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RESÍDUOS

Í DA CONSTRUÇÃO
à CIVIL - RCC
II. Introdução
 Indústria da Construção Civil (ICC): setor produtivo que possui
considerável papel na economia do Brasil e do mundo.
mundo
 1980 e 1996: responsável por 65% da formação do investimento
bruto nacional.
 1999: o setor já alcançava a marca de 70% do investimento da
economia brasileira
 2001: responsável por 15,6% do PIB, sendo que as edificações
residenciais representaram um montante entre 6% e 9% do PIB
nacional.
 ICC:
ICC maior i consumidora id d recursos naturais
de i da
d sociedade
i d d (20
a 50% desses recursos explorados no mundo).
 Madeira: ICC consome cerca de 2/3 de toda a madeira naturalnat ral
extraída da natureza.
 ICC: demandam notável quantidade de materiais inertes como
areia e cascalho, fornecidos através da extração de sedimentos
aluviais,, e britas,, ppor desmonte de maciços
ç rochosos.
 Extração: modifica o perfil dos rios e o seu equilíbrio, além de
introduzir problemas ambientais, tais como modificações em sua
estrutura hidrológica e hidrogeológica.
 Extração de material inerte de formações rochosas em áreas
acidentadas e montanhosas altera a paisagem e potencialmente
provoca problemas de estabilidade nas mesmas.
 Indústria do concreto: Estima-se
Estima se um consumo anual de 8 a 12
bilhões de toneladas de agregados naturais até o ano 2010.
 O uso dos insumos da ICC gera resíduos,
resíduos em grande escala,
escala que
necessitam ser gerenciados.
 O macrocomplexo da ICC é responsável por 40% dos resíduos
gerados na economia.
1992: estimada a pprodução
ç de cerca de 50 milhões de toneladas
de resíduos das atividades da CC na comunidade européia, 60
milhões nos EUA e 12 milhões somente no Japão.
 Em Taiwan: cerca de 640.000 toneladas de resíduos somente de
concreto (anual).
 Estima-se
i que 30% da
d produção
d di i da
diária d indústria
i d i cerâmica
i da
d
Índia torna-se resíduo.
 No Iran (1994):
( ) produzidos
d id cerca ded 350 mil il toneladas
l d ded
resíduos de cerâmica vermelha, como tijolos e telhas, enquanto
que em Hong Kong (2004),
(2004) foram gerados em torno de 20
milhões de ton. de RCD.

• Resíduos da ICC, corresponde:


- Austrália: ± 37% do total de RS produzidos (15 milhões de ton.
ton
por ano);
- Hong
o g Kong,
o g, noo Kuwait
uw e noo Reino
e oU Unido:
do: 38%,
%, 58%% e 60%,
%,
respectivamente (de todo resíduo produzido);
- Brasil: ± 50%;
- EUA: 10 a 30% do total de resíduos gerados no país.
-Reino Unido: ± 109 milhões de ton. (equivalente a 66% dos 165
milhões de ton. de agregados naturais consumidos anualmente na
CC). Agregados reciclados correspondem a aproximadamente 25%
d total
do t t l dos
d agregados
d utilizados
tili d no país.
í
Exemplo – Bloco Cerâmico
Peso: 2,3 kg
F t geradoras
Fontes d d RCC:
dos RCC Consumo m2 = 25 un. – 57,50 kg
Pavimento 12 x 11 (2 apto. 60 m2) - +/- 200 m2
i.Perdas no processo construtivo Resíduo: 5% - 10 m2 – 575 kg
• Obs.:
Ob na construção ã de
d edifícios,
difí i ± de
d 20 a 50 kg k de
d resíduos
íd são
ã
produzidos por m2 de pavimento construído;
ii Falta de qualidade
ii. q alidade dos materiais e serviços
ser iços executados;
e ec tados;
iii. Crescimento populacional;
i Demolição
iv. D li ã de
d edificações
difi õ - vida id útil exaurida;
id
v. Grandes catástrofes mundiais - naturais ou antrópicas.
II.Definição, classificação, geração e composição dos RCC

