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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Iran Abreu Mendes


Rita Sidmar Alencar Gil

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Esta publicação contou com o apoio do Governo Federal na X Semana


Nacional de Ciência e Tecnologia 2017, através do CNPq e do IFPA

Colaboração

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Iran Abreu Mendes


Rita Sidmar Alencar Gil

Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática


Experiências didáticas na formação de professores

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Copyright © 2017 by Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil


1ª edição
Coordenação Editorial: Iran Abreu Mendes

Corpo de Avaliação da Publicação


Amílcar Pinto Martins – Universidade Aberta de Lisboa, Portugal
Carlos Aldemir Farias da Silva – Universidade Federal do Pará, Brasil
Cláudia Regina Flores – Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Claudianny Amorim Noronha – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil
Francisco de Assis Pereira – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil
Iran Abreu Mendes – Universidade Federal do Pará, Brasil
Isabel Cristina Rodrigues de Lucena – Universidade Federal do Pará, Brasil
Maria Lúcia Pessoa Chaves Rocha – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Pará, Brasil
Miguel Chaquiam – Universidade do Estado do Pará, Brasil
Teresa Vergani – Universidade Aberta de Lisboa, Portugal

Revisão de Texto: Os autores


Coodenação Institucional da Publicação: IFPA
Fernando Cardoso de Matos (IFPA)
Glauco Lira Pereira (IFPA)
Financiamento: CNPq
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Belém – Pará – Brasil

Mendes, Iran Abreu; GIL Rita Sidmar Alencar


Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática: experiências
didáticas na formação de professores de Matemática / Mendes, Iran Abreu; GIL
Rita Sidmar Alencar. – Belém: SBHMat, 2017.
216 p. Ilustrado

ISBN:978-85-89097-72-7
Inclui bibliografia.

1. Matemática – Educação. 2. Matemática – Formação de professores. 3.


Geometria – Ensino. 4. Geometria – Patrimônio Histórico. I. Mendes, Iran
Abreu. II. Gil, Rita Sidmar Alencar. III. Título.

Todos os direitos reservados aos autores, incluindo os de reprodução de parte ou do


todo da obra. Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102, 104, 106,
e 107 da Lei No 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Sumário

Apresentação, 07

1. A arquitetura de uma pesquisa na formação de professores, 11

2. Investigação Histórica, Patrimônio Arquitetônico e Ensino de Matemática,


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2.1. Investigação Histórica e Ensino de Matemática
2.2. Patrimônio Arquitetônico e Ensino de Matemática
2.3. Possíveis Conexões Didáticas
2.4. Implicações na Formação de Professores de Matemática

3. Da organização do curso de extensão para a formação de professores


3.1. A Educação Patrimonial proposta para a formação de professores,47
3.2. O planejamento e a preparação das atividades do curso
3.3. Diretrizes e encaminhamentos para a realização do curso

4. Patrimônio histórico arquitetônico e formação de professores de


Matemática, 67
4.1. Da Unidade I: Estudos exploratórios do Patrimônio
4.2. Da unidade II:Investigação histórica como proposta metodológica
transversalizante do curso
4.3. Da unidade III- mapeando e explorando o patrimônio histórico-
arquitetônico de Belém, a partir das obras de Antonio José Landi
4.4. Da Unidade IV: Elaboração de atividades sobre geometria e medidas
focalizando o patrimônio histórico arquitetônico de Belém
4.5. Apresentação de Atividades Didáticas para o Ensino de Geometria
Centradas na Arquitetura de Landi
4.6. Elaboração de Atividades Didáticas para o Ensino de Geometria
Centradas na Arquitetura de Landi
4.7. As produções didáticas geradas durante o desenvolvimento da
experiência

5. Avaliação do curso de extensão realizado, 157


5.1. Contexto e sujeitos participantes do curso, 157
5.2. Avaliação da segunda unidade do curso, 162
5.3. Avaliação da terceira unidade do curso, 166
5.4. Avaliação da quarta unidade do curso, 173
5.5. Avaliação geral do curso, 178

6. Reflexões Finais, 193

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Bibliografia, 207

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Apresentação

Desde a última década do século XX temos implementado


diversas ações didáticas na tentativa de inserir nas aulas de Matemática
dos cursos de formação de professores de Matemática um modo de
tratar dos temas matemáticos de maneira mais integrada sob um
enfoque metamatemático, que possa oferecer ao futuro professor uma
ótima mais conectada à realidade sociocultural em que os estudantes do
Ensino Fundamentale Médio estão inseridos.
Com a criação dos projetos relacionados os Programa de
Iniciação à Docência (PIBID), o Instituto de Educação, Ciência e
Tecnologia do Pará (IFPA) propôs uma abordagem interdiscilinar para
o seu projeto de formação do profesosr de Matemática, integrado tal
formação à outras áreas de conheicmento omo Física, Química.
Biologia, Letras, Geografia em suas conexões transversais e
metodológias, uma vez que a investigação da realidade foi a matriz
geradora de todo o trabalho realizado no IFPA.
Foi com basenessa matriz teórica do PIBID/IFPA, e em
princípios que relacionam a Educação Matemática aos fundamentos
socioculturais estabelecidos por estudos culturais, históricos e
ambientaisem Educação Matemática, que tentamos concretizar uma
proposta de ensino de Geometria na formação de professoresde
Matemática, a partir da exploração matemática do Patrimônio histórico
e arquitetônico setecentista de Belém para, daí produzir
encaminhamentos didáticos para o curso de formaçãodeprofessores de
Matematica.
Trata-se deuma pesquisa desenvolvida durante quatro anos,
originada e associada a um programa depesquisa mais amplo que se
desenvolveu em 10 anos, cujos resultados se pretende oferecer à
comunidade acadêmica e educacional do Pará.
Assim, este livro está organizado em cinco capítulos. No
primeiro capítulo apresentamos a arquitetura do trabalho realizado, no qual
caracterizamos a pesquisa, com o tema, os problemas que originaram a

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

investigação, o objeto de estudo, as questões norteadoras, os objetivos e


os princípios epistemológicos e metodológicos que fundamentaram a
pesquisa. Além disso, apontamos sucintamente nossas principais
contribuições parao ensino de Matemática e para a formação de
professores de Matemática em suas múltiplas dimensões.
No segundo capítulo abordamosos fundamentos epistemológicos
e metodológicos que contribuiram para o embasamento do estudo, no
que diz respeito às relações entre a investigação histórica sobre o
patrimônio histórico e arquitetônico emsuas implicações para o ensino
de Matemática, no sentido de explorar as possibilidades de conexões
didáticas e suas contribuições para a formação do professor de
Matemática. Nesse sentido, realizamos um levantamento histórico
sobre as origens da palavra patrimônio e suas diversas denominações ao
longo do tempo, as bibliografias e os procedimentos metodológicos
utilizados, as ações implementadas que foram necessárias para a
materialização dos estudos.
No terceito capítulo tratamos da organização de um curso de
extensão como uma maneira de materializar a busca de informações
acerca do uso das conexões didáticas estabelecidas no segundo
capítulo, com vistas à formação de professores de Matemática,com base
para pesquisa histórica sobre as matemáticas emergentes do patrimônio
arquitetônico setencentista de Belém e nos fundamentos da Educação
Patrimonial, como uma maneira de estruturar uma proposta para a
formação de professores, que envolve o planejamento e a preparação
das atividades de ensino de matemática.
Neste livro tratamos especificamente dessas relações no que se
refere à geometria e medidas, em busca de diretrizes e
encaminhamentos para a realização de um ensino centrado na
investigação do patrimônio histórico e arquitetônico no ensinode
geometriae medidas na Educação Básica, no âmbito das experiências
do PIBID/IFPA.
No quarto capítulo apresentamos o desenvolvimento de umcurso
de extensão, como um processo de formação de professores de
Matemática ecomo uma das etapas da pesquisa, cujas produções
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

didáticas advindas desse curso foi parte do nosso objeto de análise. É


neste capítulo que mostramos de que maneira o patrimônio histórico
arquitetônico se inseriu como um objeto concreto de formação de
professores de Matemática, a partir de estudos exploratórios sobre o
pratrimônio, seguido pela proposta de investigação histórica como um
método transversalizante para o curso ministrado, com a intenção de
explorarpedagogicamente o patrimônio histórico-arquitetônico de
Belém, a partir das obras de Antonio José Landi.
Neste capítulo, descrevemos, também, o processo de
elaboração de atividades didáticassobre geometria e medidas
focalizando o patrimônio histórico arquitetônico de Belém, e a
apresentação dessas atividades centradas na Arquitetura de Landi,com
base na experiência realizada com os professores em formação.
No quinto capítulo apresentamos os resultados dos intrumentos
de avaliação aplicados durante o curso e ponderamos sobre as
contribuições do uso didático do patrimônio histórico e arquitetônico
setecentista de Belém na formação inicial do professor de
Matemática.A avaliação realizada pelos participantes em diversas
etapas do curso buscou fazer uma reflexão sobrea organização do
contexto emque os sujeitos participantes do curso estiveram e o
ambiente de aprendizagem, estabelecidos por todos os envolvidos em
cada um dos momentos. Além disso, apresentamos uma avaliação geral
de todo o processo e apontamos nossas reflexões finais sobre a pesquisa
realizada e as contribuiçõea advindas de todo o trabalho.
Finalizamos com outras reflexões e apontamentos para estudos
futuros, bem como possíveis implementações das ideias emergentes do
estudo. Nesse momento reiteramos, ainda, nossa posição sobre a
relevância do estudo e sua contribuição para o campo da Educação,
principalmente acerca da exploração de práticas matemáticas quese
caracterizem como uma proposta de Educação Matemática Patrimonial
em seus aspectos teóricos e metodológicos, de forma que represente
uma continuação das discussões empreendidas no âmbito da formação
do professor de Matemática, que se espera sejam, de fato, contribuições
que venham somar para um ensino mais humanizador e
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

reflexivo.investigativo, transversalizante, inter e multidisciplinar, que


possa aliar teoria e prática, contextualizando produtivamente a
investigação histórica na formação inicial do professor de Matemática.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

1.
A arquitetura de uma
pesquisa na formação
de professores

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Ensinar Matemática hoje, sem dúvida, é um desafio a todos que


se lançam nesta empreitada.Tal afirmativa é aqui enunciada por
considerarmos que a forma antiga como se trabalha nessa área, com
pouquíssimas exceções, contribui para a formação de professores
desmotivados a aprender, a estudar Matemática. Essa desmotivação
leva à repetição de um modelo no qual o professor atua apenas como
transmissor de conhecimentos, prática esta que também é reprodutora
de práticas de ensino anteriores que lhe foram ensinadas na sua
formação.
A Educação Matemática é considerada um campo de pesquisa
essencialmente pluri e interdisciplinar, constituindo-se de estudos dos
mais diferentes tipos, cujas finalidades principais são: desenvolver,
testar e divulgar métodos inovadores de ensino; elaborar e implementar
mudanças curriculares, além de desenvolver e testar a eficácia e
adequação de materiais didáticos para que sua utilização em sala de
aula seja a mais proveitosa possível (Mendes, 2009b, p. 3).
Além disso, a necessidade de ação institucional referente à nova
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) tem sido, por um lado,
um reflexo dos avanços sofridos no ensino de Matemática e, por outro
lado, uma maneira de exigir a reformulação de metodologias e práticas
de ensino em geral e, em especial, da Matemática e do ensino de
Ciências.
A esse respeito, uma discussão que tem despertado grande
interesse no contexto da pesquisa e do ensino da Matemática diz
respeito, especificamente, a crítica às metodologias tradicionais de
ensino e igualmente à formação dos professores de Matemática.
Autores como D’Ambrosio (1986, 1990, 1996), Ponte (2002),
Imbernon (2002) Mendes (2001, 2006, 2009b, 2009c), entre outros,
tanto no Brasil como em diversos países, protagonistas de novas
práticas socioeducativas no âmbito do ensino e aprendizagem na
Educação Matemática.
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

A maioria dos resultados de pesquisas sobre o ensino de


Matemática, bem como diversos relatos de experiências docentes, têm
apontado para a necessidade de se estabelecer uma práxis educativa e
social que nos permita, como professores, elaborarmos ações
pedagógicas que privilegiem enfoques interdisciplinares na direção que
apontada por Horta,Grunberg e Monteiro (1999, p.5), quando afirmam
que os estudos, a respeito dos bens culturais permitem uma integração
de múltiplos saberes que vão muito além dos estudos sobre o passado.
Neste sentido, alguns temas são ideais para a abordagem de temas do
currículo básico, que atravessam várias disciplinas, dentre os quais
podemos citar a educação ambiental, a cidadania (pessoal, comunitária,
nacional, incluindo os aspectos políticos e legais), as questões
econômicas e do desenvolvimento tecnológico, industrial e social.
É, portanto, nesse contexto que muitas vertentes socioculturais
podem converter-se em temáticas e estratégias de abordagens férteis
para a sala de aula, pois ainda permaneceminexploradas,tal como a que
propomos para o ensino da Matemática em contextos como o do
patrimônio histórico e arquitetônico de cidadescomo Belém, São Luís,
Salvador, Rio de Janeiro, dentre outras. Nessas cidades não tão
conservados quanto deveria ser, mas presentes na paisagem urbana
destacam-se um considerável patrimônio histórico que vem sendo
enfocado em estudos significativos sobre uma Educação
Patrimonial,modelo educacional que surge como uma das perspectivas
que pode promover a cidadania em relação à valorização e à
preservação dos bens culturais.
De acordo com Horta,Grunberg e Monteiro (1999, p. 17) a
“educação patrimonial como todo processo de trabalho educacional vai
tratar do patrimônio cultural, sendo este produto de uma comunidade
que com ele se identifica e que deverá cuidar para garantir sua
permanência e vitalidade”. Tal prática vem se desenvolvendo, em
diferentes âmbitos, sendo a escola um dos locais mais propícios para a
aplicação desta ação, por meio do trabalho direto do professor na
formação de indivíduo junto ao aluno que pode repercutir para além da
sala de aula, atingindo também a comunidade.
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Em todas as áreas, uma boa formação de professores deve ter


como ponto central a preparação profissional de indivíduos que estejam
alerta para os avanços científicos e tecnológicos, aspecto este
importantíssimo para que as escolas de formação de professores
sobrevivam às mudanças e demandas sociais,em que a Matemática se
faz presente como um conhecimento fundamental. Há necessidade de
ações para responder a essas questões, de maneira que, contestem,
muitas vezes, o ensino tradicional de Matemática, no qual o rendimento
é cada vez mais baixo. A esse respeito, Mendes (2009b, p.56), se
posiciona asseverando que “as relações entre o professor e o aluno e o
conhecimento manifestam- se em duas orientações: a tradicional e a
construtivista”.
Aspectos direcionados à construção histórica das cidades e que
fazem parte da vida cotidiana de milhares de pessoas apontam para a
necessidade de alargamento na perspectiva de ensino de todas as
disciplinas; no caso da formação do professor de Matemática, ela se faz
presente indicando que um educador conheça os temas relacionados ao
patrimônio histórico e cultural, por exemplo, tendo como meta os
objetivos que serão alcançados com as atividades realizadas junto a
seus alunos. Neste sentido, cabe à sociedade e à escola promover ações
educativas voltadas para a preservação do nosso patrimônio cultural e a
busca de tecnologias e conhecimentos capazes de tornar cada vez mais
a sociedadehumana, em uma construtora de melhores condições de vida
para a sua espécie.
Durante a segunda metade do século XVIII, a cidade de Belém
passou por um processo de urbanização, pelo trabalho do arquiteto
Antônio José Landi (Bolonha, 30 de outubrode 1713— Belém, 22 de
junhode 1791)1, que inseriu uma particularidade de seu estilo
arquitetônico para a capital paraense, quando passou a ser responsável
pela sua urbanização desde 1753 até 1791, quando faleceu, deixando

1
Professor de arquitetura e de perspectiva em Bolonha, Itália, foi contratado
como desenhista para compor a Comissão Demarcadora de Limites Territoriais
entre as colônias Portuguesa e Espanhola no Norte da América do Sul.
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

um patrimônio arquitetônico valioso de construções religiosas e civis.


Aparentemente inusitado, parece-nos que colocar a Matemática em
correlação com a investigação histórica do patrimônio histórico e
arquitetônico de Belém se evidenciacomo um tema a ser introduzido
nos currículos das escolas e na formação de professores, constituindo-
se em uma proposta que venha a contribuir na formação de cidadãos
mais sensíveis e aptos aconstruir um futuro menos predatório e
descartável de sua história e cultura.
Neste sentido, as experiências sobre o uso da investigação
histórica como prática para o ensino e aprendizagem de Matemática
precisam ser introduzidas na formação de professores de Matemática,
na direção pela qual nos aponta Mendes2 (2009b, p. 4) com base em
resultados de estudos que realizou. Para o autor,

os professores investigados têm bastante interesse em se


apropriar do conhecimento histórico da Matemática, a fim de
compreender melhor o seu desenvolvimento epistemológico
podendo assim usar tais informações como um recurso
pedagógico. Há, entretanto, alguns professores que só serão
convencidos do valor pedagógico desse conhecimento mediante
a confecção de um material eficaz que incorpore o ponto de vista
histórico. A referida pesquisa apontou, ainda, o alto grau de
desconhecimento dos professores acerca da história dos tópicos
matemáticos que são ensinados por eles.

2
A respeito da fundamentação teórica referida é importante mencionar que
desde 2007 esse autor tem proferido palestras e conferências em eventos e
ministrado cursos no Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do
Pará (IFPA), em Belém. Seu projeto de pós-doutorado, denominado Ciência,
Arquitetura e Matemática na Amazônia do século XVIII: a partir da
demarcação das fronteiras da região, cujo foco de estudo é a investigação de
práticas culturais históricas e patrimoniais relacionadas à arte, a prática
matemática e a arquitetura do século XVIII na Amazônia, com vistas a
mobilizar tais práticas para a formação de professores de Matemática e para a
Educação Matemática, impulsinou o desenvolvimento da presente pesquisa,
como subprojeto vinculado ao seu projeto.
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Em seu estudo, Mendes (2009b) inclui uma dimensão histórico-


cultural em sua proposta para a Educação Amazônica baseada na
exploração didática dos trabalhos de construtores, arquitetos e cientistas
da comissão demarcadora de limites da região Norte na segunda metade
do século XVIII. O autor considera o tema importante por estar
relacionado diretamente com a busca de valorização do patrimônio
arquitetônico, artístico, histórico, religioso, científico e cultural
originado das atividades de demarcações de fronteiras portuguesas na
América do Sul e, principalmente, por ligar-se à região amazônica.
O estudo realizado, que originou este livro, buscou materializar
uma parte da proposta de Mendes (2009b) em sua pesquisa, tais como:
oportunizar compreensões sobre o desenvolvimento epistemológico da
matemática a partir do conhecimento histórico; materiais didáticos
sobre geometria, medidas, simetria, número de ouro, formas
geométricas e outros; mostrar o valor pedagógico desses conhecimentos
construídos por essas compreensões a partir dos materiais de ensino
sob essa perspectiva e ampliar o conhecimento do professor sobre a
história desses tópicos matemáticos por eles construídos. A intenção foi
estabelecer correlaçõesdidática entre o Ensino de Matemática e o
contexto cultural referente ao Patrimônio Histórico e Arquitetônico da
cidade de Belém, construído com a chegada da comissão demarcadora
de limites territoriais na segunda metade do século XVIII.
Deste modo,nosso estudo pautou-sena busca de respostas à
seguinte questão: como uma abordagem didática centrada no contexto
do patrimônio histórico e arquitetônico de Belém, do século XVIII pode
contribuir para o ensino de geometria em cursos de formação dos
professores de Matemática e, consequentemente com implicações para
a educação básica? Para buscar respostas à questão, consideramos que
talquestão foi lançada por Mendes (2009) em sua pesquisa inicial e que
fazia parte de um programa de pesquisa mais amplo, relacionado à
Arquitetura, Ciência e Matemática nas ações da comissão demarcadora
de Limites territoriais entre as colônias portuguêsa e espanhola no
Norte da América do Sul, entre 1753-1800, e que tal pergunta era
relevante para a formação do professor de Matemática a partir de sua
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

relação com a investigação histórica, as problemáticas sociais que


envolvem a Arquitetura e Matemática, além de valorizar temas
referentes ao patrimônio cultural da região.
Para compreender detalhadamente a questão geral lançamosoutras
questões secundárias como: é possível conjugar uma proposta de
investigação histórica para o ensino de Matemática (Mendes, 2009b)
com outra de Educação Patrimonial de (Horta, Grunberg e Monteiro,
1999)?De que maneira a investigação histórica do Patrimônio
Arquitetônico de Belém pode contribuir para a formação conceitual e
didática de professores de Matemática?Quais as diretrizes
metodológicas de uma proposta de formação de professores de
Matemática apoiada na investigação histórica proposta por Mendes
(2009b), aliada à exploração do patrimônio histórico e arquitetônico de
Belém do século XVIII, proposto pelo Fórum Landi3 para uma
Educação Interdisciplinar e Patrimonial?
A busca de respostas às questões anteriores nos levou a
investigar o uso de uma abordagem didática para o ensino de tópicos
matemáticos como geometria, medidas, simetria e proporcionalidade,
apoiados na investigação histórica do patrimônio arquitetônico de
Belém, a fim de incorporar novas diretrizes metodológicas para a
formação inicial do professor de Matemática.
Para tanto foi necessário investigar possíveis relações entre
arquitetura e matemática nos estilos arquitetônicos presentes nas obras
de Landi, pautados no patrimônio histórico de Belém e, daí,
desenvolver estudos coletivos voltados a formação inicial de
professores de Matemáticaque contribuíssem para elaborar atividades
para o ensino de geometria, medidas, simetria e proporcionalidade,a
serem aplicadas pelos licenciandos no ensino fundamental e médio, em

