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NSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

DISCIPLINA: GEOTECNIA

TEMA3 – PROPRIEDADES FISICAS DOS SOLOS. ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO,


COMPACTAÇÃO E CONTROLO DE QUALIDADE.
Semana 5 – aula 1:

CONCEITO E ORIGEM DOS SOLOS. FASES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS E ROCHAS.

Conceito e origem dos solos:


As necessidades do homem trabalhar com os solos, encontra sua origem nos tempos mais
remotos, podendo – se afirmar ser tão antiga quanto a civilização. Recordem-se, entre outros, os
problemas de fundações e de obras de terra que terão surgido quando as grandes construções
representadas pelas pirâmides do Egipto, os templos da Babilónia, a grande muralha da China, os
aquedutos e as Estradas do Império Romano.
Sob a acção de agentes internos e até variável profundidade, de agentes externos, a crosta
terrestre sofre modificações complexas que abrangem misturas de massas e deformações e
transformações dessas resultantes.
Além de flutuações de nível, tremores de terra, dobras e fracturas, vulcanismo e acções
metamórficas com eles relacionadas, verificam-se até variável profundidade, fenómenos de
alteração, desagregação e transporte provocados pelo ar, pela água ou pelos gelos, os quais
afectam extraordinariamente a configuração da superfície terrestre.
Os produtos de desintegração de rochas consolidadas são arrastados e redistribuídos. Deste modo
novas porções da litosfera ficam ao alcance dos agentes atmosféricos, ao passo que os sedimentos
ficam sujeitos as novas alterações: desintegração mais pronunciada ou consolidação (e, em certos
casos, recristalização) a que pode surgir-se novo ciclo de desagregação, transporte e deposito.
Se em pleno campo, ao ar livre, se olhar em volta e se tentar uma análise da paisagem que
representa o equilíbrio dinâmico dessas forças moderadoras da crosta terrestre, será possível
distinguir e separar o céu, com as suas nuvens, do relevo formado com o substrato geológico, um
manto ou cobertura viva constituída essencialmente pela vegetação (pois admite-se que cerca de
98% do carbono orgânico existe sob forma vegetal).
Estabelecendo a ligação e ao mesmo tempo fazendo transição entre esse manto vivo e o esqueleto
mineral do substrato geológico encontra-se o solo.
O solo representa uma fase relativamente superficial e pouco estável neste vasto processo
geológico. Pode definir-se como um meio natural para o desenvolvimento das plantas terrestres
tal como se formou (solo dito natural), ou mais ou menos modificado como resulta da sua
utilização pelo homem, são materiais que resultam do intemperismo ou meteorização das rochas
por desintegração mecânica ou decomposição química. Sem meteorização não há solos.

Pedologia – assim se denomina, a ciência que tem por objecto o estudo das camadas superficiais
da crosta terrestre em particular a sua formação e classificação levando em conta a acção dos
agentes climatológicos. Deve-se a origem dessa ciência a um grupo de Agrónomos e Geólogos
Russos.
Segundo os Pedologistas a formação de um solo (S), é função da rocha de origem (r), da acção
dos organismos vivos(o), do clima(cl), da fisiografia(p) e do tempo(t), podendo-se então
expressar da seguinte forma:
S = f(r,o,cl,p,t)
Em Pedologia as camadas que constituem um perfil são denominadas horizontes e designam-se
pelas letras A(camada superficial), B(subsolo) e C (camada profunda).

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Perfil dos solos:

A(solo) Matéria orgânica, água, cores escuras


B(subsolo) Materiais oxidados e lixiviados, abundam
materiais argilosos (acção da erosão)
C(camada profunda) Rochas desintegradas/parcialmente alteradas,
Rocha dura

Constituintes do solo:
Na maior parte dos casos o solo é constituído principalmente por matéria mineral sólida, a qual
até profundidade variável está associada a matéria orgânica. Pode porém, ser quase desprovido de
matéria orgânica ou, ao contrário ser formado principalmente por essa, com muito pouco matéria
mineral.
Em qualquer dos casos, contém proporções variáveis de água com substâncias dissolvidas
(solução do solos) e ar (atmosfera do solo). Para muitos fins é conveniente considerar o solo
como uma mistura de materiais sólidos, líquidos e gasosos e tratá-lo como um sistema em que se
distinguem fases sólidas, liquidas e gasosas.

Fases de formação dos solos (Índices Físicos):

- Elementos constituintes de um solo


O solo é um material constituído por um conjunto de partículas sólidas deixando entre sí vazios
que poderão estar parcial ou totalmente preenchidos por água. É pois, no caso mais geral, um
sistema disperso formado por 3 fases: sólida, liquida e gasosa, representados na figura abaixo:

Fase líquida: a água contida no solo classifica-se em:

● Água de constituição – faz parte da estrutura molecular da partícula sólida.

● Água adesiva – película de água que envolve e adere fortemente a partícula sólida.

● Água livre – encontra-se numa determinada zona do terreno enchendo todos os seus
vazios.

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● Água higroscópica – encontra-se no solo seco ao ar livre.

● Água capilar – aquela que nos grãos finos sobe pelos interstícios capilares deixados pelas
partículas sólidas além da superfície livre da água.