Na norma NBR 10.004 – Resíduos Sólidos – Classificação, observa-


se que o resíduo
íd da
d ICC não ã estátá explicitamente
li it t incluído
i l íd dentro
d t da d
definição de RS desta norma.
AA Resolução 307 (CONAMA), a qual dispõe sobre a gestão dos
resíduos da CC, define que estes resíduos:
“são os provenientes de construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, e os resultantes da
preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos
cerâmicos concreto em geral,
cerâmicos, geral solos,
solos rochas,
rochas metais,
metais resinas,
resinas colas,
colas
tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,
pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica,
dentre outros, comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou
metralha”.
 A maioria dos RCC provêem de serviços de demolição e dos
canteiros de obra, ou seja, dos serviços de construção, daí também
chamar os RCC de resíduos de construção e demolição (RCD).

 55% dos resíduos produzidos na Austrália provêm de serviços de


demolição enquanto que 40% provêm dos de construção.

 A ABNT, através da NBR 10.004/04 – Resíduos Sólidos –


Classificação, classifica os RS em Resíduos Classe II B (não
perigosos e inertes).
 Comumente se classificam os RCD como resíduos inertes,, dada a
grande quantidade de componentes minerais não poluentes e inertes
quimicamente, entretanto essa tendência já é vista com certo receio,
pois tais resíduos podem estar contaminados com materiais de
pintura, substâncias de tratamento de superfícies, ou até mesmo
metais pesados,
pesados que podem lixiviar e contaminar a água e o solo.
solo
 Pesquisas mostram que os RCC constituídos exclusivamente de
resíduos de concreto mineralizam a águag e alteram o solo,, ou seja,
j ,
são não-inertes, sugerindo que estes sejam classificados como
resíduos Classe II A (não perigosos e não inertes).
 Os RCD podem conter componentes, os quais são considerados
tóxicos do ponto de vista ambiental. Assim, esses resíduos podem ser
classificados como inertes ou não-inertes,
não inertes dependendo apenas da
origem e constituição do mesmo.
 A Resolução 307 (CONAMA) classifica os RCC em 4 classes:

a)) Classe
Cl A são
A: ã os resíduos
íd considerados
id d reutilizáveis
tili á i ou recicláveis
i lá i
como agregados, tais como:
- de construção,
construção demolição,
demolição reformas e reparos de pavimentação e de
outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de
terraplanagem;
- de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de
revestimento,
ti t dentre
d t outros),
t ) argamassa e concreto;t
-de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas
em concreto (blocos, tubos, meios
meios-fios,
fios, dentre outras) produzidas
nos canteiros de obras.
b. Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais
como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e outros.

c. Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas


tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a
sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do
g
gesso.

d. Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de


construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles
contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas
radiológicas instalações industriais e outros.
radiológicas, outros
 Um ponto que demonstra a relevância dos RCD é a sua crescente
pparticipação
p ç no total dos RSU.

- Dados da cidade de Salvador apontam que de 1990 para o ano


2000 o entulho
2000, lh aumentou a sua participação
i i ã na composição
i ã dos
d
RSU de 4,4% para 49,8%.

