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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de História

3º Ano/2020

Disciplina: Metodologia de Ensino - Aprendizagem de História II

As Fontes de História: A Tradição Viva como meio de Reconstrução da História

Nome da aluna: Sónia Faustino Geraldo Filipe.

Lichinga, Junho de 2020.


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de História


3º Ano/2020

Disciplina: Metodologia de Ensino - Aprendizagem de História II

As Fontes de História: A Tradição Viva como meio de Reconstrução da História

Trabalho de Campo a ser submetido


na Coordenação do Curso de
Licenciatura em Ensino de História
do ISCED.

Tutor: Mestre Manuela de Fátima


Carlos Manuel

Nome da aluna: Sónia Faustino Geraldo Filipe.

Lichinga, Junho de 2020.


Índice
I. INTRODUÇÃO............................................................................................................................4

1.1. Objectivos.............................................................................................................................4

1.1.1. Geral...............................................................................................................................4

1.1.2. Específicos......................................................................................................................4

II. AS FONTES DE HISTÓRIA: A TRADIÇÃO VIVA COMO MEIO DE RECONSTRUÇÃO


DA HISTÓRIA................................................................................................................................5

2.1. Tipos de fontes históricas......................................................................................................5

2.1.1. Fontes escritas................................................................................................................5

2.1.2. As fontes orais................................................................................................................5

2.1.3. Fontes Arqueologicas.....................................................................................................6

2.1.4. Linguística histórica.......................................................................................................6

2.2. Características das fontes orais.............................................................................................6

2.3. Algumas fontes orais da minha comunidade........................................................................7

2.4. Discutir a importância das fontes orais no ensino de História..............................................8

2.5. Reflectir em torno da integração das fontes orais no ensino de História..............................8

III. CONCLUSÃO...........................................................................................................................9

IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................10


I. INTRODUÇÃO
O presente trabalho abordará sobre as fontes de história, a tradição viva como meio de
reconstrução da história, que segundo Kizerbo (2010) quando falamos de tradição viva em
relação à história africana, referimo-nos à tradição oral, e nenhuma tentativa de penetrar a
história e o espírito dos povos africanos terá validade a menos que se apoie nessa herança de
conhecimentos de toda espécie, pacientemente transmitidos de boca a ouvido, de mestre a
discípulo, ao longo dos séculos.

As civilizações africanas, no Saara e ao sul do deserto, eram em grande parte civilizações da


palavra falada, mesmo onde existia a escrita; como na África ocidental a partir do século XVI,
pois muito poucas pessoas sabiam escrever, ficando a escrita muitas vezes relegada a um plano
secundário em relação às preocupações essenciais da sociedade (Kizerbo, 2010).

A oralidade para Hampâté Bâ (2010) nas sociedades Africanas aparece de forma marcante
através de sua cultura e como meio de adquirir conhecimento a partir dos anciãos das aldeias e
de seus ancestrais. Então a oralidade é abordada nestas sociedades africanas relacionando-a com
o conhecimento, a honra e a experiência. Todas estas características estão interligadas. Observa-
se que nestas sociedades africanas tradicionais elas tomavam decisões, adquiriam conhecimentos
através dos conselhos, onde eram reunidas as pessoas mais influentes as mais velhas e
experientes também, que passavam suas práticas adquiridas ao longo do tempo Hampâté Bâ
(2010).

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral
Estudar a Tradição Viva como meio de reconstrução da História

1.1.2. Específicos
 Conhecer os diferentes tipos de fontes
 Caracterizar as fontes orais
 Identificar algumas fontes orais da minha comunidade
 Discutir a importância das fontes orais no ensino de História
 Reflectir em torno da integração das fontes orais no ensino de História

II. AS FONTES DE HISTÓRIA: A TRADIÇÃO VIVA COMO MEIO DE


RECONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA

2.1. Tipos de fontes históricas

Para Barros (2019), Fonte Histórica é tudo aquilo que, por ter sido produzido pelos seres
humanos ou por trazer vestígios de suas acções e interferência, pode nos proporcionar um acesso
significativo à compreensão do passado humano e de seus desdobramentos no Presente. As
fontes históricas são as marcas da história.

Segundo Mangel (2004) há cerca de quinze anos produziu-se uma profunda transformação dos
instrumentos de trabalho e hoje se admite de bom grado a existência de fontes utilizadas mais
particularmente para a história africana: geologia e paleontologia, pré-história e arqueologia,
paleobotânica, palinologia, medidas de radioactividade de isótopos capazes de fornecer dados
cronológicos absolutos, geografia física, observação e análise etno sociológicas, tradição oral,
linguística histórica ou comparada, documentos escritos europeus, árabes, hindus e chineses,
documentos económicos ou demográficos que podem ser processados electronicamente.

A variedade das fontes da história africana permanece extraordinária. Dessa forma, devem-se
buscar de forma sistemática novas relações intelectuais, agrupando as diferentes fontes em
quatro principais tipos de fontes: As fontes orais, fontes escritas, fontes Arqueológicas,
linguística histórica Mangel (2004).

