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Sugestões aos iniciantes no estudo do Tarô

Constantino K. Riemma  

Para estudar os símbolos do tarô basta simplesmente ter interesse e reservar um tempo para
leitura, tal como acontece em relação a qualquer outra área de conhecimento. Dispomos para
isso de muitos livros publicados e de inúmeras linhas de abordagem divulgadas pela Internet.
O volume de informações é grande e uma questão inicial aparece: "por onde começar?" Se
estivéssemos buscando por símbolos arquitetônicos, dependendo do grau de profundidade
desejado, poderíamos recorrer às escolas de arquitetura, aos tratados técnicos e aos especialistas
nessa área. Já no caso de artes informais, entre as quais se encontra o jogo de baralho, o cenário
pode se mostrar disperso e contraditório.
Dificuldades iniciais
Quando se trata da astrologia e do tarô, que compreendem conhecimentos não organizados em
padrões acadêmicos ou universitários, e cuja aplicação profissional não está sujeita a
regulamentação oficial, a situação pode se mostrar embaralhada para quem deseja iniciar seus
estudos. A vantagem da astrologia é a de se tratar de um conhecimento milenar que se mantém
vivo até hoje, respaldado por incontável lista de sábios que registraram seus conhecimentos
sobre essa arte-ciência. Embora a astrologia também seja utilizada de modo simplista em
revistas e publicações populares, existem escolas respeitadas para transmitir o saber disponível.

Tarô e Astrologia - diferentes fundamentos simbólicos

Já o tarô está longe do respaldo existente na astrologia, pois se trata de um jogo recreativo, sem
tradição milenar e que apenas nos últimos dois séculos e meio passou a ser valorizado
simbolicamente. Além disso, nos deparamos com uma mistura confusa de inúmeras linhas de
abordagem das cartas, sem contar os aproveitadores da crendice popular que inventam de tudo
para chamar atenção e que se passam por magos ou videntes.
Os primeiros passos
O que acabo de comentar não impede de encontrarmos estratégias simples para iniciar o estudo
das cartas do tarô. Vejamos quatro indicações básicas.
1º - escolher um bom manual
Se o interesse de estudo for simples e direto — conhecer os significados das cartas para aplicar
em tiragens e leituras — existem bons manuais de autores estrangeiros e brasileiros, como
podem ser vistos na seção Livros & Autores. Entre eles destaco o Manual do Tarô de Hajo
Banzhaf.
Se o interesse for pelo o conhecimento simbólico em profundidade, tenho em alta conta dois
livros: Jung e o Tarô de Sallie Nichols e Meditações sobre os Arcanos Maiores do Tarô de
Valentin Tomberg. Essas obras dispõem de material suficiente para meses e meses de reflexão e
de intercâmbio entre companheiros de estudo.
É bom lembrar que o Clube do Tarô tem muito material para estudo, com acesso pelo Menu: | O
Tarô | Baralhos & Galerias | Arcanos Maiores | Arcanos Menores | Aplicações-Tiragens.
Nesse sentido o site constitui uma verdadeira biblioteca, com diferentes níveis de textos, que
partem de artigos básicos com links para estudos de aprofundamento, sob vários pontos de vista,
apresentados pelos diferentes colaboradores.
2º - aprender com quem sabe
Seja estudando manuais ou destrinchando o conteúdo do Clube do Tarô, daremos conta apenas
das informações e significados. Já para a prática e para desenvolver o pensamento simbólico
será sempre importante o contato direto com quem tem experiência. Ou seja, estude tudo o que
puder em livros ou no site e, quando tiver oportunidade ou chegar o momento, procure tarólogos
com prática para dar o segundo passo.
Como acontece com todas as habilidades humanas, desde cozinhar para a família até aplicar
alguma técnica terapêutica, existem qualidades que ganham vida apenas pela transmissão direta
daqueles que sabem realmente. É indispensável praticar sob a orientação de quem tem
conhecimento e experiência acumulada.

