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Contemporâneos
1ª edição
Brasília, DF
2019
Sumário
Prefácio……………………………………………………………………..…….5
Introdução………………………………………………………………….……..6
I PARTE
1.Língua persa……………………………………………………………………..……..8
2. Literatura persa…………………………………………………………………..…..15
3. Tipos clássicos dos esquemas métricos prosódicos…………………………..….21
4. Poesia moderna persa do século XX até atualmente………………………..…...32
II PARTE – Poemas
13. Nimā Yuhij (1897-1960): To rā man cešm dar rāh –am: Estou te 60
aguardando
14. Fereydoon e Moshiri (1926-2000), Kuce: Ruela 62
15. Sohrāb e Sepehri (1928-1980), Xāne ye dust kojāst?: Onde fica a 66
casa do amigo?
16. Sohrāb e Sepehri (1928-1980), Vāhe i dar lahze: Um oásis no 68
momento
17. Mehdi e Akhavān-Sāles (Akhavan-Sales) (1929-1990), Zemestān: 70
Inverno
18. Forough e Farrokhzād (1935-1967), Tavallod i digar: Um outro 74
nascimento
19. Esmāil e Khoi (1938- ), sem título 80
20. Esmāil e Khoi (1938- ), sem título 81
21. Esmāil e Khoi (1938- ), Dar rāh: No caminho 82
22. Hamid e Mosadegh (1940-1998), Sib: Maçã 83
23. Forough e Farrokhzād (1935-1967), Resposta ao poema "Maçã" de 85
Hamid Mosadegh
24. Mohammad-Ali e Sepānlou (1940-2015), Rezāyat: Satisfação 87
25. Hossein e Pahāhi (1956-2004), Cešm e man o anjir: Meu olho e o 89
figo
26. Hossein e Pahāhi (1956-2004), Sokut: Silêncio 94
27. Hossein e Pahāhi (1956-2004), Pist: Pista 95
28. Hossein e Pahāhi (1956-2004), Eeterāf: Confissão 96
29. Qeysar e Aminpour (1959-2007), Dastur-zabān e ešq: Gramática do 98
amor
Poemas no Estilo Livre (Āzād) ou Branco (Sepid)
30. Ahmad e Shāmlou (1925-2000), Mi'ād: Encontro 100
31. Bizhan e Jalāli (1927-2000), Ce daryāce i: Que lago 103
32. Yadollāh e Royāee (1932- ), Sang e šād: A pedra feliz 104
33. Yadollāh e Royāee (1932- ), Tamām e harf: Todas as palavras 105
34. Yadollāh e Royāee (1932- ), Royā: Sonho 106
35. Shams e Langeroodi (1950- ), sem título 107
36. Shams e Langeroodi (1950- ), Harf at rā: Com as suas palavras 107
37. Shams e Langeroodi (1950- ), sem título 109
38. Shams e Langeroodi (1950- ), sem título 110
39. Shams e Langeroodi (1950- ), sem título 111
40. Shams e Langeroodi (1950- ), sem título 112
41. Shams e Langeroodi (1950- ), sem título 112
42. Shams e Langeroodi (1950- ), sem título 114
43. Ali e Sālehi (1955- ), Hāl e hame ye mā xub ast, amā to bāvar 115
nakon: Todos nós estamos bem, mas ei! Não acredite
44. Qeysar e Aminpour (1959-2007), Hasrat e hamišegi: O 118
arrependimento de sempre
45. Qeysar e Aminpour (1959-2007), Qāf: Qaf 119
46. Qeysar e Aminpour (1959-2007), Tarh i barāye solh: Um projeto 120
para a paz
Bibliografia………………………………………………………………..……..121
5
Prefácio
O presente livro foi idealizado pelo professor Farhad Sasani quando lecionava
persa na Universidade de Brasília entre os anos de 2015 e 2018. Por não ser fluente
em português, dois alunos seus, Henrique Costa Jung e Ana Leite, se dispuseram a
ajudá-lo na tradução dos poemas selecionados, e, após um ano e meio, o trabalho se
concluiu neste formato. Deve ser informado que, sob a tutela do professor Farhad
Sasani, as traduções foram feitas por um graduado em Engenharia Elétrica e por
uma graduanda em História, de tal forma que esta obra inevitavelmente não possui
os zelos de conservação métrica e rímica que se teria caso ela tivesse sido feita por
especialistas na área. De qualquer modo, acreditamos que, apesar da qualidade
amadora, este livro possa abrir os horizontes da literatura persa para os leitores e
acadêmicos brasileiros, por isso o levamos orgulhosamente a público.
Ana Leite
6
Introdução
Farhad Sasani
7
I PARTE
Farhad Sasani
8
1- Língua Persa
1
- Para mais informações, conferir Windfuhr (2009b).
2
- David D. Testen (1996).
3
- P. Oktor Skjaervo (1996).
9
por exemplo, os Estados Unidos, que possui uma grande comunidade de imigrantes
iranianos formada na Califórnia4.
O persa moderno é importante por várias razões: ele funcionava como língua
franca no subcontinente indiano (por cerca de seiscentos anos entre os séculos XIII a
XIX como língua oficial antes da ocupação pela Grã-Bretanha), Oriente Médio, Ásia
Menor, Ásia central, e em geral no planalto Iraniano ou Grande Irã5. Portanto, para
estudar a história dessas regiões durante esse período, precisa-se da língua persa para
poder ler os documentos autóctones. Além disso, conhecer o persa configura-se como
imprescindível para os estudos xiitas ou, mais geralmente, para pesquisas sobre o islã
no planalto iraniano. A literatura persa é uma literatura considerável e influente no
mundo.
O idioma persa, no Irã, é chamado de pārsi ou fārsi, no Afeganistão, de dari e
no Tajiquistão, de tajik também. Atualmente, são três os sistemas de escrita nos quais a
língua é registrada:
1- A escrita oficial no Irã, que é parecida com o alfabeto árabe, urdo, curdo, e
outros de países vizinhos.
