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A VERDADEIRA EMPATIA

Trechos do Workshop efetuado no Institute & Retreat Center of the Foundation for A Course
in Miracles®

Kenneth Wapnick, Ph.D.

Tradução: Eliane Ferreira de Oliveira

Parte I

O Background Metafísico da Empatia

O tema desse workshop, Verdadeira Empatia, é um dos inúmeros assuntos que nos permite
perceber o tremendo poder e a profundidade dos ensinamentos do Curso. Especificamente, ele
nos permite reconhecer um pouco mais profundamente a importância da metafísica do Curso para
o compreensão do significado do perdão. Se você retirar os ensinamentos metafísicos do Curso -
principalmente que o mundo todo é uma ilusão, e, na verdade, que o mundo foi feito como uma
defesa contra Deus e como uma distração contra a presença do Espírito Santo em nossas mentes
-, então, basicamente, tudo o que o Curso ensina se desintegra. Então, nesse workshop, vamos
começar olhando para o propósito do mundo e do corpo, e, depois, para o propósito dos
problemas e das doenças. Vamos passar bastante tempo falando sobre a diferença entre a
verdadeira e a falsa empatia - a união com o Espírito Santo, que é realmente a União Maior,
contra o que o ego chama de união, que é o que o mundo chama de preocupação, piedade,
simpatia, compaixão e amor.

Vamos examinar várias seções, incluindo a mais óbvia, “A Verdadeira Empatia” (T-16.I), e uma
série de três seções no Capítulo 28: “O acordo de união”, “A união maior”, e “A alternativa para os
sonhos de medo”(T-28.lll,IV,V), especificamente em termos de separação e união - contrastado o
que o ego chama de união, com o que o Espírito Santo ou Jesus vêem como verdadeira união.

Vou começar examinando o gráfico (incluído abaixo); o que vou fazer relativamente rápido. Vamos
começar com Deus e com Cristo, Cuja perfeita unidade e Unicidade é o que o Curso chama de
“Céu”. A palavra chave aqui é “unidade”. Em um certo sentido, nossa união uns com os outros
aqui, através do Espírito Santo, é o reflexo da União Maior, que é entre Deus e Cristo. E essa
união é tão completa e total, como o livro de exercícios nos lembra em determinado ponto, que
não existe lugar onde o Pai termina e onde o Filho começa (LE-pl.132.12:4). Então, não existe
diferenciação alguma. E, portanto, como o Curso explica, “Na eternidade, onde tudo é um,
introduziu-se uma idéia diminuta e louca, da qual o Filho de Deus não se lembrou de rir” (T-
27.VIII.6:3-4). E essa louca idéia é a separação, que é freqüentemente descrita no Curso como
um sonho. Na realidade, é claro, isso nunca aconteceu, mas nós acreditamos que tenha
acontecido. Isso, então, se torna a primeira expressão da separação, ou a primeira divisão, porque
agora o Filho de Deus acredita que existem duas mentes: a Mente do Cristo, ou a Mente de Deus,
da qual ele se separou; e aquilo sobre o que poderíamos pensar como uma mente com “m”
minúsculo, que está separada da Mente, com “M” maiúsculo. Dessas duas apenas uma é
verdadeira: a Mente de Cristo. A mente, com “m”, à qual quase sempre nos referimos como o ego,
é ilusória e nunca realmente aconteceu. Essa é a primeira divisão.
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O que vem a seguir é a segunda divisão, onde a mente agora parece estar dividida também na
parte que constitui a voz do ego e na parte que constitui a Voz do Espírito Santo. E, então, existe
a parte da mente que vamos chamar de tomador de decisões. Essa é a parte da mente do Filho
de Deus que tem que escolher entre essas duas vozes - a voz do ego e a voz do Espírito Santo.
A voz do ego fala para a realidade aparente do sonho, que a separação de Deus realmente
aconteceu. O Espírito Santo fala para a irrealidade do sonho, que é aquilo a que o Curso se refere
como o princípio da Expiação, e diz que a separação nunca aconteceu na realidade. Poderíamos
ampliar isso e dizer que o pensamento de ser separado de Deus é nada mais do que um sonho
tolo, e não algo a ser levado a sério por mínimo que seja. O ego, por outro lado, leva tudo isso
muito a sério, porque o ego é literalmente o pensamento do sonho, o pensamento da separação.
E o tomador de decisões, ou o Filho de Deus, agora precisa escolher entre essas duas vozes, que
fazem duas afirmações contrárias.

Continuando com isso como se fosse uma lenda ou uma história, vemos que o ego agora tem um
sério problema em suas mãos. O problema é que se o Filho de Deus se volta para o Espírito
Santo, ouve Sua Voz e percebe que tudo isso é nada mais do que um sonho - que a “diminuta e
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louca idéia” é simplesmente isso, uma louca (significando insana) idéia que não tem efeito algum -
então, o Filho vai despertar do sonho, e o ego vai desaparecer, como o Curso explica, no nada de
que foi feito (M-13.1:2). Então, e ego agora tem que arquitetar um plano para convencer o Filho de
Deus a não ouvir ao Espírito Santo, mas, ao invés disso, ouvir a ele.

O plano do ego, basicamente, é dizer ao Filho de Deus uma história em três partes, que podemos
explicar pelas palavras “pecado”, “culpa” e “medo”. O propósito da história, como vamos ver, é
convencê-Lo a não ouvir o Espírito Santo. Então, a história começa com o ego contando ao Filho
de Deus que Ele cometeu um pecado; ele fez uma coisa terrível. Ele pegou o Amor do seu Pai, o
Amor do seu Criador, e jogou de volta para Ele, dizendo a Deus, de fato, “O que você me deu não
é suficiente, e eu quero algo mais do que tudo”. O ego diz ao Filho, “Você feriu os sentimentos do
seu Pai. Ao se separar da sua Fonte, você rompeu a unidade do Céu. Onde havia apenas a
perfeita Unicidade entre Deus e Seu Filho, agora existe divisão; existe uma separação. Algo
terrível aconteceu”. E essa coisa terrível é o que chamamos de “pecado”.

Do pecado vem a experiência inevitável da culpa, onde o ego diz ao Filho, “Você deveria
realmente se sentir culpado; você deveria realmente se sentir muito mal pelo que você fez, porque
você roubou do seu Criador e da sua Fonte. O que Ele tinha, agora você tem, e Ele não o tem
mais”. Em sua forma mais extrema, essa é a crença de que nós literalmente matamos Deus. Nós
despedaçamos o Céu, e, portanto, o Céu não existe mais. O que existe agora é o ego e seu
sistema de pensamento, e, logo, como vamos ver, o mundo.

O ego continua sua história, dizendo ao Filho, “O que você fez a Deus foi tão horrível, tão terrível,
que Deus está irado, e Ele não vai deixar tudo isso pra lá. Na verdade, Deus quer punir você e
pegar de volta o que você roubou Dele”. O ego termina sua história dizendo ao Filho de Deus:
“Não acredite na presença do amor, da luz e da Expiação em sua mente que você chama de
Espírito Santo. Na verdade, ela é a Voz de Deus, mas não é uma voz que fala de amor e de
sonhos. É uma voz que fala de vingança e ira”. Essa é a origem de todas as passagens sobre a
“ira de Deus” que encontramos na bíblia, tanto no Velho quanto no Novo Testamento. Elas
nasceram não da consciência dos escritores desses livros, mas do instante original.

Novamente, a crença é que o Espírito Santo agora não é mais nosso amigo; ao invés disso, Ele é
o inimigo. De fato, o ego transforma o Espírito Santo, da presença do Amor de Deus, para a
epítome da ira de Deus. O ego previne o Filho de Deus, dizendo, “Se você pegar a mão do
Espírito Santo, Ele não vai levá-lo do sonho de volta para o Céu. Ele vai levá-lo do sonho para um
sonho ainda pior, que será a fúria de Deus, Sua ira e Sua vingança; e você será destruído”. O
Filho de Deus agora tem uma escolha a fazer entre ouvir o ego ou o Espírito Santo. Se ele ouvir o
Espírito Santo, vai confiar Nele e acreditar na realidade do amor, e que o amor não pode ser
rejeitado, abandonado, traído ou morto. Se ele ouvir a voz do ego, ele vai acreditar exatamente no
oposto: que o amor pode ser abandonado, traído e assassinado, mas o amor terá sua vingança.
Em um tema importante, que se torna central nos ensinamentos do Curso, o ego diz ao Filho de
Deus que o amor crucifica, persegue, toma posse, pune, e, acima de tudo, mata.

Como todos nós sabemos - porque senão nenhum de nós estaria aqui hoje - o Filho de Deus faz
a escolha errada e, como a bíblia diz, ouve as mentiras da serpente, que realmente são as
mentiras do ego, e acredita no que o ego lhe contou. O Filho de Deus compra a história do ego
por inteiro. E, é claro, cada um de nós em seu estado aparentemente fragmentado ou separado, é
um segmento ou fragmento do Filho de Deus original. Nós começamos como uma única mente, e,
um dia, essa mente se fragmentou vezes sem conta. Como o Curso explica em um determinado
ponto, a mente se subdivide inúmeras vezes (T-18.l.4:3), de forma similar, na verdade, ao que
acontece no que chamamos de mitose, ou divisão celular, onde os organismos começam como
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um única célula, tornam-se duas, depois quatro, oito, etc., multiplicando-se vezes sem conta. Isso
é uma replicação, ou reflexo, do que aconteceu originalmente na mente: que um pensamento do
ego, no qual o Filho de Deus acreditou, e se fragmentou inúmeras vezes. Então, cada um de nós
carrega consigo o pensamento original. Vamos ver, durante o workshop, como essa idéia é central
para compreender porque fazemos as coisas que fazemos; porque nos sentimos pesarosos,
compassivos e preocupados pelas pessoas.

Então, o Filho de Deus se volta para o ego; viramos as costas para o Amor do Espírito Santo,
porque agora acreditamos que Ele é o inimigo. Ouvimos o ego; e agora que o ego nos conquistou,
ele continua com seu plano. Ele diz ao Filho de Deus, “Temos um problema real em nossas mãos
- o problema dessa presença na mente no Espírito Santo, que obviamente não vai embora. Se
chegarmos perto Dele, Ele vai nos empurrar de volta para Deus, e seremos destruídos. Então,
temos que fazer algo a respeito da ira de Deus”. O que o ego fez de forma muito esperta foi
transformar o Amor de Deus no seu oposto, na ira de Deus, que somos ensinados a temer. Na
verdade, o ego realmente tem medo do Amor de Deus, porque não existe ira ou vingança de
Deus, e, na presença do Amor de Deus o ego iria desaparecer. Mas o ego não nos diz isso. Pelo
contrário, ele nos diz que Deus não é Amor, Deus é vingança, fúria, ira e insanidade, etc.

E, então, acreditamos no ego e agora temos um problema. O problema é: O que, nesse momento,
podemos fazer para sobreviver? Para o ego, e para o Filho de Deus que agora está identificado
com o ego, a mente tornou-se um campo de batalha no qual acreditamos estar em guerra com
Deus. Na realidade, é claro, Deus nem mesmo sabe nada sobre isso. Tudo abaixo da primeira
linha no topo do mapa está fora da Sua Mente e, portanto, não existe. Mas, dentro do sonho, nós
acreditamos que Deus sabe sobre a separação e está muito bravo.

Nós, então, com efeito, vamos até o ego e dizemos: “Certo, acredito na sua história. Mas e agora,
o que vamos fazer? Você sabe, isso não me ajuda muito porque ainda tenho essa presença
maníaca de vingança na minha mente. Ajude-me!”. E o ego diz, “Tenho uma idéia maravilhosa”. O
ego explica ao Filho de Deus que não há forma de nos defendermos de Deus ou do Espírito
Santo, porque, afinal, ele é Deus, e estamos totalmente superados nesse capo de batalha. Mas,
podemos deixar esse campo de batalha, podemos sair da mente, e nos esconder. O ego explica
ao Filho de Deus que, quando deixarmos a mente e nos escondermos, Deus nunca vai nos achar.
Então, nós dizemos: “Isso parece uma ótima idéia. Quando começamos?”. E o ego diz, “Bem, não
existe tempo melhor do que o atual”. Então, fazemos isso imediatamente. Basicamente, o ego
está dizendo ao Filho de Deus como se defender contra a ira de Deus. E a resposta do ego é
deixar a mente. O termo psicológico que damos a essa dinâmica de pegar algo de dentro da
mente e colocá-lo fora é “projeção”. E, então, quando o pensamento da separação é projetado
para fora da mente, ele faz todo um mundo de separação. Isso se torna a maneira do ego se
defender contra a ira de Deus.

É por isso que o Curso explica, em uma passagem, que o mundo - termo pelo qual o Curso quer
dizer todo o universo físico, não apenas esse planeta, não apenas as coisas ruins no mundo, mas
todo o universo físico - foi feito como um ataque a Deus (LE-pll.3.2:1). E, depois, no mesmo
parágrafo, “O mundo foi feito para ser um lugar em que Deus não pudesse entrar” (2:2-4). Lembre-
se, esse é o plano do ego: fazer um lugar onde possamos nos esconder e Deus nunca vai nos
achar. Se continuarmos na mente - o ego nos diz - o Espírito Santo vai nos pegar, e seremos
destruídos. Então, a mente se torna um lugar muito perigoso.

Com efeito, o ego pega seu sistema de pensamento, que é um sistema de pensamento de
pecado, culpa e medo, um sistema de separação, morte, defesa e ataque, e literalmente o
transfere para o mundo, a fim de que o mundo simplesmente se torne o reflexo, ou imagem do
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que está na mente. É uma imagem que vamos usar durante o workshop: O que percebemos na
tela de um cinema quando nos sentamos na cadeira é nada mais do que a projeção do filme que
está passando através do projetor. O projetor representa a mente, e o filme passando através do
projetor é o filme do ego - a história do ego de pecado, culpa e medo.

Portanto, o que está passando através do projetor é exatamente o que percebemos na tela. O que
percebemos na tela é exatamente - nem mais nem menos - do que o que está no filme. Tudo o
que percebemos como fora no mundo, não é nada mais do que a imagem, ou projeção, do que
está dentro da mente.

O ego agora toma algumas atitudes para garantir que seu plano vai funcionar. O simples fato
desse mundo parecer ter existido por bilhões de anos, e de provavelmente continuar por um
período ainda maior, junto com o fato de que todos nós acreditamos estar aqui e levamos o fato
de estar no corpo extremamente a sério, são provas do quanto esse plano é inteligente, e de que
forma tão esperta o ego o projetou. E, agora, veremos exatamente como o ego fez isso.

Em primeiro lugar, logo que o mundo foi feito, o que significa logo que o pensamento foi projetado
da mente, o ego fez um véu cair sobre a mente para que nos esquecêssemos do que tínhamos
feito - chamamos esse véu de negação ou esquecimento. Nós agora literalmente esquecemos o
que fizemos, o que significa que esquecemos de onde o mundo veio. Esquecemos que o mundo
não é nada mais do que uma projeção do que está na mente, não mais real do que os
personagens que percebemos na tela de cinema. Todos nós sabemos, quando não estamos
identificados com, ou nos sentindo realmente uma parte do filme que estamos assistindo, de que
não existem pessoas vivas na tela. Sabemos que é tudo fantasia; é uma ilusão. Tudo é feito com
luzes e sombras, etc. da mesma forma, todo esse mundo foi feito assim. Entretanto, uma vez que
esquecemos de onde o mundo veio por causa do véu de negação, ele agora parece ser
independente e externo à mente que o criou e o projetou. Então, como o Curso explica em várias
passagens, especialmente quando discute a culpa, acreditamos que aquilo que projetamos está
do lado de fora (T-20.VIII.9:6; T-26.VII.4:9; 12:2). Mas, o que está projetado nunca deixa a mente,
como o Curso explica em um princípio muito importante: Idéias não deixam sua fonte (T-
26.VII.4:7; LE-pl.132.5:3;156.1:3;167.3:6). O mundo é uma idéia, e nunca deixou sua fonte que
está na mente, assim como Cristo é uma Idéia na Mente de Deus, e Cristo nunca deixou Sua
Fonte na Mente. Mas, por causa do véu, o mundo agora parece separado da mente.

A principal conquista do sistema de pensamento do ego é que ele fez um corpo. O corpo, que é
regulado pelo cérebro - vamos falar mais um pouco sobre o cérebro depois -, agora se torna
aquilo que acreditamos ser. É o corpo, que foi instruído, condicionado, treinado e programado pela
mente, que nos diz que realmente existe um mundo fora de nós. A razão pela qual estamos tão
certos de que há um mundo no qual sentimos e tocamos, e no qual estudamos, um mundo no qual
nascemos e deixamos ao morrer, a razão pela qual acreditamos em tudo isso é o corpo. O corpo é
comandando pelo cérebro que passa mensagens ao nosso aparato sensório, o que leva de volta
ao cérebro as mensagens que a mente pediu, e que garantem que o mundo é real. O cérebro,
então, interpreta isso para nós, e nós acreditamos que tudo isso é exatamente o que realmente é.
Vamos ver depois algumas passagens que falam especificamente sobre isso. Novamente, tenha
em mente sempre que o propósito fundamental do ego é escapar do Amor de Deus. O Amor de
Deus é a ameaça real. O Amor de Deus também pode ser entendido - e isso vai ser importante
para o tema desse workshop - como análogo à união de Deus e Cristo, porque a Expiação diz
que a perfeita Unicidade de Deus e Cristo nunca foi separada ou dividida.

Existe uma passagem maravilhosa no texto que se refere ao tempo como “um diminuto tic-tac” (T-
26.V.3:6). Ela diz que esse lapso de tempo foi tão minúsculo e insignificante que “nenhuma nota
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na canção do Céu se perdeu” (T-26.V.5:9-10). Tudo o que pareceu acontecer desde essa diminuta
e louca idéia não teve qualquer efeito no Céu. O Céu nem mesmo sabe nada sobre isso.
“Nenhuma nota na canção do Céu se perdeu”. A perfeita unidade e a Unicidade de Deus e Cristo
nunca foi despedaçada. Nós nunca deixamos a casa do Pai. A “canção da oração’ sobre a qual o
panfleto fala, de que o Pai canta para o Filho e o Filho canta para o Pai (S-1.ln.1:2), nunca foi
interrompida e nunca mudou. Então, podemos colocar a palavra “união” aqui (veja o gráfico:
Espírito Santo). O Espírito Santo, então, se torna um lembrete, ou um reflexo, da união de Deus e
de Cristo, o Pai e o Filho, que nunca, nunca, jamais terminou, que nunca foi prejudicada ou
perturbada.

O ego é o pensamento - coloque a palavra “separação” aqui (veja o gráfico: ego) - de que a união
realmente foi rompida, com efeito, não apenas rompida, mas destruída - e que o Pai e o Filho
estarão separados para sempre, estranhos um para o outro. Outra forma de entender a separação
original, que é o centro desse sistema de pensamento é que uma vez que o Filho de Deus
acreditou que estava separado de Deus, ele percebeu uma diferença. Em outras palavras, Deus e
Cristo não eram mais uma unidade perfeita: agora, havia o Pai e o Filho, e havia uma diferença
entre eles.

Agora, na realidade, existe sempre uma diferença, porque Deus é o Criador e a Fonte, e Cristo,
Seu Filho, é o criado ou o Efeito. Deus é a Primeira Causa e Seu Efeito é o Filho. Entretanto, no
estado do Céu, Cristo não tem uma consciência separada que pode dar um passo para trás e
experimentar a Si Mesmo como separado da consciência do Seu Criador. Em outras palavras,
Eles são perfeitamente unos. Não existe lugar onde o Pai termina e o Filho começa, para repetir a
passagem já citada (LE-pl.132.12:4). Não existe estado de consciência dual no Céu. Existe
apenas a perfeita unicidade de Deus e de Cristo, e, portanto, não há senso de separação e,
portanto, nenhuma consciência que possa observar uma diferença.

É apenas quando o sonho começa e o pensamento da separação começou a espalhar sua


mágica e sua poção se infiltrou na mente, que a separação se tornou real, o que automaticamente
leva à idéia de que existe uma diferença entre Deus e Seu Filho. Deus é o Criador, a Causa
Primeva, a Causa Primeira, a Fonte; e Cristo, ou o Filho, é o cidadão de segunda classe, o Efeito.
Isso leva à idéia do julgamento, porque o Filho olha para a diferença, faz um julgamento sobre ela,
e diz, “O que Deus tem é bom, e o que eu tenho é ruim. Deus é o primeiro e eu sou o segundo, e
isso não é justo”. Esses três termos realmente são basicamente o mesmo. Estou falando sobre
eles como se fossem seqüenciais, mas obviamente eles são parte do mesmo fenômeno. Então, a
separação leva à idéia de que existe uma diferença. A diferença é imediatamente julgada, e o
Filho agora acredita que foi tratado de forma injusta. “Não é justo que Deus seja a Autoridade, a
Causa, que Ele comande. Eu quero comandar. Eu poderia fazer um trabalho melhor do que
Deus”. Esse é o julgamento que forma o centro do problema de autoridade (T-3.VI) - isso é outro
workshop. Mas é a idéia de que nós estávamos em competição com nosso Criador, o que nesse
mundo automaticamente leva a competição com nossos pais, nossos irmãos mais velhos, nossos
professores, nossos terapeutas, nossos chefes, nossos amigos, nossos esposos, nossos filhos, e
assim por diante. Tudo vem do julgamento, “Eu poderia fazer isso melhor; o que Deus fez não é
justo”. E isso justifica, do ponto de vista do ego, tirar de Deus o que o ego, ou o Filho separado
acredita que sempre foi dele. Em outras palavras, na arrogância e insanidade da mente do Filho
de Deus, ele acredita que começou como o maioral; ele começou como Deus. Mas Deus tirou
tudo dele, e, agora, ele se sente justificado em roubar de volta de Deus. Esse julgamento
automaticamente leva à idéia final, que é o ataque. Estamos falando sobre os julgamentos do ego,
não ao julgamento do Espírito Santo de que tudo é uma expressão de amor ou um pedido de
amor - que é uma idéia totalmente diferente. O ego sempre julga em termos de alguém ser melhor
ou pior do que outro.
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Vamos ver depois, nesse workshop, que uma das maneiras mais viciosas do ego julgar e atacar,
sob o pretexto de ser amoroso, envolve a idéia da doença: Alguém está doente e eu não; alguém
está com problemas e eu não; alguém está oprimido, e eu não; e eu vou fazer algo sobre isso.
Vamos ver que o que o mundo chama de amor, preocupação, piedade e compaixão é exatamente
o oposto. Existe uma linha do texto que diz “O que não é amor é assassinato” (T-23.IV.1:9-10). O
Curso explica que nada do que chamamos de cuidado, simpatia e preocupação é amoroso. E,
portanto, é um desejo disfarçado de matar. Vamos voltar a isso depois. Isso é apenas um pouco
das próximas atrações.

Então, uma vez que percebemos a separação, estamos vendo diferenças. Diferenças
automaticamente levam ao julgamento, e o julgamento é sempre ataque. O Filho de Deus vê Deus
como diferente dele, e tendo algo que ele não tem, constitui um ataque. Existe raiva: “Eu não fui
tratado de forma justa”. O que, então, automaticamente se segue é o comportamento do ataque.
Em nossa história, na lenda original, o Filho agora acredita que roubou de Deus o que ele se sente
justificado em roubar, porque era inicialmente dele. O pecado, então, é igualado, no final das
contas, com o ataque. Nós podemos ver, só pensando brevemente sobre isso, que todo o nosso
mundo aqui tornou-se a expressão em forma de separação, diferença, julgamento e ataque.
Vamos ver depois como a doença se encaixa extremamente bem nisso. Na realidade, é por isso
que o ego fez a doença.

Voltamos ao ponto culminante do plano do ego, que é basicamente um plano ou guerra contra
Deus, no qual o ego acredita que pode conseguir passar a perna Nele, porque não existe forma de
derrotar Deus em campo aberto. Ao invés disso, o ego se esgueira, com a esperança de que Deus
nunca o encontre, e faz um mundo projetado para fora da mente, no qual pode se esconder,
porque o Espírito Santo está na mente, não no corpo e no mundo.

O ego persuadiu o Filho de Deus a se identificar com um sistema de pensamento de pecado,


culpa e medo, que culmina com o terror absoluto do pensamento de confrontar o Amor de Deus, o
que leva o Filho de Deus muito rapidamente a se tornar o ego. Já não é mais simplesmente o fato
de que o Filho de Deus ouviu a voz do ego. Ele agora se identificou totalmente com a voz do ego,
o que significa, para todos os propósitos e intenções, que o Espírito Santo foi obliterado da sua
mente. Como o Curso explica, o Amor de Deus nunca pode realmente ser obliterado da mente,
mas ele certamente pode ser escondido, e é isso o que este sistema de pensamento e o mundo
fazem. É por isso que falamos do mundo como um “esconderijo”. Ele se torna uma distração, ou
uma cortina de fumaça. Seu propósito é distrair a atenção do Filho de Deus de onde o problema
está. O ego diz a ele que o problema está na mente - e o problema é o Espírito Santo. O que o
ego, obviamente, nunca diz ao Filho de Deus é que o problema não é o Espírito Santo; o problema
está na parte da sua mente que toma decisões. No momento em que ele se voltar para o Espírito
Santo, o problema estará terminado. Em vez de deixar que isso aconteça - porque se isso
acontecer será o fim do ego -, ele lhe conta sua história e o convence o Filho de Deus a se perder
de si mesmo. (É isso o que representa o arco no esquema). Sua atenção agora deixa a mente e
vai para o mundo.

Essa é uma forma de entender a linha logo no início do texto onde Jesus diz que “Tu és por
demais tolerante em relação às divagações da mente” (T-2.VI.4:5-6). Basicamente, no final das
contas, nossa atenção foi retirada da mente e colocada no mundo. Uma vez que isso aconteceu,
nos esquecemos de onde viemos. É por isso que o véu da negação é tão importante; ele faz com
que nos esqueçamos de onde viemos. Agora, nós realmente acreditamos que somos um corpo
com um cérebro. Para todos os propósitos, nos tornamos sem mente, que é o propósito último do
ego. Em resposta, o propósito último do Curso é fazer com que possamos redescobrir o poder da
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mente, porque só dentro da mente podemos encontrar a salvação. A salvação não está com o
Espírito Santo; ela não está com Deus. A salvação está com o poder da mente de escolher o
Espírito Santo. O poder de escolher é o ensinamento central do Curso. O ego nos ensinou que
não temos escolha, que nos tornamos o ego e que não existe mais nenhuma alternativa.

Esse é o significado da seção, “A Alternativa aos Sonhos de Medo”, que vamos examinar depois,
no workshop. Ela diz em um ponto, “Deus é a Alternativa para os sonhos de medo” (T-28.V.1:6). O
ego nos disse que não há alternativa ao sonho de medo. Nós somos o sonho de medo. O ego,
então, transferiu o sonho de medo da mente para o corpo. Novamente, como já mencionei em
termos do filme e do que vemos projetados na tela, o que estava na mente, que agora foi dividido,
foi depositado no corpo. E, então, o sistema de pensamento do pecado, culpa e medo - os
pensamentos de separação, diferença, julgamento e ataque - tudo se tornou parte do programa
do cérebro e do corpo, na verdade, do mundo todo. Então, o mundo é um espelho exato do que
está dentro da mente, exceto que esquecemos que ele é simplesmente o reflexo, e aceitamos o
reflexo como realidade.

Vocês poderiam dizer que o Curso está nos pedindo para questionar a experiência mais básica de
que eu sou um sujeito e que os objetos fora de mim me afetam através dos meus órgãos do
sentidos. O ego tem sido tão habilidoso nisso que alguns dos cérebros mais brilhantes da história
especularam e teorizaram, teologizaram, filosofaram e meditaram sobre o corpo, os sentidos, o
cérebro e o mundo, o que percebemos e o que não percebemos, não tendo idéia de que nada
disso é real, de que tudo é uma projeção da mente. É como um cachorro perseguindo seu próprio
rabo; nunca chega a lugar algum - e é por esse motivo que ninguém entende nada. O mundo não
foi feito para ser compreendido. A única coisa que é compreensível sobre o mundo é que não
existe maneira de compreendê-lo. Todo o universo físico, tudo sobre o corpo e o cérebro, foi
literalmente feito pelo ego para nos distrair do problema real, que é o fato de termos feito a
escolha errada.

O ego criou o mundo sensório, um cérebro e um corpo que percebe e interpreta esse mundo,
reagindo a ele como se estivesse lá. A Lição 92 do livro de exercícios deixa esse ponto muito claro
- vamos falar sobre essa lição daqui a pouco, como uma introdução para o que estaremos
discutindo nesse workshop.

O cérebro é o que o ego nos diz que realmente somos. O cérebro está dentro do corpo, é uma
parte do mundo físico. O funcionamento do cérebro é o que a maioria das pessoas hoje se refere
como sendo a mente. Tudo isso não tem absolutamente nada a ver com a própria mente. Uma
boa analogia é um titereiro e os títeres, com o titereiro sobre o palco. Vamos dizer que os títeres
são marionetes, o que quer dizer que têm cordões, e o titereiro está sobre o palco e não está
visível. Ele puxa os cordões dessas peças de madeira sem vida, que foram pintadas e vestidas
para serem marionetes. As marionetes não têm vida em si mesmas - elas não podem ver, não
podem ouvir, não podem experimentar, sentir, viver, morrer. Mas o show de marionetes é bom e o
titereiro é habilidoso; ele pode enganar as pessoas, principalmente as jovens, como crianças. Mas
o titereiro não está na marionete, a marionete é totalmente separada da mente.

Outra analogia é um computador, que é totalmente inerte, imbecil. Ele não pode pensar. Mas, uma
vez que seja programado por um programador que escreve um programa e diz a ele como pensar,
o computador faz todos os tipos de coisas impressionantes. O programador não está no
computador. A mente não está no cérebro. A mente, como vamos ver em um minuto, diz ao corpo
e ao cérebro o que fazer. E o que ela diz ao corpo e ao cérebro para fazer? Ela lhes diz que tornar
o mundo real.
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Lembrem-se, a mente, ou o tomador de decisões, que agora se tornou totalmente identificado com
o ego, diz ao corpo para seguir os propósitos do ego, que é ter um mundo que vai nos distrair e
nos defender contra Deus. O ego nos convence de que somos esse corpo e que o mundo é nosso
lar. Foi a mente que programou o corpo e o cérebro para acreditar que realmente há um corpo e
um cérebro, e que existem outros corpos fora dele. Então, o mundo é o reflexo, ou a imagem,
desse sistema de pensamento que o ego tem dito ao Filho de Deus que é a realidade. Nós
pecamos contra Deus e somos culpados. Estamos apavorados diante da ira de Deus, e esse
terror só pode ser diminuído fugindo dele, escondendo-nos e criando um mundo. Em outras
palavras, nós concordamos com o ego e juramos e prometemos ao ego que nunca iríamos olhar
para o que está na mente. Concordamos em deixar o mundo ser uma distração para que ele então
se tornasse o abrigo, e nos esquecemos de que o fizemos. Nós certamente esquecemos porque
fizemos o mundo. Tudo o que conhecemos é o mundo e o corpo.

Uma vez que o ego nos tem onde quer, acreditando que a separação é real, sentimentos de terror
pela punição de Deus se seguem automaticamente. Isso leva inevitavelmente à necessidade de
ter uma defesa para nos manter a salvo. O mundo se torna essa defesa, e o corpo se torna nossa
experiência individual do mundo; e o ser separado, pecador, culpado, amedrontado e limitado se
abriga no corpo. E, então, o corpo se torna limitado, separado, fragmentado, pecador, culpado,
amedrontado, etc.

O pensamento último do ego é a morte, o que significa que é o destino final de todos aqui, no
mundo. A idéia do ego, que o Curso resume a “matar ou ser morto” (M-17.7:9), tem sua origem na
batalha do ego contra Deus. Ou é uma coisa ou outra; ou vivo eu, ou vive Deus, mas nós dois não
podemos viver simultaneamente porque, nesse ponto, nós representamos idéias mutuamente
excludentes. Deus é o pensamento da perfeita Unicidade; o ego é o pensamento da perfeita
separação. Eles não pode coexistir, então, ou é um ou é o outro. Uma vez que a morte é o
propósito último do ego, que quer triunfar sobre Deus e destruí-Lo, a conseqüência final daqueles
de nós que acreditamos estar no mundo é a morte.

Em antecipação ao que vamos discutir mais profundamente depois, vou só mencionar brevemente
aqui que é o milagre que nos conduz para fora do sistema de pensamento do ego e desfaz todo o
seu plano. O milagre representa a dinâmica de voltar nossa atenção para a mente. O ego projetou
a si mesmo da mente e colocou o problema da mente - que é o problema da separação de Deus
- no mundo. O milagre nos traz de volta à mente. O milagre - perdão é a mesma coisa - diz que o
problema não está realmente no mundo, o problema está de volta dentro da mente. Vamos voltar
a isso depois.

Uma vez que o ego fez o mundo e um corpo, seu plano é nos distrair continuamente para que
continuemos a acreditar que o mundo e o corpo são reais. Uma das maneiras favoritas do ego de
fazer isso é criar problemas. Os problemas sempre vão envolver o corpo, quer estejamos falando
sobre o corpo físico ou o corpo psicológico. Toda nossa experiência nesse mundo, no corpo,
consiste em resolver problemas. Existem os próprios problemas básicos, inerentes a estar em um
corpo: tenho que alimentar o corpo; tenho que protegê-lo contra os elementos; tenho que deixá-lo
descansar; tenho sempre que ver se terei oxigênio para poder respirar. Esses são problemas que
cada ser vivo, ou o que chamamos de vivo, tem que enfrentar e resolver. Esse é o tipo de
problema generalizado que todos têm.

E, então, todos nós temos nossas expressões individuais desses problemas, todas as pequenas
coisas que são um problema para nós: não ficamos felizes até termos roupas de uma determinada
cor, ou vivermos em um determinado lugar, ou ter um certo tipo de comida para ingerir, ou
podermos estar com determinados tipos de pessoas, etc. O ego faz problemas que todos têm que
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ter com um corpo, e, então, temos que resolvê-los. Todos eles caem basicamente sob a categoria
de relacionamentos especiais, todas as diferentes formas de resolver nossos problemas. Quando
sentimos que um problema foi resolvido, chamamos isso de prazer. Quando sentimos que um
problema não foi resolvido, chamamos isso de dor. É por isso que, em um determinado ponto,
Jesus nos diz no Curso que nós realmente acreditamos que existe uma diferença entre prazer e
dor (T-27.VIII.1:8). Por exemplo, se eu tenho um problema de solidão, e depois encontro alguém
para dividir meu espaço comigo, física ou psicologicamente, não estarei mais sozinho, e chamo
isso de prazer. Se meu corpo exige um certo tipo de gratificação ou sensação e eu consigo, isso é
prazer. A falta disso, é claro, seria a dor. Poderíamos continuar indefinidamente, mas acho que
vocês já entenderam o ponto aqui.

Uma das formas específicas do ego lidar com problemas e dor é a doença, o que vamos passar
bastante tempo discutindo. A lição importante do livro de exercícios, “A doença é uma defesa
contra a verdade”, mostra como o ego, quando fica com medo da verdade, procura se defender
contra ela escolhendo a doença e o sofrimento. Se a verdade é algum aspecto do espírito, se o
amor é algum aspecto do espírito, se a cura é algum aspecto do espírito, etc., e é disso que o ego
tem medo, então, ele faz com que nós nos escondamos no corpo. A doença e o sofrimento, é
claro, fazem isso de forma muito eficaz. A doença trabalha de forma tão efetiva se eu acredito que
estou doente, ou se acredito que alguém mais está. Em sua dinâmica, essas situações são
exatamente a mesma, esteja eu me identificando com sua dor e sofrimento, ou as estejam
sentindo eu mesmo. Não importa, porque, de qualquer forma, o corpo e o sofrimento foram
tornados reais, o que o ego interpreta como uma punição de Deus. Todo sofrimento que o corpo
experimenta, seja em experiência pessoal ou na experiência de outras pessoas, com o qual nos
identificamos, o ego interpreta como uma prova de que Deus venceu nossas defesas, nos
encontrou, e agora vai tirar de volta o que roubamos Dele. Em última instância, o que nós
roubamos Dele é a habilidade de “criar” vida, de estarmos vivos. O que roubamos de Deus está
em falta Nele enquanto nós o temos, e nós o escondemos no corpo, como a seção “As Leis do
Caos” explica (T-23.ll). nós acreditamos que usurpamos o lugar de Deus como Criador,
colocando-nos sobre Seu trono, e que nós agora criamos a vida. O que em nós “cria” a vida? É o
corpo. Então, o corpo se torna o símbolo de Deus. É por isso que todos têm conflitos em relação
ao sexo, porque o sexo para nós, em última instância, é o pensamento: eu fiz isso; eu roubei de
Deus e posso criar com aquilo que roubei Dele. O que eu roubei de Deus é o meu corpo, e eu
acredito que Deus vai derrubar a fortaleza, que é o mundo e o corpo, e roubar de mim o que tirei
Dele. Se ele rouba a vida do meu corpo, o que isso significa? Significa que eu morro, porque
agora Ele tem a vida e eu não. E, se eu não tenho vida, bem, essa é a definição de morte!

O mito de Adão e Eva é um maravilhoso relato disso, que é porque o mito é tão importante para o
pensamento ocidental. No mito, quando Deus apanha Adão e Eva no Jardim e os confronta com
seu pecado contra Ele, ele os pune, o que é exatamente o que o ego nos diz que Ele vai fazer. E,
a punição que Deus dá a Adão e Eva é que eles vão nascer em dor, sofrer durante sua vida toda,
e então morrer. Essa é a prova final de que nossas defesas contra Deus não funcionaram. Nossa
morte prova que, no final, Deus vai pegar de volta o que tiramos Dele. Ele vai acabar tendo a vida
e nós vamos morrer.

É por isso que as pessoas são tão obcecadas em tentar prolongar a vida: para que possamos
viver cada vez mais. Alguns sistemas da Nova Era ensinam que a vida é eterna, e que é possível
permanecer no corpo para sempre. Isso é o ego falando: “O que eu tirei de Deus Ele nunca vai
pegar de volta. Nós vamos encontrar a fonte da juventude. Vamos viver de tal forma que vamos
continuar aqui”. Do ponto de vista do Curso, isso é completa insanidade. Quem iria querer ficar
nesse mundo, ou nesse corpo? Nosso lar não é aqui. Nosso lar e no Céu. É o ego que é insano,
que realmente acredita que é muito melhor estar vivo no corpo. Se o ego nos convence de que
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vivemos no corpo, então, a vida real do ego, que é o pensamento na mente, nunca será
examinado. Se ele nunca for examinado, então, nunca será modificado. Mas é isso o que todos
nós fazemos. O ego faz problemas de doença, sofrimento e morte, e, então, tentamos resolver
esses problemas. Nós nos sentimos mal pelas pessoas que estão doentes ou morrendo. Como
uma sociedade, gastamos um esforço tremendo e grandes quantidades de dinheiro tentando
descobrir as causas das doenças. E, logo que resolvemos uma doença, surge outra. Então,
resolvemos esta, e outra vem. Isso simplesmente continua sem parar. É exatamente isso o que o
ego faz. E nós nunca paramos para pensar que talvez toda essa coisa seja uma charada. Talvez,
toda essa coisa tenha sido feita.

É por isso, para nos adiantarmos um pouco, que quando nos identificamos com pessoas que
estão doentes (o que o Curso chama de falsa empatia), e queremos ajudá-las, o que estamos
realmente fazendo é cair na armadilha do ego. Não existe ninguém doente, assim como uma
marionete em um palco não está doente. Tudo o que as marionetes fazem é agir sob o comando
do titereiro. O que está doente é o tomador de decisões que acredita que o ego está dizendo a
verdade, e o Espírito Santo é um mentiroso. É isso que está doente. Na verdade, essa é a única
doença - nós termos feito a escolha errada. Como vamos ver mais tarde no workshop, o milagre
nos capacita a reconsiderar essa decisão. O milagre nos diz que realmente existe outra escolha.
Não é que exista apenas uma única escolha, o ego, e pronto. Nós agora somos capazes de ver
que realmente existe outra escolha - existe outro sistema de pensamento. Existe outra presença
na mente que podemos escolher. Pelo fato de termos esquecido que o Espírito Santo está na
mente, o propósito total do milagre é nos lembrar disso.

Todo o propósito de Jesus em vir a esse mundo foi nos dizer que existe outra alternativa. Deus
não é vingativo; Deus não está zangado. Deus é amoroso. Pelo fato de Jesus ter representado a
alternativa ao sonho de medo, o que as figuras nesse sonho tiveram que fazer? Elas tiveram que
matá-lo. Ele era o representante nesse mundo de sonho do que significa ser uma presença de
Deus totalmente viva e amorosa. Então, as figuras nesse sonho de medo tiveram que devorá-lo e
destruí-lo, porque ele significava o fim do sonho. Não apenas Jesus tinha que ser morto, mas seu
ensinamento e sua mensagem também tinham que ser mortas. É por isso que, com o Curso,
conseguimos outra chance de olhar para o que Jesus realmente ensinou.

Parte II

Comentário sobre a Lição 92

Vamos voltar ao livro de exercícios, Lição 92. Vamos ler uma boa parte dessa lição, porque ela
serve como uma ótima introdução. O título da lição é “Milagres são vistos na luz, e a luz e a força
são uma só”. Ela é uma continuação da lição anterior, “Milagres são vistos na luz”, mas a expande
um pouco mais.

(Lição 92 - Parágrafo 1 - Sentenças 1-4) A idéia para o dia de hoje é uma extensão da anterior.
Tu não pensas na luz em termos de força e na escuridão em termos de fraqueza. Isso é assim
porque a tua idéia do que significa ver está presa ao corpo, aos olhos do corpo e ao cérebro.

O ego nos disse que nossa fraqueza está na mente. Ele nos ensina que se continuarmos na
mente, seremos destruídos, e que a força está em se opor a Deus - essa força realmente vem de
roubarmos a força de Deus. Para o ego, fazer um mundo e um corpo é a fonte da força, porque
isso é uma defesa contra Deus. Se Deus entrar em cena, o ego estará terminado. Então, nós
confundimos força com fraqueza. Confundimos luz com escuridão. A verdadeira luz está na
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mente, e essa luz é representada pelo Espírito Santo. O ego extingue a luz, abafa a Voz da
Expiação do Espírito Santo. Sua Voz de Amor. O ego se esconde na escuridão e faz seu próprio
mundo, que é um mundo de escuridão e fraqueza, porque ele é a falta de luz, força e amor. Então,
o ego faz um corpo com um cérebro; é o corpo que nos diz que existe luz e escuridão. E o corpo,
que carrega os ditames da mente, nos diz o que a força é. A força é sempre algum aspecto de
tornar o corpo real. Então, nesse mundo, nós definimos a força como coragem, como superar
grandes obstáculos, como ter muitos músculos. Definimos a força como uma qualidade de
pessoas que têm força de vontade, que superaram todo tipo de problemas, etc. todas essas
definições são maneiras diferentes de glorificar o ego.

(1:4-8) Assim, acreditas que podes mudar o que vês pondo pedacinhos de vidro diante dos teus
olhos. Essa é uma das muitas crenças mágicas que vêm da convicção de que és um corpo e de
que os olhos do corpo podem ver.

Então, todos que usam óculos deveriam se sentir culpados, certo? Nós realmente acreditamos
que nossos olhos vêem, que nossos ouvidos escutam, que nossos órgãos dos sentidos sentem,
que nossa mãos tocam, que nossos cérebros pensam, etc. Na realidade, o corpo não faz
absolutamente nada, mas carrega os ditames da mente. Em muitos outros lugares, o Curso
amplia essa idéia, mas esta é uma das mais claras e simples expressões dela.

Eu mencionei antes que estudar esse tópico como estamos fazendo vai nos ajudar a reconhecer o
quanto esse sistema de pensamento é profundo, e o quanto seus ensinamentos metafísicos são
importantes para compreendermos o que o perdão realmente é. Quando Jesus nos diz que os
olhos do corpo não podem ver, ele quer dizer isso muito literalmente. Não há nada pra se ver,
porque não há nada lá fora. O mundo todo é uma projeção de um pensamento que nós realmente
acreditamos ver fora de nós. Tudo o que estamos vendo é um espelho de um pensamento que
está na mente. Não há visão aqui. Não há pensamento aqui.

Logo no início do livro de exercícios, o Curso fala sobre como os pensamentos que achamos que
pensamos não são pensamentos reais (LE-pl.rl.51.4:2). O cérebro não pensa. É a mente que tem
o pensamento. E, basicamente, existem apenas dois pensamentos: o pensamento do ego, e o
pensamento do Espírito Santo; um é de medo e o outro de amor. Mas não existe visão ou
pensamento aqui - não mais do que uma marionete pensa. Nós podemos adaptar o que
Shakespeare disse em Como Quiseres, “O mundo é um palco, e todas as pessoas são
meramente atores nele”, para “O mundo todo é um palco de marionetes, e todas as pessoas nele
são apenas marionetes”. Tudo o que nós estamos fazendo é seguir instruções da mente.

Uma vez que nós representamos pensamentos de medo, não experienciamos genuínos
pensamentos de amor. O que nós chamamos de amor é realmente perdão. Em outras palavras, o
que podemos fazer nesse mundo é olhar para o medo e sorrir para ele, e isso desfaz o medo.
Como o Curso explica em algum lugar, o perdão é a expressão no mundo do Amor do Céu.
Entretanto, quando nós olhamos com o ego, vemos uma fotografia muito desolada e sem
esperanças de nós mesmos. Mesmo que nosso sentimento seja que ansiamos mais do que
qualquer outra coisa voltar para casa, podemos sentir, com muita freqüência, que nunca
chegaremos lá. A esperança começa quando olhamos para a visão do ego e dizemos, “Sim, é
claro, é isso o que o ego vai fazer; ele vai fazer com que tudo isso pareça sem esperança”.

Nós vamos ver, conforme prosseguirmos, que o ego tem feito com que levemos esse mundo de
forma muito, muito séria. A falsa empatia é levar os problemas de alguém muito a sério. Sentir-nos
pesarosos por nós mesmos é levar a nós mesmos a sério demais. Lembrem-se da linha que citei
no início, “Na eternidade, onde tudo é um, introduziu-se uma idéia diminuta e louca, da qual o
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Filho de Deus não se lembrou de rir” (T-27.VIII.6:3-4). Se tivéssemos rido dela, como o princípio
da Expiação nos levaria a fazer, teríamos percebido que esse era um pensamento ridículo. Como
uma parte de Deus poderia estar separada Dele? Como uma parte de Deus poderia acreditar que
poderia ferir ou destruir Deus? Como ela poderia acreditar que isso poderia transformar Deus em
um maníaco feroz, etc., etc.? Nós teríamos visto que aquele pensamento do ego não fazia sentido
algum.

Algumas linhas depois, Jesus diz: “É uma piada pensar que o tempo pode vir a lograr a
eternidade, que significa que o tempo não existe” (T-27.VIII.6:8-10). É uma piada pensar que
qualquer aspecto do ego poderia ter qualquer efeito sobre a eternidade, e poderia rompê-la.
Lembrem-se, “nenhuma nota na canção do Céu se perdeu (T-26.V.5:9-10). É absurdo e tolo
acreditar que uma única nota no Céu poderia ser modificada por causa desse pensamento.

Pelo fato de termos levado o ego a sério - as palavras pecado, culpa e medo são palavras muito
sérias -, o mundo que veio desses pensamentos precisava ser muito sério. Nós então fizemos
expressões do que é sério: doença, dor, injustiça, opressão, tortura, etc., tudo parecendo ser
muito, muito sério. E, então, nos sentimos pesarosos ou mal sobre o que acontece, e queremos
mudá-lo. Tudo o que estamos fazendo é cair direto na armadilha do ego, porque tiramos nossa
atenção da mente e a pusemos no mundo, e nos esquecemos da mente, e de onde o sofrimento
realmente está. O sofrimento não está no mundo, está na mente. Vamos voltar a esse tema
muitas vezes.

(LE-L.92.2:1-3) Também acreditas que o cérebro do corpo pode pensar. Se apenas


compreendesses a natureza do pensamento, poderias apenas rir dessa idéia insana.

Uma das idéias básicas de Krishnamurti, o grande guru indiano, é a natureza do pensamento. Ele
disse exatamente o que essa passagem está dizendo, que o que pensamos serem pensamentos
não são nossos pensamentos. Seu propósito é nos ajudar a atingir o fim do pensamento, e o fim
do pensamento é amor. Tudo o mais é uma defesa contra isso. Toda dor e todo medo são
simplesmente falsos pensamentos - não nossos verdadeiros pensamentos de forma alguma.
Essa é a mesma idéia.

Se nós realmente entendêssemos a natureza do pensamento, iríamos rir dessa idéia insana de
que “o cérebro do corpo pode pensar”. A natureza do pensamento é que ele está na mente, e que
existem apenas dois pensamentos: amor e medo. Um é real e o outro é falso. Na seção intitulada
“As Duas Emoções”, que poderia ser renomeada de “Os Dois Pensamentos”, Jesus diz, “Tens
apenas duas emoções, uma feita por ti e outra que te foi dada (T-13.V.10:1-2). A emoção que nos
foi dada, é claro, é o amor, e a emoção ou pensamento que fizemos é o medo do ego, que é uma
defesa contra o amor. O Curso diz, logo no início da Introdução, “O oposto do amor é o medo,
mas o que tudo abrange não pode ter opostos” (T-in.1:8-9). O oposto do amor é o medo, mas o
amor não tem opostos, porque o amor é tudo. Portanto, não existe medo. Jesus está dizendo: “Se
você apenas entendesse a natureza do pensamento, iria rir da idéia de que o corpo possa
realmente pensar”. Não apenas não há cérebro, não há corpo, não há mundo, não há nada -
assim como não há pessoas reais em uma tela de cinema. É simplesmente uma ilusão. As
pessoas não estão andando ou correndo em uma tela de cinema - é simplesmente ilusão de
ótica. Os quadros passam tão rápido que parece que as pessoas realmente estão fazendo coisas
na tela. Quando entendemos a natureza do pensamento, quando entendemos a natureza de um
filme, percebemos o quanto é tolo pensar que qualquer coisa está acontecendo na tela. A maior
parte do tempo, nós realmente entendemos o que é um filme, então, não somos dominados pela
ilusão. O problema é que o mundo é exatamente a mesma situação, mas somos enganados por
ele, e nos esquecemos que toda a coisa foi feita.
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(2:3-5) É como se pensasses que tens nas mãos o fósforo que ilumina o sol e lhe dá todo o calor;
ou que manténs o mundo dentro da tua mão, bem preso, até que o deixes ir.

Isso é análogo à seção no texto intitulada “O Pequeno Jardim” (T-18.VIII), onde a mesma
afirmação é feita. Lá, a imagem é de uma onda imperceptível no oceano que acredita que é o
oceano, ou um pequeno raio de sol que acredita ser o sol. É a mesma idéia. É nisso que
acreditamos. Esse nada insignificante que pensamos ser tão incrível, o corpo, realmente não tem
efeitos em nada. Toda a coisa é simplesmente uma ilusão; nada é real de forma alguma.
Entretanto, a arrogância da mente do ego, que se traduz em arrogância no cérebro humano, é que
nós acreditamos que somos importantes. Nós acreditamos que podemos fazer coisas e que
podemos exercer um efeito. Nós acreditamos que é uma grande coisa mandar um foguete para a
lua, ou descobrir a cura para a AIDS ou para o câncer, ou ganhar a Super Bowl ou o World Series.
Tudo o que realmente deixa as pessoas entusiasmadas e enlouquecidas nesse mundo reflete a
idéia de que acreditamos poder triunfar sobre Deus. Nós nos esquecemos que somos aqueles que
fizemos todo esse universo físico, então, qual é a grande coisa em mover uma parte da ilusão
para outra, do planeta Terra para Marte, ou para a Lua, ou para qualquer outro lugar? Estamos
olhando no lugar errado. A idéia é nos movermos para além das nossas experiências no mundo
do corpo, de volta para a mente que o pensou.

(2:5-7) No entanto, isso não é mais tolo do que acreditar que os olhos do corpo podem ver e o
cérebro pensar.

Em outras palavras, isso não é mais tolo do que pensar que você tem um pequeno fósforo que
pode iluminar o sol inteiro. Se nós pensarmos sobre essas linhas, ou “mudarmos de idéia” sobre
elas, vamos perceber o quanto o ego tem sido efetivo, e o quando nos deixamos ludibriar por sua
magia. Nós realmente acreditamos que pensamos, vemos, ouvimos, sentimos, temos dor e prazer,
etc. Nós realmente acreditamos que tudo isso é importante. E, entretanto, tudo isso é parte da
distração - o efeito cortina de fumaça. O problema real, que é a escolha que fizemos na mente
entre o ego e o Espírito Santo, está totalmente bloqueado e tem sido encoberto por todas as
coisas aparentemente importantes que acontecem aqui no mundo e no corpo.

(3:1-2) É a força de Deus em ti que é a luz na qual vês, assim como é com a Sua Mente que
pensas.

O Espírito Santo se torna o reflexo da Mente de Deus dentro da mente dividida, sendo a memória
do Amor de Deus.

(3:2-8) A Sua força nega a tua fraqueza. É a tua fraqueza que vê através dos olhos do corpo e
espreita na escuridão para contemplar algo que lhe seja semelhante: o pequeno, o fraco, o
doentio e o moribundo, o necessitado, o desvalido e o que tem medo, o triste, o pobre, o faminto e
o que não tem alegria. Esses são vistos através de olhos que não podem ver e não podem
abençoar.

“A aparência dele”, o ser egóico, é pecador, culpado, amedrontado, limitado, pequeno, sofredor e
mortal. Isso, é claro, é tudo expresso pelo corpo. Então, nós olhamos para fora para encontrar as
testemunhas que vão nos dizer que esse ser é verdadeiro. Portanto, vemos: “o pequeno, o fraco,
o doentio e o moribundo, o necessitado, o desvalido e o que tem medo, o triste, o pobre, o faminto
e o que não tem alegria”. Isso tudo é sinônimo de descrever o mesmo sistema de pensamento
básico do ego - que é o pecado, a culpa e o medo. E, então, é isso o que vemos.
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O ego fez um mundo que é um espelho de si mesmo, o que nós vemos como o mundo e o
tornamos real. Não estamos falando sobre ver sem tornar real. Por exemplo, quando Jesus estava
aqui, os olhos do seu corpo viram o que todos os outros viam, mas ele não reagiu a isso como se
fosse real, porque ele sabia que era um sonho. Viver no mundo real e ter a mente curada não
significa que você não vê fisicamente com seus olhos o que todos os outros vêem, mas você
percebe que o que seus olhos estão vendo e trazendo a você é uma ilusão. Você não nega o que
os olhos do seu corpo vêem; você simplesmente dá a isso uma interpretação diferente, e,
portanto, sua experiência é diferente. Se nós reagirmos a algo que vemos nesse mundo, seja uma
reação de prazer ou de dor - se nós ouvirmos as notícias sobre um estupro brutal, ou uma
catástrofe como um prédio desabando e aprisionando pessoas dentro dele, ou um terremoto, ou
uma invasão da outro país, ou histórias de tortura, e nos percebemos ficando irritados,
amedrontados, culpados, excitados, aterrorizados, ou nos sentindo pesarosos pelas vítimas -
estamos fazendo exatamente o que essa passagem está dizendo. A mente do ego disse aos
nossos olhos para observarem na escuridão, e perceberem algo similar a eles.

Novamente, o que vemos é “o pequeno, o fraco, o doentio e o moribundo, o necessitado, o


desvalido e o que tem medo, o triste, o pobre, o faminto e o que não tem alegria”. E nós sabemos
o que é que estamos vendo e tornando real quando ficamos aborrecidos, quando escolhemos um
lado em um conflito, quando nossos corações se voltam para as pessoas que estão sofrendo.

Como vamos ver depois, esses são exemplos do que o Curso considera falsa empatia, quando
nos identificamos com a fraqueza de alguém ao invés de com a força de alguém. A fraqueza não é
do corpo; a fraqueza aparente do corpo é o reflexo da fraqueza do sistema de pensamento do
ego, que é fraco porque está em oposição à força de Deus. A força de Cristo em nós mesmos e
nos outros é o reflexo da presença do Espírito Santo. Isso é verdadeiro então: vamos sentir
empatia pela força de Cristo uns nos outros ao invés de com a fraqueza do ego.

