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4 º T E O R I A S P E S S O A I S I M P L Í C I TA S D A P E R S O N A L I D A D E ,
O conceito de teorias implícitas da personalidade foi introduzido por Bruner e Taguiri no capítulo
sobre a percepção das pessoas que escreveram para a edição de 1954 do Handbook of Social
Psychology, organizada por Gardner Lindzey. A suposição central nestas teorias é a de que as
pessoas ao se sentirem informadas a respeito dos traços centrais de um indivíduo, elaboram uma
representação geral a respeito desta pessoa como um todo. Se alguém é reconhecido como uma
pessoa tranqüila e calma, possivelmente outras pessoas tenderão a acrescentar que ela também
é cuidadosa, metódica e organizada. Isto ocorre porque os traços psicológicos não são vistos
como independentes uns dos outros; o fato deles estarem associados de uma forma lógica
permite que sejam desenvolvidas inferências a respeito da constelação total de traços que
representa melhor aquela pessoa. Esta representação funciona como uma teoria, permitindo
explicar as ações do indivíduo e fazer previsões sobre o seu comportamento futuro.
Mais ou menos na mesma época, um importante teórico da personalidade, George Kelly,
desenvolveu uma outra modalidade de psicologia implícita, a psicologia dos constructos pessoais
(Kelly, 1955), que compartilhava preocupações semelhantes aquelas com as apresentadas por
Bruner e Taguiri. O princípio fundamental defendido por Kelly era o de que as pessoas
usualmente agem como cientistas e tentam usar a intuição e o raciocínio para entender como as
coisas podem ser interpretadas, assim como para elaborar predições sobre o curso futuro dos
acontecimentos. Para tal, elas desenvolvem hipóteses e em seguida procuram obter os dados
necessários para confirmar ou refutar tais hipóteses e, neste último caso, elas imediatamente
alteram as suas teorias pessoais e procuram obter mais dados que podem ou não confirmar esta
nova teoria. Para Kelly as pessoas agem como cientistas e procuram constantemente submeter a
teste os seus constructos pessoais, entendidos como a estruturas interpretativas capazes de
oferecer explicações razoáveis para os eventos que ocorrem com elas mesmas e com as outras
pessoas.
FONTE: MARCOS E. PEREIRA. INTRODUÇÃO À COGNIÇÃO SOCIAL. MANUSCRITO