2- O alfabeto cirílico no Tajiquistão.
3- O alfabeto latino com adaptações, não utilizado oficialmente e chamado por
alguns de finglish ou pinglish, mas eu prefiro usar uma escrita mais
foneticamente apropriada que é chamada de pārsnegār ou pārsāvā.
4
- Para mais informações, checar: Margoliouth (1903), Morrison (1981) e Kreyenbroek & Marzolph
(2010).
5
- Para mais informações sobre a língua persa na Índia e no Império Otomano, conferir Alam (1998) e
Windfuhr (2009).
10
/b/, /p/, /m/, /n/, /f/, /v/, /t/, /d/, /r/, /l/, /s/, /z/, /ʃ/, /Ʒ/, /ʧ/, /ʤ/, /c/, /ɟ/, /j/, /x/, / ԍ/, /h/, /ɂ/
(esta última geralmente é substituída pelo alongamento da vogal imediatamente
anterior)
A ordem das palavras nas orações na linguagem falada possui uma grande,
mas não total, flexibilidade, geralmente ela é determinada pragmaticamente. Na
linguagem escrita, a tendência é sujeito + complemento + verbo.
Os números de um até vinte e a regra para fazer os números compostos são,
em certa medida, parecidos com os do português. Para fazer todos os números
compostos, basta usar a partícula o (e) entre os números, como em sad o navad o šeš
(cento e noventa e seis).
nuzdah dezenove 19
bist vinte 20
Para saber mais sobre o persa falado, indico os seguintes livros: Rosen
(1898), Hawker (1961), Vahidian-Kamyar (1964), Obolensky, Panah e Nouri (1973),
Samareh (1977), Moshiri (1988), Shahidi (1999), Sikov (2002), Vahidian-Kamyar
(2005), Abdi (2015). E para gramática persa, consulte: Levy (1951), Lambton (1953,
1984), Windfur (1979), Ahadi (200), Mace (2003), Lazar 92012) e Yousef & Torabi
(2013); e esses sites:
http://persian.sdsu.edu
http://www.jahanshiri.ir/fa/en/index-grammar
6
- Mary Boyce (1957).
7
- Prods Tokan Skjœrvø (2009).
8
- Ahmad Samii-Gilāni, http://www.ettelaat.com/etiran/?p=67207 (27 setembro 2017).
17
9
- Fereydun Vahman (2016).
10
- Zeke Kassock (2013).
18
Hezār Afsān11 (Mil Lendas), mas, depois do Islã, foi traduzida com o título Mil e
Uma Noites para o árabe com muitas mudanças de personagens e contextos, por
exemplo: Harun al-Rashid tomou o lugar do Rei do Irã Khosro Parviz e Yahyā
Barmaki substituiu o vizir Bozorgmehr. O texto original em persa médio não existe
mais. Essa história, que pode ser classificada como a primeira dramaterapia,
infuluenciou muito autores como Giovanni Boccaccio (1313-1375), Geoffrey
Chaucer (1343-1400) em The Canterbury Tales, James Joyce (1882-1941) em
Dubliners (1914), Jorge Luis Borges (1899-1986), além de muitos balés e óperas.
Para mais informações, consulte: Benveniste (1932), Safā (1976), Boyce (1987),
Āmuzgār e Tafazzoli (2001), e Tafazzoli (2012).
Deve-se notar que a métrica nos poemas em parta, persa médio e sogdiano
(línguas iranianas), segundo Safā (1976: 28), era silábica, isto é, baseava-se em
números definidos por sílabas. Por exemplo, os Gāthās, a mais antiga parte do
Avesta, que, segundo os zoroastrianos, foram compostos pelo próprio Zoroastro, são
silábicos; a palavra gāthā na língua avéstica e no sânscrito significa poema, hino ou
canção. Safā (1976: 31-32) continuou alegando que alguns poemas às vezes tinham
estresses definidos, métrica e rima também.
A literatura clássica do persa moderno, ou simplesmente persa, começou no século
IX quando o persa foi pela primeira vez escolhido como a língua oficial da extensa
região iraniana por Ya'qub e Leys e Saffār (840-879), cujo nome persa era "Rādmān
e pur Māhak", o fundador da dinastia Safárida no leste do Grande Irã (Pérsia), isto é,
o leste do Irã contemporâneo e o sul do Afeganistão. A partir daí, o persa foi
continuamente a língua oficial de todos os diversos governos que dominaram o
Grande Irã.
Poesias, histórias, historiografias, dramas e folclores faziam parte do escopo da
literatura persa clássica. Nessa variedade, a poesia era a mais relevante e influente
tanto que muitos livros científicos, medicinais, filosóficos e narrativos eram escritos
11
- Para mais informações, conferir Bahram Beyzai (2013).
19
na linguagem poética. Além disso, muitos dos versos da literatura clássica foram
incorporados ao vocabulário do cotidiano.
Inicialmente, entre os séculos VIII a XII, os gêneros poéticos geralmente
buscavam o enaltecimento e o panegirismo, e frequentemente eram usados como
elogio a figuras da corte do califado Abássida, que regeu o Irã entre 750 e 819, e da
corte do Império Samânida, dinastia persa que se emancipou dos Abássidas em 819 e
que governou o Irã até 999. Esses poemas clássicos, chamados de tchakāme ou
qaside, têm métrica definida e esquemas fixos de métrica prosódica, com rimas
internas e finais. Os primeiros poetas significativos eram normalmente de Coração,
região ao nordeste do Grande Irã. Um desses poetas e letricistas foi Rudaki (?-941),
conhecido pelo seu amor à natureza. Depois emergiu o estilo épico, consagrado por
Ferdosi (c. 940-1020) no Shāhnāme, o qual é um dos mais longos poemas épicos já
escritos do mundo e que narra sobre a mitologia e a história do Irã desde o momento
dos primeiros humanos até os últimos séculos antes da chegada do islã. O impacto de
Ferdosi com o Shāhnāme na literatura e cultura iraniana nos séculos subsequentes foi
tamanho que hoje ele é um dos heróis nacionais do Irã. Ele inspirou substancialmente
poetas que foram seus contemporâneos e permanece fazendo o mesmo com os poetas
da atualidade.