É importante perceber que existe um propósito que está sob perceber o mundo da forma que
fazemos, e o fato de termos feito o mundo como fizemos. Isso não foi por acaso. Nós fizemos o
mundo para refletir o que está na mente - o sofrimento, o medo, o terror, a pequenez, e a
insalubridade que estão na mente do ego. O que foi tornado real na mente e projetado para fora,
nós agora vemos como fora de nós, não dentro da mente. Se nós o víssemos na mente e
permanecêssemos nela, em algum momento, iríamos ouvir a Voz do Espírito Santo e perceber
que toda a coisa foi feita. O Amor de Deus nos chama de forma tão irresistível que o medo do ego
iria desaparecer. É por isso que o ego pega o medo, a pequenez, o sofrimento, a culpa, e os
projeta no mundo. Isso faz um corpo que personifica o que está na mente para que pareça estar
fora. E, então, nós nos esquecemos completamente de onde isso veio. Não temos mais uma
escolha aqui. A única escolha que temos, que espelha a escolha na mente, é “matar ou morrer”
(M-17.7:10). Você quer matar ou morrer? O que eu quero é não ver a doença em mim mesmo,
mas percebê-la fora de mim, em você. Se você for aquele que está doente, então, estarei bem.
Vamos falar mais sobre isso quando falarmos sobre a doença mais tarde. Mas esse é o propósito
de perceber a dor, o sofrimento e as vítimas no mundo - para que não os vejamos na mente.

Outra maneira de explicar o sistema de pensamento do ego é dizer que o ego tornou a vitimização
real na mente. A vítima original do ponto de vista do ego é Deus, e nós somos os vitimadores. Nós
vitimamos Deus. Nós O roubamos. Então, o ego torceu tudo: Deus está ferido; Deus está nervoso;
Deus é vingativo; Deus vai nos vitimar. Nós nos tornamos as vítimas inocentes, e Ele é o vitimador
mesquinho. Uma vez que esse é o pensamento original do ego que foi projetado no mundo, o
mundo então se tornou um lugar de vitimação. Antes da vitimação ser colocada para fora da
mente, entretanto, eu ainda tinha uma escolha entre escutar o ego, que me fala sobre sua
realidade, ou o Espírito Santo, Que ri de todo o pensamento de vitimação. Uma vez que esse
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pensamento foi tornado real e colocado em um mundo, e eu tenho um corpo que vê a vitimação
ao redor de mim, não penso mais que tenho qualquer escolha. A escolha agora é: Quem será a
vítima, e quem será o vitimador?

O que é realmente importante entender é a motivação que está por trás de nossa dor, sofrimento,
e injustiça perceptíveis no mundo. E o ego nunca nos diz qual é o propósito final. Seu propósito
final é sempre o assassinato (T-24.ll.12:6). O ego nunca vai nos deixar reconhecer que “o que não
é amor é assassinato” (T-23.IV.1:10), e nada aqui é amor. Então, ele nos dá sua versão de amor.
Sua versão de amor é compaixão, preocupação, piedade, sentimento de pesar pelas pessoas,
cuidar das pessoas, ministrar para as pessoas, tirar a dor das pessoas, etc., e nós chamamos isso
de amor. O ego nunca nos diz qual é seu propósito final, que é matar.

Em vez disso, ele faz um mundo de dor e sofrimento, e nos diz que nós seremos as pessoas
boas, e vamos desfazer a dor e o sofrimento no mundo. Esses são os benfeitores do mundo. É
por isso que Jesus diz, “Não confies nas tuas boas intenções. Elas não são suficientes (T-
18.IV.2:1). As pessoas bem intencionadas são as pessoas mais terríveis no mundo. Elas são
aquelas com as quais você deve estar atento, porque elas parecem ser outra coisa além do que
são. Uma pessoa mal intencionada é uma bênção, porque você sabe exatamente contra o que
está lutando. Não estou dizendo que uma pessoa assim é toda amor, mas, pelo menos, você sabe
o que está levando. Com Hitler, vocês sabiam exatamente o que estavam levando desde o início.
Com a versão de amor do ego, vocês não sabem. Isso é o que é o amor especial. Essas são as
pessoas que estão sempre tentando ajudar as outras. O governo que vai tornar o mundo seguro
para a democracia, é o governo ao qual vocês devem estar atentos. Essas são as pessoas que
vêem problemas no mundo, e vão resolvê-los no mundo, o que quer dizer que vão cair direto no
sistema de pensamento do ego. Não existe problema no mundo porque não há mundo. Não existe
doença no mundo, porque não há corpo para ficar doente. Não existe sofrimento no mundo
porque não há ser que possa experimentar sofrimento no mundo. Toda a coisa é um enorme
truque de magia, porque o problema está na mente, mas é visto aqui fora, no mundo. Uma vez
visto no mundo, esquecemos de onde o problema veio; é isso o que o véu da negação e do
esquecimento consegue. O corpo nos diz que realmente existe algo lá fora. Então, nós
acreditamos que o corpo pode ver, o cérebro pode pensar, etc., etc. E toda a coisa é criada.

Parte III

Comentários sobre a Lição 92 (conclusão)

(Parágrafo 4 - Sentença 1) A força ignora todas essas coisas vendo além das aparências.

A “força”, como vamos ver depois, é a força de Cristo, que basicamente significa olhar através do
olhos do Espírito Santo, ou os olhos de Jesus - o que o Curso se refere como a visão de Cristo ou
a percepção do Espírito Santo. A visão de Cristo olha por sobre as coisas do mundo ao ver as
aparências passadas, o que significa que nós vemos o que o mundo tornou real, e dizemos, “Mas
o problema não está aqui; o problema está na mente”.

Lembram-se do conto de fadas, As Roupas Novas do Imperador? Bem, é basicamente isto que
esse trecho está dizendo. O Imperador não está vestido. O problema não é toda a vestimenta
horrível que o corpo, o Imperador, tem aqui. Não há roupas. Na verdade, não há Imperador. Toda
a coisa foi inventada. Mas, para percebermos isso, temos que olhar. No conto de fadas, o
menininho olha para o imperador de olhos abertos - não para agradá-lo, ou para fazer o que o
mundo diz que deveria fazer - e diz que o imperador está nu. Em outras palavras, toda a coisa foi
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inventada. É isso o que Jesus tenta nos levar a fazer no Curso: olhar para o mundo e para o
sofrimento nele, e dizer que tudo foi inventado. Não há nada aqui.

Na passagem próxima do final do Capítulo 27, Jesus diz que o Espírito Santo não olha para os
efeitos, mas para a causa (T-27.VIII.9:1). Nós temos julgado os efeitos; Ele tem julgado a causa.
Nós olhamos para todos os efeitos (deixe-me colocar a palavra “efeito”, aqui, no gráfico), para o
que veio da mente e, portanto, julgamos o efeito. Nós dizemos que alguns efeitos são bons,
alguns são ruins, alguns são prazerosos, alguns são dolorosos, alguns são santos, outros são
profanos, alguns são vivos, e alguns são mortos. Nós fizemos uma hierarquia de ilusões, que é a
primeira lei do caos, e as julgamos. O Espírito Santo não olha para os efeitos. Ele não faz um
acordo com o mundo. Ele olha para a causa. A causa é a mente que escolhe se identificar com o
ego ao invés de com Ele. A causa de todo sofrimento e dor no mundo é acreditar que a “minúscula
louca idéia” é algo sério. O Espírito Santo olha para a “minúscula, louca idéia”, sorri e diz, “Isso
não é uma tolice? Não é nada mais do que um sonho tolo”. Nesse ponto, toda a coisa desaparece.
O Espírito Santo não vê as aparências, mas vai além delas.

(Parágrafo 4 - Sentenças 2-4) [A força do Espírito Santo] mantém o seu olhar constante sobre a
luz que está além. Ela se une à luz, da qual faz parte. Ela vê a si mesma.

Isso é uma expressão da “União Maior” (T-28.IV) sobre a qual vamos falar mais tarde, quando
falarmos sobre essa seção. O que isso significa para nós é que - estou me adiantando um pouco
em relação ao que estamos falando agora - quando me vejo sendo aprisionado, estou vendo
através dos olhos do ego. Sei que estou aprisionado quando torno algum aspecto do mundo físico
ou psicológico real - levo algo aqui a sério; sinto que existe um problema lá fora que tem que ser
corrigido, ou alguém aqui que tem que ser ajudado, e sou aquele que vai fazer isso, ou conferir se
foi feito, e isso se torna minha motivação. Estou vendo através dos olhos do ego, o que quer dizer
que estou vendo através dos olhos da escuridão, porque estou vendo algo que literalmente não
está aqui. Não há problema aqui.

Quando fico aprisionado, o Espírito Santo me pede para escolher um milagre ao invés da mágoa
ou da projeção do ego - o que é a mensagem inteira do Curso. Isso significa que eu volto para
aquele lugar na minha mente onde eu aparentemente me uni à escuridão do ego contra a luz do
Espírito Santo, e agora mudo minha mente. Quando faço isso, uno-me à luz, e olho para o mundo
através desta luz. Olho para o mundo através da visão de Cristo, através dos olhos da força.
Agora, eu vejo - não pessoas com dor física ou emocional, não algum problema no mundo - vejo
outros pedindo o Amor de Deus do qual eles acreditam ter se separado, e com o qual pensam que
nunca mais vão se reunir. É isso o que eu vejo.

Isso não significa que, em um nível comportamental, eu não faça nada por alguém no mundo.
Significa que se eu fizer, não faço isso à partir da fraqueza ou da piedade. Não faço isso por
causa do sentimento de pesar pela pessoa. Faço isso porque estou respondendo ao pedido de
amor daquela pessoa no nível em que ela pode aceitá-lo. Sempre que alguém está sofrendo, essa
pessoa está dizendo, “Eu tornei o Amor de Deus um inimigo, e estou sendo punido. Eu agora
preciso de um sonho feliz para acabar com a dor”. E, então, eu me uni àquela pessoa
aparentemente para acabar com sua dor física, o que eu posso ter o poder de fazer. Mas o que
estou realmente fazendo ao acabar com a dor física de outra pessoa é passar a mensagem que
diz que Deus não está zangado com você, e que através de meu amor e de minha paz, estou
refletindo para você o amor e a paz que está dentro de você. Assim como fui capaz de fazer uma
escolha de não tornar seu erro real, de não tornar a culpa ou o pecado reais, você também pode
fazer a mesma escolha. No nível da forma ou do comportamento, posso fazer exatamente o que
outra pessoa faria, mas minha motivação será diferente. Estarei fazendo isso à partir de um lugar
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de força, não de fraqueza. Não é o meu coração que vai até você; é a luz em minha mente que
chama pela luz na sua. Não é que eu me identifiquei com sua fraqueza. A força de Cristo em mim
chama sua mente para fazer a mesma escolha que eu fiz, que é se unir com a força de Cristo em
você. Isso é a união. Eu não me uno com você no nível do corpo. Isso não é união. Eu me uno a
você em minha mente, o que significa que parte da minha mente é capaz de olhar além das
aparências e ver seja o que for que estiver acontecendo nesse mundo como uma expressão do
pedido do Amor de Deus do qual você acredita ter se separado. Essa é uma idéia que vai
aparecer inúmeras vezes.

Então, a luz vê a si mesma. Não existe, então, experiência de separação. Os olhos do meu corpo
vêem você como separado, mas quando minha mente é curada, percebo que a luz de Cristo brilha
em você, assim como brilha em mim, apesar das aparências da escuridão do ego.

(Parágrafo 4 - 3-5) Ela [a luz] vê a si mesma. Ela traz a luz, na qual o teu Ser aparece. Na
escuridão, percebes um ser que não existe.

O Espírito Santo se torna a memória de nossa realidade como Cristo, o lembrete de Quem somos
como Cristo, o Ser real. “Na escuridão” se refere ao nosso afastamento da luz do Espírito Santo e
a nossa identificação com o sistema de pensamento do ego. Lembrem-se, quando escolhemos o
ego, nos tornamos o ego. Nesse ponto, nós nos identificamos com um ser pecador, separado, que
literalmente não está lá, porque nunca deixamos o lar. Se eu me identifico em minha mente com
um ser limitado, separado, eu me identifico com todos os seres limitados, separados no mundo.
Alguns eu me identifico “com” - são as pessoas às quais eu me uno, meus parceiros de amor
especial. Alguns eu me identifico “contra”, porque vejo neles algo que não quero ver em mm
mesmo. Em todos os casos, estou me unindo com alguém ou algo que literalmente não está lá.

(Parágrafo 4 - Sentença 5-7) A força é a verdade sobre ti, a fraqueza é um ídolo falsamente
venerado e adorado para que a força possa ser dissipada e a escuridão reine onde Deus designou
que houvesse luz.

Isso é exatamente o que o ego tem feito - colocando-se no lugar de Deus. Na imagem que eu
mencionei antes, a pequena e imperceptível ondulação ou onda acredita que é o oceano, mas não
tem o poder do oceano. É absolutamente nada, assim como um pequeno rio de sol não tem o
poder do sol. Mas o raio de sol acredita, em sua arrogância, que é o sol, e a ondulação acredita,
em sua arrogância, que é o oceano. Nós seguramos um fósforo e acreditamos que somos
literalmente a luz do mundo - que nós, esse pequeno fósforo, damos ao sol toda sua luz. O ego
acredita que roubou a força de Deus, então, Deus não a tem mais e o ego a tem agora. Então, o
ego faz um sonho no qual é o rei. “Veja o que eu fiz. Posso criar um mundo. Posso criar um
corpo”. Em uma versão, o ego diz, “Sou maior do que Deus porque posso destruir o que fiz. Deus
não pode fazer isso”.

O ego, em sua imensa insanidade, faz a si mesmo mais forte do que Deus, Que não tem poder de
destruir o que Ele criou, mas o ego pode. O ego constrói bombas e todo tipo de armas, e diz, “Veja
o quanto sou forte!”. Ouçam as palavras do presidente Bush sobre o Golfo Pérsico, quando ele
estava flexionando seus músculos e dizendo a Hussein, “Veja o que posso fazer. Veja todo o
poder que tenho. Quinhentas tropas não são suficientes; mil, duas mil não são suficientes. Vamos
lhes mostrar o quanto somos fortes”.

Não estamos dizendo a Hussein o quanto somos fortes; estamos dizendo a Deus o quanto somos
fortes. O ego sempre tenta mostrar o quanto é forte e poderoso - o quanto sua força é grande. É
isso que o mundo é, egos, e corpos estão sempre tentando esconder o fato de que nós realmente
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somos um nada insignificante. O ego sabe disso. Enquanto ele não sabe nada sobre o Amor de
Deus ou Sua força, porque isso está além da sua realidade, ele realmente sabe, em algum nível,
que existe um poder maior do que ele próprio.

Esse é o poder de escolha de nossas mentes. É por isso que o ego tem medo. Ele realmente não
tem medo de Deus, porque não sabe nada sobre Deus. O que ele realmente teme é o poder da
mente do Filho de Deus de escolher, porque o poder do ego não vem de si mesmo. Quando
tirarmos nossa crença no ego, ele vai literalmente se dissolver. Como o Curso explica, novamente,
o ego desaparece no nada de que foi feito. (M-13.1:2)

O poder aparente de terror, auto-ódio, assassinato, dor, não está dentro do medo, da dor, do terror
ou da culpa; o poder vem da nossa crença nesse sistema de pensamento. Isso é extremamente
importante. A dor não vem do corpo, não importa o quanto pareça poderosa ou dolorosa - e nós
todos sabemos quanta dor o corpo pode sentir de vez em quando. A dor não vem do corpo, ela
vem da nossa crença nela. Jesus é citado nos evangelhos dizendo, “Todo poder no Céu e na terra
é dado a mim”. Nós temos o mesmo poder. É o poder na mente.

Nós nos sentimos culpados em relação a nossas mentes porque acreditamos que o poder ea
força em nossas mentes vêm do roubo; nós o roubamos de Deus. Quando estamos emnossa
mente certa, percebemos que o poder é o reflexo do Amor de Deus. O propósito do Espírito Santo
e de Jesus é serem lembretes em nossas mentes de que nós temos todo o poder.

A lição 253 do livro de exercícios diz, “Quem rege o universo é o meu Ser”. Minha mente contém
dentro dela o poder do universo de Cristo, mas ela também contém o pseudo-poder do universo
do ego. O mundo é simplesmente o espelho do que está em nossas mentes. Nós pegamos a
pequenez e a fraqueza do ego, a projetamos para fora e fizemos um corpo que é inerentemente
fraco porque vai se deteriorar e um dia morrer. Então, tentamos doutrinar o corpo, que é o ego
tentando sustentar, nutrir e confortar a si mesmo. Isso apenas mantém toda a ilusão de que existe
um ego.

Vamos voltar à Lição 92. o que ela está refletindo é a diferença entre a força da visão de Cristo e a
fraqueza das percepções do ego. O ego, que é basicamente um pensamento de fraqueza,
sofrimento, culpa, dor e morte, automaticamente dá espaço a uma percepção do mundo dessa
mesma maneira. Nossa verdadeira força está na presença do Espírito Santo na mente. Quando
olhamos através dos Seus olhos, nos unimos com Seu pensamento, e nos identificamos com Sua
mente, olhamos e vemos força em todos os lugares. Não que o corpo necessariamente seja forte,
mas nós reconhecemos em cada dor aparente no mundo um chamado pela força de Deus que
está sob ele. Esse será um tema principal do que vamos falar depois.

Vou ler a partir do quinto parágrafo, e chegar quase até o final da lição.

(Parágrafos 5-10) A força vem da verdade e brilha com a luz que a sua Fonte lhe deu, a fraqueza
reflete a escuridão daquele que a fez. Ela é doente e olha para a doença que é como ela mesma.
A verdade é um salvador e só pode exercer a vontade em favor da felicidade e da paz para todos.
Ela dá a sua força a todo aquele que pede, suprindo a todos sem limites. Ela vê que o que falta
em qualquer um seria uma falta em todos. E, assim, dá a sua luz para que todos possam ver e
beneficiar-se como um só. A sua força é compartilhada para que possa trazer a todos o milagre no
qual eles se unirão em propósito, em perdão e em amor.

A fraqueza, que olha na escuridão, não pode ver propósito no perdão e no amor. Vê a todos como
diferentes de si mesma e nada no mundo que ela queira compartilhar. Julga e condena, mas não
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ama. Permanece na escuridão para esconder-se e sonha que é forte e conquistadora, uma
vitoriosa sobre limitações que apenas crescem na escuridão em enormes proporções.

Ela tem medo, ataca e se odeia e a escuridão cobre tudo o que vê, deixando os seus sonhos tão
amedrontadores quanto ela própria. Aqui não há milagres, só ódio. Ela se separa do que vê,
enquanto a luz e a força se percebem como uma só. A luz da força não é a luz que tu vês. Não
muda, não vacila e não se apaga. Não passa da noite para o dia, e volta à escuridão até que a
manhã venha outra vez.

A luz da força é constante, tão segura quanto o amor, eternamente feliz em se dar, pois só pode
dar a si mesma. Ninguém pode pedir em vão para compartilhar da sua vida e nenhum daqueles
que entrar na sua morada pode partir sem um milagre diante dos seus olhos, e força e luz
habitando seu coração.

A força em ti te oferecerá a luz e guiará a tua vista, de modo que não habites nas sombras vãs
que os olhos do corpo provêem para o auto-engano. A força e a luz se unem em ti e onde se
encontram está o teu Ser pronto para abraçar-te como o que Lhe é próprio. Tal é o ponto de
encontro que tentamos achar hoje e nele descansar, pois a paz de Deus está onde o teu Ser, o
Seu Filho, está agora esperando para se encontrar Consigo Mesmo outra vez e ser um só.

Hoje, por duas vezes, vamos dar vinte minutos para nos unirmos a essa reunião. Deixa-te levar
até o teu Ser. A Sua força será a luz na qual a dádiva da vista te será dada. Então, deixa o escuro
por um momento hoje e praticaremos ver na luz, fechando os olhos do corpo e pedindo à verdade
que nos mostre como achar esse ponto de encontro do ser com o Ser, onde a luz e a força são
uma só.

Um dos principais temas sobre o qual estaremos falando é a união, o que ela é, e o que ela não é.
O final dessa lição vai discutir isso. Para o ego união sempre significa unir-se a si mesmo. Nós
discutimos como, no ontológico instante original no qual o tomador de decisões teve que fazer sua
escolha, nós nos unimos com o ego em vez do Espírito Santo. A partir daquela união, que é
realmente uma pseudo-união, porque é uma união com nada, todo o mundo foi feito. Nós nos
unimos continuamente com esse ser limitado e separado que é o ego. No mundo, o ser limitado e
separado não está mais na mente, mas no corpo, e, portanto, união para nós, no mundo, é nos
unirmos com outras pessoas. Existe uma linha importante no texto que diz “mentes estão unidas,
os corpos não” (T-18.VI.3:1). Corpos não se unem. Quando nos percebemos sentindo simpatia ou
empatia com as pessoas que estão sentindo dor, ou se identificando com um grupo em particular
contra outro, estamos identificamos e unidos com seus corpos. Isso não é união, porque estamos
nos unindo a uma ilusão. Estamos unindo com a fraqueza em vez de com a força.

Na verdadeira união, mudamos nossas mentes e nos movemos além do ego, de volta para o
Espírito Santo. Esse é o local de reunião do qual aquela lição fala, o local de união do pequeno
ser, com “s”, com o Ser, com “S”. O Ser é representado no sonho para nós pelo Espírito Santo,
Que nos lembra do Ser que somos como Cristo. O ser, com “s”, é aquele que acredita na
separação. Como já dissemos, o ego acredita na separação, na diferença, no julgamento e no
ataque, e tudo isso é virtualmente a mesma coisa. Na verdade, não apenas virtualmente, eles são
a mesma coisa. Quando nos unimos ao Espírito Santo, estamos nos unindo com a unidade de
Deus e de Cristo. Estamos nos unindo ao amor do Céu que não tem divisão ou diferenciação.
Então, quando saímos do sonho, não experimentamos mais diferenças ou separação. Como já
mencionamos, tudo o que estiver no filme que está passando através de um projetor, no cinema, é
exata e identicamente o que percebemos na tela. Então, também, quando nos unimos em nossa
mente com o Espírito Santo, que é a união com a unidade de Cristo, experimentamos a unidade e
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o amor na tela de nossas vidas, no mundo. Isso não significa que os olhos do corpo não vão
perceber diferenças, mas as diferenças não vão ter importância. Em outras palavras, o Amor de
Deus com o qual estamos agora identificados, é totalmente não afetado pelas aparentes
diferenças que os olhos do corpo percebem.

É isso o que Jesus quer dizer na passagem no final do capítulo 15, que foi escrita na época de
Ano Novo como um tipo de oração para o Ano Novo: “Faze com que esse ano seja diferente
fazendo com que tudo seja o mesmo” (T-15.XI.10:13-14). Em outras palavras, isso não faz
diferença real. O Capítulo 15 é o primeiro lugar no texto onde Jesus discute os relacionamentos
especiais. E a marca do especialismo são as diferenças: Você é diferente de mim, você tem algo
que eu quero, e quero tirá-lo de você. Quando nos unimos ao Espírito Santo ou a Jesus na mente,
não experimentamos mais diferenças. Se não experimentamos mais uma diferença entre nós
mesmos e o Amor de Deus, é impossível experimentarmos qualquer diferença real, aqui fora, no
mundo. Não vemos pessoas como separadas e diferentes de nós e, portanto, não fazemos
julgamentos contra elas e não as atacamos.

“A União Maior” - o título da seção que vamos examinar mais tarde - é a união de Cristo com Ele
Mesmo, ou a união de Cristo com Deus. Nós fazemos isso primeiro na mente e, automaticamente,
a visão, a unidade e a experiência do amor se estende através de nós para o sonho, e nós não
experimentamos mais as pessoas como diferentes de nós. Não importa o quanto seus corpos
possam ser destroçados, ou quanta dor estejam sentindo, não importa o quanto sua situação seja
terrível, não experimentamos a nós mesmos como diferentes delas. Vamos examinar tudo isso
mais profundamente depois.

Parte IV

Comentário sobre a Seção “A Verdadeira Empatia” (T-16.I)

Vamos voltar agora para a seção intitulada “A Verdadeira Empatia” (T-16.1). Essa seção,
incidentalmente, não era originariamente parte do Curso. Ela veio como uma mensagem especial
a Helen, mas veio durante o ditado e, obviamente, encaixou-se perfeitamente com o que estava
sendo falado, então, foi deixado lá, virtualmente da forma que foi ditada a ela.

É interessante que a passagem no topo dessa página, que vamos ler depois, fala sobre como não
preciso fazer nada, exceto não interferir. Outra seção mais tarde, no texto, chamada “Eu não
preciso fazer Nada”, também foi uma mensagem especial para Helen. Esse foi um tema
importante que Jesus estava tentando fazer Helen aceitar: que ela não tinha que fazer nada. Esse
provavelmente é o tema mais importante no Curso - que não temos que fazer nada. Nós
simplesmente temos que aceitar a verdade e a realidade pelo que são. No contexto desse
workshop, isso significa que não temos que fazer nada sobre os problemas das pessoas. Não
temos que nos sentir mal pelas pessoas e tentar resolver seus problemas, porque é sempre o ego
que quer fazer algo. Nós podemos ver o quanto isso se encaixa bem em toda armadilha do ego.
Logo no início, o ego nos disse que tínhamos que fazer alguma coisa. Um problema real existe na
mente, que foi transformada em um campo de batalha. O problema real é a ira e a vingança de
Deus, e precisamos fazer algo sobre isso. O “fazer” assume a forma de termos que nos defender
contra esse medo, e o medo tornou-se essa fortaleza.

Quando, no Curso, Jesus diz que não precisamos fazer nada, ele quer dizer que nada tem que ser
feito porque não existe problema que tenha que ser resolvido. Tudo o que precisamos fazer é
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aceitar a mensagem de Expiação do Espírito Santo. Logo no início, o Espírito Santo disse, “Tudo o
que você precisa fazer é aceitar o que estou lhe dizendo”. O ego disse, “O que você tem que fazer
é aceitar o que estou lhe dizendo e fazer algo sobre isso”. Esse foi nosso erro: Nós nos voltamos
para o ego. Aceitamos sua verdade de que a separação tinha acontecido, e que tínhamos que
fazer algo para nos defender contra a esperada punição de Deus.

Você sabe que está envolvido na falsa empatia em vez de na verdadeira quando se sente
impelido a fazer algo: Você tem que confortar alguém; você tem que resolver o problema; você
tem que remediar a situação; você tem que aliviar a dor; você tem que fazer algo. Isso que
estamos falando não é sobre você fazer algo no nível comportamental, mas o ímpeto que você
sente dentro de si, a necessidade de fazer algo. Na verdadeira empatia você não faz nada. O
Amor de Deus simplesmente faz isso através de você, mas você não tem a necessidade de ajudar
ninguém. Vamos falar mais sobre isso conforme prosseguirmos.

(Parágrafo 1 - Sentença 1-2) Sentir empatia não significa unir-te em sofrimento pois é isso o que
tens que te recusar a compreender.

Quando nos tornamos o ego, fizemos um mundo que nos ensina o que já tínhamos ensinado ao
mundo: que é uma boa coisa ajudar as pessoas. Quando o Curso fala sobre união, não significa
unir-se com as pessoas no nível do corpo, ou no nível da forma. Não significa unir-se a outros em
grupos do Curso em Milagres, ou com outros grupos, para fazer coisas. Ele está falando sobre
unir-se com o Espírito Santo, o que significa aprender a aceitar o fato de que já estamos unidos.
Quando dizemos, “Tenho que me unir a você”, o que estamos dizendo é “Acredito que não
estamos unidos, e agora preciso fazer algo sobre isso”. É por isso que o Curso nos ensina que o
perdão significa que perdoamos o que não aconteceu, não o que aconteceu. Quando Jesus fala
sobre unir-se verdadeiramente, ele quer dizer deixarmos ir as interferências que colocamos dentro
da mente à unicidade que já está lá. Tudo o que temos que fazer é remover os bloqueios à
consciência da presença do amor. No início do texto, Jesus diz que o Curso não tem por objetivo
ensinar o significado do amor pois isso está além do que pode ser ensinado (T-in.1:4-7); ao invés
disso, nós somos ensinados a remover os bloqueios à consciência da presença do amor. Nós não
nos unimos uns aos outros, porque já estamos unidos. Nós nos unimos ao Espírito Santo, Que,
então, se torna o lembrete e a testemunha e a prova de que já somos um com Deus. Na falsa
empatia, realmente sentimos que temos que nos unir a outra pessoa. A verdadeira empatia
significa nos unirmos com a força do Espírito Santo na mente, e isso significa que vamos
automaticamente nos unir com a força um no outro, porque a força de Cristo já está totalmente
unida a nós e já é totalmente uma. Não há nada que tenhamos que fazer.

O ego quer que nós, como já vimos muitas vezes, tornemos o corpo real, e tornemos a doença e o
sofrimento reais. Quando vejo você como sofrendo e sentindo dor, e quero fazer algo a esse
respeito, o que estou realmente dizendo a você? Estou dizendo que você e eu somos diferentes;
que você e eu somos separados; você tem dor e eu não. Estamos começando com as quatro
afirmações que o ego fez em sua bíblia. 1) Nós vemos a separação. 2) Agora existe uma
diferença: você está com dor. 3) Eu faço um julgamento de que eu tenho algo que você não tem, e
vou dá-lo a você porque sou uma pessoa maravilhosa. 4) E isso basicamente constitui um ataque,
porque, dizendo que tenho algo que você não tem, significa que sou melhor do que você. A
verdade é que somos um em Cristo, e somos exatamente o mesmo amor, a mesma identidade
espiritual, a mesma paz. Não existe diferença. Quando torno seu sofrimento real, estou tornando o
corpo real e vendo a nós dois como diferentes, o que é exatamente o que o ego quer.

É por isso, como já mencionei, que você tem que ter cuidado com aqueles que sempre querem
ajudar, porque eles não estão vindo a partir de um lugar de amor. Eles estão vindo a partir de um
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lugar em que as diferenças são vistas: Você precisa de ajuda e eu sou aquele que pode ajudá-lo.
Lembrem-se, não estamos falando sobre comportamento. Estamos falando sobre a necessidade
de ser alguém que ajuda, a necessidade de ser um benfeitor, a necessidade de ser um curador,
de ser um professor, de ser qualquer coisa em um relacionamento onde somos diferentes da outra
pessoa.

Uma das maneiras de reconhecer as diferenças entre um relacionamento especial e um santo é


que o relacionamento especial sempre envolve diferenças. Nós somos diferentes, e você tem algo
eu quero. Pode ser algo que meu corpo julga como prazeroso para mim, e essencial para meu
senso de bem-estar. Ou meu ego me diz que você tem o que eu não tenho: você é inocente, eu
sou culpado, e vou tirar sua inocência ao lhe dar minha culpa. É isso o que o ataque é, ou aquilo a
que o Curso se refere como ódio especial. Você tem a inocência de Cristo e eu não, então, vou
tirá-la de você, provando que você é uma má pessoa. E, então, fico irritado. Algumas vezes, isso
assume a forma de querer provar que eu sou uma má pessoa, então, vou fazer algo para deixar
você irritado. Qualquer forma funciona. Não importa se eu vejo a mim mesmo como a má pessoa,
ou a você. De qualquer forma, estou vendo a separação e as diferenças. Estou fazendo um
julgamento, esteja eu julgando contra você ou contra mim mesmo. E isso constitui um ataque
porque a verdade é que somos todos um em Cristo. Mas o ego sempre vê diferenças.

A falsa empatia sempre está vindo de uma percepção de diferenças. O sofrimento é uma maneira
inteligente e festiva do ego tornar o corpo e as diferenças reais. Todos estamos sofrendo.
Simplesmente estar em um corpo é o máximo do sofrimento. Simplesmente estar nesse mundo é
sofrer, porque esse mundo não é nosso lar. Todos estamos sofrendo. As formas diferem, mas as
formas não fazem diferença alguma. O conteúdo é o que importa. Simplesmente estar nesse
corpo, nesse mundo, é sofrimento. E todos nós compartilhamos isso. A verdadeira empatia
começa com a idéia de que todos nós estamos sofrendo - de que todos nós compartilhamos o
mesmo problema. Mas, assim como todos nós compartilhamos o mesmo problema, principalmente
que nós escolhemos o ego ao invés do Espírito Santo, também compartilhamos a mesma solução,
a mesma força e a mesma fonte de força.

Entretanto, se eu vejo alguém com dor e sinto que posso me relacionar com essa pessoa porque
uma vez experimentei a mesma dor, isso seria tornar o erro real. Estou dizendo, “Posso me
relacionar com você na dor, porque já estive aí uma vez. Mas não estou aí agora”. Isso não é
nada diferente. Sempre que tenho algo que você não tem, torno aquilo real, então, fico preso na
armadilha do ego. Eu vou lhe dar algo que você não tem, e que eu tenho. Essa é a forma do ego
dizer, “Veja o quanto sou bom”.

(Parágrafo 1 - Sentença 2-4) Essa é a interpretação do ego acerca da empatia [que é unir-te em
sofrimento] e sempre é usada para formar um relacionamento especial, no qual se compartilha o
sofrimento.

Isso se torna: “Sinto sua dor. Realmente entendo de onde ela está vindo, porque também estive
lá. Posso realmente sentir por você, e sentir empatia por você”. O que estou realmente dizendo é
que seu sofrimento é real, e eu sei que é real porque também sofri.

Existe um problema subjacente aqui, que é ainda pior quando você considera o que ele falsifica.
Quando nos sentimos mal por alguém, e sentirmos a dor dessa pessoa, o que estamos dizendo,
implícita e algumas vezes explicitamente, é, “Pobrezinho, veja que coisas terríveis aconteceram
com você. Não é sua culpa que você tenha essa dor terrível, ou que essa coisa horrível tenha
acontecido, e realmente sinto por você”. Estamos dizendo, “Você não tem poder sobre sua vida, e
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nenhum poder sobre sua mente; na verdade, você é sem mente. As coisas são feitas a você sem
o seu controle, e você não é responsável por elas”.

Estamos reforçando exatamente o que o ego quer que seja reforçado: a idéia de que a mente não
existe e que coisas além do nosso controle acontecem ao corpo. Pelo fato do ego ter colocado o
véu da negação sobre nossas mentes, não estamos cientes de que somos aqueles que têm que
escolher nos sentirmos aborrecidos ou vitimados. Quando nos sentimos mal por alguém, a idéia
subjacente é: “Isso que aconteceu com você é algo terrível. Você precisa da minha ajuda”. O que
estamos fazendo é enfiar ainda mais a faca do ego. A ajuda real vem de nos lembrarmos que
você escolheu a dor porque você se separou do amor de Jesus, e pode pegar Sua mão e se unir a
Ele, e sua dor terminará.

Então, novamente: Quando eu me sinto pesaroso por você, estou realmente dizendo que me sinto
mal pelo que aconteceu a você. Estou me identificando com sua experiência de ser uma vítima, e
me unindo com sua defesa que diz: “Eu não sou uma mente. Eu não sou responsável. O mundo
faz coisas para mim, e eu não tenho poder diante da falta de misericórdia de outras pessoas, do
corpo, do mundo, e até de Deus”.

A forma de realmente ajudar outras pessoas é nos lembrarmos de que temos outra escolha. Em
uma passagem anterior no texto, que descreve o Espírito Santo, Jesus diz que Ele não faz nada
exceto nos lembrar (T-5.ll.7:4). Seu propósito é nos lembrar de que nós fizemos uma escolha
faltosa, e agora podemos fazer uma melhor.

No manual, a seção sobre a culpa e a função do professor de Deus como curador diz que o que
cura não é a mão que é colocada sobre outra pessoa, nem as palavras que uma pessoa diz. O
que cura é que o curador lembra - o curador fica do lado da Alternativa (M-5.III) que lembra à
pessoa que está doente que ela fez uma escolha faltosa ao se unir ao ego, e que pode fazer a
escolha correta, que é se unir ao Espírito Santo. É isso o que fazemos. Isso é empatia verdadeira.
Nós lembramos uns aos outros da escolha a favor da força de Cristo que está na mente, em
oposição à fraqueza do ego que sempre separa e divide.

Quando nos sentimos mal por alguém, isso é realmente um ataque, porque estamos dizendo
àquela pessoa: “Você teve sucesso em excluir o Amor de Deus da sua mente. Você nunca o terá
de volta, porque não é mais uma mente. Você agora está em um corpo; você agora tem um
cérebro, e está à mercê de forças além do seu controle”. Nesse ponto, não existe esperança nem
para você nem para mim, porque formamos uma aliança contra Deus ao nos unirmos com o ego e
com o corpo. Mas nós vestimos uma vestimenta bonita, que é o que é o amor especial. Nós
dizemos: “Estou preocupado, e cheio de pena, simpatia e bondade, porque sinto por você”. Isso
não ajuda. O que realmente ajuda é lembrarmos uns aos outros através de nossa própria paz e
amor que a dor, o sofrimento, e a doença estão vindo do fato de termos escolhido de forma
errada. Tudo o que nos permite ficar em contato com o poder da mente é útil. Tudo o que serve
para negar o poder da mente e deixá-la fechada, ainda mais longe de nós é danoso.

A verdadeira empatia nos lembra da força que está dentro de nós. A falsa empatia reforça a
crença de que não há força em nós. Há apenas a doença, fraqueza e o sofrimento do corpo, e nos
sentimos mal por isso. Não nos sentimos mal, geralmente, por pessoas que se colocaram em
apuros. Nossos corações geralmente se dirigem a pessoas que identificamos como vitimas, mas,
quase nunca, para as pessoas que são vitimadoras.

(Parágrafo 1 - Sentença 4-6) A capacidade de sentir empatia é muito útil para o Espírito Santo
desde que permitas que Ele a use a Seu modo.
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Sentir empatia realmente significa união. O Espírito Santo usa o poder de nossas mentes para a
união. Nós temos usado o poder de nossas mentes para nos unirmos ao ego. O poder de nossas
mentes para nos unirmos é realmente o poder de nossas mentes para decidir, ou escolher. Nós o
temos usado para nos unir ao ego, com um ser limitado, separado, que automaticamente leva a
nos unir no mundo com outros seres limitados e separados, que são julgados como sendo corpos.
O mesmo poder de nossas mentes para sentir empatia ou para escolher o ego pode ser revertido
para servir ao Espírito Santo. Nós nos unimos com Ele e com Seu Amor, e, através dessa união,
nos unimos com todos os outros.

(Parágrafo 1 - Sentenças 6-8) Seu modo é muito diferente. Ele não compreende o sofrimento e
quer que ensines que o sofrimento não é compreensível.

O fato de Ele não compreender o sofrimento, uma idéia que é expressa em outros lugares no
Curso, significa que o sofrimento, ou qualquer coisa do ego, não é compreensível, porque não faz
sentido - é insano. Não significa que, em outro nível, não compreendamos o ego. Uma boa parte
do Curso nos ensina a compreender o ego e como ele funciona, não analisando-o, mas
simplesmente fazendo-nos reconhecer que o ego representa uma decisão de nos separarmos do
Amor de Deus. Isso nós podemos entender. Pelo fato de podermos entender que escolhemos o
ego, podemos entender que podemos fazer outra escolha. O sofrimento não faz sentido porque o
sofrimento mantém um sistema de pensamento que não existe. É isso o que significa dizer que o
sofrimento não pode ser compreendido.

Em outro nível, se extrapolarmos esses princípios, Jesus quer dizer que não faz sentido tentar
entender como esse mundo funciona. Já mencionei isso brevemente antes, que não faz sentido
gastar todo nosso tempo e energia tentando entender o mundo físico, quer estejamos falando
sobre o cosmos, o mundo do corpo, ou o mundo do corpo psicológico, principalmente, nossas
psiques. Seu único propósito é obstruir nosso entendimento, porque o verdadeiro entendimento
vem apenas do Espírito Santo. Então, o sofrimento não faz sentido, a menos que compreendamos
que o sofrimento vem de uma decisão do ego que nós fizemos de manter a verdade longe de nós
- isso podemos compreender. De outra forma, o sofrimento não faz sentido. O sofrimento não
acontece por causa de um germe ou de uma doença, ou porque uma pessoa nos abandonou,
rejeitou ou magoou. O sofrimento simplesmente vem porque escolhemos o caminho errado.

(Parágrafo 1 - Sentenças 8-12) Quando Ele se relaciona através de ti, não se relaciona através do
teu ego com outro ego. O Espírito Santo não se une à dor, compreendendo que a cura da dor não
se dá através de tentativas delusórias de entrar nela e aliviá-la por compartilhar a delusão.

O Espírito Santo não nos leva a nos relacionar com o corpo de outra pessoa porque, se nos
relacionarmos de um ego para outro, estamos nos relacionando de um pensamento separado
para outro pensamento separado.

“Unir-se em dor” é algo que todos nós fazemos. Na verdade, existe uma expressão popular: “A
miséria adora companhia”. Quando estamos nos sentindo terríveis ou pesarosos por nós mesmos,
todos experimentamos um grande conforto quando outras pessoas se unem a nós nisso, para que
não nos sintamos sozinhos. A sensação é boa, mas o que parece bom é realmente o ego
confortando a si mesmo. Geralmente, o que experimentamos como conforto é outra pessoa nos
dizendo que estamos certos em nos sentir tratados de forma injusta. O que nós chamamos de
amor e ajuda, com muita, muita, freqüência é nos unirmos uns aos outros no nível da miséria e do
sofrimento, reforçando a crença de que, sim, estamos justificados em nos sentir tratados de forma
injusta.
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Agora, não estou falando sobre comportamento. Muitas vezes, a coisa mais amorosa que posso
fazer por você é me ‘unir’ a você no nível em que você está. Mas isso não significa que, na minha
mente e no meu coração, estou me unindo com sua dor. Em outras palavras, eu me uno a você
para guiá-lo a um lugar diferente. Vamos discutir mais isso depois.

Lembrem-se, o ego fez o mundo como uma distração e uma cortina de fumaça, e fez os
problemas no mundo para reforçar isso. Então, nossa atenção é distraída para fora das nossas
mentes, indo para o mundo. Quando eu me uno a você e torno sua dor e sofrimento reais, e o
ajudo a não assumir responsabilidade pelo que você está sentindo, estou fazendo exatamente o
que o ego quer. Estou tornando a cortina de fumaça muito real. Estou dizendo que o problema
está aqui.

O milagre - e a empatia verdadeira - nos ajuda a tirar nossa atenção do corpo, de volta para a
mente. Nós reconhecemos que, não importando o que você possa ou não ter feito a mim, a razão
pela qual estou aborrecido é que tomei a decisão de ficar aborrecido. Mesmo em meio ao que o
mundo julga ser um ataque terrível, eu ainda posso estar pacífico. Isso, é claro, é o que Jesus nos
ensinou da cruz. Não importando o que foi feito, não importando o quanto o ataque a ele tenha
sido injusto, sua paz e o Amor de Deus dentro dele não foram afetados de forma alguma. O
mundo indulgiu em falsa empatia e se identificou com o que era percebido como sua dor e
sofrimento, para que o cristianismo fizesse um deus a partir do sofrido, vitimado, Jesus. Esse é um
exemplo ótimo de falsa empatia.

Jesus estava realmente ensinando a verdadeira empatia. Ele estava nos pedindo para nos
unirmos com a força de Cristo que estava nele. Quando nos identificamos com aquela força, não
pode haver dor, sofrimento ou lágrimas, porque toda dor e sofrimento vem de nos identificarmos
com a fraqueza do ego. O sofrimento e a dor não tem absolutamente nada a ver com o corpo.
Lembrem-se, nós já dissemos que o corpo não sente nada. O cérebro não pensa. Os olhos não
vêem. A dor não vem do corpo. A dor vem da culpa na mente. Não existem exceções a isso.

O que o mundo fez com Jesus na cruz foi sentir empatia com o que foi percebido como sua dor e
sofrimento. Se a dor e o sofrimento são reais, a cortina de fumaça está intacta, e o verdadeiro
Amor de Deus está oculto na mente. A lição da cruz foi que deveríamos escolher a verdadeira
empatia por não julgarmos baseados no que parecia ser a fraqueza de Jesus, seu corpo
morrendo, mas, ao invés disso, nos identificarmos com a força do amor que estava em sua mente.
É isso que somos solicitados a fazer uns com os outros.

Parte V

Comentário sobre a Seção "A Verdadeira Empatia" (T-16.I)

(Parágrafo 2 - Sentenças 1-4) A prova mais clara de que a empatia, como o ego a usa, é
destrutiva está no fato de que só é aplicada a determinados tipos de problemas e a determinados
tipos de pessoas. Ele os seleciona e se une a eles.

Essa é uma das formas mais claras de compreender a diferença entre a falsa e a verdadeira
empatia. Quando nos sentimos pesarosos por outras pessoas, nossos corações vão até essa
pessoa ou grupo em particular, o que claramente as distingue de outras pessoas ou grupos.
Quase sempre, quando nos identificamos com um grupo que foi tratado de forma injusta ou
oprimido, ou com uma pessoa que está sofrendo, alguém é percebido como o vitimador que
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infligiu a dor. Nós sempre vemos o mundo em termos de bom e mau, caras bons e caras maus,
vítimas e vitimadores. Ou vemos certas pessoas que estão em pior forma do que outras. Por
exemplo, nossos corações se voltam para os sem-teto - esse é um grupo que as pessoas visam
hoje em dia -, e não para as pessoas que têm lares, ou não para as pessoas em Washington que
fazem ou não fazem as leis que permitem que as pessoas continuem sem teto. Nós nos
focalizamos em certos grupos. Uma vez que façamos isso, fica óbvio o que estamos fazendo.
Estamos separando, vendo diferenças, e fazendo julgamentos, e julgamentos sempre envolvem
ataque. Isso é falsa empatia. É assim que você sempre pode dizer quando está ouvindo o ego e
não o Espírito Santo, ou Jesus - você sempre separa as coisas.

Nós fazemos a mesma coisa com o corpo. Eu tenho uma dor em uma determinada parte do meu
corpo, e, então, não presto atenção ao resto do meu corpo. Se eu machucar meu pulso esquerdo,
não vou prestar atenção no direito. Digo que é meu pulso esquerdo que está torcido ou quebrado,
ou que está me provocando dor. É essa parte do meu corpo que precisa de atenção, e não outra
parte. Nós estamos fazendo exatamente o que o ego quer - estamos vendo a nós mesmos como
divididos e fragmentados. A fonte da minha dor não é que eu pisei em algo e torci meu tornozelo,
ou que caí sobre meu pulso e o quebrei. A fonte da minha dor é a culpa na minha mente. Não é só
uma parte do meu corpo que está indisposto, doente ou com dor. É tudo, porque todo meu corpo
vem do pensamento da culpa na minha mente. O que nós fazemos claramente com nossos
corpos é o que também fazemos com os corpos de todas as outras pessoas. Nós nos sentimos
mal por uma parte específica do corpo de alguém, ou atraídos por uma parte específica do corpo
de alguém. Nós nos sentimos atraídos por certos corpos, em oposição a outros corpos, e por
certos grupos de corpos, em oposição a outros grupos de corpos.

Não nos é pedido para negar nossas experiências, mas nos é pedido para dar uma passo atrás e
olhar para o sistema de pensamento que produz uma experiência tão insana, que sempre vê
separação, diferenças, julgamento e ataque. Isso é falsa empatia, e não existe união, porque
estamos nos unindo a uma pessoa em particular, que está em uma situação particularmente
dolorosa, e ignorando outras pessoas, como se certas pessoas fossem melhores ou piores do que
outras. Esse é um exemplo, como já mencionei, da primeira lei do caos, de que existe uma
hierarquia de ilusões. Uma vez que dizemos que existe uma hierarquia de ilusões, estamos
falando sobre ordem, diferenciação, separação e diferenças, tudo parte do mundo da percepção.
É por isso que o ego fez um mundo de percepção, que o Curso contrasta com conhecimento, que
é um sinônimo de Céu.

O ego sempre vê diferenças e as torna reais. O Espírito Santo percebe as diferenças, mas sabe
que elas são irreais, e usa nossa percepção das diferenças como uma forma de nos lembrar que
somos todos o mesmo. Em um nível prático, nós reconhecemos que nossos interesses são
separados uns dos outros. Não nos é pedido para negar as óbvias diferenças corporais e
psicológicas que existem no mundo, mas nos é pedido para começarmos o processo de negar
que nossos interesses são separados. O ego ensina que eu consigo uma casa às suas custas,
porque foi assim que eu deixei o meu lar, para início de conversa - às custas de Deus. Eu O
roubei e fugi dele, e fiz meu próprio mundo. É sempre matar ou morrer; é um ou outro. Como uma
gangorra, quando uma sobe, a outra desce.

A falsa empatia sempre escolhe certas pessoas, certos grupos, ou certos problemas como
diferentes dos outros, e nós estabelecemos essas diferenças como reais e importantes.
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(Parágrafo 2 - Sentenças 9-13) Tu não conheces o significado da empatia. Entretanto, de uma


coisa podes estar certo? Se apenas te sentares serenamente à parte e deixares que o Espírito
Santo se relacione através de ti, terás empatia com força e ganharás em força, não em fraqueza.

Aqui está essa idéia importante de que tudo o que temos que fazer é meramente nos sentarmos
quietos. Nós não temos que fazer nada. Quando me pego aborrecido por causa da sua doença ou
da sua dor, e começo a sentir empatia por seu sofrimento, tudo o que tenho que fazer é
simplesmente dar um passo para trás e dizer a Jesus ou ao Espírito Santo: “Aí está. Estou
fazendo de novo; estou tornando o erro real. Estou negando o poder da sua mente e o poder da
minha mente de ter feito uma escolha. Por favor, ajude-me a olhar para isso de modo diferente”.
Usem quais palavras quiserem. Eu me sento de forma quieta e deixo-0 me dizer o que fazer. Eu
O deixo me guiar para o que devo experimentar, ao invés de dizer a Ele o que eu deveria fazer.
Muitos de nós primeiro definem um problema aqui, no mundo, então, perguntamos ao Espírito
Santo o que deveríamos fazer. Esse é um exemplo de trazer a verdade à ilusão, ou a luz à
escuridão.

Nós dizemos ao Espírito Santo: “Existe um problema real no Oriente Médio. Por favor, ajude-me.
O que eu deveria fazer sobre isso?”, ou, “Existe essa pessoa amada que tem AIDS, ou câncer, e
está morrendo. O que devo fazer sobre isso?”, ou, “Tenho um problema de não ter dinheiro
suficiente para pagar o aluguel do próximo mês, ou a hipoteca do próximo mês. O que devo fazer
sobre isso?”, ou, “Tenho pena daquela pessoa e quero ajudá-la. O que devo fazer?”. Obviamente,
não estamos deixando o Espírito Santo dizer nada a nós, porque nós é que estamos dizendo a
Ele. Estamos definindo o problema. Ao invés disso, deveríamos reconhecer que o problema não
está lá fora no mundo, ou no corpo. O problema está na mente que pensa que existe um problema
no mundo ou no corpo. É por isso que o curso tem aquela linha importante: “Portanto, não
busques mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo” (T-21 -ln.1:5-7).

Vamos dizer que sou próximo de você e você tem um problema, está com dor, e eu quero ajudá-
lo. Ao invés de perguntar a Jesus o que eu deveria fazer por você, eu deveria perguntar a ele o
que eu deveria fazer por mim. Sou eu que estou doente, porque acredito que há um problema
aqui. Minha mente tem que ser curada, porque estou tentado a me unir ao seu sofrimento, e quero
fazer algo sobre ele aqui. Ao invés de puxar Jesus para baixo, da mente para o mundo e pedir que
ele o conserte, quero me elevar até onde ele está, na minha mente. Ele não pode me ajudar no
mundo, porque, se ele pudesse, ele seria tão insano quanto eu, uma vez que não existe mundo
aqui. Entretanto, nós sempre queremos trazê-lo para o mundo, ou trazer Deus ou o Espírito Santo
para o mundo para que eles o consertem, o que é o máximo da arrogância. Fomos nós que
fizemos o mundo como um ataque a Deus, como uma forma de mostrar o quanto podemos fazer
melhor as coisas. Então, quando o estragamos, nós trazemos Deus para ele e dizemos, “Por
favor, conserte isso”.

Ao invés disso, queremos reconhecer o que fizemos e devolver o problema à mente, onde Jesus
está. É lá que ele nos ajuda. Queremos nos unir primeiro com ele antes de nos unirmos com outra
pessoa. Podemos reconhecer com que facilidade nós nos desviamos do caminho, porque sempre
queremos nos unir uns aos outros, ajudar as pessoas, e nos sentir pesarosos por elas. Nós
realmente precisamos ajudar a nós mesmos. É por nós mesmo que deveríamos nos sentir mal,
porque nos separamos do amor de Jesus. Reunir-nos a ele nos permite ser realmente amorosos e
compassivos com os outros.
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É muito fácil nos iludirmos nisso. Todos nós tendemos a trazer o Espírito Santo para o sofrimento
aqui e fazê-Lo consertar tudo. Nós não queremos perguntar a Jesus como ajudar outras pessoas.
Essa é outra bandeira vermelha sinalizando que caímos na armadilha do ego. Sempre que
perguntamos a Ele o que deveríamos fazer por alguém, ou o que deveria ser feito por nós no nível
do corpo, o ego está sendo nossa companhia, não o Espírito Santo. Nós queremos pedir ajuda
para perceber a situação de forma diferente, seja a percepção de outra pessoa ou de nós
mesmos. É para isso que rezamos. É isso o que o texto quer dizer, logo no início, quando diz: “(...)
a única oração significativa é a que pede o perdão, porque aqueles que foram perdoados têm
tudo”. (T-3.V.6:2-3). Perdão significa mudar nossas mentes - olhar através das ilusões, para a
verdade.

O lugar sagrado do encontro não é o que eu faço com você ou por você. O local sagrado do
encontro é na minha mente, onde eu me uno com o Um, o único Um, Que sabe o que é o amor, e
Que sabe o que é o fim da dor. Unindo-me com Ele, eu automaticamente sei o que fazer por você
no nível do comportamento ou da forma, que seria útil. Eu não tenho que perguntar sobre isso,
porque virá automaticamente através de mim.

É isso o que quer dizer mais pra frente, no texto, onde está escrito que nossa única
responsabilidade é escolher o milagre (T-27.V.1:2-5; T16.11.1:3-5) A extensão do milagre através
de nós não é nossa responsabilidade. A mesma afirmação é feita em termos do perdão (T-
22.VI.9:2-5). Nossa responsabilidade é escolher o perdão. A extensão do perdão através de nós
não é nossa responsabilidade. Nossa responsabilidade não é aliviar o sofrimento das pessoas no
mundo. Nossa responsabilidade é escolher nos identificarmos com o amor na mente, que é o fim
do sofrimento. Quando fazemos isso, fizemos nosso trabalho. O amor vem automaticamente
através de nossas mentes, e nós agimos e nos comportamos de uma forma verdadeiramente
amorosa. Isso é empatia verdadeira, porque estou unido ao Amor de Deus, à força de Cristo, em
mim mesmo. Desse lugar de amor e força em mim, eu sei que você e eu somos um. Nós não
somos separados. O amor e a força em mim, com os quais eu me identifiquei e me uni,
automaticamente fortalecem você e se unem a você, porque as mentes são unidas. Eu fiz a minha
parte, e meu corpo vai fazer automaticamente seja o que for que seja considerado mais útil para
você e por você.

Se houver um problema que você pense precisar resolver logo, deveria fechar o livro naquele
ponto e fazer seja o que for que quiser fazer - porque sempre que você sentir que existe um
problema que tenha que ser resolvido imediatamente, você sabe que está em seu ego. Você
obviamente tornou o tempo muito real, e tornou algo no mundo muito urgente. Nós
experimentamos isso o tempo todo. Mas é possível, mesmo em meio a uma urgência dessas,
parar um único segundo - que é tudo o que demora - e voltar para dentro da mente e dizer, “Por
favor, ajude-me a olhar para isso de modo diferente”, ou quaisquer palavras que você quiser usar.
Mas, sempre que você sentir uma urgência de fazer algo, saiba que está em seu ego. O ego fez o
tempo para que sentíssemos urgência a respeito dele.

Alguém recentemente compartilhou um exemplo do que estamos dizendo sobre a versão de


empatia do ego. Ela falou sobre seu gato que teve que passar por uma cirurgia e, quando veio
para casa, manquitolou por todo lado. Ela disse que seu coração se voltou para seu gato, mas,
depois de um tempo, ficou consciente que ela mesma estava se sentindo vulnerável. Ela estava
sentindo pelo seu gato exatamente o que estava sentindo por si mesma.

