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EDITORIAL

Este não é um fanzine dedicado apenas a um ou alguns tipos de música. Nem mesmo é
dedicado a apenas um tipo de cultura. Ele é um porta-voz de várias formas de
manifestação subversiva, por isso não se resume à música pesada (Metal e Hardcore,
temas principais da publicação), então se abrange também a artes visuais e qualquer
outro tipo de expressão que possa subverter.

Nesta primeira edição, trouxe entrevistas de pessoas envolvidas com o underground na


música e nas artes visuais, sendo elas a artista visual ELLIE, que busca fazer uma arte
fora dos padrões de gênero, levando em conta sua condição de trans; MAO, o lendário
vocalista dos GAROTOS PODRES e atualmente com a banda SATÂNICO DR. MAO E
OS ESPIÕES SECRETOS; o baixista/vocalista VICTOR WHIPSTRIKER, velho
conhecido da cena fluminense por suas inúmeras andanças (gravando ou tocando ao
vivo) em bandas como FARSCAPE, WHIPSTRIKER, DIABOLIC FORCE, ATOMIC
ROAR, VIRGIN’S VOMIT, POWER FROM HELL, TOXIC HOLOCAUST, APOKALYPTIC
RAIDS…; o vocalista alemão ROBERT GONELLA, ex ASSASSIN e atual RAGING ROB,
uma lenda do Thrash Metal old school. Além das entrevistas, também há resenhas de
bandas, colunas sobre assuntos diversos, ilustrações e quadrinhos.

Sem mais delongas, espero que este trabalho possa ser apreciado pelas pessoas que se
interessem por algum tema aqui abordado.

Norberto Liberator Neto, fevereiro de 2015.

1. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
WHIPSTRIKER
Um verdadeiro mito do underground fluminense, Victor Whipstriker é um maníaco por
fazer som. Em toda sua vida, já deve ter formado aí umas vinte bandas, sempre com total
compromisso com a música pesada. Um dos fundadores do FARSCAPE, tradicional
banda do Rio, recentemente formou o VIRGIN’S VOMIT, sua banda solo, outra porrada
de bandas e fez shows ao vivo com APOKALYPTIC RAIDS, POWER FROM HELL e a
gringa TOXIC HOLOCAUST. Fez umas turnês na Europa, tocou com bandas grandes e
nada disso tirou sua postura underground: sempre na batalha contra o estrelismo, o
fundamentalismo religioso e o fascismo!

Hail Victor! Alguma consideração antes Não. O Farscape foi nossa primeira
de começar? banda. Montamos quando ainda éramos
bem jovens. Nossa média de idade era de
Sem considerações. Apenas gostaria de 12-13 anos. Depois disso vieram vários
agradecer pelo espaço e dizer que apoio projetos.
totalmente as iniciativas de divulgação da
música underground. Zines impressos e No início, Farscape fazia covers de
virtuais são sempre bem-vindos. bandas como Motorhead, Venom,
Aproveitando a oportunidade, digo que Misfits e outras. Quando e como houve
estou cagando dez quilos pras revistas de a ideia de começar a fazer+
grande porte que vivem à custa de composições próprias?
anúncios de bandas prostituídas que
querem aparecer a qualquer custo. Se Isso é o processo natural que acontece
você paga pra sair numa revista é porque com qualquer banda. No início não
ninguém quer te ver. Se quisessem te ver, tocávamos nem covers. A gente se reunia
você seria convidado. Também gostaria e cada um fazia um barulho aleatório e
de enviar o meu foda-se pros blogueiros sem sentido algum. Depois de uns seis
políticos que resenham bandas de amigos meses que conseguimos tocar nosso
e dão nota 10 pra tudo. Mando ainda um primeiro som em conjunto. Lembro que foi
outro foda-se pras bandas que pagam pra a faixa "Last Caress" do Misfits. Uma
abrir shows internacionais. Parando por música muito fácil, diga-se de passagem.
aqui, termino xingando todas as bandas Já em 1999 começamos a fazer nossos
de white metal. Metal é contra religião. próprios sons. No início queríamos fazer
Quem discorda e apoia white metal faz algo mais Heavy Metal, mas logo vimos
parte de uma cena que nada tem a ver que nossa praia era o Thrash/Death.
com o underground. Não posso esquecer
também de xingar aqueles com ideologias Alguns anos depois, você formou o
fascistas dentro e fora do metal. Pronto! Diabolic Force, com seu já parceiro de
Essas são algumas considerações. banda Victor PoisonHell e o batera
BestialKiller. Conte como surgiu a ideia
Você é parte do Farscape desde 1998. de formar uma banda paralela ao
No meio underground, sabe-se que Farscape. Chegou a haver algum
participou/participa de diversas bandas projeto paralelo antes disso?
depois. Antes disso, você teve algum Formamos o Diabolic Force em 2001
outro projeto musical? após um show do Farscape. Esse

2. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
baterista era nosso amigo e deu a ideia Alemanha, o Inepsy do Canadá e o Toxic
pra montarmos algo juntos. Eu e Victor Holocaust dos EUA. A gente estava louco
aceitamos e já começamos a compor. Foi nos discos do Warfare e decidiu tentar
meu primeiro LP lançado, o "Old School fazer algo nessa linha. Não me lembro
Attack". Logo em 2004 o Batera saiu da como foi a receptividade. Não tinha cena
banda porque descobrimos que ele era Metalpunk. A gente fez dois show para um
um verdadeiro desgraçado, mentiroso e público totalmente metal. Acho que
ladrão. Paramos de tocar e voltamos em curtiram pois logo recebemos convite pra
2008 com o nosso amigo Adelson na lançar um álbum em cd e LP nos EUA.
bateria. Gravamos mais um LP, paramos Depois lançamos mais um álbum por uma
e voltamos agora em 2014 pra retomar as gravadora da Escócia e agora estamos
atividades. O batera novo é o Marcos da lançando alguns compactos antes de
banda Cold Blood. gravar o álbum novo.

Dois anos após fundar o Diabolic Force,


você ajudou a criar o outros países: histórias curiosas,
Atomic Roar, já com uma dosagem receptividade do público,
generosa de Punk Rock no som. Como reconhecimento.
foi a resposta do público na época?
Você já tinha ideia de fazer um som em Tocamos em dez países da Europa e
que essa influência ficasse também na Argentina. São muitas
bastante clara? histórias. Acho melhor sentarmos para
beber umas cervejas. Não dá pra sair
Na época que montamos o Atomic Roar lembrando de histórias do nada.
estávamos viciados nessa sonoridade
mais Metalpunk. Na época ainda não Você tocou no DVD "Brazilian
tinha muitas bandas fazendo esse tipo de Slaughter", do Toxic Holocaust. O que
som, acho que só o Blizzard da achou dessa experiência e como rolou

3. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
o convite para você tocar com eles? Aron Sodomic quando decidimos lançar
um split juntos. Saiu o material em CD, LP
Foi uma experiência muito legal. Eu já e Tape. A partir dali, firmamos uma
trocava correspondência e material com o amizade e ele me chamou pra fazer os
Joel Grind desde 2002. Aí quando ele veio baixos quando o Power tocar ao vivo. Já
ao Brasil, me chamou pra tocar os shows. tocamos dois shows na Colômbia e um
Toquei três shows no total. Agora ele tá em São Paulo. Também toquei guitarra
voltando com banda fixa. Toxic Holocaust pro Warhammer da Alemanha. Fizemos
é um exemplo de trabalho e dedicação um mini-tour com 7 shows pelo Brasil.
sem prostituição. Valorizo muito a banda. Sou fã da banda e foi um grande prazer.
Sem esquecer, também cheguei a fazer
Além do TH, você tocou ao vivo com um show no baixo pro Besthoven, grande
outras bandas, como Power From Hell banda de Crust do Distrito Federal. Sou fã
e Apokalyptic Raids. Conte-nos como de todas essas bandas que toquei.
surgiram as ideias de tocar em ambas,
como foram os shows (receptividade Sua banda solo, Whipstriker, já lançou
do público etc) e algum caso curioso muitos materiais. Dentre demos, splits
da estrada.
e EPs, há os álbuns "Crude Rock N'
Roll" e "Troopers of Mayhem". O
primeiro, como o nome sugere,
apresenta um som muito influenciado
por Motorhead, aquele som cru com
grandes pitadas de Rock N' Roll, Punk
e NWOBHM. No segundo, há uma
tendência maior ao Speed e Black
Metal old school, D-Beat. A intenção foi
essa mudança na sonoridade ou você
compôs sem se preocupar em como
soaria?

Eu não me preocupo. A vibe do


Whipstriker é justamente não ficar preso a
um único estilo. Eu gosto de muita coisa
diferente nesse poço entre 1965-Hoje. Do
Rock n´Roll ao Black Metal, passando pelo
crust punk, tem muita coisa de alto nível.
Então eu vou simplesmente compondo. E
as composições acabam refletindo o que
eu estou ouvindo mais no momento e
pegando como influência.

Você foi citado por Fenriz, do


Darkthrone, em agradecimentos no
Sou amigo dos caras de ambas as excelente "Dark Thrones and Black
bandas. No caso do Apokalyptic Raids, Flags", além de outras ocasiões, pelo
somos amigos de longa data e, sempre seu trabalho solo e com Farscape
que puder ajudar tapando buraco, eu o principalmente. Você teve contato com
farei. Total parceria! No caso do Power ele? Sabe como ele teve conhecimento
from Hell, comecei a ser mais amigo do de seu trabalho?

4. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
Sim, tenho contato com Fenriz através de começa com o Iron Maiden e Metallica.
e-mails. Mas nunca uso isso para me Então acho muito válido mostrar som
promover. Conversamos coisas triviais underground pra molecada nova sacar
como sonoridades de bateria ou indicação como funciona o mundo underground, que
de alguma banda nova. Acho que ele é completamente diferente do mainstream
conheceu o Farscape lá por 2007. Eu do Iron Maiden. Os velhos que reclamam
mandei uma mensagem pra ele e ele normalmente nem saem de casa. É a
respondeu comentando o som. De lá pra molecada que vai pra frente do palco
cá mantivemos contato. Total respeito ao bater cabeça insanamente. O Metal tem
Fenriz e ao Dark Throne. Acho que é a que ser moleque! Repare que quando as
única banda além dos Beatles que mudou bandas "evoluem", elas viram um lixo
o som radicalmente e continuou comercial. Eu sempre vou preferir os
excelente. discos mais toscos, da época em que os
Você tem feito um trabalho muito músicos eram moleques sem
interessante em relação a divulgação e preocupação. "IN THE SIGN OF EVIL",
incentivo com a galera mais nova. Eu "SEVEN CHURCHES", "ENDLESS PAIN",
particularmente acho que os garotos "SENTENCE OF DEATH", "MORBID
são quem fazem a "cena", mas muita VISIONS", "INRI". Esses são alguns
gente é contra. Qual o recado a dar exemplos de discos feitos por garotos
sobre isso? novos com atitude.

Eu sou totalmente a favor da renovação Obrigado pela participação. Alguma


da cena. Todo mundo já foi moleque e consideração final?
precisou de um incentivo pra ouvir som.
Todo mundo teve um primo, um irmão ou Não! Já mandei um foda-se generalizado
um amigo pra mostrar som. Ninguém na primeira pergunta. Te agradeço pela
começou ouvindo Sarcófago. Todo mundo entrevista. Abraços!

whipstriker.bandcamp.com

Facebook: whipstriker

5. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
MANIFESTO PELO FUTEBOL
Alguns dizem por aí que futebol é manipulação. Chamam de pão e circo. Falam que
é algo alienador e que tira o foco de coisas que deveriam ser mais importantes. Essas
pessoas falam sem conhecimento algum de causa. Estão fora de contexto.

Em diversos países da Europa, o futebol é


totalmente ligado à política. Na Escócia, o Rangers
representa os unionistas ligados à coroa britânica,
enquanto o Celtic, clube da colônia irlandesa, é
ligado à ideia de uma Escócia livre, independente do
Reino Unido. Na Itália, o Livorno possui torcidas
organizadas ligadas à extrema esquerda, o que tem
a ver com as origens operárias do clube. Em
contrapartida, a Lazio possui em sua torcida
algumas facções assumidamente ligadas ao
fascismo. É uma espécie de identificação com o fato
de ser o time de coração de Benito Mussolini. Ainda
na Lazio, têm crescido as organizadas que
desaprovam o fascismo e lutam contra ele.

Na Polônia, na Sérvia, na Rússia, em todos os cantos da Europa, movimentos polìticos se


reúnem como torcidas organizadas. Alguns ao lado das lutas de trabalhadores, outros com
ideais racistas, fascistas, reacionários. Na Alemanha, o Saint Pauli chama atenção pelas
posturas antifascistas, antirracistas e anti-homofóbicas. Na Espanha, parte dos torcedores do
Barcelona se manifestam em favor da independência da Catalunha, assim como no passado
sua torcida se prostrou contra o regime fascista de Francisco Franco.

No Brasil, o futebol é parte integrada da cultura popular. Patrimônio cultural do povo.


Em 1967, tempos de ditadura militar, alguns jovens se reuniam para derrubar do
Corinthians um ditador chamado Wadih Helu. Dois anos depois, os mesmos jovens
formaram a Gaviões da Fiel, com o intuito de participar ativamente das decisões políticas
do clube. Aos poucos, os Gaviões foram conseguindo espaço. Nas arquibancadas,
manifestavam-se politicamente de forma rotineira, erguendo faixas com escritos como
“Anistia ampla, geral e irrestrita” em plena ditadura militar. Após algum tempo, uma figura
sintetizou toda a ideia revolucionária no Corinthians: Sócrates. Desde sua comemoração
a atitudes diretas como participações em comícios por eleições diretas e a luta pela
democracia dentro das decisões do clube, mostravam seu caráter político. O Ferroviário-
CE tem em sua principal torcida organizada a luta anticapitalista e pelos direitos dos
trabalhadores. Recentemente, tem crescido o número de torcidas LGBT. Mas por que
em meio a tudo isso, uma parcela da população considera o futebol como um
instrumento de manipulação?