- Diversas pesquisas apontam que os RCC representam atualmente


em torno de 50% do total dos RSU pproduzidos em cidades
brasileiras, com uma taxa média de geração em torno de 0,52
tonelada/habitante.ano.
RCD % reutilizada Tabela 1: Quantidade de RCD
P í
País
(Mt/ano) ou reciclada coletado e reciclado na União
Alemanha 59 17
Reino Unido 30 45
Européia, Estados Unidos e
França 24 15 K
Kuwait.
it
Itália 20 9
Espanha 13 <5
H l d
Holanda 11 90
Bélgica 7 87
Áustria 5 41
Portugal 3 <5
Dinamarca 3 81
Grécia 2 <5
Suécia 2 21
Finlândia 1 45
Irlanda 1 <5
Luxemburgo 0 n.d.
Total Europa 181 28
Estados Unidos 68 n.d.
Kuwait 8,3 21
Tabela 2: Dados sobre RCD de diversas cidades brasileiras
Taxa de
RCD
Município RCD/RSU População (ano) geração
(t/dia)
(t/hab ano)
(t/hab.ano)
Jundiaí/SP 712 62% 293.373 (96) 0,89
São José dos Campos/SP 733 67% 486.467 (95) 0,55
Ribeirão Preto/SP 1.043 70% 456.252 (95) 0,83
São José do Rio Preto/SP 687 58% 323.627 (96) 0,77
Santo André/SP 1.013 54% 625.564 (96) 0,59
Vitória da Conquista/BA 310 n.d. 242.155 (98) 0,47
São Carlos/SP 381 nd
n.d. 197 187 (01)
197.187 0 70
0,70
Salvador/BA 2.746 50% 2.556.429 (03) 0,39
Feira de Santana/BA 276 50% 481.000 (n.d.) 0,21
São Paulo/SP 5.260 34% 10.405.867 (00) 0,18
Blumenau/SC 331,51 n.d. 271.730 (02) 0,45
Belo Horizonte/MG 1.200 51% 2.010.000 (n.d.) 0,22
Florianópolis 636,12 n.d. 285.281 (00) 0,81
Maceió/AL 1 100
1.100 45% 700 000 (n
700.000 (n.d.)
d) 0 57
0,57
Porto Alegre/RS 1000 n.d. 1.200.000 (n.d.) 0,31
Campinas/SP 1.258 n.d. 850.000 (93) 0,54
 A geração dos RCD é influenciada por diversos fatores,
fatores
podendo-se citar:
a as práticas de construção e demolição adotadas;
a.
b. os fatores de mercado e econômicos, tais como o tamanho do
mercado,
d a disponibilidade
di ibilid d e custo
t dos
d agregados
d naturais
t i
comparados com os custos de entrega dos agregados reciclados;
c. a estrutura reguladora que fornece incentivos para minimizar a
geração de resíduos nos canteiros de obra e desestímulos para
dispor os resíduos nos aterros;
d. as percepções com respeito à qualidade dos materiais
reciclados
i l d e a ausência
ê i dod uso de d códigos
ódi d prática,
de áti
especificações e mecanismos de garantia de qualidade.
Exemplificando um desses fatores:

 nível de atividade do setor da CC e a situação econômica da


região ou do país:

• Austrália: início dos anos 90 a quantidade de resíduos deste setor


que era disposta nos aterros decresceu em mais de 20%, em função
d desaceleração
da d l econômica
ô i do d país
í durante
d tall período,
í d em vez de
d
uma redução da geração do resíduo por um melhor gerenciamento
dos mesmos.
mesmos
• a partir de 1996 a geração desses resíduos cresceu mais de 28%, o
qque ppode ser explicado
p ppelo aumento no nível de atividade do
setor.
 Outro exemplo: práticas de construção adotadas.

• Brasil: a tecnologia construtiva normalmente aplicada favorece o


desperdício na execução das novas edificações quando comparadas
com as empregadasd em países
í mais
i desenvolvidos,
d l id em função
f ã dos d
processos de racionalização e de modulação na construção lá
empregados e da maior industrialização desse setor nesses países.
países

• Como resultado disso, enquanto


q em ppaíses desenvolvidos a média
de geração de resíduos provenientes de novas edificações encontra-
se abaixo de 100 kg/m2, no Brasil este índice gira em torno de 300
k / 2 edificado.
kg/m difi d
 A composição dos RCD também é variável, em função:

i. da região geográfica,
ii. da época do ano,
iii do tipo de obra,
iii. obra dentre outros fatores.
fatores

Q Quando oriundos de obras de construção, ç , a composição


p ç é
dependente do estágio da obra, uma vez que no estágio de
concretagem da estrutura há uma maior incidência de fragmentos
de concreto, aço, formas de madeira, dentre outros, enquanto que
no estágio de acabamento, há predominância de restos de
argamassa tijolos,
argamassa, tijolos telhas,
telhas cerâmicas,
cerâmicas dentre outros
Caso a obra seja uma reforma, haverá uma incidência maior de
materiais cerâmicos, madeira, rochas naturais, vidro, metais e
plásticos

No Brasil,
Brasil estima-se
estima se que em média 65% do material descartado é
de origem mineral, 13% madeira, 8% plásticos e 14% outros
materiais.
a e a s.