Agora, quando você sente esse tipo de desejo persistente passar por você e se sente pesaroso
por alguém, está dizendo, “Que coisa terrível aconteceu com você”. Mas, em nosso exemplo do
gato, foi o gato que escolheu isso. A mente que escolhe pelo gato que ele seja ferido é a mesma
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mente que escolhe que você se sinta mal por isso. Em outras palavras, parece ser algo amoroso,
mas não o é de forma alguma.

Na virada do século, Samuel Butler escreveu uma sátira chamada “Erehwon”, que é “nowhere”
(lugar nenhum”), soletrada ao contrário. Como parte de sua utopia, ele colocou todas as pessoas
doentes em uma prisão. Mas ele também colocou prisioneiros em hospitais. Então, ele não pegou
a coisa toda direito, mas pegou pelo menos uma parte dela: a idéia de que as pessoas doentes
deveriam ir para a prisão porque fizeram algo errado. Obviamente, existe muito julgamento
envolvido nisso, mas o ponto é que as pessoas que estão doentes são tão culpadas de ataque
quanto as pessoas que atacam fisicamente - pessoas que trancafiamos. Nós estamos escolhendo
ser doentes, vendo a nós mesmos como separados. Como resultado disso, nós estamos
sutilmente atacando outras pessoas e culpando-as por isso, manipulando-as, etc.

Isso não significa que você não deva cuidar do seus animais de estimação doentes ou de seus
pais, filhos, amantes, amigos doentes, ou seja de quem for. Simplesmente significa que quando
você tem o investimento de ver outros como doentes e tratados de forma injusta, e seu coração se
volta para eles, e você quer tirar sua dor, você está vendo algo que você mesmo colocou lá. Isso
leva a outro ponto, no qual eu ia entrar mais tarde, mas que se encaixa aqui de forma apropriada.

Se não existe mundo fora da mente, que é a premissa básica do Curso, tudo o que percebemos
fora vem de dentro, assim como tudo o que percebemos na tela de cinema não é mais do que
uma projeção do filme que está passando através do projetor. E, se não existe nada lá fora, então,
não há nada que possa me fazer sentir ou pensar qualquer coisa. Em outras palavras, qualquer
coisa que eu sinta, acredite, ou pense, precisa vir de dentro de mim, porque não há nada fora de
mim. Não há nada fora da minha mente que possa me trazer prazer; não há nada fora da minha
mente que possa me trazer dor. Não há nada fora da minha mente que possa me condenar; não
há nada fora da minha mente que possa me salvar.

Jesus e o Espírito Santo não nos salvam. Eles nos lembram de que a escolha de ser salvo está
dentro de nós. Sempre que eu sentir algo, seja pesar por um animal doente, por um mundo
doente, por um grupo de pessoas que estão sofrendo, ou por mim mesmo, ou por meu próprio
corpo, fui eu que coloquei esse sentimento ali. Essa é a importância principal de reconhecer o
ensinamento metafísico do Curso: Não há mundo. Na verdade, uma passagem do livro de
exercícios diz, “Não há nenhum mundo! Esse é o pensamento central que o curso tenta ensinar”
(W-L.132.6:3-4). E Jesus quer dizer isso literalmente. Não que não há mundo de câncer, ou
mundo de dor ou de morte. Ele quer dizer que não existe literalmente um mundo fora da mente.
Tudo é uma projeção de um pensamento.

Isso é importante porque me capacita a aceitar a plena responsabilidade por qualquer coisa que
eu esteja sentindo. Se eu testemunho um assassinato terrível e fico horrorizado, com o estômago
enjoado, literalmente, e vou embora e passo noites e noites tendo pesadelos, fui eu que escolhi
esses sentimentos. Não que, dentro desse sonho, eu seja responsável pelo assassinato que
testemunhei, mas sou responsável pela minha reação a ele. O manual diz, “Talvez seja útil
lembrar que ninguém pode ter raiva de um fato. É sempre uma interpretação que faz surgir
emoções negativas” (M-17.4:1-1-3). Não estou irritado porque testemunhei um assassinato; estou
irritado com a interpretação que dei a isso. Sou responsável pela interpretação. Metafisicamente,
sou responsável por tudo, porque é o meu sonho. Mas, no nível da nossa experiência nesse
mundo, que é a única coisa na qual estamos interessados no momento, sou responsável pela
minha reação ao que percebo.
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A razão pela qual aquela pessoa ficou aborrecida em relação ao seu gato não tem nada a ver com
o gato estar sentindo dor. Tinha a ver com o fato de ela querer sentir que seu gato era uma vítima.
Ela queria acreditar que o sofrimento e a dor eram reais no mundo, e que ela era alguém que
podia fazer algo a respeito disso. Se ela não quisesse ter aquele sentimento, não os teria. Isso é
extremamente importante. Nada nem ninguém tem o poder de colocar algo dentro de nossas
mentes.

As pessoas que se sentiram torturadas e aterrorizadas nos campos de concentração acreditaram


que não eram responsáveis pelo que estavam sentindo. Elas eram responsáveis pelo que
estavam sentindo. Dentro do mundo de sonhos, elas podem não ter sido responsáveis por
estarem no campo de concentração, mas elas certamente eram responsáveis por seus
sentimentos e reações a ele. Podemos entender melhor isso considerando alguns relatos em
primeira mão das pessoas nos campos de concentração que não se sentiram furiosas, raivosas,
envergonhadas, e não tiveram pensamentos de assassinato e medo. Elas podiam estar naqueles
campos e sentir tanto amor pelos alemães vitimadores quanto por todas as vítimas aparentemente
inocentes.

Nós somos responsáveis pelo que vemos. É isso o que diz aquela passagem no texto, que nós
escolhemos os sentimentos que vamos experimentar (T-21.11.2:3-5). Vocês, então, têm que fazer
uma pergunta - vamos usar a mulher e seu gato como um exemplo se seu gato não era
responsável por ela estar se sentindo daquela forma, quem era? Tem que ser a própria mulher. E
por que ela escolheu tornar o sofrimento do seu gato real, e depois se unir com aquele sofrimento
- que é falsa empatia? A razão é que seu ego queria provar que o ego é real, e que o corpo e a
vitimação são reais.

Uma vez que eu acredite que a vitimação no mundo é real, estou dizendo que o problema está lá
fora no mundo, e não na minha mente. O ego quer que eu veja tudo que está na minha mente,
mas não o veja lá dentro, e sim do lado de fora. Uma vez que eu acredite que está lá fora, minha
atenção é fixada ainda mais para fora. Eu nunca volto para dentro, então, nunca sei qual é o
problema real. E, se eu não sei qual é o problema real, eu certamente nunca vou saber qual é a
solução. É assim que o ego mantém o amor do Espírito Santo distante.

Antes do seu gato doente voltar para casa, a mulher afastou-se do Espírito Santo em sua mente,
soltou a mão de Jesus, voltou-se para o ego, e, então, como todos sabemos, deixou um véu de
negação cair sobre sua mente, então, ela se esqueceu do que escolheu. A experiência de se
sentir identificada com sua fraqueza e doença e sofrimento agora parecia estar fora da sua mente,
e ela de forma alguma era responsável por isso. Ficou claro para ela que a razão pela qual estava
tão triste e sentia tanta dor não era que ela tinha se afastado do Espírito Santo, mas por causa
desse gato doente - fora da sua mente, no mundo. Mas, primeiro, ela continuou procurando a dor.
Se não houvesse um gato doente, teria sido um amigo doente, ou seu próprio corpo doente, ou
alguma situação no trabalho, etc.

É assim que o ego faz sua mágica. Nós primeiro tomamos uma decisão na mente de nos unir com
o ego, ao invés de com o Espírito Santo, que é nos unir com a separação, a doença, o sofrimento,
a dor e a morte, porque é isso o que é o sistema de pensamento do ego. Então, esquecemos que
nos unimos com o que está em nossas mentes. Toda a coisa é projetada para fora de nós, e nos
unimos com a doença, separação, sofrimento e dor no corpo, fora de nós. Não temos idéia de que
estamos simplesmente nos unindo a nós mesmos. Parece tão real, mas é parte da mágica. É
similar a assistir a um mágico que é muito habilidoso. O que ele faz parece tão real para nós.
Realmente parece que ele está tirando um coelho da cartola, ou tirando algo de sua manga, ou
serrando uma mulher ao meio. nós todos iríamos jurar que é isso o que está acontecendo. Na
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realidade, não está acontecendo nada de forma alguma. Ele apenas é muito esperto em manipular
nossa percepção, para que olhemos para um lado enquanto ele está fazendo algo em outro lado.
É isso o que o ego faz. Ele faz algo na mente - ele nos seduz a nos unirmos a ele, o “ele” sendo
um ser separado, limitado. Então, ele rapidamente faz com que nossa percepção saia da mente
para o mundo, onde nos unimos com a doença, separação e fraqueza que estão fora de nós.
Então, encontramos muitas pessoas que concordam conosco.

A mentalidade certa para a mulher que lidou com a situação com seu gato é exatamente a
maneira com a qual teria lidado com uma criança ou um amigo doente, ou qualquer outra coisa.
Reconheçam, se vocês têm um bicho de estimação doente, é algo que vocês escolheram, que é
parte da sua sala de aula. Se vocês escolheram isso como uma sala de aula, existem duas razões
para isso. Uma é a razão do ego, que iria ensiná-lo sobre a falsa empatia, para ensiná-lo o que a
separação e a dor são. A outra é a razão do Espírito Santo e Seu propósito é ensinar a você que
não existe dor e separação fora da sua própria escolha. Então, nossa amiga com o gato doente,
sendo uma boa estudante do Curso em Milagres agora, diz ao Espírito Santo, “Certo, essa é uma
lição que eu escolhi; por favor, ajude-me a olhar para isso de forma diferente”. Nós sempre temos
que permanecer fiéis às lições de escolhemos. Parte da lição de ter um animal de estimação é
cuidar dele. Então, ela cuida dele como qualquer outro dono de animal de estimação faria. Mas ela
agora aprende que se estiver se sentindo mal pelo gato, esse sentimento está vindo de uma
escolha que ela está fazendo, e não tem nada a ver com o problema do gato. Então, ela faz o que
qualquer outra pessoa faria, mas ela faz isso sem sentimento de pesar pelo gato, sem se sentir
culpada em relação ao gato, sem se unir ao sofrimento dele. Ela iria parecer com qualquer outro
dono de gato. A diferença seria que ela se sentiria muito mais pacífica. É importante lembrar que a
decisão inicialmente era se unir ao ego e soltar a mão de Jesus. Nesse ponto, o gato chegou e ela
pôde se sentir mal por ele. Mas, se ela não tivesse um gato, teria encontrado alguma outra coisa,
como tornar a si mesma doente, para se focalizar fora da mente.

O que ela tinha naquele momento era uma necessidade, que é uma necessidade que todos nós
temos logo que soltamos a mão de Jesus e pegamos a mão do ego, que é encontrar alguém para
culpar pelo terrível sentimento que temos. Quando nos separamos do Amor de Deus, este é o pior
sentimento que qualquer pessoa pode ter. De fato, esse é o único sentimento que qualquer
pessoa pode ter. Cada sentimento que temos nesse mundo vem disso. E esse é um sentimento
terrível. É um sentimento de ser absolutamente sozinho no universo, sentindo que nunca, nunca
mesmo vamos poder voltar. Eu soltei a mão de Deus, eu O roubei, Ele me expulsou do Paraíso, e
eu nunca vou voltar para casa. Isso é horrível! Esse mundo inteiro veio de uma tentativa de
encobrir a dor lancinante dessa escolha, para que não pudéssemos senti-la. Mas ela se filtra
através de tudo em um instante.

Todos nós temos a necessidade de escolher o ego e depois dizer: “Mas não fui eu que escolhi
isso; alguém mais fez isso para mim”. Então, no final da história de Adão e Eva, não foram eles
que deixaram o paraíso; foi Deus que os chutou para fora. Não foi escolha deles desobedecerem
Sua vontade, e se separarem Dele, o que os levou a dor e alienação; foi esse Deus irado Que fez
isso. Não fui eu que escolhi ficar doente; foi algum germe que me atacou. Uma vez que eu larguei
a mão de Jesus - e essa é uma escolha que fazemos a cada instante, ou segurar a mão de Jesus
ou soltá-la, essa é a única escolha que temos - minha necessidade egóica no momento em que
solto sua mão é encontrar alguém para culpar. Uma coisa conveniente seria o gato doente. Se
não for o gato, pode ser um amigo, ou alguém no trabalho, ou eu mesmo. Isso também não
importa. Eu poderia ligar a televisão e ver algo que voltasse meu coração para o personagem, e
eu me sentiria aborrecido. Não faz diferença.
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Por outro lado, se eu continuar segurando a mão de Jesus, cuido do meu gato, mas faço isso de
forma totalmente amorosa e pacífica, sem tornar o erro real.

PARTE VI

Comentário sobre a Seção "A Verdadeira Empatia" (T-16.1)

(Parágrafo 3 - Sentença 1-2) A tua parte é apenas a de lembrar-te disso: não queres que nada do
que valorizas venha a ti através de um relacionamento.

Isso está falando sobre o que fazemos nos relacionamentos. Basicamente, nos relacionamentos,
nós nos unimos com as pessoas no nível do corpo, tanto para vê-las como aliadas, como para vê-
las como inimigas. Nossa parte é simplesmente reconhecer que não sabemos o que é melhor
para nós. Nós não temos que saber o que é melhor para nós, simplesmente temos que saber o
que não é melhor para nós. O que estamos falando é um processo de desfazer.

Logo no início, nós acreditamos que sabíamos o que era melhor para nós. Acreditamos que nos
identificar com o ego era o melhor para nós, e nos unir ao Espírito Santo não era. Desse ponto em
diante, nos convencemos de que estávamos certos, e só descemos colina abaixo depois disso.
Nós excluímos qualquer outra possibilidade de que talvez o que estávamos fazendo e percebendo
era errado. Dito de outra forma, o propósito do Curso é nos levar a reconhecer que não sabemos
o que é nosso melhor interesse. Esta é uma lição inicial do livro de exercícios (W-pl.24). Tudo o
que eu tenho que saber é que não sei o que é melhor para mim em meu relacionamento comigo.
Tudo o que eu sei é que eu não sei isso. Se eu pudesse pelo menos fazer esse começo, então,
estarei iniciando um processo onde deixo uma porta aberta para o fato de que existe outra
possibilidade. Se eu não sei o que é melhor pra mim, então, talvez alguém mais saiba. Talvez seja
um fato de eu não estar aborrecido pelo fato de meu gato estar sentindo dor; talvez exista outra
causa para isso. Talvez o fato de você ter me abandonado não seja a causa da minha dor; talvez
seja algo mais. Esse algo mais gradualmente vai me levar à idéia de que fui eu que escolhi me
sentir tratado injustamente, e estou simplesmente usando o que você fez, seu comportamento,
como uma forma de justificar o quanto estou me sentindo mal.

(Parágrafo 3 - Sentenças 3-4) Não escolhes feri-lo nem curá-lo ao teu próprio modo. Não sabes o
que é a cura.

Quando alguém com quem você está vivendo, seja seu animal de estimação ou seu humano de
estimação, está sentindo dor e você quer confortá-lo nessa dor, o que Jesus está dizendo é que
nós não sabemos o que o conforto é, nós não sabemos o que a cura é. Para nós, a cura
usualmente é uma tentativa de ajudar alguém para que não nos sintamos culpados.

Outra maneira de entender isso mais profundamente é que, quando estamos sentindo dor,
estamos realmente fazendo algo para manipular a outra pessoa para se sentir culpada. É uma
afirmação velada, algumas vezes não tão velada, mas geralmente sim, que diz, “Você fez isso
comigo, e deveria se sentir culpado porque estou aborrecido e magoado, por causa disso, daquilo,
e daquilo outro. Se você fosse mais atencioso e cuidasse melhor de mim, se você não tivesse me
abandonado, se não tivesse abusado de mim, se não tivesse feito isso, ou aquilo, eu não estaria
sentindo o que estou sentindo hoje”.
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As chances são que a pessoa que não está se sentindo doente - a outra pessoa no
relacionamento - já esteja vindo de um ponto de vista do ego, então, ela se sente culpada. Essa
pessoa vê na doença não apenas um ataque, mas uma confirmação daquilo que a outra pessoa já
sente que ela ou ele fez. Uma vez que carregamos profundamente dentro de nós a idéia de que
nossos pensamentos atacaram Deus e Lhe provocaram dor - lembrem-se, foi assim que o ego
começou - então, esse é um pensamento que sempre está presente em nós. Existe uma parte da
mente do meu ego que está sempre tentando provar que eu sou culpado e pecador. Então, eu me
envolvo com uma pessoa que está procurando alguém para culpar. É isso o que chamamos de
relacionamento psicologicamente sadomasoquista, onde um dos parceiros está envolvido em
sadismo, que é atacar e punir outra pessoa, e a outra está envolvida em masoquismo, que é
querer se sentir martirizada.

Então, vamos dizer que eu estou envolvido com você, e você fica doente. Parte do fato de você
ficar doente é dizer que sou responsável por isso, então, você é a vítima inocente. Existe uma
parte de mim que está esperando que você fique doente e me ataque para que eu possa me sentir
culpado. É assim que reforçamos uns aos outros. Portanto, eu quero cuidar de você e confortá-lo
para que eu não me sinta culpado; não porque eu me importo com você, não porque o amo, mas
para não me sentir culpado. Minha preocupação é realmente que você se livre da dor tão
rapidamente quanto possível; não porque me importo com você, mas porque sua dor está fazendo
com que eu sinta ainda mais dor, ela está me fazendo sentir culpado.

O que estou fazendo, o que na superfície parece ser amoroso, bacana, gentil, sensível e
atencioso, é realmente puro egoísmo e servir a si mesmo. Em outras palavras, eu quero ajudá-lo
para não me sentir culpado. Isso está subjacente a muito do que as pessoas fazem no mundo em
termos do que chamamos de caridade ou trabalho pelo bem. Esses são, como já falei, os
benfeitores. É realmente uma tentativa de cuidar de outras pessoas para que eu me sinta melhor
em relação a mim mesmo. Então, quando Deus vier no Dia do Julgamento e olhar para mim, Ele
não vai me ver como esse miserável pecador, porque eu posso dizer a Ele, “Veja quantas pessoas
eu ajudei, veja o quanto tenho sido gentil, preocupado e bom; eu me doei, me sacrifiquei; eu não
sou a má pessoa, os outros são”.

Se eu for ter sucesso nisso, preciso ter pessoas na minha vida que estejam com problemas e de
quem eu possa cuidar. Quando eu cuido de você, estou fora de uma situação perigosa. E, então,
posso dizer a Deus, “Não me puna. Não sou eu o pecador. É essa outra pessoa”.

É isso que pensamos ser cura, e é isso que está sob a empatia do ego. Acho que o problema é
alguém lá fora e quero ver o problema lá fora para que eu possa ser aquele que vai resolvê-lo. Fiz
exatamente isso o que o ego fez no início. Ele disse que existia um problema e que eu sabia como
resolvê-lo. O ego faz isso à guisa de ser nosso amigo. Na realidade, é claro, ele apenas nos
mantém miseráveis.

(Parágrafo 2 - Sentenças 3-6) Não sabes o que é a cura. Tudo o que aprendeste acerca da
empatia vem do passado. E não há nada do passado que queiras compartilhar, pois não há nada
do passado que queiras guardar.

Tudo o que o ego já aprendeu vem do passado: Eu sei o que funciona. Eu sei que poderia me
sentir melhor se eu descarregasse tudo em você. Eu sei que poderia me sentir melhor se me
unisse com você e o ajudasse. Eu sei como manipular você porque isso funcionou no passado. Se
eu ficar doente, eu sei que você vai se sentir culpado, vai lamentar, e cuidar de mim, que é o que
eu quero. Tudo o que o ego já fez é baseado no passado. Todo o conceito de pecado é baseado
no passado: eu pequei no passado; eu ataquei Deus, eu O roubei, eu O pilhei, eu O matei, eu
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usurpei Seu papel. Eu fiz tudo isso no passado, pelo qual eu agora deveria me sentir culpado.
Estou agora aterrorizado pela punição de Deus, que virá no futuro, a menos que eu faça algo
sobre isso. Essa é toda a noção de tempo de acordo com o ego. É sempre baseado no passado:
eu sei que serei maltratado, sei que serei abandonado, sei que as pessoas vão tirar vantagem de
mim, porque é isso o que sempre acontece. E eu tenho toda uma lista de experiências passadas
para apoiar isso. O que vai acontecer hoje vai acabar em fracasso porque é sempre assim. É só
olhar para o passado e ver isso. O Espírito Santo só vive no presente, porque não existe passado.
Não existe pecado. Não existe passado ou futuro. Tudo o que já aprendi em termos de
comportamento é baseado no passado. É por isso que não existe nada do passado que eu
deveria compartilhar ou manter: porque tudo no passado foi um ataque e um pecado.

(Parágrafo 3 - Sentenças 6-8) Não uses a empatia para fazer com que o passado seja real e
assim perpetuá-lo.

Nós usamos a empatia para tornarmos o passado real, para tornarmos o sofrimento, a doença, a
injustiça a vitimação reais. Nós fizemos tudo isso porque fizemos a injustiça original, o julgamento
original, e o ataque original reais. Nós acreditamos que fizemos isso a Deus, e simplesmente o
revivemos vezes sem conta. Cada um de nós tem um investimento em revivê-lo - é isso que é
realmente importante. Porque se eu puder demonstrar nesse exato momento que as pessoas são
tratadas de forma injusta, supliciadas e machucadas, e estão sofrendo dor, posso ser útil para
elas, então, estou provando que o sistema de pensamento do ego é real. Uma vez que eu me
identifique com o ego, vou me identificar com a necessidade de manter real aquele sistema de
pensamento, o que mantém o Amor de Deus irreal.

(Parágrafo 3 - Sentenças 8-9) Deixa-te ficar gentilmente de lado e permite que a cura seja
realizada para ti.

Esta é a mesma idéia da lição do livro de exercícios que diz, “Recuarei e permitirei que Ele me
mostre o caminho” (W-L.155). Nos termos do gráfico, o “dar um passo atrás” é quase literalmente
afastar-se do ego e aproximar-se do Espírito Santo. Então, a única forma de resolver qualquer
problema é dar um passo para longe do ego, em direção ao Espírito Santo. Essa é a única
maneira de podermos encontrar a paz.

Nós não temos que resolver problemas no mundo porque não existem problemas no mundo, uma
vez que não há mundo. Nós resolvemos os problemas aparentes no mundo trazendo-os de volta
para a mente, e resolvendo-os lá. E o único problema é que nós nos separamos do Amor de
Deus, e, portanto, a solução está em nos unirmos a ele.

Nós não temos que curar; deixamos a cura ser feita por nós. A seção no texto sobre o curador não
curado diz, “Um terapeuta não cura; ele permite que a cura seja" (T-9.V.8:1). A cura é feita através
de nós. Não somos nós que temos que resolver problemas. A mulher não é aquela que tem que
cuidar do seu gato. Um pai ou mãe não é aquele que tem que cuidar dos seus filhos. Nosso
trabalho não é ser bons pais ou bons professores, bons terapeutas, ou bons professores do Um
Curso em Milagres, bons contadores, bons advogados, ou bons qualquer coisa. Nosso trabalho é
nos reunirmos ao amor do Espírito Santo na mente, e esse amor vai automaticamente vir através
de nós. Acreditarmos que sabemos como fazer qualquer coisa é o máximo da arrogância. Foi isso
o que fizemos logo no início. Nós dissemos a Deus: “Eu sei fazer isso melhor do que você. Seu
mundo é chato. Vou fazer um mundo onde exista entusiasmo, onde existe prazer real, não essa
coisa espiritual, etérea”.
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Alguém contou recentemente sobre uma experiência que teve quando, em uma noite fria e
chuvosa, ela começou a pensar sobre todos os gatos e outros animais que estavam sofrendo
sozinhos em condições climáticas cruéis. Essa mulher disse que, no passado, ela simplesmente
teria rezado para Deus cuidar de todos esses pobre animai zinhos, mas agora, como uma
estudante do Curso, ela não fez isso. Mas ela queria saber se estava realmente experimentando
sua própria preocupação de que não seria cuidada.

Isso realmente representa um avanço para ela, porque no passado ela simplesmente disse, bem,
Deus vai cuidar deles, portanto, eu não tenho que lidar com esse problema. Agora, ela estava
dizendo que Deus não ia cuidar deles, então, ela teria que lidar com o problema, o que a forçou a
olhar não tanto para os gatos vira-latas, mas para o gato vira-latas que ela acreditava ser, o que é
uma experiência muito mais dolorosa, porque não existe um manto mágico para cobri-la. O
próximo passo seria perceber que não era com os gatos vira-latas que ela estava preocupada, ou
sentindo que eram vitimados; era consigo mesma.

As boas notícias são que Deus não vai fazer nada sobre isso. São boas notícias porque isso nos
força a dizer: “Eu sou aquele que escolho me ver como uma vítima para que possa fazer algo em
relação a isso. E Deus vai me ajudar a mudar minha mente sobre mim mesmo. Ele não vai fazer
nada sobre os gatos vira-latas exteriores”. Não existem gatos vira-latas lá fora de forma alguma.
Eles são apenas símbolos. Nem Ele vai fazer nada sobre o gato que acredito ser como uma
pessoa física, como um gato. Mas Ele vai fazer algo, através do Espírito Santo, com a mente que
pensa que sou um gato vira-latas.

O ego nós dá a arrogância para acreditar que sabemos o que é melhor. Nós sabemos o que é
melhor para Deus, para nós mesmos, e para todas as outras pessoas. E sabemos isso porque
sabemos o que é a cura, sabemos o que é a ajuda. O Curso nos ajuda a reconhecer que, do
ponto de vista do ego, a ajuda é o que vai me ajudar. E o que vai me ajudar é o que vai enterrar
minha culpa ainda mais fundo. Não estou interessado em olhar para minha culpa e liberá-la,
porque isso é ajuda verdadeira. Estou interessado em ver minha culpa em você, no que você fez,
em termos de você ser doente. Então, vou mudar o que você fez para ajudá-lo com isso, para que
minha culpa vá embora. Mas não estou interessado em olhar para a culpa na minha mente, não
estou interessado em olhar para o investimento que vi em sua dor. Todo meu interesse é ver o
símbolo da minha culpa sendo levado embora. Ele pode ser levado embora no nível da forma,
mas o pensamento na minha mente ainda permanece. A verdadeira empatia me ajuda a ir até a
fonte da minha culpa; a falsa empatia a reforça.

(Parágrafo 3 - Sentenças 9-11) Mantém em mente apenas um único pensamento e não o percas
de vista, por mais que sejas tentado a julgar uma situação qualquer e a determinar a tua reação
por julgá-la.

Nós julgamos uma situação, o que sempre envolve separação, diferença, julgamento e ataque. A
situação é que você precisa de ajuda. Por meu julgamento disso, agora vou determinar qual será
minha resposta: vou ajudá-lo, ou vou me afastar de você porque vou dizer que você merece
sofrer. De qualquer forma, são lados opostos da mesma moeda. Estou vendo a separação e a dor
como reais.

É isso o que somos solicitados a fazer:

(Parágrafo 3 - Sentenças 12-14) Concentra a tua mente apenas nisso: Eu não estou só e não iria
impor o passado a meu Hóspede.
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Deixe-me parar por aqui. O ensinamento fundamental do ego é que nós estamos sozinhos - nós
nos separamos de Deus. Ele é uma não-entidade virtual em nossas vidas, e estamos por conta
própria. ‘Por conta própria” não significa que estamos sem o ego. Dizer que estou sozinho significa
que estou sem Deus. O ego me diz que estou sozinho, o que significa que estou sem Deus, sem o
Espírito Santo, e meu único amigo é o ego. Eu projeto isso no mundo. Meus únicos amigos são
outros egos e outros corpos.

Agora, quando dizemos que “Eu não iria impor o passado a meu Hóspede", meu passado é
sempre de pecado, e vamos introduzir esse pecado sobre o Espírito Santo - Ele obviamente é o
Hóspede, é por isso que é escrito com a letra “H”, maiúscula. Então, pelo fato de ter pecado no
passado, mereço ser punido no futuro. Minha percepção do Espírito Santo não é dessa presença
amorosa do Amor de Deus em minha mente. É dessa vingativa presença de Deus na minha
mente, porque eu projetei meu pecado Nele. Eu não aceito mais o Espírito santo como Ele é, que
é a memória do Amor de Deus. Eu vejo o Espírito Santo como quero que Ele seja, e o “eu” que
quer que Ele seja assim é o “eu” que se tornou ego. O ego quer que o Espírito Santo seja uma
presença raivosa, vingativa. E, então, é isso o que fazemos: Eu imponho o passado a meu
Hóspede.

(Parágrafo 3 - Sentenças 15-16) Eu O convidei e Ele está aqui. Eu não preciso fazer nada, exceto
não interferir.

Reconheço que estou aborrecido - quer eu esteja aborrecido pelo meu sofrimento e dor, ou por
causa do seu sofrimento e dor - porque eu des-convidei o Espírito Santo. Portanto, alienei a mim
mesmo Dele. Estou sozinho com esse sistema de pensamento que é baseado na solidão - é isso
o que é a separação. E esse é o problema. Se eu reconhecer que esse é o problema e mudar a
minha mente, essa mudança em minha mente é o convite ao Espírito Santo. Então, eu reconheço
que não tenho que fazer nada com a situação, porque nada tem que ser feito, não existe problema
aqui. Tudo o que tenho que fazer é dar um passo atrás e não interferir com o fluxo de amor que
está dentro de mim. Uma vez que eu acredite que estou aqui, esse amor vai fluir da minha mente
para o sonho, e eu vou saber automaticamente o que devo fazer.

Para usar o exemplo dos gatos vira-latas - ao invés de me sentir mal por eles ou que sou
responsável por eles, percebo que estou vendo esses gatos na tempestade como um problema
porque eu me separei do Espírito Santo ou de Jesus. Se eu olhasse para aqueles gatos com
Jesus, veria toda a coisa de forma diferente. Iria perceber que o que estou vendo neles é uma
projeção de mim mesmo, e que não sou mais vira-latas do que eles. Eu dei ao fato objetivo dos
gatos vira-latas dentro do sonho um significado que ele não tem. O significado que dei a eles é
que eles são vítimas inocentes do mundo frio, sem coração, cruel, com o qual Deus não se
importa. Essa é a interpretação que dei a situação.

Eu posso dar a ela outra interpretação - posso ver os gatos como um espelho para mim mesmo.
Acredito que sou um vira-latas e que estou sozinho em um mundo que não se importa comigo, um
mundo que é governado por um Deus Que não se importa comigo. Uma vez que eu veja que
estou dando esse significado a isso, então, posso mudá-lo e dizer: É assim que meu ego vê as
coisas, porque é isso o que meu ego é - uma crença de que estou separado de Deus e sozinho.
Posso fazer isso tanto com Jesus quanto com o Espírito Santo e, através da união com Seu amor,
eu então iria olhar para mim mesmo e para os gatos de forma diferente.

Isso basicamente é o que significa todo o treinamento mental do Curso - eu me vejo preso no
drama do mundo, não importando a forma, seja um drama que envolve meu próprio corpo e minha
própria vida, ou a vida de alguém que eu amo, ou de alguém no mundo que eu nem conheço. Eu
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sei que estou me aprisionando quando me percebo vendo separação e diferença, e fazendo
julgamentos. Não é tão difícil começar a treinar a mente para ver isso. Eu não tenho
necessariamente que liberar a crença, mas posso reconhecer que estou vendo diferenças.
Quando eu me sentir mal por alguém, obviamente, estou vendo aquela pessoa como diferente de
mim ou de outra pessoa. Quando isso começa a acontecer, eu posso dizer uma oração como as
dessas linhas, percebendo que estou me sentindo dessa forma porque empurrei o Espírito Santo
para fora, e que posso realmente me sentir diferente se convidá-Lo a voltar. Desse lugar de amor
na minha mente, desse lugar de encontro sobre o qual já falamos, eu vou automaticamente saber
qual é a resposta mais amorosa em termos de forma. Isso requer muita disciplina, muita prática,
muito treinamento mental. É por isso que o curso refere-se a si mesmo como treinamento mental.
É uma maneira totalmente diferente de olhar para absolutamente tudo nesse mundo, sem
exceção. Em qualquer momento em que eu me sentir identificado com a dor ou sofrimento ode
qualquer outra pessoa, ou alegria, é porque estou vendo essa pessoa como diferente. Estou
vendo através dos olhos do ego e nunca vou encontrar a paz real.

Parte VII

Comentário sobre a Seção “A Verdadeira Empatia” (T-16.1)

(Parágrafo 4 - Sentenças 1-4) A verdadeira empatia é Daquele Que tem o conhecimento do que
ela é. Aprenderás a Sua interpretação da empatia se permitires que Ele use a tua capacidade para
a força e não para a fraqueza.

A verdadeira empatia é sempre uma ausência de diferenças; é uma união verdadeira. O ônus é
sempre colocado sobre nós. Não é responsabilidade do Espírito Santo; é minha responsabilidade.
Eu preciso deixá-Lo me ensinar a maneira apropriada de olhar para essa situação. Eu usei o
poder da minha mente para a fraqueza, e a reforcei por ver a fraqueza em todos os outros. O
Espírito Santo vai usar o poder de me unir a Ele, então, minhas percepções serão baseadas na
força ao invés de na fraqueza.

Vamos ver no manual de professores uma passagem particularmente difícil que é uma reposta à
questão: “A cura deve ser repetida?” (M-7). A pergunta é baseada na idéia de que alguém está
doente, e eu tenho um pensamento de cura que é, eu não acredito na doença. Mas o sintoma
permanece e então, eu digo, “Ah, isso não funciona. Eu deveria tentar novamente”, obviamente,
ainda estou vendo a doença permanecendo nos sintomas físicos.

(M-7 - Parágrafo 4 - Sentenças 1-7) Uma das mais difíceis tentações a ser reconhecida é que
duvidar de uma cura devido à permanência da aparência de sintomas é um equívoco na forma de
falta de confiança. Como tal, é um ataque. Usualmente, parece ser exatamente o oposto. À
primeira vista, de fato não parece razoável ser advertido de que a persistência da preocupação é
um ataque. Tem todas as aparências do amor.

Isso é exatamente o que estamos falando. Quando acredito que existe um problema em você que
tem que ser resolvido ou que você não vai estar em paz - o que é outra forma de dizer que se o
seu problema não for resolvido você não será pacífico - estou novamente vendo o problema como
externo. Estou vendo o pensamento da separação como real. Estou vendo você como diferente e
separado de mim, e estou julgando isso. Não há amor nisso. Ao sentir empatia com sua dor e
sofrimento, estou me identificando com a fraqueza, e reforçando a crença em diferenças. É isso o
que significa; não parece que a “preocupação continuada” é ataque porque parece com amor.
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(M-7 - Parágrafo 4 - Sentença 7-8) No entanto, o amor sem confiança é impossível e dúvida e
confiança não podem coexistir.

Uma maneira de compreender o que o Curso quer dizer com “confiança” - uma palavra que é
usada com tanta freqüência - é que não importando o que meu ego tenha feito, ou o que seu ego
tenha feito, o amor de Cristo não foi modificado de forma alguma. É isso o que é a confiança.
Ouvir o Espírito Santo logo no início seria dizer: Eu confio no que Você está dizendo. Apesar de
todos esses pensamentos que estou tendo, percebo que eles não têm efeito sobre a realidade de
Deus; eles não têm efeito sobre a minha realidade como criança de Deus. Apesar de toda a
cacofonia, e de toda a dissonância que eu acredito ser tão reais, “nenhuma nota na canção do
Céu foi perdida”. Nada aconteceu.

“Confiança” nesse mundo, em nossa experiência aqui, seria saber que não importa o que esteja
acontecendo dentro de você, ou dentro de mim, a luz de Cristo que nos une um ao outro como um
não foi modificada; ela não foi atingida. Nada alterou o farto de que você e eu somos ambos filhos
do mesmo Pai. É isso o que é a confiança.

Quando o Curso diz “Eu confio em meus irmãos que são um comigo” (W-pl.181.Heading,6:5; W-
pl.rlV.201.1:1), isso não quer dizer que nós confiamos em seus egos. Nunca use nada no Curso
para tentar dizer que devemos confiar no ego das pessoas. Jesus diz, “Pessoas assustadas
podem ser perversas” (T-3.l.4:2). O que ele está dizendo é: Confie que, não importando o que
outro ego esteja fazendo a você, ou o que seu ego esteja fazendo, isso não tem efeito sobre
nossa realidade compartilhada como amor. Outra maneira de dizer é: Eu confio que não importa o
que você esteja fazendo a mim ou aos meus seres amados, a paz de Deus dentro de mim não
está sendo afetada. Se eu escolher me identificar com o amor de Jesus, não importando o que
você faça, isso não me afetará. É isso o que é a confiança.

No contexto específico dessa passagem, isso significa que eu confio que não importando o fato de
que seu corpo possa ter AIDS e possa estar morrendo, a despeito de toda a dor que percebo em
você, isso não está tendo nenhum efeito no fato de que a sua mente é totalmente unida a mim,
que sua mente ainda é uma com Deus, e que tudo isso não é nada mais do que um sonho. Isso
não significa que não vou lhe dar atenção, ou fazer coisas no nível do comportamento, mas eu
não permito que nada do que está acontecendo com você tenha qualquer efeito no amor e na paz
de Deus dentro de mim. Se isso tiver um efeito, então, estarei dando a você um poder sobre mim
que você não tem.

Se eu deixar que seu problema me afete, uma das formas poderia ser eu ficar preocupado e
aborrecido e não conseguir dormir à noite porque estou preocupado com você, então, estou
dizendo: “Você, não eu, tem poder para tirar a paz de Deus de mim. Minha mente não é poderosa
o suficiente para tirar a paz de Deus; a sua é”. Em outras palavras, eu sou impotente, eu sou
fraco. A própria coisa que poderia me salvar, eu agora disse que não tem poder.

Ao dizer que estou preocupado com você e aborrecido com o que você está enfrentando, estou
dando a você o poder de tirar a paz de Deus de mim, o que significa que não sou capaz de aceitar
a responsabilidade por minha própria escolha de me separar do Amor de Deus; estou jogando
essa responsabilidade sobre você. Isso não é amoroso. Eu quero que a culpa fique sobre você
para que eu possa ir diante de Deus e dizer, “A razão pela qual sou tão infeliz e miserável e
separado de Você não é uma decisão que eu tomei e pela qual sou responsável. É algo que outra
pessoa fez para mim, e é por isso que estou aborrecido e não sinto Seu Amor”.
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A mesma dinâmica está atuando quando existe uma cura aparente. Alguém deu um exemplo
pessoal de trabalhar com pessoas que estão passando por cirurgias para transplantes, e então
ficar muito entusiasmado quando a operação foi bem sucedida.

É exatamente a mesma coisa. O que estou dizendo nesse exemplo é que algo fora de mim tem o
poder de me fazer feliz. Se a operação não funcionar, vou me sentir mal. Vou me sentir culpado,
responsável, pesaroso, etc. Se a operação for bem sucedida, então, vou me sentir feliz. Estou
deixando minha paz mental e o Amor de Deus dentro de mim repousar sobre um WHIM, seja o
médico, Deus, ou o paciente, não importa. Eu agora me vi como uma vítima que simplesmente
tem que esperar para ver se essa pessoa será curada fisicamente ou não. Não existe amor nisso,
porque estou permitindo a mim mesmo ser dependente de outra pessoa. Eu vou amar essa
pessoa se ela ficar bem, e vou odiá-la se não ficar. É assim que funcionamos a maior parte do
tempo, mas não há amor nisso. Estou denegrindo e depreciando o poder da minha mente, e
dando esse poder a outra pessoa. Se essa pessoa tem o poder que eu não tenho, então, pelas
leis do especialismo, que são as leis que governam tudo nesse mundo, eu preciso odiá-lo por isso.
Então, eu digo, “Por que ele tem esse poder e eu não? Não é porque eu o dei a ele, mas porque
ele o tirou de mim. Portanto, ele merece meu ataque para que eu possa pegar de volta dele”.

É isso que, em um nível totalmente diferente, significa o axioma “dependência gera desprezo”.
Nós odiamos as pessoas das quais dependemos porque sentimos que nossa salvação está nelas.
Elas têm o poder de me deixar feliz ou triste. O fato de ela ter o poder e eu não é a revivência do
momento original quando eu olhei para Deus e disse, “Ele tem o poder e eu não. E, por que Ele o
tem e eu não? Por que Ele o tirou de mim. Portanto, me sinto justificado em odiá-Lo e roubar o
poder de volta Dele”. É isso o que revivemos vezes sem conta. Então, eu rezo por você, ministro
por você, cuido de você, e você se sente bem, e eu fico melhor, me sinto bem. Se eu não o fizer,
me sinto muito mal. Portanto, eu me coloco à sua mercê, o que não é um lugar muito bom de se
estar. Novamente, ter preocupações não é amor; é realmente um ataque.

Vamos voltar ao "A Verdadeira Empatia" no texto agora.

(Parágrafo 4 - Sentenças 7-8) Não estás certo de que Ele fará a Sua parte, porque nunca fizeste,
ate agora, a tua completamente.

É por isso que nós não confiamos em Jesus, porque não confiamos no Espírito Santo, ou no
Curso, e porque reclamamos que tudo o que conseguimos são um monte de promessas vazias -
esse Curso não faz o que afirma que vai fazer, eu não estou me sentindo nem um pouco melhor,
etc. Tudo isso, é claro, é uma projeção do fato de que nós acreditamos que falhamos com Deus.
Nós nos acusamos por termos virado as costas para Ele. E, por causa disso, nós projetamos a
culpa Nele e dizemos, “Ele voltou Suas costas para mim”.

Sempre que você começa a duvidar do que o Curso está lhe ensinando, ou do que suas
experiência de Jesus e do Espírito Santo são, e você sente que, de alguma forma, iria fazer
melhor por si mesmo, está refletindo o pensamento original do ego: Eu faço melhor por conta
própria; eu não preciso de Deus. Nossas dúvidas sobre a eficácia do Espírito Santo em nos ajudar
não tem nada a ver com Ele; elas têm a ver com nosso próprio medo, vindo da nossa crença de
que falhamos com Ele.

Mais uma vez, é isso o que sempre fazemos. Nós viramos nossas costas para o Espírito Santo ou
Jesus, e, então, acreditamos que as outras pessoas estão fazendo isso conosco. Uma vez que
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acreditamos que roubamos o Reino de Deus, precisamos, portanto, acreditar que Deus vai tentar
roubá-lo de volta de nós, um pensamento tão horrível que não há forma de olhar para ele, então,
nós o obliteramos. Mas nós o projetamos no mundo, então, parece que é o mundo que está lá
para roubar o Reino de nós. As pessoas vão tirar coisas de mim. O governo vai me roubar; o IR
vai me roubar; meus chefes vão me roubar; meus amigos vão me roubar. Se eu não tiver cuidado,
as pessoas vão roubar o amor e a paz que estão dentro de mim. Todos esses pensamentos estão
vindo da crença subjacente para a qual não quero olhar, de que fui eu que roubei em primeiro
lugar.

Uma linha no texto, no final da seção sobre a dinâmica do ego diz, “Se ele [teu irmão] não te fala
de Cristo, não lhe falaste de Cristo” (T-11.V.18:9). Isso não significa que eu sou responsável por
seus pensamentos de ataque ou por seus pensamentos anti-crísticos contra mim. Isso significa
que se eu percebo você como falando de uma forma anti-crística, não amorosa, comigo, é porque
eu acuso a mim mesmo primeiro por ter falado com você de forma anti-crística. Isso não significa
que eu nego o que o seu ego faz. Mas, quando eu torno o que o seu ego faz real e o acuso de ser
anti-crístico comigo, é porque eu secretamente estou acusando a mim mesmo de fazer a mesma
coisa.

Quando nós vivemos no mundo real, que é o fim disso tudo, e tudo em nós é absolutamente
constante, e nós caminhamos sempre com o Amor do Espírito Santo dentro de nós - na verdade,
nós nos tornamos Amor - então, nada do que acontece no mundo vai tirar esse Amor de nós. Isso
não significa que não podemos andar pelo mundo e ter o tipo de preferências e reações
superficiais que todos têm, mas, isso vai permanecer apenas assim - superficial. Nada do que
percebemos ou vemos no mundo vai tirar o profundo senso de certeza do Amor e da paz de Deus
de dentro de nós.

Então, se algo acontece no mundo e nos sentimos aborrecidos, não é por causa do que
aconteceu no mundo, seja o mundo mais amplo ou meu mundo pessoal. É por que deixei que isso
tivesse um efeito sobre mim. Eu mandei embora o poder da minha mente - eu mandei embora o
Amor de Deus na minha mente, e sou responsável por isso.

(Parágrafo 4 - Sentenças 9-11) Não podes saber como responder ao que não compreendes. Não
sejas tentado nisso e não cedas ao uso triunfal que o ego faz da empatia para a sua própria glória.

Essas são afirmações muito fortes. Um pouco mais pra frente, nesse capítulo, existem duas
seções muito poderosas sobre relacionamentos especiais (T-16.IV, V). Uma delas fala sobre
como, sempre que estamos envolvidos em especialismo com outra pessoa, estamos usando isso
como uma maneira de triunfar novamente sobre Deus (T-16.V.10:1). Toda vez que conseguimos o
que queremos de alguém, e existe um senso de triunfo, é porque secretamente o ego deu um
salto e disse: “Ah, você vê, eu fiz isso outra vez. Eu tirei o que eu queria do Céu. Eu não me
importo com Deus. Não me importo com o Cristo que foi despedaçado, porque consegui o que
queria”. A alegria vem quando conseguimos o que queremos de outra pessoa.

Então, em nosso exemplo anterior, se eu me sinto realmente feliz quando um paciente é curado, e
uma cirurgia funcionou, é porque mais uma vez meu ego está dizendo: “Eu triunfei sobre Deus;
consegui o que queria; isso está fora de mim”. É isso o que quer dizer.

Quando eu me sinto bem e miserável porque você esta bem e miserável, meu ego está triunfando
em glória, porque estou tornando o corpo real; estou tornando o sistema de pensamento do ego
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real. E, mais uma vez, estou empurrado Deus para os bastidores. É daí que vêm os bons
sentimentos. Eles vêm do fato de que eu mais uma vez roubei o que estava fora e trouxe para
dentro. Pode ser um bom sentimento por causa de algo que estou comendo, ou um bom
sentimento que vem porque consegui algo no mundo que queria - a promoção, o aumento, o
carro, ou a casa, o paciente curado, etc. Nós nos sentimos bem onde, antes, não nos sentíamos.

A felicidade, a paz, o Amor e a alegria de Deus são estados constantes. A felicidade, a paz, o
amor e a alegria do ego não são constantes. Eles sobem e caem baseados nas circunstâncias. Se
o mercado de ações sobe, me sinto bem; se baixa, me sinto terrível. Minha felicidade e paz
dependem de algo externo a mim. Os bons sentimentos vêm porque mais uma vez eu tive
sucesso em roubar de fora para conseguir o que eu quero para me fazer feliz. É daí que vêm o
triunfo e a glória.

Uma pessoa, referindo-se a si mesma como uma “benfeitora profissional”, estava falando sobre
sua experiência como trabalhadora social, trabalhando com viciados em drogas, sem-teto,
pessoas com AIDS. Ela estava se questionando se escolheu trabalhar com esse grupo para
reforçar sua culpa. Bem, é claro que o ego faria isso. Mas, o Espírito Santo se une a nós na sala
de aula. O Curso fala sobre como o que nós fizemos para ferir, o Espírito Santo usa para curar.
Jesus explica como o Espírito Santo nunca tira o relacionamento especial de nós. Ele o
transforma. Então, sim, o ego usaria aquele trabalho como uma forma de me fazer sentir culpado,
de escolher lados, tendo os bons e os maus, e de me sentir como se eu fosse melhor do que
Deus; eu amo todas aquelas pessoas muito mais do que Jesus. Ele não dá a mínima para elas;
ele nem mesmo sabe que elas existem. Mas eu sei, e vou subir no meu brilhante cavalo branco e
salvá-las, etc. É isso que o ego faria.

Jesus pode usar a mesma situação para me ensinar que não existem diferenças. Quer uma
pessoa seja sem-teto ou tenha um lar, tenha AIDS ou não, seja viciada em drogas ou não, não faz
diferença aos olhos do Reino. O que eu vou aprender depois de um período de tempo, então, é
que posso ser amoroso com os sem-teto, os viciados em drogas, as pessoas com AIDS, assim
como com as pessoas normais. Eu posso ser amoroso com meus estudantes, os membros da
minha família, e meus amigos, assim como em relação a essas pobres vítimas; não existe
diferença. Conforme eu aprendo essa lição, o Espírito Santo vira a mesa em relação ao ego. O
que o ego usou para a separação, eu agora vou usar como uma sala de aula na qual aprendo o
que é a união.

Questionar minha motivação de escolher essa situação de trabalho depois que já estou nele é
irrelevante. Sim, essa é minha sala de aula, assim como nascer em um corpo de um sexo ao invés
de outro é minha sala de aula. Grande coisa. É isso o que é. Uma vez que eu esteja aqui, na sala
de aula, ela é neutra. Nós podemos entender o corpo em dois níveis. No nível metafísico, o corpo
é o símbolo do pecado, da culpa e do ataque. No nível dois, que é a experiência que temos dentro
do sonho, o corpo é neutro. Então, por um lado, o curso diz que o mundo foi feito como um ataque
a Deus; ele diz que o corpo foi feito como uma limitação ao amor. É isso o que chamo de
afirmação de “Nível Um”. Então, o livro de exercícios diz, “Meu corpo é uma coisa neutra" (W-
pll.294). Uma vez que eu estou aqui, nessa sala de aula, meu corpo é neutro. Ele pode servir
tanto aos propósitos do ego quanto aos propósitos do Espírito Santo. Eu tenho a escolha de qual
professor quero que me instrua nessa sala de aula.

Então, o fato, nesse caso, é que sou um trabalhador social que está lidando com esses grupos em
particular. A questão agora é: Vou deixar o ego me guiar dia após dias, ou vou deixar o Espírito
Santo me guiar? O que o ego fez para matar, atacar e separar, o Espírito Santo usa como um
instrumento para nos ensinar o que são o perdão e a união.
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Parte VIII

Comentário sobre a Seção “A Verdadeira Empatia” (T-16.I)

(Parágrafo 5 - Sentença 1) O triunfo da fraqueza não é o que queres oferecer a um irmão.

A palavra “triunfo” aqui é importante, e é central mais tarde, quando o Curso fala sobre os
relacionamentos especiais. Basicamente, quando eu me sinto mal por você, estou preocupado
com você, quero ajudá-lo, e sinto empatia com você do ponto de vista do ego, eu realmente estou
me unindo a você em uma aliança contra Deus.

A Lição 190 “Escolho a alegria de Deus ao invés da dor” afirma: “Se Deus é real, não há dor. Se a
dor é real, não há Deus” (3:3-4). Esses são estados mutuamente excludentes. Se um é
verdadeiro, o outro não é. Se eu escolho me identificar com meu ego, não existe Espírito Santo
em minha mente naquele momento. Se eu escolho me identificar com o Espírito Santo, o ego
desaparece.

A dor é uma parte inerente ao sistema de pensamento do ego. Existe a dor original de nos
sentirmos separados da nossa Fonte, e de fora do Lar, o eu é traduzido pelo ego como pecado,
culpa, medo e punição - tudo isso termina em um corpo. Existe ou a dor do ego ou o Amor de
Deus - é um ou outro. Sou eu quem escolho. Se eu escolher a dor, é porque sinto que Deus é o
inimigo. A dor, então, se torna a maneira de manter Deus longe de mim. Escolher Deus, escolher
me identificar com o Espírito Santo, é a forma de manter o ego afastado. Mas é um ou outro.

Quando eu escolho me identificar com você e com sua dor, fraqueza e pequenez, estou me
unindo com você em uma guerra contra Deus, porque estou dizendo que a dor é real. Indo ainda
mais direto ao ponto, o que estou dizendo é que Jesus não vai ajudá-lo, mas eu vou. Isso é um
reflexo do pensamento original do ego que diz para mim: “O Espírito Santo não vai ajudá-lo; eu
vou. Se você se unir ao Espírito Santo, Ele vai destruí-lo. Se você se unir a mim, eu vou me
esconder com você da ira de Deus, e nós vamos estar a salvo”.

Esse é o pensamento original do ego: Deus não vai ajudá-lo - Ele está bravo; eu vou ajudá-lo.
Nesse mundo, isso se traduz em: Jesus não vai ajudá-lo, eu vou. Jesus não vai ajudá-lo porque
ou ele está bravo com você, ou está ocupado demais, ele é muito indiferente ou insensível, ou ele
nem mesmo sabe nada sobre isso; mas eu vou ajudá-lo. Eu estou usando você como uma forma
de triunfar sobre ele; eu estou usando você como uma forma de provar, novamente, que sou
maior do que Deus. Sou mais amoroso do que Deus; me preocupo mais do que Ele, etc. E isso o
que é toda essa situação.

(Parágrafo 5 - Sentença 2) E, no entanto, não reconheces nenhum triunfo exceto esse.

Nós não sabemos como estar nesse mundo exceto através do especialismo. É isso o que o
mundo é, é isso o que o ego é - uma crença no especialismo. Eu sou mais especial do que Deus,
e eu tenho que fazer uma barganha com Ele para que ele não fique bravo comigo. O mundo todo
é baseado nisso. Somos todos muito bons nisso. Somos todos muito bons em saber como
manipular outras pessoas para conseguirmos o que queremos.

Como crianças, aprendemos muito rapidamente que se queremos ser alimentados, fazemos uma
algazarra - começamos a chorar. Se queremos que troquem nossas fraldas, choramos, e isso
quase sempre funciona. Nós sabemos que se queremos a atenção de nossos pais, nós sorrimos,
porque os pais adoram bebezinhos que sorriem para eles. Então, nossos pais não se sentirão
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culpados pelo que eles acham que fizeram ao roubar o poder de Deus de criar - porque bebês
são um símbolo do que nos fizemos contra Deus. Nós aprendemos que a maneira de conseguir o
que queremos é fazermos as outras pessoas se sentirem bem. Então, aprendemos muito
rapidamente o que faz outras pessoas se sentirem bem, e damos isso a elas para que possamos
conseguir o que queremos. Isso é especialismo, é triunfar, e isso é tudo o que sabemos. Não
sabemos que existe outra maneira. O ego diz: “Se você não fizer tal e tal coisa, então, não vai
conseguir o que quer. Essa pessoa não vai prestar qualquer atenção em você, ou ela não vai lhe
dar dinheiro a menos que você venda algo. E, se você não consegue o que quer, como vai
existir?”. A única maneira de existir e sobreviver é através do especialismo. E todos nós somos
muito, muito bons nisso. Nós não conhecemos outra maneira. Reconhecer isso nos ajuda a
entender porque isso leva tempo. Nós começamos passo a passo. Eu percebo que poderia ser
realmente feliz em um relacionamento com essa pessoa sem ter que vender minha alma por isso.
Eu não tenho que continuar indulgindo nessas estranhas barganhas do ego.

(Parágrafo 5 - Sentença 2-4) Isso não é conhecimento [em outras palavras, esse tipo de união
não é de Deus ou do Espírito Santo] e a forma de empatia que acarretaria isso é tão deformada
que aprisionaria aquilo que quer liberar.

Nós queremos acreditar que, ao nos unirmos a outras pessoas através do sentimento de pesar
por elas, estamos realmente nos unindo e expressando amor. Existe uma esperança mágica de
que, ao me unir a outro corpo, vou desfazer a tremenda culpa que veio da minha separação. Ao
invés de desfazer o pensamento em minha mente, eu tento desfazê-lo onde ele não está. Acredito
que sendo uma boa pessoa aqui, sendo preocupado, amoroso, gentil e reflexivo, fazendo o bem
no mundo e tornando as pessoas felizes, posso chegar para Deus e dizer: “Não sou uma má
pessoa. Não sou esse pecador. Eu realmente sou uma boa pessoa. Eu sou essa pessoa amorosa;
veja quantas pessoas salvei hoje”.

Nós queremos nos unir através do corpo sem perceber que isso não vai nos liberar da culpa. Ao
invés disso, isso nos aprisiona ainda mais em nossa culpa. A fonte real da culpa na minha mente,
o pensamento de ter me separado do Amor de Deus, continua lá. Nós temos a esperança mágica
de ter cuidado do problema quando não fizemos nada de forma alguma. O problema ainda
continua na mente; nós só o resolvemos aqui. É isso que o Curso quer dizer quando fala, “A
máxima do ego [é] ‘Busca, mas não aches’” (T-16.V.6:9). Nós estamos sempre buscando a
solução para problemas que não existem. E nós pensamos que os resolvemos aqui.