2.1.1. Fontes escritas


A noção de fonte escrita é tão ampla que chega a se tornar ambígua. Se entendemos como escrito
tudo o que serve para registar a voz e o som, seremos forçados então a incluir no testemunho
escrito as inscrições gravadas na pedra, disco, moeda, em suma, toda mensagem que fixa a
linguagem e o pensamento, independentemente de seu suporte. Portanto, esse tipo de fonte para
sua melhor percepção deve ser reduzido a qualquer traçado ou impresso em signos
convencionais sobre qualquer tipo de suporte: papiro, pergaminho, osso, papel Barros (2019).
2.1.2. As fontes orais
As fontes orais, por sua vez, estão relacionadas aos arquivos humanos, ou seja, cada pessoa tem
como, utilizando a oralidade, falar sobre determinada realidade histórica vivenciada, através de
depoimento, entrevista, discurso e outras formas de expressão, por meio da linguagem falada
(Seignobos & Langlois, 1946).

A tradição oral foi definida como um testemunho transmitido oralmente de uma geração a outra.
Suas características particulares são o verbalismo e sua maneira de transmissão, na qual difere
das fontes escritas (Seignobos & Langlois, 1946).

2.1.3. Fontes Arqueológicas


A arqueologia é uma área científica que se preocupa em compreender o passado das sociedades
humanas por meio de registos e evidências antigas (Hampâté Bâ, 2010).

Ao descobrir um artefacto, o arqueólogo geralmente começa a estudá-lo através de meios


puramente arqueológicos, como o registo da camada em que foi encontrado, a leitura do texto
que o acompanha, a descrição de sua forma, o cálculo de suas dimensões, etc. Os dados assim
obtidos são estudados estratigráfica, filológica e tipologicamente, podendo resultar daí
importantes informações no que diz respeito à idade, às origens, etc. do artefacto (Hampâté Bâ,
2010).

2.1.4. Linguística histórica


  Tradicionalmente, define-se a linguística histórica como o campo da linguística que trata de
interpretar mudanças — fónicas, mórficas, sintácticas e semântico-lexicais — ao longo do tempo
histórico, em que uma língua ou uma família de línguas é utilizada por seus utentes em
determinável espaço geográfico e em determinável território, não necessariamente contínuo
(Hampâté Bâ, 2010). A linguística histórica refere-se a todas as ciências que têm por objecto a
língua e o pensamento podem contribuir para a pesquisa histórica. Algumas, porém, apresentam
uma conexão mais directa com a história. Essa é uma tradição muito bem estabelecida, embora
possa ser contestada à luz de uma reflexão mais profunda (Hampâté Bâ, 2010).

2.2. Características das fontes orais


Uma sociedade oral reconhece a fala não apenas como um meio de comunicação diária, mas
também como um meio de preservação da sabedoria dos ancestrais, venerada no que poderíamos
chamar elocuções-chave, isto é, a tradição oral. No entanto a tradição pode ser definida, de fato,
como um testemunho transmitido verbalmente de uma geração para outra Kizerbo (2010).

As fontes orais possuem as suas características particulares que são o verbalismo e sua maneira
de transmissão, na qual difere das fontes escritas. Devido à sua complexidade, não é fácil
encontrar uma definição para tradição oral que dê conta de todos os seus aspectos. Um
documento escrito é um objecto: um manuscrito. Mas um documento oral pode ser definido de
diversas maneiras, pois um indivíduo pode interromper seu testemunho, corrigir-se, recomeçar,
etc. Kizerbo (2010) As fontes orais devem ter testemunhas, que são usadas como provas ou
autenticidade da informação. Por sua vez um testemunho pode ser definido como portanto, todas
as declarações feitas por uma pessoa sobre uma mesma sequência de acontecimentos passados,
contanto que a pessoa não tenha adquirido novas informações entre as diversas declarações
Kizerbo (2010)

O boato nas fontes orais deve ser excluído, pois, embora certamente transmita uma mensagem, é
resultado, por definição, do ouvir dizer. Assim sendo, ele se torna tão distorcido no final, que só
pode ter valor como expressão da reacção popular diante de um determinado acontecimento,
podendo, no entanto, também dar origem a uma tradição, quando é repetido por gerações
posteriores. Resta, por fim, a tradição propriamente dita, que transmite evidências para as
gerações futuras Kizerbo (2010)

A origem das tradições pode, portanto, repousar num testemunho ocular, num boato ou numa
nova criação baseada em diferentes textos orais existentes, combinados e adaptados para criar
uma nova mensagem. Mas somente as tradições baseadas em narrativas de testemunhos oculares
(alguém que presenciou os factos, vendo com seus próprios olhos) são realmente válidas Kizerbo
(2010)

2.3. Algumas fontes orais da minha comunidade

As fontes orais por mim identificadas na minha comunidade natal, dizem respeito ao surgimento
e revolta do Estado Bárué. Segundo os idosos do distrito de Catandica, a revolta do Estado Barue
representa uma iniciativa levado a cabo pelo povo Barke e diversos grupos sociais e unidades
étnicas do Estado de Mwenemutapa sob liderança dos Makombe, ao longo do vale do Zambeze,
em resistir contra a ocupação e dominação colonial portuguesa em Moçambique. Este evento
ainda é comemorado anualmente até os dias de hoje no distrito de Catandica na província de
Manica e a última comemoração foi no dia a 28 de Março de 2019.

