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Junho de 2020

DESTAQUES
Políticas expansionistas e relaxamento
nas medidas de distanciamento social
animam os mercados globais
Junho de 2020

Resumo do mês anterior Principais indicadores


no mês | Mai-20
Cenário Internacional
CDI 0,2%
O mês de maio foi marcado pela forte recuperação nos mercados
financeiros ao redor do mundo, com destaque para a apreciação das Dólar 2,7%
moedas emergentes frente ao dólar. Esse movimento pode ser explicado
por uma série de fatores positivos que vêm ocorrendo desde o fim de abril. Ibovespa 8,6%
Em primeiro lugar, estamos assistindo ao contínuo achatamento das
curvas de contaminação pela Covid-19, principalmente na Ásia, na Europa IMA-B 1,5%
e nos EUA. Os dados mostram queda significativa na taxa diária de
crescimento de novos casos, o que traz otimismo para o retorno da IRF-M 1,4%
atividade econômica. Em função da queda nas taxas de contaminação,
vários países ao redor do mundo começaram a flexibilizar as medidas de S&P 500 4,5%
restrição social/econômica. Sendo assim, o abrandamento das políticas de
isolamento social é um dos fatores que sustentaram a recuperação dos
mercados nas últimas semanas.

Taxas de Câmbio frente ao Dólar em 2020 (Base 100 = média Jan/20)


150
140
130
120
110
100
90
31-Jan-20 17-Feb-20 05-Mar-20 22-Mar-20 08-Apr-20 25-Apr-20 12-May-20 29-May-20
Real Peso Mex Rublo Peso Colombiano Peso Chileno Zar

Fonte: Genial Investimentos

Em segundo lugar, a execução de políticas expansionistas no campo fiscal


e monetário tem ajudado a atenuar a aversão ao risco por parte dos
investidores. Os governos da maioria dos países estão colocando em
prática várias medidas de expansão fiscal, e os Bancos Centrais ao redor
do mundo estão injetando liquidez de maneira substancial desde março.

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Nos EUA, as taxas de juros no mercado de curto prazo de dívidas


corporativas (money market) já apresentam retorno aos níveis anteriores
ao surto de Covid-19, indicando que as medidas de injeção de liquidez
estão surtindo efeito. A execução dessas políticas expansionistas tem
contribuído para melhorar as expectativas em relação ao ritmo de
retomada após o segundo trimestre.

Por último, os PMIs globais apresentaram resultados um pouco acima das


expectativas em maio, o que dá suporte à visão de recuperação econômica
consistente nos próximos meses. Já os índices de condições de negócios ainda
mostram níveis de produção e emprego bastante deprimidos. Contudo, os
resultados acima da expectativa na Europa, na China e nos EUA, juntamente
com o abrandamento das políticas de isolamento social nos países
desenvolvidos, dão sustentação à recuperação dos mercados financeiros.

Os fatores descritos acima também são decisivos para o movimento de


recuperação nas Bolsas. Em maio, o S&P subiu 4,5%, enquanto o MSCI
Europe subiu 4,1%. Apesar do tom positivo dos mercados, voltamos a
salientar que ainda há elevada incerteza sobre a evolução do vírus. Há risco
de novas ondas de contaminação enquanto não houver vacina contra o
novo coronavírus. Além disso, a retomada da atividade econômica em
ritmo mais gradual do que o esperado ainda segue no radar.

Cenário doméstico

No Brasil, o Ibovespa subiu 8,5%, e o real apreciou 2,7% em relação ao


dólar em maio. Esse movimento positivo se deu principalmente a partir da
segunda metade do mês. Desde o dia 15 de maio, as moedas emergentes
têm se valorizado substancialmente em relação ao dólar americano, como
reflexo dos fatores globais descritos acima. Nas duas últimas semanas de
maio, o real se destacou frente aos emergentes e apreciou 8,9% frente ao
dólar, enquanto o peso mexicano, o zar sul-africano e o peso chileno
valorizaram 7,31%, 5,4% e 3,5%, respectivamente.

Apesar dessa recuperação da Bolsa e da moeda doméstica (seguindo os


movimentos globais), no Brasil, a curva de contaminação ainda preocupa.
O país encerrou o mês de maio com 516 mil casos confirmados de Covid-
19 (mais de 560 mil no momento em que este relatório é escrito) e com
taxa média de crescimento diário de novos casos ao redor de 5%, bem
acima da média da Europa para o mesmo número de dias após o
centésimo caso, que era de 0,5% em média. Apesar de ter um achatamento

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da curva de contaminação muito mais lento do que no resto do mundo, o


Brasil iniciou a flexibilização das medidas de isolamento social em junho.