Então, eu o salvo hoje e me sinto maravilhoso. Mas, tenho que fazer a mesma maldita coisa
novamente amanhã. Eu tenho que salvá-lo amanhã, ou salvar outra pessoa amanhã, porque
minha culpa está sempre aqui. Existe sempre aquela necessidade de me unir à miséria de outra
pessoa, para ajudá-la e salvá-la. Essa é a grande tentação das pessoas que fazem Psicoterapia.
Pela própria natureza da Psicoterapia, o terapeuta está lidando com pessoas que têm problemas,
e ele sabe a resposta.

(Parágrafo 5 - Sentenças 4-6) Os não-redimidos não podem redimir, no entanto, têm um


Redentor. Não tentes ensiná-Lo.

Em outras palavras, uma vez que eu acredito que estou separado do amor, como posso ter a
possibilidade de amar? Uma vez que eu acredite que não estou unido ao Amor de Deus dentro de
mim, como posso ter a possibilidade de ser um instrumento de união com qualquer outra pessoa?
À propósito, em edições anteriores, “Ele” não era escrito com letra maiúscula. Isso está dizendo
que nós não deveríamos tentar ensinar o Espírito Santo. Mas é isso o que estamos sempre
fazendo; estamos tentando ensinar ao Espírito Santo como Ele deveria amar, como Ele deveria
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ajudar as pessoas. Essa é toda a idéia insana de rezar para Deus para outras pessoas. A
premissa subjacente é que se nós não dissermos a Deus para ajudar essa pessoa doente, Ele
não vai saber nada sobre ela. Então, nós rezamos para Deus e Ele intercede por essa pessoa que
está doente, ou por esse problema no mundo, ou Ele vai nos ajudar a encontrar a cura para o
câncer, etc.

Em outras palavras, nós temos que ensinar o Espírito Santo como fazer Seu trabalho. É claro,
esse é outro exemplo da arrogância do ego. Nós todos deveríamos nos sentir muito felizes e
gratos pelo Espírito Santo não prestar a mínima atenção ao que dizemos a Ele, porque, se Ele
fizesse isso, seria tão insano quanto nós. O Espírito Santo sabe que a resposta para nossas
orações está em irmos com Ele e para Ele na mente. O problema não é a pessoa que está
morrendo de câncer. O problema é a minha preocupação em relação a essa pessoa que está
morrendo de câncer. Eu não peço ao Espírito Santo para interceder para consertar um corpo. Eu
peço a Ele - o que significa realmente pedir a mim mesmo para me unir ao Espírito Santo - para
consertar a minha mente que pensa que existe um problema.

Uma passagem mais pra frente no texto diz que o milagre nos ensina que não é o corpo que está
doente; é a mente que está doente e pensa que o corpo está doente (T-28.ll.11:6-7). É isso o que
a doença é. Nós não pedimos ao Espírito para fazer algo; nós não temos que ensiná-Lo a prestar
atenção a um mundo que Ele nem mesmo reconhece. Nós temos que nos unir a Ele para que
possamos compartilhar Sua visão e perceber que o problema não está lá fora. Eu não quero me
unir à doença. Eu quero me unir ao amor em minha mente, e esse é o fim da doença.

(Parágrafo 5 - Sentença 6) Tu és o aprendiz, Ele o Professor.

É claro que existe outra coisa que o ego não gosta, porque essa é realmente outra maneira de
dizer que Deus é o Criador, nós somos as criaturas. Nós não gostamos disso, porque não
gostamos de estar no segundo lugar. Então, é exatamente aí que colocamos o Espírito Santo.
Mas, se formos bons estudantes do Curso, não poderemos deixar isso parecer dessa forma,
então, estamos sempre pedindo ao Espírito Santo para fazer algo. Entretanto, estamos sempre
pedindo a Ele para fazer algo sobre uma coisa específica, o que quer dizer que estruturamos o
que é o problema, e então pedimos a Ele para resolvê-lo - e ficamos irritados quando Ele não o
resolve para nós.

Somos nós que temos que aprender que não entendemos coisa alguma. É isso o que esses
parágrafos estão dizendo. Nós não entendemos absolutamente coisa alguma. Nós,
especialmente, não entendemos o que os problemas são, porque pensamos que todos eles têm a
ver com o corpo. Nós pensamos que os problemas têm a ver com as pessoas que não tem um lar,
ou com as pessoas que têm AIDS, ou com as que são viciadas, ou as que fazem a guerra contra
outros países. Nós pensamos que sabemos o que são os problemas. Nada disso é o problema.
Nós pensamos que o problema é o orçamento e a escassez no tesouro americano. Esse não é o
problema. O problema é a escassez que está em nossas mentes. Estamos sempre pedindo ao
Espírito Santo para nos ajudar com os problemas do mundo.

“Tu és o aprendiz, Ele o Professor” significa que não deveríamos presumir saber ou entender o
que tem que ser feito. O que queremos aprender com Ele é a reconhecer onde o problema
realmente está: na mente. Queremos entender que a união não é a de um corpo com outro; a
união é com Ele.

(Parágrafo 5 - Sentença 6-7) Não confundas o teu papel com o Seu, pois isso nunca trará paz a
ninguém.
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Esse também é um tema principal que virá depois, no texto, na seção chamada “O pequeno
jardim” (T-18.VIII). Nós estamos sempre confundindo nosso papel com o Dele. Um benfeitor é
alguém que está usurpando o papel de Deus.

Todos fazem isso - pais, professores, amigos -, todos nós fazemos isso. Todos nós confundimos
nosso papel. Na verdade, esse é um dos importantes temas no panfleto a Psicoterapia, que diz
que existe um erro básico que o terapeuta avançado nunca comete - ele nunca confunde seu
papel com o de Deus. Sentir que nós temos uma resposta que outra pessoa não tem é do que
estamos falando.

Isso não significa no nível da forma. Se eu sou um professor em uma escola, e estou ensinando
crianças como ler e escrever, e a entender as coisas, obviamente tenho um monte de respostas
no nível da forma que elas não têm. Isso não é sobre o que estamos falando. Eu não tenho a
resposta à paz de Deus. Isso não significa que um terapeuta não dá conselhos ao paciente, ou
ajuda uma pessoa com o conhecimento que ele tem e o paciente não. Significa que o terapeuta
não faz tanta diferença em questões maiores. Se eu sei como consertar algo ou tenho alguma
informação que você não tem, significa que eu não permito que a informação ou o conhecimento
que você não tem faça qualquer diferença em termos de nós dois sermos um em Deus. O fato de
que eu tenha uma informação que você não tem não justifica um julgamento contra você, que me
mantém acreditando que nós somos separados porque eu sou melhor.

Quando Jesus diz, “Não confundas o teu papel com o Seu [do Espírito Santo]”, ele quer dizer não
presuma que nós sabemos qual é o problema, e, portanto, que sabemos qual é a solução. Nosso
trabalho não é resolver problemas. Nossa responsabilidade é simplesmente trazer todos os
problemas aparentes a ele. Nossa responsabilidade é simplesmente desfazer nossa crença de
que estamos certos e Deus errado. Esse não é um curso em fazer - é um curso em des-fazer. É
um curso sobre olhar para o sistema de pensamento do ego e dizer, “Eu cometi um erro”. Nessa
linha importante, Jesus pergunta, “Preferes estar certo ou ser feliz?” (T-29.VII.1:10). Todos nós
queremos estar certos, porque é isso que vai provar que estávamos certos no início, quando
escolhemos o ego em vez do Espírito Santo.

Quando sentimos que estamos certos ao entender o problema de uma pessoa, ou um problema
social que precisa de uma solução, então, sabemos que estamos errados. Agora, podemos ter
uma certa idéia sobre o problema, mas, quando temos um investimento pessoal na idéia e nos
identificamos com o pensamento, por exemplo, de que sabemos o que está errado e aquelas
pessoas estúpidas de Washington não sabem, então, percebemos que estamos em separação,
diferença, julgamento e ataque. Nesse ponto, todos estão errados.

Agora, isso não significa que eu sou indiferente aos apuros dos outros, embora isso vá depender
do que eu quero dizer com “indiferença”. Com a indiferença do ego, que é realmente uma forma
sutil de ataque, viro minhas costas para o seu sofrimento. E, se eu sou um estudante do Curso em
Milagres, poderia usar o Curso para justificar isso. Em contraste, a indiferença da qual o Curso
falaria de forma positiva é indiferença a qualquer forma específica de sofrimento, mas não no nível
do conteúdo, porque estou consciente de que o sofrimento no nível da forma não é o problema. O
sofrimento no nível do conteúdo é que você está sofrendo porque acredita que está separado de
Deus. Estou sofrendo do mesmo problema. Atendendo a você no nível da forma e me unindo a
você, o que estou realmente fazendo, se estiver fazendo isso certo, é unindo-me a mim mesmo. A
indiferença do Espírito Santo é indiferença à forma, mas não ao conteúdo. O ego é realmente
indiferente a ambos. Fazer o Curso direito, como vamos ver conforme prosseguirmos, não
significa que viro minhas costas para o sofrimento das pessoas, ou que não faço algo pelos sem-
teto, pelas pessoas com AIDS, pelos viciados, pelos gatos doentes, ou seja pelo que for. Isso não
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significa que viro minhas costas para tudo isso. Significa que posso estar mais plenamente
presente para você, porque sou indiferente à forma do sofrimento. Eu percebo que a forma é
simplesmente uma cobertura para o conteúdo subjacente que todos compartilham. Porque todos
nós compartilhamos o mesmo conteúdo, não existe separação de um grupo em relação a outro.

Atualmente, as pessoas com AIDS tornaram-se santas para muitos grupos da Nova Era, e até
mesmo para pessoas envolvidas com o Curso. Essas são as pessoas, eles dizem, que dão a
todos uma oportunidade maravilhosa de aprender como não somos vítimas, conforme elas
aprendem que não são vítimas. Mas, é como se houvesse algo especial sobre elas. De forma
similar, há muitos anos, quando R. D. Laing fez seu trabalho com esquizofrênicos, isso se tornou
uma tentação para as pessoas pensarem que os esquizofrênicos eram os santos, porque estavam
em contato mais próximo com o que era verdadeiro. Isso é um absurdo! A idéia é você formar
grupos especiais, então, agora, aqueles que têm AIDS são os prediletos das pessoas. O
pensamento parece ser que vamos mesmo avançar espiritualmente porque vamos dar nossas
vidas pelos que têm AIDS. Não há nada de errado com isso, mas e as pessoas que dão uma
topada, ou têm unhas encravadas? Elas também acreditam que são corpos. Se minha mente
estiver curada, fico indiferente às formas que o sofrimento assume, porque percebo o conteúdo
subjacente - só o fato de estar nesse mundo já é sofrimento.

(Parágrafo 5 - Sentenças 8-10) Oferece a tua empatia a Ele, pois é a Sua percepção e a Sua
força que queres compartilhar. E deixa que Ele te ofereça a sua força e a Sua percepção para
serem compartilhadas através de ti.

Nós não queremos a percepção do ego, a percepção da fraqueza, das pessoas com dor e com
problemas; ao invés disso, queremos a percepção do Espírito Santo. Seu Amor e Sua força. Eu
primeiro quero compartilhar minha percepção com Ele, então, me uno a Ele, e, depois,
inevitavelmente e de forma automática, essa união com o Amor e a força do Espírito Santo em
minha mente vai se estender a todas as outras pessoas.

O Curso explica que uma característica fundamental da mente é que seja o que for que esteja
dentro dela precisa ser projetado para fora. Se eu me unir ao ego, me uno com a separação,
pequenez, fraqueza e culpa. Elas precisam ser projetadas para fora, dando lugar a um mundo de
pequenez, fraqueza e culpa. Se eu me unir ao Amor do Espírito Santo ou Jesus em minha mente,
então, o amor vai automaticamente se estender através da minha mente.

A projeção e a extensão são exatamente a mesma dinâmica. A diferença é que a projeção


começa com a culpa e a extensão começa com o amor. Mas o processo é o mesmo. Eu olho para
dentro e o que vejo ali é o que vou experienciar lá fora. Se eu olhar para dentro e vir culpa,
separação e fraqueza, é isso o que vou experienciar lá fora. Se eu olhar para dentro e vir amor,
paz e força de Cristo, é isso o que vou experienciar lá fora.

Parte IX

Comentário sobre a Seção “O acordo de união” " (T-28.III)

Agora, vamos nos voltar para a seção “O acordo de união” (T-28.III). Deixem-me dizer umas
poucas palavras primeiro, antes de começar. As três seções “O acordo de união”, “A união maior”,
e “A alternativa para os sonhos de medo”, no Capítulo 29, seguem-se diretamente à seção
chamada “Revertendo efeito e causa”. O tema básico dessa parte do texto é efeito e causa. Essas
seções, que são focadas em grande parte na doença e no que significa unir-se, e não unir-se, são
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baseadas nesse tratamento e compreensão da causa e efeito. Eu gostaria de começar resumindo


isso um pouco, o que vai facilitar para nós quando entrarmos nessas seções.

Compreender a visão do Curso de efeito e causa é apenas outra forma de entender todo o
sistema de pensamento e porque Jesus repetidamente nos diz o quanto o Curso é simples. Ele é
simples porque vê cada problema como tendo a mesma causa. É por isso que o primeiro princípio
dos milagres, de que não há ordem de dificuldade entre eles (T-1.I.1:1), é tão essencial. Não
existe ordem de dificuldade entre milagres porque cada um é o mesmo.

A causa básica de tudo nesse mundo é a crença em que somos separados. Para afirmar isso
ainda mais claramente: A causa básica de tudo nesse mundo é nossa escolha de nos
identificarmos com o ego ao invés de com o Espírito Santo. Isso significa que a causa, ou o
problema, não é a separação; isso é a crença na separação. Existe uma grande diferença, porque
a própria separação nunca aconteceu de verdade. Então, como ela poderia ser um problema? É a
crença na separação que é o problema. Em outras palavras, tudo dentro do sistema de
pensamento do ego é irreal, e não tem efeitos a menos que escolhamos nos identificar com ele. A
causa é o tomador de decisões escolhendo ouvir a voz do ego ao invés do Espírito Santo. Essa é
a causa básica de tudo. Como já vimos, uma vez que nos identificamos com o sistema de
pensamento do ego, também nos identificamos com seu medo de Deus, o que faz com que nos
defendamos desse medo fazendo um mundo no qual esse sistema de pensamento simplesmente
se desenrola vezes sem conta. Então, a maneira de resolver qualquer problema no mundo não é
tentar resolvê-lo no nível de sua expressão - o nível do corpo ou do mundo - mas simplesmente
trazê-lo de volta à sua fonte, que está na decisão da mente de se identificar com o ego. Essa é a
causa de todos os problemas.

Portanto, quando o Curso fala sobre causa e efeito, está falando sobre a causa como uma crença
na realidade daquela “diminuta e louca idéia”. Essa crença, a causa, então, leva ao efeito do
mundo físico, e de todas as diferentes expressões do sistema de pensamento do ego no mundo
físico. Então, não existe ordem de dificuldade em milagres porque tudo o que o milagre faz é dizer
que o problema não está aqui no corpo, no mundo, ou no que aquela pessoa está fazendo para
mim. O problema é simplesmente que eu fiz a escolha errada. O milagre traz o problema de volta
para onde ele está, na mente.

Para dizer isso de forma mais simples, como vamos ver nessas seções, a causa de todas as
doenças, de toda dor, de cada problema, é a crença na separação. Uma vez que definamos a
causa de forma tão clara, fica óbvio que a solução é nos re-unirmos ao Espírito Santo. Se o
problema é que eu me separei do Espírito Santo para início de conversa, e me voltei para o ego,
então, a solução é simplesmente desfazer o que eu fiz. Eu retorno minha mente ao lugar onde fiz
a escolha. Essa é a parte que a minha mente pode escolher, que é onde o poder da minha mente
repousa. E, então, faço outra escolha. É por isso que Jesus diz que seu Curso é muito simples.
Cada problema surge porque nós soltamos sua mão e nos afastamos de seu amor e do seu
sistema de pensamento, e nos identificamos com o ego. A solução é simplesmente pegar
novamente sua mão.

Nessa seção, vamos ver a idéia que já mencionei brevemente, que são necessárias duas pessoas
para fazerem uma doença. É por isso que, do ponto de vista de Jesus - mas não do mundo -
ninguém aqui está doente. São necessárias duas pessoas para fazerem a doença, assim como
são necessárias duas pessoas para fazerem uma batalha, para travarem uma guerra. O ego
começa com sua crença de que está em guerra contra Deus. Mas, a crença está totalmente
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dentro do seu próprio sistema de pensamento; Deus nem mesmo sabe nada sobre isso. O Espírito
Santo não está em guerra com o ego. É a versão ou a projeção do ego do Espírito Santo que está
em guerra com o ego. Não existe guerra. A coisa foi toda inventada.

Similarmente, se a causa de nossas doenças está em sermos separados de Deus, mas Ele nem
mesmo sabe que estamos separados Dele, então, não estamos separados Dele. Se Deus
soubesse sobre a separação, se Ele realmente chamasse o que nós fizemos de “pecado”, então,
o pecado seria real, e nós realmente teríamos nos separado Dele. O ponto de vista inteiro do
Curso é que, uma vez que Deus são sabe sobre a separação, ela nunca aconteceu, e, portanto,
não há nada a expiar. Essa é uma das definições que Jesus dá para a Expiação. Ele a contrasta
com a visão cristã tradicional, que afirma que Deus realmente sabe que nós nos separados Dele.
Deus realmente sabe que nós pecamos contra Ele, e, portanto, o pecado é real. Nós agora temos
que expiar isso, que é onde vem toda a idéia de que o sofrimento e o sacrifício têm um valor.

Na visão do Curso, Deus não sabe nada sobre a separação. Portanto, toda a coisa foi
simplesmente inventada. A Expiação, então, é simplesmente uma correção do nosso erro -
afastando-nos do Espírito Santo e nos voltando para o ego. Portanto, a Expiação, ou a correção, é
simplesmente voltarmos para o Espírito Santo. O milagre, então, é o meio pelo qual fazemos isso.
Nós agora vamos ver como isso é explicado, conforme revisarmos a seção.

Nós podemos ver, à partir de nossa conversa anterior, que, quando fico aborrecido porque você
está doente, estou tão doente quanto você. Obviamente, se eu estou aborrecido com sua doença,
estou tornando-a muito real. São necessários dois de nós para fazer a doença - você para decidir
que é separado e doente, e eu para decidir e concordar com você. Nesse ponto, estou agindo
apenas como o ego, porque é isso o que o ego faz - ele torna o erro real, ele torna o pecado, a
separação e a doença reais.

Ao invés disso, somos solicitados a pensar como o Espírito Santo, e refletir Sua alternativa na
mente. Isso significa que eu não torno o erro real - em um nível prático, eu não nego que você
esteja manifestando sintomas físicos, mas eu nego que esses sintomas físicos têm um efeito
sobre mim. Se eu me sentir culpado pelo que você fez ou está fazendo, se eu me sentir ansioso
ou deprimido ou zangado em relação a isso, então, obviamente, estou tornando-o real. Nesse
ponto, a cura é impossível. Claramente, se estou tornando sua doença real, estou tornando a
separação, o corpo, o julgamento e as diferenças reais.

A maneira de resolver esse problema é deixar o campo de batalha, como o Curso diz, para elevar-
me acima dele (T-23.IV). Eu deixo o campo de batalha e volto para aquele lugar na mente onde
Jesus está. É isso que o Curso chama de instante santo - quando eu escolho voltar para a mente
com ele, olhar para tudo isso, e então vê-lo de forma diferente. Eu vejo que sua doença ou mágoa
é seu pedido de ajuda, que espelha o mesmo pedido de ajuda que vem de mim.

Vamos começar a olhar agora “O acordo de união” (T-28.III).

(Parágrafo 1 - Sentença 1) Aquilo que aguarda em certeza perfeita, além da salvação, não é
nossa preocupação.

O propósito do Curso não é nos ajudar a chegar ao Céu - não é nos ensinar o que é o amor. O
propósito do Curso é desfazer o que o ego fez.

(Parágrafo 1 - Sentença 2) Pois mal começaste a permitir que os teus primeiros passos incertos
sejam dirigidos para subir a escada que a separação te fez descer.
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Essa é a maneira de Jesus de nos dizer que nós estamos bem no início da jornada. Nós já
estamos mergulhados no texto, no Capítulo 28, e ele está nos dizendo que estamos só
começando. Essa é a mesma idéia que encontramos no livro de exercícios, bem no final, onde ele
diz, “Esse Curso é um início, não um fim” (W-pll.ep.1:1)

Essas sentenças e passagens que estão através de todos os livros são extremamente úteis para
que não fiquem presos à idéia de que, uma vez que tenhamos trabalhado com o Curso durante
três meses, três anos, ou três décadas (o que ainda não aconteceu), já deveríamos estar curados.
Isso não acontece tão rápido. Dentro da ilusão do tempo onde acreditamos estar, nosso
investimento no sistema de pensamento do ego é imenso.

Se nós pararmos para considerar que a culpa na mente é o que tornamos real, que essa culpa
literalmente fez esse mundo, o nutre e sustenta, começamos a ter uma apreciação do apego que
temos com o ego. Nós não queremos deixá-lo ir. Nós preferimos alegremente sofrer toda dor,
desconforto e mágoas que estão envolvidas em estar em um corpo, ao invés de deixá-lo ir e pular
nos Braços do Pai. Isso, para nós, seria um destino ainda pior. Afirmações como essa são úteis
para nos manter humildes.

Jesus está dizendo que a separação, ou o sistema de pensamento do ego, é como uma escada, e
nós descemos todo o caminho do topo até o chão. O degrau de baixo da escada consiste em
acreditar que nossas experiências nesse mundo são muito reais - nossos corpos , nosso sistema
de pensamento, são muito reais, a culpa e o medo são reais. E todos os nossos sentimentos são
justificados - culpa, medo, aborrecimento, etc. É por isso que o Curso é uma ferramenta tão
poderosa. Ele encontra cada um de nós onde estamos, em diferentes níveis da escada -
estejamos nós lá embaixo, ou andando com outros conforme eles estão subindo. E, basicamente,
subir a escada significa reconhecer mais e mais no que o ego está engajado. O que nos permite
tirar nossos pés do chão e subir os primeiros degraus é reconhecer o que é o sistema de
pensamento do ego e o quanto estamos identificados com ele. Não que necessariamente
tenhamos que deixá-lo ir - isso vem depois -, mas nós reconhecemos o que estamos fazendo.
Então, podemos começar a entender, ainda que seja difícil colocar em prática, o que Jesus
realmente quer dizer quando fala que a preocupação em relação a outras pessoas é realmente um
ataque (M-7:4). Obviamente, Jesus não se sente dessa forma. Sentir pesar por meu gato doente,
um dos exemplos nos quais estivemos trabalhando, não parece ser um pensamento de ódio. Mas,
uma vez que entendemos isso no contexto da nossa discussão - que isso torna a separação, a
dor e as diferenças reais - então, podemos entender como isso também é um ataque vicioso.

Então, o início do processo é simplesmente reconhecer o que o ego está fazendo, e começar a
desenvolver um respeito muito saudável por nosso medo do Amor de Deus. Esse medo é tão
enorme que nós alegremente correríamos para o lado do ego todas as vezes, abraçando seus
“amigos” - culpa, dor, aborrecimento, depressão, doença, raiva, etc.

(Parágrafo 1 - Sentenças 4-5) O milagre é a tua única preocupação no presente. É aqui que
elevemos começar.

E, então, o milagre não tem absolutamente nada a ver com Deus ou com a verdade. O milagre é o
desfazer da ilusão. Ele traz nossa atenção de volta do mundo e dos problemas dos nossos
corpos, para a mente, onde o problema está.

Nós reconhecemos de forma crescente conforme trabalhamos com esse material através do
tempo, que não podemos fazer isso sem a ajuda do Espírito Santo. Na verdade, fazer isso sem
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Sua ajuda é o que nos colocou em apuros para início de conversa. O que somos solicitados a
fazer, o que é um ponto ao qual vou voltar muitas vezes, é simplesmente olhar para o
investimento que temos em tornar a doença e o julgamento reais. E somos solicitados a olhar para
isso com Jesus ou o Espírito Santo ao nosso lado, o que quer dizer que nós olhamos sem
julgamento. É isso o que o ego faz. A idéia é olhar sem julgamento, percebendo que, se eu fiz algo
errado, é meu pedido de amor. Se você fez algo errado, é seu pedido de amor. E o que nós
fazemos com pedidos de amor é respondê-los. Nós não batemos na cabeça das pessoas - seja
por um pedido de amor de alguém que é doce e inocente, ou de alguém que é um assassino
vicioso. Não podemos fazer distinções. Um pedido de amor é um pedido de amor, não importando
sua forma.

(Parágrafo 1 - Sentença 5-7) E, tendo começado, o caminho tornar-se-á sereno e simples na


subida para o despertar e o fim do sonho.

“Tendo começado” refere-se a esse processo de dar uma passo atrás e olhar para os egos em
ação, e observar o quanto eles se tornam viciosos e assassinos. E nós estamos apenas no nível
final da escada. O topo da escada é o despertar, o alcance do mundo real, e o despertar do sonho
da morte. Essa é a mesma imagem, à propósito, que você encontra no panfleto A Canção da
Oração, onde a oração é descrita como uma escada (S-1.II.7:1; 8:3;lll.2:1). O topo da escada é a
canção da oração, que é abstrata (ela não tem uma melodia ou notas), e que o Pai canta para o
Filho e o Filho canta para o Pai.

(Parágrafo 1 - Sentenças 7-10) Quando aceitas um milagre, não acrescentas o teu sonho de
medo a outro que já está sendo sonhado. Sem apoio, o sonho apagar-se-á, pois não tem efeitos.
Pois é o teu apoio que o fortalece.

Agora estamos chegando a uma parte importante de toda essa idéia. Estar doente ou sentir dor já
é uma expressão do seu sonho de medo. Ninguém em sua mente certa, ninguém que esteja
ciente do Amor de Deus dentro de si, jamais escolheria estar doente. A doença é um pedido de
ajuda. A doença é como o ego pega a culpa e o conflito em nossas mentes e os projeta no corpo,
e então, agora, o corpo está doente. Nós nos tornamos preocupados com as dores do corpo, seja
o meu corpo ou o seu. Uma vez que eu esteja preocupado com meu corpo e focalizado nele,
estou no mundo. Minha mente não está olhando para onde a culpa realmente está.

A doença é escolher ser separado do Espírito Santo. Eu escolho me identificar com o ego e com a
culpa e o pecado. Então, eu coloco esse pensamento para fora da minha mente, no corpo. Agora,
eu digo, “Não é a minha mente que está doente; na verdade, eu nem mesmo tenho uma mente. É
o meu corpo que está doente, e eu sou uma vítima inocente de algo de fora que entrou e me
invadiu. É isso o que a doença é”. A doença, como tudo o mais, é uma tentativa de negar a
responsabilidade por termos nos separado do Amor de Deus.

Mas o ego não para só em pegar a culpa da minha mente e projetá-la no meu corpo. Ele vai um
passo além e diz, “A razão pela qual estou doente é você”. Então, na doença, o ego nos pega
duas vezes. Ele projeta a culpa no meu corpo, então estou doente e com dores, depois ele
aumenta a culpa ao projetar a responsabilidade da minha doença em você. Como o Curso explica
em algum lugar, sempre que escolhemos sofrer dor ou estar doentes, estamos realmente dizendo
a alguém - esteja essa pessoa fisicamente presente, tenha morrido, ou só não esteja nas
redondezas - “Contempla-me, irmão, em tuas mãos eu morro” (T-27.l.4:10-11). Ficar doente é
minha forma de dizer a você, “Você deveria se sentir culpado pelo que fez”. Se eu conseguir fazê-
lo se sentir culpado - pelo menos é isso o que eu acredito sobre você -, quer você se sinta
culpado ou não, então, eu não sou culpado. O pecado então está em você, não em mim. A
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doença, portanto, é uma maneira louca - mas tudo do ego é louco - de escapar da carga da
nossa culpa, punindo nossos corpos, e, então, tornando alguém responsável por isso. A doença é
uma forma de evitar nosso medo de olhar para dentro. Por trás do medo de olhar para dentro está
a imagem de um Deus irado, vingativo, Que iria nos destruir.

A doença também pode ser compreendida em relação a outro dos ditames do ego: que Deus vai
nos punir. É claro, se Deus vai nos punir, isso quer dizer que seremos destruídos. Então, o ego
basicamente nos faz responder a Deus: “Não me puna. Eu vou cuidar de mim mesmo. Sim, eu O
roubei e sim, eu roubei Seu poder criativo, e sim, eu o escondi no meu corpo - mas veja o que
estou fazendo como meu corpo! Eu o estou punindo. Estou arrasado com dor e sofrimento - tudo
para que Você não tenha que me punir”. A doença, nesse contexto, é uma forma louca, insana, de
mitigar a ira de Deus. Tudo sobre a doença é um reflexo do medo - o medo da ira de Deus e o
medo de olhar para nossa própria culpa. Ela é uma tentativa de evitar o inevitável ao projetar a
culpa para fora de nós, e culpar outra pessoa por ela.

Quando você está doente, eu sei que você já fez a mesma coisa, porque a doença é uma
testemunha disso. Quando eu fico aborrecido por causa da sua doença, estou cometendo o
mesmo erro que você, exceto que estou mudando a forma. Ao invés de ver a mim mesmo como
doente, eu agora estou vendo você como doente. Vendo você doente, mais uma vez, estou vendo
a separação, diferença, julgamento e ataque, tudo como real. Estou vendo você e a mim como
diferentes, e estou vendo o pecado como real, porque sempre que torno a doença do corpo real,
estou dizendo que alguém está sendo punido; e digo isso porque todos nós interpretamos tudo o
que acontece de errado com o corpo como uma expressão da punição de Deus.

É por isso que a história de Adão e Eva é um mito tão poderoso - é uma expressão do ego.
Quando Deus os pega, Ele os pune. Nós experimentamos todo sofrimento e dor, incluindo nossa
morte, como punição de Deus. O princípio psicológico envolvido nisso é que a culpa sempre
requer punição. Se eu sentir culpa pelo meu pecado contra Deus e por minha separação Dele, eu
mereço ser punido. Ainda que eu tenha reprimido totalmente a ira de Deus da minha mente a
ponto de não estar consciente dela, existe uma parte de mim que ainda acredita que qualquer
coisa que aconteça comigo é um ato de Deus. Ele está quites comigo. Se eu tornar sua doença
real, também estou tornando a punição de Deus, e estou reforçando seu sonho de medo. Minha
mente está dizendo à sua: Sim, realmente, estamos certos em estarmos amedrontados, culpados
e pecadores, e em sentir que não há nada que possamos fazer para adiar a inevitável ira e
punição de Deus. Nesse ponto, estou tão doente quanto você. Nós formamos uma aliança contra
o Amor de Deus porque nós dois testemunhamos a ira de Deus ao tornar a doença e a dor reais.

Isso, novamente, é a falsa empatia do ego, a falsa união onde eu me uno a você no sofrimento.
Eu me uno e você dizendo-lhe que o sistema de pensamento do ego é absolutamente correto. Se
eu não concordar com você e não apoiar seu sonho - nós estamos falando sobre um pensamento
na mente, não sobre o que fazemos no nível comportamental -, se eu não me permitir ficar
ansioso, culpado e irritado porque você está doente, se eu estiver certo de que o Amor e a paz de
Deus dentro de mim estão totalmente a salvo, independente do que o seu ego possa fazer, então,
eu estou lhe passando uma clara mensagem de que existe outra forma de olhar para isso. Existe
outro sistema de pensamento presente na mente. Existe algo mais além da culpa, do medo, do
ataque, da separação, da doença, e da dor do ego. E isso é o Amor de Deus. Ao ser amoroso,
pacífico e não concordar com seu sonho, estou lhe passando essa mensagem. É isso o que quer
dizer “Sem apoio, o sonho apagar-se-á, pois não tem efeitos. Pois é o teu apoio que o fortalece”.
Eu não sou responsável por seu sistema de pensamento. Só sou responsável pelo meu. Mas, se
eu estiver tão amedrontado quanto você, então, estou lhe dizendo que seu sistema de
pensamento é correto.
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Parte X

Comentário sobre a Seção "O acordo de união” (T-28.III)

(Parágrafo 2 - Sentenças 1-3) Nenhuma mente é doente enquanto outra mente não concorde que
elas estão separadas. E assim, a decisão que tomam de serem doentes é conjunta.

Obviamente, isso não tem significado para qualquer pessoa que acredite que esse mundo é real.
Isso só tem significado quando nós damos um passo atrás e ficamos acima do campo de batalha,
acima do mundo do corpo, e olhamos para baixo daquele ponto na mente onde o amor e a
verdade de Jesus permanecem conosco. Então, nós podemos perceber que a doença não tem
absolutamente nada a ver com o corpo. A doença é a decisão de ser separado. Como eu estava
dizendo, essas linhas nos ajudam a compreender e apreciar o quanto esse sistema de
pensamento é radical. Toda doença - na verdade, tudo do corpo - é da mente, porque não há
nada no corpo.

A tentação sempre é nos unirmos com a doença da pessoa - nós tentamos fazer a doença, a dor
física ou a dor psicológica irem embora. Isso é tão insano quanto sentar em um cinema assistindo
um filme, quando de repente, algo dá errado no filme, e tudo na tela começa a subir e descer, e
todos correm para ela para tentar resolver o problema na tela. Não existe problema na tela. Não
há nada na tela. O problema está no projetor ou no filme. É lá que precisamos ir para consertar o
que está errado com o que estamos vendo fora de nós. Bem, quando nós corremos para ajudar
uns aos outros, tentando consertar um problema físico, é insano da mesma forma. Seja um
problema do corpo, ou uma resposta emocional, ou algo externo, o que estamos fazendo é tão
insano quando correr para a tela do cinema e tentar consertar o que está errado.

Tudo o que estamos vendo na tela é uma projeção do que está errado no projetor do filme ou no
filme. De forma parecida, o que estamos vendo no corpo doente de alguém é uma imagem ou
projeção do que está errado com o filme da culpa que está sendo transmitido através da mente.
Basicamente, estamos vemos uma decisão errada de nos identificar com o ego ao invés de com o
Espírito Santo. E, entretanto, nós continuamente corremos para a tela para tentar aliviar e
confortar uns aos outros, e consertar o problema aqui. Nós queremos colocar um band-aid sobre a
tela, ou sobre o corpo, ao invés de voltar à fonte do problema, na mente.

(Parágrafo 2 - sentença 3-6) Se não dás o teu acordo e aceitas o papel que desempenhas para
fazer com que a doença seja real, a outra mente não pode projetar a própria culpa sem a tua
ajuda em permitir a ela que se perceba como separada e à parte de ti.

A parte que nós desempenhamos ao tornar a doença real é nos voltarmos para o ego ao invés de
para o Espírito Santo. No momento em que largamos a mão de Jesus e nos unimos ao ego,
ficamos doentes. Tem que ser um ou outro - se nós soltarmos sua mão, pegamos a do ego; se
no's soltamos a mão do ego, pegamos a dele. No momento em que soltamos sua mão, estamos
doentes. Nossos corpos podem não refletir essa escolha imediatamente - todos nós somos
muitos bons em negar todo a angústia que vem da nossa crença de que estamos separados do
Amor de Deus. A doença é nossa crença de que estamos sozinhos e que podemos cuidar das
coisas da nossa maneira.

Isso não significa que, do seu ponto de vista, você ainda não possa projetar a culpa em mim. Mas,
se eu não levar isso a sério, se eu não me deixar afetar ou não deixar que isso me roube o Amor e
a paz de Deus, a projeção vai para absolutamente lugar nenhum. Basicamente, foi isso que Jesus
fez por nós no mundo. Outros projetaram selvagemente sobre ele, mas, uma vez que ele não
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tomou isso como pessoal, não tornou seus ataques aparentes reais. Ele não deixou que o que
eles fizeram afetasse sua realidade e sua lembrança de quem ele era como uma criança de Deus.
Aquilo não teve efeito.

Essa é basicamente a maneira do Curso descrever como o perdão funciona - nós mostramos uns
aos outros que a causa aparente não tem efeito. Quando você me ataca e eu fico zangado, ou fico
magoado, estou dizendo a você, “Seu pecado contra mim é a causa de eu estar aborrecido. E,
vendo o quanto eu estou aborrecido, vendo o quanto você me fez sentir magoado, você deveria se
sentir culpado sobre o que fez”. Em outras palavras, mais uma vez, “Contempla-me, irmão, em
tuas mãos eu morro” (T-27.l.4:10-11).

Minha morte - seja uma morte física real ou a “pequena morte” a qual o Curso se refere como
doença (T-27.I.4:8), ou mesmo apenas um aborrecimento leve - é minha forma de dizer a você,
“Olhe para os efeitos miseráveis do que você fez. Você deveria se sentir apropriadamente
culpado”.

Nós somos solicitados a demonstrar uns aos outros que nossos pecados aparentes uns contra os
outros não tiveram qualquer efeito. Não importa o que você tenha feito, meu amor por você é
imutável. Não importando o que você tenha feito ou deixado de fazer, a paz de Deus dentro de
mim ainda está presente. Você não a tirou de mim.

Nesse ponto, então, não importando o que você tenha feito - tenha você tentado me atacar de
forma consciente ou não - eu mostro a você que isso não teve efeito. Isso significa que sua
projeção vai para lugar nenhum e eu não estou reforçando seu sistema de pensamento. Pelo
contrário - estou mostrando a você que existe outro sistema de pensamento na mente. Ao
escolher o sistema de pensamento para mim mesmo, estou reforçando a parte da sua mente que
pode fazer a mesma escolha. Novamente, Jesus fez isso por todos nós, e ele nos pede
simplesmente para manifestar aquela escolha tanto quanto pudermos, uns para os outros.

(Parágrafo 2 - Sentenças 6-11) assim, o corpo não é percebido como doente por ambas as
mentes, de pontos de vista separados. A união com a mente de um irmão impede a causa da
doença e os efeitos percebidos. A cura é o efeito de mentes que se unem, assim como a doença
vem de mentes que se separam.

Isso basicamente está falando sobre o que acontece dentro da mente individual. A causa da
doença é a percepção, ou a crença, em ser separado. Uma vez que definimos isso como a causa
da doença, então, a cura - o desfazer da doença - tem que ser a união. Se nós começarmos a
entender que a doença vem da separação do Amor de Deus, então, a cura vem da união com o
Amor de Deus.

Invariavelmente, quando eu me separo do Amor de Deus, solto a mão de Jesus, e digo que ele
está perto demais, eu projeto a responsabilidade disso em você. Então, eu não me experimento
como separado de Deus, eu experimento você como tendo tirado o amor de Deus de mim. Agora,
eu não apenas estou separado de Deus, eu também estou separado de você por causa do que
você fez. É aí que está minha atenção, então, é aí que tenho que começar. O perdão diz que você
não fez o que eu pensei que fez para mim. Eu estou doente por causa de uma decisão que tomei,
não por algo que você fez. Em minha mente, aceito que você e eu somos irmãos e irmãs em
Cristo, que não somos separados. Liberando você do cerco - reconheço que você não é a causa
da minha angústia, eu sou - estou lhe dizendo que você e eu não somos mais separados. Tendo
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desfeito a separação que eu coloquei entre você e eu, o que fica é a unicidade e a união que já
estavam lá.

Lembrem-se, nós não nos unimos de forma ativa, porque já somos unidos. Nós removemos a
crença na separação que mantém essa união separada da nossa consciência. Dizendo que você
não é responsável, estou me unindo a você. O que me permite fazer isso é que, em outra parte da
minha mente, eu me uni a Jesus ou ao Espírito Santo - eu não posso me unir a você ou perdoá-lo
sem primeiro me unir a eles.

Novamente, a causa da doença é a separação do Espírito Santo, que toma a expressão da minha
separação de você. O efeito disso é eu ficar doente. Quando a causa é removida pela união, o
efeito é o que chamamos de cura. A maior parte do tempo, o Curso fala sobre cura como um
efeito, o que significa que eu me sinto diferente. Mas a verdadeira cura não é do corpo; a
verdadeira cura é da mente que esteve separada.

(Parágrafo 3 - Sentença 1) O milagre nada faz justamente porque as mentes estão unidas e não
podem se separar.

Isso afirma claramente que o milagre literalmente não faz nada porque nós já somos um. Nós não
temos que unir uns aos outros. Nós não temos que nos unir com outros grupos de pessoas. Nós
não temos que nos unir com o planeta. Nós não temos que fazer nada dessas coisas, porque já
somos unidos. Nós simplesmente aceitamos a união que está lá. O que nos permite aceitar isso é
nos re-unirmos com o Amor de Deus. Quando nos identificamos com esse Amor interior, nós
automaticamente nos lembramos que estamos unidos com todas as outras pessoas. Então, o
milagre simplesmente desfaz os bloqueios que mantêm nossa verdadeira união oculta de nós.

(Parágrafo 3 - Sentença 2-4) Entretanto, no sonho, isso foi revertido e mentes separadas são
vistas como corpos que são separados e não podem unir-se.

Em outras palavras, tudo isso é um sonho. E, é claro, o ego virou tudo do avesso. Nós
começamos nos separando de Deus e do Espírito Santo, e então, pegamos esses pensamentos
de separação, os projetamos no mundo, feito para ser separado, e experimentamos todos os
outros como separados de nós. Os pensamentos separados na mente, que começam com o
pensamento de ser separado de Deus, se tornam “incorporados” em um corpo, e todos os corpos
parecem ser separados.

(Parágrafo 3 - Sentença 4-6) Não permitas que o teu irmão seja doente, pois se ele for, tu o terás
abandonado ao seu próprio sonho por compartilhá-lo com ele.

Isso não significa que eu faço com que você deixe de ser doente fisicamente. Isso quer dizer, ao
invés disso, que eu não deveria permitir que você seja doente na minha mente, ao tornar o erro
real. Se você acreditar que está doente, e eu reagir a você como se estivesse, o que significa que
na minha mente eu permiti que sua doença destruísse meu estado de paz, então, eu me torno tão
doente quanto você. Estou dizendo a você que você está certo.

(Parágrafo 3 - Sentenças 6-7) Ele não viu a causa da doença onde ela está e tu ignoraste a
brecha entre vós, onde a doença foi gerada.

A primeira parte da sentença afirma que se você acredita que está doente, é porque esqueceu
que a causa da doença está na sua mente. Você acredita que está doente por causa de um germe
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ou de algo que aconteceu dentro do seu corpo, esquecendo onde a doença realmente está. A
doença está na brecha.

A segunda parte fala sobre a brecha, que é uma frase importante dessa parte do texto. A pequena
brecha é a brecha que percebemos entre nós e Deus. Essa pequena brecha é a causa da doença,
porque tornamos a brecha real. Nós dissemos que realmente existe uma brecha; existe realmente
uma separação entre Deus e eu. Isso se expressa secundariamente então como uma brecha
entre o Espírito Santo e eu.

Então, eu primeiro tive a “minúscula, louca idéia” de ser separado de Deus. Então, eu me separei
da Voz do Espírito Santo que é a memória do Amor de Deus, dizendo: “Não, não é isso o que
parece. Não é uma memória de amor; é realmente uma memória de ódio e ira, e eu devo me
separar disso”. É a percepção da brecha que eu tornei real. Então, eu projeto esse pensamento no
mundo, eu faço um mundo cheio de brechas, como a brecha entre seu corpo e o meu. É isso o
que os corpos são, eles se separam, e, então, as brechas estão em todos os lugares. Todo o
cosmos é feito de brechas - o espaço vazio entre as estrelas e planetas; as brechas feitas pela
terra e pela água no planeta terra; e, mais importante, as brechas entre nós mesmos. Então, a
doença e os corpos mantêm nossa percepção de que a brecha é real.

Quando eu me identifico com sua doença, estou passando por cima da brecha na minha mente e,
ao invés disso, a vejo no mundo. Estou dizendo que existe uma brecha entre o seu corpo e o meu.
Mas a brecha não está aqui de forma alguma. A brecha não é entre corpos porque não existem
corpos. A brecha está na minha mente. Entretanto, ao invés de olhar para a brecha na minha
mente, eu a vejo entre nós, o que, novamente, é exatamente o que o ego quer que eu veja. O ego
não quer que eu perceba a separação entre mim e Deus como o problema. Ele quer que eu
perceba o problema dentro do meu corpo.

A doença não se origina no corpo. A doença não é o câncer ou o vírus da AIDS que está
devorando meu corpo. A doença originou-se na pequena brecha na minha mente. Mas o ego quer
que eu me afaste dessa brecha tanto quanto possível. Se eu voltar para onde ela está, também
vou ouvir a Voz do Espírito Santo e perceber, finalmente, que essa Voz é minha amiga, não minha
inimiga. O propósito do ego é nos afastar o tanto quanto possível da mente.

(Parágrafo 3 - Sentenças 8-12) Assim, vós estais unidos na doença para preservar a pequena
brecha sem cura, na qual a doença é mantida, cuidadosamente protegida, alimentada e apoiada
por uma forte crença, contanto que Deus não venha fazer uma ponte sobre essa pequena brecha,
ponte essa que conduz a Ele.

Essa sentença expressa sucintamente todo o sistema de pensamento do ego com seu propósito
de manter Deus distante. A pequena brecha entre nós mesmos e Deus que nós percebemos
como tão real já foi desfeita e a ponte foi feita pelo Espírito Santo, a memória do Amor de Deus.
Se nós nos identificamos com esse Amor, nos lembramos dele e, então, a pequena brecha
desaparece. O ego quer manter o desfazer o mais longe possível de nós. É por isso que ele
inventa toda essa história, nos dizendo que Deus está zangado e vingativo, e que não queremos
estar nem perto Dele.

Para repetir, a doença nos ajuda a manter a pequena brecha não curada, porque a doença
mantém nossa atenção no corpo e fora da mente, onde a brecha está. A brecha é percebida entre
dois corpos separados, ou dentro do meu próprio corpo, quando ele não está funcionando direito.
O propósito da doença, como da raiva ou de qualquer coisa no mundo, é nos distrair de onde o
problema realmente está. Nós a escolhemos porque não queremos que Deus venha.
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(Parágrafo 3 - Sentenças 12-14) Não lutes contra a vinda de Deus com ilusões, pois é a vinda de
Deus que queres acima de todas as coisas que parecem cintilar no sonho.

Jesus está dizendo, “Pare de tentar defender o pensamento de que você está certo. Pare de
tentar se convencer de que estou errado e você está certo. Apenas ouça o que estou lhe dizendo
- tudo que você faz nesse mundo é uma ilusão, destinada a manter o Amor de Deus longe de
você. E, entretanto, você quer o Amor de Deus mais do que qualquer outra coisa no mundo. Nada
que cintila ou brilha nesse mundo, nada que o atraia aqui, vale jogar fora o Amor de Deus”.
Quando mais compreendermos isso, que quando estamos irritados o doentes, ou quando
sentimos empatia por pessoas que estão doentes, estamos tomando a decisão de manter o Amor
de Deus longe de nós, menos o fazemos.

Em outras palavras, todo o propósito do Curso é restaurar para nós a idéia de que uma escolha
entre milagres e assassinato, com o texto diz (T-23.IV.5:5-6). Nós temos uma clara escolha entre
ser miseráveis e ser felizes, entre estarmos com Deus em amor, ou estarmos fora do Céu em dor.
O problema é que nós não sabemos que temos uma escolha. A única escolha que acreditamos
ter é matar ou sermos mortos (M-17.7:11). O ego nos permite experienciar apenas uma escolha -
Eu sou morto primeiro, ou você é morto primeiro? Isso termina, é claro, não sendo muito uma
escolha, porque, mesmo que vencermos agora, em algum ponto, meu corpo vai morrer, e Deus
terá a última palavra. Essa é a única escolha que pensamos ter.

O único propósito do milagre é nos devolver a consciência de que temos outra escolha. Não
importa qual seja o problema - eu posso estar doente, aborrecido, irritado, ou posso sentir que
estou ficando crítico, ou posso estar deprimido, ou tornando seus problemas reais, o que eu só
faço porque quero tornar meus problemas reais. Se eu puder ter claro que estou usando meu
problema para manter o amor de Jesus longe, então, não faço mais isso. O Curso coloca uma
ênfase muito forte, como parte de todo o seu processo, no desenvolvimento de um relacionamento
pessoal com Jesus ou com o Espírito Santo. Eu quero ser capaz de dizer a Jesus, sem julgar a
mim mesmo nem a outra pessoa, “Você chegou perto de mais; tenho que empurrá-lo para longe.
E, a forma de empurrar você para longe é ficar doente, irritado, deprimido, cometer erros
estúpidos, deixar as pessoas bravas comigo, jogarem as coisas na minha cara, etc. Eu fiz isso
porque você estava perto demais, e eu estava com medo de ser feliz”. É isso o que desfaz as
sementes da doença, porque a doença é produzida bem aqui, na minha escolha de me separar de
Jesus e escolher o ego ao invés dele. A doença não tem nada a ver com o mundo ou com o
corpo. Ela não tem nada a ver com o seu corpo ou o meu.

Parte XI

Comentário sobre a Seção "O acordo de união” (T-28.III) (cont.)

(Parágrafo 3 - Sentenças 1-2) O fim do sonho é o fim do medo e o amor nunca esteve no mundo
dos sonhos. A brecha é pequena.

Esta é outra clara afirmação de que o amor não está presente nesse mundo de sonhos. O reflexo
do amor está presente nele, mas não o próprio amor, porque o sonho foi feito para excluir o amor.
O mundo foi feito para manter Deus de fora; o corpo foi feito como uma limitação ao amor. Uma
vez que você limita o amor, ele deixa de ser o que é.
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Se “o fim do sonho” é o fim do medo, nós poderíamos dizer que o início do sonho é o início do
medo. Basicamente, o medo vem do sonho do ego, que é o de que nós nos separamos de Deus.
Na realidade, entretanto, “a brecha é pequena”. Na verdade, em outro nível, nós podemos dizer
que a brecha é inexistente, que ela é absolutamente nada. É isso o que o Curso chama de
“pequeno truque do tempo”. Isso é tudo o que ele é - um minúsculo mergulho na eternidade que
não tem efeito algum.

(Parágrafo 4 - Sentenças 2-4) A brecha é pequena. Entretanto, guarda as sementes da


pestilência e de toda forma de enfermidades porque é um desejo de manter à parte e não de unir.

Ainda que “a brecha seja pequena” - ela foi comparada a uma infinitesimal ondulação no oceano,
ou a um raio de sol em relação ao sol (T-18.VIII.3:3-4) - entretanto, dentro dessa pequena brecha
está contido todo o mundo de dor que nós experenciarmos. Isso parece impossível para nós, que
acreditamos estar aqui. Mas nós acreditamos estar aqui para não olharmos para o que essa
pequena brecha realmente é - um minúsculo e insignificante pedaço de nada. E, entretanto, nos
demos a ele o poder de destruir o Céu.

Esse é outro exemplo da arrogância do ego. Nós acreditamos que esse pequeno, ridículo nada
teve o poder de destruir Deus, despedaçar o Céu e, ainda mais, literalmente deixou Deus insano
para que Ele se tornasse uma imagem de nós. Ao invés de sermos a imagem de Deus, Ele se
tornou a imagem de nós - um maníaco maluco que torna o pecado real e quer apenas vingança.
Então, Ele torna a separação, a diferença, o julgamento e o ataque reais. Tudo isso vindo da
“minúscula, louca idéia”, da pequena brecha. Se nós ao menos pudéssemos olhar para isso,
perceberíamos que não há nada lá.

Quando escolhemos não olhar para a brecha, estamos ouvindo o ego. O ego nos aconselha: “Não
olhe para essa pequena brecha, porque ela está cheia com o seu pecado e culpa. Ela contém
dentro de si o alcance da vingança de Deus, diante da qual você deveria estacar, em terror”. Nós
dizemos ao ego, “Sim, eu entendo o que você está dizendo. Você está certo, eu nunca mais vou
olhar para ela. Vou fugir dela tão rápido quanto puder. Vou fazer um mundo, e vou me esconder
lá”. E nós nunca olhamos. Se o fizéssemos, iríamos perceber que não há nada lá.

Então, também podemos dizer que nossos problemas consistem em não olhar para sua causa,
para sua fonte. Se o problema é definido como não olhar, então, a solução é clara - nós olhamos.
Não olhar, para o ego, significa que o ouvimos e viramos as costas para o Espírito Santo.
Entretanto, olhar, para o ego, significa que estamos soltando sua mão e olhando com o Espírito
Santo, Que nos diz, “Olhe para isso - não é nada mais do que um tolo sonho no qual
absolutamente nada aconteceu. E a brecha é muito, muito pequena. Nada está lá”. Quando não
olhamos para a brecha, tornamos o pecado e a culpa reais. Essa é a causa de todos os nossos
problemas e de toda a nossa dor. O mundo todo está contido nessa pequena brecha.

A “vontade” mencionada nessa passagem é o desejo de nos manter separados de Deus,


separados da memória do Amor de Deus, o Espírito Santo. Pelo fato desse ser o desejo que fez o
mundo, nós então queremos nos manter separados de todos aqui. Nós temos a ilusão de
estarmos unidos uns aos outros, mas isso é especialismo - a união para ter nossas necessidades
preenchidas. Esse tipo de união reforça o sistema de pensamento do ego, e, portanto, não é uma
união real de forma alguma.
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(Parágrafo 4 - Sentença 4-5) E desse modo [a pequena brecha] aparenta dar uma causa à
doença, que não é o que a causou.

Pelo fato de termos tornado a brecha e o sistema de pensamento do ego reais, e os termos
projetado no mundo, a causa da doença é vista no corpo, externa à mente. A verdade, entretanto,
é que a causa é retida dentro dessa pequena brecha. Se nós pudéssemos um dia olhar para a
brecha com os olhos abertos, iríamos perceber o que ela é, e deixá-la ir.

(Parágrafo 4 - Sentenças 5-8) O propósito da brecha é toda a causa da doença. Pois ela foi feita
para manter-te separado, em um corpo que vês como se fosse a causa da dor.

O propósito da brecha é o desejo de manter separado e à parte. É isso o que a doença é - a


escolha de nos manter separados e à parte uns dos outros e de Deus. Com essa definição de
doença e de corpo, a definição de cura, então, torna-se clara. Dentro da pequena brecha está todo
o sistema de pensamento do ego. O propósito desse sistema de pensamento é manter a pequena
brecha real - nós estamos separados de Deus, mas nunca vamos olhar para a brecha. Essa é a
idéia chave - nunca vamos olhar para isso. Em vez disso, vamos olhar para o efeito aparente,
esquecendo-nos de que o mundo é um efeito da causa. Dividindo o efeito da causa, permitindo
que o véu da negação caia sobre nossa mente, esquecemos de onde tudo - o mundo, a
separação, a doença - veio. Não sabendo sobre a mente, o que significa que não sabemos sobre
a brecha, tudo o que vemos é o corpo.

Já que esse é o único mundo que conhecemos, buscamos as causas para nossos problemas
aqui. Buscamos a causa da doença, e da dor aqui. Não conhecemos nada mais e, então, não
existe nenhum outro lugar para procurarmos. Portanto, continuamos a olhar aqui, no mundo. Esse
é o propósito da pequena brecha e do sistema de pensamento do ego - proteger a si mesmo e
nos manter separados. O ego protege a separação mantendo-nos separados dela. A separação
está na mente - o ego nos separa dela. Assim como o Amor de Deus não pode fazer nada além
de estender a si mesmo - é amor estendendo-se para o amor, que se estende para o amor, em
uma expressão e extensão contínuas de amor - também o sistema de pensamento do ego,
baseado na separação e na fragmentação, só pode reproduzir a si mesmo. Então, ele separa e
fragmenta, e separa e fragmenta. O ego nos separa de Deus, então, nos separa da separação na
mente, fazendo um corpo que é separado. Então, continuamos buscando coisas separadas fora
de nós para explicar porque nos sentimos tão mal quanto nos sentimos. E isso não tem fim -
continua sempre. A única forma de sair disso é perceber que o problema não está no mundo de
forma alguma, está de volta na mente. É isso o que o milagre faz. Mas parece para nós que o
corpo é a causa de tudo, ao invés da mente.

(Parágrafo 5 - Sentença 1-2) A causa da dor é a separação, não o corpo, que é apenas o seu
efeito.

O que é realmente importante ao trabalharmos com o Curso primeiro é entender os princípios que
estão sendo ensinados, depois podermos aplicar esses princípios todas as vezes em que formos
tentados a tornar a dor real, e fazermos com que a causa da dor seja algo ou alguém externo à
mente, e, então, estarmos conscientes do quanto esquecemos tudo com tanta rapidez.

