 2 POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SEUS PRESSU-
POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
Parecer sobre o aluno redigido por sua professora - Material fornecido pelo
Programa de Educação e Ação Social – EDUCAS para fins de pesquisa.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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Capítulo 2 POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SEUS PRESSU-
POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Algumas considerações sobre as políticas e seus impactos no contexto
Educacional são importantes de serem trazidas, tanto para pensarmos o âmbito
das políticas quanto das práticas. Se acreditamos que as políticas constituem
as práticas e vice-versa, precisamos nos colocar “dentro” para pensarmos
alternativas, possibilidades, outras formas de pensar a Educação Inclusiva.
É importante lembrar que jamais as práticas podem ser vistas como receitas
prontas a serem seguidas na sala de aula. Se partimos do pressuposto que
os sujeitos são diferentes, nenhum deles, por mais que apresente o mesmo
diagnóstico, pode ser tomado como sendo igual. Este sujeito precisa ser
considerado a partir do contexto, das suas experiências, enfim, de sua cultura.
Portanto, nenhuma prática será igual a outra e, por isso, uma prática pode dar
certo com um e pode não dar certo com outro.
83
Educação Especial e Inclusão Escolar
não existe. Que tal afirmação não é dita para negá-la, mas antes para pensá-la
de outras formas. Uma das formas discutidas aqui foi a partir dos processos de in/
exclusão.
Tudo que foi discutido não teve a intenção de colocar-se contra, mas de
compreender como passaram a ocorrer de determinada forma e que forças/poder/
saber estiveram envolvidas nesse processo. Nesse sentido, aspectos relacionados
a lógica neoliberal, enquanto forma de governar a população foi tomada como
pano de fundo para pensarmos as questões relacionadas a Educação Inclusiva.
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Capítulo 2 POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SEUS PRESSU-
POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
Foi fundamental o conceito de política para demonstrar que ela é mais do que um
texto orientador de práticas. Elas são discursos que constituem práticas, que ao
regular e controlar a população, produzem posições, outras práticas e os próprios
sujeitos que vivem sob a égide dessas políticas.
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Capítulo 2 POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SEUS PRESSU-
POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
ACORSI, Roberta. Tenho 25 alunos e 5 inclusões. IN. LOPES, M. C. &
HATTGE, M. (orgs.). Inclusão escolar: conjunto de práticas que governam. Belo
Horizonte: Autentica Editora, 2009. p. 169-184.
COSTA, Marisa Vorraber. Quem são? Que querem? Que fazer com eles?
Eis que chegam às nossas escolas as crianças e jovens do século XXI. In: VI
Colóquio sobre questões curriculares, realizado no Rio de Janeiro, ago. 2005.
Disponível em: http://principo.org/quem-so-que-querem-que-fazer-com-eles-eis-
que-chegam-s-nossas.html. Acesso em: 23 mar. 2019.
DAL'IGNA, Maria Claudia. A criança que é estimulada em casa, ela vai; a criança
que não é tende a ficar, às vezes, um pouco mais para trás: relações entre
desempenho escolar, gênero e família. Disponível em: http://www.fazendogenero.
ufsc.br/7/artigos/M/Maria_Claudia_DalIgna_26.pdf. Acesso em: 2 mar. 2016.
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Capítulo 2 POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SEUS PRESSU-
POSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO
LOPES, Maura; FABRIS, Eli. Inclusão e educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
MONTEIRO, Maria Inês Bacellar; FREITAS, Ana Paula de; CAMARGO, Evani
Andreatta Amaral. Concepção e prática dos professores sobre deficiência:
o papel do diagnóstico. In. Relações de ensino na perspectiva inclusiva: alunos
e professores no contexto escolar. MONTEIRO, M. I. B.; FREITAS, A. P. de;
CAMARGO, E. A. A. (orgs). Araraquara, SP: Junqueira&Marin, 2014. p.23-40.
ROSS, Ana Paula. Olhares sobre as diferenças nas salas de aula. In: LOPES,
Maura Corcini; DAL’IGNA, Maria Claudia. In/exclusão: nas tramas da escola.
