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MANDADO DE SEGURANÇA

Base legal do mandado de segurança


Como podemos ver anteriormente, o mandado de segurança é o
remédio constitucional subsidiário aplicável contra ato irregular ou
ilegal de um agente público ou de pessoa jurídica que exerça poder
público.

Por ser subsidiário, ele é aplicado em situações onde os remédios


constitucionais de habeas corpus (para proteção dos direitos de
locomoção) ou habeas data (para proteção dos direitos à informação)
não forem aplicáveis. Isso significa que ele dá efetividade a todos os
outros direitos previstos na nossa Constituição.

A medida visa tutelar sobre direito líquido e certo quando há uma


ameaça real ao direito. O direito líquido e certo é aquele que não
precisa de provas adicionais para ser comprovado, pois se trata de um
direito que é fácil vislumbrar a partir de documentos.

Entre os coatores (aqueles que podem sofrer um mandado de


segurança) estão as autoridades públicas, aquelas que possuem poder
de criar e desfazer atos dentro da administração pública e pessoas
jurídicas que exerçam poder público e tenham os mesmos poderes.

Dessa forma, pode-se afirmar que este remédio constitucional


subsidiário não é aplicável a todos os agentes públicos, mas apenas
àqueles que tenham o poder de realizar os atos irregulares ou ilegais.

Lei 12.016/09
O mandado de segurança está previsto na Constituição Federal de
1988, mas é regulado pela lei específica 12.016, de 2009. Nela estão
definidas todas as suas particularidades.

Uma vez que o mandado de segurança possui direito específico, é a lei


12.016/09 que irá definir quais são os seus prazos, particularidades,
alcance e trâmites.
O Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15), portanto, é
aplicado apenas de forma subsidiária à lei 12.016/09, sendo utilizado
em situações onde a lei específica não for suficiente.

Tipos de mandados de segurança


O mandado de segurança pode apresentar diferentes modalidades,
levando em consideração quem está entrando com a medida
processual ou em que momento da impetração o remédio
constitucional está sendo aplicado.

Veremos abaixo as diferenças entre os mandados de segurança


individual, coletivo, repressivo e preventivo.

Repressivo
O mandado de segurança repressivo ocorre quando a autoridade
pública ou pessoa jurídica que exerce poder público já realizou o ato
irregular ou ilegal.

Ou seja, o remédio constitucional é utilizado, nessa situação, com o


objetivo de repreender o ato, preservando o direito alheio.

Um exemplo de mandado de segurança repressivo seria uma pessoa,


que tem o intuito de se aposentar, entrar com a medida processual
contra uma autoridade pública que lhe negue a aposentadoria, mesmo
apresentando todos os documentos e requerimentos.

O direito constitucional a aposentadoria, nesse caso, está sendo


impedido por um ato irregular de uma autoridade que exerce poder
público. Dessa forma, reprime-se esse ato ilegal com um mandado de
segurança.

Preventivo
O preventivo, por sua vez, visa proteger a pessoa em frente a uma
ameaça de lesão de seus direitos constitucionais ou
infraconstitucionais.

O mandado de segurança preventivo, de forma geral, é considerado


declaratório. Isso significa que o juiz que analisar o pedido irá afirmar,
caso considerado próprio o pedido, que o impetrante (aquele que entra
com o mandado) não poderá ter seu direito impedido pela autoridade
ou órgão competente.

Individual
Os mandados de segurança podem ter natureza individual ou coletiva,
baseado na figura impetrante.

O mandado de segurança individual, então, ocorre quando uma pessoa


física ou jurídica única entra com o remédio constitucional contra
autoridade ou órgão que exerce poder público de forma irregular.

Coletivo
O mandado de segurança coletivo, por sua vez, implica numa situação
onde a irregularidade ou ilegalidade cometida pela autoridade ou órgão
em questão afeta várias pessoas, independente se elas configuram um
grupo específico ou não.

Nesse caso, organizações sindicais e de classe, partidos políticos e


associações podem entrar com o mandado de segurança coletivo a
favor da classe que representam.

Caso diversas pessoas entrem com o mesmo mandado de segurança


contra uma autoridade ou órgão específico, o juiz poderá acatar ao
remédio constitucional de uma e suspender os demais, por
compreender que a situação se trata de um mandado de segurança
coletivo.

Exemplo de mandado de segurança


Para ilustrar como o mandado de segurança funciona e qual é a sua
aplicação, utilizaremos como exemplo um caso de 2018, de um pintor
de 59 anos que entrou com mandado de segurança contra o INSS após
seu pedido de benefício assistencial não ter sido analisado após 200
dias.

O pintor, que entrou com o pedido devido a uma deficiência física


adquirida, não teve o mesmo analisado após 200 dias de ter
protocolado. Então, entrou com o mandado de segurança, uma vez que
o órgão o estava impedindo de exercer um direito constitucional.
Por se tratar de um direito líquido e certo (o atendimento em tempo
razoável de seu pedido), o mandado de segurança foi utilizado como
remédio constitucional frente a demora do órgão em atender o
cidadão, que vai contra os princípios constitucionais da administração
pública.

