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ESCOLA

ESTRUTURALISTA

Aula Conceito, influência, principal

04
antropólogo, tipos de
sociedade, estruturalismo x
Funcionalismo
Estrututura em sentido restrito:
SOBRE O CONCEITO...
A forma restrita é, no geral, a que mais corresponde
ao uso do termo na linguagem comum. Nesse sen-
Entende-se por estruturalismo o método ou tido, fala-se da estrutura de um edifício e da corre-
o processo de pesquisa em cuja base encon- lação entre suas partes que assegura a estabilida-
tra-se o conceito de estrutura com o signifi- de dele e lhe permite corresponder ao uso a que é
cado de sistema. Foi a linguística do século destinado.
XX que, ao elaborar uma nova concepção de
linguagem, estabeleceu as bases conceitu-
ais do estruturalismo. Essas bases foram as-
sumidas pelo estruturalismo antropológico
e, posteriormente, difundiram-se para todas Estrutura em sentido genérico:
as áreas das ciências humanas e sociais.
Em sentido genérico, o termo estrutura significa o
Quando se fala em estrutura pensa-se em plano de uma relação. Nesse sentido, diz-se que
regras de disposição sistemática de elemen- duas relações têm a mesma estrutura quando o
tos. Mas o termo estrutura é vago e ambíguo, mesmo plano vale para ambas, ou seja, quando as
portador de vários significados; possui, por- relações são análogas tanto quanto um mapa geo-
tanto, alcance e sentidos diferentes que pre- gráfico tem analogia com a região que representa.
cisam ser especificados. Assim, estrutura é um conceito generalíssimo que
equivale a plano, construção, constituição etc.
INFLUÊNCIA DA LINGUÍSTICA
A palavra estrutura é, por um lado, sinônimo de forma; por outro lado, é sinônimo de sistema como con-
junto ou totalidade de relações. Foi neste último sentido que a palavra passou para a linguística ou estu-
do da linguagem. Nesse sentido Saussure, linguista e filósofo suíço, diz que “a língua é um sistema cujas
partes todas devem ser consideradas em sua solidariedade sincrônica”.

Saussure estabeleceu para a linguística as seguintes bases conceituais, que inspiraram o estruturalismo
antropológico:

a linguagem é constituída pela distinção entre língua e fala; língua é uma instituição social e um

A
sistema, ou uma estrutura objetiva que existe com suas regras e princípios próprios, enquanto fala
(palavra) é o ato individual do uso da língua, tendo existência subjetiva por ser o modo como os
sujeitos se apropriam da língua e a empregam;
a língua é uma totalidade dotada de sentido na qual o todo confere sentido às partes, isto é, as

B partes não existem isoladas nem somadas, mas apenas pela posição e função que o todo da lín-
gua lhes dá e seu sentido vem dessa posição e dessa função;

C
a língua é um sistema convencional, cujas partes podem e devem ser consideradas em sua soli-
dariedade sincrônica;

D
a língua é inconsciente, ou seja, as pessoas falam sem ter consciência da sua estrutura (regras,
princípios, funções).
LÉVI-STRAUSS (1908- 2009)
Lévi-Strauss é considerado o mais célebre re-
presentante do estruturalismo antropológico,
define estrutura como um sistema de elemen-
tos tal que uma modificação qualquer de um
elemento implica uma modificação de todos os
outros. Estrutura é um modelo conceitual que
deve dar conta dos fatos observados e permitir
que se preveja de que modo reagirá o conjunto
no caso da modificação de um dos elementos.

Ele destaca que as estruturas apenas se mos-


tram a uma observação feita de fora. Ele propõe
uma noção de estrutura que não se confunde
com a realidade estudada, mas deve basear-se
nela.
ESTRUTURA E CONSCIÊNCIA

Para Lévi-Strauss, a estrutura é um sistema Na concepção de Lévi-Strauss, as estrutu-


de relações, e é de sistemas desse gênero ras mentais inconscientes seriam respon-
que a sociedade é construída: sistema de sáveis, em última análise, pelas formas par-
parentesco, sistema de comunicação, sis- ticulares assumidas em cada cultura. Para
tema de troca etc. Além disso, a noção de ele, com as abordagens tradicionais da an-
estrutura social não se refere propriamen- tropologia, o máximo que se pode conse-
te à realidade empírica, mas aos modelos guir é detectar os modelos conscientes, isto
construídos segundo essa realidade. é, as normas e padrões de comportamento
da sociedade. 
ESTRUTURA E CONSCIÊNCIA
Nessa trilha, estabelece que “os modelos cons-
cientes – que se chamam “normas” – incluem-se
entre os mais pobres que existem, em razão de
sua função, que é de perpetuar as crenças e usos
mais do que lhes expor as causas. Assim, a análise
estrutural se choca com uma situação paradoxal,
bem conhecida pelo linguista: quanto mais nítida
a estrutura aparente, mais difícil torna-se apreen-
der a estrutura profunda, por causa dos modelos
conscientes e deformados que se interpõem como
obstáculo entre o observador e seu objeto”. 
SOCIEDADES QUENTES X SOCIEDADES FRIAS