Canoas: Ed. ULBRA, 2007. P.65-87.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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C APÍTULO 3
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E
AS ESPECIFICIDADES DA INCLUSÃO
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Chegamos ao último capítulo deste livro. É chegado o momento de discutirmos
questões relacionadas as especificidades da inclusão. Após olharmos para a
história da Educação Especial e acompanharmos essas mudanças histórico-
políticas até chegarmos atualmente com a Educação Inclusiva, passamos a
seguir, a apresentar algumas relações com o que foi discutido anteriormente como
possibilidade de compreensão das características específicas dos sujeitos com
necessidades educacionais especiais. Aproximar-se dessa caracterização geral a
respeito de alguns tipos de deficiência, síndrome ou transtorno de aprendizagem
é fundamental para que possamos planejar ações adequadas que possam
atender essas especificidades em relação a aprendizagem de todos envolvidos
nos contextos educacionais.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
2 ENTREVISTAS COM
PROFISSIONAIS/PESQUISADORES
SOBRE AS ESPECIFICIDADES DA
INCLUSÃO
A seguir será apresentado o conjunto de entrevistas realizadas com os
profissionais/pesquisadores de algumas áreas da Educação Especial e da
Inclusão. Fez-se o convite a cada um individualmente por e-mail e, posteriormente
ao aceite, foram enviadas as questões. Tais questões foram elaboradas no
sentido de evidenciar os desafios mais frequentes no âmbito educacional, são
elas: 1. A partir de sua experiência e estudos, descreva como você entende a
Deficiência Intelectual no contexto da Educação Especial e Inclusiva; 2. Quais
são as principais políticas que amparam a inclusão de alunos com esse tipo de
deficiência na escola? 3. Descreva alguns pressupostos teórico-metodológico
que contribuem para organização das práticas pedagógicas na sala de aula,
considerando o ensino regular, a turma e o aluno com esse tipo de deficiência?
4. Na sua visão, qual seria o papel dos serviços de apoio, da escola, do professor
em sala de aula, do professor do AEE e da família para enfrentarmos os desafios
voltados à inclusão dos alunos ditos incluídos na escola regular? Almeja-se a
partir de tais respostas indicar pistas para se pensar as práticas voltadas aos
alunos com deficiência e com questões relacionadas a aprendizagem.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
FONTE: <http://lattes.cnpq.br/5996369654576945>.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
o que produz uma significativa demora na produção das avaliações importante destacar
clínicas dos alunos com vistas a emissão de laudos diagnósticos, as orientações
entendo ser importante destacar as orientações presentes na Nota presentes na
Nota Técnica Nº
Técnica Nº 04 / 2014 / MEC / SECADI / DPEE, que orienta sobre
04 / 2014 / MEC /
a necessidade de documentos comprobatórios de alunos com SECADI / DPEE,
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ que orienta sobre
superdotação no Censo Escolar. Ao flexibilizar a necessidade de a necessidade
comprovação via laudo médico do aluno para matrícula e frequência de documentos
nas turmas de AEE, esse documento possibilita que um maior número comprobatórios
de alunos com
de alunos, com hipótese de DI, sejam acompanhados e tenham suas
deficiência,
aprendizagens mediadas na escola. Cabe ressaltar que a depender do transtornos globais
uso que seja feito da referida orientação, ela pode se constituir como do desenvolvimento
ferramenta de produção da deficiência em alunos que apresentam e altas habilidades/
dificuldades em seus processos de aprendizagem em decorrência de superdotação no
fatores sociais, mas não em função de aspectos orgânicos. Nesse Censo Escolar.
sentido, parece-me que os sujeitos que interagem com os alunos com suspeita de
DI precisam estar cientes das suas responsabilidades ao atestarem diagnósticos
equivocados, uma vez que os efeitos da produção de classificações sobre os
alunos podem provocar práticas de exclusão e limitação nos seus processos de
desenvolvimento.
99
Educação Especial e Inclusão Escolar
maneira geral e de forma mais específica nas práticas da sala de aula comum,
então parece-me que há a compreensão sobre a importância do meio social e
sobre a incapacidade de se provocar mudanças no aluno caso as trocas sociais
permaneçam inalteradas.
