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21 e 23 de Novembro de 2017
Resumo
Notas de aula ministradas na UFABC nos dias 21 e 23 de Novembro do ano de 2017 - terceiro qua-
drimestre. Nessas duas aulas abordamos conceitos que envolvem os coeficientes de arraste e sustentação.
Esses coeficientes não são obtidos a partir de leis físicas mas sim definidos a partir de expressões para a
respectivas forças que levam os mesmos nomes e subsequentemente medidos para diferentes formas geo-
métricas e número de Reynolds. O primeiro tópico tratado é o arraste, e como o seu entendimento pode
levar a melhoramentos no aproveitamento de potência de motores ou na otimização de construções, por
exemplo. Em seguida é apresentado o coeficiente de sustentação, que tem um papel muito importante
no estudo da aerodinâmica, uma vez que este é o coeficiente responsável pelos cálculos envolvendo tanto
a decolagem como sustentação do voo de aeronaves. Alguns exemplos resolvidos e comentários sobre
situações cotidianas aparecem no texto. Esse material de forma alguma pretende ser formal e tem o teor
apenas de apresentar os assuntos com base em conhecimentos já adquiridos pelos estudantes.
Aula 1
Introdução
Trataremos de situações onde um corpo está imerso em um fluido, e desejamos estudar os fenômenos decor-
rentes do movimento relativo entre o corpo e o fluido (campo de velocidades). De fato há equivalência caso
o corpo esteja em repouso e o fluxo seja devido ao campo de velocidades do fluido, ou o fluido esteja em
“repouso” (~v = 0) e o corpo rígido em movimento.
Aqui nos interessamos pela resultante das forças no corpo ao invés da distribuição. Assim temos basica-
mente duas componentes relevantes para o nosso estudo que é a componente tangencial - aquela que segue as
linhas de fluxo externo -, e a componente normal - pressão sobre o corpo atingido, a combinação das compo-
nentes tangencial e normal são responsáveis pelas forças de arrasto e sustentação. Essas forças são bastante
frequêntes no dia a dia, sendo responsáveis pela frenagem de automóveis, derrubar árvores, arrebentar cabos
de transmissão elétrica e encanamentos (arrasto); sustentação de aeronaves, aerodinâmica de automóveis -
aérofólio -, vibração e emição de som e até transporte de glóbulos vermelhos no sangue (sustentação).
Em situações reais tanto o campo de velocidade como a geometria dos corpos envolvidos são muito
complexas para que os sistemas possam ser resolvidos analiticamente, de forma que a obtenção de informações
é feita principalmente através da extração dos coeficientes medidos experimentalmente em laboratórios e
simulações numéricas. A modelagem para eficiência das asas de um avião, por exemplo, são feitas tem túneis
de vento em laboratórios enormes, frente a mudanças abruptas no campo de velocidades e gradientes de
temperatura e pressão encontradas nos voos que as aeronaves enfrentam diariamente.
A chamada velocidade de fluxo livre é o módulo do campo de velocidades do fluido em regiões distantes
do corpo, isto é, em regiões onde a presença do corpo não afeta o campo de velocidades, e será denotada por
V . Na superfície do corpo essa velocidade é identicamente nula, enquanto que no “infinito” assume o valor
máximo, V . Nestas notas assumimos que a velocidade é uniforme, mas lembramos que em situações reais,
como já mencionadas, o valor está sujeito a mudanças abruptas por diversos fatores.
Talvez o fator mais importante nos fenômenos tanto de arraste como de suspensão é a geometria do corpo.
Dependendo da situação podemos aproximar a geometria como sendo 2D, como é o caso para fios pendendo
ou canos - em geral quando o efeito das bordas pode ser desprezado na região de interesse. Caso ainda exista
simetria rotacional dizemos que a simetria é axial, assim além da dependência ao longo do comprimento do
corpo temos dependência na direção radial (seção de choque muda conforme mudamos de posição ao longo
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do eixo de simetria). E finalmente caso nenhum dos dois casos seja satisfeito então o corpo deve ser tratado
no regime tridimensional, que é o caso para praticamente todas as situações reais.
Como sabemos um fluido pode ser compressível ou incompressível, aqui abordaremos apenas fluidos
incompressíveis, visto que o outro caso só é relevante para um regime de altas velocidades - lembre-se que
estamos considerando um campo de velocidades uniforme!
Por fim mencionamos que há dois regimes diferentes de abordagem. Notamos que dependendo da geome-
tria do objeto em questão o fluido pode escoar no entorno do objeto (tal como numa asa de avião) ou pode
esbarrar, como acontece com construções, por exemplo.