2.4. Discutir a importância das fontes orais no ensino de História

Segundo Le Goff (1990) destaca a importância da história oral no sentido de ela oportunizar ao
aluno a sensação de ser o participante da História, porque lhe permite perceber a história como
processo e ele próprio como participante deste processo.

As fontes históricas orais são o material o qual os historiadores se apropriam por meio de
abordagens específicas, métodos diferentes, técnicas variadas para tecerem seus discursos
históricos. Para Mangel (2004) o historiador deve dominar métodos de interpretação, entendendo
que as fontes devem ser criticadas e historicizada.

A utilização das fontes históricas orais não trata de buscar as origens ou a verdade de tal fato,
trata-se de entender estas enquanto registo testemunhos dos actos históricos. É a fonte do
conhecimento histórico, é nela que se apoia o conhecimento que se produz a respeito da história.
Elas indicam a base e o ponto de apoio, o repositório dos elementos que definem os fenómenos
cujas características se buscam compreender pelos alunos no ensino da história nas escolas
Mangel (2004).

2.5. Reflectir em torno da integração das fontes orais no ensino de História

Ao trabalhar com as fontes orais em sala de aula é fundamental o cruzamento de outras fontes
escritas ou outras fontes orais para promover a interlocução entre elas pois, as fontes orais podem
significar a memória do entrevistado no presente sobre o passado. Portanto para concretizar esta
prática em sala de aula, Mangel (2004) orienta a elaboração de projectos sugerindo temas como:
autobiografias orais, história oral da escola, história oral de pessoas idosas da localidade, etc.

Mangel (2004) indica a existência de dificuldades ao empregar as fontes orais, como a


preocupação em dar conta do programa curricular e, ao mesmo tempo, desenvolver projectos de
história oral que demandam muito tempo, colocando em risco a conclusão dos conteúdos
programáticos. Outra dificuldade relativa ao tempo das entrevistas e das transcrições obriga o
professor escolher apenas algumas turmas para desenvolver o projecto. Portanto para este autor
as condições para aplicar a história oral em sala de aula ainda não estão dadas, o que impede a
maior incidência destas experiências.
III. CONCLUSÃO
Chegado ao fim do presente trabalho conclui-se que a variedade das fontes da história africana
permanece extraordinária. Dessa forma, devem-se buscar de forma sistemática novas relações
intelectuais, agrupando as diferentes fontes em quatro principais tipos de fontes: As fontes orais,
fontes escritas, fontes Arqueológicas, linguística histórica.

Uma sociedade oral reconhece a fala não apenas como um meio de comunicação diária, mas
também como um meio de preservação da sabedoria dos ancestrais, venerada no que poderíamos
chamar elocuções-chave, isto é, a tradição oral. No entanto a tradição pode ser definida, de fato,
como um testemunho transmitido verbalmente de uma geração para outra.

As fontes orais possuem as suas características particulares que são o verbalismo e sua maneira
de transmissão, na qual difere das fontes escritas. Devido à sua complexidade, não é fácil
encontrar uma definição para tradição oral que dê conta de todos os seus aspectos. Um
documento escrito é um objecto: um manuscrito. Mas um documento oral pode ser definido de
diversas maneiras, pois um indivíduo pode interromper seu testemunho, corrigir-se, recomeçar,
etc. As fontes orais devem ter testemunhas, que são usadas como provas ou autenticidade da
informação. Por sua vez um testemunho pode ser definido como portanto, todas as declarações
feitas por uma pessoa sobre uma mesma sequência de acontecimentos passados, contanto que a
pessoa não tenha adquirido novas informações entre as diversas declarações.

As fontes históricas orais são o material o qual os historiadores se apropriam por meio de
abordagens específicas, métodos diferentes, técnicas variadas para tecerem seus discursos
históricos. O historiador deve dominar métodos de interpretação, entendendo que as fontes
devem ser criticadas e historicizada.

A utilização das fontes históricas orais não trata de buscar as origens ou a verdade de tal fato,
trata-se de entender estas enquanto registo testemunhos dos actos históricos. É a fonte do
conhecimento histórico, é nela que se apoia o conhecimento que se produz a respeito da história.
Elas indicam a base e o ponto de apoio, o repositório dos elementos que definem os fenómenos
cujas características se buscam compreender pelos alunos no ensino da história nas escolas.
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, J. D’A. (2019). Fontes Históricas – uma introdução aos seus usos historiográficos.
Petrópolis: Editora Vozes.

HAMPÂTÉ BÂ, A; (2010). Tradição Viva. História Geral da África: Metodologia e Pré-
História da África. Vol. I. Brasília: Unesco.

LE GOFF, J. (1990). História e Memória. Campinas: Unicamp.

MANGEL, A; (2004). Uma história da leitura. São Paulo: Cia das Letras.

SEIGNOBOS, C. e LANGLOIS, C. (1946). Introdução aos Estudos Históricos. São Paulo:


Renascença.

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