Durante esse período, havia também o esquema clássico robā'i, que era um
tipo de quadra. Omar Khayyām (1048-1131), matemático, astrônomo, e poeta é o
mais famoso compositor deste estilo.
Os séculos XIII a XIV marcam a poesia lírica conhecida como qazal, que era
comumente usada nos poemas sobre o amor, misticismo e sufismo. Poetas como
Sanāi (?-1131/1141), Nezāmi (1141-1209), Attār (c. 1145- c. 1221), Molavi (Rumi)
(1207-1273), Saadi (c. 1208-1291/1294), Obeyd-e-Zākāni, o poeta satirista, (c. 1300-
1371), Hāfez (1315-1390) são exemplos excelentes deste estilo poético. Devido ao
uso excessivo da linguagem figurada e de elementos da retórica, que ocorreu à
20
b- uma consoante mais uma vogal breve /a/, /e/, /o/ seguida de mais uma
consoante, como man (eu): CvC
3- Sílabas alongadas:
a- uma consoante mais uma vogal breve ou longa seguida de mais duas
consoantes, como past (inferior) ou dust (amigo): CvCC, CVCC
b- uma consoante mais uma vogal longa /ā/, /i/, /u/ seguida de mais uma
consoante, como dir (atrasado): CVC
A- Tchakāme ou Qaside
Tchakāme ou Qaside é uma forma de panegírico ou elogio a pessoas,
natureza, festas, Deus, etc. Há várias métricas definidas, dentre as quais o poeta pode
escolher. O número de linhas pode ser de vinte a setenta, e a rima na primeira e
segunda mesraa (meia-linha) da primeira beyt (linha) define a rima da segunda
mesraa das demais beyts. Os primeiros poemas clássicos eram tchakāme, como os
poemas de Rudaki (?-941), Farrokhi-e-Sistāni (980-1037/1038), Manuchehri-e-
Dāmqāni (1000-1040), Onsori (?-1039/1040), Khāqāni-e-Shervāni (1121/1122-
1190), Anvari (1126-1189), e no século XX Bahār (1884-1951). O esquema de rimas
é da seguinte forma:
___x ___x
___a ___x
___b ___x
22
___c ___x
___d ___x
___e ___x
…
Um tchakāme de Rudaki:
B- Qazal
Qazal, em português gazal, é uma forma de poema lírico. Com a excessão da
métrica e do número de beyts, que varia de cinco a no máximo quinze, a estrutura
restante do gazal, ou seja, as rimas, é semelhante à do tchakāme, o qual tornou-se
obsoleto no séc. XII devido à popularização do gazal. Os temas enquadrados nesse
estilo são geralmente o amor e o misticismo, e é comum o poeta usar seu nome
poético na linha final. Esse esquema se tornou muita popular entre poetas clássicos e
contemporâneos, por isso a lista dos seus adeptos é bastante longa, alguns deles são:
Sanāi-e-Qaznavi (1080-1131/1141), Attār-e-Neyshāburi (c. 1145- c. 1221), Saadi
(1210-1292), Molavi (Rumi) (1207-1273), Hāfez (1315/1317-1390), Sāeb-e-Tabrizi
(1601/1602-1677), Bidel-e-Dehlavi (1642-1720), Āref-e-Qazvini (1882-1934),
Farokhi-e-Yazdi (1889-1939), Simin Behbahāi (1921-2012), Hushang Ebtehāj (H. E.
Sāye) (1928- ), Mohammad-Ali Bahmani (1942- ). Vale observar que nos poemas
modernos métricas novas foram criados. O esquema de rimas é da seguinte forma:
___x ___x
___a ___x
23
___b ___x
___c ___x
___d ___x
___e ___x
…
Um qazal de Hāfez:
C- Qet’e
Qet'e é uma forma de poema que expressa sobretudo uma histótia ética e de
boa moral. Sua estrutura é fixa como a do tchakāme, porém, diferentemente das duas
acima, não há nenhuma rima na primeira mesraa, todas estão na segunda meia-linha
das beyts. Anvari (1126-1189), Ebn-e-Yamin (664-685), e Parvin Etesāmi (1907-
1941) são três poetas brilhantes no qet'e. O esquema de rimas é da seguinte forma:
___a ___x
___b ___x
___c ___x
___d ___x
___e ___x
…
Um qet'e de Parvin E'tesāmi:
D- Masnavi ou dotā-dotā
Masnavi é uma forma de poema usada para expressar temas diversos, o que
inclui a narrativa de histórias longas. Seu esquema é fixo apesar de haver inúmeras
beyts. As duas mesraas de cada beyt rimam entre si de forma única, assim não existe
rima entre as beyts. Os mais famosos poetas do estilo masnavi são Abushakur-e-
Balkhi 915-?) com a sua obra Āfarinnāme, Ferdosi (c 940-1020) no Shāhnāme,
Nezāmi-e-Ganjavi (114-1209), Molavai (Rumi) (1207-1273), e Jāmi (1414-1492). O
esquema de rimas é da seguinte forma:
___a ___a
___b ___b
___c ___c
___d ___d
___e ___e
___f ___f
…
Um masnavi de Rumi:
Ou:
___a ___a
___a ___a
Um dobeyti de Bābā-Tāher:
F- Robāi
Robāi, à semelhança do do-beyti, é um poema minimalista, mas com uma métrica
diferente. Robāi incui dois beyts de quatro mesraas com uma única rima na primeira,
segunda e quarta mesraa. O mais famoso poeta nesse esquema é Omar Khayyām
(1048-1131). O esquema de rimas é da seguinte forma:
___a ___a
___b ___a
26
Um robāi de Khayyām:
___a ___a
Ou:
___a ___b
Um tak-beyti de Sāeb-e-Tabrizi:
H- Bahr-e-tavil
Bahr-e-tavil (métrica longa) é uma forma poética para expressar sátira e
humor, fazer elegias, construir debates dialógicos e escrever letras musicais. Em
poemas bahr-e-tavil, há linhas de tamanhos diferentes, e cada estrofe tem um radif
igual (a palavra repetida antes da rima) e uma rima idêntica. Nesse poema, não há
mesraas ou beyts discretos, no lugar deles há uma estrofe de métrica maleável, na
qual encontram-se rimas finais, rimas internais e radifs, rimas que ocorrem nas
palavras imediatamente antecessoras àquelas que terminam o verso. Bahr-e-tavil tem
27
Um bahr-e-tavil de Sāeb-e-Tabrizi:
I- Tarjiiband
Tarjiiband é um poema geralmente longo que consiste de várias reštes
(estrofes) com a mesma métrica e com normalmente cinco a 25 beyts de modo que
todos os mesraas de uma estrofe têm uma mesma rima. Para conectar essas estrofes,
um beyt chamado band e bargardān (elo de referência) com rima específica repete-
se e conecta uma estrofe à próxima até o fim do poema. Exemplo de alguns poetas
que trabalharam com esse estilo: Saadi (1210-1292), Hātef-e-Esfahāni (?-1783), e
Farrokhi-e-Yazdi (1889-1939). O esquema de rimas é da seguinte forma:
___a ___a
___a ___a
….
