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30/04/2015 Kimbanda/Quimbanda – parte I | Ocultismo e Caminho da Mão Esquerda

. . Ocultismo e Caminho da Mão Esquerda . .

ʺO Caminho do Excesso leva ao Palácio da Sabedoriaʺ
 

Kimbanda/Quimbanda – parte I

“Exu meia noite
Exu da madrugada
Salve o povo de Quimbanda
Sem Exu não se faz nada”

A Quimbanda é uma religião, tradição e também sistema de trabalho magicko genuinamente
brasileiro. Podemos dizer, dentro do âmbito já demonstrado até aqui no blog, que esta é a
manifestação do Caos em nossas terras – o que torna um tema quase obrigatório a ser estudado
por qualquer um que se relacione com energias caóticas. Tendo em vista a popularização da
Umbanda no meio ocultista, nada menos digno do que demonstrar esta corrente “opositora”
que vem ganhando cada vez mais espaço nos meios das práticas mais intensas ou herméticas
(fechadas a ordens) – inclusive fora do Brasil, na Europa e EUA.

Origens e Raízes Históricas:

A palavra “Kimbanda” vem da língua kimbundo de Angola, significando “curandeiro –
sacerdote da arte de curar”.  Para representar‑se o culto estritamente brasileiro, distanciando‑se
da raíz africana, utiliza‑se o termo como “Quimbanda”.

Durante a época do Brasil colonial, inúmeros foram os negros exportados para o mundo inteiro
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30/04/2015 Kimbanda/Quimbanda – parte I | Ocultismo e Caminho da Mão Esquerda

Durante a época do Brasil colonial, inúmeros foram os negros exportados para o mundo inteiro
através do tráfico negreiro. As tribos guerreavam entre si na África e os derrotados eram
vendidos ao homem branco e transportados em navios nada confortáveis para serem vítimas
de trabalhos forçados por todo Império e em suas colônias. Essa prática escravista deu origem
não apenas aos cultos praticados aqui, mas também os difundidos pelo México, Haiti e mesmo
nos EUA, como o Vodu e o Hodoo.

Se tratando de Brasil, a miscigenação foi ainda mais poderosa. Aportaram aqui os negros de
tribos sudanesas, bantus (mais númerosos) e muçulmanos (mais agressivos, constantemente
utilizados como feitores ou “caçadores” de outros negros). Entre estes traficados, haviam
também sacerdotes kimbandeiros (curandeiros) e suas antíteses, chamadas de “mûlojis” –
sacerdotes de magia maligna, que amaldiçoavam inimigos por dinheiro, agindo como
mercenários.

A adaptação dos negros no Brasil – colônia foi um processo doloroso. Além de tudo ser
diferente, sua cultura foi esmagada brutalmente pela imposição do catolicismo e repressão de
suas práticas por parte da Igreja católica. Alguns negros mais pacifistas terminaram por aderir
em parte o cristianismo europeu – outros, que habitavam áreas mais isoladas da colônia, em
especial em seu interior, rejeitaram totalmente essas práticas católicas.

É fato interessante a ser citado que ao adentrar no “novo mundo”, os negros tiveram contato
com outra crença desprezada e mutilada: Os indígenas, ex escravos que se compadeciam de
seus irmãos fugidos. Os quilombos, os locais onde os escravos fugidos se escondiam, passaram
então a abrigar uma miscigenação realmente peculiar, entre os cultos vindos da áfrica, os cultos
sincréticos entre tais cultos e o catolicismo europeu e junto a isso, as crenças genuinamente
xamânicas, as pajelanças e os cultos indígenas – gerando uma nova e riquíssima cultura.

  O Diabo em terra Brasileira – A primeira manifestação de Satã no Brasil:

Quando tiveram contato com os povos africanos e seus Deuses, um deles marcou o homem
branco de forma especial: Eshù. Originalmente, os Deuses Yorubás não possuíam
representação antropomórfica, apenas símbolos e associações naturais. Ehsù, representando a
potência masculina, o movimento, sendo cultuado com sangue, e tendo como símbolo um
pênis ereto chocou o homem branco – que imediatamente o associou a Ha‑Shatan, ou Satã. O
“Demônio” bíblico. No território brasileiro a frase “‘Eshu l’o ti mi’ (Exu que me impeliu) passou
a ser utilizada como forma de atribuir a ele (também chamado Elegbara – “aquele que possui”)
culpa de atos malignos.