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orientada paralelamente ao fluxo externo. O arraste de pressão se torna significativo quando a velocidade
do fluido é muito alta, o que ocasiona pontos e regiões de separação do fluido do corpo, induzindo regiões
onde a pressão é extremamente baixa. Neste caso o arraste de pressão se deve principalmente à diferença de
pressão entre a área frontal e traseira do corpo.
Uma quantidade de extrema importância para a mecânica dos fluidos em geral é o número de Reynolds,
Re. Como essa quantidade é inversamente proporcional à viscosidade do fluido, quando o número de Reynolds
é muito alto o atrito de arraste torna-se desprezível enquanto que o mesmo ocorre para a pressão de arraste
quando o número de Reynolds é baixo. Também podemos notar através do caso da superfície plana imersa
num fluido que o atrito de arraste tem uma relação muito forte com a área da superfície - considere um
aerofólio, por exemplo -, assim um corpo com uma área de superfície muito grande percebe um maior atrito
de arraste.
Esse fenômeno, apesar de mais comum, não é exclusivo quando o corpo barra o fluxo do fluido. Há casos
em que mesmo quando o corpo é projetado para que o fluxo externo contorne-o, há criação dessas regiões. Um
exemplo disso é quando o ângulo de ataque das asas de um avião excedem um certo valor crítico, ocasionando
grande pressão de arrasto e levando a desestabilização e perca de altitude.
Uma consequência desse fenômeno é a formação de vótices na região onde se concentra a separação do
fluxo. A região com esses vórtices costuma produzir vibração e por consequência regiões do corpo que
são próximas aos vórtices podem entrar em ressonância com a região do fluido externa separada do fluxo
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livre. Esse efeito é altamente indesejável, principalenten quando são projetadas pontes e peças externas de
aeronaves.
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Figura 3: Coeficientes de arrasto, CD , para objetos tridimensionais.
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Figura 4: Coeficientes de arrasto, CD , para objetos tridimensionais com formatos realistas.
FA = 6.10N
então o trabalho (variação da energia) no trajeto do carro é W = FA .24000km = 146400kJ. A
energia consumida nesse trajeto será Ein = W /0.3 = 488000kJ.
A quantia de combustível consumida em litros será
O coeficiente de redução é
1.1 − 0.4
q= = 0.636
1.1
então Qq = 8.82l é a quantidade de combustivel consumida usando o espelho em formato de
hemisfério.
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Aula 2
Fluxo no entorno de cilíndros e esferas
Sobre regime laminar e turbulento
Antes de falarmos sobre o fluxo externo ao redor das duas geometrias mencionadas no título da
sessão precisamos falar um pouco sobre a relação entre o número de Rynolds e regimes laminares
e turbulentos. O número de Reynolds é proporcional a velocidade e inversamente proporcional a
viscosidade, i.e. Re ∝ V /ν, assim é um parâmetro que, de certa forma, descreve o fluido a partir
de uma conbinação das suas propriedades. De maneira pouco rigorosa podemos dizer que o regime
de fluxo laminar é caracterizado pelo “bom comportamento” do campo de velocidades do fluido,
enquanto que o regime turbulento apresenta alto grau de desordem no campo de velocidades.
Naturalmente há uma região de transição entre esses dois regimes, que é uma região onde é
possível identificar tanto comportamento laminar como comportamento turbulento. A transição
entre um regime e outro é expressada pelo número de Reyndolds crítico Rec e varia dependendo
do fluido e da geometria do corpo - o parâmetro que leva a proporcionalidade à igualdade na
expressão do número de Reynolds está associado à geometria do corpo e depende exclusivamente
disso.
No regime turbulento a rugosidade da superfície (pequenas deformações no corpo) são rele-
vantes principalmente para aumento ou diminuição do atrito de arrasto porque a rugosidade pode
fazer com que, no regime turbulento, a área de contato entre o corpo e o fluido seja maior. Como
veremos esse é o caso de uma bola de golfe.
Tanto a geometria cilíndrica como a geometria circular são casos interessantes para se estudar o efeito de
arrasto, no primeiro caso temos como exemplo encanamentos que estão submersos em rios com correnteza, já
o segundo caso é de interesse principalmente nos esportes. Para os dois casos o número de Reynolds assume
a expressão
VD
Re = (2)
ν
onde D é o diâmetro do cículo que define o cilíndro ou a esfera. Também para ambos os casos o número
crítico é em torno de Re ∼ 105 , tornando-se totalmente turbulento para o valor aproximado de Re ∼ 2 × 106
- a região de transição é subentendida como sendo o intervalo entre o valor crítico e o valor que define o
regime totalmente turbulento.