___x ___x
28
___b ___b
___b ___b
…
___x ___x
…
Um tarjiiband de Saadi:
Ey saxt-delān e sost-peymān
In šart e vafā bud ke bi dust
Benšinam o sabr piše giram
Donbāle ye kār e xiš giram
Dar ahd e to ey negār e delband
Bas ahd ke beškanand o sogand
Digar naravad be hic matlub
Xāter ke gereft bā to peyvand
Az piš e to rāh e raftan am nist
Hamcon magas az barābar e qand
...
J- Tarkibband
Assim com o tarjiiband, tarkibband é um poema normalmente longo feito de
várias estrofes, cujos mesraas têm rimas próprias à sua respectiva estrofe. A
diferença entre tarkibband e tarjiiband é que a rima da band e bargardān não se
29
mantém a mesma pelo poema, ela muda constantemente. Estes são alguns poetas
conhecidos nesse esquema: Saadi (1210-1292), Mohtasham-e-Kāshāni (1500-1588),
Vahshi-e-Bafqi (1532-1583), Hātef-e-Esfahāni (?-1783), e Farrokhi-e-Yazdi (1889-
1939). O esquema de rimas é da seguinte forma:
___a ___a
___a ___a
….
___x ___x
___b ___b
___b ___b
…
___y ___y
___c ___c
___c ___c
…
___z ___z
Um tarkibband de Mohtasham-e-Kāshāni:
K- Mosammat
Mosammat é um estilo semelhante ao tarjiiband se diferenciando por apenas
o último mesraa de rima diferente do restante da estrofe, mas rimando com o último
mesraa de todas as estrofes. Esse mesraa chama-se band (elo) por conectar as
estrofes entre si. Há, no entanto, formas mais complicadas do mosammat. Os poetas
Manuchehri-e-Dāmqāni (1000-1040), Nāser-Khosro (1004-1088), Qāāni (1223-
1270), Sheikh-Bahā'i (1547-1621), Bahār (1884-1951) compuseram poemas famosos
neste estilo. O esquema de rimas é da seguinte forma:
___a ___a
___a ___a
….
___a ___x
___b ___b
___b ___b
…
___b ___x
…
Um mosammat de Manuchehri-e-Dāmqāni:
L- Mostazād
Mostazād é um poema de certo modo parecido com o qazal pois as rimas do
primeiro e de todos os segundos mesraas se repetem. No entanto, cada mesraa é
seguido de um nim-mesraa, isto é, a palavra ou frase curta rítmica de rima
equivalente à do mesraa imediatamente anterior. Os versos não possuem uma
métrica única. Os poetas Mas'ud Sa'd-e-Salmān (1040-1121), Mirzāde-Eshqi (1893-
1924), Mehdi Akhavan-Sāles (M. Omid) (1929-1990) são exemplos de autores
famosos neste estilo. O esquema de rimas é da seguinte forma, observando que, ao
contrário dos esquemas anteriores, a segunda linha neste representa o nim-mesraa,
estando todos os mesraas na primeira coluna:
___a _a
___a _a
___b _b
___a _a
___c _c
___a _a
___d _d
___a _a
…
No início do século XX, por causa das turbulências políticas entre a Inglaterra
e Rússia com o Irã (Pérsia) durante a dinastia Qājār (1785-1925) e por causa da
consequente separação de terras historicamente iranianas como Azerbaijão, Armênia,
Geórgia, Turcomenistão e Tajiquistão, o governo iraniano enfraqueceu-se. Sua
estrutura corrupta tornou-se mais frágil e o povo iraniano, movimentado por
influências políticas e culturais francesas e ideais modernistas, fez eclodir a
Revolução Constitucional entre 1905 e 1911. A expansão do jornalismo, o anseio por
um novo estilo de vida, a ênfase crescente na vida quotidiana, o surgimento de novos
estilos de narrativa como romance, peça e drama, e o desenvolvimento da nova
crítica foram outros fatores que compuseram essa mudança dramática.
Paralelamente, a saturação do Sabk-e-Hendi (Estilo Indiano) causada pelo uso
excessivo de linguagem figurada nos poemas persas no Irã 12, o tornou indesejável
para alguns poetas. A mudança da cultura política e o desejo pela simplificação da
poesia fizeram com que novas formas poéticas se desenvolvessem e com que estilos
antigos como Khorāsāni e Arāqi, e os métodos dos poetas como Rudaki (?-941) e
Saadi (1210-1292) fossem revitalizados. Essa tendência é chamada de Bāzgašt-e-
- No norte da Índia onde o persa era usado como a língua franca e cultural, havia uma tendência
12
geral no século XIX para poesia pomposa e abstrusa. Isso foi expressivo nos primeiros séculos (IX-
XIII) da literatura persa clássica.
