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Seminário III
Questões
1. Defina o conceito “decadência” no âmbito do direito tributário.
(a) Com base na bibliografia indicada para desenvolvimento deste seminário
apresente as diferentes acepções do conceito “decadência”.
(b) Construa a respectiva estrutura normativa para cada acepção (ex. NGA, NIC,
antecedente, consequente...), indicando quai(is) dessa(s) estrutura(s) normativa(s))
são norma em sentido estrito.
(c) É correta a afirmação de que a decadência opera-se automática e infalivelmente?
Justifique sua resposta.
(d) Quanto aos efeitos da decadência em relação ao crédito tributário (arts. 150 e 173, do
CTN), pode-se afirmar que sejam: (i) extintivos ou (ii) impeditivos? Justifique sua
resposta.
(e) Diferençar, se possível: (i) decadência do direito de lançar, (ii) prescrição do
direito do Fisco cobrar o crédito tributário, (iii) decadência do direito do contribuinte
pleitear a restituição do indébito tributário e (iv) prescrição do direito de ação do
contribuinte repetir o indébito tributário.
Tomando-se como base a obra de Paulo de Barros Carvalho, Direito tributário, linguagem
e método — indicada como parte da bibliografia para desenvolvimento deste seminário —
constata-se a existência de, pelo menos, seis diferentes acepções, no âmbito do direito
tributário, para o signo linguístico “decadência”. Como principal ponto distintivo entre tais
designações nota-se a significação de “decadência” ora como norma geral e abstrata e
como norma individual e concreta.
De cada uma dessas categorias decorrem outras duas acepções, pertinentes,
respectivamente, ao antecedente e ao consequente normativo. Identifica o eminente autor:
[...] (i) “decadência” como norma geral e abstrata; (ii) como
hipótese dessa norma, descrevendo o termo final de um lapso de
tempo; (iii) como consequente da norma geral e abstrata,
tipificando o efeito extintivo; (iv) como norma individual e
concreta que constitui o fato de haver decorrido o tempo referido
na regra geral e abstrata, no mesmo instante em que determina, no
consequente, o efeito fulminante de desconstituir uma relação
existente; (v) como o antecedente desta última norma individual e
concreta; e (vi) tão só como o consequente também desta última
regra.
Não é correta a afirmação de que a decadência se opera automática e infalivelmente,
considerando-se, inclusive, o previsto no art. 173, II, do CTN, que determina a interrupção
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da contagem do prazo decadencial “[...] na data em que se tornar definitiva a decisão que
houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado”. Em razão de tal
dispositivo, a rigor, concede-se à Fazenda, na hipótese de vicissitudes formais que afetem a
higidez do ato constitutivo do crédito, verdadeira prorrogação do prazo de caducidade, em
prejuízo do contribuinte e da segurança jurídica.
No que pertine aos efeitos da decadência em relação ao crédito tributário, vale dizer que o
Código Tributário Nacional confere ao instituto o atributo de fazer “[...] desaparecer o
direito subjetivo de exigir a prestação tributária e, em contrapartida, também se extingue o
débito do sujeito passivo, desintegrando-se o laço obrigacional”. Observe-se, contudo, a
erronia cometida pelo legislador ao incluir a decadência entre as hipóteses de extinção do
crédito tributário, eis que o dito instituto atinge a obrigação tributária antes mesmo que
ocorra o respectivo lançamento.
Quanto à diferenciação pertinente à (i) decadência do direito de lançar; (ii) prescrição do
direito do Fisco cobrar o crédito tributário, (iii) decadência do direito do contribuinte
pleitear a restituição do indébito tributário e (iv) prescrição do direito de ação do
contribuinte repetir o indébito tributário, Eurico Marco Diniz de Santi define a primeira
como sendo a perda da competência administrativa do fisco para constituir o crédito
tributário, em razão do escoamento do prazo legal sem que o tenha feito; a segunda como a
perda do direito de ação respeitante à execução do crédito fiscal, face à superação do prazo
sem que o tivesse exercitado; o terceiro como a perda da legitimidade do contribuinte de
pleitear administrativamente a repetição do indébito, dado o decurso do lapso de tempo
legalmente previsto para tanto; e a quarta como a perda do direito do sujeito passivo de
reclamar junto ao Poder Judiciário a repetição do indébito, em virtude da perda do prazo.
modo que não é possível o estabelecimento de prazo diverso mediante lei complementar
estadual ou municipal.