Na imagem abaixo, figura 5, temos o fluxo no entorno de um cilíndro para Re ∼ 2 × 103 . Note que há
um ponto de estagnação bem na frente do cilindro e por volta de θ ∼ π/2 e θ ∼ 3π/2 ocorre a separação do
fluido do corpo.
No ponto de estagnação a pressão atinge o seu valor máximo, diferentemente da região “atrás” do cilíndro,
onde a pressão é muito baixa, isso induz pressão de atrito. No entanto notamos que a região de separação
e a parte para trás do cilindro é uma região de regime turbulento. Isto porque quando o fluido se separa
do corpo a velocidade associada ao fluxo aumenta e o cisalhamento com a região de velocidade nula induz
movimento desordenado, dando origem a um campo de velocidades turbulento.
Para velocidades de fluxo externo muito baixas Re . 1 o fluido fica completamente envolto no cilindro
(ou esfera), seguindo assim a curvatura do objeto. Já para velocidades mais altas o fluido se separa do objeto
e a região de separação é caracterizada pela formação de vórtices, caracterizada também pela pressão muito
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inferior à pressão no ponto de estagnação. A natureza do fluxo no entorno do objeto induz uma força de
arrasto que pode ser tanto devido ao atrito quanto à pressão. Quando Re < 10 o arrasto é predominantemente
devido ao atrito/cisalhamento, enquanto que para Re > 5000 é devido principalmente à pressão. Na região
entre os doi números ambos os efeitos são significantes. O gráfico abaixo descreve o coeficiente de arrasto em
função de Re.
Figura 6: Coeficiente de arrasto em função do número de Reynolds para uma esfera e um cilíndro, ambos
com rugosidade nula.
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pelo gráfico da figura 6 isso corresponde a CA = 1. Note também que a área frontal do cilíndro é
A = (30m)(0.022m). Portanto aplicando (1) temos a força de arraste
FA = 5300N
(valor aproximado).
Observe que, em km/h a velocidade do fluxo é 14.4km/h, que é uma velocidade aparentemente
alta para o fluxo de um rio. De toda forma o arrasto provocado pelo rio no cano é equivalente a
um corpo de mais de 500kg sobre o cano.
Rugosidade
Já mencionamos que a rugosidade tem implicações severas quando o regime do fluxo é turbulento. Para corpos
com geometria cilíndrica e esférica a rugosidade pode funcionar como um bom mecanismo para redução de
arraste pois pode efetivamente diminuir a região de separação entre o fluido e a região separada, diminuindo
assim a pressão de arraste. É preciso notar, no entanto, que essa consideração só é válida para um intervalo
do número de Reynolds, como podemos ver na figura 7:
Observe como para Re = 2 × 105 o coeficiente de arraste cai de 0.5 para 0.1 quando a rugosidade relativa,
/D é 0.00015 para uma esfera. Esse é um exemplo drástico desse fenômeno, mas que ilustra bem que,
quando se tem em mente uma certa faixa do número de Reynolds a rugosidade pode ser desejável.
Sustentação
A força de sustentação é definida como a força que atua sobre o objeto na direção perpendicular ao fluxo e
tem sua expressão dada por (1), neste caso A é a chamada área de plataforma do objeto, que nada mais é do
que a área como vista por um observador perpendicular (“de cima”) do objeto. O objetivo desta sessão é a
compreensão de fenômenos associados a asa e aérofólios projetados para aumentar a sustentação ao mesmo
tempo que diminuem o arraste, mas cabe notar que a sustentação nem sempre precisa ser no sentido contra
a gravidade. Um caso em que é desejável que a sustentação tenha direção vertical para baixo é para carros
de corrida pois, neste caso, a sustentação aumenta a aderência do carro, dando assim mais controle para o
piloto.
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Figura 8: Área de plataforma. Chord (c) e Span (b) são termos referem-se a largura e comprimento, respec-
tivamente.
Objetos projetados para produzir o efeito de sustentação em geral são contornados pelo fluido, assim o
efeito de cisalhamento é praticamente nulo, de forma que esse efeito é comumente negligenciado, atribuindo-se
a sustentação inteiramente à diferença de pressão. De acordo com a equação de Bernoulli a pressão é maior
tanto quanto maior for a velocidade do fluido, portanto uma asa deve ser assimétrica permitindo que o fluido
contorne-a com velocidades diferentes para causar maior sustentação. Se isso é verdade então integrando
a distribuição de pressões sobre a área de plataforma deveriamos encontrar a força de sustentação, porém
observe na figura 9 o resultado de algumas simulações:
Figura 9: Três arranjos de asa diferentes. Note que apenas na terceira descrição há força de sustentação.