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30/04/2015 Kimbanda/Quimbanda – parte I | Ocultismo e Caminho da Mão Esquerda

Dentro dos Quilombos, os índios e negros (junto a Judeus, brancos cristãos fugidos e negros
muçulmanos) sincretizaram suas crenças, de forma a criar uma oposição também religiosa ao
homem branco escravagista. Erguiam totens de Ossos, pintavam seus corpos de negro e
vermelho, bebiam, fumavam e cantavam com seus atabaques hinos a suas divindades. Os
sacerdotes tiveram uma importância ímpar dentro desse ambiente, curando feridas, fazendo
partos, benzendo guerreiros  – tudo como forma de libertação e oposição – totalmente
condizente com os ideais Caóticos de libertação espiritual das correntes dogmáticas, mesmo
fora do ambiente de batalha deste contexto histórico.

Religião e Sistema Magicko:

A Quimbanda adquiriu então a posição de religião de cunho não somente opositor, mas
também Ancestral. Diferente da Umbanda e do Candomblé, ela lida com a Ancestralidade. Os
espíritos destes guerreiros, nossos antepassados, que são cultuados de forma a nos fazer
entender nosso passado para compreender nossa luta atual – e também nos religam com nossas
essências espirituais, despertando nosso real espírito de fogo negro.

Os Exus catiços, que já passaram em encarnação física seriam responsáveis por nossa herança
genética e familiar. E os Primordiais, aqueles que são pura essência, os responsáveis por nossas
heranças espirituais, com as quais nos reconciliamos através dos cultos da Quimbanda. Estas
entidades apadrinham, cuidam e auxiliam o adepto em seu desenvolvimento terreno, atuando
como “guias”, para que após seu desencarne ele possa continuar sua evolução.

Os cultos utilizam‑se de uma parte religiosa, que visa essa conexão interna com as formas
ancestrais, mas também possuem seu cunho místico e sua gnose esotérica. Utilizam‑se da
magicka e da feitiçaria primal e tribal, herdadas dos Ancestrais. Cura, afligir inimigos,
conquistas amorosas, imposição da Vontade são também elementos presentes no exoterismo e
feitiçaria, embora não sejam objetivos finais ou cruciais do culto (neste ponto, podemos dizer
que os “terreiros” de charlatões aproveitam‑se de pessoas desesperadas para cometerem
abusos financeiros e toda forma de extorsão – sujando o nome do real culto que serve a
grandes propósitos e não se limita a causas mundanas).

A Morte como transição é muito presente no culto. Para entender a vida, é necessário também 3/7
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A Morte como transição é muito presente no culto. Para entender a vida, é necessário também
entender a morte. Os Ancestrais manifestam‑se no culto através principalmente dos Exus,
entidades com roupagem tipicamente brasileira, Pomba Giras, Malandros, etc. que serão
tratados na parte II desta série.

continua…

Malachi. 124 y.f.

Agradecimentos ao aliado Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra
(TQMBEPN) pelas informações.

Laroyê!

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~ por Arauto em abril 6, 2014.

Publicado em Mão Esquerda, Ocultismo

8 Respostas to “Kimbanda/Quimbanda – parte I”

1.  Saudações, Malachi!
O Arauto do Caos sempre mandando bem nos textos… parabéns!

Vulto Escuro. said this on abril 6, 2014 às 11:43 pm | Resposta

Obrigado meu caro!

Malak said this on abril 6, 2014 às 11:49 pm | Resposta

2.  É verdade, ótimo texto!.

Daniel Medeiros said this on abril 7, 2014 às 2:14 am | Resposta

3.  Muito bom texto Malachi! Parabéns!

Kayque Girão said this on abril 7, 2014 às 2:42 am | Resposta

4.  Quero agradecer a boa exposição sobre o que representa a nossa Quimbanda e as origens
tanto de sua manifestação, quanto de seu ostracismo.