De mais ou menos vinte anos pra cá, e talvez principalmente no Brasil, as elites e os
cartolas têm notado o perigo do potencial de mobilização popular que o futebol possui.
Assim, eles tentam por todos os modos possíveis destruir essa cultura. Aumentaram o
valor dos ingressos, de modo que uma pessoa de classe mais baixa tenha dificuldades

6. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
imensas em pagar. Proibiram as bandeiras, a cerveja e diversas outras características
da festa popular. Encheram os estádios de cadeiras numeradas, transformaram várias
delas em detestáveis “arenas”, nome que vem a calhar, já que a crueldade e intenção de
domesticação é comparável a bizarrices monstruosas que acontecem em arenas, como
rodeios e touradas. Eles sabem que um povo que se une em amplas dimensões, com
contato humano e não em cadeirinhas que os separem, está em condições de se
mobilizar para causas perigosas aos poderosos.

Os trabalhadores unidos têm poder para influenciar diretamente em decisões de clubes.


Têm poder para divulgar ideias polìticas perigosas aos poderosos, que vão além do esporte.
Torcidas organizadas são um dos melhores lugares para se incentivar ideias progressistas
(os fascistas já perceberam isso e são unidos, é preciso combatê-los). Melhor impedi -los de
todas as formas de entrarem em estádios, ficando em casa a assistir pela Globo. E se,
mesmo assim, tiverem a audácia de ir ver ao vivo, encontrarão um cenário de domesticação.
Isso é o que eles querem. Querem inclusive que as pessoas que não gostam de futebol
pensem que ele só pode ser uma forma de manipulação.

7. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
MAO
José Rodrigues Mao Júnior é um verdadeiro dinossauro do underground brasileiro. Passou a
maior parte de sua vida cantando com os GAROTOS PODRES, sua primeira banda, baluarte
do Punk Rock nacional. As músicas que misturavam Ska com Punk tradicional e Hardcore,
além das letras irônicas e politizadas, fizeram da banda um ícone para o país, e inclusive fora
dele. Apesar de mais de 25 anos juntos, problemas pessoais acabaram afastando os
membros, e assim Mao formou seu projeto O SATÂNICO DR. MAO E OS ESPIÕES
SECRETOS. Ele contou ao RAZ sobre o início do Punk Rock paulista, a trajetória e fim do
GAROTOS PODRES e o que planeja para o futuro.
Os últimos tempos têm sido álbum dos Garotos Podres (Garotozil de
conturbados para os ex-integrantes do Podrezepan), podemos notar que ambos
que um dia foi o Garotos Podres. os cidadãos não compuseram uma
Brigas na justiça pelo nome da banda, música ou letra sequer, afinal, eles mal
alfinetadas etc. Conte-nos apareciam para ensaiar.
resumidamente sobre o que levou de Mas o mais grave são as questões de
fato ao fim da banda e explique se há natureza político-ideológicas. Desde o
alguma expectativa de voltar a usar, rompimento da banda, os dois outros ex-
com outros músicos, o antigo nome. membros da banda “aproximaram-se da
direita”. Através das redes sociais
As coisas que ocorreram e que ainda passaram a apoiar publicamente a
estão ocorrendo são de extrema repressão policial, a ditadura militar,
gravidade. Os problemas internos na compartilhando as ideias de Olavo de
banda se arrastavam por muitos anos, e a Carvalho, Bolsonaro, Sheherazade etc.
“corda acabou arrebentando” em julho de Em outras palavras, passaram a defender
2012 após um show em Araraquara. posturas e ideias opostas a tudo aquilo
Desde então a banda “rachou” em duas: que representou os Garotos Podres.
eu e o Cacá Saffiotti fomos para um lado, Se eu voltarei ou não a usar o nome
e os outros dois para outro. Apesar de “Garotos Podres”, isto depende de
fundador da banda, autor e compositor da decisão judicial. Espero poder retomar
maioria das músicas, assumi este nome das imundas mãos ímpias do
publicamente o compromisso de não fascismo.
utilizar o nome “Garotos Podres”
enquanto perdurar a pendência jurídica Quais eram as maiores dificuldades, no
em relação à “propriedade” do nome da começo do movimento punk, de se
banda. manter uma banda ou mesmo a
Infelizmente, outros ex-integrantes não postura?
tiveram a hombridade de assumir este
mesmo compromisso e estão tentando se Creio que as dificuldades para uma banda
apoderar indevidamente do nome se manter no início dos anos 80 eram
“Garotos Podres”. Curiosamente, aqueles muito maiores do que hoje. Instrumentos
que menos contribuíram para a eram muito caros, conseguir gravar era
construção da banda, são os que hoje dificílimo, não havia “redes sociais”,
tentam se apoderar de seu legado com o internet nem mesmo computador pessoal
intuito de amealhar alguns trocadinhos. para divulgar o trabalho. A coisa era
Se observarmos o encarte do último realmente precária e era necessário muita

8. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
garra para se manter na ativa. Apesar de sempre deixar clara
Em relação à questão política as coisas sua postura política totalmente
também não eram fáceis. Vivíamos o contrária à extrema-direita, você já foi
período final da Ditadura Militar, e a muito mal interpretado pela letra da
repressão policial era muito mais intensa do música "Führer". Li uma entrevista tua
que hoje. Mas de certa forma este “clima” em que diz que ela trata da política
de autoritarismo acabava servindo para externa de Israel, comparando-a
reforçar nossas posturas ideológicas. ironicamente à dos nazistas. Porém,
não acha compreensível
Havia desde rixas entre punks e bangers que a forma como está escrita dê
a gangues punks entre si e capital x espaço para outros tipos de
ABC. Quais os momentos mais tensos interpretação? Te incomoda que uma
que você chegou a presenciar dessa minoria de pessoas relacione tua
página triste na história do underground mensagem ao antissemitismo e
brasileiro? neofascismo?

Creio que o que havia de mais negativo A música Führer foi feita na época dos
no período eram justamente as constantes massacres nos campos de refugiados de
brigas que havia entre os Sabra e Chatila no sul do Líbano. É um
diversos grupos de jovens. O pessoal que protesto da política de Israel em relação
curtia Heavy Metal brigava com o pessoal aos palestinos que se aproxima da
Punk, o pessoal Punk do ABC brigava politica dos nazistas.
com o pessoal de SP, os carecas
brigavam com os punks, etc. Ou seja… Ainda sobre tuas convicções políticas,
todo mundo brigava com todo mundo. você sempre teve uma guinada forte à
Acho que esta era a maior debilidade de esquerda, fazendo letras em
todos os movimentos juvenis de homenagem a lutas de trabalhadores e
contestação social do período. Esta até mesmo fazendo uma versão da
desunião, no fundo, prejudicava a todos. "Internacional Socialista". Atualmente,

9. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
vemos que outros ex-membros da
banda têm mostrado uma postura que Quando e como surgiu a ideia de ter
não condiz com essas letras, inclusive uma banda punk? O que você ouvia na
elogiando o militarismo e a política do época que te influenciou a querer ser
"bandido bom é bandido morto" (que parte disso?
só se aplica aos mais pobres). Sempre
foi dessa forma? Se sim, como eles Tinha 14 anos quando ouvi falar pela
resistiram tanto tempo tocando músicas primeira vez em “Punk Rock”. Era 1977 e
com as letras que você fazia? aqui vivíamos em plena Ditadura Militar.
Me identifiquei imediatamente com a
A política ideológica sempre foi um dos proposta contestadora do movimento.
problemas que se arrastaram por muitos Naquela época era apenas um garoto
anos nos Garotos Podres. Sofria uma que gostava de matar aula para me meter
constante “censura interna” que sempre no meio das manifestações. Foi assim
considerei mais covarde do que a do nas greves estudantis de 1977 e na dos
extinto “Departamento de Censura da metalúrgicos de 1979 e 1980. Como
Polícia Federal”. Quando eu aparecia muitos de minha geração, o Punk Rock
com alguma ideia de alguma música era visto com um grito de rebeldia que
nova, era quase que automaticamente rejuvenescia o tradicional Rock'n'roll
“avacalhado”. Os demais integrantes domesticado pelas grandes gravadoras
diziam que as minhas letras eram “muito multinacionais.
comunistas” ou simplesmente “uma
bosta”. Para conseguir convencê-los a A música "Fernandinho Veadinho", do
tocar aquilo que havia feito, tinha sempre álbum "Canções para Ninar", faz
que passar por verdadeiras “sessões” de referência mais do que clara ao ex-
impróprios e humilhações. presidente Fernando Collor de Mello.
O que eu acho mais grave disto tudo é Vocês tiveram algum problema por
que, depois da música gravada, eles causa da letra dela? Saberia dizer se
paravam de me encher o saco. ela chegou aos ouvidos do
Principalmente se o público gostasse das "Fernandinho"?
músicas, e fossem nos shows para que
eles ganhassem alguns trocadinhos. A Fernandinho Veadinho foi uma
hipocrisia era total. Criticavam as “bostas homenagem a ‘elle’. Parece que elle não
de músicas muito comunistas que eu gostou muito, tanto que chegou a entrar
fazia”, mas adoravam viajar para fazer em contato com o Ministério da Justiça
shows e ganhar seus trocadinhos. Depois para proibir esta música, além da “Estou
do rompimento em 2012, a outra metade Feliz, Matei o Presidente”, do Gabriel, o
da banda acabou assumindo aquilo que Pensador.
realmente sempre foram. Nisto não vejo
problema algum. Há alguma história curiosa sobre as
O problema consiste é que eles fazem passagens por outros países? Como é
isto ao mesmo tempo em que intentam se a repercussão de teu trabalho (desde o
apoderar do nome “Garotos Podres”. Ou Garotos até hoje) fora do Brasil? Eles
seja, estão levando a cabo um “golpe de costumam saber do que se tratam as
direita” e transformar totalmente o sentido temáticas?
e espírito da banda. O que eles estão
fazendo é absolutamente vergonhoso. As histórias curiosas sobre as mini tour que
Primeiro acabaram com a banda, agora fizemos em outros países são muitas, e a
estão tentando destruir o legado histórico maioria relacionadas a estas coisas mais
dos “Garotos Podres”. prosaicas como as homéricas

10. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
bebedeiras (risos).
Nas vezes em que tocamos na Europa, Naquela época não havia internet ou
tocamos principalmente em Portugal e no coisa assim. A principal fonte de
Estado Espanhol, onde as barreiras informação era a grande imprensa, e os
linguísticas são pequenas. Tocamos primeiros fanzines eram muito limitados.
também na Colômbia, onde todos nos Existia uma grande falta de informação, o
entendem perfeitamente. que acabou gerando uma série
incompreensões. O conceito que se tinha
de “anarquia”, por exemplo, para maioria,
era o do entendimento preconceituoso de
“baderna”. Naquela época apenas alguns
poucos se interessavam em ler e se
informar melhor a respeito.
No meu caso, tive mais influências
ideológicas, a partir das correntes
políticas que atuavam no movimento
estudantil secundarista. De certa forma,
os militantes do “Alicerce da Juventude
Socialista” ou da “Libelu” (Liberdade e
Luta) eram meus companheiros de
“fundão” de sala de aula. Desta forma,
tive as minhas “primeiras letras” politico-
ideológicas através da leitura do material
destas organizações. Digamos que foi a
minha “introdução ao marxismo-
leninismo”.

Você acompanhou o início do


movimento conhecido como "os
carecas"? Levando em conta a postura
Em 1995 fizemos vários shows na que eles costumam possuir e o fato de
Alemanha. Mas apesar do distanciamento defenderem radicalmente o
da língua, a maioria do público sabia do nacionalismo, qual tua opinião geral
que se tratavam as temáticas das músicas. sobre esse pessoal?
O público alemão de punk/oi é muito No Brasil, os primeiros Skinheads
curioso e sempre procura entender o que surgiram a partir do movimento punk.
as bandas das mais diversas partes do Intitulavam-se Carecas e se
mundo estão dizendo. caracterizavam pelas suas preferências
musicais (Oi Music). Inicialmente não
Quando vocês começaram, havia em
havia grandes diferenças de caráter
você uma consciência política ao ideológico em relação ao restante do
menos próxima à de hoje? Muitos que movimento punk.
viveram a época dizem que era difícil
Entretanto a “desinformação” geral fez
conseguir qualquer material e que, por
com que as coisas mudassem em poucos
isso, os punks costumavam ir mais
anos. Estes primeiros Skinheads
para o lado da "baderna" sem uma
acabaram se afastando do movimento
postura ideológica definida. Como
punk em geral, se aproximaram da
você avalia isso e, numa análise mais
política e deram origem a diversas
pessoal, qual era tua ideia diante
correntes políticas contraditórias. Alguns
dessa realidade?

11. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
se tornaram “nacionalistas de direita” (que Em suma: o “coxinhismo” que surgiu nas
se aproximam do Integralismo), outros manifestações que ocorreram a partir das
“suprematistas brancos” (White Power). manifestações de junho de 2013 não foi
Simplesmente muitas “cabeças ocas” fruto do MPL ou de qualquer outra
copiavam a visão deturpada que a grande organização popular de esquerda. O caráter
mídia fazia do movimento Skinhead. “coxinha” de muitas manifestações foi
Muito lixo surgiu por aqui no Brasil. estimulado pela imprensa burguesa e pela
Só mais recentemente (a partir da década infiltração fascista.
de 1990) começou a surgir no Brasil
algumas correntes mais coerentes com o Com seu projeto solo, O Satânico Dr.
verdadeiro espírito Skinhead: o SHARP Mao e os Espiões Secretos, quais são
(Skinhead Against the Racial Prejudice) e os objetivos para a segunda metade de
os RASH (Red and Anarchist Skinhead). 2014? Vocês têm feito muitos shows?