Quentes Frias

mais abertas à menos


mudança estrutural suscetíveis a alterações

Lévi Strauss introduz a noção de que algumas sociedades são, em certo sentido, estáticas, razão pela qual
são especialmente talhadas para uma análise estrutural. Há, assim, uma diferença em espécie entre socie-
dades tribais (frias), cuja história é repetitiva, e sociedades complexas (quentes), que estão num estado de
mudança contínua. As sociedades primitivas tentam anular a história, relançar eventos como meras repe-
tições de um padrão cíclico estabelecido. Seu ideal seria permanecer no estado em que os deuses ou os
antepassados as criaram nos primórdios dos tempos. Por esses motivos, é mais fácil detectar as estruturas
mentais inconscientes básicas a partir de sociedade simples (culturas frias) do que no seio de sociedades
complexas (culturas quentes).
FUNCIONALISMO
X
ESTRUTURALISMO
A partir da construção de um desenvolvimento baseado
em instituições culturais, determinando a vida social pelas
funções que essas instituições desempenham nos grupos
humanos, o funcionalismo emprestou uma nova visão ao
“progresso” social: cada grupo humano estabelece funções
diferentes para suas instituições culturais, e ao fazer isso
se desdobra em inúmeras possibilidades esse devir; o “pro-
gresso” passa a ser visto mais como uma opção de valores
culturais do que determinação biológica, natural e tecnoló-
gica, como no evolucionismo.

No entanto, uma nova visão em antropologia vai levar a


considerações “mais profundas”: a crítica da Escola Estrutu-
ralista é que as funções de certas instituições culturais não
revelam por si mesmas as combinações e os sistemas de-
correntes da organização específica dos grupos humanos.
Esse conjunto de relações e formas sociais de existência
material é que Lévi-Strauss vai denominar estrutura. 
Uma estrutura, nesta visão, é o conjunto de relações sociais específicas de uma determinada organização
da produção para a vida em grupo, como no caso de parentesco e liderança mágica, que está na origem
das funções superficiais observáveis das instituições culturais.

A verdadeira relação de parentesco, de religiosidade, e mesmo de produção mate-


rial e econômica está estruturada em uma ordenação mental coletiva, um sistema
de elementos que abrange toda a coletividade.

Por isso, uma estrutura social não é imediatamente observável, pois ela está no subs-
trato da vida real, como na origem e por detrás da funcionalidade das instituições
e dos papéis que os indivíduos representam. O que o observador vê de imediato é
apenas a superficialidade, consequência da estrutura de relações e afinidades que
compõem um sistema de organização social. 
A SINCRONIA E A DIACRONIA NA
PERSPECTIVA ESTRUTURALISTA

O antropólogo estruturalista afirma a maior importância “do que permanece” sobre aquilo “que
é histórico”, ou seja, o que é perene é o que de fato repercute na estrutura social e, portanto, o
que mais interessa. O casual, as mudanças ocorridas na sociedade na história de curta duração,
na diacronia, interessa mais para início de construção da análise, seu ponto de partida. Assim, a
análise estruturalista é sincrônica. A dimensão temporal é apenas referente ao que é descritivo,
como um relato. 
RECAPITULANDO... ESCOLAS ANTROPOLÓGICAS

Evolucionismo Difusionismo
Século XIX Século XIX/XX
Única História e Cultura da humanidade Histórias e culturas particulares
Morgan, Tylor, Frazer Escola Americana: Franz Boas e alunos
“Antropologia de gabinete” Relativização

Antropologia
Funcionalismo Estruturalismo
Século XX Século XX/XXI
Rompimento com análise histórica (diacronia) Análise das estruturas profundas: inconscien-
Análise do funcionamento social (sincronia) tes, não as aparentes.
Malinowski, Radcliff Brown Lévi Strauss
Pesquisa de campo
Para a próxima aula...
Após percorremos as principais escolas antro-
pológicas nos deteremos no próximo capítulo a
estudar um conceito fundamental à Antropolo-
gia: a cultura.

O próximo capítulo encerra nosso módulo rela-


tivo a Antropologia. No módulo posterior estu-
daremos à mesma maneira a Sociologia.
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