A imagem (b) na figura 9 indica que a sustentação é nula, apesar da assimetria na asa. Isso se deve ao
formato em “U” que a linha de fluxo diretamente abaixo da asa deveria fazer, o que é impossível. De fato a
descrição correta e a imagem que melhor descreve o fluxo é a imagem (c). A explicação de Bernoulli não é
suficiente para explicar, pois acontece que não podemos usar o teorema de Bernoulli para duas linhas de fluxo
diferentes - a sua equação vale para pontos diferentes na mesma linha de fluxo -, além disso pontos localizados
paralelamente na região de fluxo livre antes de encontrarem a asa não permanecem necessariamente paralelos
quando as linhas de fluxo seguem contornos diferentes ao redor da asa. Contudo a explicação da diferença de
pressão está correta. Além disso, perceba que parte do fluido é direcionada para baixo devido ao formato da
asa (observa a direção das linhas de flluxo na figura 9c), assim, aplicando a terceira lei de Newton percebemos
que deverá existir uma força vertical para cima, que é a sustentação.
Podemos compreender a sustentação também através da circulação induzida pelo contorno diferente na
parte superior e inferior da asa, criando assim um vortice no sentido horário na asa, o que aumenta a
velocidade do fluxo diretamente acima da asa e diminui a velocidade diretamente abaixo dela. Isso produz
um vórtice com circulação contraria atrás da asa e o efeito geral é de fluxo contínuo contornando a asa, i.e.
figura 9c.
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Figura 10: Circulação e formação de vórtices devido ao fluxo externo contornando uma asa ou aerofólio.
Quando são projetados, tem-se em mente o aumento da sustentação enquanto que se diminui o arraste. Isso
é atingido controlando-se o ângulo de ataque do aerofólio com relação à direção do vento, abaixo apresentamos
um gráfico da razão dos coeficientes de sustentação e arraste versus o ângulo de ataque.
Figura 11: Razão dos coeficientes de sustentação e arraste pelo ângulo de ataque α.
Durante uma decolagem, por exemplo, não apenas o ângulo da asa como todo o avião é inclinado para
ganho na força de sustentação.Outra forma de aumentar o coeficiente de sustentação é o uso de flapas, que
aumentam o Chord (c.f. figura 8). Quando são usadas flapas há um aumento no coeficiente de arraste
junto com o ganho no coeficiente de sustentação, assim esses mecanismos são usados apenas durante pouso
e decolagem de aeronaves para maior eficiência no uso de combustível.
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Figura 12: Efeito do uso de flapas: Imagem da esquerda mostra como o coeficiente de sustentação aumenta
com e sem flapas com relação ao ângulo de ataque; a figura da direita mostra que conforme ganhamos em
sustentação, aumentamos também o coeficiente de arraste.
O efeito das flapas pode aumentar o coeficiente de sustentação de 1.5 para até 3.5, mas note que o
coeficiente de arraste sobe de 0.06 para 0.3 - um aumento de cinco vezes no coeficiente de arraste para pouco
mais do dobro na sustentação. Por esse motivo que flapas são usadas apenas em situações criticas, pois a
potência das turbinas deve ser muito mais elevada quando esses dispositivos estão sendo usados.
A velocidade de voo mínima pode ser obtida a partir da equação (1) exigindo-se que a força de sustentação
seja igual a força peso da aeronave e que CS = CS,max , i.e. o coeficiente de sustentação seja o maior possível,
assim se W = maeronave g é a força peso da aeronave então
1/2
2W
Vmin = (3)
ρCS,max A
Perceba que o produto Cs A é a única coisa que podemos controlar, assim para minimizar a velocidade de
decolagem temos de maximizar esse produto. A expressão acima descreve a velocidade, não apenas durante a
decolagem mas durante qualquer período do voo, e para que uma aeronave não caia ou perca altitude deve-se
sempre prestar atenção na densidade ρ do ar, nesse caso específico a densidade é uma função inversamente
proporcional a temperatura. Isso acaba sendo importante para aeroportos cuja altitude é muito superior ao
nível do mar.
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a) b)
c)
Figura 13: a) Asa vista de cima sobre um fluxo constante; b) avião durante a decolagem deixa um vórtice
criado na ponta das asas devido ao efeito da sustentação; c) ilustração do efeito numa aeronave vista em 3d.