3
Projeto criado pela Universidade Federal do Pará (www.forumlandi.com.br)
que tem como objetivo, dentre outros:desenvolver, estimular e apoiar
pesquisas multidisciplinares sobre a História da Amazônia, em seus aspectos
sociais, religiosos, artísticos, arquitetônicos, urbanísticos, científicos,
econômicos e políticos.
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

uma perspectiva interdisciplinar, a partir do guia do professor, proposto


pelo Fórum Landi.
Neste sentido, nosso estudo tomou o pressuposto de que os
futuros professoresde Matemática, em sua formação inicial, poderiam
adquirir conhecimentos a respeito do patrimônio histórico e
arquitetônico de Belém (bairro da Cidade Velha), de forma a tomá-los
como base para a elaboração de atividades didáticas de geometria,
medidas, simetria e proporcionalidade, voltadas para o Ensino
Fundamental e Médio, em um exercício formativo, no qual pudessem
vivenciar experiências de ensino e práticas investigativas, sob uma
perspectiva interdisciplinar.
A esse respeitorealizamos ações educativas de visitas ao Centro
Histórico de Belém (bairro da Cidade Velha), com os alunos, para
conhecerem suas obras e história, explorar o acervo de imagens e
desenhos referentes ao patrimônio arquitetônico, identificar aspectos
estilísticos(os tipos de fachadas, de portas, janelas, o uso de cúpulas e
abóbadas, os arcos arquitetônicos, os tipos de escadarias, as plantas de
construção das obras, os tipos de edificios e etc), e fotografar esses
locais. Além de reconhecer figuras geométricas, identificar simetrias,
padrões estéticos, efetuar medidas e comparar com aquelas usadas na
época de sua construção, buscar padrões geométricos, verificar razões
de semelhanças nos locais visitados.
As visitas são atividades de educação patrimonial defendidas por
Horta, Grunberg e Monteiro (1999, p.6) como excelentes para os alunos
e professores estabelecerem e compreenderem as relações fundamentais
entre o presente, o passado e o futuro, as mudanças ocorridas nos
modos de vida das pessoas que neles viveram, assim como na própria
cidades. Tais atividades de visitas já foram defendidas por Celéntin
Freinet em suas obras,sob o nome de aula-passeio e, segundo Pereira
(1997,p.63) apresenta-se como um dos pontos de partida da Pedagogia
Freinetiana, sendo considerada como:

[...] um espaço de livre expressão, utilizada de forma metódica


como instrumento desencadeador de valores de liberdade com

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

responsabilidade, de individualização mas também de


socialização, de criatividade e de cultura. Para alcançar esses
objetivos se vale de instrumentos e técnicas mediadoras, capazes
de atender a essas necessidades infantis. São vivenciadas ao
longo da experiência de Freinet a aula-passeio, as visitas
individuais ou coletivas, o desenho, o texto, o livro da vida, o
conselho de classe, a cooperativa, a correspondência, o jornal, a
imprensa, as oficinas e ateliês, dentre outras interligadas com os
demais princípios.

Neste tipo de ação educativa, é possível e necessário que


tenhamos uma tomada de consciência por parte dos licenciandos em
Matemática, no sentido de compreenderem a história das práticas
matemáticas para além de um mero elemento motivador da
aprendizagem, ampliando-se para uma compreensão da mesma
enquanto um conhecimento historicamente construído e importante
para a sua formação matemática e patrimonial.
A metodologia do estudo é de cunho qualitativo, uma vez que
trata de uma proposta de ensino na formação inicial de professores de
Matemática por meio de uma ação formativa de investigação histórica e
patrimonial em educação matemática, envolvendo geração, produção,
socialização e disseminação de conhecimento, com um grupo de
licenciandos em Matemática do IFPA. Associada a essa ação formativa,
trabalhamos com pesquisa colaborativa, pois por meio dela se consegue
refletir a prática educativa na direção ao que afirma Imbernon (2002,
p.82), quando assevera que “é na reflexão deliberativa e na pesquisa
colaborativa, mediante as quais os professores elaboram suas próprias
soluções em relação aos problemas práticos com que se deparam é que
os professores se formam”.O modelo de formação, assim, favorece os
professores no sentido de “preencher ao vazio que existe entre a
pesquisa e a prática, além de permitir que os professores possam
desenvolver suas habilidades na tomada de decisões” (Ibernon, 2002).
Com este princípioelaboramos e aplicamos instrumentos em
busca de informações,fizemos observações participantes, registros em
diário de campo, exploramos fontes primárias e secundárias, e
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

interpretamos fotografias e filmagens e avaliamos os materiais


produzidos no processo formativo, de acordo com as orientações de
Mendes (2009b).
A observação participante foi importante para as discussões
sobre o planejamento das atividades de ensino eelaboração dos textose
recursos didáticos, para praticar as abordagens em sala de aula, quando
alguma coisa não estivesse dando certo e/ou sugerir melhorias para o
aprimoramento das atividades. Igualmente, as fontes documentais
foramimportantes para o conhecimento e a prática, a partir do
levantamento bibliográfico sobre as obras arquitetônicas e o patrimônio
histórico de Belém.
Para desenvolver operacionalmente a experiência didática, a
partir da investigação histórica, tomamos como norteador um guia
elaborado pelo Fórum Landi (2006), para orientar os professores que
atuam no ensino de Matemática bem como os subsídios nele contido de
outras áreas de estudo, como da História, Geografia, Matemática, Arte,
ou de outras fontes que, ao longo do processo, vieram constituir as
propostas de ensino. Para tal intento foi fundamental a promoção de
uma dialogicidade em que fosse possível uma conexão interdisciplinar
a ser exercitado com o professor em formação para ser aproveitada por
este mesmo professor no momento do seu exercício didático em sala de
aula (Mendes; Gil; 2011, p.3).
A proposta de Educação Patrimonial desenvolvida no Guia
Básico de Educação Patrimonial proposta por Horta, Grunberg e
Monteiro (1999) também nos orientou a respeito das fases do curso de
extensão, principalmente com sugestões de atividades que poderiam ser
desenvolvidas com o patrimônio histórico, e das ações com os materiais
didáticos solicitados - plantas, fotografias, relatórios, visitas in loco,
sugestão de atividades -, além da exploração interdisciplinar do
patrimônio - conteúdos, temas, mapas, orientações aos professores e
elaboração das observações que poderiam ser feitas durante a visita.
Ao longo do processo de realização do referido cursos
identificamos as necessidades para o desenvolvimento da proposta de
formação; fizemos anotações pessoais, registros em diários de campo,
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

aplicação de questionáriospara que os participantes expressassem suas


preocupações, dificuldades, problemas, expectativas, carências e
desejos profissionais, bem como o grau de satisfação com as temáticas
abordadas e a infraestrutura oferecida aos alunos, fatores que
influenciaram o desempenho pedagógico dos licenciandos durante a
formação inicial.
O curso desenvolveu-se conforme as ações esboçadas no projeto
de pesquisa e extensão, em dois momentos: 1) a preparação das
atividades de formação dos professores de Matemática ou os
procedimentos adotados que antecederam o curso. Este momento, por
sua vez, desdobrou-se em três etapas: a) Procedimentos geradores das
condições de realização da pesquisa; b) Projeto de Extensão e c) Plano
de Trabalho; 2) a implementação do curso de extensão “Investigando e
Problematizando a Arquitetura de Antonio Jose Landi em busca de
Abordagens Didáticas para o Ensino de Geometria” foi organizado em
05 (cinco) unidades.
O referidocurso ocorreu nas dependências do IFPA, com uma
carga horária total de 120 h/a, dividida em 04 (quatro) unidades de
ensino e uma unidade complementar de avaliação das experiências. A
carga horária das quatro unidades de ensino foi de 30 horas-aula cada,
sendo 20 h/a presenciais e 10 h/a de atividades orientadas, realizadas
nos intervalos das etapas presenciais. Cada unidade foi dividida e
denominadas da seguinte maneira:I. Estudos exploratórios do
patrimônio; II.Investigação histórica como proposta metodológica
transversalizante do curso; III. Mapeando e explorando o patrimônio
histórico-arquitetônico de Belém, a partir das obras de Antonio José
Landi; IV. Elaboração de atividades sobre geometria e medidas
focalizando o patrimônio histórico arquitetônico de Belém; e V.
Aplicação de Instrumentos de Avaliação durante a realização de todas
as unidades de ensino. Em todas as unidades foram incluídas
orientações extraídas do Guia Básico de Educação Patrimonial,
sugeridas por Horta, Grunberg e Monteiro (1999).
No decorrer dos próximos capítulos deste livro relatamos cada
uma das etapas da pesquisa, com nossas análises e reflexões sobre o
- 24 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

trabalho realizado e com nossos encaminhamentos para que se


consolide uma proposta de abordagem didática para o ensino de
geometria e medidas a partir da exploração investigativa do patrimônio
objeto de estudo por nós explorado

- 25 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

- 26 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

2.
Investigação Histórica,
Patrimônio
Arquitetônico e Ensino
de Matemática

- 27 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

- 28 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Neste capítulo trataremos da fundamentação teórica da pesquisa,


com a intenção de mostrar que essas fundamentações ampliarão as
perspectivas teóricas sobre esses estudos em discussão, justificando
assim, a necessidade e a importância dos mesmos para uma Educação
Matemática Patrimonial, corroborando para responder aos
questionamentos propostos no estudo.Deste modo, este capítulo
encontra-se assim estruturado: i) Relações entre a investigação histórica
e o ensino de matemática; ii)A exploração do patrimônio arquitetônico
e ensino de matemática; iii)Possibilidades de conexões didáticas; iv)
Implicações na formação de professores de matemática.

2.1.Investigação Histórica e Ensino de Matemática


Uma proposta de formação inicial e continuada do professor de
Matemática, apoiada no uso didático da investigação histórica do
Patrimônio Arquitetônico de Belém, foidiscutidae adotada por Mendes
(2009c), ao enunciarprincípios e perspectivas didáticas que podem ser
adotadas e discutidas com os alunos de licenciatura em Matemática por
ocasião do desenvolvimento da proposta de ação formativa, tais como:
o embasamento teórico sobre investigação histórica em sala de aula, o
uso de projetos de investigação no ensino de Matemática, os aspectos
teóricos a respeito do planejamento no ensino de Matemática e as
sugestões de leituras sobre o tema na forma de bibliografia comentada
que irão subsidiar as pesquisas dos alunos sobre a temática discutida e
proposta no trabalho docente.
Ainda a esse respeito, no livro “História da Matemática em
Atividades Didáticas”,(Miguel et al, 2009), discutem a respeito das
potencialidades pedagógicas do uso da história no ensino de
Matemática e sobre as dificuldades postas na sua implementação.A
pesquisa desenvolvida com um grupo de professores de universidades
das regiões Nordeste e Sudeste sobre a formação de professores de
Matemática, as atividades desenvolvidas em sala de aula e os materiais
resultantes dos estudos, foram importantes para subsidiar com
- 29 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

exemplos concretos, as propostas de atividades de ensino elaboradas


pelos licenciandos do IFPA (sujeitos da pesquisa) usando o Patrimônio
Histórico Arquitetônico de Belém, na busca da construção dos
conceitos históricos e metodológicos em seus trabalhos.
As argumentações sobre a História da Matemática como
processo gerativo de conhecimento, sendo compreendida como um
processo dinâmico e inacabado, que precisa passar por um processo de
reorganização histórica de forma a articular as diferentes dimensões do
conhecimento cotidiano, escolar e científico foram usadas, também,
como um dos argumentos de nossas discussões, a partir das ideias
defendidas por Mendes, Fossa, Valdés (2006). O estudo foi importante
para esta pesquisa porque os licenciandos, ao realizarem suas pesquisas,
estão mobilizando cognitivamente antigos e novos conhecimentos, na
busca da reconstrução histórica do conhecimento matemático, o que se
torna uma estratégia de aprendizagem de construção de novos
conhecimentos, de forma a estabelecer uma interface entre a História da
Matemática, a cognição e aprendizagem matemática.
Os autores fazem uma discussão sobre os aspectos
epistemológicos advindos dos estudos do desenvolvimento histórico da
Matemática, mostrando as possibilidades cognitivas sucedidas dos
estudos com textos históricos e suas implicações no ensino da
disciplina. Eles usam como estratégia de investigação a recriação dessa
história, a fim de compreender como determinados fatos matemáticos
foram explicados e entendidos pela sociedade ou criados por ela. Neste
sentido, defendemos que ao revisitar os textos já escritos e estudados
sobre a arte e arquitetura, relacionados às obras de Landi,escritos por
engenheiros, cartógrafos, arquitetos, antropólogos, jornalista, os
licenciandos puderam ressignificar esses conhecimentos, atribuindo-
lhes uma visão matemática a partir das informações históricas, dando-
lhes um novo foco de discussão e propondo novas abordagens
pedagógicas dos conteúdos previstos para o ensino fundamental e
médio, o que implica uma melhoria na formação desses estudantes e a
ampliação do desenvolvimento conceitual desses futuros professores,
foco norteador desse estudo.
- 30 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Partindo do princípio de que todo conhecimento produzido é


transversalizado pela história que o precede, Mendes (2009b, p. 43)
apoia-se nas situações encontradas no conteúdo histórico em suas
diversas manifestações e propõe:

[...] a investigação, representação e formalização dos conceitos


matemáticos pelos estudantes, pois à medida que as informações
históricas são investigadas, interpretadas, experimentadas e
analisadas, as mesmas se incorporam à estrutura cognitiva de
quem a pratica. Dessa maneira, os estudantes iniciam um
processo de elaboração mental e simbólica que favorece a
abstração dos conceitos matemáticos investigados.

O autor admite, ainda, que a Matemática é um saber gerado pela


sociedade humana e que possui uma História, mas que esse
conhecimento ao longo do tempo amplia-se em conteúdo, escrita e
simbologia de forma não-linear e isto acontece quando acontecem
controvérsias, debates, divergências, renovações e atualizações
incessante.(Mendes, 2009b, p. 46).
Com base nestes subsídios teóricos, o estudo realizado por nós
permite fazer diálogos e ampliações, nos quais discutimos com autores
que já escreveram uma história sobre o patrimônio histórico
arquitetônico de Belém ampliando, ainda de acordo com Mendes
(2009b, p. 56) informações para um processo de criação, organização
formal de códigos representativos de interpretação de situações
cotidianas vivenciadas pela sociedade (modelos), passando assim ser
um conhecimento verdadeiro. Para realizar essa movimentação de
saberes advindos das práticas sociais, Mendes (2009b, p. 12) aposta nas
práticas culturais de diferentes sociedades, uma vez que se trata de

construção de altares religiosos dos hindus, a arte decorativa dos


mosaicos, as observações celestes, os estudos de astrologia do
século XIV, os instrumentos de navegação utilizados pelos
europeus no século XVI, as pinturas de quadraturas do século
XVII etc. Todas essas práticas influenciaram o desenvolvimento
histórico da Matemática. Elas formam um estoque de

- 31 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

conhecimentos e experiências que envolvem medição,


classificação, resolução de problemas, representações aritmética,
geométrica e algébrica, bem como os processos de recognição
matemática, empreendidos pelas geometrias não-euclidianas e as
teorizações configuradas pelos estudos da teoria dos números e
da análise matemática.

A leitura destes referenciais teóricos trouxeram contribuições


significativas na elaboração da proposta do uso da investigação sobre a
utilização do patrimônio histórico arquitetônico de Belém na formação
de professores de Matemática no que diz respeito, especificamente, na
proposta metodológica que adotamos para a realização do processo
investigativo iniciado em março de 2010. Trata-se da utilização
pedagógica da investigação histórica no ensino de Matemática como
meio de construção do conhecimento matemático escolar, como
mostraremos a seguir.
Para a realização das unidades de ensino e das abordagens
didáticas, buscamos os instrumentos de divulgação científica que
puderam estabelecer um diálogo entre o ensino de matemática e o
patrimônio histórico arquitetônico. A partir das leituras sobre o assunto,
entendemos que é possível utilizarmos a Matemática produzida por
outras culturas em outras épocas assim como, o uso de textos históricos,
documentos, relato de prática e outros registros de modo geral, para
produzir novas matemáticas, compará-las com o produto anterior e
ampliar o arcabouço matemático existente. Neste sentido Mendes
(2009b, p.7) argumenta que:

[...] é necessário, entretanto, apresentar e discutir os argumentos


de vários pesquisadores acerca da utilização da história da
Matemática na sala de aula, bem como dos materiais históricos
produzidos, que poderiam ser apropriados para a aprendizagem
da matemática escolar.

Optamos, portanto, por definir algumas leituras e discussão de


textos historiográficos sobre o trabalho de Landi e a história da
Matemática; recorremos a pesquisas em fontes originais (livros,
- 32 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

plantas, mapas e outros) como forma de aproximar os alunos da


experiência da construção matemática (histórica e científica) e de
iniciá-los no mundo da Matemática como ciência (conhecimento
escolar e cientifico), ainda segundo Mendes (2009b, p. 80-81), com o
objetivo de transformar a experiência (curso de extensão) em um meio
dinâmico de indagação, em que se busque estabelecer uma
aproximação sociocultural da Matemática e incorporar habilidades de
investigação na formação desses alunos.
Outra contribuição de Mendescorresponde à maneira pela qual a
história poderia ser usada como um recurso favorável à construção das
noções matemáticas e patrimoniais necessárias aos estudantes, de forma
que, as atividades investigatórias (unidades de ensino e abordagens
didáticas) tivessem um maior significado para a matemática escolar e
para os alunos. Mendes (2009b, p. 88 – 96) apresenta as orientações na
condução da proposta de investigação histórica de modelo didático, no
qual as atividades históricas devem ser elaboradas a partir de um
diálogo conjuntivo entre as ideias matemáticas desenvolvidas e
organizadas historicamente e a perspectiva investigatória que
caracteriza o conhecimento, a saber:

1. A participação efetiva do aluno no processo de construção de


seu conhecimento constituiria um aspecto importante nesse
procedimento didático;
2. A participação do aluno deveria ser de forma ativa, reflexiva e
o mais crítica possível, relacionando cada saber construído com
as necessidades históricas, sociais e culturais existentes neles;
3. A efetiva participação do professor deveria orientar-se pela
assunção da posição de orientador das atividades de ensino, de
modo a viabilizar o diálogo e a interação necessários,com os
quais os estudantes construíram seu conhecimento, a partir da
investigação dos processos matemáticos presentes no
desenvolvimento histórico da Matemática, do Patrimônio
Histórico edificado da cidade de Belém, da arte em todas as
relações interdisciplinares possíveis;
4. O processo de investigação histórica adotado priorizaria
atividades práticas e/ou teóricas que deveriam ser
experimentadas pelos alunos e mediadas pelos professores, a fim

- 33 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

de permitir aos alunos a formulação de conceitos e/ou


propriedades, interpretações, formulações de hipóteses,
questionamentos, visando a aplicação na solução de problemas
práticos. Atividades de exploração, de observação, de interação,
de registros, de visitas seriam bem vindos;
5. As abordagens propostas deveriam ser organizadas em uma
sequência lógica permitindo aos alunos alcançar os resultados
previstos. Neste aspecto, seria necessário, muitas vezes,
explicitar os objetivos, os procedimentos de execução, as
discussões a serem realizadas, os relatos que poderiam ser feitos,
os assuntos a serem explorados, os referenciais a serem
adotados, de forma que os alunos construissem,
significativamente, o conceito previsto pelo professor;
6. Cada abordagem didática deveria apresentar um enunciado,
muitas vezes, caracterizado por um título, objetivando indicar a
temática central e o conteúdo a ser investigado. A finalidade da
abordagem também era importante, neste momento, de forma
que o aluno usasse a sua criatividade, de maneira a perceber a
relação existente entre o que ele estava fazendo e o que deveria
aprender;
7. O conteúdo histórico deveria ser o elemento provocador da
investigação e gerador da Matemática a ser explorada nas
discussões de toda a classe;
8. A abordagem didática deveria ser organizada em etapas para a
solução de problemas e caberia ao professor a exploração de
todas as possibilidades de improvisação e bricolagem4que
pudessem minimizar as dificuldades existentes na escola;
9. A investigação histórica deveria conter procedimentos de
orientação aos estudantes, a fim de que eles conhecessem as
etapas que iriam conduzir os estudantes a elaboração de
hipóteses, formulação de explicações e demonstrações dos
conteúdos a serem investigados historicamente;
10. Os desafios deveriam ser propostos, de modo a provocar a
curiosidade dos alunos;

4
Mendes (2009) informa que esta palavra é derivada do termo francês
bricoleur e muito utilizada pelo antropólogo Claude Levi-Strauss para explicar
a habilidade do artesão em utilizar diferentes objetos que dispôe, de modo a
produzir uma nova peça. Esse termo é usado aquí para explicar a possibilidade
de se realizar objetos para produzir mecanismos práticos que podem ser úteis
na realização de atividades a serem desenvolvidas em sala de aula (Cf. Levi-
Strauss, 1989).
- 34 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

11. A aprendizagem de sistematização e formalização dos


conhecimentos originados durante a investigação histórica
deveria ser orientada pelo professor para que os alunos
organizassem, de forma contínua, as ações que deverim ser
realizadas que os levassem a formalização de idéias
matemáticas;
12. As atividades deveriam ser pensadas de forma a possibilitar
o uso de forma criativa do livro didático, buscando dar ao
estudante o prazer de realizar essa atividade;
13. As atividades complementares realizadas por meio de
projetos individuais ou em grupo deveriam ser levadas em
consideração.
Esclarecidas as orientações que seriam adotadas no curso de
extensão, durante seu planejamento e execução, nos questionamos
sobre que tipo de conceito de abordagens didáticas os alunos deveriam
adotar na realização de suas atividades. No artigo “Mobilizing histories
in mathematics teacher education: memories, social practices, and
discursive games”5 (Miguel e Mendes, 2010, p. 1), algumas dessas
preocupações são discutidas, como mobilizações históricas na prática
social, pois:

esta forma de mobilização pode ser caracterizada como um


conjunto coletivo de problematizações não disciplinar que
ocorrem em um série de investigações dos alunos de
mobilização de práticas da cultura matemática que são o objeto
dessas investigações. Estas práticas são realizadas por diferentes
comunidades sendo constituída de diferentes atividades humana.