Com efeito, o propósito do livro de exercícios é manter o processo em andamento. É um programa


de treinamento de um ano, para treinar nossas mentes a começarem a ver que a causa de tudo
está na mente. As lições logo no início do livro começam dessa forma. Essas lições nos ajudam a
perceber que a mente faz tudo o que vemos, que nossos pensamentos são importantes, que o
significado que demos a tudo vem do nosso passado, e que temos o poder de mudar isso. Então,
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começamos a nos sentir transtornados e nossa primeira reação é colocarmos a culpa em algo que
comemos ou bebemos na noite anterior e não deveríamos ter feito, ou em algo que alguém nos
disse. Mas podemos tentar deter a nós mesmos tão rapidamente quanto isso acontece e nos
lembrarmos que não é por isso que estamos transtornados. “Eu nunca estou transtornado pela
razão que imagino”, como ensina o livro de exercícios. Estou transtornado porque soltei a mão de
Jesus. É por isso. Eu estava me sentindo sozinho, e meu ego estava só procurando algo ou
alguém mais para culpar. Eu queria colocar a culpa na comida, na companhia com a qual eu
estava, ou no que essa pessoa fez ou não para mim - algo fora de mim. Então, tornei a doença
real e depois procurei a causa fora de mim. Então, obviamente, o que eu queria fazer era levar a
outra pessoa a concordar comigo.

Portanto, começamos a reconhecer que essa é a falsa empatia que o ego forja.

(Parágrafo 5 - Sentenças 2-7) No entanto, a separação não passa de um espaço vazio, que na
engloba, que nada faz, tão sem substância quanto o vazio entre as ondas que um navio faz ao
passar. E é preenchido com a mesma rapidez com que a água corre para fechar a brecha e as
ondas se juntam para cobri-la. Onde está a brecha entre as ondas depois que elas se unem e
cobrem o espaço que parecia mantê-las separadas por um breve momento?

Essa imagem é a de um navio movendo-se através da água, fazendo uma brecha conforme
passa. Tão rapidamente quanto a brecha é feita, as ondas correm para fechá-la, então, em
poucos segundos, não existe mais qualquer brecha. Essa é basicamente a explicação do Curso
para o que aconteceu na separação. Quando nós parecemos adormecer e ter a “diminuta e louca
idéia” contida nessa pequena brecha - de que nós nos separamos de Deus - simultaneamente, a
memória do Amor de Deus em nossas mentes que carregamos conosco para o sonho fechou a
brecha. Se nós nos identificamos com essa memória do Amor de Deus, então, a brecha é
fechada. Ela está me dizendo que existe a separação entre Deus e eu, mas, através desta
memória, a brecha é fechada. Ela estava fechada no mesmo instante em que pareceu acontecer.
Lembrem-se, “nenhuma nota na canção do Céu foi perdida” (T-26.V.5:4). Parecia haver uma
brecha, mas, tão rapidamente quanto pareceu surgir, também foi desfeita. Tão rapidamente
quando o diminuto tique-taque pareceu acontecer, também foi apagado. O problema é que nós
ainda acreditamos estar aqui, e vivemos como se a brecha fosse real, e fôssemos realmente
separados.

A verdade é que o erro já foi desfeito pela presença do Espírito Santo na mente. O problema é
que nós nos afastamos Dele. Da mesma forma que nós acreditamos ter nos afastado de Deus no
início, nós agora acreditamos que podemos nos afastar do Espírito Santo. O propósito do Curso é
nos levar de volta a Ele. Quando voltarmos para o Espírito Santo e nos identificamos com Ele,
aceitaremos o fato de que o sonho já acabou. É isso o que o Curso quer dizendo quando fala que
o roteiro já foi escrito e que a jornada já terminou. Nós só pensamos que ainda estamos nele.
Todo o erro já foi desfeito. E, portanto, assim como a brecha na água quando o navio passa é um
espaço vazio que não contém nada, assim também é esse pensamento. O ego nunca aconteceu.

(Parágrafo 5 - Sentenças 8-11) Onde estão as justificativas para a doença quando as mentes se
uniram para fechar a pequena brecha entre elas, onde as sementes da doença aparentemente
cresciam?

A união original é entre nós e o Espírito Santo, o que é refletida por nossa união uns com os
outros. Conforme continuamos a não culpar os outros por nossas angústias, iniciamos o processo
de aceitar nossa unicidade com os outros, o que é o reflexo de aceitarmos em nossas mentes
nossa unicidade com o Espírito Santo.
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Em princípio, isso acontece em um instante. Na nossa experiência dentro do sonho, isso leva
muito tempo, muito trabalho duro e muita prática. Nós podemos ver o quanto nossa resistência é
forte simplesmente ao reconhecermos com que rapidez atribuímos nossa doença, desconforto,
dor ou aborrecimento a outra coisa que não a nossa própria escolha. Estou transtornado “por
causa de...”. Mas nunca digo que estou transtornado porque tenho medo do Amor de Deus e me
separei dele. Fiquei com medo de que o Espírito Santo ou Jesus estivessem chegando perto
demais e me separei Deles. Fiquei com medo do quanto estava me sentindo feliz e livre do
passado, e, portanto, tive que inventar um problema.

Uma forma de medir o progresso de alguém no Curso - e digo isso sem muita seriedade porque é
sempre um perigo tentarmos medir nosso progresso - é com que rapidez podemos nos lembrar
da causa real da nossa angústia. Com o tempo, nosso tempo de reação - o tempo entre o
momento em que ficamos transtornados e o que nos lembramos porque isso aconteceu - vai
ficando cada vez mais curto. E, então, paramos de culpar algo ou alguém mais e dizemos, “Estou
transtornado porque fiquei com medo do amor”.

O perigo nisso é que, se eu julgar a mim mesmo por estar com medo do amor, então, mais uma
vez, terei me separado do amor. Se o amor de Jesus olhar comigo para o meu medo dele, será
sem julgamento. Eu simplesmente vou dizer, “Eu fiquei com medo do seu amor, então, soltei sua
mão e culpei aquele pessoa, e fiquei zangado ou doente”. Se eu puder fazer isso dessa forma,
então, estarei olhando com Jesus. Mas, se eu me depreciar porque sou tão estúpido, por ter
esquecido, estou fazendo tudo de novo, etc., então, caí de novo na mesma armadilha do ego.

Parte XII

Comentário sobre a Seção “O acordo de união” (T-28.III) (Concl.)

(Parágrafo 6 - Sentença 1) Deus constrói a ponte, mas só no espaço deixado limpo e vago pelo
milagre.

A “ponte que Deus constrói”, que o Curso define em algum lugar como o passo final de Deus (T-
7.I), refere-se ao momento em que estivermos totalmente despertos do sonho e percebermos que
nunca deixamos o lar. Mas Deus só pode fazer isso se nós primeiro deixarmos esse espaço vago,
o que quer dizer que temos que olhar para o vazio da pequena brecha. O ego a preenche
tornando-a real, preenchendo-a com pensamentos de pecado, culpa, medo, ataque, vingança,
defesa, doença, dor, e morte, etc. É claro que, uma vez que o ego a tenha preenchido, isso nos
diz: “Nunca olhe para lá. Vamos transferir todos os conteúdos, todos os pensamentos que estão
nessa pequena brecha, para o mundo lá fora, e vamos lidar com isso lá”. O milagre nos restaura
àquele lugar de observação na mente, onde está o tomador de decisões. Dali, podemos nos voltar
para o Espírito Santo ou para Jesus, olhar para a pequena brecha e dizer, “À propósito, vocês
estavam certos, não há nada lá. Eu fiz a coisa toda”. Então, o milagre nos devolve à mente, que é
tudo o que o Curso está tentando nos ensinar a fazer. É por isso que é chamado de Um Curso em
Milagres, não um curso em amor, ou um curso em Céu. Nossa parte é voltar ao lugar na mente
onde podemos nos re-unir ao Amor de Deus do qual acreditamos estar separados. De lá, olhamos
para dentro da pequena brecha - aquilo a que o Curso se refere em algum ponto como “túmulos
amortalhados” (T-31 .V.6:7), ou “túmulos escuros” (T-28.V.7:9) em nossas mentes. Nós olhamos ali
dentro, não vemos nada lá, e estamos prontos. E,então, “O próprio Deus dará o último passo” (T-
19.IV.3:10).
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(Parágrafo 6 - Sentenças 2-4) As sementes da doença e a vergonha da culpa Ele não pode fazer
passar por Sua ponte, pois Ele não pode destruir a vontade alheia que não criou.

Enquanto usarmos mal o poder de nossas mentes para acreditar que essa pequena brecha
contém toda nossa vergonha, culpa e medo, não há nada que Ele possa fazer sobre isso. O Curso
fala sobre Deus dessa forma, mas, na realidade, é claro, Ele não faz nada. Uma seção anterior
que lida especificamente com o último passo diz que Deus não dá passos. “Dar passos” é só uma
metáfora. Significa que, uma vez que a mente tenha escolhido se identificar com o ego, não existe
forma do Amor de Deus ser aceito. Não é que o Amor de Deus não esteja presente. Nós
simplesmente viramos nossas costas para ele. E, então, o amor simplesmente espera até que nos
voltemos para ele. “As sementes da doença e a vergonha da culpa" agem de acordo com seu
propósito original como uma defesa contra o Amor de Deus - como um véu que colocamos sobre
a luz do amor, que brilha em nossas mentes. A luz ainda está lá, mas um fino véu a cobre, e não a
vemos.

Muitos de vocês provavelmente já me ouviram contar a história de Helen que estava muito brava
com Jesus uma tarde, e o estava acusando de não ajudá-la. Ela estava furiosa porque ele tinha
prometido ajudá-la - sua experiência era a de que ele não a tinha ajudado, e ela estava se
sentindo muito transtornada. Ela ficou falando bastante comigo do quanto estava brava com ele, e
eu finalmente disse a ela, “Por que você não pergunta para ele? Por que não pergunta a Jesus por
que ele não a ajudou mais?”. Então, ela fez isso. A resposta que ela ouviu certamente não era a
que esperava, nem era a réplica que ela poderia esperar. Jesus disse a ela, “Eu não posso ajudá-
la mais porque você tem tanta vergonha de mim”. E, então, ela simplesmente explodiu em
lágrimas.

É a mesma idéia aqui. Nossa vergonha, que é realmente uma expressão da nossa culpa, mantém
o amor longe de nós. Não que o amor não esteja aqui, mas nossa culpa mantém seu amor e sua
presença longe da nossa consciência. Nós precisamos de um caminho, ou um processo que nos
ajude a remover a culpa, que é o que o Curso nos provê, através do perdão.

(Parágrafo 6 - Sentenças 3-5) Deixa que os seus efeitos desapareçam e não te agarres a eles
com mãos ansiosas para guardá-los para ti mesmo.

É isso o que fazemos. Em outra parte, o Curso explica como nós nos agarramos à nossa culpa. O
primeiro obstáculo para a paz inclui a atração da culpa [T-19.IV-Ai]. O panfleto Psicoterapia faia
sobre como abraçamos nossa culpa (P-2.VI.1:3). A culpa é o pensamento mais apreciado do ego,
porque ela mantém o pensamento da separação vivo. A culpa vem do pecado, e, se o pecado é
real, isso significa que nós nos separamos de Deus. Nós agarramos nossa culpa, nossa doença e
nossa dor, porque elas mantêm o Amor de Deus longe de nós. E esse é o propósito do ego.

(Parágrafo 6 - Sentenças 6-9) O milagre os varrerá todos e assim abrirá espaço para Ele, Que
tem Vontade de vir e fazer uma ponte para que o Seu Filho retorne a Ele Mesmo.

Isso, novamente, é o último passo de Deus. O propósito do Curso, o propósito do milagre, é


preparar para a “vinda de Deus”. Basicamente, o milagre remove todas as interferências à
consciência da presença do amor dentro de nós.

(Parágrafo 7 - Sentença 1-2) Conta, então, os milagres de prata e os sonhos dourados de


felicidade como todo o tesouro que queres guardar dentro do armazém do mundo.
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O milagre e os sonhos de felicidade ainda são uma ilusão. Eles ainda são parte da mente
separada. Mas eles são sonhos felizes que desfazem os pesadelos. Quando os sonhos felizes do
milagre e do perdão substituem todos os pesadelos, então, todos os sonhos desaparecem. E,
então, a pequena brecha se foi. Tudo o que resta é o Amor de Deus que já estava lá.

O Curso fala sobre o perdão como uma “ficção feliz” (ET-3.2:1) - a última ilusão. É uma ilusão
porque ele perdoa o que nunca aconteceu. O milagre corrige o que nunca aconteceu. Jesus está
pedindo, dentro da mente dividida, para deixarmos os milagres prateados e os sonhos dourados
da felicidade tomarem o lugar de todas as dádivas do ego.

Em uma passagem maravilhosa em As Dádivas do Reino (p. 118), Jesus nos pede para dar a ele
todas as dádivas do medo que o mundo vem mantendo, e, em troca, ele vai nos dar suas dádivas,
as dádivas do amor, que vão nos ajudar a reconhecer que nada que esse mundo nos ofereceu
jamais foi o que quisemos. A passagem é como segue:

A porta está aberta [aqui, a metáfora é um armazém, como uma sala dentro da mente onde estão
todas essas dádivas], não para ladrões [uma referência a algumas passagens bíblicas], mas para
teus irmãos famintos, que tomaram por ouro o brilho de um seixo, e que armazenaram um floco de
neve que brilhava como prata. Eles não deixaram nada atrás da porta aberta.

Nossos irmãos famintos são realmente parte de nós. E o que é realmente um seixo brilhante que
tomamos por ouro - as dádivas do ego são seixos absolutamente sem valor. Mas o ego os faz
brilhar de forma tão polida e cintilante que nós ansiamos por elas. E, então, nós as conseguimos,
e elas não valem absolutamente nada. De forma similar, na seção anterior sobre os dois retratos
(T-17.IV), o Curso fala da pintura de morte do ego, que ele pega e coloca em uma moldura
lindamente ornamentada que parece brilhar com todo tipo de jóias, incluindo diamantes e rubis,
que parecem tão importantes para nós. Apenas quando chegamos perto da dádiva do ego e
olhamos para o que ela é - olhar para o relacionamento especial pelo que ele é -, nós
percebemos que os diamantes são lágrimas, e os rubis são gotas de sangue. E não é ouro
brilhando, mas apenas pedaços de pedra sem valor. Mas isso é exatamente o que fazemos. Nós
buscamos todas as coisas sem valor que o mundo nos oferece - os prazeres que duram apenas
um curto período de tempo. Em troca, jogamos fora o prazer real que vem de realmente
conhecermos o Amor de Deus. O que é necessário não é que conheçamos o Amor de Deus, mas
que pelo menos reconheçamos o que nós escolhemos em seu lugar, e digamos, “Isso realmente
não é mais o que eu quero”.

Nossos irmãos famintos são aquelas pessoas, incluindo a nós mesmos, que estão famintas pelo
Amor de Deus, mas que acreditam que nunca vão consegui-lo. O que elas guardaram no
armazém é neve que só derrete e desaparece. Parecia tão linda e maravilhosa, mas, na realidade,
desapareceu tão rapidamente quanto a conseguiram. Então, não sobrou nada.

Essa basicamente é a sina de todos nesse mundo. Nós sofremos e lutamos, tentamos dar um
sentido às nossas vidas, mas, no final, morremos. Vocês se lembram da famosa afirmação, você
não pode levar nada disso com você? Todos os tesouros, o senso de realização e o orgulho são
tentativas vãs de nos mantermos jovens, atraentes, lindos e vistosos. Eles vão desaparecer
porque, no final, vamos morrer, e não vai restar nada. Toda a coisa é absolutamente fútil. Mas o
ego nunca nos deixa olhar para isso enquanto prosseguimos. Então, o significado da passagem é
que todas as dádivas que nós acumulamos não são realmente nada.

(Parágrafo 7 - Sentenças 7-12) O que é o mundo senão uma pequena brecha que é percebida
com o fim de rasgar a eternidade e fragmentá-la em dias, meses e anos? E o que és tu que vives
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dentro do mundo, senão um retrato do Filho de Deus partido em pedaços, cada um escondido
dentro de uma porção separada e incerta feita de barro? [Que é o corpo].

O mundo não é nada além da projeção dessa pequena brecha, essa diminuta e louca idéia. A
brecha foi transformada em um cosmos imenso, no qual existe um mundo de separação e tempo,
um mundo de dias, meses e anos. O mundo não é nada mais do que uma projeção daquele
pensamento. E nós que acreditamos viver nesse mundo não somos nada além de um Filho de
Deus que foi partido e destruído. E nós acreditamos que nossa identidade - o que Deus criou - é
este partido, destruído, pedaço de barro. Em outra parte, o Curso se refere ao corpo como uma
paródia (T-24.VII.1:10) ou um travesti (T-24.VII.10:8) do Ser que Deus criou.

(Parágrafo 8 - sentença 1-2) Não temas, minha criança, mas deixa que o teu mundo seja
gentilmente iluminado por milagres.

A primeira parte dessa linha, é claro, é da bíblia, e é repetida ali com freqüência, assim como no
Curso. Jesus está constantemente nos dizendo para não termos medo, porque todo o sistema de
pensamento do ego é feito sobre o medo. Eu tenho medo do amor, tenho medo de Deus, tenho
medo de Quem eu sou como Cristo. E, então, ele está nos dizendo para não termos medo. Ao
invés de tentarmos continuamente empilhar todos os pseudo-tesouros na mente, o que queremos
são os milagres prateados.

(Parágrafo 8 - Sentença 2-3) E onde a pequena brecha foi vista, entre tu e o teu irmão, lá une-te a
ele.

Onde eu vi você como separado de mim, fazendo uma barreira da sua doença ou da minha, ou
dos meus pensamentos doentios de raiva, eu agora posso me unir a você. Unir-me com você
significa simplesmente aceitar a unicidade que já está lá.

(Parágrafo 8 - Sentenças 3-4) E assim a doença agora será vista sem causa alguma.

A causa da doença era o fato de estar separado. Se eu não mais estiver separado de você, não
vou mais me experimentar como separado do Espírito Santo, então, a causa da doença se foi. Eu
percebo que a doença é um efeito cuja causa desapareceu, o que significa que o efeito também
precisa desaparecer.

(Parágrafo 8 - Sentenças 4-8) O sonho da cura está no perdão e gentilmente te mostra que nunca
pecaste. O milagre não deixará nenhuma prova de culpa capaz de te trazer o testemunho daquilo
que nunca foi. E no teu armazém ele [o milagre] abrirá um espaço de boas-vindas para o teu Pai e
para o teu Ser.

O propósito da escolha do ego pela doença é nos dar provas daquilo que “nunca foi”, dizendo-nos
que ele realmente existe. O que nunca foi é a pequena brecha ou pensamento da separação, do
qual a doença é testemunha. O milagre nos mostra que tudo isso é simplesmente um pensamento
tolo.

O milagre desfaz todo o lixo do ego que está na mente, deixando a mente limpa. O que sobra para
tomar seu lugar é o Amor de Deus.

(Parágrafo 8 - Sentenças 8-12) A porta está aberta para que todos aqueles que não querem mais
morrer de fome possam vir e usufruir da festa da abundância posta diante deles ali. E encontrar-
se-ão com os teus Hóspedes, que o milagre convidou para que viessem a ti.
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A “festa da abundância”, é claro, é a festa dos milagres, ou a experiência do Amor de Deus nesse
mundo.

Escolhendo não tornar a doença real, e não deixando minha paz interior e o Amor de Deus ser
afetado por suas escolhas e por sua dor, estou lembrando a mim mesmo que a luz de Cristo brilha
em mim, e, portanto, vejo a luz de Cristo brilhando em você. É por isso que “Hóspedes” está com
letra maiúscula - isso se refere ao Cristo dentro de cada um de nós, assim como a Deus.
Identificar-me com e unir-me ao amor de Jesus em minha mente, me capacita a ver o mesmo
amor em todos. Conforme eu for tentado a tornar sua doença e seu ataque reais, seja o seu
ataque a si mesmo ou a mim, posso perceber que é seu pedido de ajuda que espelha meu pedido
de ajuda. Então, o milagre coloca de lado todos os pensamentos do ego e torna possível que eu
aceite quem realmente sou.

(Parágrafo 9 - Sentenças 1-2) Essa é uma festa que, de fato, é diferente daquelas que o sonho do
mundo tem mostrado.

“A atração da culpa”, sub-seção de “Os obstáculos à paz” [T-19.IV-A.i] fala sobre a festa de uma
forma totalmente diferente. Ela fala sobre os cães raivosos e famintos do medo em nossas mentes
que o ego envia para se deleitarem sobre todos os pecados que eles podem ver no mundo. É
sobre isso que o ego em nós festeja: doença, dor, pecado e julgamento. Mal podemos esperar
para cravar nossos dentes em alguém que tenha cometido um erro. Mesmo que você não tenha
cometido um erro, eu ainda acredito nisso, porque quero ver o pecado em você ao invés de em
mim.

Mas, existe outra festa descrita nessa sub-seção: a festa da comunhão, onde Jesus diz que ele
está esperando por nós, como sempre prometeu. E esta torna-se acessível para nós quando
deixamos de fora nosso investimento em provar que eles estão errados e nós estamos certos.

(Parágrafo 9 - Sentenças 2-4) Pois aqui, quanto mais cada um recebe, mais fica para todos os
outros compartilharem. Os Hóspedes trouxeram com Eles um suprimento ilimitado.

No mundo, quanto mais você tem, menos eu tenho. Na realidade, quanto mais amor posso aceitar
em você, mais amor existe em mim.

Dentro de cada um de nossos irmãos e irmãs está o Cristo - o Hóspede, junto com Deus. Vendo a
luz de Cristo brilhando em você, eu me lembro de que a mesma luz de Cristo brilha em mim.

(Parágrafo 9 - Sentenças 4-5) E ninguém é privado de nada nem é capaz de privar.

O sonho do ego começa com o pensamento da escassez - existe algo faltando em mim - o que
automaticamente leva a um pensamento de privação. Está faltando em mim porque alguém me
tirou isso. Logo no início, o único personagem no palco era Deus. Então, foi Deus Quem tirou isso
de mim. E, então, o roubei Dele e me acusei por tirá-lo Dele - é isso o que o pecado é. Outra
forma de entender o sonho do ego é que é um sonho de privação. Quem vai privar quem
primeiro? Quem vai matar quem primeiro? Esse pensamento, então, é transferido para o mundo.

(Parágrafo 9 - Sentenças 4-8) Aqui está uma festa que o Pai coloca diante do Seu Filho e
compartilha com ele igualmente. E no Seu compartilhar não pode existir nenhuma brecha à qual
falte a abundância ou na qual ela se reduza.
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Em outras palavras, ninguém perde aqui. Apesar de qualquer coisa que os olhos do corpo tornem
real - as pessoas sem teto, sem ter o que comer, perdendo sua saúde, etc. - a abundância de
Cristo ainda repousa dentro de cada pessoa. Nós somos rápidos em imitar o ego e tornar a
doença, a pobreza, a privação reais, porque queremos ver a escassez como real e fora de nós. Se
você está doente, empobrecido, sem lar, isso prova que Deus descobriu quem O roubou. Não fui
eu, foi você. Você está sofrendo tanto e tendo tantos problemas porque Deus o está punindo.
Esse foi basicamente o ensinamento de John Calvin. Ele ensinou que você sabe que é um
membro dos eleitos de Deus se for próspero, feliz e saudável. Você sabe que Deus o amaldiçoou
e o está punindo porque você não é próspero, e, ao contrário disso, é pobre, miserável e doente.
Meu investimento obviamente é fazer todos os outros sofrerem para que tudo esteja bem comigo.
É isso o que prova que Deus pegou um pecador, e não sou eu!

Vou ler essa passagem outra vez:

Parágrafo 9 - sentenças 7-11) E no Seu compartilhar não pode existir nenhuma brecha à qual
falte a abundância ou na qual ela se reduza. Aqui não entram os anos magros, pois o tempo não
afeta essa festa que não tem fim. Pois o Amor pôs a sua mesa no espaço que parecia manter os
teus Hóspedes à parte de ti.

Uma vez que tenhamos nos unidos no instante santo, o tempo não tem efeitos sobre nós. Mais
uma vez, voltamos ao lugar em nossas mentes onde Jesus está, e nos unimos a ele, e não
sentimos mais que estamos sozinhos, nada que o mundo faz pode ter qualquer efeito sobre nós.
“É uma piada pensar que o tempo pode vir a lograr a eternidade” (T-27.VIII.6:8-9). É uma piada
pensar que o tempo ou qualquer coisa dentro do mundo do tempo pode ter qualquer efeito sobre o
amor que sinto por Jesus e o amor que ele sente por mim. Se o mundo do tempo não pode ter
efeitos sobre esse amor, ele não pode ter efeitos sobre o amor que sinto por todas as outras
pessoas. Dentro dessa pequena brecha, o Amor [o Espírito Santo] colocou sua mesa. E o milagre
traz a mente de volta a essa brecha, lembrando-nos de que agora podemos olhar para dentro
dessa tumba escura e não ver todos os pecados, o ódio, a corrupção e feiúra do ego. Ao invés
disso, podemos olhar para dentro e ver o Amor de Deus que sempre esteve esperando por nós.

Parte XIII

Comentário sobre a Seção "A união maior” (T-28.IV)

Vamos voltar agora para a seção chamada “A união maio”. A “União maior” é nossa união com o
Espírito Santo, o que reflete nossa união com Deus. Como sabemos, não é uma união no sentido
de nós fazermos alguma coisa. É uma aceitação da união ou da unicidade que já está lá. A seção
começa com idéias com as quais estamos familiarizados.

(Parágrafo 1 - Sentença 1) Aceitar a Expiação para ti mesmo...

isso, para nos certificarmos, é a responsabilidade principal de todos nós. Esse é um dos temas
recorrentes no Curso: Nossa única responsabilidade é aceitar a Expiação para nós mesmos.

Deixem-me falar mais um pouco sobre isso, porque isso é crucial para a compreensão do que
fazer na presença do sofrimento e da dor no mundo. O mundo diz que nossa responsabilidade,
nossa função, é aliviar a dor aqui - em nossos próprios corpos e nos corpos dos outros. As
pessoas no mundo que chamamos de santos, ou que queremos emular,ou prestargrandes
honras, são aquelas que ajudam outras pessoas. Basicamente, o que tornou a madre Theresa o
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que ela é, não é o trabalho que ela faz - é sua devoção e dedicação à uma unidade com o amor
de Jesus. É isso que a torna única. Não é o trabalho que ela está fazendo que é simplesmente
uma extensão do amor dentro dela. Mas no mundo, nós geralmente olhamos para o que as
pessoas fazem - quantas milhares de pessoas elas alimentam; de quantas passeatas participam;
quantos milhões de dólares dão para caridade -, todo o trabalho feito em nome de aliviar a dor e o
sofrimento no mundo.

Nossa única responsabilidade de acordo com o Curso, aceitar a Expiação para nós mesmos, não
tem nada a ver com aliviar a dor - ela ultrapassa tudo isso, porque o mundo não é nada além de
uma cortina de fumaça. Nossa única responsabilidade é simplesmente nos afastarmos do ego e
voltarmos para o Espírito Santo. Segurar a mão de Jesus representa aceitar a Expiação. O
princípio da Expiação afirma que a separação nunca aconteceu - nós não estamos separados de
Deus, não estamos separados do Espírito Santo, nem uns dos outros. Corpos são irrelevantes
para essa união ou unicidade. Nossa única responsabilidade é mover nossa atenção para fora do
mundo onde o ego a colocou, e colocá-la de volta na mente, onde podemos nos re-unir ao Espírito
Santo, de Quem nos separamos. Isso é a aceitação da Expiação. Quando fazemos isso de forma
total e perfeita, a Expiação é completa. E isso é atingir o mundo real.

O que todos nós tendemos a fazer, como sabemos, é ir pra frente e pra trás. Mas, novamente,
minha única responsabilidade é aceitar a Expiação para mim mesmo, o que significa ter minha
mente curada. “Não busques mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo” (T-
21.in.1:6-7). O problema não é o que eu percebo do lado de fora, o problema é o fato de eu
perceber isso de uma forma em particular. O problema não é o que eu acredito que está lá fora,
mas o que eu tornei real na minha mente. Então, reconhecer que o problema está na minha mente
é o que é a aceitação da Expiação.

(Parágrafo 1 - Sentença 1) Aceitar a Expiação para ti mesmo significa não dar apoio ao sonho de
doença e morte de ninguém.

Quando Jesus diz para não darmos apoio a isso, ele não está falando sobre expressão no nível do
comportamento. Depois, vamos falar mais especificamente sobre o que devemos fazer na
presença de expressões de dor e de sofrimento. Ele está falando sobre, dentro de nossas mentes,
não apoiarmos os sonhos de doença ou morte de outra pessoa, tornando-os reais. Em um nível
muito prático, não torná-lo real, como venho dizendo, significa que não dou ao que você estiver
fazendo, ou escolhendo, ou como seu corpo parecer para mim, o poder de tirar minha paz e meu
amor. O amor e a paz de Deus na minha mente não são afetados por todas as escolhas que você
faz, pela aparência que seu corpo tenha.

É isso o que quer dizer não dar apoio aos sonhos de doença e de morte de alguém. Eu não dou a
isso o poder ou a realidade de me afetar de qualquer forma. Se o meu amor e a minha paz podem
ser afetados por você, estou dizendo que um pensamento de separação realmente tem poder
sobre o amor. E, então, estou reforçando e refletindo de volta a afirmação original do ego de que
seus pensamentos têm poder sobre o Amor de Deus, e que a unidade de Cristo pode ser
despedaçada por essa diminuta e louca idéia. Sua escolha de ser doente, então, é uma expressão
da diminuta e louca idéia. E o fato de eu deixar sua escolha afetar meu senso de unidade com
você, e o amor e a paz dentro de mim, está dizendo que aquela diminuta e louca idéia tem um
efeito. Eu estou simplesmente reencenando a separação original.

(Parágrafo 1 - Sentenças 2-4) Significa que não compartilhas o seu desejo de separar-se e
permitir que ele dirija ilusões contra si mesmo.
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Em outras palavras, você é perfeitamente livre para escolher se identificar com o ego, mas eu não
tenho que me unir a você com essa escolha. Se eu o fizer, me torno tão doente quanto você. Se
não o fizer, então, nesse instante, eu me torno a mesma manifestação do Espírito Santo que
Jesus se tornou, porque eu represento para você a outra escolha. No momento em que estou no
instante santo, estamos todos curados.

(Parágrafo 1 - Sentença 4-5) Tu também não desejas que essas ilusões, ao invés disso, sejam
dirigidas contra ti.

Se você fizer uma escolha de ser doente, que é tornar a separação real e atacar a si mesmo, e eu
me unir a você nisso, estou deixando o mesmo pensamento ter um efeito sobre mim. Um minuto
antes, eu estava me sentindo feliz, amoroso e pacífico, e agora estou me sentindo irritado, ansioso
e culpado. Então, o pensamento da separação agora dirigiu-se contra mim. Então, vou acreditar
que foi o seu pensamento que fez isso. Vou dizer que estava me sentindo maravilhoso até você
chegar. Se eu disser, por exemplo, “Eu não posso visitar pessoas doentes em hospitais, porque
isso me deixa muito transtornado”, estou realmente dizendo, “Estou me sentindo feliz, amoroso e
pacífico, mas, se eu visitar você no hospital, vou ficar transtornado”. Então, estou atribuindo minha
falta de paz a algo externo a mim. Mas, o que tirou minha paz não é o seu pensamento de
separação - é o meu pensamento de separação. Todos nós tentamos colocar a culpa em algo
fora de nós.
(Parágrafo 1 - Sentenças 5-7) Assim, elas não têm efeitos. E estás livre de sonhos de dor porque
permitiste que ele estivesse.

Deixem-me explicar a primeira parte: Assim, elas não têm efeitos. Com referência ao princípio da
causa e efeito, todas as nossas experiências de dor e sofrimento, tanto no nível físico quanto no
nível psicológico, são efeitos. A causa desses efeitos é a decisão de nos afastar do Espírito Santo,
em direção ao ego - a decisão de sermos separados. Quando você toma uma decisão dessas, e
está em dor e agonia, a razão não é apenas para punir a si mesmo por seu pecado contra Deus,
mas também para abdicar da responsabilidade de uma decisão dessas, e projetá-la em mim para
me fazer sentir culpado. Você está dizendo que fui eu que o deixei doente; eu sou aquele que o
deixou infeliz, por minha causa, sua vida é um tormento, etc., etc.

Se eu me unir a você nisso e ficar transtornado porque você está doente, estou dizendo que seu
pecado tem um efeito - sobre mim. Mas, ao demonstrar a você que seu pecado aparente - o que
você julgou ser um pecado, e sua forma em termos da sua própria dor e sofrimento - não tem
efeito sobre mim, estou dizendo a você que seu pecado não tem efeitos. Se ele não tem efeitos,
então, não pode ser uma causa. Como o Curso explica em alguma parte, se algo não é uma
causa, ele não existe. (T-28.ll.11:1-3). Isso, basicamente, é como Jesus perdoava pecados, para
usar o termo bíblico. Ele perdoava pecados porque demonstrava que eles não tinham efeito. Não
importando o que o mundo acreditava que tivesse feito a ele, isso não mudava seu amor, não o
destruía. Isso tornou-se a manifestação na forma dentro do sonho do pensamento original da
Expiação de que nossos pecados contra Deus também não tinham efeito. Em outras palavras, seu
amor e nossa unidade com ele não tinham mudado. Isso, então, torna-se nosso propósito
também.

Ao não me unir aos seus sonhos de medo, ao não os tornar reais, ao mostrar que eles não têm
efeito, estou livre também. Essa é uma das idéias cruciais no Curso - ao ensinar a cura, aprendo
a cura. Ao perdoar você, estou perdoado. Se eu posso perdoá-lo por seus ataques, por seu
pecado, por sua escolha errada - uma vez que você não é mais do que uma projeção do que está
dentro de mim - estou me perdoando pela mesma coisa. Aquilo de que o estou acusando aqui, na
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tela de cinema, não é mais do que aquilo pelo que acusei a mim mesmo dentro da minha mente.
Liberando isso aqui, preciso estar liberando-o na minha mente.

(Parágrafo 1 - Sentença 7-8) A não ser que o ajudes, sofrerás dor com ele, porque esse é o teu
desejo.

As passagens são escritas dessa forma no Curso porque essa é a nossa experiência - nós
fazemos algo no mundo e isso tem um correspondente efeito interno. Na realidade, dentro e fora
são um só. A causa e o efeito são simultâneos. Não existe brecha de tempo entre eles. Mas, pelo
fato de acreditarmos que existe, Jesus nos fala dessa forma - se eu perdoar você lá fora, serei
perdoado aqui dentro. Na realidade, isso acontece simultaneamente. Uma vez que não existe
ninguém lá fora de qualquer forma, estou realmente perdoando a mim mesmo, estou deixando ir
meu investimento em ser separado e em estar certo. Reunir-me ao Espírito Santo, automática,
inevitável e simultaneamente, afeta tudo em minha percepção e experiência. Pelo fato de
experimentarmos as coisas em termos de tempo, com freqüência, no Curso, Jesus fala sobre uma
seqüência: eu faço algo lá fora e estou fazendo aqui dentro; eu o liberto e me liberto; eu o
condeno, e me condeno. Na realidade, tudo acontece de uma vez, mas ele não fala ou escreve
dessa forma, porque nossa experiência está tão enraizada no tempo.

Isso significa, então - e isso é extremamente importante - que se eu escolher tornar sua doença
real, se eu escolher tornar seus pecados reais, ao atacá-lo por causa deles, é porque estou
escolhendo estar em dor. Não parece dessa forma. Em outras palavras, se eu visitá-lo em um
hospital, e você estiver doente e com dores, não parece que foi minha escolha estar com dor.
Minha escolha parece ser visitar alguém com quem eu me importo e que está doente, para ser
amoroso, cuidadoso e confortador. Mas acontece que eu fico transtornado por sua causa. Na
realidade, sou eu que escolho ficar com dor, mas abdico de toda a responsabilidade por isso e
culpo você.

Quando eu ataco você e o vejo como separado de mim, é porque eu primeiro tive um desejo de
sentir dor. Eu primeiro fiz uma escolha de me manter separado do amor. Essa é a fonte e a causa
da minha dor. Então, ao invés de olhar para dentro para mudar isso, o ego me ensina a me
agarrar à separação. A maneira de me agarrar a ela é não lidar com ela na minha mente - ao
invés disso, eu projeto a separação e lido com ela do lado de fora. Eu me esqueço da relação
entre a causa e o efeito por causa do véu da negação na minha mente, e agora parece que estou
transtornado e com dor por causa de alguma coisa exterior a mim. Eu estava me sentindo
maravilhoso, feliz, bem, até que você atravessou a porta e entrou na minha vida, até que você
ficou doente - agora, estou muito desconfortável. O fato é que estou escolhendo ver você dessa
forma, porque primeiro tive um desejo de estar com dor - o que significa que eu tive um desejo de
ser separado.

(Parágrafo 1 - Sentença 8-9) E vens a ser uma figura no seu sonho de dor, assim como ele no
teu.

Nós reforçamos mutuamente essa insanidade, que é baseada sobre a crença de que ambos
estamos separados. E nós dois estamos separados porque ambos somos corpos. Um corpo é
doente e sente dor, e outro reage a isso como se fosse real, e como se a doença tivesse um efeito
no amor e na paz. Nesse ponto, nós dois compartilhamos uma ilusão de união, seja a ilusão de
nos unirmos em um campo de batalha onde odiamos um ao outro, ou a ilusão onde parecemos
amar e confortar um ao outro.
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(Parágrafo 1 - Sentenças 9-10) Dessa forma, tu e o teu irmão, ambos, vêm a ser ilusões sem
identidade.

Nós perdemos nossa verdadeira identidade como Cristo, o que a união com o Espírito Santo iria
nos lembrar. Ao invés disso, nos tornamos algo que não somos - um ser limitado, separado,
fragmentado, doente, culpado, deprimido, miserável. Não é isso o que somos, mas é com isso que
nos identificamos agora. Sempre que nos identificamos com nossos corpos como quem realmente
somos, nos tornamos uma ilusão do nosso Ser. Nossa verdadeira identidade como Cristo está
oculta de nós.

Esse pensamento é elaborado agora:

(parágrafo 1 - Sentenças 10-13) Tu poderias ser qualquer pessoa ou qualquer coisa, dependendo
de quem é o sonho mau que compartilhas. Só podes estar certo de uma coisa: de que és mau,
porque compartilhas sonhos de medo.

A forma do meu transtorno não importa, e nem a forma do meu estado emocional, ou do meu
corpo. Uma vez que me tornei um efeito do seu pecado, eu basicamente me coloquei à sua
mercê. E o que você se tornou, eu agora me torno. Eu troquei o maravilhoso Ser de Cristo, que é
cheio de amor, paz e luz, por esse ser miserável, escuro, perverso, maldoso, pecador, separado.
E eu escapei de toda a minha responsabilidade ao dizer que foi você que fez isso comigo.

Esse é um tema principal que é repetido no Curso de muitas formas diferentes - como nós
jogamos fora nossa identidade e a substituímos pelo ser miserável do ego. Como já mencionei, o
Curso se refere ao corpo como uma paródia (T-24.VII.1:11) ou um travesti (T-24.VII.10:9) do Ser
que Deus criou, mas é isso o que fazemos quando nos deixamos ser afetados pelo que acontece
fora de nós. O mundo chama isso de “amor” e o mantém a vista como algo a ser idealizado. Na
realidade, isso é uma forma de tornar o erro real, tornando o corpo real, e deixando nossa
felicidade e paz dependentes do que acontece a outras pessoas.

Parte XIV

Comentário sobre a Seção “A união maior” (T-28.IV)

(Parágrafo 2 - Sentença 1-2) Existe um caminho para encontrar a certeza exatamente aqui e
agora.

A despeito de toda incerteza desse mundo, a despeito do que parece ser o fato de que a nossa
felicidade depende de outras pessoas e circunstâncias além do nosso controle, ainda é possível
ter certeza aqui. Mas a certeza significa que precisamos tirar nossa atenção do mundo e perceber
que poderíamos estar em certeza e paz o tempo todo se escolhêssemos isso. É nossa escolha e
nossa responsabilidade. Ninguém pode jamais tirar isso de nós.

(Parágrafo 2 - Sentenças 1-3) Existe um caminho para encontrar a certeza exatamente aqui e
agora. Recusa-te a ser parte de qualquer sonhos de medo seja qual for a forma que tomem, pois
neles perderás a identidade.

O que é importante aqui não é fazermos isso de forma perfeita, porque isso claramente não é
agora que vamos fazer de forma perfeita logo de cara. Mas nós queremos pelo menos estar
conscientes de que, se nos encontrarmos transtornados quando um ser amado está transtornado,
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doente ou machucado, que nosso transtorno não está vindo do que está acontecendo com aquela
pessoa. Mesmo que não pudermos evitar sentir o que estamos sentindo, podemos pelo menos
reconhecer que não estamos transtornados pela razão que imaginamos. Estamos transtornados
porque ficamos com medo do fato de que nossa realidade é verdadeiramente espírito, que nossa
realidade é algo que nós dois compartilhamos, e nada do que acontece no nível do corpo pode
afetar isso. Não somos solicitados a fazer isso de forma perfeita, mas somos solicitados a
reconhecer pelo menos de onde está vindo a angústia.

(Parágrafo 2 - Sentenças 4-5) Tu te achas por não aceitá-los como a tua causa, capaz de produzir
efeitos em ti.

“Eles” se referem aos sonhos de medo da sentença anterior. Essa é a forma de encontrarmos
quem somos e nos lembrarmos da nossa Identidade como Cristo. Em outras palavras, nosso bem
estar, nossa auto-identidade, nossa auto-valorização não dependem dos sonhos de outra pessoa.
O que outra pessoa faz ou diz sobre nós não tem efeitos sobre quem somos.

O que é importante sobre como isso é afirmado é que nós encontramos nosso ser ao não aceitar
que outra pessoa possa nos afetar. Não aceitamos necessariamente logo de cara quem somos,
mas pelo menos reconhecemos que não somos o efeito de ninguém mais no sonho: eu não sou o
efeito do que você escolheu ou decidiu. Não sou o efeito do que eu escolhi e decidi. Mas, pelo fato
de eu estar com medo de aceitar minha responsabilidade por meu sonho de medo - que é um
lembrete da origem do sonho, quando ataquei Deus, e eu não quero olhar para isso de forma
alguma -, eu digo que não é meu sonho de medo que me tornou infeliz, ansioso, deprimido ou
doente; é o seu sonho de medo, e eu simplesmente me iludi com isso.

Nós nos lembramos Quem somos como Cristo por não dar a outra pessoa o poder sobre nós, e
por aceitar a responsabilidade por nós mesmos. Estou doente, estou infeliz, desmaiei no quarto do
hospital, desmaiei quando vi sangue, não por causa do sangue, não por causa de qualquer coisa
que esteja acontecendo fora de mim, mas porque escolhi ver a mim mesmo como um corpo, ao
ter me separado daquele que me lembra que sou espírito.

(Parágrafo 2 - Sentenças 5-7) Tu estás à parte deles [os sonhos de medo], mas não à parte
daquele que os sonha. Assim, separas o sonhador do sonho, e te unes a um, mas deixas que o
outro se vá.

Isso é extremamente importante. A idéia é que nós podemos nos separar do sistema de
pensamento do ego. Lembrem-se, o problema logo no início foi que, quando ouvimos a voz do
ego e do Espírito Santo, não apenas escolhemos ouvir a voz do ego, mas nos tornamos a voz do
ego. Não apenas escolhemos acreditar na história de pecado, culpa e medo e de um ser separado
do ego, mas nos tornamos esse ser separado, e nos esquecemos que havia qualquer outra
escolha. Nesse ponto, o sonho e o sonhador se tornaram o mesmo. O sonho da separação se
tornou o ser que eu sou. Então, eu não apenas estou tendo um sonho de separação, mas eu sou
o sonho. Eu me tornei o sonho da separação - um ser limitado, separado, fragmentado, pecador,
culpado, amedrontado e moribundo. O sonho e o sonhador se tornaram um só.

O Curso está tentando nos ajudar - nessa passagem que vamos explicar agora - a começarmos
a separar a mente do sonho, para que o sonho e o sonhador não sejam mais vistos como um. Eu
agora posso escolher dar um passo atrás com o Espírito Santo, olhar para o sonho, e dizer que
não é isso o que eu sou.
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Quando você está tendo um sonho ruim - vamos dizer, por exemplo, que seu sonho tenha tomado
a forma de você estar realmente bravo, roubando e matando pessoas - meu ego me levaria a
dizer que o seu sonho é muito real; o sonho é quem você é. Tornando-o real, estou expressando
que acredito que também sou esse sonho. Não posso ficar bravo com Hitler, para usar outro
exemplo, a menos que eu primeiro acredite que sou Hitler. Posso não concordar com o que Hitler
está fazendo, posso perceber que ele não está partindo de um lugar de amor, mas eu não iria
odiá-lo, atacá-lo ou tentar machucá-lo de qualquer forma, em pensamentos ou ações, a menos
que tenha visto em mim mesmo o que estou vendo nele. Não quero ver isso em mim mesmo,
então, eu o nego e o projeto para fora. Ao atacá-lo, estou dizendo a Deus que não sou Hitler - ele
está bem ali, é ele quem você quer, não sou eu. Em outras palavras, nesse ponto, estou me
identificando com o sonho de Hitler. Estou vendo Hitler como o seu sonho, e estou me vendo
como aquele sonho.

O curso está nos ensinando a dar um passo atrás e olhar para o sonho com o Amor de Deus junto
de nós. Portanto, dou um passo atrás, solto a mão do ego, pego a mão de Jesus, e digo a Ele,
“Olhe o que esse sonho é. Em que sonho tolo essa pessoa acredita - que matando treze milhões
de pessoas, vai se sentir feliz e a salvo”.

Agora estamos falando sobre o início do processo de tirar nossa identificação do ego e voltarmos
para a mente. A mente é o sonhador, e eu percebo que o sonhador não é o sonho. O sonhador
agora pode fazer outra escolha - o que o Curso, em outro lugar, chama de “escolher os sonhos
felizes”. Não estou mais totalmente identificado com os sonhos maus, pecaminosos - sejam seus
ou meus. Posso dar um passo atrás e ver que existe uma mente que não é o sonho. E você, que
está tendo o sonho mau - seja um sonho no nível de um Hitler, ou um sonho mau de estar doente;
não faz qualquer diferença - posso ver que existe uma mente em você que escolheu o sonho,
mas pode, com a mesma facilidade, fazer outra escolha, e escolher com o Espírito Santo ao invés
de com o ego. E, se eu estiver vendo isso em você, obviamente estou vendo em mim mesmo. É
sobre isso o que essas passagens estão falando.

Então, eu me uno a você agora, mas não no nível do sonho - “Oh, você, pobrezinho, veja as
coisas terríveis que aconteceram com você” - ou no nível do ódio - “Oh, sua pessoa horrível, veja
o que está fazendo”. Eu dou um passo atrás e percebo que você tem uma mente que fez uma
escolha errada, assim como eu tenho uma mente que fez uma escolha errada. E agora podemos
nós unir nesse nível - que é a união real. Então, eu separo a mente do sonho. Eu me uno com
você com o sonhador, não como o sonho. Eu não me uno a você na sua doença por me sentir
pesaroso por você, ou por me sentir culpado sobre isso, ou por estar zangado com isso. Ao invés
disso, eu me uno a você no nível do tomador de decisões que escolheu o sonho do medo e da
doença, porque tem medo do amor. E eu percebo que fiz a mesma coisa, o que significa que
somos um no nível da mente, não no nível do sonho. Eu passo da forma para o conteúdo
subjacente. O conteúdo não é mau ou pecaminoso. O conteúdo não é pecado. O conteúdo é
medo, um medo que nós dois compartilhamos. E, sob o medo, está o chamado pelo Amor de
Deus pelo qual nós dois ansiamos.

(Parágrafo 2 - Sentenças 7-9) O sonho não é senão uma ilusão na mente. [Lembrem-se, não é a
mente, é uma ilusão na mente]. E com a mente queres unir-te, mas nunca com o sonho.

Eu não quero me unir com sua doença ou sua dor. Quero me unir com a decisão que você tomou
de se afastar do amor em direção ao medo, porque foi isso o que eu fiz. Ao me unir com você ali -
e isso é a verdadeira união -, estou desfazendo o medo de ser separado. Se eu puder me unir a
você e dizer que no's dois estamos no mesmo barco miserável do ego junto com todos os outros,
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essa união dentro do sonho se torna o reflexo da união com o Cristo interior. Eu não vejo mais
você como separado de mim. Eu não me uno a você em uma aliança de amor especial ou de ódio.
O amor especial parece ser união, o ódio especial parece não ser, mas ambos são formas
diferentes da mesma ilusão. Ao invés disso, vou além disso e me identifico com a escolha que
você fez, o que me ajuda a reconhecer que fiz a mesma escolha. Então, posso olhar para Hitler,
ou para qualquer outra pessoa que nós colocamos nessa categoria, e dizer que essa pessoa agiu
à partir do medo - não á partir do mal, malícia ou pecado. Então, não estou mais fazendo o
julgamento do ataque. Estou fazendo um julgamento que diz que isso é medo, que vem do medo
do amor, que é o mesmo medo que eu tenho.

Portanto, eu não me identifico mais com o seu sonho, com sua dor como você a está
experienciando. Eu me identifico com sua decisão de estar com dor, de sonhar um sonho de dor,
de medo ou de doença. Isso, então, se torna um reflexo da verdadeira empatia. Estou identificado
com a força da sua mente que escolheu ser fraca, o que significa que a memória de uma mente
que pode escolher ser forte é restaurada para você.

(Parágrafo 2 - Sentenças 8-9) E com a mente queres unir-te, mas nunca com o sonho. É o sonho
que temes e não a mente.

Para repetir o ensinamento central: eu quero me unir com a parte da sua mente que toma
decisões, o que me ajuda a me identificar com a parte da minha mente que toma decisões.

Eu acredito que estou com medo do que o ego me disse que era real: pecado, culpa, medo,
punição, sacrifício, sofrimento e morte. Como outra seção no texto ensina (e.g. T-19.IV), na
verdade, não estou com medo da dor, da culpa ou da morte, eu me sinto atraído por elas. Ao me
identificar com a dor, o sofrimento e a morte, eu me identifico com o corpo, o que significa que eu
me identifico com o pensamento da separação. Então, tenho medo do sonho. Mas o sonho foi
feito, então, ele termina em que não existe nada a se temer.

(Parágrafo 2 - Sentenças 9-10) Tu os vês como o mesmo porque pensas que tu és apenas um
sonho.

Nós igualamos o sonho e a mente, o sonho e o sonhador, o que significa que não mais
acreditamos que temos uma escolha. Lembrem-se, quando escolhemos o ego, nós nos tornamos
o ego, e esse é o fim da história desde que nossos egos estejam envolvidos nisso. A única
escolha aberta para nós nesse ponto é matar ou morrer. Eu mato você primeiro, ou deixo você me
matar primeiro? Essa é a única escolha que vejo. Mas a escolha real é entre o ego e o Espírito
santo. E é a minha mente que faz essa escolha. Quando eu me lembro onde a escolha real está,
minha mente - o sonhador - não está mais identificada com o sonho.

Mas, quando penso que você é seus sonhos maus, penso isso porque você é alguém que está
doente, e que está morrendo. E a razão pela qual me identifico com você, com seu sonho de um
corpo doente, de um corpo sofredor, ou de um corpo oprimido ou vitimado, é que eu penso que
sou meu corpo doente também. Eu penso que sou o sonho doente do pecado, da culpa, do medo
e da punição. E, pelo fato de ser assim que vejo a mim mesmo, é assim que tenho que ver você.

A afirmação importante no Curso de que a “projeção faz a percepção” (T-21.in.1:1) é ilustrativa


disso. Nós primeiro olhamos para dentro, e o que tornamos real em nós mesmo é o que vamos
tornar real fora de nós. Se eu olho para dentro e digo que sou aquele sonho limitado, separado, e
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o sonho e o sonhador são um - não existe outra escolha então, quando olho para o mundo, vou
perceber isso em todos ao meu redor.

(Parágrafo 2 - Sentença 10-12) E o que é real e o que em si mesmo é apenas uma ilusão tu não
sabes e nem és capaz de distinguir entre um e outro.

O que não é nada além de ilusão é o meu ego. O que é real em mim é o Espírito Santo. Ele é o
reflexo da realidade da minha identidade como Cristo. Mas eu não sei a diferença entre a
realidade e a ilusão, porque eu encobri o que é real, e, ao invés disso, transformei a ilusão na
realidade. Então, a realidade agora é que você é um Filho de Deus separado, doente, assim como
eu. E, então, temos que fazer o melhor do que já é uma situação terrível. Eu não olho para o que é
verdadeiro em você e para o que é verdadeiro em mim - isto é, que nós dois somos mentes que
decidiram ser separadas. Mas, uma vez que possamos nos identificar com a mente ou com o
sonhador, ao invés de com o sonho, então, somos capazes de mudar o sonho - que é, antes de
despertarmos para a realidade de que somos todos parte da Mente única de Cristo, primeiro
precisamos transformar os pesadelos nos sonhos felizes do Espírito Santo.

Parte XV

Comentário sobre a Seção “A união maior” (T-28.IV)

(Parágrafo 3 - Sentenças 1-3) Como tu, o teu irmão pensa que ele é um sonho. Não compartilhes
a sua ilusão a respeito de si próprio, pois a tua identidade depende da sua realidade.

Minha identidade, a maneira com que identifico a mim mesmo, vai depender de como percebo
você. Se eu vejo seu ego limitado, separado e seu corpo doente como reais, é assim que vou ver
a mim mesmo. Da mesma forma, se vejo a mim mesmo como um ego corporal limitado, separado
e doente, é assim que vou ver você. Isso é uma coisa só. O que eu vejo fora de mim é o que vejo
dentro; o que vejo dentro é o que vejo fora.

(Parágrafo 3 - Sentenças 4-5) Ao invés disso, pensa nele com uma mente na qual as ilusões
ainda persistem, mas uma mente que é tua irmã.

Essa linha é muito útil. Somos instruídos não a negar as ilusões que parecem ser reais, mas a
pensar em nossos irmãos como uma mente - um sonhador que toma uma decisão, mas, ainda
assim, um sonhador - ainda acreditando que essas ilusões são reais. Então, eu não nego que
você se experimenta como doente, privado e infeliz, ou que eu experimento a mim mesmo da
mesma forma. Mas começo a desenvolver o que pode ser chamado de uma visão dupla, onde
tanto vejo o sonho quanto reconheço que não sou esse sonho. Eu não nego o que estou sentindo.
Não nego que estou com fome, por exemplo, e não deixo de comer. Mas, no mesmo nível, estou
ciente de que estou alimentando uma parte de mim mesmo que não é o meu Ser. Se você está
fisicamente doente, ainda procura um médico ou toma qualquer tipo de fórmula mágica que possa
aliviar sua dor ou seus sintomas. Eu não nego essa ajuda a você. Mas, ao mesmo tempo que eu
me relaciono com o seu corpo doente ou com o meu, estou ciente de que a doença reflete uma
decisão que tomei de manter o Amor de Deus distante.

O que é realmente importante em tudo isso é reconhecer que nossas limitações, físicas ou
psicológicas, são decisões que eu tomei. Elas não são a realidade. Nós somos o sonhador do
sonho, e podemos fazer uma escolha de ter outro sonho. Mas a pior coisa que podemos fazer é
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negar a experiência. Esse não é um curso em negação. É um curso em olhar para o ego e fazer
outra escolha sobre ele. Eu percebo que o que eu pensei ser independente de mim e fora do meu
controle é, na verdade, algo que veio diretamente de uma escolha ou decisão na minha mente.

O que também é muito importante em tudo isso é olhar sem julgamento para o que nós fizemos -
sem julgamento tanto por nós mesmos quanto por uma outra pessoa. Novamente, eu não me
identifico com seu sonho, eu me identifico com sua mente. E, então, nossa união um com o outro
como mentes separadas torna-se o caminho para nos lembrarmos de que somos todos uma
mente no Céu.

(Parágrafo 3 - Sentenças 5-7) Ele não é teu irmão em função daquilo que sonha, nem é o corpo, o
‘herói’ do sonho, o teu irmão. É a sua realidade que é o teu irmão, assim como a tua para com ele.

