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EDIFÍCIOS DE CONCRETO ARMADO

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4.0 Observações sobre Detalhamento:

4.1 Armadura dupla:

a) Utilizar armadura dupla para momentos que superem o momento máximo com armadura
simples até 1,5 vezes.

Md  1,5 M1d

M1d = NAbd2fcd

Md = momento na viga ( de cálculo).


M1d = momento máximo que a peça suporta simplesmente armada ( de cálculo).
NA = 0,85 (0,8 ) (1-0,4 )
3, 5

3, 5   yd
yd = deformação de escoamento da armadura.

Observação: Recomenda-se não utilizar armadura dupla em viga T, pois as situações em que se necessita,
indicam que o nível de solicitação é exagerado sendo conveniente uma mudança da seção aumentando as
dimensões.

b) Verificar o espaçamento mínimo de 12` (diâmetro da armadura de compressão) nos estribos,


na região da armadura. Devido ao pequeno espaçamento necessário entre estribos para bitolas pequenas,
recomenda-se o uso de diâmetros `  12.5 mm para armadura de compressão.

c) Recomenda-se não utilizar armadura de compressão para momentos negativos nos apoios, pois
se tem trechos muito curtos para que esta armadura entre em funcionamento efetivo.

4.2 Ancoragem:

a) Comprimento de ancoragem reta sem gancho:

 f yd
b1  
4  bd

onde:

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fyd = fyk/1.15
 bd  0, 9  3 fcd 2  para aço CA-50 e CA-60
 bd  0,9  f cd  para aço CA-25

b) Zona de boa e má aderência:

FS

h  60cm h > 60cm


M
30cm M
h
30cm B h
B

FI
FI

Fig. 19

onde:

B = boa aderência (h  30 cm - qualquer ferro).


M = má aderência (h > 30 cm - ferro negativo).
FS = face superior ou junta de concretagem.
FI = face inferior ou junta de concretagem.

Observação: Em zonas de má aderência, o comprimento de ancoragem será 1,5 b1

c) Redução da ancoragem:

 b1 / 3
A s, cal 
b    10
A s, exist b1 
10cm

onde:

As,cal = área de aço calculada.


As,exist = área de aço existente.

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d) Ancoragem em apoios estreitos:

No caso da largura do apoio ser pequena, não permitindo que se atinja, com barras retas os valores
de b, a solução será aquela de prolongar, na vertical, o comprimento da barra, até que o mesmo alcance a
medida necessária (Fig. 20).

r  5cm
b

c a

(a+b)  b
c = cobrimento
bp

Fig. 20

Observações:

1) Se bp  (c+ b)  b (trecho somente horizontal).

2) Se (r + 5 cm) < bp < b  a = bp - c (trecho horizontal).


b = b -a (trecho vertical).

3) Se 10   bp < (r + 5 cm) 

trecho horizontal = bp - c
trecho vertical = 13 

 b p  c  10  bg
A sg   A s, apo  A s, exist 
 b  b p  c  10

onde:

Asg = área de armadura dos grampos.


As,apo = área de armadura nos apoios.

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bg = comprimento de ancoragem do grampo.

bg
4) Se bp < 10   A sg  A s, apo
b p  c  10

Asg

ELEVACAO

As

GRAMPOS

PLANTA

bg = ( 1,5 a 2 ) b1

Fig. 21

e) Raios de curvatura mínimos:

1. Barras curvadas:

CA-25: r=5
CA-50: r = 7,5 
CA-60: r=9

2. Estribos:
  10 mm: r = 1,5  (qualquer tipo de aço)
10 <  < 20 mm r=2  CA-25
r = 2,5   CA-50

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r=3  CA-60

  20 mm: r = 2,5   CA-25


r=4  CA-50
r=5  CA-60

Os ganchos para estribos podem ser:

5ø 5ø
 10 ø
ø ø ø
r r r
semi-circulares em angulo de 45° em angulo reto

Fig. 22

f) Ancoragem de momento negativo grande em apoios extremos:

Quando se tiver momentos negativos grandes, parte da armadura tracionada ( 50 %) também


pode ser feita em forma de grampos (Fig. 23).