Os autores esclarecem o que seria, de acordo com suas experiências,


a concepção de prática social que defendem, uma vez que pensadores
como Foucault, Bourdieu, Habermas, Lyotard, e Certeau utilizaram em
seus estudos. De acordo com Miguel e Mendes (2010, p. 4):

(...) o termo prática social, aqui,significa um intencional e


coordenado grupo de ações que, simultaneamente,mobiliza os
bens culturais, a memória, os afetos, os valores e competências,

5
Mobilizando histórias para o professor em Educação Matemática: memórias,
práticas sociais e jogos discursivos.
- 35 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

gerando nas pessoas que realizam tais ações o sentimento, ainda


que difuso, de pertença a uma determinada comunidade. Essas
ações não são caóticas ou aleatória, precisamente porque
reconhecemos neles objetos culturais que têm uma história. Essa
história é lembrada só porque os objetos culturais que esta
prática mobiliza ainda são avaliados por, pelo menos,
umacomunidade quemantém essa memória viva por uma razão.

Neste sentido, tratamos da prática social do engenheiro, do


agricultor, do arquiteto, do desenhista, do cartógrafo que ao longo do
tempo vem desempenhando ações que mobilizam a cultura, a história, e
que deixaram significativos sentimentos de pertencimento a uma
determinada comunidade, neste caso, o patrimônio histórico
arquitetônico de Belém realizado por Antonio José Landi nos trazem
essas memórias.
No entanto, estes autores anteriormente mencionados fazem uma
diferença entre práticas sociais e atividade,conforme afirma Mendes
(2010, p. 5):

[...] a mesma prática pode ser realizada em diferentes atividades,


tendo um significado diverso em função dos diferentes fins que
orientam o seu desempenho em diferentes atividades.
Poderíamos, por exemplo, realizar a prática de bater palmas em
uma festa de aniversário, para saudar o aniversariante, ou à porta
de uma casa sem campainha para chamar os seus habitantes, ou
dentro de uma sala de aula para chamar a atenção dos alunos, ou
até mesmo aplaudir um artista em um concerto, assim como em
outras situações. E em cada uma delas, a prática de “bater
palmas” tem um significado diferente. De um modo análogo,
uma prática de orientação espacial pode ser executada, com
significados diferentes, em navegação, agricultura, topografia e
atividades astronômicas, entre outros, mobilizando diferentes
finalidades, instrumentos, métodos, etc.

Ressaltamos, porém, que Mendes (2009b, p. 7) já havia


apresentado uma ideia dessa abordagem didática para o ensino de
Matemática, ao destacar que:

- 36 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

É imprescindível que o professor estabeleça uma proposta de


abordagem para o ensino de Matemática que integre e abrace, no
processo de raciocínio do aluno, aspectos interativos contidos no
conhecimento cotidiano, escolar e cientifico. Essa proposta deve
concretizar-se em atividades que propiciem ao aluno o alcance
dos objetivos propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais-
PCN.

Por conseguinte, no contexto deste trabalho, denominamos de


abordagens didáticas as atividades de ensino de investigação histórica
realizadas pelos alunos de maneira interdisciplinar e multidisciplinar
nas suas mais variadas formas, buscando relacionar os aspectos de
Artes com a Matemática, evidenciados nas obras do arquiteto bolonhês
Antonio José Landi no Patrimônio Histórico Arquitetônico de Belém.
Para nortear as ações dos licenciandos durante o
desenvolvimento das suas abordagens didáticas dos conceitos
matemáticos observados nas diversas relações existentes nesse
contingente, as orientações de Mendes (2009b) foram adaptadas a
nossa proposta de formação inicial, segundo as questões e
direcionamentos proposto pelo autor como: a identificação de quem
estaria envolvido no projeto; os encaminhamentos a serem assumidos
pelo professor; a definição dos objetivos finais e o local onde seria
realizada a pesquisa; a definição de um cronograma de trabalho; a
justificativa da importância da participação dos alunos de graduação em
Matemática na pesquisa,eas orientações a serem seguidas; a motivação
para a participação discente; a avaliação participante do projeto por
meio de diversos instrumentos avaliativos; os conteúdos matemáticos e
não matemáticos envolvidos no curso de extensão; as orientações
metodológicas; sugestão de temas para a investigação histórica.A
sustentação teórica de todas esses encaminhamentos didáticos do
processo foram pautadas nos referenciais teóricos apresentados a
seguir.

- 37 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

2.2. Patrimônio Arquitetônico e Ensino de Matemática


Em alguns de seus trabalhos Mendes (2008; 2009a) discutiu
aspectos relacionados à exploração investigatória do patrimônio
histórico-cultural na organização de problematizações matemáticas no
ensino-aprendizagem da Matemática escolar, com um enfoque
interdisciplinar, baseado em trabalhos de historiadores, antropólogos,
cartógrafos, astrônomos, engenheiros e jornalistas, dentre outros
pesquisadores e profissionais envolvidos na exploração do
tema.Atualmente seus estudos foram ampliados e centraram-se no uso
de práticas socioculturais históricas na formação inicial e continuada de
professores de Matemática, especificamente no uso didático da
investigação histórica das Matemáticas na formação de professores de
Matemática. Neles são adotados métodos de pesquisa em história das
práticas matemáticas nas obras de arquitetos e trabalhadores de outras
áreas profissionais da arte, da técnica e das tecnologias, dentre outras
atividades sociais e culturais.
Quando falamos em práticas sociais históricas ou práticas
socioculturais, estamos nos referindo à perspectiva de Mendes (2010, p.
3), no sentido das ações desenvolvidas pelos diversos setores da
sociedade e da cultura ao longo da existência humana no planeta, dentre
as quais a Matemática é uma dessas práticas. E os seus estudos apontam
que não é possível conceber a Matemática desconectada de outras
práticas sociais históricas incluídas no contexto cultural mais geral da
sociedade planetária ao longo da sua história. Isso implica numa
abordagem de pesquisa que viabilize uma construção centrada na
hibridização, complementaridade ou suplementaridade da verdade
histórica na Matemática e na Educação Matemática (Mendes, 2009a).

Hibridação do modelo de pesquisa com vistas à


complementaridade dos fatores que sustentam a verdade
histórica a se estabelecer; A inclusão da literatura como uma
fonte suplementar de contextualização do momento histórico
com vistas a melhor compor a verdade histórica a ser
estabelecida; A retomada dos princípios da arqueologia como

- 38 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

forma de construção dos discursos e proposições da verdade


histórica em construção (Mendes, 2009a, p. 1).

Igualmente, Mendes (2009a, p. 2) assegura que na realização


dessetipo de estudo é preciso fazer um levantamento histórico acerca
das práticas históricas a mobilizar no ensino, de modo a interrogar-se
sobre as maneiras de se tomar tais práticas, e daí criar problematizações
que possam envolvê-las para, assim, mobilizá-las para as aulas de
Matemática com o propósito de utilizá-las como agentes de
aprendizagem nessa disciplina.Nesse sentido, nos apoiamos em Mendes
(2007, 2008) para relacionarmos o patrimônio histórico arquitetônico
setecentista de Belém ao ensino de Matemática, e podermos mobilizar
práticas históricas por meio de problematizaçõesa serem lançadas aos
alunos como uma abordagem didática nas atividades de iniciação à
docência.
Nessa busca encontramos livros, teses, revistas, monografias e
artigos que abordam aspectos relacionados às pesquisas sobre a
temática do Patrimônio Histórico Arquitetônico edificado por Landi no
século XVIII em Belém. A esse respeito Osvaldo Coimbra6 realizou
pesquisas sobre diversos aspectos da obra de Landi consideramos
importante para a fundamentação da nossa pesquisa, pois o autor faz
diversas abordagens sobre a obra de Landi que contribuem para a
realização de pesquisas interdisciplinares entre Patrimônio
Arquitetônico e a Matemática. Nesse sentido Mendes (2009a, 2010)
descreve e analisa preliminarmente a estética, a geometria e as técnicas
de medição na obra arquitetônica de Antonio José Landi, apontando
algumas características geométricas emergentes da sua obra e propondo
uma abordagem didática desse material para o ensino de Geometria nas
6
Pesquisador, jornalista e professor do Instituto de Tecnologia e Engenharia
do Pará, da Universidade Federal do Pará – UFPA, no período da pesquisa.
Ver suas publicações como A Saga dos primeiros construtores de Belém”.
Belém, Imprensa Oficial do Estado (2002). focaliza as raízes históricas da
Engenharia no Pará e Engenharia-militar europeia na Amazônia do século
XVIII – As três décadas de Landi no Gram-Pará (Uma pesquisa jornalística).
Belém, Prefeitura Municipal de Belém, 2003.
- 39 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

escolas de Belém, o que posteriormente é ampliado no artigo de


Mendese Gil (2011).
Em um artigo intitulado O octógono artístico, geométrico e
sagrado na capela de São João Batista em Belém do Pará,Mendes
(2012) aborda aspectos artísticos, sagrados e geométricos que
caracterizam o octógono em uma obra arquitetônica de Antonio José
Landi. Nos apresenta possibilidade de abordagem didática desses
aspectos nas aulas de Matemática e alguns caminhos para a exploração
investigatória do patrimônio histórico, cultural e arquitetônico da
Amazônia na organização de problematização matemática nas
atividades de ensino de Matemática na Educação Básica.Este estudo foi
usados como referencial na Unidade IV do curso de extensão já
mencionado anteriormente, para a elaboração de atividades para o
ensino de geometria e medidas com base na exploração investigatória
do patrimônio histórico arquitetônico setecentista de Belém.
Em um trabalho originado de sua tese doutoral, Isabel Mendonça
(2003)7, descreve e analisa a vida e as obra arquitetônicas de Landi,
desenhista e arquiteto bolonhês do século XVIII, mostrando a produção
do arquiteto na Itália (onde viveu os primeiros trinta e oito anos da sua
existência),depois de uma curta permanência de três anos em Lisboa,e
outros trinta e oito anos vividos no Brasil, onde faleceu em 1791.
Mendonça nos apresenta uma abordagem importante para podermos
direcionar o processo de problematização matemática de alguns
aspectos das obras de Landi, naelaboração de atividades sobre
geometria e medidas convencionais e não convencionais que usamos
como material didático na Unidade III.
Além desses trabalhos, nos apoiamos nas publicações temáticas
sobre geometria e medidas, especificamente sobre a geometria do
número de ouro, relações entre arte e arquitetura e matemática,
propostas por autores como Mário Lívio (2008, 2009),Hemenway
(2005), Heath (2010) eBangs ( 2010).Para subsidiar os estudos sobre

7
“Antonio José Landi (1713/1791). Um artista entre dois continentes” (Tese
de doutorado da autora), publicada em livro em 2003).
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Educação Patrimonial usamos como menção o Guia Básico de


Educação Patrimonial de Maria de Lourdes Parreiras
Horta,EvelinaGrunberg e Adriane QueirozMonteiro (1999) e impresso
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional da Paraíba
(IPHAN/PB) e o Museu Imperial, que incentivam ações de
conhecimento do nosso patrimônio envolvendo comunidades, escolas,
centro históricos, sítios arqueológicos, monumentos, arquivos e
bibliotecas.
De acordo com a propostadas autoras, a Educação Patrimonial se
configura como uma práxis educativa e social que permite elaborar
ações pedagógicas privilegiando enfoques interdisciplinares. Os bens
culturais permitem a integração de diferentes saberes que vão muito
além do estudo do passado. Para desenvolver o trabalho de Educação
Patrimonial existem várias possibilidades de ação e uma delas é sua
proposta metodológica que abarca vários tipos de objetos de estudo
enquanto patrimônio cultural, são eles: sítios históricos, parques e
paisagens naturais, comemorações, festas, diferentes formas de cultivos
e tudo mais que se refira ao contexto cultural do ambiente escolar.Para
o melhor desenvolvimento do seu trabalho Horta, Grunberg e Monteiro
(1999) propõe o desenvolvimento das seguintes etapas metodológicas
descritas no (Quadro 1), no Guia Básico de Educação Patrimonial, a
saber:

Quadro 1: Etapas metodológicas de Educação Patrimonial


Etapas Recursos/atividades Objetivos
Observação Exercícios de percepção visual,  Identificação do objeto,
sensorial, manipulação; função e significado;
Experimentação, mediação,  Desenvolvimento da
anotações, comparação, dedução percepção visual e
simbólica
Registro Desenhos, descrição ou escrita,  Fixação do conhecimento
gráficos, fotografias, maquetes, percebido,
mapas, plantas baixas aprofundamento da
observação e análise
crítica;
 Desenvolvimento da

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

memória, pensamento
lógico, intuitivo e
operacional
Exploração Análise do  Desenvolvimento das
problema/levantamento capacidades de análise,
dehipóteses/discussão/questionam julgamento crítico,
ento/avaliação/ pesquisa em interpretação das
outras fontes como bibliotecas, evidências, significados
arquivos,cartórios, instituições,
jornais, entrevistas
Apropriação Recriação, releitura,dramatização,  Envolvimento afetivo/
interpretação em diferentes meios  Internalização,
de expressão como pintura, desenvolvimento da
escultura, drama, dança, música, capacidade de auto
poesia, texto, filmes e vídeo expressão, apropriação,
participação
criativa,valorização do
bem cultural
Fonte: Guia de Educação Básica de Educação Patrimonial – Horta, Grunberg e
Monteiro (1999)
A Educação Patrimonial, de acordo com Horta, Grunberg e
Monteiro (1999, p. 8), equipara-se em muitos sentidos à Educação
Ambiental. Ambas enfatizam a formação do cidadão, favorecendo as
economias locais através do desenvolvimento turístico e da
sustentabilidade, fortalecendo ainda o sentido de pertencimento e os
laços afetivos entre os membros da comunidade.
O trabalho educativo e sua organização têm como base um
professor que conheça os temas relacionados ao patrimônio, tendo
como meta os objetivos que serão alcançados com as atividades
realizadas junto a seus alunos, pois os educadores poderão criar
projetos ligados ao patrimônio cultural não só em história, considerada
por muitos como seu único campo de ação, mas envolvendo todas as
outras disciplinas do currículo escolar, proporcionando ao aluno uma
visão global do tema abordado. Sabe-se que esta não é uma tarefa de
fácil execução, mas com preparo e comprometimento a Educação
Patrimonial na prática pedagógica poderá se efetivada (Horta, Grunberg
e Monteiro, 1999).

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

A série “Caderno Temático”, do IPHAN/PB (2009), concebida


na perspectiva de inserir o tema da Educação Patrimonial no ensino
desenvolvido nas instituições de ensino, foi outro referencial usado em
nossa pesquisa, a partir de um trabalho implementado pela Casa do
Patrimônio de João Pessoa, uma parceria entre a Superintendência do
IPHAN/PB, a Coordenadoria do Patrimônio Cultural de João Pessoa
(COPAC) e a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP). Desse
estudo nos interessaram as experiências vivenciadas em outros locais
que tratam da temática de Educação Patrimonial e a metodologia
aplicada. As possibilidades de conexões didáticas que podem ser
exploradas serão discutidas na próxima seção.

2.3.Possíveis Conexões Didáticas


Nesta seção identificamos as possíveis conexões
entreinvestigação histórica do patrimônio arquitetônico e o ensino de
Matemática, fundamentado na Educação Patrimonial que, segundo
Horta, Grunberg e Monteiro (1999, p. 9) tem como tarefa específica:

(...) fazer qualquer pessoa poder aprender a habilidade de


descobrir significados, relações, processos de criação,
fabricação, trocas, comercialização e usos diferenciados, que dão
sentido às evidencias culturais e nos informam sobre o modo de
vida das pessoas no passado e no presente, em um ciclo de
continuidade, transformação e reutilização. Neste processo de
descobrimento da realidade cultural de um determinado tempo
e espaço social é possível se aplicar uma metodologia apropriada
que facilite a percepção e a compreensão dos fatos e fenômenos
sociais.

As ações de Educação Patrimonial podem levar os professores a


utilizarem os objetos culturais na sala de aula ou nos próprios locais
onde são encontrados, como peças chave no desenvolvimento dos
currículos e não simplesmente como mera ilustração das aulas.
Ao trabalharmos com o tema do Patrimônio Histórico e
Arquitetõnico de Belém foi preciso definir os objetivos educacionais,
os resultados pretendidos, a preparação do trabalho de campo e os
- 43 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

resultados almejados. Portanto, definimos que habilidades, conceitos e


conhecimentos queríamos que os alunos adquirissem e de que modo
esse trabalho poderia ser inserido no currículo escolar do curso de
licenciatura em Matemática, além de estabelecermos um produto final
tangível feito pelos alunos ao final de cada atividade.
Horta, Grunberg e Monteiro (1999, p. 14-15)sugerem algumas
atividades, dentre elas: a descoberta do objeto cultural. Essa atividade
consiste na observação e analisedeste objeto sobre vários aspectos, tais
como: Os aspectos físicos, os tipos de construção, a função para que foi
feito, as formas que se evidenciam no objeto e o valor que este objeto
tem para as pessoas, para a história, para a economia, para a cidade.
Com essa perspectiva, focamos nossas atividades no patrimônio erigido
por Antonio José Landi para realizarmos nossas atividades de
investigação histórica.
Outra abordagem realizada é a exploração do meio ambiente
histórico usando um Monumento. Neste tipo de investida é importante
propormos aos alunos que explorem várias dimensões do meio
ambiente histórico (vertical e horizontal) em que se inserem, avaliar a
influencia da ação e comportamentos humanos sobre a paisagem
natural, bem como a influência da paisagem local sobre esses
comportamentos locais, o que contribui para o seu caráter especial.
Essa atividade permite trabalhar de forma interdisciplinar várias
disciplinas, tais como: História, Geografia, Matemática, Estatística e
Ciências Sociais. Foi com essa finalidade que propusemos a atividade
de visita in loco e o relatório final da visita pelos alunos
Esta abordagem suscita atividades de recolha de informações,
trabalho de campo, observações orientadas e diferentes ações guiadas,
provocando no aluno a habilidade de pesquisa o que acarreta no
exercício de aquisição de diferentes habilidades, tais como os registros
verbal, gráfico e matemático; a analise, a dedução, a comparação, a
síntese, e a apresentação dos resultados em diferentes formas (Horta,
Grunberg & Monteiro, 1999, p. 19).Especificamente no que se refere ao
ensino de Matemática, as autoras indicam atividades sobre as distâncias
entre monumentos, rios, fontes; elaboração e localização em mapas de
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

monumentos, análise da relação e a comunicação entre espaços (com


elaboração pelos alunos de planta baixa do local), de acordo com a sua
importância de uso e via de acesso.
Quanto as dimensões do local, podemos realizar atividades de
cálculo e medição, na disciplina de Geometria, dentre elas: estabelecer
as medidas de limites e extensão de área; comparar os sistemas de
medição (do passado e do presente); uso de unidades de medidas não
convencionais e uso de unidades de medidas padrão. Questões sobre as
utilização das medidas de um monumento para exercícios de
comparação: qual a maior?, qual a menor? Qual a mais comprida? Qual
a mais alta? Qual a mais larga? Etc. Fazermos a análise de volumes
(quantas pessoas caberiam neste espaço), e de ângulos de paredes e
aberturas, que podem ser feitas com instrumentos de medidas
convencionais (réguas, fitas métricas, quadrantes, etc) ou não
convencionais (o corpo) ou métodos antigos de medição (palmo, braça,
pé, polegada), alguns ainda usados em outros países.
Nesse aspecto, os alunos do curso de extensão realizaram
pesquisas em referenciais teóricos, na internet, plantas e desenhos
situações de observação, exploração, descoberta e aptidão dos
conteúdos matemáticos e patrimoniais que poderiam ser investigados
historicamente relacionados ao patrimônio histórico arquitetônico
setecentista de Belém, cuja autoria foi atribuída à Antonio José Landi.
Quanto ao estilo, fizemos um estudo sobre as características das
obras arquitetônicas de Landi, a fim de identificarmos em sua
arquitetura, os elementos presentes na construção. Assim,incentivamos
o uso de fotografias para identificarmos e compararmos figuras
geométricas como arcos, o formato dos frontões, as figuras decorativas,
os tipos de escadas, as cúpulas, os tipos de plantas que o autor usou em
suas obras.Palestras sobre o assunto foram proferidas de maneira que os
alunos pudessem se orientar a identificação,in loco, desses aspectos
geométricos típicos da época em que as obras foram planejadas e
construídas, no momento das visitas ao centro histórico de Belém.
Quanto à geometrização das obras, exploramos os aspectos da
importância desse ensino, buscando um consenso generalizado sobre a
- 45 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

importância que se manifesta especificamente na inclusão da geometria


em qualquer programa escolar. Tal consenso deixa, no entanto, de
existir quando se trata de decidirmos, entre tantas e tão diversificadas
hipóteses, qual o conteúdo a ensinar em um determinado nível e o
consenso também desaparece quando optamos por um ou outro método
de ensino da Geometria.
As vantagens e desvantagens das diversas geometrias que,
atualmente, conhecemos e que, basicamente, são determinadas na
metodologia implementada nas escolas, apesar de nem sempre ser esta
a ideia que os alunos fazem do seu professor de Geometria. A verdade é
que é possível reformularmos o modo como ensinamos esses métodos
(Portugal, 1997), de alguns conteúdos, fatos, propriedades e suas
“relações” com a arquitetura de Antonio José Landi, por meio de:
processos de raciocínio geométrico individualizado; processos de
descoberta à custa da visualização; exploração de componentes
gráficos, verbal e gestual (manipular, gesticular, observar); proposta de
atividades de construção com régua e compasso, de manipulação de
plantas ligadas a construção do patrimônio históricos; exploração de
programas no computador (Geogebra), a fim de desenvolver a
percepção dos objetos do plano e do espaço e conexões da Geometria
com outras áreas da Matemática, com o intuito de atingir nosso objetivo
de relacionar os métodos estudados as temáticas do Patrimônio
Histórico Arquitetônico Setecentista de Belém.
Encontramos em Horta, Grunberg e Monteiro (1999, p. 36)
algumas sugestões de atividades de caráter interdisciplinar que podem
ser usadas como eixos temáticos para qualquer área do currículo escolar
ou para reunir áreas aparentemente distantes no processo de ensino de
Matemática.

