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Alexandre Almeida - Curso de Intrumentista de Orquestra – Análise Musical IV

Prof. Emanuel Frazão – Ano letivo 2019/2020


almeida.alexandre.tb@gmail.com

ANÁLISE FORMAL DO III ANDAMENTO DO 4O CONCERTO, OP.


58, DE L. V. BEETHOVEN

O 3º andamento do concerto inicia após um acorde suspenso no final do segundo


andamento. Este ambiente mais misterioso é rapidamente substiruído por um caráter
contrastante, derivado da restauração do modo maior e do tema vivace apresentado pelas
cordas na subdominante. O tema A está construído na forma aa’ba. A parte A do tema é
composta por 4 partes, que serão utilizadas durante o resto do andamento: a repetição
rítmica da nota inicial (a), o arpejo ascendente na dominante (b), a sucessão de notas da
melodia (c) e em duas notas staccato descendentes que terminam no acorde da tónica.

a b c d

Após uma uma versão ornamentada desta parte do tema ser tocada pelo piano, a
parte b do tema é tocada pelos primeiros violinos e depois pelo piano. Começa com o
ritmo da parte c apresentado em cima.

A parte a do tema aparece novamente nos trompetes e tímpanos (a sua primeira


apariação no concerto), tornando-se a ponte. Esta ponte é caracterizada por um motivo de
oitavas em Sol Maior, 4 compassos nos primeiros violinos que são repetidos pelo piano,
antes deste mesmo motivo em Mí menor. A orquestra entra depois num período de 12
compassos de preparação para o tema B na dominante, composto por tercinas no piano
acompanhadas de pizzicato nas cordas.

O tema B, em Ré Maior, é uma melodia simples para o piano, numa harmonia


extensa a 3 partes com os baixos das cordas a tocarem um pedal da tónica.
Entre os compassos 95 e 110 existe uma polifonia complexa na orquestra que é
contrastante com os acordes arpejados do piano entre os compassos 110 e 159, tornando-
se uma secção final de transição. Após três frases em que alternam acordes de tónica e
dominante, regressa o tema A, tal como é expectável numa forma rondó sonata.
O tema A aparece inalterado, sendo que a ponte que se segue contém algumas
modificações. O tema aparece agora também em Sol menor , ao invés da 1ª ponte que
aparecia apenas em Sol Maior. A repetição desta frase, que previamente aparecia em mí
menor aparece agora em Míb Maior. Por último, a parte final da ponte é omitida e no seu
lugar inicia-se inesperadamente o desenvolvimento.
A primeira parte do desenvolvimento consiste em 3 sequências de 8 compassos
em que o piano toca acordes arpejados em Míb Maior, Síb menor e Fá menor, numa
utilização clara do ciclo das quintas. Contrapontisticamente a estes acordes, as cordas
tocam arpejos em colcheias.

Míb Maior Síb menor Fá menor

A segunda parte do desenvolvimento consiste de 5 sequências de 4 compassos de


tercinas descendentes com contorno de acordes em contraste aos pizzicatos das cordas. A
chegada a Ré Maior marca o início da terceira parte do desenvolvimento. O piano tem
uma frase de acordes alternados contra colcheias antes de iniciar uma passagem cromática
ascendente. Existe novamente uma preparação de 12 compassos na dominantes, antes da
recapitulação na tónica.
Dado que o tema A inicia na subdominante, a recapitulação inicia com o tema B
na tónica de forma a manter a relação dominante-tónica da preparação e recapitulação.
Inesperadamente, no compasso 351, o piano toca durante 28 compassos um acorde de
Míb Maior ao invés de Sol Maior com 7ª como previamente. No compasso 368, o tema
A aparece nas violas, depois a parte d do tema aparece nas cordas. De repente, a orquestra
entra com os motivos Aa e Ad sobre um acorde de fá# diminuto. O piano inicia-se um
arpejamento lento do acorde de Sol Maior com 7ª durante 14 compassos, até que uma
escala rápida nos leva novamente até ao tema A.
Esta nova variação do tema A, que inicia a coda, é acompanha pelo clarinete que
toca a estrutura básica do tema A.

A entrada da orquestra no compasso 426 leva ao motivo de oitavas nos violinos e


piano do compasso 435. O piano, ao invés da repetição do motivo da ponte, inicia um
motivo de acordes arpejados em semicolcheias na tónica e dominante, mudando depois
apenas para dominante em tercinas, modulando depois para a tonalidade afastada de Fá#
Maior.

O piano inicia o tema B nesta nova tonalidade, sendo interrompido pela orquestra.
Tenta novamente iniciar o tema, desta vez em Dó Maior e é novamente interrompido,
antes deste tema ser tocado pelos violoncelos em Sol Maior, sendo depois tocado por
outros intrumentos. Durante este período, o piano toca escalas ascendentes de Sol Maior.

Após algumas variações do tema A serem ouvidas, este tema é repetido num canon
entre o piano e os clarinetes/fagotes. Após uma frase dolce do piano, o tempo acelera
rapidamente para presto. Os tríolos do piano contra as colcheias da orquestra ajudam à
intensificação para surgir o clímax em que a orquestra toca o tema A mais vivo que nunca
neste novo tempo. Quase no final da obra, o piano toca tercinas pianíssimo contra quintas
das trompas, que são substituídas por motivos do tema Aa pela orquestra inteira à medida
que a dinâmica do piano cresce. A obra termina com os acordes de cadência tocados pela
orquestra e piano.

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