O Brasil tem sofrido fortes impactos econômicos desde o início do surto de


Covid-19. O PIB do primeiro trimestre de 2020 recuou 1,5% em relação ao
último trimestre do ano passado. Na comparação com o mesmo período do
ano anterior (comparação interanual), houve leve queda de 0,3%, sendo
que a economia brasileira vinha crescendo cerca de 1,5% nessa base de
comparação antes da pandemia. A queda do PIB foi puxada por uma forte
queda no consumo das famílias, que tem sido muito afetado pela
paralização dos setores de serviços e varejo e pelo aumento do desemprego.

Evolução do PIB brasileiro


4%

2%

0%

-2%

-4%

-6%
mar/15 set/15 mar/16 set/16 mar/17 set/17 mar/18 set/18 mar/19 set/19 mar/20

Fonte: Genial Investimentos

A taxa de desemprego subiu de 12,2%, em março, para 12,6%, em abril,


com a maior queda da série histórica da taxa de participação na pesquisa.
Devido ao isolamento social, as pessoas deixaram de procurar emprego, o
que torna o resultado da pesquisa do IBGE bem mais preocupante do que
o desemprego em si. Sendo assim, a forte queda na taxa de participação
indica que à medida que as políticas de isolamento social forem sendo
relaxadas, a taxa de desemprego tende a subir de forma bastante
expressiva, pois as pessoas voltarão a procurar emprego.

A produção industrial em abril, frente a março, apresentou queda de


18,8%. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a queda foi
de 27%. Os resultados de abril refletem o tamanho do efeito das políticas

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de combate ao Covid-19 na atividade econômica. Projetamos quedas em


magnitude semelhante nos setores de serviços e varejo para abril e maio.
Contudo, com a flexibilização das políticas de isolamento que devem ter
início ao longo de junho, o terceiro trimestre deve apresentar recuperação
econômica em relação ao segundo trimestre, embora provavelmente
ainda com queda do PIB na comparação interanual.

Perspectivas para os próximos meses


Com a flexibilização das políticas de isolamento social, os dados econômicos
devem apresentar melhora significativa a partir de junho. Contudo, dada a
lenta melhora na evolução da curva de Covid-19 nos últimos dias no Brasil,
ainda há muita incerteza quanto a um retorno das medidas restritivas nas
próximas semanas. Apesar disso, entendemos que o pior momento para a
atividade econômica será no segundo trimestre deste ano. A evolução na
agenda do Congresso tem sido positiva. Em maio, o Congresso aprovou a lei
do orçamento de guerra e a ajuda emergencial aos Estados e municípios. As
duas leis são primordiais para possibilitar que o governo federal e os
governos locais lidem com os efeitos nocivos da Covid-19.

Com as medidas fiscais aprovadas, o foco de preocupação passa a recair


sobre a sustentabilidade da dívida pública nos próximos anos. A elevação
das taxas de juros longas, mesmo com as recentes quedas da taxa Selic,
reflete a preocupação dos investidores com a solvência do País. Após a
superação das crises econômica e de saúde, causadas pela Covid-19, as
atenções devem se voltar para a trajetória fiscal do Brasil.

Mantemos a projeção de elevação da dívida bruta em relação ao PIB dos


atuais 76% para cerca de 88%-90%. A partir de 2020, a trajetória da dívida
pública passará a ser muito sensível à diferença entre a taxa de juros de
equilíbrio e o crescimento do PIB. Portanto, para que o país retome a
trajetória sustentável da relação dívida/PIB será preciso voltar a discutir a
agenda de reformas estruturais de forma mais intensa. A reforma
administrativa e as reformas das previdências estaduais devem voltar ao
centro da atenção do Congresso ao longo de 2020.

Mantemos nossa projeção de recuo do PIB de 5,4% em 2020, com taxa de


desemprego dessazonalizada encerrando o ano em 15,4%. Dada a
projeção de forte queda no PIB e a baixa inflação esperada para 2020 e
2021, projetamos Selic em 2,5% no fim deste ano.

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Estratégia de alocação
Abaixo, segue tabela com o resultado de nossas carteiras recomendadas
em maio, mês em que todas as nossas carteiras performaram muito acima
de seus respectivos objetivos de retorno. Os principais fatores que
explicam esse excelente resultado foram nossas alocações em Bolsa local,
que se beneficiaram da alta de 8,6% do Ibovespa no mês passado; os
portfolios com alocações em fundos multimercado performaram bem em
função de um posicionamento construtivo para risco, pois ganharam
dinheiro com suas alocações em Bolsa local (+8,6%), em Bolsa
internacional, principalmente via S&P (+4,5%), com posições aplicadas em
juros locais (fechamento de 49 bps, 57 bps e 50 bps nos vértices curtos,
intermediários e longos respectivamente) e com a valorização do BRL
versus USD (+2,7%). Nossas carteiras mais conservadoras também se
beneficiaram de uma recuperação dos mercados de crédito, em que
carregamos exposição expressiva.