O desenho de edifícios; a confecção de mapas e plantas; o exame


detalhado de um objeto para o desenvolvimento de habilidades
de pesar medir, calcular alturas, comprimentos, ângulos, áreas e
volumes; a utilização de instrumentos de medição (réguas, fitas
métricas, fios de prumo etc); utilização de medidas históricas
para os cálculos, por exemplo: pé, léguas, palmos, polegadas
- 46 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

etc.); Os edifícios podem ser excelentes para o estudo das formas


e planos geométricos; A criação de padrões decorativos pode ser
desenvolvida a partir dos ladrilhos, tijolos, rendas de janelas,
vitrais e telhas; As fachadas dos edifícios podem ilustrar uma
variedade de formas, linhas e curvas, e problemas de simetria; os
andaimes fornecem material para a geometria, e os espaços
interiores e o mobiliário podem oferecer ideias para exercícios
de reorganização e planejamento, para atender a função ou
circunstancias diferentes. Os aspectos financeiros e estatísticos
dos objetos, edifícios o conjuntos históricos também oferecem
oportunidades para exercícios matemáticos: custos de
fabricação, dos materiais, da mão de obra, do tempo de
construção etc.

Outra atividade indicada é a organização de uma visitação dos


alunos ao local estudado. É possível preparar a visita e definir os temas
que serão abordados, as atividades que serão concretizadas, os recursos
utilizados, assim como o tempo necessário para a sua efetivação. Após
a visita, é interessante realizarmos exposições na escola sobre o
trabalho dos alunos como forma de valorizá-los e de divulgarmos os
trabalhos junto aos familiares e a comunidade escolar o trabalho de
Educação Patrimonial que estava sendo feito na escola.
Buscamos nesta seção mostrar algumas conexões didáticas que
podem ser realizadas com a temática da relação entre Patrimônio
Arquitetônico Setecentista de Belém e o ensino de Matemática.
Verificamos que é possível realizar várias atividades inter e
multidisciplinares e fazer conexões com várias disciplinas, tais como: a
Arte, a Geografia, a Informática, o Desenho, a Historia, etc. Na
próxima seção mostraremos as implicações desta proposta na formação
dos professores de Matemática.

2.4.Implicações na formação de professores de Matemática


Formar professores comprometidos com a aprendizagem dos
seus alunos, que seja crítico, político e consigaenfrentar sem receios os
problemas advindos da sociedade pós-moderna, que tenham uma
compreensão que a Matemática deve ser mais comprometida com a

- 47 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

realidade, será o grande desafio para a Educação Matemática do século


XXI. Compromisso este também assumido pelo estudo ao focar na
formação inicial dos licenciandos da Licenciatura em Matemática no
IFPA.
Ao pesquisar sobre as possíveis relações entre a Matemática e o
patrimônio histórico e arquitetônico de Belém, buscamos reconhecer os
aspectos que fazem parte do cotidiano do aluno que está em sua volta
de forma muito visível, já que a cidade detentora de um dos maiores
conjuntos urbanos do Brasil e que possui quase cinco mil imóveis
tombados, de acordo com IPHAN (2011), inclui ao cotidiano de sua
população muitas obras de arte, principalmente arquitetônicas. Logo,
um ambiente propício à elaboração de atividades históricas
investigativas a partir de seu patrimônio histórico e arquitetônico, foco
central do estudo realizado.
O processo formativo ensejado foi a formação inicial dos alunos
de Licenciatura em Matemática do IFPA, considerando que este não
ocorre de forma isolada e é influenciado por diferentes experiências,
que podem ocorrer nas diferentes etapas ou níveis de formação, e são
identificadas por Feiman (1983) eGarcia(1999, p. 36) como sendo:

1. Fase Pré-Treino: refere-se às experiências vivenciadas pelos


futuros professores como alunos, ao longo de sua vida escolar;
2. Fase de Formação Inicial: refere-se à etapa de preparação
formal numa instituição especifica de formação de professores,
no qual o futuro professor adquire conhecimentos pedagógicos e
de disciplinas acadêmicas, assim como realiza práticas de ensino
e titula-se como professor;
3. Fase de Iniciação: refere-se aos primeiros anos de exercício
profissional do professor, durante o qual este confronta e amplia
a sua formação, através do enfrentamento de situações práticas
que mobilizam a sua criatividade como mecanismo de
sobrevivência;
4. Fase de Formação Permanente: essa fase inclui todas as
atividades planejadas pelas instituições ou mesmo pelos próprios
professores, visando o seu desenvolvimento profissional e o
aperfeiçoamento do seu ensino.

- 48 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Nossa perspectiva de formação terá como base as idéias de


Imbernon (2002, p. 48), numa reflexão sobre prática doente, de modo a
permitir que os sujeito examinem teorias implícitas, seus esquemas de
funcionamentos, suas atitudes etc., realizando um processo constante de
auto avaliação que oriente uma postura de questionamento permanente
de seu trabalho, de uma reflexão prático-teórica, de troca de
experiências entre professor e aluno, de formação de um grupo de
alunos colaborativo, de perspectivas de mudanças curriculares na
Licenciatura em Matemática. Imbernon (2002, p. 48) sustenta que, no
processo de formação do professor, há cinco grandes linhas ou eixos de
atuação, que são:

1. A reflexão prático-teórica sobre a prática mediante a análise, a


compreensão, a interpretação e a intervenção sobre a realidade.
A capacidade de gerar conhecimento pedagógico por meio da
prática educativa;
2. A troca de experiências entre iguais para tornar possível a
atualização em todos os campos de intervenção educativa e
aumentar a comunicação entre os professores;
3. A união da formação a um projeto de trabalho;
4. A formação como estímulo crítico ante práticas profissionais
como a hierarquia, o sexismo, a proletarização, o
individualismo, o pouco prestígio etc., e práticas sociais como a
exclusão, a intolerância etc;
5. O desenvolvimento profissional da instituição educativa
mediante o trabalho conjunto para transformar essa prática.
Possibilitar a passagem da experiência de inovação (isolada e
individual) à inovação institucional.

As implicações que estão neste modelo é que o processo de


reflexão exige dos atores envolvidos uma proposta crítica da
intervenção educativa, uma analise da prática do ponto de vista dos
pressupostos ideológicos, comportamentais subjacentes em relação ao
ensino de Matemática e do patrimônio cultural. Em consequência
exigirá dos envolvidos uma auto avaliação de sua prática.
Dessa forma, abdicamos da ideia de que a formação é uma
atualização científica, didática e psicopedagógico do professor. Esse
- 49 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

conceito parte do princípio de que o profissional da educação constrói o


seu conhecimento de forma individual e coletiva, dando ao mesmo a
oportunidade de descobrir, organizar, fundamentar, revisar e construir
uma nova teoria, quem sabe, do uso do recurso da investigação
histórica na formação inicial dos professores de Matemática.
Portanto, preparar professores para atuar no ensino fundamental
e médio não é uma tarefa simples, uma vez que esta tarefa exige uma
sólida formação conceitual, didática, reflexiva, ética, crítica, inter e
multidisciplinar. Além disso, almejamos habilitá-os formandopara
compreenderem o fenômeno educativo em seus múltiplos aspectos:
históricos, políticos, educativos, sociais, de modo a lhes assegurar o
domínio de alguns conteúdos matemáticos que serão abordados nesse
nível de escolarização.
Deste modo, no próximo capítulo discorreremos a respeito da
materialidade de uma das etapas da pesquisa: as atividadesconcernentes
à realização de um curso de extensão voltado à formação de professores
de Matemática, centrada no ensinode geometria e medidas a partir da
exploração investigativa do patrimônio histórico e arquitetônico
setecentista de Belém.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

3.
Da organização do
curso de extensão
para a Formação de
Professores

- 51 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

- 52 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Este capítulo descreve o processo de planejamento e execução de


umcurso de extensão denominado Investigando e problematizando a
arquitetura de Antonio José Landi em busca de abordagens didáticas
para o ensino de geometria, que aborda a constituição da educação
patrimonial como campo de estudos no Brasil e suas implicações na
exploraçãodo patrimônio arquitetônico setecentista de Belém em seu
contexto atual, com vistas a preparação das atividades de e para a
formação dos professores de Matemática.

3.1.A Educação Patrimonialproposta para a formação de professores


A palavra Patrimônio cuja origem é francesa e de acordo com o
Dictionnaire de la Langue française de É. Littré, significa “Bem de
herança que é transmitido, segundo as leis, dos pais e das mães aos
filhos” e está ligado em sua origem, segundo Choay (2006, p.11) às
estruturas familiares, econômicas e jurídicas de uma sociedade estável,
enraizada no espaço e no tempo. Ao longo do tempo, esta palavra foi
requalificada por diferentes adjetivos (genético, natural, histórico,
cultural, arquitetônico etc) que a transformouem um conceito “nômade”
que segue atualmente uma trajetória diferente e significante.
Consideramos, portanto, o patrimônio histórico e arquitetônico
como um tema amplo, que envolve várias situaçõesrelacionados a nossa
cultura e história,especificamente relativo a nossa cidade (no caso de
Belém) ou como assinala a UNESCO(2003), o patrimônio é o legado
que recebemos do passado, vivemos no presente e transmitimos às
futuras gerações. É possivel, então, considerarmos nosso patrimônio
cultural e natural como fonte insubstituível de vida e inspiração, nossa
pedra de toque, nosso ponto de referência, nossa identidade.
Nesse sentido, buscar a valorização do patrimônio,pelos alunos,
significa levá-los a olhar para o futuro analisando o presente de forma
mais aguçada, podendo assim afirmar que existe uma universalidade
indivisível, que não pode ser desmembrada no termo patrimônio.
Significa, também, fazê-los entender os seus vários sentidos - conjunto
- 53 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

de bens, direitos e obrigações de uma entidade; ou o conjunto de bens


de uma coletividade, como no caso de patrimônio arquitetônico de
Belém, patrimônio cultural de Belém, etc. e, que pode ser classificado
como histórico, cultural, nacional e ambiental. De acordo com Martins
(2009, p. 281) a expressão patrimônio cultural designa:

o conjunto de bens oficialmente protegidos, tangíveis e


intangíveis, que participam da construção do pertencimento, das
identidades e da continuidade da experiência social, no âmbito
dos processos de formação e transformação das nações
contemporâneas e das relações internacionais.

Nosso entendimento é que em nosso estudo seria necessário


esclarecer o que estava relacionado à temática, para que o aluno não
tivesse a ideia de que patrimônio era apenas o edificado que a
Matemática se desvincularia do seu caráter formal e adquiria um status
mais informal e ligado à cultura.Podemos citar como exemplo, em
Belém do Pará: o complexo arquitetônico da Cidade Velha, o Museu de
Arte Sacra, a Casa das Onze Janelas, a Igreja de São João Batista, o
Palácio Lauro Sodré, o Palacete Pinho e outros. Logo, estudar essas
obras seria mostrar que é possível a transversalidade da Matemática
relacionada aoaspectos referentes à educação patrimonial.
O responsável pela definição de regras de proteção do patrimônio
histórico e cultural da humanidade é a UNESCO, cuja missão é de
âmbito mundial. Neste contexto, transversalizar o tema para as
finalidades a que nos propusemos nesta pesquisa implicou estudar os
conteúdos matemáticos e os conceitos e princípios relacionados ao
patrimônio como: identidade, bens culturais, pertencimento,
preservação, conservação e restauração desse patrimônio.
Algumas das vantagens de se estudar o patrimônio cultural é que
passamos a compreender que os indivíduos de uma sociedade podem se
conscientizar através dele, proporcionando assim a oportunidade de
conhecimentosobre a história local relacionando-a com a sua própria
história e observando a sua importância. Desse modo, estudar sobre o
patrimônio significa estudar uma gama de possibilidades de temas
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

ligados à cultura e à identidade. O ato de preservar uma obra


arquitetônica nos remete, portanto, à ideiade proteção, cuidado e
respeito, não significando apenas guardar um objeto e sim fazer um
levantamento, cadastramento, inventário, registro etc. Quando nos
referimos a usos e costumes, mesmos que sejam alterados, também
estamos preservando.
Neste sentido, é necessária a preservação, mas associada ao
desenvolvimento desses bens, a sua valorização econômica pela gestão
da cidade, integrando-a ao sistema de planejamento, que deve procurar
compatibilizar – enquanto base econômica – com o desenvolvimento
urbano e o patrimônio ambiental e/ou edificado. No caso do Patrimônio
Histórico de Belém, é necessária à formação de multiplicadores nas
escolas que tenham esta consciência de garantir o bem-estar da
população residente, suprindo-as das necessidades básicas como
saneamento, transporte, eletricidade e valorização da sua identidade
cultural. A nossa proposta de formação permitiu promover, ao longo de
umcurso de extensão, a conscientização da comunidade a partir da
idade escolar e dos seus formadores, para a proteção do patrimônio, a
preservação ou incentivo à qualidade do meio-ambiente e a importância
da expressão arquitetônica.
Por conseguinte, ocupar-se em formar um professor que tenha
uma consciência patrimonial de eleger bens a serem preservados, de
atribuir valores, de encaminhar propostas de tombamentos e registros,
de desenvolver ações educativas compartilhadas com a sociedade de
preservação do patrimônio cultural amazônico. Isso representa uma
mudança positiva de atitude frente aos desafios que a vida
contemporânea nos coloca, principalmente em relação às visões iniciais
do que é competência do Estado em relação à conscientização,
conhecimento e inculcação de valores nos alunos de sua rede, no que se
refere ao patrimônio histórico arquitetônico de Belém.
A edição, pelo MEC, em 1997, dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) e Temas Transversais, entre os quais consta o eixo
temático “pluralidade cultural”, abriu espaço para uma atuação
coordenada entre os Ministérios da Educação e o da Cultura. Alguns
- 55 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

passos vêm sendo dados nesse sentido, como as recentes negociações


entre o MinC, o IPHAN e o MEC. O Programa Mais Educação é uma
das iniciativas do grupo, criado pela Portaria Interministerial N°
17/2007, regulamentado pelo Decreto N° 7.083, de 27 de Janeiro de
2010, com o objetivo de:

formular política nacional de educação básica em tempo


integral; promover diálogo entre os conteúdos escolares e os
saberes locais; favorecer a convivência entre professores, alunos
e comunidades; disseminar as experiências das escolas que
desenvolvem atividades de educação integral; e convergir
políticas e programas de saúde, cultura, esporte, direitos
humanos, educação ambiental e patrimonial (Programa Mais
Educação, 2007, p. 13).

A ideia do projeto realizado em parceria com o IPHAN é que os


estudantes realizem inventários dos patrimônios locais nos territórios
nos quais as escolas estão inseridas. Ao escolher desenvolver o projeto
sobre Educação Patrimonial, a escola receberá recursos do Programa
Dinheiro Direto na Escola (PDDE) – Educação Integral – para
aquisição de equipamentos audiovisuais. Desta forma, poderão elaborar
e divulgar os inventários produzidos.
Mediante esse panorama breve sobre a origem e os sinificados do
que entendemos por patrimônio e das ações realizadas até então para
sua efetiva implantação, bem como uma visão geral do que vem sendo
realizado em termos de projeto para a Educação Patrimonial em nível
nacional e internacional,chegamos à conclusão de que era necessário
estabelecermos a diferença entre patrimônio e monumento e adotar um
conceito sobre o que é patrimônio histórico arquitetônico. Para isso foi
necessário conhecer os diversos conceitos advindos da Educação
Patrimonial para melhor compreender seus objetivos, finalidades e
diretrizes.
No contexto atual, a educação patrimonial aparece como uma das
ferramentas que pode promover a cidadania em relação à valorização e
preservação dos bens culturais. A expressão Educação Patrimonial foi

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

introduzida no Brasil, em “termos conceituais e práticos”, no início dos


anos de 1980, temos como referência o Heritage Education8, trabalho
pedagógico desenvolvido na Inglaterra na década anterior. No Brasil,
inicialmente restrita aos museus, esta proposta metodológica
educacional vem ao longo dos anos ganhando espaço. Algumas
experiências pontuais têm apresentado excelentes resultados
fortalecendo as identidades locais.
Inicialmente, buscamos referenciais didático-conceituais de
ações de educação patrimonial que foram realizados em Belém (no
período da pesquisa) e ligados a temática do patrimônio histórico em
projetos, programas educacionais, livros, revistas e monografias.Nesse
sentido, um fator importante para o sucesso das ações educativas de
preservação e valorização do patrimônio cultural é o estabelecimento de
vínculos entre políticas públicas de patrimônio às de cultura, turismo
cultural, meio ambiente, educação, saúde, desenvolvimento urbano e
outras áreas correlatas, favorecendo, então, o intercâmbio de
ferramentas educativas de modo a enriquecer o processo pedagógico
inerente a elas. Dessa forma, é possível a otimização de recursos na
efetivação das políticas públicas e a prática de abordagens mais
abrangentes e intersetoriais, compreendendo a realidade como lugar de
múltiplas dimensões da vida.
O Projeto de Criação da Rede Casa do Patrimônio de Belém foi
assinada em 10 agosto de 2012 e na época da pesquisa tinham como
parceiros: Associação Fotoativa, Coordenadoria Municipal de Turismo
(BELEMTUR) e Prefeitura Municipal de Belém (PMB), Centro de
Memória da Amazônia (CMA)/Universidade Federal do Pará (UFPA),
Instituto de Artes do Pará (IAP), Companhia Paraense de Turismo
(PARATUR), IFPA/Campus Belém, Associação dos Agentes do
Patrimônio(ASAPAM), Associação Fórum Landi, Fundação Cultural
do Pará Tancredo Neves-(CENTUR), todas entidades ligados à cultura
do Estado do Pará. Uma das ações neste sentido foi o Curso de
Extensão: Elaboração de atividades didáticas para o ensino de

8
Educação Patrimonial
- 57 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Geografia e Matemática realizado por meio de parceria entre o


IFPA/UFPA.
Outro local em Belém do Pará, que desenvolve ações de
Educacão Patrimonial é o Fórum Landi (www.forumlandi.com.br),
criado pela Universidade Federal do Pará. Sua biblioteca digital
apresenta trezentos e sessenta e seis trabalhos digitalizados e acessíveis
ao público. Em seu site são encontradas fotografias, plantas, artigos
sobre Antonio José Landi.
Uma das ações deste fórum foi a elaboração do Manual do
Professor denominado “Circuito Landi: Um roteiro pela arquitetura
setecentista na Amazônia” um trajeto definido para jovens e adultos
percorrerem as ruas do centro histórico de Belém, com paradas nas
principais obras do arquiteto.

Figura 1. Capa do Manual do Professor para o Circuito Landi.