GRAMPOS (  50% do total )

r8ø
r=n8ø Mgrande

Fig. 23

Observação: Este detalhe só pode ser usado se existir o pilar superior.

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g) Ancoragem em apoios intermediários:

1. Armadura inferior tracionada:

As-

a a

a  10 ø

Fig. 24

2. Armadura inferior comprimida (dupla):

As-

nao realizar emenda da


armadura comprimida no
apoio

Fig. 25

h) Emendas por traspasse na mesma seção:

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Considera-se como na mesma seção transversal as emendas que se superpõem ou cujas
extremidade mais próximas estejam afastadas de menos de 0,20 do comprimento do trecho de traspasse,
tomando-se o maior dos dois comprimentos quando diferentes (Fig. 26).

dentro a 2 cm

dentro ø
dentro a 2 cm
 2ø
dentro

t1 t2

< 0,20 t mesma secao

Fig. 26

sendo:

t = 5 b

O valor de 5 depende da proporção de barras emendadas e pode ser obtido através da tabela 1:

Proporção de Barras Emendadas até


% 20% 25% 33% 50% >50% “a”
5 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0  10 
1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 > 10 

Tabela 1

onde “a” representa a distância transversal entre eixos de emendas mais próximas na mesma seção (Fig.
27).

a (de eixo a eixo)

Fig. 27
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A proporção máxima de barras emendadas na mesma seção transversal da peça está indicada na
tabela 2:

Proporção Máxima de Barras Emendadas


 g>q gq
(mm)
CA-50 e CA-60 CA-25 CA-50 e CA-60 CA-25
 12.5 todas 1/2 1/2 1/4
> 12.5 todas - 1 camada 1/4 1/2 1/4
1/2 - mais camadas

Tabela 2

i) Emendas por traspasse em seções diferentes:

Considera-se como sendo em seções diferentes quando a distância entre as extremidades mais
próximas das emendas não é inferior a 0,20 do comprimento de traspasse, tomando-se o maior dos dois
comprimentos quando diferentes (Fig. 28).

t t

 0,20 t secoes diferentes

Fig. 28

sendo, t = b

Observações:

- A emenda por traspasse não é permitida para barras de bitola maior que 25 mm, nem para tirantes e
pendurais; no caso de feixes, o diâmetro do círculo de mesma área, para cada feixe, não poderá ser
superior a 25 mm.

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- A distância máxima admissível entre duas barras (tracionadas ou comprimidas) emendadas por traspasse
é de 4.

- As barras comprimidas podem todas ser emendadas na mesma seção.

4.3 Armadura de fretagem (costura) das emendas e ancoragens:

Tanto nas ancoragens como nas emendas, a transmissão de esforços gera tensões transversais de
tração no concreto que tendem a destruir a ligação existente.
Para que a eficiência da emenda ou ancoragem não fique prejudicada é necessária a introdução de
compressão transversal à ligação ou a presença de armaduras de costura que absorvam estas tensões
transversais.
Esta armadura deve ser usada somente para:

 > 12.5 mm ou
% > 20 % da armadura total ou
carga com ação dinâmica ou
t b

é conveniente usar estribos, no trecho emendado, cujo valor:

Ase  0,8 da seção das barras emendadas

e pode-se fazer então t = b (C.E.B.) e aproximar o centro das emendas a 0,5 do comprimento de traspasse
(C.E.B.), figura 29.

0,5 t

Fig. 29

Nos casos usuais a armadura de costura é constituída pelos próprios estribos da viga:

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a) Para costura de ancoragens será adotado:

 A st / s 1ramo  0,5
estribo

onde:

(Ast/s)1ramo = área por metro de um ramo de estribo em (cm2/m).


 = bitola da armadura ancorada em (cm).

Este valor é coberto pelas armaduras usuais de cisalhamento.

b) Para costura de emendas:

 A st / s 1ramo 
estribo

Mesmo para este valor maior, as armaduras usuais de cisalhamento já o suprem para bitolas
pequenas.

c) Quando se tiver mais do que 3 camadas de armadura longitudinal é conveniente a colocação de


ferros horizontais (Fig. 30):

Fig. 30

da mesma bitola e espaçamento do estribo de 3 em 3 camadas.