Alocações por Perfil do Investidor1


Perfil do investidor CONSERVADOR MODERADO ARROJADO AGRESSIVO

Renda Fixa 95% 65% 50% 30%


Multimercado 5% 30% 30% 30%
Renda Variável - - 10% 25%
Fundos Imobiliários - 5% 10% 15%

1 Alocação atual da Genial Investimentos em cada classe de ativos, relativamente às alocações estruturais

O resultado positivo de nossas posições pode ser atribuído principalmente


à continuidade no movimento de melhora dos mercados que vimos no
mês anterior. Essa recuperação está relacionada a: (1) relaxamento dos
lockdowns e queda no número de novos casos nos países desenvolvidos;
(2) grande magnitude dos estímulos que estão sendo adotados por grande
parte dos países ao redor do mundo (em velocidade e tamanho inéditos,
utilizando parte do receituário desenvolvido após a crise financeira de
2008); e (3) otimismo em relação às pesquisas que estão sendo
desenvolvidas por vários cientistas para criar uma vacina que possa
combater a Covid-19. Entretanto, ainda existe bastante incerteza a
respeito do comportamento do vírus nos próximos meses (veremos uma
segunda onda?) e de como será o comportamento dos indivíduos à medida

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que as políticas de restrição forem sendo removidas (em que velocidade a


atividade econômica será retomada?). Adicionalmente às preocupações
relacionadas ao desenvolvimento da pandemia, observamos nos últimos
dias uma grande onda de manifestações nos EUA contra eventos de racismo,
o que traz ainda mais incertezas em um ano já bastante complicado e com
eleições presidenciais marcadas para novembro. Para concluir a parte das
incertezas, a escalada da disputa entre EUA e China, que havia saído do
radar nos últimos meses, volta a trazer tensão aos mercados internacionais,
mostrando que se trata de uma disputa geopolítica, e não somente
comercial, que deverá se arrastar por muitos anos ainda.

No Brasil, observamos uma desaceleração contundente no 1º trimestre de


2020, apesar do impacto da pandemia na economia local ter ficado restrito
aos últimos 15 dias do trimestre, demonstrando que, talvez, a economia
estivesse rodando em um patamar abaixo do esperado anteriormente. Em
função dos números econômicos e de inflação baixos, o COPOM decidiu
cortar 75 bps na última reunião e indicar um corte de “até 75 bps” na
reunião de junho, a depender da evolução do cenário econômico local e
global – o BC demonstrou que seguirá a cartilha do regime de metas de
inflação. Desde a última reunião, o cenário para cortes na taxa Selic se
desenrolou de modo condizente com os novos estímulos, pois o real se
apreciou frente ao USD, a economia continua apresentando números
fracos e a expectativa de inflação segue muito bem ancorada e com
perspectivas de ficar em patamares baixos por um longo período. Em
função disso, parte do mercado já começa a projetar que o COPOM possa
ir além dos 75 bps “contratados” na última reunião.

Após a forte recuperação dos mercados nos dois últimos meses e com o
nosso racional de alocação de longo prazo, decidimos manter as alocações
por classe de ativo em todas as nossas carteiras. Mais uma vez,
gostaríamos de reforçar a confiança na qualidade das alocações de nossas
carteiras recomendadas, pois o nosso processo de seleção de ativos está
baseado em uma longa e meticulosa avaliação feita por nossos gestores.
Estamos seguros de que as gestoras em que alocamos tem um histórico
longo e de sucesso em gestão de recursos em momentos de crise e de
incerteza.

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Retorno das Carteiras Recomendadas (% CDI)


NOME MAI/2020 2019 6 MESES 12 MESES 18 MESES 24 MESES

Conservador 183,2% -89,6% -39,4% 56,0% 82,3% 91,8%


Moderado 291,1% -370,5% -235,4% 4,0% 56,1% 70,8%
Arrojado 911,7% -660,7% -416,2% -25,2% 51,6% 91,1%
Agressivo 1376,5% -884,4% -553,0% -40,0% 56,6% 103,4%

Índices de Mercado
NOME MAI/2020 2019 6 MESES 12 MESES 18 MESES 24 MESES

CDI 0,2% 1,5% 1,9% 4,9% 8,1% 11,6%


Dólar 2,7% 34,6% 28,5% 35,8% 40,7% 45,5%
Ibovespa 8,6% -24,4% -19,2% -9,5% -2,6% 14,9%
IMA-B 1,5% -3,6% -1,7% 7,4% 20,6% 32,3%
IRF-M 1,4% 4,0% 4,7% 11,5% 18,5% 26,2%
S&P 500 4,5% -5,8% -3,1% 9,4% 11,2% 13,2%

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