Sugiro apenas evitar a classificação desse amado culto como “opositor” aos trabalhos de
Umbanda. Ao meu ver há mais uma relação de “primos” do que de antagonismo.

Hoje em dia, com a “nova escola” da Umbanda praticada em muitos terreiros espalhados
por São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e alguns estados do NE, a atenção a Exu é
uma das grandes importâncias de seus trabalhos. Dentre esses há os que possuem
aprofundamento suficiente nessa relação para ter uma proximidade magistica muito similar
a esta regida pela Quimbanda por aqui.

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Também há as “escolas antigas” onde o pai‑de‑santo, ou seu assistente mais proximo,
possui ligações com a Quimbanda “comercial” e atuam com a feitiçaria para o atendimento
de seus “seguidores”.

Enfim, entendo que há mais proximidades entre esses dois troncos religiosos do que a
maioria pode observar.

Mas novamente, parabéns pelo excelente texto, muito mais elucidativo do que boa parte
das fontes que temos hoje em dia.

Henrique Dias said this on abril 7, 2014 às 9:08 pm | Resposta

5.  Inomináveis Saudações, Malachi Azi Dahaka!

Creio que a Quimbanda seja mais do que uma simples religião na qual o gado comum e
inocente vá pedir proteção e amparo. Posso dizer com clareza que ela merece ser melhor
reconhecida e conhecida como um meio de conhecimento esotérico como qualquer outro de
qualquer Caminho Iniciático. A questão dos Exus, o papel verdadeiro que estes
representam, deveria ser esclarecida aos que ainda ignoram sua importância, já que todo
mundo acha que os quiumbas que incorporam nos terreiros de quinta categoria por aí são
os verdadeiros Exus catiços, como você os descreveu neste texto. E como se pode
reconhecer um verdadeiro é um assunto que sugiro ser tratado, Malachi, se for o caso e
você tiver tempo disponível para o mesmo.

Aguardo a segunda parte.

Saudações Inomináveis, Malachi Azi Dahaka!

inominavelser said this on abril 8, 2014 às 1:06 am | Resposta

6.  Exelente Texto Spectro Sombrio.

Assim como a Umbanda, Candomblé, Xambá, Batuque, e tantos outros cultos… de riqueza
de detalhes… e diferentes formas de práticas…

A Quimbanda também possui suas pluralidades. Existindo diversas formas de se praticar o
culto, de acordo com o Mestre em Questão e seus Mentores que Orientam cada etapa de
corte, toque, abertura e fechamento de trabalho.

Concordo em parte com o Kayque, porém ressalto que a Quimbanda “braço esquerdo da
Umbanda” realmente não é Opositora, digamos assim.
Tanto que nela, existe a “Lei de Merecimento”, onde não importa sua fé, ou o seu
procedimento adotado; você só recebe se as entidades acharem que merece. e claro,
seguindo todas as demais Leis de Umbanda.

Com Respeito ás Outras Quimbandas, Luciferiana, Xambá, Cruzada… etc Essas Sim,
podem ser consideradas Opositoras. seus Exus não alimentam Orixá, não se “Dobram” a
qualquer entidade afro‑brasileira, e em diversas feituras, atuam em conjunto com os
Daemons do Grimorium Verum [dependendo da Quimbanda em Questão]

Então.. é realmente uma forma Rica de Trabalho, de Resultados Rápidos, em comparação
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Então.. é realmente uma forma Rica de Trabalho, de Resultados Rápidos, em comparação
com outras magias africanas.

Porém, sofre do mesmo mal que aflige os Espiritualistas, Satanistas, Luciferianistas, etc…

O MAL DA LÍNGUA GRANDE e da CRÍTICA VENENOSA.

Pessoas que ‘Acham’ que só o que elas fazem, é bom. que só o que elas fazem, presta.

Então, só enfraquecem a egrégora nas redes sociais e no youtube.

Infelismente, é assim. Espero estar vivo para ver esse quadro mudar um pouco.

Elailson Santos Marcelino said this on abril 19, 2014 às 3:23 pm | Resposta

7.  Esse vídeo é bem bacana tb, sobre quimbanda https://www.youtube.com/watch?
v=QYQPSwlFNBo

F. said this on maio 12, 2014 às 4:45 pm | Resposta

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