100
Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
FONTE: <http://lattes.cnpq.br/0723803904645575>.
há certa defasagem
de conhecimentos,
Felipe Mianes é graduado em História pela Pontifícia Universidade
competências e
Católica do Rio Grande do Sul (2003). Tem experiência na área de habilidades dos
Teorias da História e História Cultural. Mestre em Educação pela profissionais da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - Linha de educação especial em
lidar com os alunos
Pesquisa Estudos Culturais em Educação. Doutor em Educação pela cegos ou com baixa
UFRGS, orientado pela professora Dra. Lodenir Becker Karnopp. visão. Afinal, ainda
Doutorado Sanduíche na Universitat Autonoma de Barcelona. Pós- existe a ideia de que
Doutorado em Educação pela ULBRA. Realiza pesquisas com ênfase basta fornecer material
em braille ou em
nos campos de Estudos Culturais, Didática, Acessibilidade, narrativas letras ampliadas para
de pessoas cegas ou com baixa visão, Audiodescrição e Estudos resolver o problema
sobre Deficiência. Endereço para acessar este CV: <http://lattes.cnpq. de um aluno com
deficiência visual, e as
br/0723803904645575>.
adaptações vão muito
além de questões
1 A partir de sua experiência e estudos, descreva como você materiais, é preciso
entende a Deficiência Visual no contexto da Educação Especial saber como usar os
recursos, identificar
e Inclusiva? as necessidades
de cada aluno, já
Ainda que a cegueira e a baixa visão sejam as deficiências mais que a baixa visão,
comuns no Brasil, existe uma quantidade proporcionalmente menor por exemplo, tem
uma variação muito
de pesquisas sobre a deficiência visual, e talvez por isso quase não grande para cada
haja disciplinas sobre essa deficiência nos cursos de graduação, pessoa o que dificulta
poucos artigos publicados em revistas cientificas e até raros projetos a aprendizagem e
o ensino caso seja
de extensão. Por conta disso, há certa defasagem de conhecimentos,
seguido sempre o
competências e habilidades dos profissionais da educação especial mesmo padrão.
101
Educação Especial e Inclusão Escolar
em lidar com os alunos cegos ou com baixa visão. Afinal, ainda existe a ideia de
que basta fornecer material em braille ou em letras ampliadas para resolver o
problema de um aluno com deficiência visual, e as adaptações vão muito além
de questões materiais, é preciso saber como usar os recursos, identificar as
necessidades de cada aluno, já que a baixa visão, por exemplo, tem uma variação
muito grande para cada pessoa o que dificulta a aprendizagem e o ensino caso
seja seguido sempre o mesmo padrão.
No caso das políticas públicas para a deficiência visual, todas elas estão
contempladas naquelas que também amparam as demais deficiências, já que não
há regramentos especificamente para os estudantes cegos ou com baixa visão.
Na Lei 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão das Pessoas Com Deficiência)
alguns artigos mencionam diretamente ao falar de recursos como audiodescrição,
braille, livros didáticos adaptados e outros. Da mesma maneira, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, a Lei 5.296/2004 (Lei de Acessibilidade) e outras
portarias do Ministério da Educação e das Comunicações, por exemplo. Muitas
dessas políticas públicas preocupam-se somente com os aspectos estruturais,
arquitetônicos e materiais, mas deveriam versam também sobre questões
atitudinais, sociais e educacionais. Isso faria com que as legislações existentes
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
pudessem ser cumpridas com maior efetividade, do mesmo modo como deveria
acontecer com as demais deficiências.
Quero dizer com isso, que tratar um aluno com deficiência igual aos demais
é um erro, pois ele não é e não há mal nenhum nisso, muito pelo contrário. Ao
passo que os parâmetros terapêuticos e clínicos objetivam apagar as diferenças
fazendo com que todos os alunos sejam os mais “normais” possíveis, há outras
formas de se perceber esse aluno com deficiência, modos de pensar e agir
que levem em conta a peculiaridade de cada um, a dificuldade de cada um e a
harmonia entre todos.
103
Educação Especial e Inclusão Escolar
estudante seguiria sendo diferente dos outros, mas suas oportunidades estariam
equiparadas, as exigências sobre suas competências e habilidades poderiam ser
equiparadas a daqueles que enxergam.
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
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Educação Especial e Inclusão Escolar
levando em conta aquilo que ele tem de potencial e não de limitações. Além
das atribuições de desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem dos
conhecimentos das maneiras mais acessíveis possível. Cabe ao docente o papel
de incluir e integrar o aluno com deficiência à turma, diminuindo o distanciamento,
estranhamento e até algum preconceito que possa existir. E isso pode ser
realizado de diversas maneiras, desde atividades que façam com que os demais
alunos não usem a visão e sim os demais sentidos para entender a situação do
colega até o estímulo ao direito de cada um ser diferente.