4.4 Resumo de disposição das armaduras:

 20cm  20cm  20cm  20cm

a a a a

25 ø 25 ø
ø (porta estribo)  øt
h/2 h/2

 10 ø  10 ø

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Fig. 31

onde a = b1 + a . Por exemplo: para fck = 15 MPa (150 kgf/cm2) e aço CA-50, teremos:

a = 80  + 0,75 d

4.5 Armadura de costura mesa-alma comprimida:

Quando se tem a colaboração da laje na resistência do banzo comprimido da viga, deve-se garantir
esta efetiva colaboração através da colocação de uma armadura de costura e da verificação da tensão de
cisalhamento na interface mesa-alma.

Deve-se ter para aços CA-50 e CA-60:

a) Seção T:

V 1 b 
A t  37 k  1  w  cm2/m
d 2 bf 

sendo:

Vk em tf
bw, bf, d em cm

Vd 1  b w 
 td   1    0,20f cd
hf  d 2  bf 

bf

As,flexao
At/2
1,5 cm2/m
At/2

Fig. 32

b) Seção L:

V  b 
A t  37 k  1  w  cm2/m
d  bf 
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sendo:

Vk em tf
bw, bf, d em cm

Vd  b w 
 td   1    0,20f cd
hf  d  bf 

bf

As,flexao
At/2
1,5 cm2/m
At/2

Fig. 33

4.6 Armadura de suspensão:

Nas vigas que se apoiam em vigas, a carga da viga apoiada chega à viga suporte sempre nas
proximidades do banzo inferior da viga apoiada. Daí decorre a necessidade de “suspender” esta carga na
região do apoio para que se estabeleça o esquema de treliça na viga suporte.

Casos:

a) A face inferior da viga apoiada está acima da face inferior da viga suporte (Fig. 34):

a = ha ha
a a
a ha hs
ha

Rd

viga suporte
vigas apoiadas

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Fig. 34

a Rd
A susp  
h s f yd

onde:

a = distância entre a face inferior da viga apoiada e a face superior da viga suporte.
hs = altura da viga suporte.
ha = altura da viga apoiada.
Rd = reação da viga apoiada na viga suporte.
fyd  4348 kgf/cm2

Esta armadura não precisa ser somada à armadura de cortante, toma-se a maior das duas e a
distribuição será feita nas zonas definidas na figura 35:

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ZONA DE DISTRUBUICAO DISTRIBUICAO DA ARMADURA
ba (ESTRIBOS)
viga apoiada
 0,15 Asusp
viga suporte
 0,70 Asusp
ha/2  hs/2
bs
ha/2  hs/2
 0,15 Asusp

hs/2  ha/2 hs/2  ha/2

ba viga apoiada
 0,30 Asusp
viga suporte
 0,70 Asusp
ha/2  hs/2
bs

hs/2  ha/2 hs/2  ha/2

Fig. 35

b) A face inferior da viga apoiada está abaixo da face inferior da viga suporte (Fig. 36):

hs

ha
viga suporte
Rd viga apoiada

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Fig. 36

Recomenda-se neste caso que se coloque armadura de suspensão, na área comum às duas vigas,
para o total da força Rd a levantar. Esta armadura pode ser, em parte, constituída pelo próprio ferro de
flexão da viga e em parte por estribos. Além disso, deve ser colocada também uma armadura para
suspender 0,5 Rd na viga suporte e não precisa ser somada à armadura de cortante necessária (Fig. 37).

Rd
A susp,1 
f yd

R
A susp,2  0,5 d
f yd

Asusp,1 Asusp,2

estribos ø  16
arm. de flexao
 15 cm  15 cm

Fig. 37

4.7 Armadura de pele:

Para cooperar com os estribos, aumentando a segurança contra a fissuração nas faces das vigas,
recomenda-se usar uma armadura longitudinal em ambas as faces das vigas.

As = 0,05% . b.h (em ambas as faces)

Esta armadura deve obedecer os seguintes detalhes (Fig. 38):

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x
y

h d

Fig. 38

sendo:

6 cm < x < 20 cm
30cm
y
d / 3

Observação: Usar ferro fino até 10 mm para armadura de pele.

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