Com tantos anos de USP, universidade Na verdade não encaro o meu novo projeto
com histórico de lutas do movimento como um projeto “solo”, considero O
estudantil, qual a avaliação sobre os Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos
protestos que até hoje têm ocorrido e como uma banda, ou seja, um
que tiveram, como estopim, o projeto que “tem que ser coletivo”. Este
"Movimento Passe Livre" em 2013, projeto foi criado em função da disputa
levando em conta que há tanto judicial em curso em relação ao nome
pessoas com argumentos legítimos “Garotos Podres”. Poderia dizer que “O
Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos”
quanto ideias um tanto vazias, que dão
e a identidade secreta dos verdadeiros
brecha ao conservadorismo?
“Garotos Podres”.
Tenho bastante simpatia em relação ao Nosso projeto para o segundo semestre
pessoal do MPL. Entretanto o movimento de 2014 consiste em lançar o nosso
deles tem uma série de problemas. Um álbum de estreia e começar a fazer
deles é esta coisa de rejeitar lideranças, shows. Dando assim continuidade a
carros de com que conduzam as minha carreira subversiva que iniciei no
manifestações, etc. Por mais que pareça “Submundo” (1981/82) e nos “Garotos
“democrático” a organização “horizontal” Podres” (1982/2012).
que eles propõem, isto se constitui uma Quais as maiores diferenças do Mao
debilidade. As manifestações deles foram frontman punk para o Dr. José Mao Jr.
facilmente infiltradas por agentes professor? Você tem/já teve alunos
provocadores da polícia e militantes de que conhecem e curtem teu trabalho
direita que assumiram o controle de musical?
algumas manifestações.
Em relação ao Black Blocs digo o mesmo. Sou músico há 33 anos e Professor há
A máscara que protege a identidade do 26. Em todos esses anos sempre soube
manifestante também acabou servindo para separar bem as duas atividades.
proteger a identidade do policial a paisana Obviamente a maioria dos meus alunos
que se infiltrou. me conhece tanto como professor quanto
Infelizmente não tem jeito. As diversas músico, mas em sala de aula eu sou o
formas de organização partidária Prof. Mao, que fora da sala de aula
(disciplinadas e hierarquizadas) é a única assume a sua temível identidade secreta:
forma de organização para fazer frente ao “O Satânico Dr. Mao”.
poder burguês. Tenho certeza que, por Como já citado anteriormente, houve
mais que demore, o MPL ira aprender uma época de rixa entre bangers e
isto.
punks, algo que considero bastante

12. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
sem sentido, dada a influência que o curte Heavy Metal, Rap, etc. Também
Metal teve do Punk Rock e Hardcore a nunca estimulamos a desavença entre os
partir de bandas como Motorhead e diferentes estilos musicais e o seu
Venom, e mais tarde formando estilos respectivo público. Como a maioria do
como o Thrash Metal e Crossover pessoal que curte punk rock, gosto
Thrash. Quem contribuiu para o fim bastante do Motorhead.
dessa briga idiota foram em grande
parte Sepultura e Ratos de Porão, com Qual tua opinião sobre a internet,
a amizade que possuíam e referências Youtube, mp3 etc.? Quais os prós e
claras a ambos os estilos. Você contras em relação à época em que
pessoalmente já teve problemas com a você começou na música?
galera do Heavy Metal? Gosta do som,
tem alguma banda como influência? Em minha opinião as novas tecnologias
relacionadas à informática revolucionaram
Estas brigas entre “tribos” (não gosto do a cena musical. Poderia dar um exemplo
termo) em geral nunca foi estimulada pelo simples: Antigamente era muito difícil uma
pessoal que é músico e que toca nas banda pequena fazer shows,
bandas de diversos estilos. Nós nunca simplesmente porque não havia como o
tivemos problemas com o pessoal que contratante entrar em contato facilmente
com a banda (dependia-se de correio,
caixa postal, telefone fixo, etc.).
Com o advento da internet, basta uma
banda ter “site” ou mesmo “página” em
alguma “rede social” para que qualquer
pessoa de qualquer parte do mundo entre
em contato com a banda. Isto faz com
que as bandas fiquem menos
dependentes de empresários
inescrupulosos.
Por outro lado, para uma banda divulgar o
seu trabalho tudo ficou mais fácil. Basta a
banda ter vontade de liberar o seu
material na internet.

Mais uma vez, obrigado pela entrevista.


Alguma consideração final?

Um grande abraço a todos os leitores do


fanzine, e obrigado pela oportunidade de
expor minhas ideias...

Facebook.com/SatanicoDrMao

soundcloud.com/jos-rodrigues-mao-junior

13. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
NAZIFASCISMO COM JEITINHO BRASILEIRO

ANTISSEMITAS OU NÃO, NAZIS NÃO PASSARÃO

14. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
ELLIE
Ellie Irineu nasceu Lucas, e aos 17 anos entrou no curso de Artes Visuais da UFMS
(Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), com o objetivo de praticar sua paixão: o
desenho. Desde cedo questionando o fato de não se sentir bem com seu corpo,
assumiu sua condição de trans e tem feito trabalhos que desafiam os padrões de gênero
estabelecidos (alguns trampos estão ilustrando esta entrevista). Revolucionária, usa da
arte para chocar e questionar valores que, muitas vezes, não têm razão para existir.

Alguma consideração antes de desse meio?


começar?
Com certeza, assim como em qualquer
Nom. outro meio. Gente conservadora (leia-se:
escrota) sempre existe, e em
Quando e como você começou a notar determinados espaços a voz dessa gente
o talento para a arte? Começou ainda acaba saindo mais alto. Tem muito
criança ou desenvolveu com o tempo? cartunista de renome por aí precisando
se tocar das merdas que eles falam, e do
Desde criança eu desenho, mas só mal que isso causa.
comecei a levar a sério de verdade aos
vinte anos, por coincidência, na mesma Você se identifica como sendo do sexo
idade que eu larguei a faculdade de artes, feminino desde sempre? E como foi o
depois de três anos e meio de curso. processo para assumir sua identidade
(para si mesma e para a sociedade)?
De que modo você acha que a arte
pode ser usada para quebrar tabus da Dizer “desde sempre” é complicado,
sociedade, como o machismo, a porque pra se identificar como algo, você
homofobia e transfobia? Acha tem antes que saber que esse algo
importante o engajamento de artistas existe, e se pode ou não se encaixar
em causas relevantes? nisso. Criança, criança pequena, não
entende gênero, não liga pra gênero, é
Com certeza, no final das contas o algo social que a gente vai aprendendo
objetivo da arte é sempre transmitir uma com o tempo. Conforme fui crescendo,
mensagem, passar um sentimento, é uma entrando na adolescência, me toquei que
ferramenta com a qual o artista pode não tava feliz com meu corpo, com aquilo
fazer o que bem entender. Como já dizia que esperavam de mim por “ser homem”,
o tio do homem aranha, quem tem por ter que me encaixar nesse padrão
grandes poderes tem também a que me entregaram. Mas na época eu
responsabilidade de usa-los pra fazer não sabia que podia rejeitar isso, e
aquilo que é certo. A arte pode, e deve, procurar algo onde eu me sentisse mais a
ser usada no rompimento dessas ideias e vontade. Acabei reprimindo muito esses
pensamentos retrógados que prejudicam sentimentos, e só anos depois que fui me
tanto os grupos oprimidos. aceitar como mulher.