Fonte:Forum Landi.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

O Forum Landi é um projeto de Educação Patrimonial criado


pela Universidade Federal do Pará (www.forumlandi.com.br) que tem como
objetivos desenvolver, estimular e apoiar pesquisas multidisciplinares sobre a
História da Amazônia, em seus aspectos sociais, religiosos, artísticos,
arquitetônicos, urbanísticos, científicos, econômicos e políticos.
O manual mencionado na figura 1 subsidiou as nossas
investigações sobre os conteúdos matemáticos que podem ser
explorados nas obras arquitetônica de Landi e suas possíveis relações
com outras disciplinas.

A partir de um roteiro definido, jovens e adultos irão percorrer


as ruas do centro histórico de Belém, com paradas nas principais
obras do arquiteto Antônio José Landi. Com a ajuda de guias
treinados irão (re)conhecer projetos arquitetônicos e decorativos,
processo construtivo, curiosidades e um pouco sobre o gênio
italiano que dedicou quase toda a vida e obra ao Grão-Pará. No
total, serão atendidas 70 escolas da rede pública e privada que
ofereçam turmas regulares de ensino médio. Cada escola poderá
organizar grupos de até 40 alunos, acompanhados de dois
professores. A escolha dos participantes ficará a critério de cada
unidade escolar. Sugere-se, no entanto, que sejam considerados
fatores como interesse e propensão artística, além do mérito
curricular, e que os objetivos do projeto sejam informados antes
aos estudantes. Isso porque cada participante terá o compromisso
de multiplicar o conhecimento na comunidade escolar. (Cf.
Fórum Landi, Manual do Professor, 2006. p. 1)

De acordo com o manual do professor, o referido projeto tem


como objetivo geral realizar um circuito de visitas guiadas ao centro
histórico de Belém do Pará, denominado “Circuito Landi: Um roteiro
pela arquitetura setecentista na Amazônia”, cujo passeio é monitorado e
tem um roteiro produzido por especialistas no tema, a partir de
princípios fundamentais como a divulgação da obra de Antonio Landi e
a importância de seu acervos arquitetônico do século XVIII nas
Américas, com a peculiaridade de já apresentar traços neoclássicos;
além da educação patrimonial e a formação de platéias. (Cf. Forum
Landi, Manual do Professor, p. 2).

- 59 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Em termos de publicações, a série Informar para Preservar,no.1,


é uma iniciativa da Secretaria Executiva de Cultura do Pará (SECULT)
que está vinculada ao Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico
e Cultural (DPHAC), de Belém, em 2002, em seu primeiro número
disponibilizou à comunidade conhecer as atribuições desses órgãos e as
ações necessárias para promover a preservação e proteção do
patrimônio histórico, artístico e cultural do Estado do Pará. Por
intermédio desta série foi possível conhecer quais são as áreas de
contorno de preservação estadual definido pelo Plano Diretor Urbano
de Belém e quais os bens imóveis que são tombados. Em seguida,
quando procuramos referenciais sobre a historiografia de Landi,
encontramos na Biblioteca do CENTUR, em Belém/PA, várias,
publicações resultantes de pesquisas sobre Landi e relacionadas à
temática do Patrimônio Histórico Arquitetônico, onde foi possível
reproduzir várias referências bibliográficas.
Além dos trabalhos de Coimbra (2002; 2003) e de Mendonça
(2003), um trabalho mais completo sobre a vida e a obra de Landi,
referências já apresentadas anteriormenteneste livro, há, ainda, a obra
de Meira Filho (1974; 1976) que apresenta um levantamento feito em
Lisboa, sobre Landi mostrando as correspondências do Bispo D.Frei
Miguel de Bulhões e relatando fatos curiosos sobre a época em que
Landi resolveu permanecer em Belém e uma abordagem sobre a
História Natural de Antonio José Landi, em relação à fauna e a flora da
nossa região e a deMello Junior (1974), uma obra editada sob os
auspícios do Governo do Estado do Pará, que faz um dos primeiros
estudos sobre o desenho original de Landi para o Palácio dos
Governadores, a Capela do Engenho Murutucu, e, finalmente, a figura
de Landi como gravador, durante sua atuação na Amazônia.
Todos esses livros contribuiram para conhecermos as várias
facetas do arquiteto e assim nos revelar suas contribuições na
edificação do Patrimônio Histórico e Arquitetônico setecentista de
Belém.A partir dessas referências, cuja pesquisa reforçou as finalidades
da pesquisa, passamos a apresentar uma descrição do que realizamos no
curso de extensão que ministramos no IFPA.
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

3.2. O planejamento e apreparação das atividades do curso


A preparação das atividades do curso de extensão voltado à
formação de professores de Matemática aconteceu em três etapas: 1)
Procedimentos geradores das condições de realização da pesquisa; 2)
Projeto de Extensão e 3) Plano de Trabalho.
A primeira etapa denominada de “Procedimentos geradores das
condições de realização da pesquisa”, se constituiramde ações que
antecederam o estudo referentes às Unidades de ensino I, II, III e IV,
que constaram na proposta pedagógica apresentada para o curso. Nossa
proposição foi que os procedimentos didáticos pudessem ser adotados
futuramente por aqueles que fossem realizar pesquisas sobre a
formação inicial do professor e o uso do patrimônio histórico para
ensinar geometria.
O planejamento do curso se foi baseado em uma experiência
piloto que fizemos na orientação de dois trabalhos acadêmicos de
conclusão de curso (TAC), em 2009 e apresentados em 2010,
elaborados por quatro alunos do curso de Licenciatura em Matemática
do IFPA.Os trabalhos são os seguintes: A Matemática na arquitetura de
Landi: uma abordagem de geometria na capela de São João Batista e
Casa das Onze Janelas: uma abordagem didática para o ensino de
medidas, razões, proporções e escala no ensino fundamental.
Esses trabalhos ampliaram as perspectivas de estudo quanto ao
ensino da geometria coma utilização do uso do patrimônio histórico
arquitetônico setecentista de Belém. Uma dessas perspectivas
apontavam as dificuldades enfrentadas para a realização do estudo, tais
como, pouco conhecimento de como encontrar bibliografia
especializada; pouca visão quanto à forma de explorar, relacionar,
conceituar, articular os conteúdos de Matemática com a Arte,
Arquitetura e a Matemática para iniciar a fase exploratória pretendida
na pesquisa. Por isso, realizamos uma visita aos dois locais: Igreja de
São João Batista e Casa das Onze Janelas. A ida a esses locais
justificou-se pela necessidade de conhecimento in loco dos patrimônios,
objetos de pesquisa dos licenciandos e deste trabalho.

- 61 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Também entrevistamos o Professor Osvaldo Coimbra, jornalista


e professor da Universidade Federal do Pará, estudioso da obra de
Landi, autor de vários livros sobre o assunto. Desta entrevista, entre
outros, obtivemos indicaçõesrelevantes sobre fontes documentais e
iconográficas para a pesquisa.Ainda, por indicação deste professor, e
mediante contatos estabelecidos por dois orientandos do TAC, na
Biblioteca do IPHAN, conseguimos as plantas baixas das fachadas
laterais, layout da nave central, da Capela-Mor e do salão paroquial,
desenho de retábulos (altares), esquadrias que dão acesso à abóbada da
igreja de S. João Batista e da planta baixa, frontal da parte de baixo e da
parte superior e outras da Casa das Onze Janelas para serem usadas
pelos licenciandos para elaboração das suas atividadese para o Curso
de Extensão. Posteriormente, enviamos ofício à direção do IPHAN
convidando um representante da instituição para proferir palestra sobre
educação patrimonial, para os participantes do curso de extensão que
seria realizado nas dependências do IFPA, em maio de 2011.
Outra aspectoque norteou a preparação sobre os procedimentos
didático-metodológicos do uso da investigação histórica como forma de
leitura e processo investigativo-reflexivo das obras de Landi, aconteceu
no Seminário Métodos de pesquisa em história de práticas
matemáticas, ministrado pelo Prof. Dr. Iran Abreu Mendes, realizada
no Núcleo de Apoio ao Desenvolvimento Científico (NPADC, atual
IEMCI/UFPA), em Belém do Pará, no segundo semestre de 2010.
Nesse momento fizemos reflexões e discussões sobre os métodos de
pesquisa voltados para as práticas matemáticas que usam a história
como um método de investigação, suas funções norteadoras e algumas
orientações para o desenvolvimento com pesquisa histórica.
Além disso, o minicurso Projetos de investigação histórica nas
aulas de Matemática: possibilidades didáticas, ministrado pelo Prof.
Dr Iran Abreu Mendes, no V Congresso Internacional de Educação
Matemática (CIEM), tambémesclareceu muitos aspectos para a
elaboração dos conteúdos a serem ministrados no curso de extensão e
da Unidade II, em função dos objetivos pretendidos no
desenvolvimento deste estudo. Igualmente, a disciplina Fundamentos e
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

métodos de ensino de geometria,também ministrada por Iran Abreu


Mendes, no Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências
Naturais e Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (PPGECNM/UFRN) contribuiu sobremaneira para o
entendimento de aspectos conceituais e metodológicos sobre o ensino
de geometria, que subsidiaram a elaboração e desenvolvimento da
quarta unidade de ensino do Curso de Extensão proposto por nós.
A segunda etapa foi a elaboração do projeto do Curso de
Extensão, que constituiu parte da estrutura da experiência na formação
inicial dos alunos da Licenciatura em Matemática do IFPA, cujo foco
central foi o planejamento das ações didáticas a serem realizadas
durante o curso. A metodologia utilizada pautou-se no processo de
pesquisa colaborativa baseado na investigação histórica no ensino de
Matemática e nos princípios da Educação Patrimonial. Deste modo,o
curso foi organizado em quatro unidades de ensino e uma de avaliação,
na qual aplicamosinstrumentos avalitivos durante todas as unidades de
ensino no decorrer do curso.
Os participantes do curso foram os estudantes de Licenciatura
Plena em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciências e
Tecnologia do Pará (IFPA). Foram oferecidas 25 vagas, das quais 15
foramdestinadas aos bolsistas do projeto “Ciências em Ação” –
PIBID/IFPA.O curso ocorreu nas dependências do IFPA, com uma
carga horária de 120 h/a, dividida nas quatro unidades de Ensino e uma
de avaliação, com carga horária de 30 horas-aula para cada unidade (20
h/a presenciais e 10 h/a de atividades orientadas).
Na Unidade I, intitulada de Estudos exploratórios do patrimônio
promovemos uma palestra sobre Landi e suas obras, proferida pelo
Prof. Dr. Osvaldo Coimbra. Nessa palestra, foram explorados os
aspectos referentes ao Patrimônio Histórico Arquitetônico de Belém, de
Landi e a sua importância para a proposta didática de ensino de
geometria. Seguiu-se com a participação do Prof. Dr. Iran Abreu
Mendes, momento em que iniciamos os estudos sobre as relações
existentes entre a Arte, Arquitetura e a Matemática no qual discutiu-se
fatos, acontecimentos, concepções filosóficas, políticas, simbologias
- 63 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

que antecederam o estudo, de modo a mostrar relações que a


Matemática tem estabelecido com a arte e a arquitetura nos modelos
arquitetônicos idealizados ao longo da história que retrataram um tipo
de pensamento dominante.
Além disso, promovemos uma palestra sobre Educação
Patrimonial com a convidada do IPHAN, Carla Cruz, que discorreu
sobre a importância do patrimônio cultural material e imaterial,
histórico, arquitetônico e natural; quais patrimônios de acordo com a
Carta patrimonial da Unesco; quais os escolhidos pelo Circuito Landi.
Logo em seguida abordamos o uso de fontes históricas e suas relações
com o estudo quando foram apontadas algumas questões básicas sobre
como fazer pesquisas com fontes patrimoniais manuscritas, encontradas
em arquivos e bibliotecas e os procedimentos que devem ser realizados
pelos historiadores quando da realização de uma pesquisa de
investigação histórica.
Daí orientamos um levantamento bibliográfico e aprofundamento
teórico sobre o tema, no qual mostramos os procedimentos para a
realização de uma pesquisa bibliográfica, a partir de material já
elaborado sobre as temáticas envolvidas neste curso de extensão. Como
atividade final solicitamos que fizessem um levantamento bibliográfico
sobre as obras de Landi e outros temas relacionados, em livros, artigos,
dissertações, monografias, documentos e plantas.
Na Unidade II,denominada de Investigação histórica como
proposta metodológica transversalizante, promovemos uma palestra
sobre o livro “Investigação histórica no Ensino da Matemática”,
momento em que exploramos os aspectos referentes ao uso da
investigação histórica como proposta transversalizante do curso. Em
seguida sugerimos a realização de algumas atividades investigatória
para a sala de aula. Uma delas foi o jornal como estratégia de
investigação para o ensino e aprendizagem de Matemática, tendo como
temáticas sugestões de tópicos sobre a arquitetura de Antonio José
Landi e o patrimônio histórico arquitetônico setecentista de Belém
como contexto para uma aprendizagem mais significativa.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Outro momento foi a concretização de um exercício de


investigação em sala de aula, quando focamos nos temas investigados
na Unidade I, no qual pesquisamos em livros, leitura de textos e na
internet, os temas para a elaboração de um jornal (por cada dupla de
alunos), contendo elementos sobre a obra de Landi, sua história, os
aspectos arquitetônicos, artísticos e matemáticos de suas obras. Daí
elaboramos projetos de investigação histórica a partir dos temas
focalizados na Unidade I, de maneira que os alunos esquematizaram
seus projetos de investigação, delineando os aspectos relevantes a
serem ser investigados, tais como os objetivos de estudo, o referencial
teórico, a escolha da obra arquitetônica a ser explorada, da turma, da
série, do nível de ensino, do conteúdo de geometria que será abordado,
do lócus da pesquisa deles e etc.
Outra atividade realizada foi a socialização dos projetos em
forma de jornal elaborados pelas duplas, de maneira que subsidiassem
os colegas com informações sobre a temática do Patrimônio Histórico
Arquitetônico de Belém e na preparação dos seus projetos de
investigação histórica. Finalizamos a Unidade II com uma atividade
finalsobre a elaboraçãode um projeto de investigação histórica
(opcional) pelos alunos tendo como norteador os temas discutidos na
unidade anterior e no jornal.
Na Unidade III,intitulada de Mapeando e explorando o
patrimônio histórico arquitetônico de Belém, a partir das obras de
Antonio José Landi, foram desenvolvidos estudos sobre unidades de
medida não convencionais e padrão na arquitetura investigada;
aspectos das unidades de medidas não convencionais e convencionais
nas obras do patrimônio histórico investigado por meio de situações-
problemas e textos históricos sobre o patrimônio histórico de
Belém,história dos antigos pesos e medidas e osinteresses econômicos,
sociais e políticos pelos quais foi se tornando necessária uma
padronização, em nível nacional e internacional.
Em seguida promovemos uma palestra com a Pesquisadora Elna
Maria Handersen Trindade, sobre o estilo arquitetônico de Antônio José
Landi presente em suas obras, quando foram discutidas as principais
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

características do estilo arquitetônico de Antonio José Landi presente


em algumas de suas principais obras, no momento em que, os alunos
visitaram in loco, suas obras.
Daí orientamos a elaboração um mapa para um roteiro geo-
turístico discutimos como elaborar mapas para um roteiro geo-turístico,
trazendo a experiência desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa de
Geografia do Turismo - GGEOTUR, grupo de pesquisa da UFPA que
realizam um roteiro de visitas. Na ocasião trocamos experiências sobre
este tipo de atividade monitorada. Desenvolvemos sessões de estudos
sobre medidas de limites e extensão e comparação dos sistemas de
medição (passado e presente), quando discutimos os sistemas de pesos
e medidas na Pré-história, as principais modificações ocorridas com as
dominações de territórios no mundo antigo, o sistema de medidas
português e sua utilização no Brasil e as convenções empregadas no
período pós-adoção das medidas decimais no período em Antonio José
Landi esteve em Belém.
Com base nas atividades anteriores iniciamos os estudos sobre a
exloração das formas geométricas encontradas nos prédios históricos,
considerando as observações durante o circuito de visistas dos aspectos
do estilo arquitetônico encontrados nas obras de Landi e que possuem
formas geométricas que não são usualmente discutidas em sala de aula.
Em seguida organizamos o circuito de visitas guiadas ao centro
histórico de Belém do Pará, denominado “Circuito Landi – Um roteiro
pela arquitetura setecentista na Amazônia” elaborado pelo Fórum Landi
contendo uma ação formativa de educação patrimonial a serem
realizadas com os alunos.
Para concretizar essa etapa foi realizada uma oficina sobre ensino
de geometria com os licenciandos, por um ex-orientando, em que foram
apresentadas algumas atividades por ele desenvolvidas usando
conteúdos matemáticos que já haviam sidoelaboradas em seu trabalho
de conclusão de curso (TAC). Na atividade final, solicitamos a
elaboração de um relatório sobre as atividades realizadas na unidade e
as perspectivas investigatórias para o ensino de Matemática focado nos

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

temas discutidos nas unidades já cursadas e as suas impressões e visões


sobre os locais e as obras visitadas.
Na Unidade IV,denominada Elaboração de Atividades sobre
geometria e medidas, focalizando o Patrimônio Histórico Arquitetônico
de Belém, contamos com a participação do prof. Dr. Iran Abreu
Mendes, quando foram desenvolvidos estudos sobre metodologia do
ensino da geometria para o Ensino Fundamental e Médio, no qual
exploramos os aspectos da importância do ensino de geometria,
buscando um consenso generalizado sobre essa importância e que se
manifesta especificamente na inclusão da Geometria em qualquer
programa escolar e as linhas gerais de ensino geometria a partir dos
fatos e das propriedades antes de passarmos às “relações” geométricas.
Em seguida exercitamos um pouco as explorações matemáticas das
plantas de algumas obras arquitetônicas de Landi e estudamos alguns
dos conteúdos matemáticos propostos pelo Fórum Landi.
Daí em diante apresentamos uma atividade didática para o ensino
de Geometria centradas na arquitetura de Landi denominada A origem
do número de ouro, que suscitou possibilidades didáticas de exploração
do patrimônio histórico de Belém servindo de base para a elaboração
das atividades pelos alunos. Foram, então discutidas as diretrizes para
elaboração de atividades didáticas para o ensino de geometria centradas
na arquitetura de Landi e a Atividade final proposta foi a elaboração de
abordagens didáticas envolvendo situações-problemas a partir da
história construída pelos alunos, de acordo com seu projeto, de modo a
constituir um bloco de atividades sequenciadas para o ensino de
geometria.
Na terceira etapa apresentamos o plano do curso de extensão,
contendo as ações para cada uma das unidades de ensino,organizados
em dois momentos: i) Definição dos encaminhamentos para execução
do curso; ii) de desenvolvimentos dos tópicos de cada unidade.No
primeiro momento, definimos os conteúdos e procedimentos para cada
unidade, ou seja, as finalidades a serem atingidas, os textos, os
palestrantes de cada unidade, de acordo com a estrutura do curso
descrito anteriormente, as competências e habilidades previstas para
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

alcançar junto aos licenciandos, recomendações aos participantessobre


a realização da atividade final, orientações metodológicas, critérios de
avaliação e referências.
Em seguida, elaboramos os materiais didáticos e de
divulgação(folders e cartazes) e tomamos as providências necessárias
para que o curso ocorresse a contento. Neste sentido definimos a
infraestrutura necessária para a realização do curso, tais como: local;
data; sala, recursos didáticos, construímos os questionários, lista de
presenças; sala de informática (caso necessário), reprodução dos textos
(material complementar) e dos folders e manual impresso de cada
unidade prevista.
Quanto à escolha e elaboração dos materiais didáticos usamos
como critérios textos construídos por estudiosos da temática sobre
Landi, encontrados em livros, teses, artigos e sites especializados,
plantas e imagens encontradas no IPHAN, em livros e fotos para
fazermos um estudo sobre o trabalho de Landi. Pesquisamos em livros
de arquitetura (principalmente, técnicos e dicionários) sobre o estilo
Landi e buscamos construir a relação entre a Matemática e Arquitetura,
de acordo com os conteúdos sugeridos no manual do Professor do
Fórum Landi, além de outros conteúdos que poderiam ter relação com a
elaboração dos alunos das atividades finais previstas em cada unidade a
serem ministradas.
Definimos, também,os conteúdos e os modos como seriam
abordados, usando recursoscomo palestras com pessoas especializadas
na temática de Landi, de educação patrimonial do IPHAN, estilo
arquitetônico de Landi do Fórum Landi, elaboração de roteiros geo-
turístico da UFPA e outros aspectos como uso de datashow e textos e
outros materiais didáticoscomo plantas, mapas, filmes, imagens para
exploração dos participantes durante o desenvolvimento das atividades
exploratóriasdo tema do patrimônio histórico no ensino de Geometria.