Esse fenômeno é uma consequência da força de sustentação, pouco podendo ser feito para evitar a ocor-
rência da formação desses vórtices. Isso se deve à diferença de pressão que existe entre a parte superior e
inferior da asa, juntamente com o fato de que o fluxo contorna a asa e, nas bordas, a continuidade do fluxo
somada à diferença de pressão nas regiões faz com que se crie a região de vorticidade indicada na figura 13.
Quando isso acontece há uma força na direção do fluxo e a essa força da-se o nome arrasto induzido.
Uma curiosidade: a formação em “V” dos pássaros em voos de longas distâncias é devido a esse fenômeno,
utilizando esses vórtices os pássaros conseguem reduzir para até 1/3 a energia que seria gasta para voar
separadamente. Em voos militares também é comum a prática dessa formação de voo para reduzir o consumo
de combustível. No caso dos pássaros há uma correlação no movimento das asas que é utlizada para tirar o
proveito desses vórtices. Recentemente um estudo verificou que no caso de apenas 2 ou 3 pássaros voando
um imediatamente atrás do outro ao invés da formação em V percebe-se que o movimento é exatamente o
oposto do pássaro diretamente a frente, visando a eliminação desse vórtice.
Para reduzir o arrasto induzido é comum que sejam utilizadas asas com algumas curvas nas terminações.
Figura 14: Terminações curvadas nas asas de um avião de pequeno porte para minimizar o arraste induzido.
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retraídas. Suponha que os coeficientes e ângulo de ataque das asas são descritos de acordo com
os gráficos da figura 12 e que a densidade do ar no solo é 1.20kg/m3 . Determinar:
a) A velocidade mínima de decolagem com e sem flapas sabendo que a lei de segurança na
aviação exige que essa velocidade seja de, no mínimo, 1.2 vezes maior do que a velocidade calcu-
lada.
b) O ângulo de ataque em condições de cruseiro.
c) Assumindo a eficiência de 30% das turbinas calcule a quantidade de energia necessária para
superar a força de arraste.
Solução:
O coeficiente de sustentação máximo com flapas é 3.48 e sem flapas 1.52. Usamos g =
9.81m/s2 .
a) O peso da aeronave é W = mg, ou seja W = 686, 700N. Pela equação (3) a velocidade
mínima será
s
2 (686, 700)
Vcf = = 70.9m/s
(1.2) (1.52) (150)
s
2 (686, 700)
Vsf = = 46.8m/s
(1.2) (3.48) (150)
onde cf e sf indicam com flapas e sem flapas. Multiplicando por 1.2 e convertendo para km/h
(1m/s=3.6km/h) temos
Vcf = 306km/h
Vsf = 202km/h
ou seja, com as flapas o avião decola com pouco mais de 100km/h a menos, numa pista de
decolagem menor, portanto.
b) Em condições de cruseiro a força de sustentação deverá ser igual à força peso, assim apli-
cando a formula (1) para o coeficiente de sustentação e a velocidade de cruseiro dada no problema
encontramos
CS = 1.22
de acordo com o gráfico da esquerda da figura 9 isso corresponde a α ∼ 10◦ .
c) O gráfico da direita na figura 9 mostra que para CS = 1.22 temos CA = 0.03, portanto a
força de arrasto de acordo com (1) é
FA = 16.9kN
Como a potência é P = F v, na velocidade de cruseiro (em unidades do SI) temos
P = 2620kW
dividindo por 0.3 já que essa é a eficiência do motor encontramos que P = 8733kW de potência
devem ser produzidos pelas turbinas do avião para superar apenas a forca de arrasto nas asas.
Comentários e referências
Esse texto foi redigido como forma de preparação das aulas, assim é muito provável que algumas palavras
estejam repetitivas, bem como erros de ortografia e concordância devem aparecer diversas vezes, espero que
isso não atrapalhe o entendimento. Algumas referências usadas usadas para elaboração:
• Çengel, Yunus A. Mecânica dos Fluidos: fundamentos e aplicações, 2007. — O capítulo 10 desse
livro foi o texto base, de onde foi tirada boa parte da estrutura do texto, os exemplos resolvidos e a
maioria das imagens.
• Fox, Robert W. Introdução à mecânica dos fluidos, oitava edição. — Texto auxiliar para tradução
de termos técnicos e discussão complementar. Contém exemplos diferentes dos apresentados aqui mas
a apresentação segue a mesma linha. A conteúdo dessas notas está no capítulo 9, sessões 7 e 8.
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• Skybrary(Clique na palavra para ser redirecionado para o link no navegador) — Contém discussão um
pouco mais técnica sobre os assuntos.
• NASA(Clique na palavra para ser redirecionado para o link no navegador) — Contém a imagem inferior
da figura 13 e uma breve discussão sobre arrasto induzido.
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