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ANOTAÇÃO DE AULA
SUMÁRIO
Imagine um credor e três devedores solidários de uma dívida no valor de 90. Esse credor pode cobrar de quem no
momento do vencimento? De qualquer um. De tal maneira que há um litisconsórcio passivo facultativo, porque é
o credor que escolhe de quem quer cobrar.
Se a dívida é de 90, querendo o credor cobrar o devedor1, ele pode cobrar a totalidade. Mas e se o credor quiser
cobrar 30 do devedor1? Sim.
Aduz o Enunciado 348, CJF – o pagamento parcial não implica, por si só, renúncia à solidariedade, a qual deve
derivar dos termos expressos da quitação ou, inequivocamente, das circunstâncias do recebimento da prestação
pelo credor.
Imagine um credor e três devedores solidários de uma dívida de 90. O credor ao efetuar a cobrança do devedor1
verifica que está insolvente. Diante da insolvência do devedor1, o credor pode exigir 90 do devedor2? Sim. O fato
do credor escolher o devedor e a cobrança restar infrutífera nada impede cobrar dos demais devedores.
Imagine um credor e três devedores solidários de uma dívida no valor de 90. O credor concede remissão ao
devedor1, que a aceita. Quanto o credor pode cobrar dos devedores 2 e 3? Pode cobrar 60 (90-30=60).
Quando há renúncia da solidariedade pelo credor, significa que ele está exonerando o devedor1 da posição de
devedor? NÃO, pois continua devedor da quantia de 30. Entretanto, tal devedor beneficiado pela renúncia não
será mais considerado solidário, mas sim fracionário.
Se houve renúncia à solidariedade, quanto o credor pode cobrar dos devedores 2 e 3? O CC não disciplina.
O dispositivo apenas afirma que os outros devedores continuam solidários, sem estabelecer os valores da dívida.
Contudo, podemos concluir que continuam solidários e, portanto, cada devedor responderá por 60.
Veja o Enunciado 349, CJF - com a renúncia à solidariedade quanto a apenas um dos devedores solidários, o
credor só poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida, permanecendo a solidariedade quanto aos demais
devedores, abatida do débito a parte correspondente aos beneficiados pela renúncia.
Imagine um credor e três devedores solidários pela quantia de 90. O credor renúncia à solidariedade ao devedor1
(pode exige deste 30). Pode exigir dos outros a quantia de 60. Suponha que o credor ingresse com uma demanda
contra o devedor2 e este alegue insolvência.
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O devedor1 entra nesse rateio? SIM, porque ele continua sendo devedor (participa do rateio da cota do
insolvente no valor de 15).
Assim, imagine que o credor faça remissão do débito quanto ao devedor1. Ocorre que, um dos demais devedores
é insolvente. Nesse caso, pode chamar o devedor remido para participar do rateio? NÃO.
Preconiza o Enunciado 350, CJF – a renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão, em que o devedor fica
inteiramente liberado do vínculo obrigacional (remissão), inclusive no que tange ao rateio da quota do eventual
co-devedor insolvente, nos termos do art. 284.
Imagine que o empregado de “x” cause danos a “y”. A vítima pode pleitear indenização contra ambos
(empregado e empregador), pois há uma solidariedade passiva. A responsabilidade do empregado é subjetiva. Ao
passo que a responsabilidade do empregador é objetiva.
Imagine que “x” compre uma geladeira da Brastemp e ela venha a explodir. Contra quem a vítima pode insurgir?
A vítima pode insurgir contra a Brastemp e contra o fabricante das peças, podendo cobrar de cada um a
integralidade, porque há solidariedade passiva em razão do fato do produto.
Imagine que a Brastemp seja condenada. Quanto ela pode regredir contra o fornecedor da peça? Em regra, a
quantia é para ser rateada. Contudo, no CDC, a SOLIDARIEDADE É IMPERFEITA, ou seja, o direito de regresso
oscila conforme o grau de participação de cada um na causação do evento danoso.
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responsáveis, segundo sua participação na causação do evento
danoso.
Imagine que há um credor e três devedores solidários por um contrato de 90 mil. O credor exige do devedor1,
apenas. O que este devedor pode fazer processualmente? Ele pode se utilizar do CHAMAMENTO AO PROCESSO –
modalidade forçada de intervenção de terceiros (relação jurídica prévia entre autor, réu e o chamado –
litisconsórcio facultativo passivo ulterior). Instaura-se uma ação condenatória secundária (autor, chamante e
chamado).
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Ao fazer o chamamento, a sentença que o juiz irá proferir será FORMALMENTE UNA, mas MATERIALMENTE
DÚPLICE. Isso porque, haverá apenas uma sentença, que em seu bojo trará duas condenações (julga procedente a
pretensão do credor e julga procedente a pretensão do devedor1 contra os demais devedores).
Leciona o Enunciado 351, CJF - a renúncia à solidariedade em favor de determinado devedor afasta a hipótese de
seu chamamento ao processo.
b) é correto o ônus do chamamento ao processo contra os devedores solidários? NÃO. A solidariedade passiva
nasce para satisfazer o interesse do credor. Se a solidariedade tem essa função e o credor somente escolheu um
devedor, e este devedor chama ao processo os demais devedores, isso aniquila o princípio da instrumentalidade,
pois desvirtua a essência da responsabilidade passiva (o devedor não pode impor ao credor que litigue com todos
os devedores).
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO À SAÚDE
(ART. 196, CF). FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. SOLIDARIEDADE PASSIVA ENTRE OS ENTES FEDERATIVOS.