33
somente ter beyts rimados. Fereydoon Moshiri (1926-2000) e Mehdi Soheili (1924-
1987) são afamados nesse formato.
Por fim, há outros formatos novos como Šeerak (como um quarteto), Segāni
(como um terceto), Tarāne (letra de música), Tasnif (balada) e Nohexāni (lamentação
religiosa). Vale mencionar que a melodia é muito importante em todos os aspectos da
cultura persa. Por exemplo, geralmente provérbios, lemas, anúncios, e ainda
palavrões têm melodia e rima. Além disso, a maioria das histórias, especialmente
histórias infantis, é melódica. Há um formato de história para crianças chamado
matal, que é um tipo de fábula totalmente musical e que tem rimas internas e finais
como o estilo poético bahr-e-tavil.
II PARTE
os poemas
Os Poemas Clássicos
Simin Behbahāni (1927-2014), Šamšir e man hamin šeer ast: Minha espada é este
poema
Soheil Mahmoudi (1961- ), Sokut mikonam o ešq dar del am jāri -st: Eu me calo e o
amor corre no meu coração
Soheil Mahmoudi (1961- ), Man be yek ehsās e xāli delxoš -am: Eu com só um
sentimento estou satisfeito
Bahār (1884-1951)
Šeer ān bāšad ke xizad az del Bāz dar delhā nešinad har kojā
o jušad ze lab guš i šenoft
O poema é aquele que surge E outra vez senta nos corações
do coração e ebule dos lábios onde um ouvido escuta
Parvin e E'tesāmi era a mais famosa poetisa do século 20 no Irã. Seu pai era um poeta e
tradutor, assim influenciando-a. Seu idioma materno era azari, e na sua infância
aprendeu inglês, persa e árabe. Parvin morreu aos 35 anos de febre tifóide. Sua
antologia poética consiste em 606 poemas nos estilos Masnavi, Qet'e, e Tchakāme. Os
poemas são sobre opressão, simpatia pelos oprimidos e pessoas necessitadas. Às vezes
eles estão estruturados como diálogos ou perguntas e respostas entre humanos, animais,
plantas ou objetos personificados tais como uma agulha e uma linha. Desde 2004, há o
festival de filmes Parvin E'tesāmi que a cada ano oferece um prêmio para uma diretora
de cinema.
Abaixo seguem uma recitação do poema:
www.ganjoor.net/parvin/divanp/mtm/sh15
Nazdik raft pirzan i kupošt o goft In ašk e dide ye man o xun e del e
Chegou perto uma velha corcunda šomā -st
e disse: "Isto é uma lágrima de meu olho
e o sangue de vossos corações
Simin e Behbahān (Khalili e Binbahani também) era uma poeta proeminente, letrista, e
além disso uma ativista e intelectual. O seu pai foi um poeta, autor e editor de jornal, e
as sua mãe foi uma poeta e professora da língua francesa. Ela foi nomeada duas vezes
para o prêmio Nobel de literatura em 1999 e 2002, e ganhou vários prêmios
internacionais. Simin é chamada de “leoa iraniana”. Ela foi a presidente da associação
de escritores iranianos. Ela foi um membro de conselho de música e poesia da Rádio
Nacional do Irã de 1971 a 1978 juntos com Fereydoon Moshiri, Hushang Ebtehaj e
Emad Khorasani.
Šamšir e xiš bar divār āvixtan Bā xāb e nāz joz dar gur āmixtan
nemixāham nemixāham
Pendurar minha espada na parede Misturar-me com o sono
não quero tranquilo no túmulo não quero
Ey mard, man zan -am ensān, Gar tāj e xār nagzāri, gol-rixtan
bar tārak am be kintuzi nemixāham
Ei homem! Eu sou mulher, Uma coroa de espinhos, ser
humana, se você não pôr no meu coberta de flores não quero
topo com malícia
Har lahze ātaš i dar šahr Har ruz fetne i dar dahr angixtan
afruxtan nemiyāram nemixāham
Atear fogo a cada momento na Provocar uma intriga no cosmos
cidade não me atrevo a cada dia não quero
In qāfiyat saboktar gir, jang o In jomle gar to mixāhi ey mard,
jonun o jahl at bas man nemixāham
Pegue esta rima mais leve, basta Se você quer esta frase, ei
de suas guerras e insanidade e homem! Eu não a quero
ignorância
48/ Antologia de Poemas Persas Contemporâneos
Hambastegi: Solidariedade
modām šām
Desde então eu sou o Vivo sem notícias todo
companheiro do vento sem entardecer e todo raiar
cessar
Miresam ammā be to ruz i Panjere rā bāz gozāri agar
degar Se deixares a janela aberta
Chegarei a ti mas num outro
dia
Poemas /51
Gele i nist, man o fāselehā hamzād Gāhi az dur to rā xāb bebinam kāfi
-im -st
Não há queixas, eu e as distancias Se às vezes eu te vir de longe nos
somos gêmeos sonhos, me basta
Marā bebaxš agar lahzeehā yam Bebaxš agar nafas am sard o zard
ābi nist o zangāri -st
Perdoe-me se meus momentos Perdoe se minha respiração é fria,
não são azuis amarela e enferrujada
Dar hojum e rang dar fasl e sedā Bā bahār e naqš e qāli delxoš -
Na invasão das cores na estação am
dos sons Com a primavera das figuras no
tapete eu estou satisfeito
comovente (é)
https://www.youtube.com/watch?v=Mh3vO9kpSgw
https://www.youtube.com/watch?v=SZwoehw3ThI
- Nessa frase há as palavras abad e azal. Abad significa a eternidade sem o fim, mas azal significa a
18
eternidade sem início. Aqui decidimos traduzir a primeira palavra como "eternidade" e a segunda palavra
como "o inicio dos tempos".
