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Curso Avançado

de Monoteísmo
Introdução
Por que estudar a Mente?
A Bíblia Hebraica diz:

“Quão grandes são, Senhor, as tuas obras! Mui profundos são os teus
pensamentos.” (Salmo 92:5)

“E criou o Senhor o homem à sua imagem; à imagem do Senhor o criou; homem e


mulher os criou.” (Gênesis 1:27)

Embora os nossos pensamentos não sejam idênticos aos do Eterno (Is.


55:8), é o que temos de mais próximo para entender aquilo que a Bíblia
Hebraica chama de “pensamentos” do Eterno.
Aula 4:
Monoteísmo e a
Mente
Neurociência
• Dr. James H. Austin, neurologista acadêmico da
University of Oregon, autor de um estudo publicado pelo
Massachussets Institute of Technology (M.I.T.).

• Teve uma “experiência mística” acidentalmente,


enquanto esperava num trem em Londres.

• No estudo, avalia os efeitos de experiências religiosas no


cérebro humano.

• Seu estudo não se focou em religiões específicas, mas


sim no entendimento dos efeitos das experiências
religiosas de um modo geral.
Anatomia
Os estudos do Dr. James H. Austin mostraram que a
experiência religiosa pode desativar parcialmente as
seguintes áreas do cérebro:

Amígdala Cerebelosa: Regulação dos Temores

Lobo Parietal: Orientação espacial

Lobos Frontal e Temporal: Sensação de ‘si mesmo’,


percepção do tempo.

Pode-se dizer que, de certa maneira, essas áreas do


cérebro nos conectam com a realidade presente.
A Experiência
A experiência de Austin é assim descrita:

“Austin subitamente teve uma sensação de iluminação diferente de qualquer coisa que ele tinha
experimentado. Seu sentimento de existência individual, de separação do mundo físico em volta dele,
evaporou como a névoa matinal em um amanhecer brilhante. Ele viu as coisas 'como elas realmente são,'
ele recorda. O sentimento de 'Eu, mim, meu' desapareceu. 'O tempo não estava presente', ele diz. 'Eu tive
uma sensação de eternidade. Meus anseios antigos, meus aborrecimentos, temor da morte e insinuações
de individualidade desapareceram. Eu fui agraciado com a compreensão da natureza definitiva das coisas.”

Pode-se destacar três coisas do relato de Austin:

• Desprendimento da ‘realidade presente’;

• Sentimento de unidade (i.e. pertencer ao todo);

• Ausência de ego;

Seria um vislumbre do que é a mente do Eterno?


Paralelos com a Bíblia Hebraica
A Bíblia Hebraica não dá muito enfoque em experiências desse tipo. O
objetivo de trazê-la foi mais falar sobre o próprio Eterno.

Porém, em pelo menos uma instância, a Bíblia Hebraica diz:

“E o sopro do ETERNO se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e


tornar-te-ás um outro homem.” (1 Samuel 10:6)

Embora o relato de profecias seja algo corriqueiro, aqui há uma referência a


Saul tornar-se um “outro homem”, ser transformado pela experiência em si.

Semelhanças?
Em 2006, um artigo do New York Times chamou à atenção duas imagens produzidas numa mesma
época:

À esquerda, um estudo de Mark Miller para a Brandeis University, sobre o funcionamento dos neurônios.

À direita, uma simulação da expansão do universo feita por astrofísicos do Virgo Consortium for
Cosmological Supercomputer Simulations

Seria a consciência uma “assinatura" da essência do Eterno na Criação, como pensavam os pitagóricos?
Novo Pensamento
• No século 19, houve um despertar do interesse pelas
doenças psicossomáticas e a influência do pensamento
no corpo.

• Esse entendimento gerou um movimento que ficou


conhecido como “Novo Pensamento”. Foi o precursor
de muitas teorias de auto-ajuda e pensamento positivo.

• William Walker Atkinson, um advogado, teve um colapso


nervoso e conseguiu se recuperar através de técnicas do
Novo Pensamento.

• Depois disso, tornou-se um autor muito proeminente


sobre “Ciência Mental”, embora quase sempre usasse
pseudônimos, por ser advogado.
Monoteísmo e a Ciência Mental
O pensamento de Walker pode ser resumido da seguinte forma:

Sobre a Divindade

• A Divindade é o TODO indivisível. Pois, se pudéssemos dividi-lo, existiria algo superior a Ele, que
seria o conjunto dEle, mais a parte. Além disso, se Ele se dividisse, perderia conhecimento de si
mesmo.

• A Divindade não pode ser definida. E, por ser o TODO, é imutável.

• A Divindade não é material, pois a matéria sozinha não pode gerar Vida, nem Mente (intelecto).