Isso é uma referência ao fim do capítulo anterior, a seção chamada “O herói do sonho”, sendo que
o herói é o corpo. Nós não somos unidos por causa de nossos corpos. Nós somos unidos porque
compartilhamos a mesma mente, e compartilhamos o mesmo amor que está nesta mente. E, em
última instância, compartilhamos o mesmo Criador Que nos criou como Cristo. Mas, ao invés
desse nível de compartilhar, todos nós queremos nos unir na base de nossos corpos. Portanto,
podemos nos sentir unidos porque temos a mesma religião, ou porque viemos da mesma parte do
país, ou temos a mesma cor de pele, ou compartilhamos o mesmo caminho espiritual. Nós todos
estamos nos unindo na base de nossos corpos. Nós dizemos que somos irmãos e irmãs porque
compartilhamos o mesmo corpo. Mas nós realmente somos irmãos e irmãs porque
compartilhamos a mesma mente. Sempre que nos unimos baseados no corpo, vamos
inevitavelmente excluir. A ‘realidade que é o seu irmão’ está na mente, não no corpo, não nos
sonhos de medo. A realidade está na mente que escolhe tanto os sonhos de medo quanto os
sonhos de amor. Então, nós nos identificamos não com o ego, mas a parte da mente que pode
escolher tanto o ego quanto o Espírito Santo.

(Parágrafo 3 - Sentenças 7-10) A tua mente e a sua estão unidas em fraternidade. O seu corpo e
os seus sonhos apenas parecem fazer uma pequena brecha, onde os teus uniram-se aos seus.

Isso expressa a mesma idéia que estivemos reforçando: não é o corpo mas a mente que está
unida em irmandade. E, entretanto, tendemos a nos unir no nível do corpo, o nível do sonho.
Mesmo aqueles sonhos que parecem ser sonhos de unidade terminam simplesmente sendo de
separação, onde alguém encontra a pequena brecha. Tipicamente, nós nos unimos em sonhos de
medo ou ataque que sempre se opõe a outra forma de sonho. Então, nossos sonhos ainda
envolvem diferença, julgamento e ataque. A idéia, mais uma vez, é ver em todos os sonhos um
chamado pelo Amor de Deus, e, depois, nos unirmos a esse chamado.

(Parágrafo 4 - Sentença 1) No entanto, entre as vossas mentes não existe nenhuma brecha.

A brecha é percebida quando nos identificamos com o ego, o que automaticamente leva a um
corpo. Uma vez que o ego é um pensamento de algo separado, o corpo então espelha e incorpora
essa separação. O ego é literalmente um pensamento de separação, o que começa com o
pensamento de que eu estou separado de Deus, o que automaticamente significa que estou
separado da Mente de Cristo que eu sou. Portanto, meu ego me diz que Cristo se fragmentou, que
Deus se fragmentou, e que agora sou um ser fragmentado que está separado da Mente de Cristo.
Esse pensamento só fragmenta mais e mais, e cada um de nós, parecendo ser separado uns dos
outros, se torna um aspecto desse ser fragmentado. Nós todos somos separados uns dos outros.
Corpos separados. Pensamentos egóicos separados. Mas estamos unidos no nível da mente.
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Existe uma parte dentro de nós que parece estar fragmentada, mas ainda podemos escolher. É
isso o que une a todos nós; e não existe brecha aí.

(Parágrafo 4 - Sentenças 2-3) Unir-te aos sonhos do teu irmão é, na verdade, não encontrá-lo,
porque os seus sonhos separar-se-iam de ti.

É isso que chamamos de falsa empatia: eu me sinto pesaroso por você - algo terrível aconteceu a
você. Como já mencionei no início, o que faz a falsa empatia uma ferramenta egóica tão poderosa
é que nós sentimos empatia por algo terrível que aconteceu a alguém. Você ficou doente, ou
perdeu todo o seu dinheiro no mercado de ações, ou alguém matou você ou alguém da sua
família, ou alguém o enganou, assaltou, tirou-lhe os seus negócios, etc. Eu me sinto mal por você
porque as coisas aconteceram além do seu controle. Isso é a falsa empatia que nega o poder de
escolha da mente.

O ponto aqui é que quando eu me uno aos seus sonhos, não estou mais me unindo a você no
nível da mente. Se eu me unir a você no nível da mente, estou dizendo que você tem que escolher
novamente isso. Esse é o início da verdadeira empatia. Quando eu sinto empatia de forma falsa,
estou sentindo-a por seu sonho terrível: Como isso é injusto! Eu tornei o sonho real. Algo
aconteceu a você além do seu controle. Quando eu me uno com a mente ou com o sonhador,
estou dizendo que isso é um sonho que você escolheu, o que se torna o lembrete que a minha
sina na vida é um sonho que eu escolhi. Então, nós agora nos unimos no nível da escolha, onde
está o poder da mente.

Um tema crucial em tudo isso é desfazer a crença na realidade da vitimação. Nós não somos
vitimados por qualquer pessoa ou por qualquer coisa fora de nosso poder de escolher. É por isso
que ficamos deprimidos, transtornados, doentes; é por isso que morremos. Existe uma linha tanto
no texto quanto no livro de exercícios que diz: “Ninguém morre sem o próprio consentimento” (LE-
pl.152.1:5). A morte é uma escolha. A doença é uma escolha. A perda é uma escolha. Tudo é
uma escolha. O propósito inteiro do sonho é tal que possamos ser capazes de dizer “isso
aconteceu comigo”.

Cada sonho nesse mundo do ego é um sonho de vitimação - cada um deles. Algo acontece
comigo. O sonho parece começar com nosso nascimento. Nossa experiência, e a experiência do
mundo, é que o nascimento não é algo que escolhemos; é algo que acontece a nós. Não é algo
que uma entidade escolhe - nascer é o resultado de algo que um pai e uma mãe fizeram; não tem
nada a ver com a criança. O nascimento do corpo é o início de cada sonho. Já que o nascimento
do corpo é visto como algo que acontece a mim - eu não o escolho -, então, tudo o que acontece
depois disso no sonho é um aspecto da mesma idéia de vitimação. Algo acontece a mim, eu não o
escolho. Cada sonho envolvendo o corpo é de vitimação. Quando nos unimos com isso, estamos
dizendo que as coisas acontecem a você e a mim além do nosso controle; a mente é impotente -
na verdade, nós nem mesmo temos uma mente. Então, unir-se com as mentes é unir-se com o
poder de escolher. Isso, novamente, é o início da verdadeira empatia.

(Parágrafo 4 - Sentenças 3-5) Portanto, libera-o, simplesmente reivindicando a fraternidade ao


invés dos sonhos de medo.

“Simplesmente reivindicando a fraternidade” significa que nossa fraternidade está dentro da


mente, como o parágrafo anterior disse. O que nos mantêm dentro do sonho é que nós todos
somos um na mente que escolheu ser separada. Reconhecer isso torna-se a forma de, um dia,
despertarmos do sonho e percebermos que todos nós somos um em Cristo. Essa é nossa
verdadeira Fraternidade, mas, dentro do sonho, nossa fraternidade está no fato de que somos
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todos um no sonho. Todos nós cometemos o mesmo erro. Nós nos fragmentamos em sonhos
diferentes, mas somos todos essencialmente o mesmo sonhador.

E, então, eu libero você simplesmente por lembrar a mim mesmo - e portanto a você, porque
mentes são unidas - que tudo isso é um sonho que nós escolhemos, de nos defender contra o
despertar para a realidade do amor.

(Parágrafo 4 - Sentenças 5-70 Permite que ele reconheça quem ele é, não dando apoio às ilusões
do teu irmão por meio da tua fé, pois se o fizeres, terás fé nas tuas.

Esse é um dos temas essenciais do Curso - nós ajudamos uns aos outros ao não apoiarmos
nossos sonhos de medo. Como eu já disse, todas as mentes são uma, todos somos unidos e,
portanto, se a minha mente é curada, a sua também é. Entretanto, dentro do nível do tempo e do
espaço, você pode não aceitar isso. De forma similar Jesus demonstrou a todos nós a natureza
ilusória de tudo nesse mundo, mas, dentro do mundo do tempo e do espaço, ele ainda teve que
passar por um processo de escolher aceitá-lo. Então, eu ajudo você a entender quem você é por
lembrá-lo, simplesmente pela minha presença, que você tem uma escolha. E eu o lembro disso ao
mostrar-lhe que seu sonho não tem efeitos sobre mim. Eu não amo você mais ou menos por
causa do que você faz. Eu não estou mais ou menos em paz por causa do que você faz, ou pelo
que aconteceu com o seu corpo. No minuto em que eu deixo seu sonho ter um efeito em mim,
estou dizendo que ele é real. Isso significa que estou dizendo que o pensamento subjacente ao
seu sonho, que é o pensamento de que somos separados de Deus, é real. Se eu reforço esse
pensamento em você, obviamente reforço-o em mim mesmo. Mas, ao demonstrar que minha paz
e meu amor não são afetados de forma alguma pelo que acontece com você, estou dizendo que
sou independente do seu sonho. Então, estou ajudando-o a perceber que você, da mesma forma,
é independente do seu sonho. Isso ajuda a quebrar a identificação que nós fizemos logo no início,
quando nos tornamos o sistema de pensamento do ego e esquecemos que tínhamos uma
escolha.

Novamente, a mensagem dominante do Curso é que nós temos uma escolha. E não é uma
escolha entre ilusões aqui, no mundo. É uma escolha entre ilusões em geral, e a verdade. Essa é
a idéia completa. É por isso, como Jesus explica no início, que ele não faz nada no mundo. Se
Jesus consertasse as coisas no mundo - se ele curasse o câncer ou a AIDS, se ele jogasse um
feixe de luz no Oriente Médio e trouxesse luz à escuridão - ele estaria unindo-se ao sonho, e seria
tão insano quanto nós. Ele não faz nada no sonho. É por isso que, em termos da lição que ele nos
ensina, ele não fez nada com o sonho da sua crucificação. Ele não a deteve, porque ele sabia que
estava fora do sonho. Ele era a parte da mente que estava totalmente identificada com o Amor de
Cristo. Ele era a manifestação do Espírito Santo. Portanto, o que aconteceu no sonho foi
irrelevante.

Os sonhos de medo de outras pessoas manifestam-se em ataque, e se transformam em sonhos


de crueldade. Como já mencionei antes, o Curso diz, “Pessoas assustadas podem ser perversas”
(T-3.l.4:2). Mas Jesus não deixou os sonhos de crueldade, ataque e assassinato de outras
pessoas terem qualquer efeito sobre ele, porque ele sabia quem era. Ele não era o sonho desse
corpo que parecia estar sendo surrado, abandonado, rejeitado, traído e crucificado. Demonstrando
que ele não era o sonho, ele deu ao mundo a mensagem: Você não é o sonho; você é o
sonhador, o que significa que você tem uma escolha. Então, basicamente, Jesus estava nos
dizendo, da cruz, que nós temos uma escolha em como experenciá-lo e percebê-lo - tanto como
alguém que estava sendo vitimado, quando como alguém que estava nos ensinando que não
existe vitimação. Foi assim que o mundo foi curado. Dentro do mundo de sonhos, nós ainda temos
que fazer esta escolha. Mas a mensagem está claramente lá, na mente, e é isso o que
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aprendemos e ensinamos vezes sem conta. Ao não deixar que o seu sonho tenha um efeito sobre
mim, estou dizendo que sou separado do seu sonho e do meu, e que você é separado do seu
sonho também. Isso abre a possibilidade de escolha - nós agora podemos escolher outro sonho.

Parte XVI

Comentário sobre a Seção “A união maior” (T-28.IV)

(Parágrafo 4 - Sentenças 7-8) Com fé nas tuas ilusões [a fé do nosso irmão em nossos sonhos],
ele não será liberado e tu és mantido em cativeiro, preso aos seus sonhos.

Isso é falsa empatia, a união através do especialismo na qual todos nós nos engajamos, e,
portanto, reforçamos os sonhos uns dos outros, e acabamos todos aprisionados.

(Parágrafo 4 - Sentenças 8-10) E sonhos de medo assombrarão a pequena brecha habitada


apenas por ilusões, que tu apoiaste na mente do teu irmão.

Essa é a união que o ego forja. É uma união em ódio, não em amor. A pequena brecha, que é
realmente nada e parece nos separar de Deus, torna-se a depositária do terror. Tornando a
separação real, tornamos nossa culpa e a ira de Deus reais, e a punição através da morte
inevitável. A brecha então será assombrada por medo, porque nós tornamos o sonho real. Não
queremos reforçar o sonho uns nos outros, mas apontar para além dele, para o sonhador, aquele
que o escolheu.

(Parágrafo 5 - Sentenças 1-2) Fica certo de que se fizeres a tua parte, ele fará a sua, pois ele se
unirá a ti aonde tu estás.

Isso não significa necessariamente que nosso irmão vai fazer sua parte dentro do mesmo espaço
de tempo em que nós fizermos a nossa. Apenas pense em Jesus - ele fez sua parte
perfeitamente, mas dentro da ilusão do tempo, muito poucos fizeram a sua depois, apesar do seu
exemplo.

Se eu fizer a minha parte e retornar a minha mente para onde ela verdadeiramente está, não me
esconder no mundo, me identificar com o tomador de decisões e fizer outra escolha de estar no
instante santo com Jesus, nesse ponto, todos terão feito a mesma coisa. Desse ponto fora do
tempo, eu reconheço a natureza ilusória do sonho e o fato de que todos nós somos um, e que o
sonho já terminou. Dentro do instante santo, não há mais sonho. Ele já terminou. Nós ainda nos
agarramos a uma imagem dele como estando lá, mas a separação já foi desfeita. Então, o
resultado é tão certo quanto Deus (T-2.lll.3:10);

A oitava característica dos professores de Deus é a paciência (M-4.VIII). A paciência vem da


certeza de que o problema já foi resolvido. Portanto, Jesus não espera com impaciência. Ele não
fica atrás de nós dizendo, “Rápido, rápido”. Quando nós nos sentimos impacientes com as
pessoas em nossas vidas - sejamos nós terapeutas impacientes com nossos pacientes,
professores impacientes com nossos estudantes, ou estejamos impacientes com nossos filhos,
membros da família, amigos, colegas, ou seja o que for, é sempre porque perdemos a fé. Nós
soltamos a mão de Jesus e pegamos a mão do ego, o que sempre está envolvido com tempo.
Estamos tão aterrorizados com a punição, que nós queremos que o problema termine
magicamente para que a ira de Deus não caia sobre nós. A impaciência sempre vem de uma
ameaça subjacente de um julgamento iminente. Quando nos unimos com a certeza de Deus, que
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é o que o amor de Jesus ou do Espírito Santo representa, então, não existe medo de que se não
fizermos isso “pra ontem” ou amanhã, algo terrível vai acontecer. Nós sabemos que nada terrível
vai acontecer porque tudo isso é um sonho, e nada acontece em sonhos.

Então, Jesus está nos dizendo que deveríamos estar certos que, se fizermos nossa parte, nosso
irmão vai fazer a dele e vamos nos unir ali onde estamos. Onde estamos? Estamos dentro da
mente - não mais no corpo, não mais no sonho -, estamos fora do sonho com o sonhador, a parte
que escolhe, que somos nós mesmos. Quando fico com Jesus - que é a única forma de eu poder
saber que estou na mente, porque o ego nunca me deixaria saber que eu estou lá -, eu estou com
todos os meus irmãos e irmãs.

(Parágrafo 5 - Sentenças 2-4) Não chames por ele para que venha encontrar-te na brecha que
está entre vós, ou terás que acreditar que a brecha é a tua realidade bem como a sua.

É isso o que sempre fazemos uns com os outros. Chamamos uns aos outros para nos
encontrarmos na brecha, para nos encontrarmos no sonho, para nos encontrarmos no corpo, para
tornar a ilusão real de alguma forma, para nos unirmos seja no que for que estivermos envolvidos,
em termos do corpo. Não em termos da mente, mas em termos do corpo. É a mesma idéia
quando as pessoas querem se unir com outros estudantes do Curso em Milagres, sem perceber
que estão realmente pedindo às pessoas para se unirem a elas na pequena brecha, para se
unirem a elas no sonho. Você quer se unir com as pessoas no nível da mente, sejam elas
estudantes do Curso ou não. Acreditar que eu só posso ser felizes estiver com pessoas do Curso
em Milagres é insano. Em todos os níveis, isso é insano, porque é uma tentativa de unir-se no
sonho, de unir-se na forma. Você quer unir-se com todos. A união é no nível da mente. Não tem
nada a ver com a forma.

(Parágrafo 5 - Sentenças 4-7) Não podes fazer a parte do teu irmão, mas é isso o que fazes
quando te tornas uma figura passiva nos seus sonhos em vez de ser o sonhador do teu próprio
sonho.

Em outras palavras, na realidade, eu não posso fazer a parte do meu irmão, não posso escolher
por você. Mas, dentro do sonho, quando me identifico com seu sonho, eu faço a sua parte. A sua
parte dentro do sonho é separar-se de Deus, minha parte dentro do sonho é me separar de Deus,
e, então, nós fazemos isso um pelo outro. Nós reforçamos os sonhos um do outro. Na realidade,
nós não podemos escolher um pelo outro, mas podemos pelo menos apontar o caminho e refletir
essa escolha um para o outro.

(Parágrafo 5 - Sentenças 7-10) A identidade nos sonhos não tem significado, porque o sonhador
e o sonho são um só. Quem compartilha um sonho tem que ser o sonho que compartilha, porque
pelo compartilhar se produz uma causa.

Identidade em sonhos não tem significado. Em outras palavras, identidade com as formas
variáveis que nós tomamos, com o corpo, não tem significado. E nós sempre nos identificamos
com o corpo. Nós nos identificamos com nosso sexo, religião, cor, lugar de origem, famílias,
profissões, caminhos espirituais, etc., e Jesus está dizendo que isso não tem significado. O
sonhador não é o sonho, porque nós podemos escolher outra coisa.

A próxima linha - que pelo compartilhar se produz uma causa - é importante. É a mesma idéia de
que a doença é provocada pelo fato de duas pessoas concordarem com ela. A doença é uma
ilusão, porque o Espírito Santo nunca se une a nós na ilusão. A separação é uma ilusão, porque
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Deus nunca a compartilhou. Nós acreditamos que a separação e a doença são verdade, porque
nos separamos e nos unimos com outras pessoas nessa ilusão.

Desde o início, Deus não reconheceu o que nós pensamos que aconteceu, o que significa que
nunca aconteceu. Ele não compartilha da ilusão. É importante entender que Deus nunca nem
mesmo soube sobre esse mundo, e que Jesus e o Espírito Santo não fazem nada no sonho. Se
Eles fizessem, Eles o compartilhariam, o que significaria que esse sonho teve uma causa e seria
real. O fato de que Deus não o compartilha significa que o sonho não tem causa. Duas pessoas
concordando com algo o tornam real. Uma vez que Deus não concorda com a separação, ela
nunca aconteceu. No início, havia apenas duas personagens nesse palco: Deus e Seu Filho; e o
Filho acreditou que ele e Deus estavam separados. Deus não reconheceu a separação, porque
ela nunca aconteceu. Portanto, não é real. O ego quer que Deus fique transtornado e faça algo
sobre isso.

Dentro do sonho do ego, existe uma união de ilusões. Dentro do sonho do ego, o Espírito Santo
tem sido afastado do Amor de Deus e da expressão da verdade, em direção a ira de Deus. Dentro
do sonho agora existe acordo. O ego está em guerra com Deus e, dentro do seu sonho, Deus está
em guerra com ele. Dentro do sonho, o sonho parece ser muito real e ter uma causa. A causa é
que Deus e o ego, Deus e o Filho, todos agora concordam que algo aconteceu. Eles discordam
sobre quem começou isso - assim como em qualquer outra guerra, sempre existe discordância
sobre quem a iniciou -, mas ambas as partes concordam que agora existe um estado de guerra.
Dentro do sonho existe uma causa definida: Deus e o ego uniram-se nisso e concordaram.
Entretanto, a realidade é que Deus não sabe nada sobre isso; não existe campo de batalha e,
portanto, não existe separação. Esse é o princípio da Expiação. Os dois não concordaram com a
separação, mas, dentro do sonho, nós concordamos, porque fizemos os outros personagens no
sonho. O sonho começou com apenas um personagem: o personagem Filho de Deus, agora
identificado com o ego. O ego, então, fez outros personagens no filme, para que houvesse uma
ilusão de união. Ele fez um Deus raivoso, então, agora, o campo de batalha é real, causado por
nosso pecado contra Deus, e Deus está irado conosco. Então, o sonho se intensifica e fragmenta
inúmeras vezes, e, agora, parece que existem todos esses filhos fragmentados ao nosso redor,
todos concordando que existe realmente um mundo. Dentro do sonho, que agora se tornou a
realidade para nós, existe uma causa definida, porque nós compartilhamos o sonho uns com os
outros. Quando nós deixamos esse sonho e nos voltamos para o sonhador, na mente, e nos
unimos ao Espírito Santo, estamos nos unindo à verdade. Estamos nos unindo ao princípio da
Expiação, que diz que não existe separação, o mundo não tem causa, e, portanto, não existe.

Essa é a lógica básica subjacente do Curso. Quando compartilhamos do sonhos dos outros,
estamos reforçando a união ilusória original, e dizendo que a realidade foi destruída, e que a
ilusão triunfou. Nesse ponto, não existe saída, porque o campo de batalha foi tornado real. Somos
solicitados a nos dissociar ou a nos separar do campo de batalha gradualmente, e dizer que isso é
apenas um sonho.

Foi isso que Jesus nos ensinou. Ele não compartilhou das ilusões do mundo. Dentro da sua
mente, portanto, ao não compartilhar delas, elas deixaram de existir - elas nunca existiram de
forma alguma. Ele nos pede para nos unirmos a ele nesse instante santo, nesse espaço de amor
na mente. Nesse ponto, não existe compartilhar de ilusões, existe apenas o compartilhar da
verdade. Nesse ponto, nós nos tornamos parte da verdadeira Causa e Efeito. A união de Deus e
Cristo, que é a verdadeira união, é o Criador e o criado. Ela é a verdadeira Causa e Efeito. O ego
copia isso, mas em seus próprios termos, e a verdadeira Causa e Efeito é agora transformada em
efeito ilusório, provocado por um pensamento ilusório, o que é pecado e separação.
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Isso está razoavelmente claro? Vamos falar sobre isso mais algumas vezes antes de terminarmos.

(Parágrafo 6 - Sentença 1) Tu compartilhas a confusão e és confuso...

Isso é óbvio. Nós estamos confusos sobre quem somos. Essa é confusão ou desordem
fundamental. Nós pensamos que somos quem não somos, e em Quem realmente somos não
acreditamos mais. Nós estamos confusos sobre a nossa identidade. Então, não deveria ser
surpresa que fiquemos confusos sobre tudo o mais no mundo. Nós podemos acreditar que
estamos confusos sobre aspectos diferentes no mundo, mas não existe nada nesse mundo que
faça sentido, porque o mundo foi feito para esconder o bom senso. Portanto, estamos confusos
sobre porque as coisas acontecem ou permanecem dessa forma. Tudo isso reflete a confusão
original sobre quem somos.

(Parágrafo 6 - Sentenças 1-2)... pois nessa brecha não existe nenhum ser estável.

Jesus está falando sobre a estabilidade contra a instabilidade, a clareza contra a confusão. Na
pequena brecha não existe nenhum ser estável, porque o propósito da brecha é manter o Ser de
Cristo oculto de nós. O ser que toma seu lugar, o ser substituto, é o ser instável do ego. Ele é
instável porque nunca tem certeza se o seu criador pode, em qualquer ponto, escolher não ouvi-lo
mais. O criador do ego é a mente, e o medo do ego é que, em algum ponto, a mente possa
retornar ao seu bom senso e escolher o Espírito Santo ao invés do ego, e, aí, o ego estará
terminado. Então, ele sempre está aterrorizado de que, se a mente escolher voltar-se para si
mesmo, ele estará terminado. É por isso que ele faz um mundo para ser a distração.

(Parágrafo 6 - Sentenças 2-3) O que é o mesmo parece ser diferente, porque o que é o mesmo
parece ser distinto.

O que é o mesmo é que nós todos somos parte da mesma Filiação. Somos todos um em Cristo.
Entretanto, parecemos ser diferentes - isso é parte da mágica do ego. A verdade é que somos
todos um. A ilusão é que somos todos diferentes. Como já mencionei, o ego, ao fazer o mundo e
os seres humanos, fez todos diferentes. Todos têm um conjunto único de impressões digitais, por
exemplo, como uma forma de provar o quanto somos diferentes. Mas a verdade é que somos
todos parecidos.

(Parágrafo 6 - Sentenças 3-4) Os seus sonhos são teus porque permites que sejam.

Em outras palavras, uma vez que eu me identifico com seus sonhos, eles têm um efeito em mim,
mas apenas porque eu dei esse poder a eles. Eu dei a você o poder de tirar a minha paz e o meu
amor. Quando você diz algo rude a mim, meus sentimentos são magoados, e eu digo que eles
estão magoados por causa do que você disse. Mas fui eu que dei a você esse poder.

(Parágrafo 6 - Sentenças 4-5) Mas, se removesses os teus, ele ficaria livre deles e dos seus
próprios também.

Vocês podem ver em seções como essa como os mesmas temas são repetidos inúmeras vezes,
dentro de uma seção em particular, de seção para seção, e de um capitulo para outro, então,
vocês perceber um senso real da natureza sinfônica do Curso.

(Parágrafo 6 - Sentenças 5-8) Os teus sonhos são testemunhas dos seus e os seus atestam a
verdade dos teus. Entretanto, se vês que não existe verdade nos teus, os seus desaparecerão e
ele compreenderá o que deu origem ao sonho.
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Novamente, é a mesma idéia. Agora, no sonho geral isso certamente é verdade. Mas, no nível
prático, seu sonho de dor ou doença, ou meu sonho de dor e doença não são reais no aspecto de
poderem tirar a paz da minha mente. Eu percebo que o que realmente tem o poder de tirar a paz a
minha paz é a minha mente, e nada mais. E é isso o que significa a última linha: “e ele
compreenderá o que deu origem ao sonho”. Deus não fez o sonho. Você não fez o sonho. Eu fiz o
sonho. O que fez o sonho é a mente. Então, sempre podemos voltar ao lugar central que a mente
detém no Curso. E não é uma mente que tem qualquer coisa a ver com o mundo ou com o corpo.

(Parágrafo 7 - Sentenças 1-3) O Espírito Santo está nas mentes de ambos [O Espírito Santo está
na minha mente e na sua também. Isso foi escrito originalmente para Helen e Bill - é por isso que
está escrito dessa forma], e Ele é Um porque não existe nenhuma brecha que separe a Sua
Unicidade de Si própria.

Isso não faz sentido para nós aqui. Uma passagem anterior no texto diz que pelo fato de
acreditarmos estar separados do Céu, o Céu vai parecer estar separados de nós (T-25.l.5:1).
Portanto, o curso fala sobre Deus, o Pai, como fora de nós. Nós nos voltamos para Ele, rezamos
para Ele. O Curso fala sobre o Espírito Santo como Alguém com Quem falamos. Na realidade,
tudo isso é Um. Deus e Cristo, o Pai e o Filho, são ambos totalmente Um. Todos os aspectos de
Cristo são totalmente Um. Uma vez que isso não faz sentido para nós aqui, o Céu é citado, como
está explicado nessa passagem, como se estivesse separado de nós. Falar sobre o Espírito Santo
como totalmente Um dentro de Si Mesmo e um dentro de nós não faz qualquer sentido para nós.

Nós podemos entender que todos compartilhamos o mesmo propósito, somos todos um em
propósito. De fato, o próprio final do texto fala sobre como nós “somos um em propósito e o fim do
inferno está próximo” (T-31.VIII.10:8). Isso nós podemos entender. Não podemos entender como
somos todos um em nossa verdadeira natureza, mas podemos entender que estamos todos
aparentemente separados nesse mundo e compartilhamos o mesmo propósito de voltar para
Casa.

(Parágrafo 7 - Sentenças 3-4) A brecha entre os vossos corpos não importa, pois o que é unido
Nele é sempre uno.

Nossa experiência nesse mundo não faz qualquer diferença. Não nos é pedido para negar nossa
experiência de diferença aqui, mas nos é pedido para tornar essa diferença sem importância. Em
outras palavras, a diferença entre nós não tem efeitos na realidade do meu amor e da minha paz.

Não importando o fato do seu sonho parecer diferente do meu, ou de que nós temos a ilusão de
nos unirmos em sonhos, nossas mentes são totalmente unificadas. Novamente, isso não faz
absolutamente nenhum sentido para nós aqui, porque nossa experiência é tão separada. Eu estou
aqui e você está lá. Todos são separados de todos. Nós temos a ilusão de um corpo cruzando o
tempo e o espaço até outro corpo, que o escuta e reage a ele. Nós temos a experiência de ler o
Curso em uma dimensão de tempo e espaço. Nós acreditamos que esse livro tem uma mensagem
para nós que veio de Jesus, que não está no livro, e nós estamos aqui. Nós não estamos no livro,
e nós pegamos a mensagem. Mas tudo isso é experienciando através do tempo e do espaço com
corpos. A realidade não é assim. Ao invés disso, é a mente falando consigo mesma.

(Parágrafo 7 - Sentenças 4-7) Ninguém é doente se alguém aceita a própria união com ele. O seu
desejo de ser uma mente doente e separada não pode continuar sem uma testemunha ou uma
causa. E ambas se vão se alguém quer ser unido a ele.
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Isso também não faz qualquer sentido se nós pensarmos na doença como sendo do corpo. Você
diz que está doente e com dor, e não faz diferença para você se a minha mente está curada ou
não - você continua doente. Mas realmente faz sentido quando redefinimos a doença como não
tendo nada a ver com o corpo, e tendo a ver unicamente com o pensamento na mente. A doença,
então, é uma decisão de ser separado.

Lembrem-se, são necessários dois para serem separados, para fazer uma doença, para fazer um
mundo. Dentro do sonho, nós literalmente fizemos a outra pessoa. Novamente, foi assim que tudo
isso começou. Havia apenas nós e Deus, e Deus não sabe nada sobre isso. Então, nós fizemos
um deus para substituir o verdadeiro Deus, e esse deus realmente sabe sobre a separação. Uma
vez que havia um deus que sabia sobre isso, entramos em conflito - entre o pecador e aquele que
sofreu o pecado. Desse conflito nasceu o sistema de pensamento do ego, e, desse nascimento,
nasceu o mundo. Então, nesse sonho, nesse mundo, todos esses outros fragmentos se uniram na
ilusão uns com os outros. Mas a causa do mundo, o ego, e a doença, é duas pessoas unindo-se
na crença de serem separadas. São necessários dois para ser separados. Se eu mudar a minha
mente, toda a coisa desmorona.

É isso o que vivemos em um nível microcósmico uns com os outros. Quando estou me
relacionamento com você, e seu sonho pede que você fique irritado comigo, e que me acuse de
algo - tenha eu feito algo ou não -, se eu não levar isso pessoalmente, a raiva não vai para lugar
algum. Se eu não reagir e for sem defesas, nada acontece. Quando eu reajo, e minha raiva
encontra a sua, nós dois nos tornamos defensivos. Nós cruzamos os chifres e o conflito se
solidifica, e parece muito real.

Refletindo sobre essas idéias novamente no contexto da doença física, podemos distinguir dois
aspectos diferentes: a própria doença é a escolha da pessoa de se identificar com ela - a reação
da pessoa a ela, ou sua interpretação dela. Essa pode ser uma distinção útil. É o mesmo que dizer
que, uma vez que estou doente, não importa de onde veio a doença. Eu apenas lido com o fato de
que estou doente, e isso é realidade para mim agora. Eu percebo que escolhi estar doente, e
agora posso escolher qual professor vai me guiar: o ego ou o Espírito Santo.

É isso o que está sob o ensinamento mais importante no manual. Ao falar sobre o corpo, o manual
diz: “Não te desesperes, portanto, por causa das limitações. É a tua função escapar delas, mas
não existir sem elas” (M-26.4:1-2). Essa é uma linha muito útil e importante. É útil porque, quando
a compreendemos, é muito gentil. Nossa função não é existir sem as limitações do corpo. Nossa
função é escapar da interpretação das limitações que o ego fez.

Se nós traduzirmos isso para a doença, minha função não é existir sem a doença; minha função,
quando escolho ficar doente, é ver minha doença como uma sala de aula na qual posso aprender
minhas lições com o Espírito Santo ao invés de vê-la como uma prisão da qual tenho que escapar,
puxando você para dentro e culpando-o por isso. Minha função não é existir sem culpa, doença ou
raiva. Minha função, ao invés disso, é não levar nada disso tão a sério quanto costumo fazer, e
não me sobrecarregar com minha interpretação e julgamento.

Para dizer de outra forma: Minha função não é existir sem a doença, mas escapar da idéia de que
as limitações do meu corpo tem qualquer poder sobre o amor do Filho de Deus que eu sou.

Nosso trabalho não é compartilhar o sonho de outra pessoa. Quando conseguimos fazer isso,
então estamos vivendo, em um nível microcósmico, o princípio macrocósmico de que Deus nunca
compartilhou nossos sistema de pensamento no início, e, portanto, nosso sistema de pensamento
não existe. Não somos solicitados a fazer isso nesse nível macrocósmico. Somos solicitados a
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simplesmente refletirmos esse mesmo princípio por não compartilharmos o sonho de mais
ninguém - ao não o tornarmos real e termos uma reação que nos tira da calma e estável paz e
Amor de Deus dentro de nós. Quando eu começo a sentir que estou perdendo a paz e ficando
agitado, zangado, preocupado, culpado, deprimido, ou seja o que for, posso perceber que comprei
o seu sonho e tornei meu sonho real, mas existe outra escolha que posso fazer. Concordei com
esse sonho, porque estava com medo do amor; mas agora pelo menos eu sei qual é o problema.
A causa da minha angústia não é a sua doença ou o seu ataque aparente a mim. A causa da
minha angústia é que eu fiquei com medo de ser feliz e pacífico; eu fiquei com medo da
proximidade do Amor de Deus que eu estava experimentando dentro de mim. É essa a causa da
minha angústia.

Parte XVII

Comentário sobre a Seção "A união maior" (T-28.IV)

(Parágrafo 7 - Sentenças 7-10) Ele tem sonhos nos quais estava separado do seu irmão, o qual,
ao não compartilhar o seu sonho, deixou vago o espaço entre eles. E o Pai vem para unir-Se a
Seu Filho, a quem o Espírito Santo se Uniu.

Nessas linhas estamos conseguindo, em certo sentido, o desfazer de todo o drama do ego: Você
e eu entramos em uma barganha de amor especial, ou em uma barganha de ódio especial, na
qual nós reforçamos os sonhos de falta, privação, ataque, canibalismo, dor, sofrimento, etc., um
do outro. Isso significa que nós dois enchemos essa pequena brecha, essa diminuta e louca idéia,
com a seriedade do que aconteceu. Nós estamos dizendo que o pensamento de separação tem
tido efeitos terríveis, e cada um de nós é responsável pela dor do outro. Quando um de nós dá um
passo para longe dessa barganha e decide não vê-la mais daquela forma - não apenas uma
verbalização, mas algo em que se crê e começa a ser experienciado - então, o campo de batalha
acabou, porque são necessários dois para ter uma batalha. Nesse ponto, aquela pessoa pode rir
da aparente seriedade do pensamento de que o pensamento da diminuta e louca idéia tem um
efeito. Se eu sou aquela pessoa, agora sou capaz de dizer que seja o que for que esteja
acontecendo no seu sonho não tem efeitos sobre mim. Eu o amo tanto quanto o amava antes de
você parecer me atacar. Isso não tem efeitos sobre mim. Eu agora estou lembrando você da
mesma escolha, e isso torna a brecha limpa. Rindo - não uma zombaria, ou um riso de ataque -
da diminuta e louca idéia, e da crença de que esse pensamento poderia ter um efeito sobre mim
como Cristo, a brecha é mantida limpa. E, então, agora nós nos unimos com o Espírito Santo, com
o Filho de Deus, o mundo todo se desvanece, e Deus se abaixa e nos ergue de volta até Ele. É
isso o que a última linha quer dizer: “E o Pai vem para unir-Se a Seu Filho, a quem o Espírito
Santo se Uniu”.

Nós primeiro nos unimos ao Espírito Santo e ao Filho de Deus, o que inclui você. O Filho de Deus
não sou apenas eu. Ele inclui a todos, especialmente você, que é meu parceiro de amor especial.
Quando nos unimos, nos re-unimos ao Espírito Santo e todo o sistema de pensamento do ego
desaparece em sua própria nulidade. Tudo se vai e nós despertamos do sonho. O símbolo do
Curso para o despertar do sonho, novamente, é Deus se abaixando e nos erguendo de volta até
Ele. Esse é o último passo de Deus (T-11.VIII.15:5).

(Parágrafo 8 - Sentenças 1-2) A função do Espírito santo é tomar o retrato quebrado do Filho de
Deus e colocar as partes no lugar outra vez.

Isso não significa que Ele faz quebra-cabeças, ou que Ele senta com todas as peças e as coloca
juntas - não é algo que Ele faz. É uma imagem. Sua própria Presença na mente, Seu Amor,
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representa a Unicidade de Cristo e a unidade com Deus - e essa Unicidade une todos os
fragmentos aparentes.

Logo no início, nós éramos como uma enorme placa de vidro que pareceu se despedaçar. Mas,
antes de se despedaçar, a memória do Amor de Deus já estava dentro dela. Quando a
fragmentação aconteceu, toda a coisa se despedaçou em bilhões e bilhões de fragmentos - todo
o universo físico. A memória do Amor de Deus ainda está dentro de cada fragmento, e essa
memória é totalmente unificada. Apesar da aparente fragmentação do sonho no qual estamos
todos separados, a realidade é que somos todos um. Do ponto de vista da placa de vidro
fragmentada, parecemos ser muito diferentes. Mas, do ponto de vista da mente que é totalmente
uma, o que é, da perspectiva do Espírito Santo, somos todos um, simplesmente tendo um sonho
tolo.

Jesus deu a Helen uma imagem (ela não está no livro, mas era uma imagem para ajudá-la a
entender o tempo) da eternidade como uma linha contínua sólida, com o tempo sendo uma espiral
descendente saindo dela. A espiral representa a ilusão do tempo e do mundo. De qualquer ponto
da espiral, parece que a linha está rompida. Do ponto de vista da linha, nada aconteceu. A linha,
que representa a unidade de Deus e de Cristo - a unidade do Céu - é totalmente contínua. Mas,
da espiral, que é onde acreditamos estar, a linha parece estar rompida, e, em cada ponto diferente
da espiral, tudo parece diferente. Então, todos nós temos diferentes experiências uns dos outros,
de Deus, e do Céu na espiral. A verdade é, obviamente, que a espiral nunca aconteceu.

Jesus disse a Helen que o propósito do Espírito Santo é endireitar a espiral para que ela se torne
uma linha sólida. Tudo então se torna o mesmo, e nós percebemos que somos todos o mesmo.
Do ponto de vista da fragmentação - qualquer parte na espiral - todos nós parecemos ser
diferentes, e o pensamento de que poderíamos ser totalmente unificados, como já mencionei, é
absolutamente impossível de compreender. Mas nós podemos compreender que compartilhamos
o mesmo propósito. A idéia de que somos todos um não faz sentido para nós. Mas, para o Espírito
Santo, Que é aquele Pensamento de Unicidade, essa é a única idéia que faz sentido, porque nada
mais aconteceu. É assim que o Espírito Santo une toda a Filiação. Novamente, Ele não põe
literalmente as peças de volta, porque as peças nunca se fragmentaram para início de conversa. É
a memória de perfeito Amor na mente de cada um de nós que nos une e cura as peças
aparentemente quebradas, o retrato quebrado.

(Parágrafo 8 - Sentenças 2-4) Esse retrato santo inteiramente curado, Ele estende a cada pedaço
que pensar ser um retrato em si mesmo.

Cada um de nós acredita que somos uma parte separada, um todo em nós mesmos. Nossas vidas
parecem ter um início, um meio e um fim. Nós temos um corpo que demarca nossa posição face-
a-face diante de outra pessoa. Nós temos uma personalidade e um processo de pensamento que
está só dentro de nós. Nós temos pensamentos privados que não têm que ser compartilhados
com mais ninguém. Nós acreditamos que somos um retrato e um universo inteiro em si mesmo.
Antes, o texto fala sobre o todo como sendo maior do que a soma de suas partes. O retrato
unificado de Cristo é mais do que apenas a soma total de todos os fragmentos (T-2.VII.6:3),
porque Cristo é a unidade total, e essa unidade transcende os fragmentos individuais ainda que
estejam todos juntos.

(Parágrafo 8 - Sentenças 4-7) A cada um deles, Ele oferece a Identidade que lhe é devida, Aquela
que o retrato total representa ao invés de apenas uma pequena parte quebrada que ele insistia ser
ele próprio.
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A cada parte aparentemente separada, o Espírito Santo oferece a identidade total. Em outras
palavras, a cada vez que sou tentando a ver você como separado de mim, a presença do Espírito
Santo em minha mente é o lembrete de que você e eu somos um. Ao não vê-lo como separado,
como compartilhando um sonho separado, como tendo uma identidade separada, ou como
compartilhando um propósito diferente de mim, estou iniciando o processo de reconhecer que
somos um. Nesse processo de reconhecimento de que somos um, vou chegar ao reconhecimento
de que somos um em Cristo, e que compartilhamos aquela Identidade com um Ser. Eu me torno
consciente de que não sou essa pessoa separada que tem uma identidade separada da sua, que
tem um corpo com uma origem e uma personalidade separadas de você. Nós todos
compartilhamos a mesma necessidade de voltar para casa e a mesma Identidade dentro desse
lar.

(Parágrafo 8 - Sentenças 7-8) E quando ele vir esse retrato reconhecerá a si mesmo.

Quando eu puder reconhecer que somos todos um, e que você é uma parte de Cristo, vou
reconhecer que sou uma parte de Cristo também.

(Parágrafo 8 - Sentenças 8-10) Se não compartilhas o sonho mau do teu irmão, esse é o retrato
que o milagre irá colocar dentro da pequena brecha, limpa de todas as sementes de doença e
pecado.

A palavra “mau” é uma palavra muito forte. Mas isso significa que até mesmo um sonho de
doença, um sonho de ser uma vítima inocente, é um sonho mau, porque é um ataque vicioso à
unidade de Cristo, à unidade da Filiação, e à Deus. Estou dizendo que eu sou um copo que pode
sofrer. Se eu sou um corpo que pode sofrer, estou dizendo que matei Deus, e meu corpo agora,
mesmo que ele esteja morrendo, é a prova de que derrotei Deus. E eu me sinto culpado por causa
disso. É aí que o pensamento do mal vai entrar. Jesus não está dizendo que isso é o mal. Ele está
refletindo de volta para nós nossa própria culpa por causa da crença de que matamos Deus, e
esse é um pensamento mau, vicioso e pecaminoso. Ele não está julgando esses sonhos como
maus. Ele está refletindo para nós o fato de que os julgamos como maus.

Se nós fizermos a nossa parte em desfazer nossa crença na realidade do sonho, estamos
clareando ou limpando aquela pequena brecha. Dentro daquela brecha então, iríamos reconhecer
que, assim como todos nós somos um nesse mundo ansiando voltar para casa, somos todos um
no mundo de Deus também. É isso o que o milagre faz - ele nos traz de volta à mente. Dentro da
mente, quando ficamos ao lado do Espírito Santo ou Jesus e olhamos para o sonho, percebemos
que estamos ao lado de todos os outros também. E as sementes da doença e do pecado foram
removidas por termos lavado tudo.

(Parágrafo 8 - Sentenças 10-12) E aqui o Pai irá receber o Seu Filho, porque o Seu Filho foi
benevolente para consigo mesmo.

Isso iguala exatamente o que foi dito no parágrafo anterior. Existe uma seção maravilhosa
chamada “O espaço que o pecado deixou” (T-26.IV) - aqui, dentro da pequena brecha que agora
foi limpa está o espaço que o pecado deixou. Esse lugar na mente, para o qual nos voltamos por
não mais nos identificamos com a história de pecado do ego, é o espaço que o pecado deixou.
Isso é o mundo real. O Curso explica - mas não dentro do contexto do tempo - que quando
atingirmos o mundo real nós “mal teremos tempo de agradecer a Deus por ela” (T-17.ll.4:8) antes
que Ele se abaixe e nos eleve de volta até Ele. Em outras palavras, nós fazemos uma pausa por
um breve momento e, então, o mundo todo termina. Isso está escrito, não do nosso ponto de
vista, mas do outro lado.
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Nosso trabalho é limpar o lugar onde nós demos as boas vindas ao pecado, e nos identificamos
com ele - agora nos desligando dele, olhando para ele, e dizendo: Isso é um sonho que eu
escolhi, mas eu agora posso escolher outro sonho, que são os sonhos felizes. E quando todos os
sonhos felizes tiverem substituído todos os pesadelos, Deus virá.

Ser “benevolente consigo mesmo” significa que eu aprendi a ser benevolente com todos os outros.
Ao invés de atacar você e reforçar seus sonhos de pecado, ataque e medo, eu me torno
benevolente com você, percebendo, finalmente, que você é uma parte de mim. E eu não ataco
mais a você nem a mim. Dessa experiência de ser benevolente, bom e gentil, todos os
julgamentos e ataques do ego são desfeitos. O que resta, então, é o que sempre esteve lá - o
Amor de Deus.

O próximo parágrafo começa com uma oração de Jesus para Deus, o pai. Existem vários lugares
desses no Curso, onde a narrativa é interrompida e Jesus inicia uma oração, o que, obviamente, é
sempre para nosso bem.

(Parágrafo 9-1-3) Graças Te dou, Pai, sabendo que virás para fechar cada pequena brecha que
existe entre os pedaços quebrados do Teu Filho santo.

Claramente, Jesus não está rezando para Deus do ponto de vista de Deus. Obviamente, Deus
nem mesmo escuta palavras. Isso é uma forma literária através da qual Jesus está nos ensinando
que o resultado é tão certo quanto Deus - e que os pedaços quebrados do Filho de Deus serão
curados através de nossa aceitação da presença do Espírito Santo. Uma vez que façamos isso e
deixemos ir todas as sementes de pecado, culpa e doença que estão nessa pequena brecha - de
forma que essa brecha fique limpa - o que resta, então, é o último passo de Deus.

(Parágrafo 9 - Sentenças 3-4) A Tua santidade, completa e perfeita, está em cada um deles.

Isso lembra um pouco a versão do Pai Nosso do curso, que vem no final do Capítulo 16. A
santidade e a perfeição de Deus, a perfeição de Cristo, está dentro de nós. Isso não significa,
como vou explicar melhor, que ela está dentro dos nossos corpos. Significa que a memória do
Amor de Deus ainda está dentro da mente que projetou-se em um corpo. A memória do Amor de
Deus em nossas mentes é o que é completa, perfeita e santa. E isso é o Espírito Santo.

(Parágrafo 9 - Sentenças 4-5) E eles estão unidos porque o que está em um está em todos.

Todos os fragmentos aparentes estão unidos - mentes são unidas - por causa da presença do
Espírito Santo que está igualmente em cada um de nós. Do lado de cá, nós todos parecemos
diferentes. E a idéia da perfeita Unicidade de Cristo parece impossível e inconcebível. Mas, do
outro lado, do instante santo, isso não só é possível como sempre foi assim.

(Parágrafo 9 - Sentenças 5-9) Como é santo o menor dos grãos de areia quando ele é
reconhecido como parte do retrato completo do Filho de Deus! As formas que os pedaços
quebrados parecem tomar nada significam. O todo está em cada um. E cada aspecto do Filho de
Deus é exatamente o mesmo que qualquer outra parte.

Essa é uma passagem importante que pode facilmente ser mal compreendida como uma
expressão de panteísmo - isto é, que Deus está em tudo no mundo: Ele está no menor grão de
areia, em uma cadeira, em um porta casacos, nas pessoas, nos animais, etc. Não é o que isso
quer dizer. Isso significa que a presença de Deus é total dentro da mente de todos. Dentro de
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cada um de nós como uma mente está a perfeita presença do Amor de Deus - que é o Espírito
Santo.

Como egos, nós emparedamos essa parte do lado de fora, e, então, nos identificamos com o
oposto do Amor de Deus, que é nosso ódio por Deus. Nós experienciamos a nós mesmos como
um ser culpado e limitado, então, pegamos esse pensamento e o projetamos para fora, para que
agora ele parecesse ter tomado uma forma. Eu digo “parece ter tomado uma forma” porque, na
realidade, não existe forma. Mas parece haver formas aqui - então, parece haver grãos de areia e
outros minerais, vegetais e animais, e todas as formas que chamamos de objetos animados e
inanimados - coisas que estão “vivas” e coisas que “não estão vivas”. Tudo isso são formas e
maneiras diferentes de tentar disfarçar o Amor de Deus que está dentro da mente que criou todas
essas formas.

Deus não está nas formas, Deus não está no sonho. Deus está na mente do sonhador. Essa é a
idéia chave que vai ajudá-los a evitar ficar presos acreditando que Deus está em tudo, ou que o
Curso está dizendo que Deus está em tudo. Existem muitas passagens como esta, e vou
mencioná-las em um minuto - que parecem dizer isso sobre Deus - mas isso iria significar que
Deus é parte do sonho. Nós temos visto como nos tem sido pedido para não sermos uma parte do
sonho, mas uma parte da mente. Então, se Jesus está nos pedindo para fazer isso, obviamente,
Deus não está envolvido com o sonho também.

Na primeira de duas lições sucessivas do livro de exercícios está a afirmação, “Deus está em tudo
o que eu vejo” (LE-pl.29), e, na mesma lição, somos solicitados a dizer que Deus está em um
cabide de casacos, Deus está nesta lâmpada, etc. Então, a lição seguinte diz “Deus está em tudo
o que eu vejo, pois Deus está em minha mente” (LE-pl.30). Uma vez que Deus está na minha
mente e eu me identifico com Ele, então, Deus está em tudo o que eu vejo. E, quando o Curso diz
“Deus está na minha mente”, ele realmente quer dizer que a memória de Deus - que é o Espírito
Santo - está na minha mente. Em muitas passagens, especialmente no livro de exercícios, o
curso usa a palavra Deus quando realmente quer dizer o Espírito Santo, a presença de Deus na
mente. Então, a Lição 193 diz, “Todas as coisas são lições que Deus quer que eu aprenda”,
entretanto, Deus não ensina. Curso é muito claro sobre isso. O Espírito Santo é nosso
Professor e é citado como nosso Professor. Deus não ensina. Então, a lição realmente está
dizendo que todas as coisas são lições que a presença de Deus, ou a voz, o Espírito Santo, quer
que eu aprenda. O Espírito Santo é a memória do Amor de Deus, e representa a presença de
Deus na mente. Quando nos identificamos com essa memória de Amor, olhamos à partir desse
ponto de vista e vemos o Amor refletido em todos os lugares.

Indo ainda mais ao ponto, essas lições explicam que são sobre o propósito. As lições estão
dizendo que o propósito de Deus, ou o propósito do Espírito Santo, está em tudo o que eu vejo,
porque ele está na minha mente. Em outras palavras, cada coisa nesse mundo se torna uma sala
de aula. O ego vê o mundo como uma prisão da qual nunca poderemos escapar, enquanto o
Espírito Santo vê o mundo como uma sala de aulas que nos ensina não apenas o que fazer para
escapar, mas que nem mesmo estamos lá. O propósito de tudo no mundo do ponto de vista do
ego é nos aprisionar ainda mais em seu sistema de pensamento. Uma vez que acreditemos que
existe algo real no mundo, estamos dizendo que a separação é real, que o ego é real, e que Deus
não é real, etc. É por isso que o ego fez o mundo - para ser um ataque a Deus.

O que o ego fez, o Espírito Santo agora usa para virar a mesa em relação a ele. O mundo se torna
uma sala de aula na qual acabamos aprendendo que não existe mundo. É isso que essa
afirmação está dizendo: o propósito de Deus está no mundo. Não que ele esteja literalmente no
mundo em si mesmo, porque não existe mundo. O propósito de Deus está na mente. Mas, pelo
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fato de acreditarmos que estamos no mundo, e termos nos levado da mente para o mundo, nós
também levamos a memória do amor de Deus da mente para o mundo e para o corpo.

Então, quando o Curso diz que o menor grão de areia é parte do Filho de Deus, ele não quer dizer
literalmente que tudo físico é parte da Filiação. Novamente, isso tornaria o sonho real. Isso
significa que tudo no mundo físico é uma projeção do pensamento do ego que está na mente,
mas, contida na mente, também está a memória do Amor de Deus. O Curso não está dizendo que
nós deveríamos reverenciar ou adorar as diferentes formas que estão neste mundo. O mundo não
é santo, a terra não é santa, as pessoas não são santas. Nada é santo nesse mundo, porque não
há nada aqui. O mundo não é santo, mas também não é não-santo.

Tornar qualquer coisa nesse mundo real e importante é cair na armadilha de tornar o erro real. A
idéia é que nós não nos unamos ao sonho. Já falamos sobre isso antes. Nós não nos unimos com
o sonho, nós nos unimos com o sonhador. E o sonhador está na mente, onde o Amor de Deus
está, e onde o ódio do ego está. Nós aprendemos que assim como escolhemos o ódio do ego
para ser a realidade, podemos agora mudar nossas mentes e escolher o Amor de Deus como
nossa realidade. O que torna tudo nesse mundo santo é o propósito que damos a ele, não o
mundo em si mesmo.

Muitas pessoas pensam que certos objetos ou certos lugares são santos. É verdade, por exemplo,
que cristais têm uma certa força eletromagnética sobre eles e dentro deles, mas as pessoas
confundem isso com espiritualidade. Se formos ver isso literalmente - o Curso nos diz que
fazemos essa confusão - a primeira lei do caos do ego, de que existe uma hierarquia de ilusões,
então, nós olhamos para um cristal e dizemos que ele tem mais poder ou força espiritual do que
uma rocha comum ou um pedaço de pedra. Ou, da mesma forma, pode existir um determinado
lugar no mundo que é ponto de poder, em oposição a outro, e então, o chamamos de local
sagrado.

O local mais sagrado em toda a terra está na mente, a que o Curso se refere muitas vezes como o
altar. É fácil começar a ver, a partir do ponto de vista do Curso, todos os erros que as pessoas
cometem, quando reconhecemos que literalmente nada nesse mundo é real - tudo é um sonho. O
Curso diz isso literalmente quando pede que não compartilhemos os sonhos de outras pessoas,
sejam eles sonhos da santidade de lugares ou de pessoas santas, ou de objetos e minerais
santos, ou sonhos que parecem ser de ataque. Jesus está nos pedindo para não nos unirmos ao
sonho - não para ciarmos a ele qualquer realidade ou poder. Ao invés disso, nós olhamos em
direção ao sonhador, onde o poder está.

Deixem-me ler essa linha outra vez: “As formas que os pedaços quebrados parecem tomar não
significam nada”. Entretanto, as formas são legião. São as formas do homo sapiens, de outros
animais, de vegetais, minerais - todas essas formas. Antes, perto do final de “As leis do caos”, o
Curso diz, “Não há vida fora do Céu” (T-23.ll.19:1). Essa é outra dessas afirmações destinadas a
ser entendidas bem literalmente. A divisão que nós fizemos entre animado e inanimado é ilusória.
É claro que não nos detemos aí. Nós temos um sistema de classificação extenso, de acordo com
o qual classificamos tudo que é animado, todas as diferentes formas de vida - a Grande Cadeia
de Seres, como as pessoas se referem a isso -, e todas as diferentes formas de seres inanimados.
Tudo o que estamos fazendo é dividir a ilusão cada vez mais. Nós nunca encontramos a resposta
para o que é a vida, porque a resposta não é encontrada aqui. A resposta é encontrada na mente,
onde escolhemos nos virar da vida em direção à morte. Quando voltarmos à vida, em direção ao
Espírito Santo, vamos começar a entender o que a vida é e o que não é. Isso não significa que
qualquer coisa nesse mundo seja não-santa, ou que estudar qualquer dessas formas seja errado,
desde que as estudemos com um sorriso no rosto.
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Novamente, a linha final desse parágrafo: “E cada aspecto do filho de Deus é o mesmo que
qualquer outra parte”. Não existe hierarquia de ilusões.

Parte XVIII

Comentário sobre a Seção "A união maior” (T-28.IV.10)

(Parágrafo 10 - Sentenças 1-2) Não te unas aos sonhos do seu irmão, mas une-te a ele [sua
mente, não seu corpo ou seus sonhos], e aonde te unes ao Seu Filho, lá está o Pai.