58
19
- Essa frase refere-se à interpretação do Alcorão sobre a criação do primeiro humano diante de quem
Deus ordenou que todos os anjos e os gênios se prostrassem, ordem que foi desacatada por Satanás.
Então ele foi rejeitado da corte de Deus para sempre. Não obstante, o poeta diz que Satanás prostrou-se a
ele pois se apaixonara.
20
- Essa frase se refere à queda de Adão e Eva do Paraíso para o Terra.
21
- Os gênios são considerados seres originados do fogo, e Adão, da lama baseando-se em algumas
interpretações.
22
- A palavra original é hamkištar composto de ham- + kiš + -tar (o prefixo co- + culto + mais), um
neologismo adjetival significando "com o culto mais comuns".
59
Nimā Yushij, cujo primeiro nome foi Ali Esfandiāri, era um poeta e pesquisador, que
ficou famoso como o fundador da Šeer e No (poesia nova) ou Šeer e Nimāyi (poesia de
Nimā), mas, recentemente, Dr. Mohammad-Rezā Shafiei Kadkani (1939- ) acusa-o de
imitar os poemas de Parviz Nātel-Khānlari (1914-1990). Ele tem alguns poemas em
tabari (māzandarāni), uma outra língua iraniana falada no norte do Irã; ele usa muitas
palavras de mazandarāni nos poemas persas.
Segue abaixo uma recitação do poema, e duas músicas baseadas nele:
https://www.youtube.com/watch?v=30kN7W9C7zc
A música cantada por Shahrām Nāzeri (1950- ):
https://www.youtube.com/watch?v=eR7AMYzwsoY
A música cantada por Hossein Ghavāmi (Fākhte) (1909-1990):
https://www.youtube.com/watch?v=yh5qlpKYHKQ
Šabāhengām
À noite
23
- Na frase persa, há a expressão cešm be rāh budan (literalmente: "estar com o olho na rua) que
significa "aguardar ou esperar ansiosamente".
24
- Talājan ('j' se pronuncia como [dʒ]) é uma palavra da língua mazandarāni ou tabari no norte do Irã,
que significa uma arbusto com flores parecidas de crista de galo de briga nas florestas e montanhas no
sul do Mar Cáspio. Talā significa galo e jan é a forma curta da palavra jang que significa "guerra".
Consulte:
http://tabarestan.ir/dictionary/viewName/10352- )11/2018/ 21( تالجن.
Como foi mencionado anteriormente, Nimā usa muitas palavras de mazandarāni nos poemas persas.
61
Kuce: Ruela
Natavānam”
Não conseguiria”
Nagosastam, naramidam
Eu não me afastei, não me esquivei
Sohrāb e Sepehri era um poeta e pintor moderno notável, tendo sido um dos
cinco poetas modernos iranianos mais famosos (incluindo Nima Yushij, Ahmad
Shamlou, Mehdi Akhavan-Sales e Forough Farrokhzad). Ele é considerado um pintor
modernista de vanguarda. Sohrab viajou para à Índia, Paquistão, Afeganistão, China,
Japão, França e Inglaterra. Conhecia bem budismo, misticismo e tradições ocidentais, e
os misturou em um estilo de poesia sem precedentes. Seus os poemas são cheios de
valores humanos e de natureza. Ele publicou 8 livros de poemas, e depois todos foram
compilados sob o título Hašt Ketāb (Oito Livros). Seus poemas foram traduzidos para
várias línguas como inglês, francês, espanhol, alemão, russo, sueco, árabe, turco e
italiano.
“Nareside be deraxt,
“Antes de chegar à árvore,
Kudak i mibini
Vai ver uma criança
Va az u miporsi
E vai perguntar para ela
Mehdi e Akhavan-Sales, também conhecido como Mim Omid (Mim é a primeira letra
do seu nome Mehdi que em Persa é chamada “mim”, e Omid significa esperança e
expectativa) foi um dos poetas proeminentes de Moj e No (Nova Onda) ou Šeer e Āzād
(poema livre) na poesia moderna persa. Ele começou com poesia tradicional e depois se
voltou para poesia moderna. De qualquer forma, seus poemas têm rimas internas. O
livro de poemas Zemestān (Inverno) o tornou famoso em 1956. Foi preso depois do
golpe de Estado em 1953. Mehdi conhecia música e trabalhou na Rádio e Televisão
Nacionais do Irã e também foi professor de literatura. Os seus poemas são épicos, e
geralmente é comparado com Ferdosi (935-1020), o grande poeta Persa. Seu Túmulo é
no mausoléu de Ferdosi na cidade de Tus.
Abaixo seguem uma recitação do próprio poeta: e algumas canções baseadas no poema:
https://www.youtube.com/watch?v=4sel6lAo2vs
Zemestān: Inverno
26
- Em persa, a palavra cašm na expressão cašm dāštan (literalmente ter olho) significa esperar, e então e
polissêmica com cašm (olho) na linha seguinte.
27
- A palavra javānmard é um adjetivo ou nome que significa uma pessoa clemente, cavalheiresca,
benevolente, honesta e justa; a tradução literal dela é jovem+homem.
28
- Geralmente naquele época, os vendedores de bebidas alcoólicas eram cristãos.
29
- Da roupa suja aqui significa que ele é piedoso e devoto e não se atém às coisas mundanas.
72
Harifā! Mizbānā! Mihmān e sāl o māh at pošt e dar con moj milarzad
Parceiro! Anfitrião! O teu convidado de todos os meses e anos está
tremendo como uma onda atrás da porta
Zemestān ast.
É inverno.
- Sol é comumente xoršid, mas há outras palavras também: mehr significa sol, bondade, afeição,
33
benevolência, e por fim a divindade Mitra do culto mitraísmo ou mehrparasti. Mehri é o nome do
primeiro mês do outono do calendário iraniano no hemisfério norte, de 21 do setembro até 21 do
outubro.
