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e o estudo de caso
Júlio Eduardo de Castro
julioecastro@mgconecta.com.br
1 Diferentemente do método psicanalítico (a associação livre) - que valoriza mais o caminhar que o
caminho. Se há um caminho em psicanálise, ele está sempre por ser feito, sendo aberto pelo sintoma e
vivido a partir da falta-a-ser (política do psicanalista), não sendo, portanto, previsível de antemão por
meio de objetivos a priori.
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sua finalização para, após, escrever o estudo de caso. Todavia, essa reco-
mendação freudiana nos aponta a existência de uma tensão entre os dois
pólos: a condução do tratamento e a pesquisa científica. O tratamento
psicanalítico é marcado pelo método da associação livre - que a cada
sessão exige a realização sob transferência de uma fala (feita de improvi-
so e sem pré-textos), o mais desprendida possível das resistências do eu.
Enquanto o estudo de caso, por sua vez, é marcado pela escrita (feita
pelo pesquisador sobre fragmentos de um sujeito), a qual tende ao en-
quadre científico-universitário. Se no primeiro caso o que vale são as
perdas e faltas em torno das quais o sujeito, o sintoma e o desejo se
constituem, ou seja, o seu curriculum mortis, no segundo caso o valor é
dado ao curriculum vitae.
No tratamento, o sujeito fala por si e a partir de si mesmo. No estudo
de caso, alguém escreve sobre um sujeito que disse a partir de si mesmo e
por sua conta e risco. Essa tensão nos lembra uma distinção essencial: o
sujeito da fala não é o sujeito da escrita. Justo por estar mais propenso ao
erro e ao fracasso, o sujeito da fala é, por excelência, o lugar do mal-estar,
inclusive o mal-estar que decorre dos efeitos da ciência e do que é refugado
pelos ideais do Outro [I(A)] (LACAN, 1960/1998; 1966/1998), seus res-
tos. Já o sujeito da escrita existe em função da revisão e correção perma-
nentes de erros. Por isso mesmo, ele filtra e apaga o que seria da ordem das
manifestações do inconsciente, por exemplo, os lapsos de escrita.
O estudo de caso é um procedimento metodológico que surgiu no cam-
po da antropologia cultural e que foi, posteriormente, importado por ou-
tros campos das ciências humanas: principalmente a sociologia, a medici-
na e a psicologia. Ele, por um lado, justo por sustentar-se em fragmentos
do caso articulados segundo a escrita do pesquisador, não tem inclinação
para a completude. Ele não pretende esgotar a história do sujeito, nem
tampouco as explicações acerca do caso clínico, mas ser o testemunho de
uma mudança de posição do sujeito em relação ao desejo e ao gozo.
Por outro lado, espera-se do estudo de casos o compromisso a favor
do gozo do “um”, uma unidade que permita chamá-lo de “um caso”. É
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Referências
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