A real importância dessa afirmação pode ser entendida investigando-a mais profundamente. Se é
verdade, como ela diz, que quando eu me uno a você vou encontrar Deus - e, entretanto, é de
Deus que tenho tanto medo, porque meu ego me disse que não quero ficar frente a frente com Ele
de forma alguma porque Sua ira e Sua vingança vão me destruir - então, a maneira de me manter
longe Dele sempre será manter você longe. É por isso que todos nós temos tantos problemas com
a união verdadeira, o que significa verdadeiramente liberar todas as barreiras que nos separam. E
é por isso que temos um investimento tão imensamente forte em relacionamentos especiais - eles
mantêm o Amor de Deus distante.

Da mesma forma, o Curso diz que “a memória de Deus vem à mente quieta” (T-23.1.1:1). Se eu
não quero chegar nem perto da memória de Deus, porque isso - como passei a acreditar - é a
memória do meu pecado e a espantosa natureza da minha culpa, sem mencionar a fúria de Deus,
então, tudo o que eu tenho que fazer é manter minha mente ocupada, para que não esteja mais
quieta. Ela está sempre correndo, sempre pensando, sempre fazendo o que o Curso chama de
“gritos estridentes” (LE-pl.49.4:2). Ficamos aterrorizados, se nossa mente estiver quieta, que Deus
a invada, o que, é claro, é verdadeiro.

É a mesma idéia do ego enchendo a pequena brecha com todas as suas sementes de pestilência,
pecado, culpa e doença. Se a brecha é mantida limpa, o ego nos diz, Deus virá, o que,
novamente, é verdade. Se eu tenho medo de Deus, o que o ego me ensinou a acreditar que eu
deveria ter (todos nós acreditamos logo no início que Ele deve ser temido), então, a maneira de
mantê-Lo distante é nos manter irritados, para manter nossa mente barulhenta, nos mantermos
preocupados com tudo que não significa absolutamente nada. E, então, nos mantemos doentes,
ansiosos, preocupados, culpados, etc. - o valor disso é manter Deus distante.

É isso o que o Curso diz, nós somos atraídos pela culpa, dor e morte (T-19.IV-A,B,C). Nós
pensamos que temos medo disso. Na realidade, sentimos atração por isso, porque elas mantêm o
Amor de Deus - que o ego nos disse não ser amor mas ira - longe de nós.

Entretanto, se estivermos mesmo querendo voltar para casa e poder experienciar a ânsia de ouvir
aquela canção esquecida novamente - para conhecer o Amor de Deus, para pegar a mão de
Jesus e voltarmos com ele - então, deveríamos demonstrar nossa seriedade liberando todas as
ofensas que mantemos uns contra os outros. Deixaríamos ir nosso investimento em nos unir aos
sonhos dos outros, sejam sonhos de aliança contra outros ou contra Deus, ou alianças para
provar que a doença e a dor são reais, ou, acima de tudo, alianças para provar que não somos
responsável pelo que pensamos, sentimos, ou pelo que acontece conosco - alguém mais é
responsável. Se nós realmente queremos conhecer Deus e voltar para casa, temos que voltar
para o lugar de onde originalmente saímos, a mente.
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Esse é o lar para onde retornamos primeiro, nosso lar fora do lar. É nesse lugar na mente que
escolhemos contra o Espírito Santo e agora podemos escolhê-Lo. Esse, então, é realmente nosso
lar longe do lar, porque é nosso lar com o Espírito Santo - o mundo real. Nós chegamos lá
liberando todos os nossos investimentos em estarmos certos sobre como julgamos o mundo e
tudo nele, especialmente a nós mesmos, percebendo que não somos vítimas inocentes. É isso o
que a falsa empatia forja - a idéia de que as pessoas são vitimadas -, essas pobres, pobres
pessoas que sofrem no mundo. Esse tipo de atitude não é amorosa.

(Parágrafo 10 - Sentenças 2-3) Quem busca substitutos quando percebe que nada perdeu?

Isso é uma referência aos relacionamentos especiais, que começam com a idéia de que perdemos
a inocência de Cristo. Nós acreditamos que existe algo faltando em nós, algo de que
necessitamos. Nós não acreditamos que Deus vai dar isso para nós - e a razão pela qual Deus o
tem é que Ele o roubou de nós para início de conversa. Então, nós temos que consegui-lo das
outras pessoas, e isso é especialismo.

Uma das palavras chaves que o Curso usa, como faz aqui, como sinônimo para relacionamentos
especiais, é “substituto”. Nós substituímos o Amor e a paz de Deus por algo ou alguém no mundo.
Isso inclui tanto pessoas quanto vícios, por exemplo. Eu sinto esse grande buraco de ansiedade
no meu estômago e não posso funcionar. A paz de Deus não vai funcionar; eu não quero a paz de
Deus porque acredito que ela vai me destruir. Então, pego alguma substância que vai mitigar a
dor, seja aspirina, álcool, comida, cocaína, ou qualquer outra coisa. Eu tomo algo que vai mitigar a
dor e acabo com toda aquela ansiedade e terror - isso se torna um substituto para Deus. Ou eu
me sinto sozinho. Eu não quero olhar para a causa da minha solidão, que é que eu me separei de
Deus e deixei o lar. Então, pego outros corpos - atraio outros corpos que vão me impedir de me
sentir sozinho. Esse é o significado dessa passagem - eu busco substitutos porque sinto que algo
está faltando em mim. Quando me re-uno a Jesus ou ao Espírito Santo em minha mente, então
me lembro de que tenho tudo, porque já tenho o Amor e a paz de Deus. Eu não preciso buscar
nada mais como um substituto.

(Parágrafo 10 - Sentenças 3-4) Quem iria querer ter os “benefícios” da doença quando recebeu a
felicidade simples da saúde?

“Benefícios” é colocado entre aspas porque, obviamente, não são reais. A saúde realmente
significa a paz de Deus. Perto do início do texto, Jesus diz que “a saúde é a paz interior” (T-
2.l.5:4). Essa é uma idéia importante que pode ser extremamente útil. Quando estamos doentes e
com dor - quer estejamos falando sobre dor física ou emocional -, é útil percebermos que nós a
escolhemos. Se nós a escolhemos, existiu uma razão para isso. Nós a escolhemos porque
queríamos manter o Amor de Deus distante de nós.

A pergunta que Jesus está fazendo é: É isso mesmo o que você quer? Você realmente quer o que
está conseguindo da doença, da infelicidade, e do sentimento de estar sendo tratado de forma
injusta e vitimado, quando, ao invés disso, você poderia ter uma saúde que vem da paz interior? A
resposta que deveríamos dar se fôssemos honestos seria: Sim, eu realmente quero ser miserável,
eu não quero ser feliz. Eu prefiro estar certo em minha miséria do que ser feliz e dizer que estava
errado, que Deus não é meu inimigo, Deus é meu amigo.

Isso, basicamente, é outra forma de resumir o Curso a uma idéia muito simples. Sempre que
estamos infelizes, seja por qual razão for, seja de que forma, é porque nós dissemos: Eu não
valorizo o Amor de Deus - eu valorizo a raiva, estar certo, a vitimação, a dor. Tudo o que temos
que fazer nesse ponto é reconhecer que é isso o que escolhemos. Não precisamos tentar fazer
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outra escolha, ou nos forçar a mudar. Nós simplesmente temos que estar cientes disso e olhar
para o fato de que se eu estou irritado, transtornado ou ansioso, é porque escolhi assim - nesse
ponto particular da minha insanidade, eu valorizo isso mais do que valorizo o amor de Jesus. Eu
iria preferir imensamente estar com outro corpo, em dor e especialismo, do que estar com ele. Nós
simplesmente temos que dizer: Sim, foi isso o que eu escolhi - e, então, sermos capazes de olhar
para essa escolha, sem julgamento, tanto para nós mesmos quanto para os outros.

O próprio fato de que todos nós estamos aqui nesse mundo - ou acreditamos estar aqui nesse
mundo - está nos dizendo o que nós escolhemos. Todos nós dissemos que preferimos estar
nesse mundo, em um corpo, do que estar sem um corpo e estar em casa, no Céu. Uma vez que
ninguém tem o poder de fazer nada contra nós ou para nós exceto nós mesmos, o fato de que
estamos todos aqui está dizendo que respondemos que preferimos estar certos a ser felizes. Por
causa de ser um fato dentro do sonho que todos nós estamos aqui, segue-se que tudo o mais que
fazemos vai representar a mesma escolha, até mudarmos nossas mentes.

A idéia é sermos capazes de aceitar a total responsabilidade pelo que estamos sentindo e
experienciando. É por isso que eu me unir a você em empatia por sua dor e sofrimento não ajuda -
isso reforça o que você escolheu e diz: Sim, é verdade, você está certo. Você tomou a decisão de
não ser feliz, e, agora, estou de acordo com ela também. Nós dois agora acreditamos que
estamos ainda mais certos do que antes, porque reforçamos essa decisão. E, então, é claro, nós
queremos encontrar muitas outras pessoas que concordem com ela. É por isso que você vê
bastante no mundo com que rapidez todos embarcam na idéia de se identificar com as vítimas
inocentes. Por exemplo, houve uma garota presa em um poço há dois anos atrás - todos queriam
canonizá-la. Ela não fez nada além de cair em um poço, mas as pessoas iam transformá-la em
uma pequena santa. Cair no poço foi a escolha da sua mente, então, não é útil nos identificarmos
com ela como uma vítima. Mas é assim que são todos tão insanos nesse mundo.

(Parágrafo 10 - Sentenças 4-6) O que Deus deu não pode ser perda e o que não pertence a Ele
não tem efeitos.

O que não é Dele é tudo o que é do ego. E se não tem efeitos, então, não pode ser uma causa; e,
se não é uma causa, não existe. Então, absolutamente tudo que não é de Deus não tem efeito
nenhum. Até mesmo a forma do Espírito Santo - de Quem o Curso algumas vezes fala como
tendo sido dado por Deus - é uma ilusão em nossas mentes. O Esclarecimento de Termos diz
que a Voz do Espírito Santo não é Quem Ele é (ET-6.1:4-5).

(Parágrafo 10 - Sentenças 6-8) O que, então, irias tu perceber dentro dessa brecha? As sementes
da doença vêm da crença em que existe alegria na separação e desistir dela seria um sacrifício.

As “sementes da doença” são o que nós tornamos real dentro da brecha. Nós todos escolhemos a
alegria do ego ao invés da alegria de Deus. Jesus diz que nós realmente pensamos que existe
uma diferença entre prazer e dor nesse mundo, porque queremos provar que o corpo é real. O
que nós chamamos de prazer ou alegria é exatamente a mesma dor - é apenas seu lado mais
agitado. Ambos são firmados na crença sobre a realidade do corpo - suas satisfações ou
aversões, então, ambos tornam o corpo real. Uma vez que dentro do sonho nós nos identificamos
com o sonho e nos tornamos o sonho, e, portanto, nos tornamos esse ser limitado, sofredor e
sacrificial, nós acreditamos que abrir mão da brecha da separação seria um sacrifício, porque isso
iria significar o fim da nossa identidade como um ser egóico. É por isso que nos agarramos tanto a
estarmos sempre certos, a ficarmos bravos e justificar nossa raiva, e a nos justificarmos por estar
em um corpo, tornando o corpo real, e estando preocupados com ele. Nós nos agarramos à nossa
identificação corporal porque é isso que acreditamos ser, e é por isso que nós então brigamos -
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quer estejamos fazendo isso de forma ativa ou sutil - contra o perdão, contra liberar as mágoas,
contra deixar ir nosso investimento na doença, na verdade, contra deixar ir nossa crença na
realidade da doença.

É por isso também que as pessoas têm tantos problemas com a idéia no Curso de que Deus não
criou o mundo. Se isso for verdade - que Ele não criou o mundo - isso significa que ele não tem
nada a ver com o corpo. E se Deus não tem nada a ver com nada disso, isso significa que não
existe. E, então, ao invés de liberar esse ser falso que eu acredito ser minha identidade, eu me
agarro a ele ainda mais. É por isso que o ego diz que é um sacrifício abrir mão da noção de que
as sementes da doença - pecado e culpa - que estão nessa pequena brecha são reais.

(Parágrafo 10 - Sentenças 8-10) Mas, quando não insistes em ver na brecha o que não está lá, os
milagres são o resultado.

O milagre nos ajuda a tirar nossa atenção do mundo, onde nós acreditamos que os efeitos da
doença - as sementes da doença - estão, e voltarmos para dentro da mente, para onde podemos
olhar agora. Portanto, nós voltamos para a mente e olhamos para o que escolhemos. O ego, como
sabemos, nunca nos deixa olhar para o que escolhemos, mas agora nós olhamos para isso e
dizemos: Isso é insano; eu não o quero mais. Nesse ponto, iniciamos o processo de fazer outra
escolha. Mas nós primeiro temos que olhar para o que tem sido as dádivas do ego. Nós não
olhamos dentro da mente enquanto acreditamos que o mundo é real e que os sonhos, as doenças
e a vitimação são reais. E nosso investimento na vitimação é enorme. Na verdade, é o mesmo que
o nosso investimento na totalidade do sistema de pensamento do ego.

(Parágrafo 10 - Sentenças 10-11) A tua disponibilidade para deixar que as ilusões desapareçam é
tudo o que Aquele Que cura o Filho de Deus requer.

Esse é outro desses temas importantes do Curso - a pequena disponibilidade que o Espírito
Santo nos pede. Ele não pede uma grande disponibilidade, e essa pequena disponibilidade que
ele nos pede é simplesmente iniciarmos o processo de questionar a validade do que tornamos real
- o sonho e nossa identificação do sonhador com o sonho. Essa é a pequena disponibilidade. Não
somos solicitados a liberar as ilusões. Nós simplesmente somos solicitados a ter a disponibilidade
de deixá-las ir. E isso significa simplesmente que queremos olhar.

Se eu puder olhar para o meu sonho e para minhas reações a você, o “eu” que está olhando não
pode ser o sonho; precisa ser o sonhador do sonho. E, se eu olhar para o sonho sem julgamento,
raiva e culpa, então, obviamente, não estou olhando com o meu ego, o que automaticamente
significa que estou olhando com Jesus ou com o Espírito Santo. E, se eu estou olhando com eles,
já iniciei o processo de desfazer a separação, que é a causa do problema para início de conversa.

Então, a disponibilidade é simplesmente a disponibilidade de dizer que, apenas talvez, eu estava


errado. Portanto, quando estou envolvido com você e você fica transtornado ou doente, e eu me
vejo tendo uma reação a você - me sentindo aborrecido, culpado, ansioso, ou amedrontado por
sua causa - seja qual for a forma da minha reação, qualquer uma que não seja pacífica - então,
tudo o que eu tenho que fazer é reconhecer “Eu nunca estou transtornado pela razão que
imagino” (LE-pl.5). Eu não estou transtornado por sua causa. Eu estou transtornado por causa do
que escolhi, e estou simplesmente usando sua situação como um bode expiatório para que eu não
tenha que olhar para minha própria responsabilidade pelo modo como estou me sentindo.

É assim que eu começo a me afastar da identificação com o seu sonho, e a mostrar a você, assim
como a mim mesmo, que o seu sonho não teve efeitos sofre mim. É isso o que me ajuda a voltar
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para o tomador de decisões na minha mente que escolheu ficar transtornado para início de
conversa - o que significa que agora estou me identificando com o sonhador na minha mente. E é
assim que eu ajudo a curar você, porque me tornei o lembrete do sonhador que está em você.

(Parágrafo 10 - Sentenças 12-13) Ele colocará o milagre da cura aonde estavam as sementes da
doença. E não haverá nenhuma perda, apenas ganho.

Basicamente, o que estamos fazendo é transferir, ou mudar, dos pesadelos do ego para os
sonhos felizes do Espírito Santo - dos pesadelos de doença para os sonhos felizes de cura. Uma
vez que o ego nos disse que aceitar a cura, aceitar o desfazer do ego, aceitar a Expiação será
uma perda - uma perda de mim mesmo -, nós aqui somos ensinados que não haverá nenhuma
perda, apenas ganho. Em outras palavras, o Espírito Santo é nosso amigo, não nosso inimigo.

Nós podemos ver como o mundo cristão projeta seu ego inconsciente em Jesus. A lição da cruz e
a mensagem das igrejas sempre foram que Deus quer que nós desistamos das coisas. Existe uma
linha no Evangelho de João que, obviamente, Jesus nunca poderia ter dito, “Prova de amor maior
não há, do que dar a vida pelos irmãos” (João 15:13). Não existe amor nisso; isso é sacrifício.
Essa afirmação claramente implica que existe uma perda. E, então, o grande amor que Jesus teve
pelo mundo foi que ele deu a sua vida. Mas, ele não poderia dar um vida que nunca teve para
início de conversa, porque “não há vida fora do Céu” (T-23.ll.19:1).

O mundo, que não é nada mais do que uma forma específica do sistema de pensamento do ego,
posto como se fosse palavra de Jesus, ou palavra de Deus, é a idéia de que Deus demanda
perda. Se nós queremos colher os benefícios do Seu Reino e ser acolhidos de volta em Sua Casa,
temos que dar todas as coisas. Temos que perder. Então, essa linha é uma correção da idéia de
que Deus exige perda.

Não existe perda de forma alguma. Deus não nos pede para desistirmos de nada, exceto da
nossa crença na realidade da culpa. É tudo o que somos solicitados a desistir. Ele não está nos
pedindo para desistirmos de nada no sonho, porque isso seria um absurdo. Se Deus ou o Espírito
Santo nos pedissem para desistir de qualquer coisa no sonho, teria que haver um sonho. Não nos
é pedido para desistir de nada no sonho. Nós simplesmente somos solicitados a desistir de nosso
investimento em que existe algo no sonho.

Essa é outra forma de dizer que o Espírito Santo não tira nossos relacionamentos especiais de
nós - Ele os transforma (T-17.IV.2:3). Ele não nos pede para desistir de nada no sonho.
Simplesmente somos solicitados a transformar nosso pensamento sobre ele, olhando através do
olhos do Espírito Santo, ao invés de dos olhos do ego.

Parte XIX

Nós vamos concluir falando bastante sobre como parece a verdadeira empatia em termos de
formas específicas e práticas nas quais podemos nos relacionar uns com os outros. Estivemos
estudando os princípios de uma forma relativamente abstrata, então, o que vamos fazer agora é
nos focalizarmos mais na sua aplicação aos nossos relacionamentos com as pessoas que estão
angustiadas, que estão sofrendo, doentes, etc., e vamos considerar isso tanto em uma escala
maior dos problemas do mundo, como no nível pessoal de nossos próprios problemas e dos
problemas daqueles que são próximos de nós.
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Vamos falar sobre um tema que já estudamos, isto é, a idéia de não interagirmos até nos unirmos
primeiro em nossa mente com o Espírito Santo ou com Jesus. Como já sabemos, a forma de
verdadeiramente ajudarmos uns aos outros é um tema principal no Curso. E que, quando
tentamos ajudar, não deveríamos fazer isso por conta própria, mas, ao invés disso, com a ajuda
do Espírito Santo. Tentar fazer isso por conta própria foi o que nos criou problemas para início de
conversa, se vocês se lembram. O ego acreditou que poderia fazer coisas por si mesmo, sem a
ajuda de Deus, e é isso que é levado, então, à forma com que usualmente tentamos resolver os
problemas aqui, no mundo - por conta própria. Nós sabemos o que é melhor para as pessoas;
nós sabemos o que são os problemas, e quais são as soluções.

Em vista disso, portanto, eu pensei que deveríamos começar com uma passagem de “As dádivas
de Deus”, o poema no final do livro de poesias de Helen chamado “As dádivas de Deus”. A seção
de que estou falando se chama “As duas dádivas”, começando na página 118 e terminando na
página seguinte. É uma passagem maravilhosamente tocante na qual Jesus fala conosco sobre
pegar sua mão, um tema que já discutimos bastante. Pegar sua mão significa que temos que
soltar a mão do ego. Ele fala especificamente aqui sobre trocar as dádivas do ego de medo, ou,
no contexto do que estivemos falando, os sonhos de medo que o ego fez - os sonhos de dor,
sofrimento, doença, morte, punição, etc. -, primeiro, entregando a ele essas dádivas do ego, e,
então, substituindo-as por Suas dádivas - as dádivas de amor, de cura, as dádivas de Deus.

Vários temas que discutimos aparecerão nessa passagem. Se vocês se lembrarem, no final da
seção “A união maior”, Jesus subitamente muda todo o tom e se volta para Deus, o Pai, e reza
para ele (T-28.IV.9:1-2). A mesma coisa acontece aqui, assim como no final daquela seção.

Conforme vocês lerem isso - está escrito na primeira pessoa - tentem ouvir o próprio Jesus
falando com vocês, pedindo que troquem suas percepções e ilusões de medo por sua paz e amor.
Isso basicamente, então, é a fórmula pela qual abordamos os problemas no mundo - ao invés de
acreditarmos que sabemos o que é o problema e a solução, nós trazemos nossa percepção
faltosa a Jesus para que possamos olhar para os problemas, sofrimento e dor no mundo através
dos seus olhos, em vez dos nossos.

As Duas Dádivas

Como tu podes ser liberada de todas as dádivas que o mundo te ofereceu? Como podes trocar
todas essas pequenas e cruéis oferendas por aquelas que o Céu dá e que Deus quer que
conserves? Abre tuas mãos e dê a mim todas as coisas que tens mantido contra tua santidade e
conservado como uma calúnia contra o Filho de Deus. Pratica com cada um que tu reconheces
pelo que é. Dá-me essas coisas sem valor no instante em que puderes vê-las através dos meus
olhos e compreender seu custo. Então, entrega esses sonhos amargos, conforme tu os percebes
agora como nada além disso.

Eu os tiro de ti alegremente, e os coloco ao lado das dádivas de Deus, que Ele colocou sobre o
altar do Seu Filho. E essas eu dou a ti para tomarem o lugar daquelas que tu me destes, por
misericórdia por ti mesma. Essas são as dádivas que eu peço, só essas. Pois, conforme tu as
deixa de lado, me alcanças, e eu posso vir como um salvador para ti. As dádivas de Deus estão
em minhas mãos, para dar para quem quiser trocar o mundo pelo Céu. Tu precisas apenas
chamar o meu nome e me pedir para aceitar a dádiva da dor, de mãos desejosas, que serão
deixadas nas minhas, com os espinhos deixados de lado e longas unhas recolhidas, conforme as
dádivas da terra são, uma a uma, alegremente liberadas. Em minhas mãos está tudo o que queres
e precisas, e esperavas encontrar entre os brinquedos esfarrapados da terra. Eu os tiro todos de ti
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e eles se foram. E, brilhando no lugar onde uma vez eles estiveram, existe um portão para outro
mundo, através do qual nós entramos no Nome de Deus.

Pai, nós Vos agradecemos por essas dádivas que encontramos juntos. Aqui estamos redimidos,
pois é aqui que nos unimos, e, deste lugar de santa união, viremos a Vós porque reconhecemos
as dádivas que nos destes, e não iríamos querer nada mais. Cada mão que encontra seu caminho
até a minha vai receber Vossas dádivas de mim, e, ao olharmos juntos para o lugar onde eu deixei
suas dádivas sem valor para ela, não vamos ver nada além das dádivas de Deus refletidas no
brilho ao redor de nossas cabeças.

Santos somos nós que conhecemos nossa santidade, pois sois Vós Que brilhai Vossa luz sobre
nós, e nós somos gratos ao Vosso ancestral Nome, que Vós não esquecestes. O que pensamos
ter feito de Vós meramente desapareceu, e, com sua partida, as imagens que fizemos de Vossa
criação se foram também. E tudo está terminado. Pois nós agora confiamos em Vossas Mãos o
espírito do Vosso Filho que pareceu perder seu caminho por um breve momento, mas nunca
deixou a segurança do Vosso Amor. As dádivas do medo, o sonho de morte, terminaram. E nós
damos graças. E nós damos graças, Amém.

Acho que é difícil ouvir algo assim sem nos sentirmos imensamente tocados, e é difícil fazer
qualquer comentário depois de uma passagem tão linda. A idéia, é claro, é ouvir essa palavras
vindo a nós de Jesus e acreditarmos nelas - acreditar que ele realmente está nos dizendo que
tudo o que é necessário para que todas as nossas dores e sofrimentos sejam liberados é tomar
suas mãos nas nossas, e trocar nossas dádivas doentias por suas maravilhosas dádivas de amor
e paz.

Quando nós soltamos sua mão e pegamos a mão do ego, é impossível para nós sermos gentis,
delicados, amorosos, ou piedosos. Obviamente, o ego não conhece o significado dessas palavras.
Ele acha que sabe, e nós achamos que sabemos, mas é sempre uma gentileza que tem em si
uma ferroada. É uma amorosidade que sempre tem um barganha associada a ela. O ego apenas
dá para conseguir.

Nesse ponto, então, nós usamos os princípios do Curso como uma forma, não de curar nossas
mentes ou de ser um instrumento de cura para outras mentes, mas como uma forma de nos
associarmos uns aos outros. O Curso, então, é usado como uma forma de julgar, assim como as
pessoas através dos séculos, brincando de Deus, usaram os ensinamentos religiosos para julgar e
separar os outros. O Deus que eles tentam representar, entretanto, não é um Deus amoroso Que
não vê erro, mas um Deus severo Que vê pecados e busca desfazê-los através da punição.

Portanto, quando nós seguramos a mão de Jesus, trocamos todos os pensamentos e sonhos de
ódio, julgamento, separação, diferenças e ataque do ego, pelos sonhos e pensamentos de
gentileza, misericórdia e amor de Jesus. É isso o que nos capacita a nos relacionar uns com os
outros de forma diferente. É impossível nos sentirmos separados de Jesus e ainda assim nos
sentirmos unidos ao Amor de Deus, ou, obviamente, ainda nos sentirmos unidos uns aos outros.

Vamos ver, conforme examinarmos outras idéias e exemplos, o quanto é essencial nos unirmos a
Jesus. Vocês sempre podem dizer se estão ouvindo a voz do ego ou a voz do Espírito Santo:
Alguns dos sinais mais claros são experienciarem a si mesmos como não sendo gentis e
delicados, e mantendo os princípios do Curso acima do amor do Curso, querendo que as outras
pessoas entendam as coisas insanas que estão fazendo sem realmente se importarem com elas.
Nesses momentos, tudo o que vocês realmente querem é provar que estão certos e os outros
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errados. Isso pode ser bem óbvio - e geralmente é óbvio para o recipiente do seu “amor”. Em
outros momentos, isso é muito sutil, e vocês podem sentir que estão realmente ajudando, quando
tudo o que estão fazendo é reforçar o próprio problema que supostamente estão tentando curar.

O que permite que esse erro aconteça é a confusão entre a forma e o conteúdo, que é um dos
temas centrais no Curso. Uma das principais maneiras do Curso distinguir entre os
relacionamentos especiais e os santos é que os especiais sempre estão envolvidos com a forma,
e os santos então sempre envolvidos com o conteúdo. Ao ensinarem ou aplicarem os
ensinamentos do Curso quando lidarem com os outros, é um erro pensar no Curso como uma
série de ensinamentos ou princípios, todos eles ligados à forma. O Curso é uma expressão do
amor de Jesus. Esse é o conteúdo. Não é sobre isso que o Curso é. Ele vem em uma forma
específica, mas é o amor que vocês querem, não os princípios.

Lembrem-se de que nosso objetivo é sermos felizes, não estarmos certos. É muito tentador nos
envolvermos com o Curso e acreditarmos que estamos certos - que aqui, finalmente, está a
verdade -, que durante dois mil anos o mundo cristão presumiu estar ensinando a verdade, mas
não estava - e, agora, nós sabemos exatamente qual é a verdade. Em um nível, eu acredito que
isso é verdade, mas vocês não querem confundir a forma e o conteúdo. É o conteúdo do amor
que vocês querem.

Deixem-me começar lendo uma passagem no texto. Ela está logo no início (T-2.IV.4-5), mas eu
acho que é obrigatório lê-la e estudá-la, memorizá-la até, para aqueles que pensam que são um
professor de Deus - em outras palavras, um estudante ou um professor do Curso que quer
trabalhar com outras pessoas.

O contexto imediato no qual essa discussão ocorre é o uso da mágica. Especificamente, a


“mágica” a que nos referimos é o uso de medicamentos - por exemplo, tomar algumas pílulas ou
outros medicamentos para aliviar a dor de um corpo doente. Isso é mágica. No Curso, mágica é
qualquer coisa que o ego nos diga que vai resolver o problema e não resolve. Como já vimos, o
ego vê todos os nossos problemas como envolvidos com o corpo. Mágica é qualquer coisa no
nível do mundo que tira o problema que o ego tornou real. Sob a palavra “problemas”, no gráfico,
poderíamos colocar a palavra “mágica”. Mágica é uma tentativa de resolver o problema da mente,
que é a culpa, fazendo algo com o corpo. O Curso diz que a “máxima do ego [é] ‘Busque mas não
aches’” (T-16.V.6:5). É isso o que a mágica sempre faz. Ela busca e busca uma solução para um
problema que não existe. A mágica dá a ilusão de que a solução foi encontrada, mas, é claro, isso
nunca funciona. A mágica é uma tentativa de resolver o problema da mente no nível do corpo.
Bem no início do texto, nos princípios dos milagres e um pouco depois também, o Curso se refere
a isso como uma confusão de níveis - a confusão do nível da mente com o nível do corpo (T-
1.I.12:2-3; T-2.VI.1:6-8).

O milagre muda o problema do nosso corpo, onde acreditamos que ele está, de volta para nossa
mente, onde realmente está -, e o problema é que nós decidimos que o ego estava certo e o
Espírito Santo, errado. A mágica resolve o problema onde ele não está. O milagre traz o problema
de volta para onde ele está, de volta para a resposta, e, nesse ponto, ele já está resolvido.

Considerem algo como uma simples dor de cabeça como um exemplo. A causa de uma dor de
cabeça, como a causa de qualquer angústia que experimentemos, é a culpa, o conflito, a
separação na nossa mente, ou escolhermos o ego ao invés do Espírito Santo - qualquer uma
dessas variações. Se nós temos uma dor de cabeça, tendemos a tomar aspirina ou alguma outra
coisa - algo que vá aliviar a dor que nós experimentamos em nossas cabeças. E isso é mágica.
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O ponto dessa passagem - que pode ser generalizado basicamente a como nós lidamos com
qualquer pessoa angustiada - é dizer que não é um pecado tomar uma aspirina. Em parte, isso
está destinado a ser uma correção para a prática da ciência cristã - que nem sempre é o
ensinamento real - basicamente que é um pecado consultar um médico se você estiver com dor.
Têm havido casos nos tribunais em anos recentes com relação a pais que deixaram seus filhos
muito doentes morrerem, porque não podiam consultar um médico. Então, a religião Ciência
Cristã, como é praticada, realmente pensa sobre a ida a um médico como um pecado, porque o
problema está na mente - a mágica então é vista como um pecado.

Esse é o contexto imediato dessa passagem que vamos ler: a mágica não cura. Apenas desfazer
o sistema de crenças em nossas mentes através do perdão pode curar. Mas a mágica, ainda
assim, não é um pecado. Como vamos ver, Jesus diria que se você tiver uma dor de cabeça, e ir
até o Espírito Santo não funcionar, o que quer dizer, você é incapaz de liberar a causa da dor de
cabeça, então, não há nada errado em tomar uma aspirina para se sentir melhor, para que a dor
vá embora e você tenha uma boa noite de sono, ou seja o que for. Então, logo que você for capaz
de perdoar e se unir seja com quem for que você tenha tornado um símbolo do seu próprio ego,
você faz isso.

Portanto, basicamente, o Curso ensina que não há nada errado em usar mágica. Ele
simplesmente nos alerta para não atribuirmos características de milagre à mágica. A mágica não
cura - ela apenas tira o sintoma. A causa ainda permanece. Uma vez que estejamos conscientes
disso, não há problema. O problema aparece quando pensamentos que resolvemos o problema, e
não o fizemos. Se nós pensarmos que o resolvemos, então, nunca procuraremos a solução real.

Vamos começar a ler então: Capítulo 2, no texto, Seção IV, Parágrafo 4.

“Todos os meios materiais que aceitas como remédios para enfermidades corporais são
reafirmações de princípios mágicos”.

O que é importante aqui é que, quando Jesus diz “todos os meios materiais”, ele quer dizer,
literalmente, todos os meios materiais. Hoje em dia, nós fazemos distinções. Por exemplo, muitas
pessoas no movimento da Nova Era dizem que a medicina tradicional é má, mas outras
abordagens são boas - como a acupuntura, a meditação, correr, tomar vitaminas, cirurgias
psíquicas, permanecer na cabeça, ou fazer uma lição do livro de exercícios por dia. Jesus está
dizendo que é tudo a mesma coisa. Se o propósito é aliviar um sintoma física, você está envolvido
na mágica, porque está comprando o sonho de medo - exatamente sobre o que já falamos. Você
está dizendo que o corpo é real, que você é o sonho, e que você precisa fazer algo para consertá-
lo.

O milagre diz que você não é um sonho. A doença não está no seu corpo - ela está na sua mente,
no sonhador que escolher o ego em vez do Espírito Santo. Qualquer coisa que lide com o corpo -
seja o corpo físico, psicológico, etérico, astral, ou a aura - é mágica. Tudo isso é parte do corpo,
porque são todos partes de um ser separado. Lembrem-se, não existem hierarquia de ilusões.
Não há nada errado em fazer qualquer coisa que vocês sintam que possa ajudá-los, mas tentem
evitar a arrogância de pensar que sua maneira, sua mágica, é melhor do que a de qualquer outra
pessoa. É só diferente. Não é melhor ou pior. Novamente, quando Jesus diz “todos os meios
materiais”, é sobre isso que ele está falando.

"Esse é o primeiro passo para acreditar que o corpo faz as suas próprias enfermidades. [Em
outras palavras, a doença é do corpo, portanto, a cura é do corpo]. O segundo passo equivocado
é tentar curá-lo através de agentes não criativos".
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“Criativo” aqui significa do espírito, ou do Espírito Santo. Qualquer coisa que não seja do Espírito
Santo é mágica. Qualquer coisa que seja do Espírito Santo é simplesmente a mudança de nossas
mentes. Então, o primeiro erro é pensar que o corpo está doente; o segundo é pensar que o corpo
pode ficar bem através de algo do mundo.

“Contudo, não decorre daí que o uso de tais agentes com propósitos corretivos seja mau. Algumas
vezes, a enfermidade tem um controle que é suficientemente forte sobre a mente para tornar a
pessoa temporariamente inacessível à Expiação”.

Jesus está nos dizendo aqui que não há nada errado, mau, pecador ou perverso sobre usar algo
material para aliviar a dor física. Acho que ele está sendo gentil, contudo, ao dizer “Algumas vezes
a doença...” porque isso claramente não é tão fácil. Dar a mente para a Expiação significa deixá-la
totalmente livre do investimento nesse mundo - pelo menos nesse instante. Mas há tanto medo
associado com isso, porque, se vocês se lembrarem, o ego nos disse que se nós o deixássemos e
nos uníssemos à Expiação, acreditando no que o Espírito Santo está nos dizendo e pegando a
mão de Jesus, sua mão vai nos levar diretamente para Deus, Que vai nos destruir. Esse é o medo
- o medo da cura, sobre o qual o Curso fala depois (T-27.ll). isso é o medo do perdão. Então,
todos nós tendemos a utilizar uma abordagem de transigência, como diz a próxima sentença:

“Nesse caso, pode ser sábio usar uma abordagem de transigência para com a mente e o corpo,
na qual por algum tempo se acredita que a cura venha de alguma coisa de fora”.

Vamos supor que eu tenha uma dor de cabeça. Mesmo que eu seja um bom estudante do Curso e
saiba que a dor de cabeça está vindo de algo não perdoado em minha mente - que é o fato de eu
ter largado a mão de Jesus e segurado a mão do ego, a mão das mágoas e do ataque -, minha
dor de cabeça ainda está lá. E existe uma parte de mim que ainda acredita que tomar uma
aspirina vai ajudar a dor de cabeça a ir embora. Não há nada errado em tomar a aspirina, desde
que eu esteja consciente de que a aspirina pode desfazer a dor na minha cabeça, mas não pode
desfazer a dor na minha mente, que veio à tona porque eu me separei do Amor de Deus.

“Isso é assim porque a última coisa que pode ajudar aquele que tem a mente disposta ao que não
é certo, ou o doente, é fazer algo que aumente o seu medo. Esses já estão em um estado
debilitado pelo medo”.

Nós sabemos que estamos em um estado debilitado pelo medo, ou um estado de medo, porque
escolhemos estar doentes. A doença é uma decisão que nós tomamos à partir do medo porque
estamos com medo do Amor de Deus. O próprio fato de estarmos doentes já está nos dizendo que
estamos amedrontados. Em um contexto mais amplo, como eu já disse, o simples fato de
estarmos aqui, em um corpo, está dizendo que estamos em um estado enfraquecido pelo medo -
ele é uma expressão da nossa doença e insanidade.

O propósito da defesa é manter o Amor de Deus distante. Portanto, bater na cabeça das pessoas
com o Amor de Deus vai deixá-las ainda mais amedrontadas. Isso não é útil ou amoroso. E não é
gentil ou benigno. A verdade é sempre gentil. A verdade é consistente e ela não oscila, mas é
sempre gentil e benigna.

Vocês podem notar, ao lerem o Curso, que seu tom é bastante autoritário. Jesus é claro sobre o
que a verdade é o que as ilusões são. Não existe engano nisso. Como já vimos, muitas das
passagens que examinamos são bastante claras e fortes. E elas são inflexíveis no que ensinam.
Mas, apesar do tom autoritário do Curso, ele não é impositivo, o que quer dizer que ele é sempre
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gentil e benigno, ainda que Jesus seja firme no que está dizendo. Você nunca tem a sensação de
que Jesus está de pé do seu lado, com uma arma ou um chicote, dizendo que você precisa
entender isso imediatamente. Nem você tem a sensação de que ele está castigando-o,
repreendendo-o ou punindo-o. Ele simplesmente está dizendo “isso é o que é, e você vai ser
muito mais feliz se segurar minha mão e soltar a mão do ego”. Isso é tudo o que ele diz. Esse é o
tom vezes sem conta.

O próprio fato de você estar doente já está dizendo que você tem medo do Amor de Deus. Você
tem medo de voltar para sua mente e pegar a mão de Jesus ao invés da mão do ego. Sua doença
já é uma expressão desse medo. Você está gritando alto e claro, “Estou apavorado com o amor,
eu não quero Jesus nem perto de mim”. Nesse ponto, não é útil jogar as palavras ou a presença
de Jesus na sua cara. É isso o que ele está dizendo aqui.

“Se são prematuramente expostos a um milagre, podem ser precipitados ao pânico. É provável
que isso ocorra quando a percepção invertida induziu à crença em que milagres são
assustadores”.

Bem, nós sabemos que os milagres são assustadores. Talvez não tivéssemos escolhido o mundo
se não acreditássemos que os milagres são assustadores. Novamente, o próprio fato de estarmos
em um corpo, nesse mundo, e acreditarmos que esse corpo e o mundo são nosso lar, e
acreditarmos também que realmente existem pessoas lá fora que poderiam nos ajudar, confortar,
etc, é uma prova de que estamos aterrorizados pelos milagres, porque o milagre nos traz de volta
para a mente. O ego nos tira da mente e traz para o mundo. O ego é cheio de mágica - ele é um
mágico. O Espírito Santo é Aquele Que mantém todos os milagres para nós. O fato de estarmos
doentes, zangados, amedrontados, culpados, deprimidos, ansiosos, transtornados, está nos
dizendo, “Estou com medo do amor e, portanto, tive que jogá-lo fora. E eu fiz isso através da
forma particular de defesa que estou experimentando agora - doença, raiva, ansiedade, etc”.

Uma passagem depois no texto fala sobre o Espírito Santo como um Tradutor (T-7.II.4). O
propósito de um tradutor, que traduz de uma língua estrangeira para outra, é manter o conteúdo
mas mudar a forma. A forma é sempre ajustada ao que outra pessoa possa ler. Então, se você
estiver traduzindo o Curso para leitores russos, obviamente, não vai fazê-lo em inglês. Você vai
traduzir o inglês para o russo. Você quer manter o conteúdo, ou o significado do Curso, mas a
forma tem que ser diferente porque a maioria do povo na Rússia não fala inglês. Então, a forma é
mudada para atender às necessidades daqueles com os quais você está se relacionamento, mas
o conteúdo continua o mesmo.

Essa é a marca oficial de um bom professor do Curso - não estou falando sobre um professor
como alguém que apenas fica lá em pé, de boca fechada. Todos nós somos professores do Curso
em termos de refletirmos seus princípios. A marca oficial de um bom professor é ser capaz de
manter o conteúdo do Curso, que é o perdão e o amor, e, ainda assim, ensiná-lo da maneira que
for mais útil, até mesmo se a forma possa, de vez em quando, contradizer a forma na qual o Curso
vem.

Isso obviamente também é o que torna um terapeuta um bom terapeuta - você fala com cada
paciente como um indivíduo. Você não está ensinando teoria psicanalítica, se essa for a sua
perspectiva, mas você ajusta os ensinamentos, sejam quais eles forem no nível do conteúdo, a
uma forma que cada paciente possa aceitar. A forma não importa.
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Não há nada de sagrado ou sacrossanto sobre as palavras em Um Curso em Milagres. O que é


sagrado ou sacrossanto é o amor que inspirou essas palavras. As palavras em si não significam
nada - o conteúdo subjacente é o significado.

Parte XX

T-2.IV.5

O contexto do parágrafo final da seção “A cura como liberação do medo” é a idéia de traduzir o
conteúdo em qualquer forma que seja mais útil.

“O valor da Expiação não está na maneira na qual ela é expressa. De fato, se é usada de forma
verdadeira, inevitavelmente vai ser expressada do modo que for mais útil para quem recebe, seja
ele qual for”.

O valor da Expiação é o conteúdo, seu significado, não a forma na qual é expressa. Como um
exemplo, gostaria de relatar uma situação que aconteceu há muitos anos em um grupo do Curso,
em Nova Iorque. Um dos membros do grupo teve câncer e estava no hospital, morrendo. Alguns
dos membros do grupo foram visitá-la e ficaram muito transtornados. Eles foram ao hospital
armados com seu Curso em Milagres. Eles disseram a ela, “Você não sabe que a doença é uma
defesa contra a verdade? Se você realmente acreditasse nisso, o que você disse que fazia, então,
iria se levantar dessa cama e sair do hospital conosco, e o câncer iria desaparecer”. E isso piorou
cada vez mais. Desnecessário dizer, a pobre senhora em sua cama não achou isso muito
reconfortante ou útil, ficou muito irritada, e acho que pediu a eles para irem embora.

Esse é um maravilhoso exemplo de confusão da forma e do conteúdo. O que eles estavam


ensinando a ela estava absolutamente correto no nível da forma - a doença é uma defesa contra
a verdade, etc. - mas não era muito amoroso. O problema era que eles confundiram a forma com
o conteúdo. Eles pensaram que o problema era o câncer no corpo dela. O problema era que ela
acreditava que estava separada. Bem, uma vez que compreendamos que o problema é a crença
de outra pessoa em que ela é separada de Deus, e, portanto, de todos os diferentes aspectos e
fragmentos de Cristo, então, a solução é unir-se. Aquelas pessoas não foram ao quarto de
hospital para se unirem com a mulher que estava morrendo - elas foram lá para ensiná-la. Se elas
tivessem percebido que o problema era a separação, então, a resposta seria óbvia - união. E, se
nós nos unirmos a Jesus antes de irmos ao quarto de hospital, então, a expressão dessa união
será amorosa. Nós nos uniremos de qualquer forma que for ser mais útil para quem está doente, o
que, obviamente, naquele ponto, seria fazer o que as pessoas normais fazem. Eu conforto você se
você estiver doente. Trago flores, um livro, faço o que puder para deixá-lo confortável física e
psicologicamente - eu me uno a você no nível da forma que você possa aceitar.

No efeito, a mulher na cama de hospital estava dizendo, “Eu acredito que estou separada de
Deus, e o medo disso é esmagador. A única forma de eu aceitar o amor e o perdão pelo que
acusei a mim mesma de fazer é fazer as pessoas serem legais comigo e confortarem meu corpo e
meu cérebro doentes, em termos de toda a angústia que estou sentindo”. Em outras palavras,
simplesmente pelo fato de ela estar doente e com dor, ela estava dizendo, “Essa é a forma na
qual vou aceitar amor; essa é a única forma em que eu posso aceitar amor nesse momento”. As
pessoas que viessem visitá-la ouviriam isso, se estivessem vindo sem nenhum investimento.

Na Canção da Oração, perto do fim, Jesus nos pede para dizer ao nosso irmão, “O que eu posso
fazer por ti, Filho Santo de Deus?”. Os amigos dessa mulher poderiam ter entrado no quarto do
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hospital com essa pergunta em mente - não que precisassem verbalizá-la. Mas, se seus ouvidos
estivessem abertos para ouvir o que Jesus estava pedindo a elas para ouvirem, e não o que o ego
estava pedindo, estaria muito óbvio que a mulher estar pedindo para ser confortada física e
psicologicamente. O meio de expressar isso seria confortá-la física e psicologicamente - não
ensiná-la ou pregar para ela, o que obviamente é um ataque.

Existe outro nível para se chegar para compreender o que aconteceu com a mulher. A lição,
então, pode ser generalizada para todos os tipos de circunstâncias. As pessoas que a visitaram
não prestaram atenção primeiro no que estava em suas próprias mentes. Se tivessem feito isso,
estariam conscientes de que estavam transtornadas pelo sonho de medo dela. Seu sonho de
medo era que ela estava morrendo de câncer, e isso as transtornou. Mas elas não estavam
prestando atenção a isso. Se estivessem, teriam primeiro trazido o sonho de medo de volta para
suas próprias mentes e percebido que o problema não era o sonho de medo da mulher - era seu
próprio sonho de medo. Então, elas teriam percebido o que as estava realmente transtornando:
isto é, que se aquela pessoa tinha câncer, alguém que tinha sido estudante do Curso e um
membro do seu grupo durante vários anos, isso tinha que significar que o Curso não funciona. Se
ele não funcionou para ela, então, não iria funcionar para elas também- esse é o medo. Elas não
prestaram atenção ao que estava dentro das suas mentes. Elas decidiram qual era o problema -
essa amiga morrendo de câncer, que era uma coisa terrível, e a resposta era bater na cabeça dela
com o Curso em Milagres. Elas estavam erradas desde o início. O problema não era que ela
estava morrendo de câncer; o problema era que ela tinha se separado do Amor de Deus, e a
resposta a isso é expressar o Amor de Deus para ela, em qualquer forma que possa ser mais útil.
Isso é verdadeira empatia.

A falsa empatia pode vir em qualquer forma - tanto na forma de se sentir mal pela pessoa, quanto
na forma de ficar irritado com a pessoa, como esse grupo fez. Mas isso não importa. São formas
opostas do mesmo erro, porque tornam o problema real. Elas compartilham na ilusão que o
sonho de medo é uma realidade. Seu grupo esqueceu que o problema não estava no sonho de
câncer - o problema estava no sonhador que acreditou que ela podia se separar do Amor de
Deus.

“Isso significa que um milagre, para atingir a sua plena eficácia, tem que ser expressado em uma
linguagem que aquele que recebe possa compreender sem medo”.

Com muita freqüência, se uma pessoa escolhe estar doente, ela já está com medo da linguagem e
dos ensinamentos do Curso - para usar o Curso como um exemplo específico aqui. O que temos
que fazer, novamente, é expressar o amor do Curso e o amor de Jesus da forma que for mais útil,
uma forma que a pessoa possa aceitar sem medo. Isso é extremamente simples de fazer uma vez
que não tenhamos investimento na forma, ou no resultado, ou no sonho - porque, então,
percebemos que não faz qualquer diferença.

“Isso não significa necessariamente que esse é o mais elevado nível de comunicação do qual ele
seja capaz. Significa, contudo, que é o nível mais alto de comunicação do qual ele é capaz agora.
Todo o objetivo do milagre é elevar o nível de comunicação e não descê-lo por aumentar o medo”.

Nós podemos estar conscientes de que esse não é o nível mais alto em que essa pessoa pode
entender ou com o qual pode se relacionar, mas é onde a pessoa está agora. Quem somos nós
para julgar onde as pessoas estão e o que precisam? Isso não é problema desde que sejamos
capazes de estar com uma pessoa ou ouvi-la sobre uma situação sem investimento no resultado,
sem uma necessidade de separação, diferença, julgamento ou ataque.
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Outro bom exemplo disso - de realmente amar as pessoas na forma que podem aceitar, ainda
que não seja a mais elevada forma de comunicação ou compreensão de que elas sejam capazes
- é a forma que Helen experienciou Jesus com ela através dos anos. Deixem-me dar um exemplo
específico:

Uma forma de Helen manter o amor de Jesus distante era ficar preocupada com seu corpo, como
todos nós ficamos - especificamente em vestir seu corpo. Ela adorava fazer compras. Suas duas
áreas de fraqueza eram as jóias e os sapatos. Nos anos em que a conheci, ela tinha deixado de
lado a parte das jóias - ela não estava muito envolvida com isso mais -, mas ainda estava ligada
aos sapatos. Essa era uma forma ótima de se distrair de Jesus. Ela estava sempre comprando
sapatos que não serviam, o que significava que ela teria que voltar na semana seguinte para
trocá-los, e isso continuou. O propósito de distração disso era óbvio - Helen era mestre nisso. Sua
experiência era que Jesus ia fazer compras com ela. De fato, em um ponto nas primeiras
semanas do ditado do Curso para ela, ele a instigou a pedir a ele que se unisse a ela. Ele referiu-
se a si mesmo como uma parte do Serviço de Compras mais elevado, e pediu a ela para avaliar-
se nesse serviço. E ela o fez. Ele iria dizer a ela onde ir para comprar o que precisava. Algumas
vezes, era em lojas às quais ela nunca iria de outra forma, mas lá ela encontrava exatamente o
que queria. Ela saía para comprar um vestido - talvez ela precisasse de um de tamanho 10 -, e
era dito a ele que procurasse nas araras com o tamanho 14, e lá estava um de tamanho 10. As
vezes em que estive com ela para vê-la fazer isso foram muito impressionantes.

Mas o importante foi que sua experiência era que Jesus estava com ela. Ainda que o que ela
estivesse fazendo fosse óbvio para ela - ela era uma mulher muito sábia -, ela nunca o sentiu
dizendo a ela que não o fizesse. Em outras palavras, ele expressou a Expiação, que era o seu
amor, na forma que ela poderia aceitar sem medo. Foi muito difícil para ela aceitar a ajuda dele
para perdoar uma pessoa, e ela raramente pediu a ele para ajudá-la a esse respeito. Mas ela
realmente pediu a ajuda dele para coisas menores, porque era só nesse nível que ela podia
experienciar sua presença sem um bocado de medo - o Curso sendo uma grande exceção,
naturalmente.

Um dia - poucos anos depois de eu conhecer Helen -, nós saímos do Medical Center à tarde, e
era um dia muito bonito. Tipicamente, nós teríamos então parado tanto na Lord e Taylor, ou na
Altmans, ou caminhado pela Quinta Avenida e atravessado a Rua 34 em busca de todas as lojas
de sapatos. Isso acabaria com o resto do dia. Nesse dia, enquanto saíamos do Medicai Center, eu
disse, “Onde você quer ir hoje?”. E Helen respondeu, “Jesus me disse que eu não deveria mais ir
fazer compras porque isso iria me magoar”. Ela conseguiu dizer isso sem qualquer raiva, sem
qualquer sentimento de sacrifício ou privação. E ela nunca mais usou as compras como uma
distração depois disso. Ela fazia compras por necessidade, mas não para fazer o tipo de compras
que costumávamos fazer.

Acho que esse exemplo é extremamente útil. Durante todos aqueles anos, seu medo de Jesus era
grande e sua necessidade de fazer compras era uma defesa importante. Isso não é diferente da
necessidade de ter câncer ou AIDS, ou das ansiedades e preocupações que todos nós temos -
isso não faz qualquer diferença. Não existe ordem de dificuldade em defesas. Todas são o
mesmo. A necessidade de Helen de defesa era tão grande que Jesus não tentou tirá-la dela ou
destruí-la. Ele uniu-se a ela. Agora, essa é a mesma pessoa que ditou Um Curso em Milagres, e
nos disse para estarmos conscientes de todos os enfeites que colocamos sobre nossos corpos
para “fisgarmos outro peixe”. E, entretanto, ele a estava ajudando a fazer exatamente a mesma
coisa. Jesus estava unindo-se a Helen na ilusão, até o momento em que seu medo diminuiu o
suficiente para que ela pudesse liberar a defesa. Ela então pôde experienciar suas palavras a ela,
“Não vá mais fazer compras”, e isso não era um problema. Se ela tivesse ouvido isso dez anos
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antes, isso a teria deixado muito irritada - e ela teria feito compras com uma vingança ainda maior
do que realmente fez.

O exemplo é muito útil para nos lembrar também para nos lembrarmos quando nos vemos
tentados a dizer a “verdade” às pessoas, e atingi-las na cabeça com ela. Ao invés disso, o que
queremos fazer é amá-las. Não queremos atingi-las na cabeça com a “verdade”, o que é sempre
forma. O amor nunca é forma. A verdade nunca é forma - é conteúdo. Ela é expressada na forma,
mas a forma não é amor. Quer eu esteja ensinando a você diretamente o que Um Curso em
Milagres está dizendo, ou esteja indo fazer compras com você, sabendo totalmente qual o
significado de fazer compras tem pra você, se o amor estiver no meu coração, essa será a
mensagem que você vai receber. E essa é a mensagem que estarei oferecendo. Só posso fazer
isso se primeiro eu me unir ao amor na minha própria mente. Isso sempre nos traz a mesma
questão, vezes sem conta, que antes de fazermos qualquer coisa deveríamos tentar ter tanta
certeza quanto possível de que estamos segurando a mão de Jesus ao invés da mão do ego. A
mão de Jesus sempre vai nos deixar em paz. A mão do ego sempre vai nos levar ao campo de
batalha, com a questão sendo a chamada verdade de Um Curso em Milagres ao invés do câncer
ou de alguma forma de sofrimento.

Essas idéias são similares a partes do Curso onde Jesus nos pede para pegar sua mão e deixá-lo
nos conduzir através do mundo. Mas ele não pode tirar nosso medo de nós. Como ele diz,

“A correção do medo é tua responsabilidade. Quando pedes a liberação do medo, estás


deduzindo que não é. Deverias pedir, ao invés disso, ajuda nas condições que trouxeram o medo.
Essas condições sempre acarretam uma disponibilidade para estar separado (T-2.VI.4:1-5).

Jesus está dizendo, “Peçam-me para me unir a vocês”, o que realmente significa que nós nos
unimos a ele. E isso desfaz a prontidão para estarmos separados - isso é o desfazer do medo. O
sentimento de Helen de que Jesus estava fazendo compras com ela era sua experiência de estar
com ele - isso foi a cura. É por isso que não rezamos para Jesus pedindo a cura física, embora
nossa experiência dele possa ser alguma forma de cura. Essa seria nossa experiência. Mas não
seria Jesus nos curando - seria o que nós podemos aceitar naquele determinado momento.

Referindo-nos novamente a "A Canção da Oração", que realmente é a melhor afirmação do que
falei, Jesus diz que o que queremos é a canção, “é a canção que é a dádiva. Junto com ela, vem
todos os sub-tons, as harmônicas, os ecos, mas isso é secundário” (S-1.l.3:2-3). Em outras
palavras, nós queremos o abstrato - nós queremos o Amor de Deus. Nós não queremos as
formas nas quais esse amor vem. O panfleto, especialmente nas primeiras páginas, foi
originalmente escrito por Helen. Jesus estava ensinando-a sobre o efeito - que não era o fato de
ele fazer compras com ela que ela queria. Era o seu amor por ela e o amor dela por ele que ela
queria. Nós todos começamos no início da escada, e é lá que pedimos coisas. A idéia não é ficar
lá, entretanto, mas, ao invés disso, simplesmente usar isso como uma forma de ultrapassarmos
nosso medo de Jesus, para podermos começar a perceber que o que queremos não são as
coisas - as vagas no estacionamento, ou os sapatos, ou a cura do câncer. O que queremos é o
Amor de Deus.