Você já notou, dentro do meio das artes De que formas você acha que o
visuais, preconceito contra os LGBT? governo pode incentivar o combate à
Acha que ele é forte dentro homofobia,

15. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
ao machismo e à transfobia? pessoas trans lutem pra aumentar essa
aceitação, contra a transfobia, etc. Mas ao
Através não só de campanhas pra mesmo tempo, não é algo que se possa
conscientização de modo geral, mas esperar de todos, é uma luta difícil e nem
também leis que ofereçam maior proteção todo mundo mundo está disposto a fazer
a pessoas dos grupos afetados, se isso (embora na maioria das vezes, a
preocupar com a criação de espaços gente não tenha escolha). No final das
seguros pra mulheres e pessoas LGBTQ. contas, o que vai fazer mesmo a diferença
Sempre ouço dizerem, “mas as leis que já é uma mudança na atitude das pessoas
existem já protegem todo mundo”, mas a cis, afinal é por parte delas que vem a
verdade é que não é bem assim, e de opressão. Enquanto as pessoas cis não
certo modo pode até se dizer que o se tocarem disso e fizerem um esforço pra
sistema é ótimo em olhar pro lado quando mudar, as pessoas trans vão continuar a
a vítima de um crime é parte de um grupo ser um grupo marginalizado.
marginalizado. Não confio em gente que
faz campanha contra leis que visam Como você avalia o fato de tantos
proteger as minorias – é alguém que ou é jovens hoje em dia manifestarem ideias
ignorante, ou está se aproveitando de conservadoras/extrema direita? Acha
seus privilégios e do modo como as que há um retrocesso ou que,
coisas são e não quer ver nenhuma comparado a outras épocas, a coisa
mudança que ameace esse conforto. está melhorando? E como você acha

O mundo ainda está engatinhando no que podemos conter este avanço?


que diz respeito à aceitação das
pessoas trans. Desta forma, você acha Não sei se é realmente um retrocesso,
que todx trans tem papel importante acho que o problema é que hoje em dia
para a luta por essa integração, e esse povo começou a falar mais alto, mas
mesmo para a própria autoaceitação de não necessariamente está em maiores
outras pessoas trans? Se sim, acha números. A cada vez mais cresce o
que existe essa consciência? número de pessoas que tem uma mente
mais aberta e mais facilidade pra aceitar
De certa forma sim, é importante que as aquilo que é diferente. Acho que isso

16. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
acaba assustando os conservadores, que que está lendo?
reagem de uma maneira agressiva. Não ...vixe, na verdade nem sei. Na verdade
que isso seja novo – é só olhar no acompanho bem poucos artistas que
movimento gay dos anos 70, o fa;am uma arte mais politizada, tô
movimento dos direitos civis americanos aceitando recomendações aliás.
nos anos 60, toda vez que um grupo
oprimido resolve lutar por seus direitos, o Acha que a mudança da sociedade e
opressor se sente acuado e reage de destruição dos valores reacionários
maneira bastante violenta. passam pela destruição da religião
cristã?

Olha, complicado isso. Com certeza na


nossa sociedade muitos dos valores
conservadores que prejudicam tanto as
pessoas LGBTQ vem do cristianismo.
Mas o cristianismo é só um escudo, algo
pras pessoas preconceituosas se
esconderem atrás. É fácil dizer que odeia
os gays quando se diz (ou até mesmo
acredita de verdade) que seu deus
também odeia. Mas se não fosse o
cristianismo seria outra coisa. O que
esses religiosos preconceituosos querem
não é cumprir a palavra divina, é manter
sua vida fácil e confortável sem ter que
O único modo de evitar que jovens tenham compartilhar seus privilégios com
essas ideias conservadoras é através da ninguém.
educação, da conscientização. Mas
Obrigado por ceder a entrevista.
realmente, jovens conservadores não me
Alguma consideração final (um alô,
surpreendem – os velhos conservadores de
abraço, um “vsf”...)?
hoje já foram jovens um dia, assim como os
Questione. Questione os ideias, os
velhos dos tempos deles também foram.
valores morais, questione suas ideias,
Não é questão de idade, é questão de estar
numa situação de privilégio e não querer questione sua sexualidade, questione
sair dela. sua identidade de gênero, questione o
que vai comer no almoço. Quanto menos
Que artistas te inspiram e quais da você aceitar sem perguntar por quê,
atualidade você recomenda pra galera melhor. Questione inclusive o que eu
acabei de dizer.

Facebook.com/rabiscosdaellie

Facebook.com/qdoodles

17. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
18. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
19. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
ROB GONNELLA
Co-fundador do ASSASSIN, uma das principais bandas do underground alemão; fundador do
CHECKER PATROL junto a Necrobutcher e Euronymous, do MAYHEM; fundador do
RAGING MOB,uma das principais bandas do Metal chinês; recentemente fundador do
RAGING ROB, sua banda solo. Com um currículo impecável, Gonnella é uma figura lendária
e referência em todo o cenário Thrash Metal mundial. Em uma verdadeira aula de história
sobre o underground, falou com o RAZ sobre toda sua trajetória, o início da cena alemã, as
origens do ASSASSIN, sua relação com o MAYHEM e mais uma pá de coisa.

Saudações! Obrigado pela entrevista! Bem, eu fui o último membro a fazer parte
Como era a cena Heavy Metal quando do line-up do Assassin. Um dia em 1984
você começou a cantar? Você tem conheci Dinko (guitarrista do primeiro e
alguma história boa daquela época? segundo álbum, compositor do terceiro) em
um show local em Düsseldorf e, depois de
Tenho de dizer 'SAUDAÇÕES' com uma boa conversa, decidimos nos juntar. A
ênfase para você por fazer uma banda era formada por Lulle no baixo,
entrevista conosco. Bem, eu tentarei meu Dinko e Scholli nas guitarras e Danger (ou
melhor para te dar respostas próprias Psicho) na bateria. A sala de ensaio era no
para as perguntas. Deixe-me ver, nós porão de uma pessoa idosa que se
começamos quando eu tinha 12 anos de aposentou e que tinha, claro, bastante
idade e comprei meu primeiro disco, tempo para dixar rolar o barulho em seu
“Back in Black” do AC/DC. No início dos porão (riso). Em 1985 nós mudamos para
anos 80, comecei a ver os primeiros um lugar maior e melhor, onde outras
shows de Metal e em 1984 comecei a ser bandas ensaiavam e pegamos a sala de
vocalista, então entrei para o Assassin. ensaio do Warlock. Nossos vizinhos eram
Naquela época a cena Heavy Metal nos Samhain (que depois se tornou Deathrow),
classificou como Speed Metal (não havia Warrant, Apostasy e uma porrada de outras
o termo “Thrash”, então se você ouvir “kill bandas. Começamos a fazer nossos
'Em All”, “Hell Awaits” etc., o gênero era o primeiros shows e gravamos duas demos
mesmo que segui – que era o mais que venderam bem.
rápido, pesado e melhor. O outro gênero
era o Glam Metal do Ratt, Motley Crue,
Vixen etc, que eu realmente odiava (eles Que bandas influenciaram o Assassin
também odiavam a nós e ao som que quando vocês começaram a tocar?
amávamos). Para um show vestíamos
jaqueta de couro, jeans com vários Claro que tem bandas como Motorhead,
patches e bottons... cintos de bala Metallica e Slayer, mas também AC/DC,
tornaram-se moda também. Eu tenho Judas Priest e Black Sabbath. Na
boas memórias de verdade, e isso verdade as várias bandas que ouvíamos
claramente influencia em mim e nos quando adolescentes.
músicos do Raging Rob e Assassin.
Vocês tinham alguma intenção de
Quando você começou a querer soar Thrash Metal ou isso foi
estar em uma banda de Metal? Como totalmente natural?
o Assassin era no começo?
(Riso) Realmente, pra ser franco, foi

20. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
natural. Quando começamos a ter anterior, nenhuma das novas músicas tinha
contato com esse tipo de som, ouvíamos envolvimento de toda a banda, cada músico
principalmente Venom, Slayer e estava fazendo uma coisa. Depois da
Metallica, então quando começamos a guitarra finalizada, faziam as linhas do
tocar, naturalmente ficou bastante baixo e depois as da bateria, e só então
pesado e rápido. Além disso, meu tipo de vinham até mim, o vocalista deixado pra
vocal só ficaria bom em Thrash Metal e depois. Antes, as composições eram feitas
nada mais (riso)... com todos juntos, cada músico podia dar
Por que você saiu do Assassin? ideias para os outros e vice-versa. Então,
quando eu quis conferir uma nova letra com
Bem, antes de tudo devo dizer que não foi duas linhas diferentes de vocal, a banda
por qualquer razão pessoal. Foi por como a rejeitou tocarmos juntos. Eu podia fazer
banda estava indo, a atmosfera resultou várias decisões sobre o vocal por mim
nisso. Ao contrário da experiência mesmo, e se preciso, ensaiaria sozinho.

21. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
Não queria uma banda para tocar assim. separaram havia um bom tempo. Então,
Não sou um bom músico de estúdio. um gravador de fitas foi usado para
Toda diversão e significado de tocar em gravar tudo que saísse daquela sessão e
uma banda não estavam mais sendo demos o nome de 'Checker Patrol'. Esse
praticados lá. Então eu os deixei, com nome foi usado porque eu e os caras
sentimento de desapontamento e tristeza. usávamos o transporte público e trem,
Só depois de várias semanas, o Assassin mas não nos preocupávamos em comprar
anunciou mudança de vocalista, e eu passagens. Então, é claro, se qualquer
soube disso. Eu definitivamente queria hora aparecesse um fiscal (em inglês,
continuar o jeito Thrash Metal old school 'checker') que entrasse no trem e
e precisava de uma banda. começasse a checar as passagens, nós
teríamos que pular as portas e ir embora.
Em 1986, você foi parte da banda Então decidimos que 'Checker Patrol' era
Checker Patrol. Fale sobre a banda e o nome certo.
a época em que você tocou com eles.
Em 2003 você fez uma participação no
Bem, no meio dos anos 80 o Metallion álbum da banda israelense Nail
(dono da revista Slayer Magazine) Within. Como aconteceu?
anunciou uma viagem pela Europa, e eu
e alguns amigos queríamos encontrá-lo. Entre 1992 e 2001 eu morei na Ásia (maior
Então um dia, voltando do colégio, parte do tempo em Pequim) e
cheguei em casa vendo três mefalheads frequentemente visitava minha casa (umas
falando inglês na cozinha com meus pais duas vezes por ano), minha família e
e duas irmãs, e do lado de Metalion amigos na Alemanha. No verão de 2013 eu
estavam Euronymous e Necrobutcher, do planejei visitar minhas irmãs em Berlim e
Mayhem. Nós de fato nos tornamos logo falei com o Mille (Kreator) que também
amigos e eu os mostrei tudo no lugar. pretendia visitar Berlim junto com Harris
Desde a sala de ensaios a todos os Johns e uma banda israelense para gravar
equipamentos usados pelos antigos alguns vocais para eles. Nós nos
membros do Assassin e Mayhem que se encontramos (ele não mora muito longe

22. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
de mim) e pegamos o trem para Berlim, o passar dos anos acho que a banda foi se
então fomos ao Harris, na época um tornando conhecida na cena Metal chinesa,
estúdio novo mais ou menos a uma hora de e nós tocávamos desde nos menores aos
Berlim (não existe mais), onde conhecemos maiores bares em Pequim. Em 2008,
Harris e os agradáveis caras do Nailed gravamos nosso primeiro e único álbum,
Within. Eu acho que aí o Harris disse a eles “Raging Mob”, pelo selo chinês Mort
que eu era o antigo vocalista do Assassin e Productions. Para os censores chineses
gravei com ele, então eles me chamaram (responsáveis pela fiscalização de toda
(perto do Mille e do vocal do At the Gates, produção artística), fiz letras extra falsas,
que estavam lá também) para fazer alguns então o álbum podia ser feito (com as letras
vocais... e eu aceitei. Primeiro, eles reais, é claro...
olharam desapontados e me disseram hehehe). Em 2009 eu me tornei 'o melhor
naturalmente: “ei cara, você está cantando vocalista da China' e em 2010 vencemos
como nos antigos álbuns do Assassin” como 'a melhor banda da China' no site
(riso). Eu respondi: “Bom, eu canto assim”. oficial do Wacken Metal Battle de lá. Foi
No outro dia eles me chamaram (eu e Mille realmente legal e tenho orgulho disso.
fomos para Berlim novamente) e disseram Acho que em 2012 deixei Pequim, com
que adoraram e que estava soando minha esposa, e voltei para a Alemanha
'Hardcore', me agradeceram bastante. Curti
a época em que andei com eles, foi algo Ano passado, você formou o
realmente legal de fazer. Raging Rob. Foi formado por causa
da tua saída do Assassin?

Como você começou a cantar Bem, sim e não. Sim, porque no Assassin o
no Raging Mob? tempo de ensaio com a banda inteira (que
é bastante importante para mim) não rolava
Em 2005, me preparando para estar 100% mais e me pediam para ensaiar sozinho.
para um show de 90 minutos do Assassin, Então, porque no Assassin aquela chance
eu fundei a banda Raging Mob com um não era dada, eu deixei a banda sabendo
americano e três chineses. Com que formaria minha

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própria banda com as pessoas certas vocês começaram a tocar?
(Dirk. Frank, Rudy e Maik dão importância
aos ensaios da banda). Mas NÃO, não (Riso) Quando começamos a banda, nós
saí do Assassin porque já estava éramos felizes por podermos tocar e
formando uma nova banda, a situação escrever nossas próprias músicas em
nos ensaios foi o gatilho. nosso próprio estilo, além disso éramos
felizes por termos vendido muitas cópias
das duas primeias demo-tapes. Mas nunca
tivemos o objetivo de ser uma das bandas
mais importantes do Metal underground.
Na verdade, quando o Assassin retornou
em 2003, acho que a banda não ligou
muito para o desejo de ser uma das mais
importantes da cena e começou a
compor... sério, a música daquele álbum
saiu naturalmente e nunca foi planejado
que tivéssemos algum título. O mais
importante é que você curta fazer e tocar
sua própria música, então o resto vem por
consequência.