3.3.Diretrizes e encaminhamentos para a realização do curso


Após a elaboração dos encaminhamentos para execução do
curso, a escolha do material didático de divulgação e de ensino de cada
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

unidade e a definição das estrutura de desenvolvimento de cada tópico,


foi necessário definir as diretrizes e encaminhamentos finais para a
realização do curso.
Para a concepção das diretrizes conceituais e metodológica do
curso nos apoiamosnos referenciais teóricos propostos por Mendes
(2009b) sobre investigação histórica no ensino de Matemática e nas
ações previstas sobre Educação Patrimonial (observação, exploração,
descobrimento eapropriação) propostas por Horta (1999). Na
elaboração do material impresso apresentamos informações acerca do
projeto, das instituições envolvidas, cronograma de sua realização,
ministrantes das unidades, apresentação do curso com informações
sobre o projeto,com suas finalidades, carga horária, unidades de ensino
e seus objetivos, descrição sucinta das ações previstas e uma pequena
descrição sobre o que aconteceria em termos de discussões em cada
unidade. O tipo de atividade final a ser realizada com as orientações
devidas, recomendação aos professores, indicação de bibliografia para
consulta, critério de avaliação e o material didático que iria ser
utilizado.
A elaboração dos instrumentos de avaliação e identificação
institucional, texto de apresentação da pesquisa; dados de identificação
do aluno; questões fechadas sobre o grau de satisfação dos alunos
quanto; ii) a concepção do curso nos aspectos metodológicos (recursos
didáticos, metodologia, material didático, infraestrutura, horário,
conteúdo, temática abordada); iii) Tópicos apresentados em cada
unidade e as atividades propostas. iv) Questões abertas contendo
informações sobre suas necessidades de estudar temas relacionados a
História da Matemática, conhecimento matemático e a história dos
conteúdos, sobre a utilização das propostas apresentadas na sala de
aula, fazendo a relação dos conteúdos com o patrimônio histórico,
transposição didática dos conteúdos aprendidos no curso, suas
expectativas em relação ao curso, as contribuições para a sua formação
inicial e as sugestões de melhoria.
A elaboração do material didático segundo as diretrizes: i)Título
da atividade,textos ou PowerPoint; ii) imagens ligadas ao patrimônio
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

ou a historiografia de Landi, referências aos objetivos, competências e


habilidades propostos; iii) apresentação de situações-problemas ou
ações manipulativa, pesquisas a serem feitas, discussões, exploração de
conteúdos e fontes históricas e patrimoniais, sistematização de idéias,
questionamentos e outros aspectos, visitas in locu; iv) uso de recursos
didáticos, como: textos, plantas, mapas, régua e compasso, software
Geogebra, internet, programas gráficos (Toondoo); v) recursos
didáticos; vi) textos históricos referentes a temática do patrimônio
histórico de Belém e o conteúdo abordado; vii) proposição das
atividades e o procedimento para a sua realização.
No próximo capítulo descreveremoso processo de formação de
professores de Matemática, materializado no curso de extensão
planejado, conforme mencionamos neste capítulo, principalmente sobre
os usos da investigação do patrimônio histórico arquitetônico de Belém
com vistas a problematização dos aspectos relacionados às obras
arquitetônicas para o ensinode geometria.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

4.
Patrimônio histórico
arquitetônico e
formação de
professores de
Matemática

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Neste Capítulo descreveremos o processo de formação inicial de


professores de Matemática materializado no curso de extensão
“Investigando e problematizando a arquitetura de Antonio Jose Landi
em busca de abordagens didáticas para o ensino de geometria”. O
referido curso efetivou-se por meio de uma proposta didática
direcionada pelos objetivos estabelecidos em nosso projeto de pesquisa.
Nesse sentido, as ideias expressadas por Garcia (1999) se referem à
necessidade de que o processo de formação seja realizado de modo que
haja um comprometimento dos educadores com os fins da educação,
cujos objetivos devem ser claramente definidos e coletivamente
assumidos por todos os envolvidos no processo formativo, a fim de que
possam ser operadas as mudanças esperadas.
Deste modo, descreveremos as atividades referentes ao
desenvolvimento do curso de extensão e às produções didáticas geradas
durante o desenvolvimento do processo formativo. Taisproduções
didáticas, na forma de atividadespara o ensino de geometria e medidas
foram elaboradas em uma sequência lógica de ensino que procurou
preservar a continuidade no processo de aprendizagem do aluno.
O curso de extensão fez parte de uma das etapas do projeto de
pesquisa denominado Ciência, Arquitetura e Matemática na Amazônia
do século XVII: a partir da demarcação das fronteiras da região,
coordenado por Iran Abreu Mendes, durante o período de fevereiro de
2007 a fevereiro de 2017, e uma das etapas da pesquisa foi
desenvolvida em seu estágio pós-doutoral realizado na UNESP de Rio
Claro durante o ano de 2008.
O curso ocorreu nas dependências do IFPA, com carga horária de
120 h/a, dividido em quatro unidades, com carga horária de 30 horas-
aula cada uma, organizadas da seguinte maneira: 20 h/a presenciais e
mais 10 h/a de atividades orientadas, realizadas nos intervalos das
etapas presenciais. As unidades do curso são as seguintes: I Estudos
exploratóriosdo Patrimônio; II Investigação histórica como proposta
metodológica transversalizante do curso; III Mapeando e explorando o
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

patrimônio histórico-arquitetônico de Belém, a partir das obras de


Antonio José Landi; IV. Elaboração de atividades sobre geometria e
medidas focalizando o patrimônio histórico arquitetônico setecentista
de Belém.
A finalidade central do curso foi contribuir para a formação
inicial do professor de matemática, com incentivo à pesquisa acerca do
patrimônio histórico-arquitetônico setecentista de Belém, de modo a
estabelecer relações entre Matemática e Arquitetura, com enfoque nos
aspectos conceituais, históricos de geometria, concernentes às obras de
Antonio José Landi, a fim de munir os estudantes de licenciatura em
Matemática de instrumentos pedagógicos para o ensino de geometria.
A atividade inicial do curso constou da apresentação do projeto
de curso e do projeto de pesquisa, por meio de slides, com detalhes
sobre o objeto de estudo principal de todo o trabalho: as obras de
Antônio José Landi tomadas como Patrimônio Histórico Arquitetônico
de Belém. No momento seguinte foi feita a apresentação do programa
de Pesquisa do Prof. Dr. Iran Abreu Mendes, intitulado: “Arte, Ciência,
Arquitetura e Matemática na Amazônia do século XVIII: outras
epistemologias para a Matemática escolar”, com base nas atividades da
Comissão demarcadora de limites territoriais entre Portugal e Espanha,
no Norte da América do Sul, a partir do Tratado de Madri, de 1750, um
“Projeto Guarda Chuva” que incluía o projeto de pós-doutorado do
prof. Iran Abreu Mendes e a pesquisa doutoral que originou este
livro.Além disso, foram dadas algumas orientações gerais sobre o
método de trabalho adotado para o curso, o processo de avaliação, a
certificação, um possível cronograma de atividades previstas para as
quatro unidade e a atividade final de cada unidade.

4.1. Da Unidade I: Estudos exploratórios do Patrimônio


A Unidade I foi desenvolvida através de seis ações. Iniciamos
com uma Palestra proferida pelo Prof. Dr. Osvaldo Coimbra sobre
Antonio José Landi e suas obras. Na referida palestra, foram
apresentados diversos aspectos referentes ao Patrimônio Histórico
Arquitetônico de Belém, cuja autoria é atribuída a este arquiteto e cuja
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

importância é singular para nossa proposta didática de ensino de


geometria.
Em seguida promovemos um estudo sobre as conexões existentes
entre Arte Arquitetura e Matemática, no qual discorreremos sobre os
fatos, acontecimentos, concepções filosóficas, políticas, simbologias
que antecederam este estudo, mostramos diversos exemplos que
materializam tais conexões em diversos modelos arquitetônicos
idealizados ao longo da história, que retrataram um tipo de pensamento
dominante.
Posteriormente, ocorreu uma palestra sobre Educação
Patrimonial, proferida Carla Cruz do IPHAN, que discorreu sobre a
importância do patrimônio cultural material e imaterial, histórico,
arquitetônico e natural, de acordo com a Carta patrimonial da Unesco;
quais os escolhidos pelo Circuito Landi para promover uma educação
patrimonial em Belém.
Outra ação realizada na unidade I foram as orientações quanto ao
uso de fontes históricas e suas relações com o estudo; momento em que
apontamos algumas questões básicas sobre como fazer pesquisas com
fontes patrimoniais manuscritas, encontradas em arquivos e bibliotecas,
bem como sobre os procedimentos dos historiadores quando da
realização de uma investigação histórica a esse respeito. Em seguidaos
participantes foram orientados para a realização deum levantamento
bibliográfico e aprofundamento teórico sobre o tema, no qual
mostramos os procedimentos para a realização de uma pesquisa
bibliográfica, a partir de material já elaborado sobre as temáticas
envolvidas neste curso de extensão.
Ao final foi proposta a realização de uma atividade: um
levantamento bibliográfico sobre as obras de Antonio José Landi e
outros temas correlatos, em livros, artigos, dissertações, monografias,
documentos e plantas. Neste momento foram retomados os
esclarecimentos sobre os critérios de avaliação dos participantes do
curso considerando os seguintes critérios: 1) Pontualidade na entrega
dos trabalhos; 2) Organizaçâo dos trabalhos de acordo com as
orientações indicadas; 3) Assiduidade, pois a certificação seriafeitacom
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

basena legislação vigente, que exigia freqüência mínima de 75% de


cada unidade; 4) Participação e empenho nas discussões e nas
atividades realizadas em sala de aula.
A palestra do Prof. Dr. Osvaldo Coimbra abordouas conexões
entre Matemática e Geometria no Patrimônio Arquitetônico de Belém,
para situar osparticipantes do curso sobre o porquê da escolha das obras
de Landi para a pesquisa e para uma exploração didática no ensino de
Geometria. Focalizou aspectos referentes ao construtor das obras do
patrimônio histórico arquitetônico de Belém, Antonio José Landi, tais
como: Quem foi Landi e quais são as suas obras; em que consistia a
comissão de demarcação de limites e a importância de sua obra
arquitetônica para Belém e Amazônia.
Além disso, configurou-se em uma ampliação dos nossos
conhecimentos sobre o tema de Matemática e Geometria, que poderiam
ser desenvolvidos para além do Patrimônio Histórico Arquitetônico de
Belém. Apresentou possíveis temas que poderiam ser exploradas a
partir da Matemática como: a) A Matemática e o Centro histórico como
áreas de estudos interdisciplinares; b) A Matemática e a identidade
cultural do amazônida; c) Matemática nos jogos infantis paraenses; d)
A Matemática como refúgio para quem não aprendeu a não gostar de
Linguagem Verbal.
Em seguida o palestrante apresentou comentários sobre os temas
propostos pelo Fórum Landi para serem explorados como conteúdos
matemáticos: a) Medidas de limites e extensão; b) Comparação dos
sistemas de medição – passado e presente; c) Unidades de medidas não
convencionais; d) Unidades de medidas padrão; e) Formas geométricas
– as mais variadas podem ser encontradas nos prédios históricos; f)
Simetria; g) Análises de volumes (quantas pessoas caberiam nesse
espaço), de ângulos de paredes e aberturas que podem ser feitas com o
uso de réguas, fitas métricas etc., ou mesmo com o corpo, por exemplo,
e também com antigos métodos de medição – palma, braça, pé,
polegada.
Outro aspecto importante nas atividades mediadas pelo Prof.
Coimbra foi seu acervo iconográfico e fotográfico, seu conhecimento
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

dos fatos históricos relevantes sobre a fundação da cidade de Belém,


sobre as obras de engenharia construída na região Norte e adjacências,
e as sugestões que poderiam ser tratadas sobre a temática de
Matemática e Geometria, com um total de 41 (quarenta e um temas).
Igualmente importantes foram as indicações de referências
bibliográficas e locais que poderiam ser utilizados como fontes
documentais para nossa pesquisa.
Com relação ao estudo sobre as conexões entre a Arte,
Arquitetura e a Matemática no Patrimônio Histórico Arquitetônico de
Antonio José Landi, foram apresentados fatos, acontecimentos,
concepções filosóficas, políticas e simbologias existentes no estudo do
patrimônio, as conexões entre Matemática, Arte e Arquitetura, para
esclarecer o significado que cada um desses aspectos têm em suas
respectivas áreas e como podem estar conectadosno desenvolvimento
da abordagem didática proposta no curso, a partir das discussões sobre
o Patrimônio Histórico Arquitetônico de Belém, as influências sofridas
por Landi, os modelos arquitetônicos trazidos por ele, da Academia
Clementina e do estilo neo-barroco, que retratam um tipo de
pensamento dominante no período setecentista em Belém.
Em determinado momento quando foram mencionadas algumas
expressões sobre razão áurea. Imediatamente um participante
perguntou: o que é razão áurea?; o número de ouro?, Naquele
momento utilizamos o quadro branco paraesclarecer o grupo sobre o
assunto. Partimos de uma definição presente nos livros de matemática,
acerca do assunto, e esclarecemos que tal número é muitodiscutido na
arte e na arquitetura para tratardo conceito de beleza e estética.
Esclarecemos, também, que na matemática tal número é tomado para
explicar conceitos relacionados à razão, proporção e simetria, e que os
mesmos sãomuito utilizados na Arquitetura para expressar a beleza, a
harmonia, a estética e o equilíbrio.
Na ocasião exemplificamos relacionandoos conceitos com
diversos aspectos da fachada principal da Igreja de São João Batista,
por meio de imagensapresentadas aos participantes (slides com fotos)
sobre o assunto. A partir desse momento os alunos despertaramparaum
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

novo olhar (matemático) sobre o Patrimônio Histórico Arquitetônico


setecentista de Belém. Nesse momento aprofundamos alguns assuntos
que já haviam sido tratadosanteriormente pelo Professor Coimbra,
como por exemplo as características do estilo arquitetônico presente nas
obras projetadas por Landi e que posteriormente seriam visitadasin
loco, durante o desenvolvimento da Unidade III.
Na sequência das ações planejadas para a unidade, promovemos
uma palestra intitulada O Iphan e a Coordenação da Gestão do
Patrimônio Cultural no Pará, proferida pela técnica em Educação
Patrimonial, Carla Ferreira Cruz, com o objetivo de posicionar
osparticipantes sobre a importância do patrimônio cultural material e
imaterial como fonte de diversidade cultural e garantia de
desenvolvimento sustentável, como forma de desenvolver estudos de
proteção, valorização e divulgação do patrimônio.
Inicialmente a palestrante apresentou a estrutura e organização
do IPHAN, sua composição no mapa do Brasil por meio de legendas de
quantas superintendência e escritórios que existem em sua formação,
qual sua missão institucional, e o trabalho que deveria ser realizado, os
desafios, algumas estratégias utilizadas pelo órgão, o quadro
institucional atual, o quadro do patrimônio tombado no Brasil, por
regiões (temos trinta e sete patrimônios tombados), os sítios
cadastrados, os inventários de referências culturais no Pará; definiu o
que é patrimônio cultural brasileiro e os vários tipos de patrimônio que
existem segundo a classificação do IPHAN.
Ao abordar outros aspectos referentes ao patrimônio, como o
naval, a palestrante apresentou o trabalho realizado a respeito das
embarcaçõesdo Pará, seguindo com uma abordagem concernente ao
patrimônio ferroviário de nossa região eao patrimônio rural,
mencionando que são considerados patrimônios modernos e históricos
no Brasil, e que alguns dos instrumentos de gestão utilizados pelo
IPHAN sãode responsabilidade doCentro Regional de Formação em
Gestão do Patrimônio Cultural, Casas do Patrimônio e Pontos de
Cultura.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Outro aspecto explorado foi o instrumento de Construção das


premissas básicas para as ações educativas em Educação Patrimonial
como a Carta de Nova Olinda; o que é educação patrimonial, seguida
da mostra de uma visita ao site do IPHAN, que contém todos esses
conceitos, mostra de como está sendo desenvolvido o Plano de Ação
para as Cidades Históricas – PACH, os municipios paraenses que
aderiram a esse plano, quais as ações já realizadas e como é feito o seu
financiamento.
Em seguida complementamos as discussões com um documento
discutido e aprovado da convenção para a salvaguarda do patrimônio
cultural imaterial, ocorrida na 32ª sessão da Conferência Geral da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura,
em Paris. Na apresentação, mostramos a diferença do que é patrimônio
cultural imaterial e material, cultural e natural; quais são esses
patrimônios de acordo com a Carta Patrimonial da UNESCO; quais são
tombados e os procedimentos de tombamento; quais os riscos de
deterioração, desaparecimento e destruição de maneira, a preservá-los.
Mostramos,também, de que maneira podemos realizar ações
afirmativas nas escolas para a conservação do patrimônio de maneira
que, ao elaborarem suas abordagens didáticas de ensino de Geometria,
os professores considerem esses conceitos educativos relacionados ao
patrimônio.
Em continuidade da unidade de ensino, promovemos uma sessão
de estudos sobre fontes para o patrimônio cultural como uma
construção permanente. Neste sentido, foi apresentado e discutido um
artigo de Martins (2009), com a finalidade de levantarmos questões
básicas acercados modos dese pesquisar com fontes manuscritas,
encontradas em arquivos, bibliotecas e ambientes similares
arquvísticos. Nesse momento descrevermos algumas dessas fontes,
quando apontamos caminhos e sugerimos possibilidades de uso,
mostrando fontes que deveriam ser utilizadas pelos participantes
quando da realização de uma pesquisa de investigação
histórica,principalmente sobre o uso de fontes patrimoniais e o
entendimento de conceitos norteadores da leitura de tais fontes.
- 79 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

As discussões fundamentaram-se sobre o que são fontes


históricas para o historiador, quais são os principais tipos de fontes:
primárias e secundarias, de maneira a alcançarmos o objetivo da
Unidade I, de desenvolver habilidades necessárias para a realização de
pesquisa bibliográficas e icononográficas para,assim, poder organizar
um banco de informações sobre o assunto e poder tratar tais
informações conforme as questões de pesquisa e os conceitos bases
estabelecidos por cada pesquisador para responder essas questões de
pesquisa.
Além de definirmos o significado de patrimônio e suas
especialidades históricas, culturais, materiais, imateriais. Mostramos,
também, a diversidade de fontes requeridas pelo historiador do
patrimônio cultural e, assim,percorremos historicamente parte da
seleção e utilização das fontes para estudos sobre o patrimônio cultural,
de maneira que os participantescompreendessem que ao realizarem seus
estudos históricos sobre a temática estudada, tivessem conhecimentos
prévios de como realizá-los e daí possam diferenciar entre esses termos
referentes ao patrimônio.
Em outro momento mostramos exemplos de patrimônio cultural
material e imaterial em nossa região, bem como em relação ao
patrimônio histórico artístico nacional e o novo entendimento deste
conceito cinquenta anos depois, passando a ser chamado de patrimônio
cultural, quando da constituição de 1988, que passou a diferenciar
patrimônio cultural e patrimônio natural.
Discutimos, também, quais são as principais fontes de pesquisa
para o patrimônio histórico, quais as instituições fundamentais para a
pesquisa e identificação do patrimônio cultural. Neste caso, são os
acervos oficiais, que são rigorosos em seus registros em todo país. O
importante é que qualquer pesquisa em torno de bens patrimoniais não
pode prescindir da consulta às fontes sob a guarda das repartições
públicas.
Finalizamos tecendo considerações sobre a pluralidade de
memórias existentes e a diversificação das fontes para pesquisa no
patrimônio histórico cultural, que são a ampliação dos objetos, das
- 80 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

temáticas, da linha temporal e da geografia do universo do patrimônio


cultural a despeito da rigidez de alguns limites cronológicos e espaciais
que ainda presidem os atuais estudos, novas perspectivas de análise e
seleção de bens culturais, os quais são estabelecidas novas fontes.
Percebemos que os participantes tiveram oportunidade de
desenvolver habilidades de pesquisa com fontes patrimoniais para,
durante a atividade final,poder identificar os acervos escrito eo filmado,
encontrados em vários locais, a respeito do trabalho de Landi, ocasião
em que fizeram pesquisas em bibliotecas, orgãos governaentais
(IPHAN), no Fórum Landi, sites etc.
Igualmente, apresentamos e discutimos de artigoFontes
Documentais: Uso e Mau uso dos Arquivos, de Bacellar (2008)com o
objetivo de ampliar os conhecimentos teóricos dos participantes a
respeito de como fazer pesquisas bibliográficas e históricas em
documentos, arquivos e outras fontes relacionadas ao tema do
patrimônio histórico e cultural, educação patrimonial, Matemática e
suas relações com o patrimônio arquitetônico setecentista de Belém,
materializado nas obras de Landi, de maneira a constituirmos um
acervo documental de consultasobre esta temática, para os estudos dos
participantes do curso.
Na oportunidade, esclarecemos sobre os tipos de fontes
bibliográficas, os procedimentos de recolha de informações nas fontes,
com vistas ao levantamento de livros, artigos, dissertações, teses,
revistas, imagens, desenhos, ou outros documentos que constituiriam o
referencial teórico de reconhecimento de cada assunto pertinente aos
temas que foram estudados pelos participantes durante a efetivação do
curso e da elaboração das abordagens didáticas previstas por nós.
Posteriormente, esclarecemos alguns aspectos considerados
fundamentais acerca do que seja uma pesquisa, suas finalidades e
características, paraorientar os participantes do cursonos modos de
explorarem adequadamenteas produçõesescritas, ditas ou filmadas
sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates,
que haviam sido transcritas por alguma forma de mídia, quer publicadas
ou gravadas.
- 81 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Com este mesmo objetivo formativo mostramos aos alunos uma


orientaçãopara fichamento de leituras considerando ao principais
elementos de referência bibliográfica que poderiam ser extraídos de
uma publicação, obedecendo a ordem adequada9, conforme interesse de
cada pesquisa.Assim, apresentamos os modos como geralmentesão
constituídososmodos de referências bibliográficas e exemplificamos
para livros, artigos de revistas, jornais e teses, bem como indicamos
onde encontrar as Normas de Referência Bibliográfica, da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Como exercício solicitamos
que osparticipantes fizessem o fichamento de dois livros, de algumas
obras trazidas sobre Landi e outras pertinentes aos trabalhos que seriam
desenvolvidos em estudos posteriores do curso.
Na sequência das atividades de formação comentamos sobre a
realização da atividade final, que se referia ao levantamento
bibliográfico sobre as obras arquitetônicas de Landi e outros temas
relacionados encontrados em livros, artigos, dissertações, monografias,
documentos e plantas, referentes ao tema. Orientamoscomo deveria
seguir cada etapa da atividade, com baseem um manual entregue na
unidade I, e os critérios de avaliação de cada atividade.