Parte XXI

Quero examinar outra seção - a segunda parte da Lição 184, “O Nome de Deus é a minha
herança”. Isso vai nos dar uma moldura na qual podemos falar sobre coisas específicas -
maneiras nas quais nos percebemos ficando transtornados e como podemos lidar com isso.
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Quando chegarmos à última parte, vamos reafirmar a idéia de olharmos para o nosso ego com
Jesus. A passagem que vou ler é extremamente útil para qualquer estudante ou professor do
Curso que precise lidar com questões que implicam que o Curso ou Jesus nos pediriam para não
fazermos coisas no mundo - pois as coisas no mundo são más, ruins ou pecaminosas. Essa é
uma linda passagem que explica como isso é ler de forma errada o que o Curso está ensinando.

Lição 184 - “O Nome de Deus é a minha herança”.

(Parágrafo 9 - Sentenças 1-3) Seria, de fato, estranho se te fosse pedido para ir além de todos os
símbolos do mundo, esquecendo-os para sempre, e que ainda assim te fosse pedido que
aceitasses a função de ensinar.

Essa é a resposta de Jesus para a afirmação de que ele está nos pedindo para ir além de todos
os símbolos do mundo e simplesmente desaparecermos no coração de Deus. Ele não está
dizendo isso. Seria impossível para nós ensinarmos se não falássemos a língua do mundo. Seria
impossível pra nós aprendermos se nosso Professor, isto é, o Espírito Santo, ou o Curso, não
falasse a nós em nossa linguagem. Lembrem-se, o Curso não quer que nós pulemos dos sonhos
de medo do ego para os sonhos de perdão e paz. Os sonhos felizes ainda estão dentro do mundo,
dentro da ilusão, mas eles agora são os sonhos do ego com o conteúdo transformado.

Usando as compras de Helen como um exemplo: Ela transformou as compras, usando-as como
uma defesa contra Jesus e, portanto, como um ataque a ele. Foi uma forma de limitar seu amor e
de excluí-lo. No contexto cósmico, o Curso diz que “o mundo foi feito como um ataque a Deus... e
foi feito para ser um lugar em que Deus não pudesse entrar” (LE-pll.3.2:1,4-5). Da mesma forma,
nós podemos dizer que as compras foram feitas por Helen como um ataque a Jesus e um lugar
onde ele não pudesse entrar. Então, o que ela fez para excluir, ele usou para incluir. Ele usou os
símbolos dela - os símbolos das compras - para unir-se a ela, então, o conteúdo tornou-se fazer
compras com ele. Ele fez uma brincadeira disso e falou da sua ajuda como o “Serviço de Compras
mais Elevado”. Jesus estava encorajando Helen a unir-se a ele em um nível que ela poderia
aceitar sem medo, porque era muito difícil para ela aceitar unir-se a ele no nível do perdão. Era
muito mais fácil para ela unir-se a ele no nível das meia-calças verdes, então, foi isso o que ela
fez. Então, Jesus usou os símbolos dela, ainda que fosse um símbolo odioso porque seu propósito
era excluí-Lo. Ele apenas mudou o conteúdo.

Helen também usa os símbolos da igreja católica - ir a missa e rezar o rosário. Essas não eram
atividades santas para ela - eram desvios de distração. Elas pareciam um pouco melhores porque
a forma parecia melhor do que fazer compras, mas seus propósitos ainda eram os mesmos.
Entretanto, quando íamos a missas juntos e rezávamos o rosário, ela invariavelmente tinha
experiências de Jesus - ainda que a atividade em si mesma fosse uma defesa contra ele.
Enquanto o símbolo inicialmente tivesse um significado egóico para Helen, seu significado era
transformado pelo Espírito Santo ou por Jesus. A seção no texto chamada “A função especial”
explica como os relacionamentos especiais que foram feitos para causar dano, o Espírito Santo
usa como um meio para a cura (T-25.VI.4:1). Também, o ponto central da passagem que citei
anteriormente é que o Espírito Santo nunca tira os relacionamentos especiais de nós - Ele os
transforma (T-17.IV.2:3). É sobre isso que estamos falando. Não nos é pedido para ir além dos
símbolos do mundo.

(Parágrafo 9 - Sentenças 3-5) Tu precisas usar os símbolos do mundo por algum tempo. Mas não
te deixes também ser enganado por eles.
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Em outras palavras, não confundam a forma como o conteúdo. A forma - o símbolo em si mesmo
- é sem significado. É o conteúdo que dá a ela o seu significado. E existem apenas dois
conteúdos: o conteúdo do medo e o conteúdo do amor; o conteúdo do ego ou o conteúdo do
Espírito Santo. O símbolo em si não significa nada. É isso o que Jesus quer dizer ao nos falar:
“Não te deixes também ser enganado por eles”. Nós temos que usá-los porque acreditamos que
somos um símbolo. Nós acreditamos que somos o sonho. Nós nos esquecemos que somos o
sonhador do sonho - então, acreditamos que somos o sonho de um corpo e uma personalidade,
de um passado, um presente e um futuro. Todos esses são símbolos. O corpo é um símbolo -
todas as outras coisas derivadas do corpo e do mundo são símbolos.

Nós fizemos o corpo como um símbolo da limitação ao amor e um ataque a Deus. O Espírito
Santo pode usar o corpo como um artifício para a comunicação - um meio através do qual, uma
vez que nos unamos a Ele, possamos nos unir aos outros. As formas da união não fazem
qualquer diferença; elas não têm significado. É por isso que é sempre um erro estabelecer uma
hierarquia de significado ou valor em diferentes coisas do mundo. Uma atividade não é melhor ou
mais santa do que outra.

Helen pôde encontrar Jesus quando foi fazer compras ou quando estava sentada na igreja - isso
não fazia diferença, embora o mundo julga e valorize fazer compras como diferente de ir à igreja.

(Parágrafo 9 - Sentenças 5-6) [Os símbolos] Não representam nada em absoluto e, na tua prática,
é esse pensamento que te liberará.

Em si mesmos, os símbolos não tem significado - eles não representam nada. Nós temos que dar
o significado a eles. E o significado pode ser tanto um meio para a separação quanto para a união.

(Parágrafo 9 - Sentenças 6-9) Tornam-se apenas meios pelos quais podes te comunicar de modo
que o mundo possa compreender, mas reconheces que não são a unidade na qual a verdadeira
comunicação pode ser achada.

Usando Jesus e Helen como um exemplo: Jesus sabia que fazer compras não significa
absolutamente nada. Ele sabia que fazer compras não tinha nada a ver com o Amor ou a unidade
de Deus, mas, para Helen, esse era um símbolo pessoal importante. E, então, ele uniu-se a ela e
transformou o significado do símbolo. Ainda que ele soubesse que o símbolo em si mesmo não
significava nada, e soubesse que o símbolo como Helen o usava era um ataque, sua união com
ela deu a ele um significado diferente. Nesse ponto, um símbolo se torna santo - não porque seja
santo em si mesmo, mas porque o propósito a que ele serve agora é santo.

Portanto, visitar um amigo doente na cama do hospital e levar flores a ele não é diferente de entrar
com Um Curso em Milagres e pregar a partir dele. Uma forma não é diferente, ou mais ou menos
santa do que qualquer outra. O que importa é o propósito que é dado a ela - isso é extremamente
importante. Quando eu realmente olho para o sofrimento e a doença no mundo com Jesus ao meu
lado, transfiro o sofrimento do corpo, e do sonho, para o sonhador. Nesse ponto, posso me unir ao
sonhador, como já lemos antes. Eu me identifico com o sonhador, com a mente, e percebo que a
o sofrimento e a dor de outra pessoa são exatamente como os meus.

A forma pode ser bem diferente. Você pode estar morrendo de câncer e eu não, mas nosso
sofrimento ainda é o mesmo, porque ambos acreditamos estar separados de Deus. E é com isso
que eu me uno. Mas eu primeiro me uno ao amor de Jesus dentro de mim, o que então me
capacita a me unir com o amor de Jesus dentro de você. Esse amor então vai assumir qualquer
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forma que seja mais útil a você nesse ponto, e eu não terei investimento na forma na qual ele
vem.

Eu agora redefini o sofrimento - o sofrimento e a dor não são do corpo. Deve haver milhões de
crianças morrendo de fome na África, mas o sofrimento não vem delas estarem famintas por
comida. Elas estão famintas pelo Amor de Deus. E é a mesma fome que eu experimento. É a isso
que eu me uno. Desse lugar de união, o amor então vai se expressar através de mim - eu posso
enviar toneladas de comida, ou montes de dinheiro, ou fazer outras coisas para ajudar. Mas, eu
não terei investimento no fato da ajuda ser aceita ou não, ou se as crianças vão morrer ou viver,
porque eu já me uni a elas no nível da mente. No final, como vamos ver depois, isso vai terminar
me tornando muito mais compassivo, amoroso e sensível às necessidades dos outros - não
menos. A outra forma é a falsa empatia, onde pensamos que somos sensíveis às necessidades
das pessoas, mas somos sensíveis apenas ao sonho, o que o torna real.

(Parágrafo 10 - Sentenças 1-3) Assim, precisas de intervalos a cada dia em que o aprendizado do
mundo se torne uma fase transitória, uma prisão da qual sais para a luz do sol e esqueces a
escuridão.

Deixem-se explicar primeiro o contexto no qual isso vem. Isso está no livro de exercícios e,
portanto, os intervalos de que fala, literalmente, são os intervalos ou os períodos de prática
estruturados que somos solicitados a dar ao Espírito Santo a cada dia. Mas nos é pedido que
usemos o aprendizado e a disciplina que temos no livro de exercícios, de forma geral, a nosso dia
inteiro. Então, isso também está falando sobre os intervalos de cada dia quando somos tentados a
esquecer, quando poderíamos então voltar àquele lugar de amor e paz na mente.

Vocês podem usar qualquer acontecimento particular em sua vida diária no qual esse
esquecimento aconteceu - e ele geralmente acontece pelo menos uma vez por minuto! Vocês, de
repente, se vêem ficando irritados, transtornado, amedrontados, deprimidos, culpados, doentes,
furiosos, etc. - qualquer coisa do ego, qualquer coisa na qual não se sintam pacíficos, ou amados
e amorosos, qualquer momento em particular quando vocês não sintam a presença de Deus, ou
de Jesus, ou do Espírito Santo. Isso acontece quando vocês se sentem na escuridão do ego -
vocês caíram de volta no sonho do ego, e não importando a luz aparente ao redor dele, ainda é
um sonho de escuridão. Essa é a prisão.

O “aprendizado do mundo” refere-se aos nossos sentimentos dessa forma porque acreditamos
que o mundo fez algo a nós. E, é claro, o ensinamento do mundo realmente é o que nós
ensinamos ao mundo para que ele depois nos ensinasse de volta, porque o mundo não existe fora
das nossas mentes. Nós ensinamos o mundo a espelhar de volta para nós o fato de que somos
vítimas - que esse é um mundo de separação, dor, doença, punição, morte, etc.

O que acontece então é que estou sentado ao seu lado, ou dirigindo para algum lugar, ou estou
no trabalho - qualquer coisa que estiver fazendo - e fico consciente de que não estou me
sentindo em paz. Ou em um contexto específico de que estivemos falando durante o workshop, eu
estou com você e você está sentindo dor, e sinto meu coração voltando-se para você - eu me
sinto identificando-me ou sentindo empatia pelo seu sofrimento e dor. Não importa se você é
alguém próximo de mim, ou alguém sobre quem li nos jornais ou ouvi nas notícias. Se eu estiver
preso no sonho - eu quero reconhecer que o que estou experimentando é apenas parte do
aprendizado de que sou capaz - esse é o aprendizado do ego que o mundo espelha de volta para
nós. A idéia é que isso se torne uma “fase transitória”, não algo permanente. O ego nos ensinou
que uma vez que nos identificamos com ele, seu sistema de pensamento torna-se a única
realidade, e, portanto, é permanente. A única questão então é quem vai ser morto primeiro? Não
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há dúvida de que alguém vai ser punido, alguém vai morrer - e nas mãos de um Deus raivoso e
vingativo.

O objetivo é começar a perceber que é isso o que estou sentindo. Estou me sentindo pesaroso por
você, estou me sentindo solitário pela ameaça da sua perda, estou me sentindo culpado por causa
da sua dor, etc. - Eu reconheço que isso é tudo aprendizado do meu ego, e é transitório. Em
outros palavras, posso modificá-lo. Quando eu experimento qualquer coisa do meu ego, isso é a
prisão do ego, é a visão do ego em relação ao mundo. É uma prisão - uma prisão em que
estamos aprisionados pelo nosso próprio sistema de pensamento, e não existe saída para ela. O
ego me diz que existe uma saída: se eu matar você, arrastá-lo e colocá-lo na cadeia, então,
estarei livre. Mas, obviamente, tudo o que isso faz, em virtude do meu ataque, é me manter na
prisão ainda mais.

Dentro desse lugar onde estou, ou acredito estar, sentindo todos esses sentimentos horríveis, os
quais no passado eu não iria reconhecer, exceto para me encarcerar ainda mais - tentando
escapar da dor através de diferentes formas de mágica e ataque que realmente não me
libertariam -, o Curso me ajuda a perceber como posso verdadeiramente escapar. Quando me
sinto preso em uma situação na qual me experiencio como vítima, eu reconheço que a escuridão
do mundo é um espelho da escuridão na minha mente. E é possível para mim deixar de prestar
atenção à escuridão das circunstâncias externas - não importando se essas circunstâncias
envolvem o seu corpo ou o meu, pois ambos estão fora da minha mente - e me afastar do
externo, voltando para onde a escuridão realmente está, na minha mente. E, então, eu me volto
para Jesus ou para o Espírito Santo - Eles representam a luz do sol. É sobre isso que essa
passagem está falando - “o aprendizado do mundo se torne um fase transitória, uma prisão da
qual sais para a luz do sol e esqueces a escuridão”.

Basicamente, nós poderíamos usar isso como um exercício o tempo todo - e isso não exige muito
tempo, não mais do que um segundo ou dois. Eu reconheço que nunca estou transtornado pela
razão que imagino (LE-pl.5). Eu não estou transtornado por causa da condição em que você está,
estou transtornado por causa da condição na qual acredito que eu estou. E a condição em que
acredito estar é aquela onde me coloquei. Então, eu volto àquela decisão, longe da escuridão - a
escuridão do mundo que eu projetei para fora e percebi como fora de mim, e a escuridão da culpa
na minha mente. E agora eu percebo que tenho uma escolha.

Eu me retiro do sonho e me volto para o sonhador, porque não sou mais o sonho. Minha
identidade não é esse sonho, não é esse corpo que aparentemente está sendo afetado ou afligido
por você, ou por mim mesmo. Eu sou o sonhador, eu sou a mente. E na minha mente está não
apenas a escuridão do ego, mas a luz do Espírito Santo - nesse ponto, eu preciso ter o desejo de
liberar meu investimento em ser a escuridão fora de mim.

Como já dissemos, quando nos tornamos envolvidos em irradiar luz para as pessoas que têm
câncer, ou para partes do mundo que estão em conflito, estamos vendo a escuridão fora de nós.
Estamos vendo o mundo como real, como uma prisão na qual existe escuridão, na qual pessoas
inocentes são presas, e na qual pessoas culpadas, pecadoras, estão infligindo dor à pessoas
inocentes. Nós precisamos querer liberar o investimento que temos nessas crenças. Nós não
podemos fazer isso a menos que tenhamos alguma experiência da presença do amor e da luz em
nossas mentes para os quais podemos voltar. De outra forma, vamos apenas voltar para dentro
de nossos egos e nos sentir anda mais culpados, pois fizemos mais julgamentos contra nós
mesmos ou contra outras pessoas.
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Eu tenho que ser capaz de dizer: “Eu nunca estou transtornado pela razão que imagino” (LE-pl.5).
Essa é uma lição incrível do livro de exercícios. Se nós realmente a compreendêssemos, iríamos
compreender tudo. A lição em si mesma não explica muito, mas a idéia básica tem tudo em si. Eu
não estou transtornado por causa do que está acontecendo com você.

Isso também significa que nós precisamos não sucumbir à tentação de fazer algo sobre a forma
da escuridão que percebemos fora de nós. Voltando ao exemplo do grupo do Curso em Milagres
visitando a paciente morrendo de câncer - eles se focalizaram na escuridão fora deles, na
escuridão dessa estudante do Curso em Milagres que escolheu ficar doente, na escuridão do
câncer que estava devorando seu corpo. Eles escolheram ver a escuridão ao invés de se
retirarem do mundo da escuridão e irem para o lugar da luz em suas mentes. Se eles tivessem
feito isso primeiro, suas reações seriam totalmente diferentes.

Nós temos que resistir à tentação de agir sobre o problema como o vemos e o definimos. Vocês
sabem, a idéia popular de contar até dez primeiro não é tão má. Isso pelo menos nos detêm,
porque nossos impulsos são meramente de fazer algo sobre a escuridão exterior - seja atacar
você que eu julguei como se estivesse me atacando, ou atacar o meu corpo que eu acredito estar
me atacando, ou resolver um problema que eu acredito estar causando angústia a outros. Antes
de agir, eu primeiro quero pensar. Lembrem-se como nós começamos - nós não pensamos. Não
é o cérebro que pensa. Nós queremos ir para a mente que pensa, e queremos mudar da forma de
pensar do ego para a forma de pensar do Espírito Santo. Nós queremos compartilhar a visão de
Jesus sobre o mundo.

Nós queremos nos tornar cada vez mais sensíveis, em primeiro lugar, em relação a quando
estamos nos sentindo transtornados, angustiados ou sem paz. Então, tão rápido quanto possível,
queremos reconhecer que a falta de paz, ou a doença, não está vindo de fora - está vindo de
dentro. Eu não estou aprisionado no mundo da escuridão fora da minha mente; eu estou
aprisionado no mundo da escuridão dentro da minha mente. E eu sou aquele que aprisiona, o que
quer dizer que sou eu que posso mudar isso. Eu sou aquele que segura a chave da cela da prisão
- ninguém mais.

Nós queremos deixar o mundo da escuridão e ir para o lugar de luz na mente, e isso requer
prática e muita disciplina. É útil descobrir com quanta rapidez nos esquecemos. Em questão de
segundos, podemos nos ver sendo aprisionados novamente no mundo do corpo - meu corpo quer
isso ou aquilo, seu corpo quer isso, eu quero o seu corpo, seu corpo está exigindo algo do meu,
ou existe algo lá fora que eu tenho que fazer. E rapidamente eu caio de volta na escuridão e
acredito que ela é real.

Isso não significa que eu não vou cuidar de todas as minhas necessidades e problemas corporais.
Mas, antes de cuidar deles, primeiro quero voltar para aquele lugar de quietude e paz na minha
mente. Se eu for lá primeiro e depois voltar minha atenção para o mundo, como vamos ver depois,
então, tudo o que eu farei será amoroso e pacífico - ninguém vai perder e todos vão ganhar.

Parte XXII

Comentário sobre a Lição 184 "O Nome de Deus é a minha herança” (parágrafo 10 -
continuação)

Para considerar um tipo diferente de exemplo de como vemos os problemas fora de nós,
estudantes de algumas aulas aqui algumas vezes relatam tristeza ou ansiedade conforme a
programação está chegando ao fim e se aproxima a hora de deixar a Fundação. Se isso acontecer
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com vocês, quer dizer que vocês acreditam que a paz e o amor que estão sentindo enquanto
estão aqui não estão em vocês. Vocês acham que eles estão aqui, na Fundação, e que vocês os
conseguiram aqui. Então, quando partirem, vão sentir que estão deixando a paz para trás, porque
não está em vocês. O que vocês querem fazer - e esse seria um bom exemplo de como trabalhar
com isso - é ficarem conscientes: Ah, estou ansioso em relação a ir embora porque acredito que
minha felicidade, paz e amor estão baseados aqui na Fundação, e não estão dentro de mim -
obviamente, eu não me sinto merecedor.

Agora, isso significa que vocês acreditam que a Fundação tem algo que vocês não têm - ela tem
o amor de Jesus e vocês não têm porque não são merecedores dele. Essa não é uma afirmação
muito boa para se fazer sobre si mesmo, nem sobre a Fundação, porque, se nós temos algo que
vocês não têm, onde o conseguimos? Vocês então sentem que a única forma de pegá-lo de volta
é canibalizar a Fundação. Então, podem dizer, “Eu tenho que estar aqui o tempo todo para poder
sentir esse amor, porque eu não o tenho de outra forma”. É aí que sua relação com a Fundação
se transforma em uso e manipulação - basicamente, canibalismo.

Vocês então dizem, “Sim, é isso o que vou fazer”, e, então, dizem a Jesus, “Eu não sinto que sou
merecedor de você”. Vocês estão realmente dizendo, “Eu realmente acredito que você está
comigo, e estou com medo”. Vocês estão limitando o amor dele, assim como Helen fez com suas
compras, dizendo a Jesus, “Eu posso experimentar seu amor quando estou aqui, porque não
estou aqui o tempo todo - esse é todo o amor que posso suportar -, mas não quero seu amor
comigo quando volto para casa, para o mundo”.

O que vocês estão realmente dizendo a Jesus é que estão com medo do seu amor. Esse é um
ponto básico, um ponto no qual vou entrar mais tarde. Vocês reconhecem que o fato de estarem
transtornados ou irritados, de estarem sentindo empatia com o sofrimento de alguém, seu
sentimento de ansiedade ou transtorno pelo fato de estarem deixando esse local maravilhoso e
santo, e voltando para seu mundo feio e profano - quaisquer desses sentimentos, de quaisquer
formas, estão vindo porque vocês estão com medo do amor que vocês sabem que está realmente
dentro de vocês. E, então, usam as circunstâncias externas como uma forma de empurrar esse
amor para longe. Se vocês pudessem experimentar-se dizendo a Jesus, ou a quem mais que
simbolize esse amor para vocês, “Você chegou perto demais e eu tenho que empurrá-lo”, então, já
teriam feito tudo o que precisam. Teriam concluído tudo, porque se pudessem dizer isso a Jesus
sem julgamento, então, já estariam unidos a ele. Existe uma parte de vocês que está aprendendo
que vocês não têm que ter tanto medo dele. E vocês não têm que ter vergonha do seu ódio ou
medo dele, ou das maneiras que usam os outros para mantê-lo distante. E isso é tudo o que
vocês fazem.

O ponto central de tudo isso novamente, é que nós deveríamos lutar para reconhecer a
inquietação dentro de nós tão rapidamente quanto pudermos, tentarmos não culparmos o que
virmos fora de nós, e, ao invés disso, voltarmos para o lugar de luz do sol em nossas mentes.
Mas, novamente, isso significa que precisamos aceitar a premissa de que não sabemos o que
estamos fazendo.

Existe uma passagem maravilhosa logo no final do texto que expressa isso lindamente:

“Não há declaração que o mundo tenha mais medo de ouvir do que essa: Eu não sei o que sou e,
portanto, não sei o que estou fazendo, onde estou ou como olhar para o mundo ou para mim
mesmo. [Agora, que há uma explosão real do ego em todos nós]. Entretanto, é aprendendo isso
que nasce a salvação. E O Que tu és te falará de Si Mesmo”. (T-31 .V.17:11-17).
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Então, o Ser que somos vai nos dizer Quem somos através do Espírito Santo. A salvação vem
disso porque essa é a afirmação de que o meu ego tem estado errado. Isso significa que eu agora
deixo aquela pequena brecha na minha mente livre, limpa, vazia e desocupada, e isso permite que
o Amor do Espírito Santo me ensine. Mas eu preciso ser capaz de dizer, “O problema não é o que
eu pensei que fosse”. Em outras palavras, eu preciso voltar para dentro da minha mente.

Considerando outra forma de entender isso: Quando eu sinto que estou ajudando você, acredito
que estou lhe dando uma dádiva. Você está tremendamente necessitado e com muita dor e
sofrimento, e eu sou o doador da dádiva - eu vou lhe dar algo. Eu vou aliviá-lo da sua dor. Mais
uma vez, isso significa que eu tenho algo que você não tem. Então, estou vendo a separação e a
diferença. Estou fazendo um julgamento que realmente é um ataque - aparentemente uma
expressão de amor, preocupação, mas realmente um ataque. Eu acredito que estou dando a você
uma dádiva. Uma vez que me sinta assim, cometi um erro - como eu poderia dar a você a dádiva
quando não sei quem sou, sem contar que não sei o que estou fazendo, ou qual o problema é? Eu
tenho que reconhecer - e só posso fazer isso voltando para minha mente e me unindo a Jesus -
que não sou uma dádiva como um ego separado, como uma personalidade com a qual me
identifico. A dádiva que eu sou é a dádiva de Cristo, a dádiva do Amor de Deus. Essa é a dádiva
que eu sou. Mas, não sou só eu que sou essa dádiva, você também é. Basicamente, tudo o que
eu sou é o amor compartilhando com o amor. Não o amor dado a outra pessoa, mas o amor
dividindo-se consigo mesmo. Eu não sou a dádiva. Eu não sou o doador da dádiva. Eu não sou
nada, porque é isso o que o ego é. Mas, dentro de mim, está tudo.

Existe uma lição do livro de exercícios que termina com uma linha maravilhosa: “Que eu não
esqueça que nada sou, mas que o meu Ser é tudo” (LE-pll.358.1:8-9). A arrogância do ego é
evidente no pensamento de que eu tenho essa dádiva maravilhosa e vou dá-la a você. E vou lhe
dar algo porque não acredito que você o tenha. E, se eu não acredito que você o tenha, acredito
que eu tenho, então, existe uma parte de mim que não quer dá-lo a você. Então, a dádiva que
estou dando a você tem uma armadilha nela - vou lhe dar essa dádiva para que possa conseguir
uma ainda maior de volta. Vou lhe dar essa dádiva para que você, ou todas as outras pessoas no
mundo, pensem o quanto sou maravilhoso, eu realmente quero que Deus pense que sou
maravilhoso, para que Ele me deixe fora da armadilha e puna outra pessoa. Não é amor se eu lhe
dou uma dádiva que não acredito que você já tenha. Ver diferenças é sempre julgamento.

A dádiva que eu dou não é minha; ela é dada através de mim. É uma dádiva que simplesmente
espelha e compartilha com aquele que está recebendo. É uma troca na qual nada é dado, nada é
recebido, e nada é perdido. O amor é simplesmente reconhecido e aceito. Ele vem em uma forma
na qual eu dou algo e a outra pessoa o recebe. Essa é a forma. Isso é um símbolo. Se alguém
está doente e eu alivio a dor dessa pessoa, dei algo a ela no nível da forma.

Mas, lembrem-se, a forma não significa coisa alguma. Para o ego isso é apenas um símbolo da
minha doação e perda, enquanto você está ganhando. É um símbolo da separação, diferença,
julgamento e ataque. Não é amor. Não é dar. Quando é Jesus dando através de mim, a forma, ou
o símbolo, é o reflexo desse amor. E minha experiência é que eu estou simplesmente permitindo
que o amor se estenda através de mim, o que significa que não tenho exigências de que nada me
seja devolvido. Não tenho exigências de que minhas dádivas sejam aceitas. Não tenho exigências
de que você seja curado do seu sintoma físico. Não tenho exigências de que você seja grato a
mim. Não tenho expectativas, nem necessidades. É apenas o amor sendo dado através de mim.

Agora, obviamente, isso é o ideal - mas não é fácil. Mas a idéia é pelo menos estarmos
conscientes do que é o ideal e, então, estarmos conscientes quando nos afastarmos dele. Vou
voltar a isso logo. A idéia é perceber que não sou o doador da dádiva. Quando eu volto ao lugar
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de luz na minha mente, como vamos ver conforme lermos, então, percebo o que a dádiva é, e
Quem é o Doador dela. Eu sou simplesmente uma expressão desta dádiva - e uma expressão e
um fragmento do Doador, assim como todas as outras pessoas. É simplesmente, outra vez, uma
troca do amor com o amor.

E, quando fazemos isso, é isso o que acontece:

(Parágrafo 10 - Sentenças 3-6) Aqui tu compreendes o Verbo, o Nome Que Deus te deu; a única
Identidade Que todas as coisas compartilham; o único reconhecimento do que é verdadeiro.

O “aqui” que inicia essa sentença refere-se novamente ao nosso retorno àquela parte de nossas
mentes onde fizemos a escolha errada. Somos confrontados com a mesma escolha, mas agora,
sabendo que temos uma escolha - entre o ego e o Espírito Santo -, e também vemos que temos
que nos afastar do ego e nos voltar pra Jesus. Essa é outra forma de entender o conceito que
discutimos antes: que quando eu me separo do meu sonho e do seu, e volto para a idéia de que
ambos somos sonhadores, reconheço nessa idéia que somos todos um. Essa é a chave do
ensinamento aqui: “a única identidade Que todas as coisas compartilham”. Somos todos partes da
Filiação separada. Somos todos partes da mente doente, enferma, insana que acreditou que seria
mais feliz fora do Céu do que Nele.

Portanto, vou além da escuridão do mundo - quer isso seja alguém que esteja me atacando física
ou verbalmente, quer seja alguém que esteja seriamente doente, ou alguma forma horrível de
angústia. Se eu me identificar com isso, estou tornando o sonho real. Quero voltar para aquele
lugar na minha mente e onde o sonhador está - eu como o sonhador, e meu amigo como o
sonhador - e, então, perceber que somos o mesmo. As formas do nosso erro diferem, mas o
conteúdo é o mesmo. Nós todos nos afastamos do Céu como um, nós nos afastamos do Espírito
Santo como um. E agora, dentro de nossas mentes aparentemente fragmentadas e individuais,
nós também nos afastamos de Jesus - não como na forma, mas todos nós nos afastamos dessa
presença de amor. Nós sabemos que fizemos isso porque todos no mundo se sentem irritados,
transtornados, doentes, depressivos, culpados, etc. Tudo isso são escolhas conscientes que
fizemos para nos afastarmos do Amor de Deus. Estamos todos no mesmo barco. E, então,
quando deixamos o mundo da escuridão, ainda que só por um milésimo de segundo, e voltamos
para nossas mentes, esse milésimo de segundo é o que o Curso chama de “o instante santo”. O
instante santo nos eleva para fora do tempo, porque, quando nos unimos ao Amor de Deus, nos
lembramos que esse Amor é eterno.

Então, para falar pela última vez sobre isso: eu me vejo em uma situação na qual estou
começando a ficar transtornado. Estou me sentindo mal por você por causa da condição na qual
você está e quero fazer algo sobre isso - ou estou irritado com alguma coisa que você fez e quero
fazer algo a respeito. Então, me pego no ato, percebo qual é o problema, volto para aquele local
de luz na minha mente, e, de repente, tudo parece diferente. Eu percebo que seja o que for que
você esteja enfrentando é uma escolha que você fez. Sua angústia não é a dor no seu corpo. A
angústia é a dor na sua mente que se separou de Deus, e que espelha a minha. Nesse ponto, nos
tornamos um, e minha preocupação em relação a você, meu investimento em ajudá-lo, minha
empatia, minha simpatia, minha compaixão por você, tudo desaparece nesse instante, pois elas
só aparecem do ponto de vista do ego.

(Parágrafo 10 - Sentenças 6-9) E, então, dá um passo para trás, para a escuridão, não porque
penses que ela seja real, mas apenas para proclamares a sua irrealidade em termos que ainda
têm significado para o mundo que a escuridão governa.
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Uma vez que minha mente tenha sido curada, eu posso voltar para o mundo - todo esse processo
não tem que durar mais do que um segundo ou dois. Mas agora, não sou enganado pelos
símbolos. Eu sei que sua doença e sua dor vieram do seu pedido do Amor de Deus, que é o eco
do meu pedido do Amor de Deus. Não sou mais tocado pelo sonho. Não é o sonho que eu quero
ajudar, é o pedido do Amor de Deus que eu quero responder. E eu entendo que, ao responder seu
pedido do Amor de Deus, também estou respondendo o meu próprio. Agora que não sou mais
enganado pelos símbolos do mundo, posso usá-los para um propósito totalmente diferente.

Aplicando isso novamente à situação de visitar você no hospital, e você estar sentindo muita dor -
no passado, eu teria entrado no quarto e me sentido transtornado. Então, eu faço esse pequeno
exercício: volto para minha mente, percebo agora que poderia entrar naquele quarto com Jesus ao
meu lado ao invés de andar sozinho. Percebo que você escolheu a doença como sua forma de se
defender contra o Amor de Deus, então, você definiu a forma da sala de aula. Pelo fato de agora
estar em um estado mental no qual reconheço que você e eu somos um, e somos um no Amor de
Deus, deixo esse Amor de Deus vir através de mim. Eu uso os símbolos que você fez, mas com
um conteúdo diferente. Você usou esses símbolos como uma forma de excluir Deus, de atacar a
si mesmos, e de me fazer sentir culpado. Eu agora uso esses mesmos símbolos como uma
expressão do Amor de Deus que diz que não importando o que você tenha feito, isso não teve
efeitos no meu amor por você. E, então, eu faço o que a maioria das pessoas normais faria - digo
palavras de simpatia,encorajamento e conforto. Vou lhe levar flores ou doces. Vou chamar o
médico para você. Faço tudo o que qualquer outra pessoa faria, mas o propósito será totalmente
diferente, porque não estarei fazendo isso como uma forma de sentir empatia com o seu sonho.
Farei isso como um veículo para expressar o Amor de Deus que eu agora percebo que nós dois
compartilhamos e que nós dois somos.

Nesse ponto, eu iria parecer com qualquer outra pessoa, mas o significado do que está
acontecendo seria totalmente diferente. É isso o que quer dizer a afirmação no livro de exercícios
que diz nossa aparência será como a de todos os outros, mas vamos sorrir mais freqüentemente
(LE-pl.155.1:2). Em outras palavras, existe uma paz dentro de nós que não pode ser tirada por
causa do sonho de outra pessoa.

Esse princípio pode se aplicado a absolutamente qualquer situação na qual eu me encontre -


esteja eu irritado com você, comigo, ou sentindo empatia por você por causa do seu sofrimento e
angústia. Isso não significa que eu não vá fazer nada para ajudar os outros. Simplesmente
significa que eu agora percebo que não sou o “fazedor”. Não sou o doador da dádiva. Não sou
aquele que vai trazer paz ao mundo ou encontrar a cura para todas as doenças do mundo, porque
percebo que tudo isso é apenas outra parte do sonho. Então, eu me permito ser parte do sonho,
sabendo que sou o sonhador, não o sonho.

Essa sentença, portanto, é extremamente importante: “Então, dá um passo para trás, para a
escuridão, não porque penses que ela seja real”. Não porque eu penso que mandar flores significa
alguma coisa, ou tomar uma aspirina significa alguma coisa, mas faço isso simplesmente “para
proclamar a sua irrealidade em termos que ainda têm significado para o mundo que a escuridão
governa”. Eu não deixo as formas serem qualquer obstáculo para o amor que está dentro de mim.
E isso o que realmente significa o amor nesse mundo.

Novamente, isso não significa que eu viro minhas costas para o sofrimento dos outros, ou para a
injustiça no mundo, ou para qualquer outra coisa. Eu simplesmente os redefino para perceber que
o sofrimento e a injustiça vêm de dentro da sua mente, assim como de dentro da minha. Quando
reconheço isso, eu me uno a você como o sonhador, não como o sonho.
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(Parágrafo 11 - Sentenças -2) Usa todos os pequenos nomes e símbolos que delineiam o mundo
da escuridão.

Um bom exemplo disso é o próprio Um Curso em Milagres. No curso, Jesus usa as palavras e os
símbolos do mundo ocidental, um mundo cristão e um mundo psicológico, não porque essas
palavras sejam reais. Ele usa palavras, como sabemos, que os cristão têm usado por séculos,
mas as redefine totalmente. É isso que ele quer dizer quando fala que o Curso vem “dentro da
moldura do ego” (ET-in.3:1). Mas ele muda o conteúdo. Então, “Filho de Deus” tem um significado
totalmente diferente daquele de dois mil anos atrás. “Cristo” tem um significado totalmente
diferente. “Expiação”, “Salvação”, têm um significado totalmente diferente. O “milagre”, o “perdão”,
é algo totalmente diferente. Ele usa exatamente as mesmas palavras: “a Segunda Vinda”, “o
Julgamento Final” - palavras emocionalmente carregadas de especialismo, amor especial, ódio
especial e julgamento. Ele as transforma e elas agora se tornam veículos para ensinar uma lição
que é universal, e abarca todas as pessoas como uma. E ele próprio se torna um perfeito exemplo
dessa reversão de conteúdo. Então, novamente;

(Parágrafo 11 - Sentenças 1-2) Usa todos os pequenos nomes e símbolos que delineiam o mundo
da escuridão. Mas não os aceites como tua realidade.

Não sejam levados pelo sonho. Vocês não são o sonho. Portanto, por exemplo, eu posso dar um
remédio a você se for um médico, ou posso levá-lo a um médico que vai lhe dar medicação. Isso
não significa que estou tornando o erro real. Da mesma forma, posso trazer-lhe flores porque você
está doente; mas novamente, isso não significa que estou sentindo empatia por você de forma
falsa. Significa que estou me unindo a você nos símbolos que são sem sentido para você e para
mim, mas não estou me esquecendo de que nós temos um significado que está além de todos os
símbolos.

É por isso que, da perspectiva do Curso, não existe forma certa ou errada de fazer qualquer coisa
nesse mundo, como Hamlet proclamou em sua maravilhosa afirmação: “Não existe nada certo ou
errado, mas pensar os torna assim”. Não existe absolutamente nenhum comportamento nesse
mundo que esteja certo, e nenhum que esteja errado. Não existe forma certa ou errada de fazer
terapia com o Curso - não existe técnica. Não existe modo certo ou errado de fazer o Curso. Tudo
o que existe é uma forma certa de pensar em nossa mente - e uma forma errada de pensar. Não
existe Professor certo com o qual deveríamos nos identificar, e um professor errado. Dizer certo
ou errado não é um julgamento baseado na moralidade - é um julgamento que diz que se eu
escolher com o ego não serei feliz, se eu escolher com o Espírito Santo serei feliz. “Por seus
frutos, vós os conhecereis” - é assim que avaliamos, não de acordo com certo ou errado em
termos de comportamento.

(Parágrafo 11 - Sentenças 2-5) O Espírito Santo usa todos eles, mas Ele não se esquece de que
a criação tem um único Nome, um Significado e uma única Fonte Que unifica todas as coisas em
Si Mesma.

É por isso que é tão imensamente importante, como eu disse logo no início do workshop, que
reconheçamos o que a metafísica do Curso está realmente ensinando. O mundo inteiro é uma
ilusão, o que significa que nada aqui é real. Isso significa que toda a percepção de diferenças
nesse mundo é inventada. O que unifica tudo nesse mundo é que ele vem de uma fonte - culpa. E
a culpa vem de uma fonte - é uma defesa contra o Amor de Deus. Tudo aqui é uma expressão ou
da culpa do ego ou do Amor do Espírito Santo. Somos todos um, não somos diferentes; nós
apenas temos a ilusão de sermos diferentes. A doença, sofrimento, e dor são truques
maravilhosos que o ego usa para nos manter separados. Você está sofrendo, eu não estou.
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Então, nós somos separados, somos diferentes, e nisso é feito um julgamento inerente - um
julgamento que é um ataque.

Eu não tenho a experiência de todos como um - isso não é possível para um cérebro humano. É
possível, entretanto, que eu entenda que todos nós compartilhamos o mesmo propósito. Somos
todos diferentes na forma, mas todos compartilhamos o mesmo propósito - é isso o que é
importante - que é o que unifica. Então, nós não negamos o que nossos olhos vêem. Existe uma
passagem importante no manual de professores que é extremamente útil. Se vocês virem a si
mesmos ou a alguém em seu círculo do Curso em Milagres dizendo, “Eu não estou doente, você
não está doente, somos todos um, e eu não vejo o seu corpo, vejo apenas a luz”, você está ou em
negação ou está à beira de uma psicose se é isso o que você vê. Não somos solicitados a negar o
que vemos. Essa passagem é uma forma maravilhosa de descrever isso.

Parte XXIII

Trechos de Conclusão

O contexto da passagem - M-8.6:1-6 - é de alguém cuja mente foi curada.

(Parágrafo 6 - Sentença 1) Os olhos do corpo continuarão a ver diferenças.

Não somos solicitados a negar o que nossos olhos vêem. Não somos solicitados a negar que no
mundo da forma, no mundo dos símbolos e nomes, todos nós temos nomes diferente e somos
todos diferentes.

(Parágrafo 6 - Sentença 2) Mas a mente que se deixou curar não vai mais tomar conhecimento
delas.

Na verdade, a frase “que se deixou curar” é importante. A mente não foi curada, porque nós todos
já fomos curados. Nós simplesmente permitimos que a cura do Espírito Santo fosse o que é. E
essa é a dupla visão sobre a qual eu estava falando - eu vejo o mundo e todas as diferenças aqui,
mas minha mente automaticamente corrige o que eu vejo. Eu reconheço que todas as diferenças
são apenas maneiras diferentes de expressar a unidade da mente do ego-separado, que, em si
mesma, é uma defesa contra a unidade da Mente Crística. E nós compartilhamos ambas. Dentro
do sonho, nós compartilhamos a mente do ego e na realidade, nós compartilhamos Cristo.

(Parágrafo 6 - Sentenças 2-4) Haverá pessoas que parecerão “mais doentes” do que outras, e os
olhos do corpo registrarão suas aparências mudadas como antes.

Não somos solicitados a negar que alguém esteja morrendo de AIDS ou câncer, ou que o corpo
de alguém tenha sido despedaçado em um acidente de automóvel, e pareça diferente de um
corpo que não tenha estado em um acidente; nem somos solicitados a negar que no mundo,
algumas pessoas estão mais doentes do que outras - alguém que seja esquizofrênico é mais
doente do que alguém que não é.

(Parágrafo6 - Sentenças 5-6) Mas a mente curada vai colocá-las todas em uma única categoria:
elas são irreais.

Aqueles que estão extremamente doentes, aqueles que estão moderadamente doentes, aqueles
que estão um pouco doentes, e aqueles que estão razoavelmente saudáveis - todos são irreais.
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(Parágrafo 6 - Sentenças 6-9) Essa é a dádiva do seu Professor; a compreensão de que apenas
duas categorias têm significado na seleção das mensagens que a mente recebe do que parece
ser o mundo do lado de fora. E dessas duas, somente uma é real.

Novamente, não somos solicitados a negar o que vemos. Nós simplesmente somos solicitados a
colocar tudo em uma de duas categorias - ou é uma expressão de amor ou um pedido de amor. O
ego vê muitas categorias diferentes, com tudo e todos expressando a separação e as diferenças,
o que é irreal. O Espírito Santo vê todos e tudo como o mesmo - somos todos crianças do amor.
Alguns de nós o expressam e outros pedem por ele. Mas a realidade é que todos nós somos um
nesse amor. Embora usemos símbolos diferentes e acreditemos que existimos em formas
diferentes, nós todos compartilhamos o mesmo conteúdo básico - somos todos Filhos do mesmo
Deus, o que significa que somos todos um.

Não somos solicitados a negar o que vemos - não negamos o que o sonho é. Nós simplesmente
dizemos que não somos o sonho. Isso é tudo. Isso é visão dupla. Quando Jesus estava aqui, ele
viu o que todos os outros viram, mas sua experiência foi totalmente diferente. Ele viu pessoas
matando seu corpo, seus olhos perceberam diferenças, mas sua mente não reagiu a essas
diferenças porque sua mente conhecia apenas o Amor de Cristo. E, então, ele experimentou
apenas o amor da Filiação pedindo o amor que acreditava não possuir. O Curso está nos pedindo
- e isso, em um certo sentido, é o que o treinamento do Curso, que é um processo, significa -
para estarmos cientes de que o que estamos vendo não é a realidade.

Agora, vocês podem estar pensando, “Tudo isso soa perfeitamente certo e bom, mas tenho medo
por não ser Jesus, e então, não estou pronto para ver o mundo da mesma forma que ele”. Mas
não somos solicitados a ver o mundo como ele faz. Somos solicitados simplesmente a querer ver
o mundo como ele. Existe uma passagem no Curso que diz que a pergunta que deveríamos fazer
a nós mesmos é, “Eu realmente quero vê-lo [meu irmão] sem pecado?” (T-20.VII.9:2). Ele não diz
que eu o vejo sem pecado. A pergunta é, eu quero vê-lo sem pecado? Essa é a pequena vontade.

Então, quando você está morrendo de câncer ou de AIDS e seu corpo está definhando na minha
frente, não sou solicitado a ver você como perfeitamente curado e inteiro. Se eu pudesse ver você
perfeitamente curado e inteiro, não estaria aqui, e não iria precisar do Um curso em Milagres. É aí
que os estudantes são pegos. Eu sou solicitado a ver você exatamente da maneira que vejo, mas
a estar consciente de que estou vendo você dessa forma porque estou com medo de ver o Amor
de Deus em mim. Esqueça sobre ver o Amor de Deus em você - estou com medo de ver o Amor
de Deus em mim. Estou com medo de deixar esse amor chegar perto demais de mim. Não sou
solicitado a ver você curado. Não sou solicitado a ver você como perfeito. Sou solicitado
simplesmente a ter a pequena vontade de ouvir que estou errado, e que o sonho na minha frente
é simplesmente um sonho, e que a realidade é o sonhador, não o sonho em si mesmo. Então,
quando eu me vejo ficando transtornado, a pior coisa no mundo que posso fazer como um
estudante de Um Curso em Milagres é me sentir culpado por isso. O propósito do Curso é nos
liberar da culpa, não nos tornar ainda mais culpados. O Curso nos ensina que para sermos livres
da culpa precisamos aceitar que somos culpados e dizer tudo bem. Jesus diz no texto, “Tu não és
sem culpa no tempo, mas na eternidade” (T-13.l.3:2). Ele espera que sejamos culpados. Ele
espera que fiquemos transtornados quando nos sentimos atacados ou tratados injustamente. Não
somos solicitados a não experienciar esses sentimentos. Nós simplesmente somos solicitados a
entender que experimentar as coisas dessa forma está vindo de uma escolha que fizemos - que
foi a escolha de empurrarmos Jesus para longe. É isso o que somos solicitados a entender.
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Existe uma dessas passagens no texto na qual todo o curso é resumido em uma única sentença:
“Tudo o que é necessário é olhares para o problema assim com é, e não do modo como o tinhas
colocado” (T.27.VII.2:1-3). O contexto da passagem é sofrimento - todo o sofrimento que nós
experimentamos no mundo, esteja ele vindo de outros ou de você mesmo. O ego nos diz que esse
é um sofrimento do qual nunca poderemos escapar - o mundo é uma prisão na qual, como o livro
de exercícios diz depois, “criaturas famintas e sedentos vêm para morrer” (LE-pll. 13.5:1). Esse é o
mundo do ponto de vista do ego. E não existe saída, porque todos nós sabemos que vamos
morrer. Eu posso pensar que posso diminuir meu sofrimento um pouco fazendo você sofrer mais,
mas no final, eu sei que vou morrer. Então, Jesus nos diz, “Agora está sendo mostrado a ti que
podes escapar” (T-27.VII.2:1).

Agora, nesse linha, assim como li antes do “As dádivas de Deus”, Jesus nos diz como podemos
escapar de todo o sofrimento no mundo - seja o sofrimento que eu percebo fora de mim e com o
qual me identifico, pelo qual me sinto pesaroso, e o qual quero curar, ou o sofrimento que
experimento dentro de mim mesmo. Isso é tudo o que temos que fazer: “Tudo o que é necessário
é olhares para o problema assim como é, e não do modo como o tinhas colocado” (T-27.VII.2:2). A
forma como o tínhamos colocado foi vê-lo fora de nós.

Por exemplo, digamos que eu tenha um amigo que está doente, com dores, ou morrendo - esse é
o problema. E eu sinto que tenho que fazer algo sobre esse problema. Basicamente, nós
estabelecemos todas as coisas no mundo de forma a ficarmos transtornado porque algo está
sendo feito a nós, ou algo foi feito a alguém ou a um grupo de pessoas com as quais me identifico.
Psicologicamente, não faz diferença se o sofrimento está acontecendo a mim, a alguém amado,
ou a um grupo com o qual me identifico do outro lado do mundo. Foi assim que estabelecemos
isso. Eu estou com dor e estou sofrendo por causa de algo que o corpo - meu ou seu - fez a mim.
A verdade é que estou transtornado porque primeiro fiquei com medo da proximidade de Jesus
em relação a mim, então, soltei sua mão e o empurrei para longe, e aí me senti muito mal -
porque, mais uma vez, abandonei, rejeitei e me afastei do amor. Então, projetei a
responsabilidade pelo modo como me sinto em você, dizendo que você é a razão de eu estar
transtornado. Por causa do fato de você estar morrendo de câncer ou de AIDS, ou algo horrível
que lhe aconteceu, eu não posso dormir à noite. Eu me sinto privado e abandonado, solitário,
transtornado, culpado, etc, e é sua culpa. Eu estabeleci o problema para que a minha doença seja
o efeito do que você fez a mim, ou do que está acontecendo com você. Jesus está dizendo que
tudo o que tenho que fazer é olhar para o problema como ele é - fui eu que abandonei o amor,
que me afastei dele, e é por isso que estou me sentindo dessa forma.

Voltando ao nosso exemplo anterior - estou me sentindo maravilhosamente bem, unido, amoroso
e amado enquanto estou na Fundação. E estou com medo de que, quando for embora daqui, todo
o amor terá acabado. A forma com que eu estabeleci o problema é que se eu ficar aqui vou me
sentir feliz e pacífico, e vou sentir a proximidade de Jesus, mas, se eu partir, esses sentimentos
terão acabado. Isso significa que a causa da minha angústia não é nada do que eu estou fazendo.
A causa dela é uma circunstância além do meu controle. Eu não posso evitar isso se tiver um
trabalho para o qual tenho que voltar. Não é algo que eu fiz - são simplesmente as circunstâncias
que eu esteja deixando esse lugar e, portanto, deixando o amor para trás. Tudo o que eu tenho
que fazer para escapar do sofrimento que estou sentindo é olhar para o problema como ele é - a
forma que descrevi antes. O problema é que sou eu que estou empurrando Jesus para longe. Sou
eu que estou limitando seu amor, dizendo, “Vou deixar você me amar aqui, mas não vou deixá-lo
me amar onde eu vivo”.

Em outras palavras, tudo o que tenho que fazer é ser capaz de deixar o mundo da escuridão -
que é o mundo da forma, o mundo do corpo - e voltar para o lugar na minha mente onde tomei a
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decisão de excluir o amor e de excluir ou limitar Jesus, e dizer, “Sim, é isso o que estou fazendo”.
Isso é tudo o que tenho que fazer. Então, fiz minha parte para a cura do mundo, para a cura de
toda a dor e sofrimento que nunca nem mesmo existiram, existem agora, ou irão existir um dia. E
isso é assim porque toda a dor e sofrimento - passado, presente e futuro - vêm da nossa
separação do Amor de Deus. Então, minha parte é simplesmente me reunir aquele amor, isso é
tudo - estando ciente disso e olhando para o que eu fiz sem julgamento, sem culpar a Fundação,
sem culpar as pessoas aqui, sem culpar a mim mesmo. Se eu fizer isso, já estarei unido a Jesus.

Lembrem-se da passagem que lemos antes, do texto. Não temos outra escolha - ou nos unimos
aos sonhos de medo ou aos sonhos de amor, ou nos unimos ao ego ou ao Espírito Santo. Não
existe outra escolha. Se nos unirmos com o ego haverá julgamento. Tem que haver julgamento
porque é isso o que o ego é - julgamento. Se nos unirmos a Jesus não haverá julgamento, nem
culpa, nem ataque, porque é isso o que ele é. Então, se eu puder reconhecer que a fonte da
minha angústia não é eu deixar um lugar físico e ir para outro, mas, ao invés disso, que eu escolhi
excluir o amor - se eu puder olhar para isso em mim mesmo sem mergulhar fundo nela, ou culpar
qualquer outra pessoa por ela, então, olhei para isso com Jesus. Desfiz o meu erro. Meu erro foi
que eu empurrei Jesus para longe, mas agora o estou trazendo de volta. E estou pronto. Deixei
que eu mesmo fosse curado. Deixei o mundo ser curado, agora, no momento seguinte, eu posso
ficar com medo outra vez e soltar a mão de Jesus, mas, então, eu simplesmente faço todo o
processo outra vez.

Isso é tudo o que nos é pedido. É isso o que significa aceitar a Expiação para nós mesmos.
Lembrem-se, toda dor e sofrimento no mundo, não importando o quanto parece grande, não
importando quantos bilhões de pessoas estejam envolvidas, vem simplesmente de nos afastarmos
do amor em nossas mentes, porque não há nada mais. Não existe mundo lá fora. O mundo todo
está nessa pequena brecha. Lembrem-se, o mundo todo surgiu para cobrir a culpa na pequena
brecha - a culpa que veio da nossa separação do Amor de Deus. E nós re-encenamos isso vezes
sem conta. É isso o que o Curso quer dizer quando fala, “a cada hora e minuto, até mesmo a cada
segundo, tu estás decidindo entre a crucificação e a ressurreição” (T-14.III.4:1). Então, em outra
passagem, ele diz virtualmente a mesma coisa, que nós escolhemos “reviver o único instante em
que o tempo do terror tomou o lugar do amor” (T-26.V.13:1). Nós simplesmente reencenamos
aquele momento de novo e de novo. Mas é sempre o mesmo momento, porque existe só um
único instante. No instante em que eu me sinto separado do amor de Jesus, estou vivendo à partir
do erro do mundo todo, porque é tudo a mesma coisa. Isso não faz sentido desse lado, no corpo.
Mas, quando olhamos para isso de um lugar de verdade, então, entendemos que tudo está
acontecendo de uma vez. Tudo o que tenho que fazer é simplesmente dizer, “Sim, foi isso o que
eu fiz. E isso não foi um pecado - eu não vou ser punido por isso -, foi simplesmente um engano
tolo”. E o Amor de Deus está comigo, dizendo comigo, “Sim, não foi nada além de um erro tolo e
não teve conseqüências”. A culpa que levou à criação desse mundo - e minha mente é uma parte
disso - e à sustentação dele é a culpa em relação a ter me separado do Amor de Deus, que o ego
diz que teve conseqüências desastrosas: Deus está furioso. Se nós pudermos ter a experiência de
ver a nós mesmos nos afastando do amor, e ainda assim fazermos o amor olhar conosco para
esse pecado sem julgamento, não será mais um pecado. E, então, eu posso dizer que o fato de
eu limitar Jesus, empurrá-lo para longe, traí-lo, trair essa pessoa, trair o amor, não teve
absolutamente nenhum efeito. Então, isso deixa de ser um pecado e se torna um mero engano,
que não precisa de defesa. E a pequena brecha foi limpa e o amor de Deus está lá. Isso é tudo o
que é necessário, e isso resolve toda a dor e sofrimento que já existiram.

Voltando agora à Lição 184 - linha final:


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(Parágrafo 11 - Sentenças 5-7) Usa todos os nomes que o mundo lhes dá, apenas por
conveniência, mas não te esqueças de que eles compartilham o Nome de Deus junto contigo.

Nada nesse mundo significa coisa alguma. Nós demos a tudo um significado que é assassino.
Quando vemos o mundo como uma sala de aula, uma vez que nos voltemos para a luz, os
símbolos e nomes e palavras do mundo são transformados por essa luz. E, então, somos
solicitados a “usar todos os nomes que o mundo lhes dá” - “eles” seriam todos os fragmentos
aparentemente separados.

Eu ainda vou me relacionar com você como se você fosse uma pessoa separada - como se você
fosse minha mãe ou meu pai, minha irmã ou irmão, meu filho, minha esposa, minha amante ou
amigo, ou meu paciente, meu terapeuta, meu colega, meu supervisor, meu chefe, ou empregador,
etc, etc. Eu vou usar todos esses nomes, mas não vou me esquecer que todos somos parte do
mesmo Cristo. Isso não significa que eu tenha que ficar dizendo a palavra “Cristo” enquanto estou
falando como você ou que tenha que envolvê-lo em luz branca. Isso significa que eu não vejo seu
propósito como separado do meu. Tudo o que eu tenho que fazer é estar atento à minha tentação,
à minha necessidade, ao meu investimento em vê-lo como separado e diferente de mim, para
justificar meu julgamento da diferença. Eu trago isso para o lugar de luz na minha mente, e digo a
Jesus: “Eu estou usando isso como uma arma, não apenas contra meu irmão ou irmã, mas contra
você, porque estou com medo de você”. Isso é tudo o que eu tenho que fazer. Se eu puder fazer
isso sem julgar a mim mesmo ou a você, então, terei aceitado a Expiação. Nesse instante, estou
curado e todo o mundo está curado comigo. Isso é verdadeira empatia. Estou sentindo empatia
com o Amor de Cristo que está em você, porque me identifiquei com o Amor de Cristo dentro de
mim.

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