3. Quando começa a contar o prazo de decadência para o Fisco lançar nos tributos
sujeitos ao lançamento de ofício? E nos tributos sujeitos ao “lançamento por
homologação”? Se não houver o que homologar, o prazo passa a ser o dos tributos
sujeitos ao lançamento de ofício (vide anexos II e III)? E no caso de fraude (vide anexo
IV)?
Analisada a modalidade de constituição do crédito — que poderá ser por lançamento direto
(art. 149, do CTN), lançamento por declaração (art. 147, do CTN) e lançamento por
homologação (art. 150, do CTN) —, bem como verificada a (in)existência de antecipação do
pagamento do tributo pelo contribuinte, para aqueles lançados por homologação, ter-se-á a
definição do dies a quo do prazo decadencial.
Observe-se que outros critérios serão adotados para as hipóteses de: (i) comprovada
ocorrência de dolo, fraude ou simulação (art. 150, § 4º, do CTN); (ii) decisão administrativa
definitiva que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado (art.
173, II, do CTN); ou (iii) ocorrência de notificação ao sujeito passivo informando o início de
qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Para os tributos de lançamento
direto, a contagem do prazo decadencial está subordinada ao constante no art. 173, I, do
CTN, tendo como marco inicial o “[...] primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado”, extinguindo-se o direito após cinco anos.
Tal marco poderá ser antecipado, como prevê o parágrafo único do dispositivo em análise,
quando da cientificação ao sujeito passivo acerca da adoção, por parte da autoridade
administrativa competente, de procedimento preparatório indispensável ao lançamento (v.g.,
o procedimento de fiscalização), hipótese em que o dies a quo será a data em que o
contribuinte tomar conhecimento do dito procedimento.
Concernentemente aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, haverá a
possibilidade de aplicação da regra geral inscrita no art. 150, § 4º, do CTN, ou da regra
especial, constante no art. 173, I, do CTN, observados (i) a (in)ocorrência de pagamento
antecipado pelo sujeito passivo ou (ii) a existência ou não de dolo fraude ao simulação.
Havendo a antecipação do pagamento e inexistindo dolo, fraude ou simulação, o dies a quo
do lustro decadencial será a data de ocorrência do fato gerador, como determina o art. 150, §
4º, do CTN.
Lado outro, não ocorrendo a antecipação do pagamento ou havendo prova de ocorrência de
dolo fraude ou simulação, avoca-se a aplicação do art. 173, I, do CTN, que considera como
marco inicial da contagem o primeiro dia útil do ano seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado.
4. Como deve ser interpretado o parágrafo único do art. 173 do CTN? Que se entende por
“medida preparatória indispensável ao lançamento”? Tal medida tem apenas o condão
de antecipar o termo inicial da contagem do prazo prescrito no inciso I ou pode
também postergá-lo? Trata-se de causa de interrupção do prazo decadencial? (Vide
anexo V e VI).
O parágrafo único do art. 173 diz respeito aos casos em que, no interstício entre a ocorrência
do fato gerador e o termo inicial de contagem do prazo para prática do ato constitutivo do
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esta será a da data de ocorrência da citação válida (tal como prescrito na redação anterior
do art. 174, parágrafo único, I, do CTN).
Para os processos executórios fiscais propostos a partir da vigência da LC 118/2005, a data
em exame será a do despacho citatório. Por fim, quanto à contagem do prazo para
ocorrência da prescrição intercorrente, afirma o Ministro Mauro Campbell Marques, no
REsp 1.340.553/RS:
[...] em todos os casos [...] é dever do magistrado declarar o início
do prazo de suspensão de 1 (um) ano no primeiro momento em que
constatar que a citação foi negativa e/ou que não foram encontrados
bens, mas a ausência dessa declaração não impede o fluxo dos
prazos.