• Pelo mesmo motivo, a Divindade não é força nem energia, pois essas coisas existem no
universo e não geram Vida, nem Mente.

• A Divindade, portanto, é exatamente aquilo que ela gera e ninguém mais pode gerar: Vida e
Mente. Chamamos isso de Espírito.
Monoteísmo e a Ciência Mental
Sobre o Universo

• O Universo não gerou a si mesmo, pois o TODO não divide a si mesmo, já que Ele não poderia
perder o conhecimento de si próprio. Portanto, o universo foi gerado.

• O TODO não poderia criar algo fora dEle, sem deixar de ser o TODO. Como, então, Deus
poderia criar algo sem deixar de ser Deus?

• Sabemos que as coisas seguem um padrão (Princípio da Correspondência). Ex: Átomos são
parecidos com sistemas solares, etc.

• Pelo Princípio da Correspondência, sabemos que a única forma de criar algo sem gerar uma
coisa exterior é através da mente.

• Assim sendo, ele concluiu: O universo é mental, um produto da mente de Deus.


Psicologia Analítica
• Carl Gustav Jung foi um psiquiatra suíço que se tornou
discípulo de Sigmund Freud e um dos primeiros
psicanalistas.

• Após a ruptura com Freud, Jung cria sua própria clínica,


denominada de Psicologia Analítica.

• Ao contrário de Freud, que era ateu, Jung se ocupava da


experiência religiosa como parte do psiquismo humano.

• Por essa razão, Jung procurou pensar a questão do


Eterno e, com isso, desenvolveu dois conceitos bastante
interessantes.
O Resgate do Todo
O Todo da Experiência

Para Jung, o Eterno é a própria realidade, pois nada existe para além dEle.

Assim sendo, Jung critica que as religiões tenham transformado a Divindade numa
espécie de herói humano, unicamente bondoso.

"Eu estava com muito medo, uma vez que esquecemos que Deus é terrível... Deus é
amor. Mas você também deve saber que o amor também é terrível." (O Livro Vermelho)

A ideia de Jung não é a de pregar o “Deus terrível” das religiões, algo que ele
considerava bastante negativo, mas sim abraçar o todo da experiência como vindo da
Divindade.

Exemplo: Se somos livrados de um mal, dizemos “graças a Deus”, mas e se o mal


ocorre?
Conhecendo a Divindade
Paralelo Psíquico

Para Jung, o Eterno seria o todo da realidade. De forma análoga, temos


partes do nosso psiquismo, como Freud havia postulado, mas também existe
o todo, que Jung chama de Self.

Tomar cada vez mais contato com o Self é o objetivo da


Psicologia Analítica, trazendo à consciência todos os arquétipos
subconscientes e supraconscientes, a sombra, anima/animus
etc.

Não à toa, Jung representa o Self com o ponto dentro do


círculo.

Para Jung, portanto, o mais próximo que podemos chegar de conhecer o


Eterno é adquirir conhecimento de nós mesmos.
Paralelos com a Bíblia Hebraica
Para a Bíblia Hebraica, a experiência completa é, de fato, importante:

“Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor,
faço todas estas coisas.” (Isaías 45:7)

Embora a Bíblia Hebraica chegue a dizer que autoconhecimento seja uma


forma de conhecer o Criador, concorda que conhecer a si mesmo é
importante:

“Como as águas profundas é o conselho no coração do homem; mas o


homem de inteligência o trará para fora.” (Provérbios 20:5)
Bibliografia
ATKINSON, William W. Philip Deslippe (ed.) The Kybalion: The Definitive Edition. Nova Iorque:
Penguin, 2011.

BEGLEY, Sharon. Religion and the Brain. Newsweek, Nova Iorque, mai. 2001. Disponível em:
<https://www.newsweek.com/religion-and-brain-152895>. Acesso em: <15/01/2020>.

CONSTANTINE, David. SCIENCE ILLUSTRATED; They Look Alike, but There's a Little Matter of
Size. Nova Iorque: The New York Times, 15 ago. 2006. Disponível em: <https://
www.nytimes.com/2006/08/15/health/science/science-illustrated-they-look-alike-but-theres-a-
little.html>. Acesso em: <15/01/2020>.

JUNG, C. G. The Red Book. W. W. Nova Iorque: Norton & Company, 2009.

YOUNG-ESENDRATH, Polly (ed.); DAWSON, Terence (ed.). Daniel Bueno (trad.) Manual de
Cambridge para Estudos Junguianos. Porto Alegre: Artmed, 2002.

WILLIAM Walker Atkinson. Encyclopedia of Occultism and Parapsychology. Gale Group, 2001.

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