4.2.Da unidade II:Investigação histórica como proposta


metodológica transversalizante do curso
A unidade II teve como objetivos construir fundamentos teóricos
para o uso da investigação histórica na formação didática para o ensino
de Matemática e investigar possíveis relações entre Arte, Arquitetura e
Matemática nos estilos arquitetônicos presentes nas obras de Landi,
com vistas a elaboração de atividades de ensino de geometria para

9
Autor (sobrenome, nome); Organizador(se houver); Título e subtítulo (do
livro ou artigo); Título original (quando tradução) ou tradução do título
(quando em idioma pouco difundido); Tradutor, prefaciador, comentador;
Número de edição (a partir da segunda); Local de publicação; Editora; Ano de
publicação; Número de páginas ou de volumes (se houver); Indicação de
figuras, tabelas etc; Título da série, número de publicação na série; Indicação
de separata; Indicação de bibliografia e resumos.
- 82 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

usono Ensino Fundamental e Médio, com a participação conjunta dos


participantes do curso. Nesse momento foram utilizadosinstrumentos de
recolha de informações como filmadora e máquina fotográfica, bloco
de anotações, questionários, que culminarma com diversos trabalhos
produzidos e atividades didáticas elaboradas.
Na referida unidade discutirmos aspectos epistemológicos
relacionados ao uso da investigação histórica como uma possibilidade
didática de exploração dos textos históricos ao longo do processo de
formação inicial de professores de Matemática. Para tanto, usamos
como referência algumas sugestões de Mendes (2009b).
Para consulta, apresentamos aos participantes diversos artigos,
monografias e textos sobre o tema do curso, comoArte e Ciência na
Amazônia no século XVIII: algumas contribuições de Joseph Antonio
Landi e João Ângelo Brunelli (Mendes, 2009a); Relações entre arte,
arquitetura e Matemática no patrimônio histórico de Belém (Gil, 2010);
Casa das onze janelas: uma abordagem didática para o ensino de
medidas, razões, proporções e escala no ensino fundamental(Bentes e
Furmigare, 2010); O perfil intelectual e profissional de Antonio José
Landi a partir da sua formação acadêmica na Academia
Clementina(Gil, 2011); A Matemática,na arquitetura de Landi: uma
abordagem de Geometria na capela de São João Batista (Borges e
Gomes, 2010); Ensino de Matemática e Patrimônio Histórico-cultural:
possibilidades didáticas interdisciplinares (Gil e Mendes, 2011);
Educação Matemática e Cultura Amazônica: das matemas indígenas às
ticas e metrias das obras de Landi (Mendes, 2010); A participação de
alguns matemáticos luso-brasileiros nas comissões demarcadoras das
fronteiras brasileiras no século XVIII(Mendes, 2007); O manual do
professor denominado: Circuito Landi -um roteiro pela arquitetura
setecentista na Amazônia(Trindade e Farias, 2006), além do trabalho de
monografia: O processo criativo do arquiteto Antônio José Landi para o
Palácio dos Governadores (Oliveira, 2008).
Para a construção da atividade final de elaboração do jornal,
usamos como referência o artigo Explorando o Jornal: Formas de
utilizar o texto jornalístico em diferentes disciplinas (Queiroz, 1999) e
- 83 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

cópias de alguns jornais impressos já produzidos por alunos de


licenciatura em Matemática do IFPA, em anos anteriores, para o
manuseio dos participantes. Quanto à pesquisa de textos históricos
sobre a vida e obra do Landi usamos como referêncial,
livrosEngenharia militar europeia na Amazônia do século XVIII: as
três décadas de Landi no Gram-Pará (uma pesquisa jornalística), de
Coimbra (2003), e António José Landi (1713 – 1791). Um artista entre
dois continentes, de Mendonça (2003).
Durante a unidade II promovemos uma palestra sobre o livro
Investigação Histórica no Ensino da Matemática, seguidada
discussãodo livro de Mendes (2009b),com foco específico a respeito da
elaboração euso de Projetos de Investigação histórica nas aulas de
Matemática, em queexploramos as diretrizes necessárias para um
trabalho investigatório em História da Matemática na sala de aula; os
modoscomo podemos realizar um projeto de investigação histórica em
sala de aula, para envolver os alunos; quais as recomendações
procedimentais para o professor; vantagens, desvantagens e limitações
do uso da investigação histórica nas aulas de Matemática; como
proceder a avaliação do projeto pelo professor e, algumas sugestões de
tópicos de Matemática que poderiam ser explorados a partir da temática
do patrimônio histórico de Belém.
A principal discussão foi a experiência de Mendes (2009b) na
temática central do curso e as diretrizes necessárias para um trabalho
investigatório histórico na sala de aula, momento em que destacamos a
importância da valorização do recurso à visualização (fotos, imagens,
plantas e outros), pois tais recursos apresentam vantagens como
oportunidadedos estudantes relacionarem diferentes abordagens dadas a
determinado assunto de Matemática em diferentes contextos e épocas,
de modo a fazê-los perceberem o processo de formulação e
reformulação Matemática ao longo da história. Além disso, poderem
valorizar aspectos matemáticos sobre simetrias, propriedades, relações,
conceitos, estilos arquitetônico das obras.

- 84 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Quanto ao modo de realizarem um projeto de investigação


histórica em sala de aula, Mendes (2009, p. 76) orientaque os alunos
devem:
i) Recorrer o máximo possível a modelos e representações
diversas das situações localizadas nos textos históricos
investigados;
ii) Recorrer à argumentação e explicitação de processos de
resolução encontrados na investigação histórica, nomeadamente
na distinção entre o particular e o geral e no papel do
contraexemplo;
iii) Evitar demonstrações pré-estruturadas que não evidenciem o
caráter construtivo enfatizado pelo desenvolvimento histórico
das propriedades, axiomas e teoremas que estão sendo
investigados;
iv) Valorizar sempre a relação entre as componentes intuitiva,
algorítmica e formal na construção das verdades matemáticas
investigadas na história.

Na continuidade da unidadeapresentamos uma sugestão de


atividade de exploração, descoberta e apropriação de informações para
a sala de aula: o jornal como estratégia de investigação para o ensino e
aprendizagem de Matemática. A atividade diz respeito ao uso de
investigação histórica em sala de aula que foi apresentada aos
estudantes como uma sequência de questões a serem realizadas por eles
no momento de suas pesquisas a respeito de Landi e a construção de
suas obras no patrimônio histórico de Belém.
Em seguida, discutimos os aspectos necessários para a realização
da investigação histórica em sala de aula, em termos de objetivos e
metas a serem alcançados, sujeitos da pesquisa,alunos, professores,
escola, turma, nível de ensino, série, idade etc., a importância do
material didático jornal para a aprendizagem dos alunos,
conformeinformamos nasorientações da unidade II, e quais os assuntos
deMatemática relacionados com cada tema a ser investigado.
No que diz respeito às sugestões de conteúdos, propusemos o
desenvolvimento de micro projetos de investigação centrados no
desenvolvimento histórico dos conteúdos matemáticos, sugeridos

- 85 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

nomanual do professor, proposto pelo Fórum Landi. Esclarecemos em


quanto tempo a investigação histórica deveria ser realizada, deixando
claro para os licenciando a necessidade de realizarmos a pesquisa no
mesmo período de abordagem desses conceitos matemáticos na escola,
caso fosse essa a sua opção de aplicar o desenvolvimento do jornal
elaborado por eles. De maneira presencial e virtual, acompanhamosas
atualizações realizadas pelos estudantes, à medida que avançavam no
desenvolvimento do processo investigatório.
Em continuação às atividades de elaboração dojornal como
estratégia de investigação para o ensino e aprendizagem de Matemática,
mostramosas vantagens da elaboração desse tipo de material didático
pelo professor, em cooperação com os alunos, como uma forma de
despertar a curiosidade dos alunos para ainvestigação, além da
aquisição de conhecimento do código da língua escrita e de seu
uso.Segundo Mendes (2009b, p.58), esse processo deve ser realizado de
maneira que favoreça aaprendizagem criativaem Matemática, tendo em
vista a exploração da investigação de situações-problemas que os levem
à compreensão do “quê e do porquê” na matemática investigada.
A partir dessas considerações iniciamos a discussão com os
licenciandos a respeito do planejamento, elaboração, composição e
execução da atividade do jornal no que diz respeito às competências e
habilidades a serem alcançadas. Entretanto, consideramos necessário
promover a leitura e discussão de textos sobre a investigação histórica e
uso do jornal em sala de aula.Além disso, os critérios de avaliação e os
referencias de pesquisa para os participantes, precisarem de orientações
metodológicas para o desenvolvimento da atividade final, que incluía a
elaboração de um jornal. Sugerimos, então,que os participantes
pesquisassem fatos e assuntos relacionando a Arte, a Arquitetura e
Matemática com as obras de Landi, para que durante o curso
realizassem a sua abordagem didática de Geometria.
Para Queiroz (1999, p.6), o uso do jornal contribui para que os
alunos aprendam e façam Matemática, assim como explorem lugares,
características e acontecimentos na história, o que permite que
habilidades matemáticas e de linguagem desenvolvam-se juntas,
- 86 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

enquanto eles lêem, escrevem e conversam sobre as ideias matemáticas


que vão aparecendo ao longo da leitura. Além de ajudar na
familiarização do conteúdo, desperta o interesse pelo tema, desenvolve
o espírito crítico do aluno, de questionamento dos fatos e
acontecimentos ocorridos na sociedade e, por conseguinte, do
conhecimento matemático.
No que diz respeito aos temas que constariam no jornal
sugerimos: a) construção histórica sobre a vida e a obra de Landi; b)
aspectos relacionados ao estilo arquitetônico de Landi a partir dos
ensinamentos adquiridos na Academia Clementina; c) escolha de uma
obra de Landipara descrever seu contexto político, religioso, financeiro,
social, econômico; d) fazer uma problematização inicial sobre os
conteúdos que poderiam ser abordados relacionando os objetos de
estudo selecionados; e) pesquisas as plantas das obras que foram
realizadas por Landi em sites especializados ou no IPHAN, e, caso
necessário, elaboração de desenhos e mapas de localização da obra
escolhida.
Explicamos aos participantes a composição estrutural do jornal:
título, ilustração, se possível, com fotos, charges, desenhos etc.; colunas
(curiosidades, entrevistas, jogos, contextos históricos, biografias,
conceitos históricos, conteúdos de Matemática, problemas históricos,
desafios, aplicações, propagandas, editorial etc.), com o apoio de
outros jornais anteriormente construídos por meus alunos de turmas
anteriores da Licenciatura em Matemática.Posteriormentefoi feita a
socialização dos jornais na turma, com a apresentação de cada jornal
elaborado, pelas duplas, a fim de mostrar uma panorâmica do que foi
pesquisado de maneira que todos trocassem ideias sobre a experiência
vivenciada, bem como se retroalimentassem com novas ideias e, no
prazo final estipulado, entregassem a versão final do jornal.
Podemos considerar, portanto que os exercícios de investigação
em sala,focalizando o referencial teórico investigado na unidade I, foi
materializado nas atividades praticadas e nas criações de novas
atividades pelos participantes do curso. Neste sentido, foi importante
disponibilizarmos ideias, sugestões e referências para os estudos, com a
- 87 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

indicação e manuseio de bibliografias, revistas, filmes, entre outros


meios de obtenção de informação para a pesquisa dos estudantes
durante o exercício investigatório histórico e nas elaborações de
materiais didáticos e atividades.
Em outro momento estimulamos a manipulação de vários tipos
de jornais, revistas, boletins informativos, pelos participantes, de
maneira que percebessem e descrevessem um sentido denotativo de um
jornal e assim formulassem um conceito próprio para o seu material, de
modo a evidenciar a aquisição de conhecimento sobre como se
elaboram jornais e revistas, sua divisão em cadernos, seções, colunas,
indicativos relacionados por suas características visuais – símbolos,
logotipos, diagramação, aspecto gráfico da página, etc.A partir desse
momento conceituamos seus elementos e sistematizamos os temas que
poderiam ser tratados em cadernos e seções.Por fim, orientamos para
que reconhecessem os tipos de assuntos que poderiam ser trabalhados
nos jornais deles.
Com relação à elaboração de projetos de investigação histórica a
partir dos temas focalizados nasunidade I e II é possível destacarmos
que essa etapa se desenvolveu em dois momentos. No primeiro
momento orientamos os alunos para a elaboração de seus projetos de
investigação, delineando os aspectos relevantes que poderiam ser
investigados como: seus objetivos de estudo, o referencial teórico
adotado, a escolha da obra arquitetônica a ser explorada, a turma, a
série, o nível de ensino, o conteúdo de geometria a ser abordado, as
atividades de geometria propostasa partir do patrimônio histórico
investigado, o lócus da pesquisa de cada um, o método a ser utilizado, o
público alvo, a avaliação a ser feita, o cronograma e
etc,conformepropostas por Mendes(2009).
No segundo momento, instruímos a elaboração de um projeto de
investigação histórica pelos alunos como sua atividade final do curso e
que poderia ser ampliada como seu trabalho de conclusão de curso,
caso tivessem interesse. Discutimos a elaboração de uma atividade de
observação, exploração, descoberta e aptidão tendo como norteador os
temas discutidos na unidade anterior e o jornal por eles elaborados
- 88 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

considerando a possibilidade de sua execução a partir da exploração do


ambiente arquitetônico patrimonial e da obra escolhida.
Deixamos bem claro o que seria avaliado, durante a socialização
dos trabalhos na turma, de modo que as duplas soubessem e se
preparassem adequadamente para a apresentação e pedimos que eles
trouxessem cópias para socialização do jornal com a turma. Ou, no caso
do professor (via projeto investigatório) que distribuíssem os jornais
com os alunos para a realização das atividades pelos mesmos. Além de
distribuirmos nas outras turmas e divulgá-lo nos murais e eventos da
escola.
Usamos o tempo restante para os alunos realizarem suas
pesquisas, montarem o layout do jornal, escolherem o título,
pesquisarem na internet e enfim, elaborarem seu jornal a partir do
material apresentado. Para tanto utilizamos o laboratório de
informática, que serviu de apoio para planejarem e executarem o jornal.
Aproveitamos o momento para tirar dúvidas e sugerir mudanças e
melhorias na atividade.
A socialização dos jornais elaborados pelos participantesteve
como objetivo promover um encontro de troca de experiências e
discussões entre os participantes de maneira a subsidiar a ampliação de
informações sobre a temática do Patrimônio Histórico Arquitetônico
setecentista de Belém e contribuirpara a preparação dos seus projetos
de investigação histórica de uso do jornal na escola, caso fosse interesse
de algum participante. Nesse momento tivemos a apresentaçãode cinco
versões iniciais do jornal e dois pré-projetos.A primeira dupla
apresentou o jornal O Cururu, com foco na temática Medidas não
convencionais nas obras de Landi na Casa das Onze Janelas.Em sua
versão final o jornal recebeu o nome de Matemática Transversal.A
segunda dupla exibiu o jornal intitulado Patrimat, com a temática
Padrões Geométricos nos Mosaicos do Palácio do Governador Antonio
Lemos, que permaneceu com o mesmo nome em sua versão final.A
terceira dupla apresentou o jornal denominado The Newspaper Ama:
Arte, Matemática e Arquitetura, cuja temática foi Octógono da Igreja
de São João Batista. A quarta dupla socializou o jornal Ler-O- Landi,
- 89 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

cujo tema foiA Simetria no Patrimônio Histórico de Belém, e o projeto


de uso do jornal intitulado Simetria na Casa das Onze Janelas (na
versão final permaneceu com o mesmo título). A quinta dupla
apresentou o jornal denominado O Patrilandi,com a temática
AImportância das Figuras Geométricas e da Simetria Existente na
Igreja de Santo Alexandre. Este projeto também foi ponto de partida
para a elaboração do trabalho de conclusão de curso da dupla.
Encerramos a unidade II reforçando junto aos participantes, a
necessidade de alguns ajustes nos jornais socializados para que todos
ampliassem seu nível de criatividade, conteúdos e métodos de ensino de
geometria abordados, de acordo com o objetivos de cada trabalhos
elaborado.

4.3. Da unidade III- mapeando e explorando o patrimônio histórico-


arquitetônico de Belém, a partir das obras de Antonio José Landi
Nesta unidade realizada no IFPA utilizamos os instrumentos de
recolha de informações tais como: diário de campo, filmagem, fotos e
questionários, a fim de construir fundamentos teóricos para o uso da
investigação histórica como subsídio para a formação didática no
ensino de Geometria em suas conexões com aArte ea Arquitetura, nos
estilos arquitetônicos.
Na mesmo período estabelecemos contato com a Professora. Dra.
Maria Goretti Tavares coordenadora do projeto “Roteiro Geo-Turístico
na Cidade Velha, realizado pelo Grupo de Pesquisa GGEOTUR/UFPA,
do qual participamos do referido roteiro e, aproveitamos a ocasião para
convidá-la a ministrar uma palestra na unidade III do nosso curso. O
roteiro focou nas ruas da Cidade Velha, local em que está localizado
parte do Patrimônio Histórico Arquitetônico de Belém, construído por
Landi e constituiu-se um momento importante para que fizéssemos
comparação com a proposta de roteiro proposto pelo Circuito de Visitas
realizado pelo Fórum Landi e sugeríssemos aos participantes do curso
outras formas de realizar esta atividade.

- 90 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

No mesmo período, estabelecemos, também, um contato com os


componentes do Fórum Landi10e obtivemos acesso a sua biblioteca
setorial, momento em queampliamos nosso banco deinformações sobre
Landi) e ao manual do professor Circuito Landi: um roteiro pela
arquitetura setecentista na Amazônia e suas autoras Professora Mestra
Elna Maria Trindade Handersen e Professora Especialista Maria Beatriz
Faria,autora de um projeto de educaçação patrimonial chancelado pelo
Fórum Landi. O contato com as pesquisadoras foi importante porque
convidamos a professora Elna para dar uma palestra sobre o estilo
arquitetônico de Antonio José Landi na unidade III, uma vez que sua
dissertação de mestrado desenvolveu-se sobre esta temática e
aproveitamos para explorar um pouco sobre as instruções contidas no
Manual do Professor.
Além desses primeiros contatos, o momento também foi para
dialogar com arquitetos/pesquisadores da obra de Landi, o que
possibilitou a realização do Circuito de Visitas realizado pela equipe de
professores e guia turístico treinados do Fórum Landi com os
participantes do nosso Curso de Extensão. Após esses contatos, o Curso
prosseguiu com a Unidade III, na qual efetivamos estudos sobre
unidades de medida não convencionais e padrão na arquitetura
investigada, com a finalidade de oportunizar que os participantes
conhecessem algumas formas não convencionais de medir
comprimentos e,daí, utilizá-los em uma atividade relacionada à
exploração do Patrimônio Histórico e Arquitetônico setecentista de
Belém.
Nessa etapa do trabalho exploramoso texto intituladoUnidades
de medidas convencionais e não convencionais os aspectos destas
unidades de medidas, encontrados no recorte do texto histórico A
chegada de Landi em Belém e a primeira estada na Amazônia (1753-

10
Situado na Rua Siqueira Mendes, no bairro da Cidade Velha, em Belém,
Coordenador Professor Flávio Sidrin Nassar. O Fórum é um local de pesquisa
sobre a vida, a obra, os documentos deste importante arquiteto, conta com uma
Biblioteca Digital e passou a ser um local de intercâmbio de pesquisadores de
Portugal, Itália, Brasil que realizam pesquisa sobre o arquiteto Landi.
- 91 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

1759), retirado do livro de Mendonça (2003). O texto aborda aspectos


da chegada do arquiteto em Belém, integrando a comissão de
demarcação dos limites entre Portugal e Espanha. Fizemos um recorte
da situação vivenciada por Landi na Comissão e elaboramos algumas
situações-problemas e relacionamos esse momento com a história dos
antigos pesos e medidas desde a Pré-história até o século XIX,
apontando os motivos e interesses econômicos, sociais e políticos pelos
quais foi se tornando necessária uma padronização, em nível nacional e
internacional, dessas medidas.
A seguir apresentamos o texto, incluindo o conteúdo
matemático e as atividades propostas e utilizadas no curso, com
questionamentos apresentados aos alunos sobre a habilidade de medir,
momento em que solicitamos que retirassem exemplos de cinco
números e explicassem o que representavam, após apresentarmos o
significado de algumas palavras retiradas do texto. Em seguida
solicitamos que pesquisassem o significado das palavras que
representavam unidades de medida no texto.