Educação: pesquisa-intuição e reverência-inspiração


Vitral de Louis C. Tiffany na Universidade de Yale - Estados Unidos

Para reforçar o significado da transmissão direta, podemos lembrar que no aprendizado


tradicional da cartomancia, nada existe de formal ou apoiado em livros. As parteiras ou
benzedeiras, as avós ou tias, ensinavam sua arte diretamente àqueles que estavam próximos e
tinham assiduidade de contato. É pela convivência com as boas almas que a atitude correta de
ajuda ao próximo e o cuidado na expressão ganham vida e se tornam esteios valiosos para a
utilização das cartas do baralho.
3º - praticar com leveza
Uma atitude que pode ajudar muito o iniciante é praticar a utilização das cartas de modo
despretensioso, como um verdadeiro aprendiz. O que mais atrapalha é ser engolido pela
obrigação de virar adivinho, de surpreender as pessoas com revelações do outro mundo.
Um recurso que dá ótimos resultados e permite ganhar segurança crescente consiste em fazer
leituras para amigos, colegas e conhecidos próximos. O clima se torna mais leve e estimula o
estudo, permitindo-nos inclusive rever durante as jogadas o que dizem os manuais sobre o
significado das cartas. "Pesquise o que desconhece e cuide para não cair na tentação de se fazer
de doutor", dizia um velho mestre.
Tudo ficará mais fácil se o iniciante substituir a pressão de adivinhar pela disposição de estudar,
de validar na prática o que está sendo mostrado pela cartas. E para isso é importante ouvir o
nosso interlocutor, como de fato ele vive o assunto que esta sendo tratado na tiragem. A
validação do significado das cartas virá pela vida real e não pela imaginação.
4 - utilizar técnicas simples
As tiragens complexas, como "mandala astrológica", "cruz celta", podem aumentar os
embaraços do iniciante, pois a qualidade da leitura não depende de formatos pré-estabelecidos.
O rigor e o acerto são estimulados quando o próprio leitor estabelece previamente a função de
cada carta na tiragem. Essa e outras questões técnicas estão detalhadas em Aplicações &
Tiragens e no texto de apresentação do Índice de tiragens. Para ir direto às técnicas simples
veja, por exemplo, Tiragem por três.
Um bom exercício, que combina diferentes caminhos, é o de sortear uma carta toda manhã para
retratar como será o transcurso do dia. No final do período, avaliamos como se passaram as
coisas na realidade e comparamos com a carta. Esse exercício poderá ser muito revelador e
ganhar força com a repetição. As conclusões obtidas em cada experiência também poderão ser
comparadas com o que dizem os manuais ou os textos disponíveis no Clube do Tarô. Tais
exercícios combinam prática, vivência direta e leitura, ampliando assim os conhecimentos sobre
os significados práticos e simbólicos do tarô.
Os passos seguintes
À medida que estudamos e entramos em contato com tarólogos e cartomantes experientes vão se
tornando mais claras as nossas afinidades com determinados estilos de leitura, assuntos
colocados, níveis de compreensão. Esse processo de estudo e observação é indispensável para
definirmos de modo natural a nossa própria linha de utilização das cartas e as formas mais
adequadas para as tiragens.
O cuidado mais importante que devemos tomar é não nos aprisionarmos nas dezenas de regras
arbitrárias que existem por aí: "Isso não pode", "Só pode ser assim", "Tem que cortar com essa
mão", "Embaralhar assim"... Não passam de praxes discutíveis que nada acrescentam ao esforço
de compreensão e de aplicação dos símbolos das cartas.
A seção Aplicações das Cartas e Tiragens oferece muito material para refletirmos sobre o
problema dos formalismos que limitam a relação criativa com o tarô. Quem quiser ir direto ao
tópico que sugere a atitude livre em relação às regras veja: Detalhes
É ótimo trocar experiências. O estudo das linguagens simbólicas mostra-se inesgotável e sempre
nos encantam os segredos revelados pelo caminho.

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