No caso, a juíza responsável pela análise do pedido julgou procedente o


mandado de segurança, pois a demora da análise do pedido ia contra
os princípios da eficiência e razoabilidade da administração pública. O
órgão, então, recebeu o prazo de 30 dias para se manifestar sobre o
pedido.

De quem é a competência de julgar um mandado de segurança?


O órgão competente a analisar e julgar um mandado de segurança é
definido a partir da sede funcional da autoridade coatora (a que
cometeu o ato irregular).

Essa definição é dada pelas regras de competência previstas na


Constituição Federal de 1988 e pelas constituições estaduais, que
definem a competência jurídica de cada órgão e autoridade que exerce
poder público.

Pedido de liminar no mandado de segurança


É possível, sim, fazer um pedido de liminar em um mandado de
segurança, fazendo com que o mesmo seja acatado antes da conclusão
do litígio.

Entretanto, a petição do mandado de segurança precisa comprovar que


há risco de dano irreparável ou de difícil reparação caso o impetrante
não consiga reverter as condutas irregulares da autoridade ou órgão
que exerce poder público.

Entretanto, o parágrafo 2º do artigo 7º da lei nº 12.016/09 define


algumas situações onde não é possível conceder liminar no mandado
de segurança. São elas:

“§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a


compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens
provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores
públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
pagamento de qualquer natureza”.

Recursos cabíveis ao mandado de segurança


Por poder ser julgado por diferentes órgãos competentes, o mandado
de segurança possui diferentes tipos de recursos que podem ser
aplicados a decisões em seu sentido.

A lei nº 12.016/09 estipula a possibilidade de agravo de instrumento


(artigo 7º, parágrafo 1º) contra decisão a respeito da liminar e a
possibilidade de apelação (artigo 14) sobre sentença.

A respeito de acórdão realizado pelos Tribunais regionais ou estaduais,


cabe recurso ordinário constitucional ao Superior Tribunal de Justiça
(STJ).

Em acórdão feito pelos Tribunais Superiores, cabe recurso ordinário


constitucional ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Perguntas frequentes sobre mandado de segurança


Respondemos abaixo algumas das perguntas mais frequentes feitas na
internet sobre o assunto.

As perguntas têm relação com o prazo para entrar com o pedido, os


custos, o tempo que levar para o julgamento e o que significa impetrar
o mandado de segurança.

Prazo para entrar com um mandado de segurança


Em relação ao prazo, o artigo 23 da lei 12.016/09 estipula que o
mandado de segurança poderá ser requisitado em até 120 dias após o
interessado ter ciência do ato irregular cometido pelo órgão ou
autoridade pública.

Diferente dos prazos do Novo CPC, esse prazo de 120 dias é contado
em dias corridos. Ou seja: o interessado em entrar com mandado de
segurança terá quatro meses (em média) para começar a disputa
judicial, contados a partir do momento onde a pessoa tiver ciência do
ato irregular.
Qual é o valor de um mandado de segurança?
Embora as tabelas de preços da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
varie entre os estados e nem sempre seja respeitada pelos escritórios
de advocacia, ela dá uma base de quanto custa, em média, o processo
para entrar com pedido.

De acordo com a tabela vigente da OAB/SC, o mandado de segurança


tem preço mínimo tabelado de R$ 3.800 nas diferentes áreas do
direito, R$ 6.400 perante um Tribunal Estadual e R$ 9.700 perante um
Tribunal Federal.

Entretanto, como dito anteriormente, esses valores são uma base que
nem sempre corresponde a realidade dos escritórios de advocacia,
sendo preferível entrar em contato com o advogado para ver as
possibilidades.

O que é impetrar um mandado de segurança?


Impetrar é a mesma coisa que acionar o direito de pedir um mandado
de segurança.

Qualquer pessoa física ou jurídica que sinta que um direito seu não está
podendo ser exercido corretamente devido a um ato irregular de uma
autoridade ou órgão que exerce poder público pode impetrar o
mandado de segurança.

Quanto tempo leva para julgar um mandado de segurança?


Por se tratar de um remédio constitucional, o julgamento de um
mandado de segurança costuma ser rápido.

O juiz de primeira instância terá o prazo de 5 dias para avaliar e dar sua
sentença a respeito do pedido, tendo o prazo começado após os 10
dias oferecidos para que a autoridade coatora apresente as
informações devidas.

Para os Tribunais estaduais e federais, o julgamento deve ocorrer na


próxima sessão imediata após a conclusão do processo pelo juiz de
primeira instância.

Conclusão
O mandado de segurança é provavelmente o remédio constitucional
mais usado e mais comum no cotidiano do profissional de direito.

Ele é responsável por garantir que autoridades e órgãos da


administração pública que exerçam poder não sejam omissas ou
realizem atos que impeçam pessoas físicas e jurídicas de exercer seus
direitos constitucionais.

Dessa forma, a compreensão dessa medida processual e a sua devida


aplicação são de extrema importância para a legitimação dos direitos
previstos na Carta Magna brasileira.

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