A água livre, higroscópica e capilar são as que podem ser totalmente evaporadas pelo efeito do
calor a uma temperatura maior que 100 graus centígrados.

Fase gasosa: A que preenche os vazios, constituída pelo ar, vapor de água e carbono.

Fase sólida: inclui em proporções variáveis fragmentos de rocha e minerais primários e


secundários, isto é resultante da alteração dos primeiros (minerais de argila, óxidos, hidróxidos de
Al, Fe, etc).
A relação entre os pesos e volumes das diferentes fases é importante pois nos ajuda a definir as
condições do solo ou seu comportamento. O Engenheiro deve compreender antes de tudo e de
uma forma clara as definições e termos usados nas relações para que possa ter um conhecimento
profundo acerca das propriedades dos solos, como se ilustra na figura abaixo:

Relação entre pesos e volumes dos sólidos, ar e água numa massa de um sólido.

Da figura acima pode deduzir-se as seguintes relações fundamentais entre volumes e pesos
constituintes de um solo:

Vt = Vv+Vs = Var+ Va + Vs; onde: Vt é o volume total, Vv- volume dos vazios, var – volume do
ar, Va – volume da agua e Vs volume dos solidos,

Pt = Ps + Pa; Pt é o peso total, Ps – peso dos sólidos, Pa – peso da água.

Teor de humidade dos solos – define-se a humidade de um solo (h) como sendo a razão entre o
peso da água contida num certo volume de solo e o peso da parte sólida existente nesse mesmo
volume, expressa em percentagem.

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h(%) = (Pa/Ps)x100 , Pa - peso da água; Ps - peso apôs secagem (amostra seca)

Pa= P1-PS; P1= Peso da amostra antes da secagem

Em ambos os casos se considera que a amostra foi pesada directamente na balança, não se
consideram os pesos das cápsulas ou bandejas por não ter sido usadas.

Índice de Vazios – Razão entre o volume de vazios (Vv) e o volume dos dos sólidos de um solo.

Є = Vv/Vs

Grau de compacidade - o estado natural de um solo não coesivo(areia, pedregulho) define-se pelo
chamado grau de compacidade , compacidade relativa (Dr)

Gc =(Єmax – Єnat)/ (Єmax – Єmin), em laboratório o Єmax é obtido vertendo-se simplesmente


o material seco num recepiente de volume conhecido e pesando-se:
Єmax = V- [(Ps/δg)]/(Ps/ δg), onde:

V – Volume do recipiente,
Ps – peso natural seco,

δg peso especifico dos grãos

Analogamente obtém-se o Єmin comparando-se o material para vibração ou por socamento


dentro do mesmo recipiente, assim:

Єmin = V- (Ps/ δg) / [(Ps/ δg)], onde Ps é o peso do material seco compactado

Porosidade dos solos: Razão entre volume dos vazios e o volume total de uma amostra do solo:

n(%)=(Vv/vt)x100 , n= Є/(1+ Є)

Grau de saturação : Percentagem da água contida nos vazios

S(%) =( Va/Vv) x 100, se o solo estiver saturado o grau de saturação (S=100)

Grau de aeração

A (%) =( Var/Vv) x100 , A =( Vv- Va)/Vv = 1 – S

Peso específico: Relação entre a massa do solo e o seu respectivo volume

δ = W/V; δ é o peso específico (g/cm3 ), w peso do solo e V volume do solo

Grau de saturação : Percentagem da água contida nos vazios


S (%) =(Va/Vv) x 100, se o solo estiver saturado o grau de saturação (S=100) e a relação acima
nos dá Є = hδ

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S = ( hδ/ Є) = hδ(1-n)/n

Índice de Vazios – Razão entre o volume de vazios (Vv) e o volume dos dos sólidos de um solo.

Є = Vv/Vs = (Vt -Vs)/Vs = (δg/ δs) – 1 , δg – peso especifico dos grãos, δs peso especifico do
solo seco

Peso especifico de um solo saturado( nesse caso S = 100%, ou seja S = 1)

δsat = [(δg + Є)/(1+ Є)] δa, δg peso especifico dos grãos; δa peso especifico (densidade da agua
a 40 C) = 1g/cm3

Peso especifico de um solo submerso (δ)

Quando o solo é submerso, as partículas sólidas sofrem empuxo da água e então:

δsub = δ(1-n) δa – (1-n) δa

ou seja δsub = (δ – 1)(1- n) δa

ou ainda δsub = [(δ – 1)/(1+ Є)] δa

Finalmente δsub = δsat – δa

Exercicios de aplicação:

1. Uma amostra de solo pesa 30,2Kg e o seu volume é de 0,0179m 3. Apôs secagem em estufa o
seu peso reduz a 26,8Kg e a densidade das partículas (δg) é de 2,65g/cm 3. Calcule:
a) A densidade ou peso especifico húmido (δh),
b) A densidade ou peso especifico seco (δs),
c) O teor de humidade do solo (h),
d) O índice de vazios (Є ),
e) A porosidade do solo (n),
f) O grau de saturação (S),
g) O Grau de aeração(A), e
h) O peso específico do solo saturado (δsat), considerar S =100% = 1

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