De que bandas do Brasil você gosta? Você acha importante combater o


racismo e o fascismo na cena
O Sepultura antigo e Dorsal Atlântica underground (e em toda a sociedade)?
costumavam ser minhas bandas favoritas, E o que acha de bandas cristãs?
agora são Max e o Blunt Force Trauma!
Uma banda muito boa que eu adore e No mundo atual, temos um pronlema com
ouço bastante. Realmente curti minha pessoas radicais que querem forçar sua
passagem pelo Brasil ... nos momentos opinião às outras – opiniões como racismo,
em que quero relaxar, ou quando minha fascismo, radicalismo religioso (cristãos e
esposa está na sala comigo, eu coloco muçulmanos principalmente). Eu respeito
um Raimundos ou O Rappa também. todas as opiniões e estilos de vida, desde
que não se pregue o mal dos outros. Então,
O que você acha da cena Metal atual? onde quer que haja a ideia de humilhar,
agredir ou até matar os outros, serei
É enorme e muito bem desenvolvida. totalmente contra e resistirei/contra-
Você tem festivais ou bandas passando atacarei. Também odeio os 'politicamente
regularmente praticamente em todos os corretos' que te dizem o que deve falar ou
países. Estou com 47 anos, sou um fazer, ditar o que é certo, pois isso também
metalhead old school dos anos 80 e é é forçar os outros. Neste mundo devemos
claro que curto quando meus amigos do manter um olho nesses praticantes do ódio
Kreator ou Destruction passam pela (pois é claro que muitos deles dizem querer
área. Na última tour do Judas Priest eu o melhor para as pessoas... riso). Na cena
não deixei de ir. O Motorhead também do Metal e futebol (sou um ultra do time
não pode ser esquecido quando toca alemão Fortuna Düsseldorf) eu posso
aqui perto. avaliar e notar alguns deles aqui e ali.
Esspero que todos os metalheads curtam
O Assassin é uma das mais banguear e ter momentos bons, mas não
importantes bandas do underground em detrimento dos outros como racistas
alemão. Você esperava isso quando que

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atacam negros e judeus. Esses têm de Obrigado pela entrevista! Tem alguma
ser tratados da forma certa. Em toda mensagem para o Brasil e para os
cena (Punk, Pop, Clássica etc) as leitores?
pessoas deveriam fazer o mesmo.
Eu te agradeço por fazer a entrevistaaos
Quais os objetivos para o Raging metalheads. Para buscar mais sobre
Rob em 2015? Haverá alguma tour, minha nova banda Raging Rob, por
gravação etc? favor visite estes sites:

O Raging Rob só começou ano passado, https://www.facebook.com/ragingrob1


em maio de 2014, e do meio de
setembro até agora em 2015 nós tivemos http://robertgonnella.wix.com/ragingrob
que cancelar os ensaios em 90% pois eu
quebrei meu ombro. Dirk teve algumas http://ragingrob.bandcamp.com/releases
doenças pesadas para enfrentar e Maik
estava no hospital para uma operação na Especialmente aos brasileiros, quero
coluna. No inverno, além disso, nosso dizer que vocês tem um dos melhores
baterista mudou de casa e essa foi a países e o povo realmente mais legal que
razão para que no ano passado nós só já conheci em minha vida.
nos encontrássemos quatro vezes em Amei a comida e sou grande fã do açaí.
novembro. Mas não somos preguiçosos, Em várias cidades brasileiras, conheci
muito pelo contrário: Dirk escreveu mais headbangers estusiasmados que
de de músicas e Maik mais ou menos o cantavam cada música que anunciei a
mesmo, nós escolhemos uma por uma eles e isso faz a banda se sentir
para tocá-las com a banda inteira e eu realmente boa. Também quero agradecer
incluí os vocais e letras. Esperamos que o Sílvio, organizador de nossa tour, e o
neste verão, ou melhor, neste ano, promoter Maicon Leite que garantiu uma
gravemos uma demo que será enviada grande tour.
para companhias de gravação para Eu pretendo voltar ao Brasil com o Raging
negociarmos um debut. Com um material Rob para banguear e meter o chicote!
excelente, estou bastante convencido de Thrash till Death, saudações da
que vai ser como um soco na cara! Alemanha!

25. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
26. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
RECOMENDAÇÕES
SKINLEPSY DIABOLICAL HATE

Formada em 2003, essa banda Banda campo-grandense formada em


paulistana conta com vários nomes de 2011, que pratica uma mistura do Brutal
peso, que passaram por bandas como Death Metal com Death Metal old school.
Nervochaos, Skullkrusher e Os caras têm dois trampos lançados,
Pentacrostic, o que já mostra a sendo eles as demos “Flesh Eaten” e
bagagem e experiência dos membros. “Buried Alive”. Na primeira, nota-se um
No ano de sua formação, lançou a som bastante cru e sujo, porém tocado
demo “Reign of Chaos”, contendo três com competência, possuindo uma
músicas. Em 2013, lança o álbum brutalidade extrema e que remete a
“Condemning the Empty Souls”, bandas da escola americana do fim dos
trazendo nove pauladas em uma anos 80. Destaque para a variação entre
sonoridade extremamente brutal, com riffs velozes e cadenciados, e de vocais
muita personalidade, entre o Thrash e rasgados e graves. No segundo, a banda
o Death Metal. Aqui encontra-se manteve a mesma personalidade, porém
velocidade, técnica, passagens com uma qualidade maior na gravação –
cadenciadoas e identidade de sobra. nada que comprometa e “amoleça” o
Som muito bem tocado, mas sem som. Os vocais estão mais graves do
exibicionismo e sem tirar a que no primeiro, chegando em alguns
brutalidade. Recomendado para quem momentos a lembrar de bandas Gore. As
gosta de Thrash e Death Metal variações permanecem. Banda
extremos, mas que não se prende a altamente recomendada para maníacos
som datado, pois a banda possui um por Death Metal dos anos 80 e 90.
estilo bastante inovador.

Reverbnation.com/skinlepsy
Facebook: Diabolical Hate
facebook.com/Skinlepsy
YouTube: Diabolical Hate

27. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.
NAILGUN MASSACRE

Praticando um Death Metal brutal altamente


influenciado pela velha escola, esta banda
holandesa formada em 2010 lançou este
ano seu mais novo trabalho, “Boned, Boxed
and Buried”. É o segundo lançamento da
banda, que em 2011 havia gravado
“Backyard Butchery”, que contava inclusive
com participação da lenda Paul
Speckmann, baixista e vocalista do Master.
Ambos os trabalhos seguem a mesma linha,
ou seja, umDeath Metal violento,
empolgante nos momentos de
velocidade e sinistro nos momentos cadenciados. As letras falam de filmes de terror e
lendas urbanas. Segue a tradição holandesa de grandes álbuns do estilo.
Recomendado para quem curte Death Metal dos anos 90.

nailgunmassacre.bandcamp.com

facebook.com/nailgunmassacre

reverbnation.com/nailgunmassacre

28. RISE ABOVE ZINE - EDIÇÃO Nº 01, ANO 01. CAMPO GRANDE, MS. MAR. 2015.

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