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Nome: Rodrigo Reis Favarin

Disciplina: Sustentabilidade e Organizações


Professor: Marcelo Trevisan

O que fica – Logística Reversa

O tema abordado nesta semana é o primeiro e único que me recordo de ter visto,
ainda que de forma insipiente, durante o período da graduação. O interessante é que
apesar de se ter noção sobre o que a logística reversa abrange e de que forma ela está
presente na atualidade, os artigos propostos nos possibilitam uma variedade ainda maior
de operações e funções que a integram.
Souza et al (2012) conceituam logística reversa como o processo de
planejamento, implementação, controle do custo efetivo do fluxo de matéria-prima,
estoques de processo, bens acabados e as informações relacionadas, desde o ponto de
consumo até o ponto de origem, com o propósito de recapturar valor e dar destinação
adequada a materiais.
Já Corrêa e Xavier (2013) trazem o conceito da Política Nacional dos Resíduos
Sólidos, que define a logística reversa como um instrumento de desenvolvimento
económico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios
para facilitar a recolha e valorização de resíduos sólidos do sector empresarial, para
reutilização nos seus próprios (ou outros) ciclos de produção ou para eliminação
ambientalmente adequada
Torna-se importante ressaltar que a concepção e implementação da logística
reversa requer conhecimentos específicos sobre a gestão de materiais, processos de
atribuição de resíduos a diferentes destinos (reutilização, remanufatura, reciclagem e
incineração) e eliminação. Ela requer determinadas habilidades de mão-de-obra e
disponibilidade de infraestrutura específica.
Neste ponto, os dois autores são incisivos ao mencionar o trabalho realizado
pelos catadores, em sua grande maioria de maneira informal. Corrêa e Xavier (2013)
apresentam dados do Movimento Nacional dos Materiais Recicláveis que aponta que
em 2013 estimou-se que 800 mil catadores operavam no Brasil, onde apenas 65 mil
estavam atuando em cooperativas de recicladores. O autor ainda cita a diferença de
motivação destes trabalhadores entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
Enquanto nos países desenvolvidos a reciclagem é utilizada para o cumprimento de
legislações, em países como o Brasil, a atividade apresenta-se muitas vezes, como única
oportunidade de sobrevivência para famílias em situação de pobreza.
Corrêa e Xavier (2013) afirmam que ao contrário dos países desenvolvidos,
alguns países da América Latina, Ásia e África têm mão-de-obra de baixo custo para a
atividade de escolha de materiais recicláveis. No entanto, apesar da atividade de
catadores ser legalmente regulamentada no Brasil, muitos trabalhadores ainda não são
formalmente reconhecidos e não dispõem de infraestrutura, treinamento e equipamentos
de proteção mínimos.
Por meio da leitura dos artigos fica evidente a importância deste tipo de trabalho
e, ainda mais de apoio do governo e autoridades competentes para a criação de
cooperativas que tirem estas pessoas das ruas e possibilite para elas, melhores condições
de trabalho. Conversando com uma funcionária que trabalha atualmente em nossa
empresa familiar, e que já foi catadora de materiais, tanto em aterros como também em
cooperativas, questionei a fato da dificuldade das pessoas migrarem do trabalho nas ruas
para o trabalho dentro dessas associações. Ela me relatou que o problema está no
vínculo que é requisitado nas cooperativas.
A maioria dos catadores não deseja ser “controlado” e ter de “bater o cartão”,
eles preferem trabalhar em seu ritmo pelas ruas da cidade. Ela desistiu da atividade, pois
quando começou a trabalhar na cooperativa, seguia um ritmo sério de trabalho, mas
ganhava a mesma porcentagem sobre o trabalho total, dos demais. Os relatos dela vão
ao encontro de Souza et al (2012), que aborda a existência de estudos que mostram a
dificuldade das cooperativas, uma vez que os catadores têm baixa escolaridade,
histórico de exclusão social e dificuldades em estabelecer vínculos e compromissos com
a cooperativa.
Outros aspectos interessantes dos textos, são as peculiaridades da logística
reversa com relação a logística regular. Enquanto que na cadeia de suprimentos normal,
há certeza do volume de material que será trabalhado durante os seus processos, no
processo reverso há elevada incerteza na quantidade de matérias que serão utilizados.
Neste contexto, os sistemas de logística reversa visam reduzir a incerteza de tal
disponibilidade de insumos, aumentar a escala e, portanto, reduzir os custos de
produção de logística reversa e produção reversa.
Um dos importantes agentes neste fluxo inverso, são os próprios consumidores,
que tendem a manter materiais pós-consumo, principalmente provenientes de indústrias
específicas como farmacêutica e eletrônica, em suas casas ou os descartam de maneira
indevida, prejudicando as etapas subsequentes de coleta e alocação.
Durante este semestre, os colegas têm comentado das mudanças de pensamento
e atitude que a disciplina trouxe para as suas vidas. Do quanto é importante os assuntos
tratados no decorrer de nossas aulas, onde para agir de maneira sustentável, não
precisamos necessariamente utilizar do radicalismo, mas por meio das pequenas
mudanças, já contribuímos para um futuro melhor. E quanto as pessoas que não tem
oportunidade de tomar conhecimento dos assuntos? A logística reversa necessita do
envolvimento das pessoas enquanto consumidores. De quem é a missão de dissipar estes
conhecimentos? Do governo? Das empresas? Das universidades?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORRÊA, H. L., XAVIER, L. H. Concepts, design and implementation of Reverse
Logistics Systems for sustainable supply chains in Brazil. Journal of Operations and
Supply Chain Management. v. 6, n. 1 p. 1-25, 2013.
SOUZA ET AL. O papel das cooperativas de reciclagem nos canais reversos pós-
consumo. Revista de Administração de Empresas. v. 52, n. 2, p. 246-262, 2012

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