CHAMAMENTO AO PROCESSO. DESLOCAMENTO DO FEITO PARA JUSTIÇA FEDERAL. MEDIDA PROTELATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. 1. O artigo 196 da CF impõe o dever estatal de implementação das políticas públicas, no sentido de
conferir efetividade ao acesso da população à redução dos riscos de doenças e às medidas necessárias para proteção e
recuperação dos cidadãos. 2. O Estado deve criar meios para prover serviços médico-hospitalares e fornecimento de
medicamentos, além da implementação de políticas públicas preventivas, mercê de os entes federativos garantirem recursos
em seus orçamentos para implementação das mesmas. (arts. 23, II, e 198, § 1º, da CF). 3. O recebimento de medicamentos
pelo Estado é direito fundamental, podendo o requerente pleiteá-los de qualquer um dos entes federativos, desde que
demonstrada sua necessidade e a impossibilidade de custeá-los com recursos próprios. Isto por que, uma vez satisfeitos tais
requisitos, o ente federativo deve se pautar no espírito de solidariedade para conferir efetividade ao direito garantido pela
Constituição, e não criar entraves jurídicos para postergar a devida prestação jurisdicional. 4. In casu, o chamamento ao
processo da União pelo Estado de Santa Catarina revela-se medida meramente protelatória que não traz nenhuma utilidade
ao processo, além de atrasar a resolução do feito, revelando-se meio inconstitucional para evitar o acesso aos remédios
necessários para o restabelecimento da saúde da recorrida. 5. Agravo regimental no recurso extraordinário desprovido.
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Sabemos que Brastemp e fornecedor de peça são solidários passivos. Imagine que a vítima escolhe a Brastemp. A
Brastemp pode chamar ao processo o fornecedor? NÃO, porque no CDC há regra específica.
CDC, art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a
ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo,
facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada
a denunciação da lide chamamento ao processo.
Obs.: o chamamento ao processo é prejudicial para vítima, pois a lide seria procrastinada com a intervenção de
terceiros.
Obs.: a doutrina critica o art. 88, porque não é denunciação da lide, mas sim chamamento ao processo.
Imagine um locador e um locatário com fiador. O débito é do locatário. O fiador tem responsabilidade. Em
princípio, a dívida do fiador é subsidiária, pois ele não é o devedor (o fiador tem benefício de ordem).
Se o fiador opta pela renúncia ao benefício de ordem, ele se torna devedor solidário.
Assim, se o locatário não quita as obrigações, legitima-se o locador cobrar diretamente o fiador. De tal forma que,
havendo o pagamento integral da dívida pelo fiador, este pode regredir na totalidade contra o locatário, uma vez
que o fiador não é devedor, mas responsável por débito alheio.
Atenção: estabelece o Enunciado 364, CJF - no contrato de fiança é nula a cláusula de renúncia antecipada ao
benefício de ordem quando inserida em contrato de adesão.
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4.2.5.3 Indivisibilidade x solidariedade
a) a indivisibilidade é OBJETIVA, porque tem a haver com o objeto (divisível ou indivisível). Por outro lado, a
solidariedade é SUBJETIVA, de maneira que essa imposição se dirige ao devedor ou ao credor.
Imagine um credor e três devedores sendo o objeto um touro, que vale 90 mil. No momento em que a obrigação
vence, ocorre a perda do objeto. Havendo a perda, essa prestação se converte em perdas e danos. Quanto se
pode exigir de cada um dos devedores? 30 mil (fracionária).
§1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os
devedores, responderão todos por partes iguais.
Mas e se a culpa pela perda do objeto foi de APENAS UM dos três devedores? A prestação é dividida entre os três
(30 mil), mas as perdas e danos serão de responsabilidade única daquele que agiu com culpa.
Aduz o Enunciado 540, CJF - havendo perecimento do objeto da prestação indivisível por culpa de apenas um dos
devedores, todos respondem, de maneira divisível, pelo equivalente e só o culpado, pelas perdas e danos.
b) mas e se nesse contrato o credor do touro coloca uma cláusula de solidariedade passiva. Havendo a morte do
animal quanto pode exigir de cada devedor? 90 mil, pois a solidariedade tem origem subjetiva, independente do
objeto ser um bem divisível ou bem indivisível.
Imagine um credor e três devedores solidários de uma dívida de 90 mil. O devedor1 morre, deixando três
sobrinhos. Pode o credor cobrar os 90 de um dos sobrinhos? NÃO. Do sobrinho1 só pode cobrar 10 (cada
sobrinho responde por 10 intra vires [até o limite da herança]) – a solidariedade, por ser subjetiva, NÃO se
transmite aos seus herdeiros (o vínculo é personalíssimo). Porém, do devedor 2 e 3 pode-se cobrar 90.
Mas e se a dívida for um touro? O credor, mesmo havendo a morte do devedor1, pode cobrar o objeto indivisível
do sobrinho, porque a indivisibilidade se liga ao objeto.
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corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor
solidário em relação aos demais devedores.
Pergunta-se: há alguma possibilidade de cobrar os sobrinhos pela totalidade da dívida solidária? Assim que o
devedor1 morreu, o credor deve ajuizar ação contra o ESPÓLIO (bem indivisível).
QUESTÃO
Ano: 2015 / Banca: CONSULPLAN / Órgão: TJ-MG / Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registro
d) O julgamento favorável a um dos credores solidários em nenhum caso aproveita aos demais.
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