Um exemplo disso, quando um aluno com baixa visão não enxerga o que
está escrito no quadro ou quando for um aluno cego, não há necessidade dele
se sentar nas carteiras bem à frente do professor – salvo que tenha alguma outra
necessidade específica -, pode sim ter seu lugar em meio aos demais colegas,
no meio da sala, no fundo, na ponta, seja como for o aluno estará integrado com
os demais. Isso porque, é uma espécie de “quebrar uma barreira invisível” entre
os alunos com e sem deficiência, onde o primeiro deve estar sempre isolado dos
demais, quando na verdade é exatamente o contrário, ele precisa estar junto e
integrado com todos, em meio a todos, ser diferente mas partilhar do convívio de
todos os colegas. Por fim, os profissionais do AEE são aqueles que tem formação
específica para lidar com algumas deficiências e para dar suporte ao professor
no processo de ensino e aprendizagem. Como por exemplo, são aqueles que
ensinam braille aos alunos que precisam aprender, são os que confeccionam os
materiais nesse código de escrita para os cegos. São eles que adaptam os livros
para que possam ser lidos pelos softwares leitores de tela, ou então que adaptam
os materiais para os alunos com baixa visão conforma suas necessidades, ou
que descrevem imagens ou materiais audiovisuais. Isso quer dizer, que seu nível
de especialidade em uma determinada deficiência é maior que a do professor
regente da turma, e que por isso mesmo é sua responsabilidade dar o suporte ao
aluno e trabalhar em conjunto com o professor para que esse tome as decisões e
utilize os materiais adequados para cada aluno cego ou com baixa visão.
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
FONTE: <http://lattes.cnpq.br/9326148803626176>.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
Olhar para o espectro classificados de leve a severo. Dependendo do caso, pode apresentar
no contexto de uma comportamento estereotipado, repetitivo e fixado, comunicação
educação especial
e inclusiva é olhar verbal, ecolálico, ou não verbal e ausência de relacionamento social.
para cada sujeito em A esse respeito, olhar para o espectro no contexto de uma educação
sua individualidade, especial e inclusiva é olhar para cada sujeito em sua individualidade,
com múltiplas
com múltiplas possibilidades de intervenção a fim de oferecer o melhor
possibilidades de
intervenção a fim de desenvolvimento de suas potencialidades e aprendizagens de cada
oferecer o melhor criança. A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da
desenvolvimento de Educação Inclusiva reafirma o direito de todos os alunos frequentarem
suas potencialidades
e aprendizagens de o ensino regular.
cada criança.
No entanto, enquanto coordenadora pedagógica em uma escola
A política de inclusão de Ensino Fundamental percebo a fragilidade do corpo docente nos
visa garantir o processos de inclusão, principalmente de alunos com autismo. A
direito de todos os adaptação, por exemplo, era um momento de muita expectativa para o
alunos com todas
as especificidades docente. A política de inclusão visa garantir o direito de todos os alunos
a frequentarem o com todas as especificidades a frequentarem o ensino regular. Mas,
ensino regular. Mas, como esse direito é garantido? De que forma podemos pensar em
como esse direito é
um atendimento de qualidade, atendendo as particularidades de cada
garantido? De que
forma podemos pensar sujeito? São alguns questionamentos e provocações que merecem ser
em um atendimento de abordados e que precisam de um olhar mais aprofundado. A educação
qualidade, atendendo para ser realmente inclusiva, deve reconhecer as diferenças, buscar
as particularidades
de cada sujeito? práticas comuns, conviver com a diversidade. É importante que a escola
São alguns disponha de ferramentas para auxiliar a todos, potencializando as
questionamentos aprendizagens, destacando as conquistas e não somente as limitações.
e provocações Acredito em uma educação inclusiva que valorize a diversidade como
que merecem ser
abordados e que condição humana trazendo para educação o desafio de superar as
precisam de um olhar limitações existentes, sejam elas de conhecimento, formação ou
mais aprofundado. políticas públicas.
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
Esta lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução.
– A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva, reafirma o direito de todos os alunos frequentarem o ensino
regular, incluindo todas as especificidades.
– Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006) -
Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, este por sua vez orienta os
sistemas de ensino com relação a inclusão de alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
– LDB LDBEN (lei nº 9.394 de 20/12/96) – a educação especial constitui
uma modalidade de educação escolar;
– Decreto Legislativo n° 186/2008 e pelo Decreto Executivo n° 6.949/2009
- referenciais nacionais para a construção de sistemas educacionais
e a organização de escolas inclusivas, define o público-alvo da
Educação Especial – alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
– Lei Brasileira de Inclusão (LBI) - lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. A
educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema
educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda
a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus
talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo
suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.
– NOTA TÉCNICA Nº 24 / 2013 / MEC / SECADI - Orientações para o
atendimento das crianças com o Transtorno do Espectro Autista nas
escolas regulares.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
2. 4 ENTREVISTA 4 – SURDEZ
FIGURA 4 - GRACIELE KRAEMER
FONTE: <http://lattes.cnpq.br/5002662037058558>.
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
4 Na sua visão, qual seria o papel dos serviços de apoio, da escola regular,
da escola de Surdos, do professor em sala de aula, do professor do AEE e
da família para enfrentarmos os desafios voltados à inclusão dos alunos
ditos incluídos na escola regular?
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Educação Especial e Inclusão Escolar
FONTE: <http://lattes.cnpq.br/2708237054125840>.
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
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Educação Especial e Inclusão Escolar
FONTE: <http://lattes.cnpq.br/5492100363304134>.
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
123
Educação Especial e Inclusão Escolar
aos alunos na sala de recursos multifuncionais” (BRASIL, 2009, p. 3). Com base
na legislação e na minha experiência de trabalho no AEE a organização de duplas
e pequenos grupos favorece a troca entre os pares e auxilia na aprendizagem dos
alunos atendidos no AEE.
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
3 POSSIBILIDADES PARA O
TRABALHO PEDAGÓGICO
Considerando a riquíssima contribuição destes profissionais/pesquisadores
destaca-se três dimensões relativas ao processo de in/exclusão que deve ser
considerado ao construir uma proposta inclusiva nos contextos educacionais.
São elas: 1. Presença ou ausência dos sujeitos; 2. Olhar Pedagógico ou Clínico/
terapêutico; 3. Proposta em rede/coletiva ou individual.
127
Educação Especial e Inclusão Escolar
Como fruto das relações sociais esse sujeito estará sempre ocupando
diferentes lugares, posições, ainda que os marcadores da deficiência (orgânicos)
os constituem, precisamos considerar as possibilidades (sociais/culturais)
envolvidas nesse processo.
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
Nessa perspectiva, não há uma única posição para esse sujeito. Sua presença
ou ausência no contexto educacional vai se dar de acordo com as relações
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
Ainda que considerado esses aspectos não podemos falar que teremos
uma inclusão total, um lugar de inclusão que alcançaremos. Enfatiza-se ainda o
processo de in/exclusão porque trata-se de um movimento de luta constante. Tal
luta envolve, segundo Eliana Meneses,
133
Educação Especial e Inclusão Escolar
Não cabe apenas a esse profissional fazer isso, mas talvez ele tenha mais
condições para efetivar essas articulações que os demais profissionais envolvidos.
Afina, o trabalho mais complexo não seria atender o aluno propriamente dito, mas
antes pensá-lo a partir dessa rede que o constitui.
134
Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
que uma das questões mais difíceis de serem modificadas no trabalho docente
consiste nas verdades que os professores possuem sobre a escola, a realidade e
os alunos.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Encerra-se o texto, mas não é possível concluir as ideias. Quando pensamos
na inclusão, dessa forma em que foi abordada nesse capítulo, e em todo o livro,
considera-se o processo de in/exclusão. Compreender como processo exigirá
esse movimento constante de perguntar, questionar, investigar, desconfiar,
problematizar as instituições, as práticas e os sujeitos envolvidos.
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
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DADES DA INCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
American Psychiatric Association (APA). Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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Educação Especial e Inclusão Escolar
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Capítulo 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS E AS ESPECIFICI-
DADES DA INCLUSÃO
LOPES, Maura Corcini. FABRIS, Elí T. Henn Fabris. Inclusão e Educação. Belo
Horizonte: Autêntica, 2013.
PLETSCH, Márcia D. PAIVA, Carla de. Por que as escolas continuam “laudando”
alunos com deficiência intelectual. Revista Educação Especial, v. 31, n. 63,
Santa Maria, 2018.
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