74
----
Zendegi šāyad
A vida talvez
Zendegi šāyad
A vida talvez
---
Va dar in hess i st
E nele tem um sentimento
----
Del e man
Meu coração
Va be āvāz e qanārihā
E a canção dos canários
----
Āh!
Ah!
Sahm e man
Minha parte
“Dasthā yat rā
“De tuas mãos
Dust midāram
Eu gosto.”
----
----
Ke kasi mimirad
Que alguém morre
79
Va kasi mimānad
E alguém fica
----
Man
Eu
Minavāzad ārām-ārām
Toca seu coração devagarinho
(Sem título)
Dišab ke āsemān rā nušidam
Ontem à noite quando bebi o céu
Fals e setāre
As escamas da estrela
Dar zehn am
Na minha mente
Mānd
Ficaram
Tā bāmdād
Até madrugada
Va māh
E a Lua
Dar galugāh am
Na minha garganta
Mixānd
Cantava.
Poemas /81
(Sem título)
Yek panjere -st šāer
É uma janela o poeta
Va saxt mitarsad
E teme duramente
Va az hamin ru -st
E é neste jeito
Ke ru be āftāb
Que em frente ao Sol
Minešinad:
Se senta:
Va har ce hast,
E tudo o que existe
Hatā,
Até mesmo
35
- Em persa, camaleão é literalmente "adorador do Sol".
82
Garce mā migozarim,
Embora nós passemos,
Rāh mimānad.
O caminho permanene.
Qam nist.
Não há tristeza.
83
Hamid e Mosadegh foi um poeta e escritor cujos poemas são simples e sinceros. Atuou
também como advogado geralmente ajudou autores e artistas.
Sib: Maçã 36
Va to rafti o hanuz
E você foi, e ainda
Con ke midānestam
Porque sabia
Man be to xandidam
Eu ri para você
Midahad āzār am
Me incomodam
Rezāyat: Satisfação
To sāat -i, to cerāq -i, to bastar -i, to sokut -i
Tu és hora, tu és luminária, tu és cama, tu és silêncio
Cegune mitavānam
Como posso
Ke qāyeb at bedānam
Te julgar ausente
Be ešq e morde
O amor morto
Rezāyat dādam
Eu satisfiz
Yaani
Isto é
Hossein e Panahi foi um ator no cinema, no teatro e nas séries de TV, director de teatro,
e poeta. Ele inicialmente era um clérigo, mas abandonou os trajes e começou a dar
aulas, e depois voltou-se ao teatro. Ele tem muitos livros, sendo que o seu primeiro de
poemas foi publicado em 1997, e até agora teve 16 reimpressões, traduzido para 6
línguas. Ele publicou sues três livros de poema em audio: Salām, xodāhāfez (Olá,
Tchau), Setāre (Estrela), Rāh bā rafiq (Rua com camarada). Seus poemas geralmente
são filosóficos e céticos, e vários deles são na forma de diálogo e na linguagem falada.
Os poemas a seguir são recitados pelo poeta.
O poema “cešm e man o anjir” é um diálogo com Deus, portanto esse poema é na
falada. Linguagem falada tem muitas diferenças regulares com a escrita no persa; por
exemplo, os sufixos de conjugação na terceira pessoa singular, segunda e terceira
pessoas plurais; alguns verbos mais frequentes têm formas cortas no tempo presente, e
algumas palavras são pronunciadas com mudanças fonéticas. Além disso, na fala, as
sílabas “ān” e “ām” geralmente muda para “un” e “um” respectivamente, exceto nomes
próprios e palavras não persas. Por exemplo, nesse poema, divāne, jānevar na fala
mudam para divune e junevar respectivamente. O marcador de objeto direto definido
rā muda para ro ou o (depois de consoantes), va (e) muda para o.
Divune kiye37?
90
Quem é louco?
Āqel38 kiye?
Quem é são?
To ro be xodā bud?
Por Deus, era?
Divune kiye?
Quem é louco?
Āqel kiye?
Quem é são?
Dovidam42!
Eu corri!
40
- Mārun é um rio no sudoeste do Irã que passa através das montanhas de Zāgros.
41
- Kārun é o mais longo e maior rio no Irá no sudoeste.
42
- A forma normal do verbo é davidam, mas essa pronunciação é coloquial.
92
Ke didam!
E vi!
Na vāllā!
Por Deus não é!?
Na bellā!
Por Deus não é!?
Parišun et nabudam?
Eu não tava agitado por você?
- Rostam é um dos mais famosos heróis míticos iranianos, é o mais forte e o mais poderoso. Ferdosi
43
(935-1020), um dos primeiros poetas do persa moderno e o autor de Šāhnāme, o mais longo poema épico
no mundo. Rostam é o pai do Sohrāb cuja história está escrita brevemente no poema "hālā cerā?" de
Shahriār.
93
Divune kiye?
Quem é louco?
Āqel kiye?
Quem é são?
Kiye?
Quem é?
- Amu significa tio (exatamente o irmão do pai), e zanjir-bāf significa alguma pessoa que tece ou faz
45
correntes. Amu zanjir-bāf é o nome de um jogo para crianças como “ciranda”, mas no Irã as crianças
cantam um poema e chamam Amu zanjir-bāf. Nesse contexto, Amu zanjir-bāf pode significa Deus.
94/ Antologia de Poemas Persas Contemporâneos
Sokut: Silêncio
Ce mehmānān e bidardesar i hastand mordegān
Que convidados despreocupantes os mortos são
O andaki sokut …
E um pouco de silêncio …
Poemas /95
Pist: Pista
Miz i barāye kār
Uma mesa para o trabalho
In bud zendegi?
Essa era a vida?
96/ Antologia de Poemas Persas Contemporâneos
Eeterāf: Confissão
Az kešišhā mitarsam!
Temo os cleros
Az pāsbānhā mitarsam!
Temo os policiais
Az zanhā mitarsam!