As construtoras são responsáveis pela geração de 20 a 25% desse


entulho, sendo que o restante provém de reformas e de obras de
autoconstrução.
Para as obras de demolição,
demolição as características dos seus resíduos
também variam de acordo com o tipo de estrutura a ser demolida e
da técnica utilizada.

Entretanto, de uma maneira geral, os resíduos de demolição


consistem
it d um alto
de lt percentual
t l de
d material
t i l inerte,
i t como tijolos,
tij l
areia e concreto. Metais, madeira, papéis, vidro, plásticos e outros
materiais também aparecem,
aparecem mas em menor percentagem

De uma maneira geral, a grande maioria dos resíduos de


construção e demolição tem grande potencial para ser reciclado. Na
Europa mais de 90% dos RCD podem ser reciclados embora, em
média,
édi em 1995,
1995 estima-se
ti que somentet 30% desses
d resíduos
íd
foram reciclados.
Tabela 3: Composição
p ç do RCD de diversas cidades brasileiras

Porto Ribeirão Campina


Constituintes São Carlos São Paulo Salvador Maceió
Alegre Preto Grande
Argamassa
A 63,67%
63 67% 25,2%
25 2% 44 2%
44,2% 37 4%
37,4% 28% 27,82%
27 82%
53,0%
Concreto 4,38% 8,2% 18,3% 21,1% 10% 18,65%
Material
29,09% 29,6% 35,6% 20,8% 9,0% 34% 48,15%
Cerâmico
Cerâmica 1%
0,39% - 0,1 2,5% 5,0% 3,06%
polida
Rochas, Solos 0,13% 32% 1,8% 17,7% 27,0% 9% -
Outros 2,34% 5% - 0,5% 6,0% 18% 2,32%

Através dos dados da Tabela 3 pode-se observar que argamassa,


concreto e material cerâmico correspondem juntos, em todas as
cidades apresentadas, a mais de 60% do total do resíduo gerado.
 Brasil – Resultados de pesquisa: determinou as perdas de
alguns materiais de construção, em quase cem canteiros de obras.

Os resultados apontam que, em média:

- 9% do concreto usinado;
- 17% dos blocos e tijolos;
j ;
- 85,5% do cimento no serviço de emboço;
- 79% do cimento no serviço de contrapiso;
- 22% das placas cerâmicas aplicadas no piso,
- 16% das placas cerâmicas aplicadas na parede e
- 12% das placas cerâmicas aplicadas na fachada.
fachada
 em suma, parte dessas perdas tornam-se entulho da obra.

 o concreto,
concreto a argamassa e os materiais cerâmicos: principais
constituintes do resíduo gerado.

 Esses dados confirmam a cultura construtiva brasileira, onde as


maiores perdas ocorrem nas fases de concretagem, alvenaria,
emboço/reboco
b / b e revestimento,
i nas quais
i os grandesd insumos
i
utilizados são estes que aparecem em grandes quantidades nos
resíduos de construção e demolição.
demolição

 Estes materiais pparecem qque também são os mais desperdiçados


p ç
nos canteiros de obras internacionais.
 Então, de uma maneira geral, os RCD possuem importante
participação na gestão e no gerenciamento dos resíduos sólidos
municipais, uma vez que estes constituem em torno de 50% dos
mesmos.

 A geração e a composição dos RCD são dependentes de


di
diversos f t
fatores, entretanto
t t t estima-se
ti que no Brasil
B il sãoã
produzidos em torno de 0,5 tonelada/hab.ano de RCD e que
concreto, argamassa e cerâmica vermelha são seus principais
constituintes.

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