Temo as mulheres
Ze āyne mitarsam
Temo o espelho
Az zabān am mitarsam
Temo minha língua
Man mitarsam
Eu temo
Pas hastam
Poemas /97
Logo existo
Ān ke dastur-zabān e ešq rā
Aquele que, a gramática do amor
- Nahād tem três sentidos. O primeiro nahād significa "sujeito" da oração e ao mesmo tempo "natureza"
46
do indivíduo. Essa palavra é homofônico com a forma de terceira pessoa singular do tempo passado do
indicativo do verbo nahādan (pôr, colocar).
99
Mi'ād: Encontro
Dar farāsu ye marzhā ye tan at to rā dust midāram.
Além das fronteiras do teu corpo, eu te amo
Rošani o šarāb rā
A claridade e o vinho
Va rāh e āxarin rā
E o último caminho
To rā dust midāram.
Te amo
Be tamāmi
Por completo
Foru minešinad
Se assentam
47
- Parde em persa significa 1- cortina, 2- tom (música), 3- maqām ou uma coleção de melodias
(naqmehā) com intervalos (fāselehā ou gāmhā) definidos.
48
- Ba'id em persa significa "longe" e "improvável".
49
- Durdast em persa significa um "lugar remoto", mas em português o adjetivo "remoto" é usado como
um substantivo.
102
To rā dust midāram.
Te amo
50
- Parde, como foi mencionado anteriormente, significa principalmente "cortina", mas na terminologia
musical tem sentido de melodias específicas como nesse poema.
51
- Rang em persa primeiramente significa mais comumente"cor", mas na terminologia musical implica
tom.
/103
Bijan (Bižan) e Jalāli era um poeta moderno que escrevia simples mas profundamente,
especialmente sobre os conceitos da morte e da inexistência. O mais importante livro
de poemas dele é Rozanehā (Diários).
Ce daryāce i bud
Que lago era
Negāh at
Teu olhar
Hamrāh e xande at
Junto ao teu riso
Bā xiš mibarad.
Leva consigo
Bā man begozār.
Deixe comigo.
Poemas /105
Royā: Sonho 52
Az māndan e to migozaram
Pela sua permanência eu passarei
Tā az xiyāl bogzaram
Até que eu passe pelo sonho
Ey yāl
Ei crina53!
52
- Esse poema em geral mostra palavras homofónicas, homónimas,
polissêmicas, e as palavras cognatas como bogzaram, migozaram, gozaštan,
e bemāni e māndan.
53
- Em persa, crima (yāl) e sonho (xiyāl) rimam.
107
(Sem título)
Mixāham dobāre be donyā biyāyam
Eu quero vir ao mundo de novo
Va bi ān ke kasi befahmad
E sem que ninguém entendesse
Jā ye bidāri o xāb rā
Os lugares de dormir e acordar
Ce bud bidāri
O que era estar acordado
Va sepās miguyand.
E me agradecem
Šekast mixoram
Eu perco
Ešqāl am mikoni
Você me ocupa
109
(Sem título)
Teke-teke
Fragmentado
(Sem título)
Kāš
Se ao menos
Tā donyā
Para que o mundo
(Sem título)
Sar miravam az xiš
Eu me transbordo
Va atr e to
E seu perfume
(Sem título)
Āftāb e esfand
A luz do sol de Esfand54
In ke jā ye pā ye to rā
Se as suas pegadas
Āb karde ast
Ele derrete
Sem título
Sut bezanid
Assobiem
Dust e mā -st
É nosso amigo;
- Esfand ou Espand é o último mês do ano no calendário persa e também o último do inverno no
54
hemisfério norte em que a neve derrete; corresponde a mais ou menos de 21 do fevereiro até 21 de
março.
113
Ey akshā ye tamām-qad
Ei fotos de corpo inteiro!
Akshā ye man
Fotos minhas!
114
(Sem título)
Del am mixāhad
Eu quero
Beguyi
E diga
Ce parande i -st
Que pássaro é
Ke be jā ye man
Que no meu lugar
- A expressão dar havā ye kasi (no ar de alguém) figurativamente significa "em desejo de alguém", mas
55
Ali Sālehi é um poeta, autor e o fundador da tendência poética da "moj e nāb" (onda
pura) em 1974-1975 junto com Manuchehr Ātashi (1931-2005) e Nosrat Rahmāni
(1928-2000); e também da šeer e goftār (poema da fala) em 1984 na poesia moderna
persa com a intenção de simplificar a linguagem dos poemas, se baseado nas gāthās do
Avestā. Ele era um dos editores principias do Kānun e Nevisandegān e Irān (O Centro
dos Escritores Iranianos). Em 1977, ele ganhou o prêmio de Forough Farokhzad. Ele
era um ativista cultural e político, e passou por dificuldades. Seus poemas são
traduzidos para francês, alemão, árabe, inglês, armênio, russo e curdo.
Segue uma recitação do poema "hāl e hame ye mā xub ast ammā to bāvar nakon" por
Khosrow Shakibai (1944-2008), o ator famoso iraniano:
https://www.youtube.com/watch?v=cvTFhxpoKYc
56
- A primeira metade desse verso é uma forma comum nas cartas persas.
116
Biparde beguyam at
Com as cortinas abertas eu te digo
57
- Papoula é uma flor simbólica do amor e do martírio.
117
Na Reyrā jān
Não, Reyrāzinha58
Sāde bāšad
Ser simples
58
- Reyrā é o nome de uma moça nos poemas de Ali Sālehi que representa a sua amada.
118
Tā negāh mikoni:
Até que você olhe:
Āy! ...
Oh! …
Nāgahān
De repente
Ceqadr zud
Tão cedo
Dir mišavad
É tarde.
119
Qāf : Qaf
59
Āqāz mišavad
Começa
- Qāf ( )قافé o nome da uma letra do alfabeto Persa. O nome do poeta inicia com a letra qāf e a palavra
59
Na dar jang!
Não à Guerra
Ke bar jāng!
Mas contra a guerra
121
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