- 92 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Unidades de medidas convencionais e não convencionais

A comparação de grandezas de mesma natureza que dão origem à


idéia de medida é muito antiga. Afinal, tudo o que é descoberto na natureza
é de alguma forma medido. Assim, ao longo do tempo usamos partes do
corpo (palmos, pés, polegadas) para construirmos competências
relacionadas à estratégia de medir, porque permite reconstruir
historicamente os aspectos curiosos em que em determinadas civilizações
as medidas do corpo do rei eram tomadas como padrão.
Verificamos que em certas aplicações usamos medidas de formas
convencionais e em outras situações medidas não convencionais. Para
certas aplicações, foram utilizadas medidas que com o tempo tornaram-se
convencionais. A velocidade, o tempo, a massa, são exemplos de medidas
convencionais Quando usamos unidades de medida não convencionais,
como por exemplo, usar um lápis como unidade de comprimento, ou um
azulejo, como unidade de área, para fazer comparações de medidas. Neste
estudo pretendemos objetivamente.
1. Criar uma situação de aprendizagem que auxilie o aluno na
compreensão da necessidade da padronização das unidades para
medir;
2. Conhecer algumas formas não convencionais para medir
comprimentos, massas, volumes e etc;
3. Fazer medições de comprimento que usem instrumentos de medida
não convencionais;
4. Fazer um estudo histórico sobre as principais unidades de medidas
usadas ao longo do tempo que eram não convencionais e se
tornaram convencionais.

No texto a seguir, retirado do livro “Antonio José Landi” (1713-


1791): Um Artista entre dois Continentes, de Mendonça (2003) retiramos
alguns trechos sobre a chegada desse famoso arquiteto em Belém do Pará
integrando a comissão de demarcação dos limites entre Portugal e Espanha
e adaptamos para a atividade proposta.

- 93 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

A chegada de Antonio José Landi em Belém e a primeiraestada na


Amazônia (1753-1759)

Figura 1– Prospecto poente da cidade de Belém do Grão-Pará feito por João


AndréSchwebel em 1753.
Fonte: Fórum Landi-Biblioteca digitalDisponível
em:<http://www.forumlandi.com.br>. Acesso em: 12 fev. de 2012.

Quando a comissão de demarcação de limites territoriais chegou em 13


de janeiro de 1750, Portugal e Espanha já tinham se entendido sobre o Tratado
dos limites na América do Sul – Tratado de Madrid –que davam posse efetiva
de terras ocupadas muito além dos limites fixados pelo Tratado de Tordesilhas
uma questão prática fundamental ficou latente: Como executar o que fora
negociado? A justificativa para este questionamento é que nem Portugal e nem
Espanha tinham mão de obra especializada de geógrafos, astrônomos,
engenheiros, desenhadores, matemáticos habilitados para realizar a
demarcação das fronteiras. A solução encontrada foi contratar pessoas do
estrangeiro para realizar a tarefa, as Universidades italianas tinham condições
de fornecer esse pessoal. Foi encarregado de recrutar esses técnicos o padre
João Alvares de Gusmão, a época, irmão do Secretário de D. João V,
Alexandre de Gusmão. A partir dai uma grande história começa a ser
desenhada entre Portugal e Brasil, na imensa Amazônia, em Belém do Pará.
Em 2 de junho de 1753, parte finalmente a comissão de demarcação das
fronteiras para o norte do Brasil, especificamente para Belém do Pará, onde
chegaria a 19 de agosto deste mesmo ano. O astrônomo Brunelli era o membro
mais bem pago do grupo – 800.000 reis por ano -, enquanto Landi recebia
apenas 300.000 por ano réis. (MENDONÇA, 2003, p. 28).
A partida para o interior da Amazônia vai sofrer atrasos relacionados às
dificuldades em se obter índios para remarem as embarcações e os
mantimentos necessários para levarem. A comissão levaria ainda várias caixas
com instrumentos e livros matemáticos e astronômicos, além de papel e tinta.
A expedição foi servida com uma gama variada e completa de instrumentos,
dentre eles: relógios, barômetros, termômetros, quadrantes, teodolitos, níveis,
barras magnéticas e um sector(MENDONÇA, 2003, p. 29).

- 94 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Uma pormenorizada relação dos mantimentos entregues aos técnicos


durante a viagem e em Mariuá mostra bem que os receios várias vezes
expressos de morrerem à fome não tinham quaisquer fundamentos. Cada um
dos membros da expedição recebeu para a viagem vinte e quatro galinhas,
dous patos, dês presuntos, doze patos, três frascos de vinho, dous frascos de
azeite, hum frasco de vinagre, três frascos de aguardente da terra e hum
barril de biscoutos (...) farinha, carne seca e tainhas, a que acresceram
durante o percurso , para cada um, sincoenta e sinco galinhas, hum barril de
vinho, dous frascos de vinho, hum barril de biscoutos, dous leitões, dous
frascos de vinagre, hum frasco de azeite, três frascos de manteiga, huma
arroba de arros, três frascos de aguardente do reino, huma lata de xá, mea
arroba de asucar, outo livras de tabaco, huma mão de papel, hum anzol de
piraiba, dousanzoes de tambaquim, hum arpão de peixe boy, dous arpões de
tartaruga, huma linha de pescar, alem do dosse, frutas, peixe fresco e
tartarugas (...) e hum frasco de pólvora e seis livras de
chumbo.(MENDONÇA, 2003, p. 31).
Um acontecimento veio alterar a opinião de Mendonça Furtado sobre o
carácter de Landi. A 15 de Setembro, este participou numa missão ao rio
Mariué, cujo objetivo primordial era o “descimento” de índios. A expedição
foi mal sucedida, pela cilada armada pelos principais das aldeias, que levaria à
morte de alguns dos membros da missão. A ponderação por ele revelada fê-lo
cair nas boas graças do governador, que o recebeu calorosamente no seu
regresso a Mariuá, convidando-o a cear consigo e enviando-lhe, por um
soldado, um barrilinho de línguas defumadas, de Holanda, com outro de
biscoutos. (MENDONÇA, 2003, p.33).
Durante sua permanência no interior, Landi viu-se envolvido num
incidente desagradável, que deu origem a várias cartas do governador,
preocupado com o seu bem-estar. A 1 de Março de 1757, um dia depois de
regressar de Belém, onde tinha ido tratar de assuntos relacionados com o seu
casamento, foi assaltado pelos soldados da guarnição de Mariuá, descontentes
por terem sido obrigados a pagar, do seu bolso, as fardas e as farinhas para o
seu sustento. Aguardavam que de Belém lhe fosse enviada a retribuição a que
se julgavam com direito e que Landi fosse o seu portador. Roubaram
então1400 e tantos mil réis dizendo que era um principio de pagamento do
soldo que se lhes devia, passando depois a casa do desenhador José Antonio
Landi a roubar-lhe mais de 600$000 réis em gêneros, e dando-lhe em
pagamento um escripto ou consignações para a Fazenda Real. Levaram
também as canoas carregadas de cacau recolhido pelos índios que Landi tinha
a seu serviço (MENDONÇA, 2003, p. 34).

- 95 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

A partir da leitura do texto, vamos realizar algumas atividades. O


texto irá promover uma ampliação de conceitos e possibilitará uma
oportunidade de desenvolvimento de atividades interdisciplinares com
professores de história, geografia e matemática Além disso, por citar
diferentes unidades de medida, é útil para começar um trabalho de
conceituação de medidas e grandezas.
1. Você sabe o que significa medir? Explique esta ação com suas palavras;
2. Retire do texto cinco números e explique o que eles representam;
3. Tudo pode ser medido? Em caso afirmativo, explique o porquê, do
contrário dê um exemplo de algo que não possa ser medido;
4. Retire do texto palavras que são utilizadas para representar unidades de
medida.

Após a apresentação pelos alunos das atividades realizadas, vamos


apresentar o significado de algumas unidades de medidas contidas no texto:

 Frascos: Unidade de medida de capacidade- ou às vezes no Brasil


informalmente chamado de "vidro” é um recipiente, destinado ao
armazenamento e condicionamento desubstâncias em estado gasoso,
líquido ou bifásico (entre sólido e líquido). São de diversos tipos e
tamanhos, mas, usualmente, em forma de peguenas garrafas com ou
sem tampamento. De largo uso em embalagens de produtos
comerciais, como os de higiene e beleza, e laboratoriais. Disponível
em: <http: //pt.m.wikipedia.org/wiki/Frasco> .Acesso em 10 jul.
2013.
 Livras: Unidades de medidas de peso “ libras”- A palavra libra
representa uma unidade de peso romana semelhante a uma libra atual,
e a abreviatura "lb" para a unidade de peso e o símbolo £ (um L
cortado) para a moeda têm, portanto, origem romana. A própria
palavra "libra" vem do Latim libra, "balança": "objeto que serve para
pesar". Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Libra_(massa)>.
Acesso em: 10 jul.2013.
 Arpão: Unidade de medida de pesca -é uma lança utilizada desde a
pré-história para pescar. Em princípio a sua ponta é separável do
corpo quando atinge a presa. Também se utiliza na pesca submarina.
Disponivel em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Arp%C3%A3o>. Acesso
em 10 jul. 2013.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

 Mão: Unidade de medidas de peso - antiga medida de peso que


era usada na Índia. No inicio do sec. XVIII equivale a 24
arráteis. Como medida de capacidade, também na Índia,
corresponde acerca de 12 canadas, podendo, no entanto variar
de local para local. Mão travessa é uma antiga medida de
comprimento equivalente acerca de 0,45 do palmo comum,
cerca de 10cm. Disponível em:
<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/medidas-de-
superficie/medidas-de-superficie.php>Acesso em 10 jul. 2013.
 Reis: Unidade de medida monetária - é o plural do nome das
unidades monetárias de Portugal, do Brasil e de outros países
lusófonos durante certos períodos da história (singular: real).
Disponível em: <http: //pt.wikipedia.org/wiki/Réis>.Acesso
em: 10 jul. 2013.
 Arroba: Unidade de medida convencional - do arabe ‫;ال ربع‬
"ar-rub", a quarta parte) é uma antiga unidade de medida de
massa usada em Portugal e no Brasil; de massa e volume
usadana Espanha e na América Latina;e de massa do sistema
imperial de medidas.Disponível em: <http:
//pt.wikipedia.org/wiki/Arroba> . Acesso em: 10 de jul. 2013.

5. Agora vamos fazer uma pesquisa sobre as unidades de medida


encontradas no textoe suas origens. A pesquisa pode ser feita
na biblioteca ou na Internet.

Em uma segunda parte passamos a discutir sobre o uso de


medidas antropométricas, no Texto 2: O corpo humano como
instrumento de medidas baseadas em partes do corpo humano, que
possivelmente foram empregadas por Landi quando de sua vinda para
Belém e que, posteriormente, foram usadas na elaboração das plantas
das obras por ele edificadas (disponível no site do Fórum Landi). Esta
atividade foi denominada de O Corpo Humano como Instrumento de
Medida.

O Corpo Humano como instrumento de medida


As medidas antropométricas, ou seja, baseadas em partes do corpo
humano, foram utilizadas por muito tempo para calcular comprimentos. O
padrão de referência era o próprio corpo. Usar as mãos, pés, dedos, a medida
- 97 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

dos braços abertos, era um facilitador, já que não era necessário carregar um
padrão.
O pé, como medida linear, foi utilizado por diversos povos, sendo
encontrados padrões que variam entre 10 e 12 polegadas ou, ainda, 16 dedos.
O padrão mais antigo dessa medida foi encontrado na cidade de Lagash,
Suméria, representado na estátua de Gudea, datada de 2050
a.C.,aproximadamente. No regaço da estátua existe uma régua equivalente à
medida de um pé, dividida em 16 partes (ou dedos) tendo um comprimento de
cerca de 26 centímetros. Gudea foi governador de Lagash no períodode 2144
a. C. a 2124 a.C (LEON, 2006).
No artigo de Isabel Meyer Godinho denominado Landi: Desenhador e
Gravador ela faz um descrição das atividades desenvolvidas por Antonio José
Landi em Bolonha, seu nome é associado à sua atividade de desenhador e
gravador dos mais importantes edifícios construídos nessa cidade, durante o
cinquecento e o seiscentos, reunidos no álbum conhecido como “Racolta di
alcune facciate di palazzi e cortili de piu’ riguarderdi di Bologna. Neste álbum
há uma descrição de algumas obras que estão contidas dos principais palácios
e portas dessa cidade. A seguir mostraremos uma dessas descrições segundo
Mendonça (2003, p.112-113).

Uma portada antecede a obra, figurando uma estrutura retabular


de três corpos rematados por frontões, o central enquadrando a
pedra de armas do Senador Orsi; duas figuras femininas
alegóricas, segurando instrumentos alusivos à arquitectura,
ladeiam a composição. Seguem-se 30 gravuras numeradas, de
grande formato e diferentes dimensões (entre 276x441mm e
184x291mm) com representações de fachadas e pátios de
edifícioscivis e religiosos de Bolonha –alguns dos palácios das
famílias senatoriais da cidade (Lambertini, Orsi, Bentivoglio,
Malvezi, Caprara, Pepoli, Isolani, Bargellini, Marescalchi, dei
Banchi, Magnani, Poggi), o palácio episcopal, o edifício da
Zecca ( A Casa da Moeda) e os Mosteiros de S.Procolo e
S.Giovanni in Monte – três das portas da muralha que então
ainda circundava a cidade de Bolonha (Sant’Isaia ou Porta Pia,
Galiera e Leme) e ainda a Fontana Vecchia, um fontanário
adossado ao edifício do Palazzo Publico. Todas as gravuras são
acompanhadas por uma escala em Pés de Bolonha.

- 98 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Verificamos neste texto que Antonio José Landi usava uma medida
para realizar suas gravuras, você sabe dizer qual é?

1. Faça uma pesquisa sobre essa unidade de medida e procure fazer uma
conversão para o nosso sistema métrico decimal;
2. Agora vamos realizar uma pesquisa sobre quais são as unidades de
medida referentes a partes do corpo e suas origens. A pesquisa pode
ser feita usando como referência o texto: Dos antigos pesos e Medidas
ao Sistema Métrico Decimal, de Elenice de Souza Londron Zuin ou
na Internet;
3. Vamos procurarestabelecer um sistema de múltiplos com as unidades
de medidas a partir do corpo humano.(Vamos nos basear nas medidas
de uma ou mais pessoas – para estabelecer uma medida padrão de
polegada, o cúbito, o pé, a braça e a jarda). A partir das pesquisas
sobre os aspectos históricos realizados pelos alunos e baseando-se na
(s) medida (s) da(s) pessoas.É possível estabelecer algumas relações
de equivalência, a saber:i)Entre o pé e a polegada;ii) Entre o cúbito e
a polegada;iii) Entre o cúbito e o pé;iv)Entre a jarda e a polegada;
deverão medir;
4. Leve os estudantes para a quadra de esportes da escola. Solicite que
mantenham os mesmos grupos da sala de aula. Os estudantes deverão
medir, com seu próprio corpo, a largura da trave do gol e a distância
da marca do pênalti até o gol. Faça-os perceber que devemos sempre
escolher a unidade de medida mais apropriada. Em vez de usar o
palmo para medir a distância entre a marca de pênalti e o gol, faça-os
concluir que utilizar os pés ou passos será bem mais fácil;
5. Durante a visita ao Centro histórico de Belém que tal realizar
medições utilizando: palmo, pés, braço, etc. Use sua criatividade para
elaborar algumas propostas que poderão ser realizadas pelos alunos.
Nessas atividades procure relacionar fatos históricos, relativos ao
patrimônio escolhido e as atividades propostas;
6. Ao final, debata com os estudantes o porquê o uso de partes do corpo
não é a melhor opção para realizar medições. Procure incentivar a
necessidade de se estabelecer padrões de medição. É o que veremos
na próxima unidade.

Com anteriormente, propusemos aos participantes que fizessem


medições de comprimento com o uso de instrumentos de medida não
convencionais e as relacionassem com o contexto vivenciado por Landi
e a evolução histórica dos pesos e medidas utilizados em Portugal e

- 99 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

trazidos para Belém pela Comissão de Demarcação de Limites entre


Brasil e Portugal. Solicitamos inicialmente uma pesquisa sobre essa
unidade de medida e fizemos uma conversão para o nosso sistema
métrico decimal. Em um segundo momento, demandamos uma
pesquisa sobre as unidades de medida referentes a partes do corpo e
suas origens. Recomendamos como referência otrabalho de Zuin (2009)
e alguns sites da Internet. Em seguida, sugerimos algumas atividades a
serem realizada com os alunos na escola para que os alunos usassem as
unidades de medidas do corpo na prática.
Além disso, propusemos duas abordagens que poderiam ser
realizadas pelos licenciandos no possível momento de realização de um
Circuito de visita ao Patrimônio Histórico e Arquitetônico da Cidade
Velha, em Belém.
A palestra intituladaO Estilo Arquitetônico de Antônio José
Landi presente em suas Obras, foi ministrada pela pesquisadora Elna
Maria Handersen Trindade (Faculdade de Arquitetura/ UFPA), uma das
autoras do Manual do Professor do Fórum Landi que acrescentou
informações e explicações sobre o referencial teórico das atividades do
nosso Curso. A palestrante discorreu sobre a influência dos italianos na
arquitetura do Pará, na figura de Antonio José Landi, mostrando
aspectos sobre a provável data de nascimento de Landi, sua formação e
orientadores na Academia Clementina, suas habilidades e um panorama
de sua obra na Itália e Portugal, razões da contratação do arquiteto para
Comissão de Demarcação de Limites Territoriais de 1753,
acontecimentos de sua sua permanência de três anos em Portugal, sua
chegada em Belém como membro da comissão de demarcação, o
principal projeto religioso que realizou no interior do Estado do Pará,
os principais projetos civis e religiosos realizados depois da sua
permanência em Belém, outras áreas de atuação; a importância de
Landi para a urbanização de Belém, principais obras, influências
estilísticas e principais características do seu estilo em três obras: Igreja
de São João Batista (projeto religioso original), Igreja de Santana
(projetada e construída por ele) e o Palácio Antonio Lemos (construção
civil por ele realizada, na qual elaborou três projetos originais).
- 100 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Na ocasião a palestrante apresentou um acervo de imagens em


que se pudemo fazer comparações entre os elementos estilísticos por
ela apontados e imagens feitas no local. Os participantes aprenderam
vários vocábulos referentes ao estilo arquitetonico de Landi e o seu
significado e aprenderam a identificar esses elementos presentes na
obra, além de conhecerem várias orientações sobre a proposta da
professora sobre Educação Patrimonial e receberem indicação de
bibliografias, plantas e imagens contidas no acervo da Biblioteca
Digital e setorial do Fórum Landi. Os participantes fizeram vários
questionamentos e avaliaram positivamente as contribuições da
palestra.
Outra palestra também importânte foi sobre Como Elaborar um
Mapa para um Roteiro Geo-turístico, ministrada pela Profa. Dra. Maria
Goreti Tavares11.Inicialmente palestrante apresentou oprojeto
GGEOTUR, seus objetivos e justificativa, os resultados pretendidos e
alcançados. A apresentação foi importante para o curso, principalmente,
por ter mostradoo métodolo de elaboração de um roteiro geo-turístico
contendolevantamento bibliográfico, documental e iconográfico sobre o
processo de ocupação espacial do centro histórico de Belém,a
realização de oficinas pedagógicas voltadas às práticas de turismo
histórico, cultural e patrimonial nos infocentros,entrevistas não-
diretivas com os agentes sociais presentes no bairro, associação de
moradores e representante do Fórum Landi (UFPA), sistematização das
informações e elaboração dos roteiros geo-turístico e elaboração de
mapas para os roteiros geo-turístico.
Em seguida um mestrando (participante do projeto de Roteiros
Geo-Turístico) mostrou como elaborar um mapa para um roteiro geo-
turístico, com detalhamentos sobre o que constituíam a Cartografia e o

11
Professora de Geografia e Cartografia do Departamento de Ciências Sociais e
Aplicadas da UFPA e coordenadora do Projeto: Roteiros Geo-turísticos no
Bairro da Cidade Velha, projeto de extensão do GGEOTUR. Atualmente são
desenvolvidos, além do Roteiro da Cidade Velha,os seguintes roteiros: Roteiro
Geo-turístico do Ver-o-Peso, Roteiro Geo-turístico da Belle Époque e Roteiro
geo-turístico do Bairro da Campina.
- 101 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Mapa mais antigo, as Geotecnologias que são utilizadas hoje na


Cartografia, a importância da Cartografia na elaboração dos roteiros
geo-turístico, os elementos de um Mapa Geo-turístico (título, tipo de
escala, orientações sobre as delimitações e orientações, situação e
localização da área a ser mapeada, tipo de Mapa que deve ser produzido
num roteiro), Mapa Turístico, Mapa do Roteiro da Cidade Velha,
aquisição e adoção de um base cartográfica, adequação da escala e
localização dos objetos reais relevantes para um roteiro geo-turístico,
Coleta de Vetores (Pontos e/ou Linhas) com GPS e Vetorização em
Imagem de Satélite Alta Resolução. Na Figura 6 a seguir, há um
registro da apresentação do Mapa Geo-turístico do roteiro da Cidade
Velha elaborado pelo Grupo.
Apalestra foi muito importante, também porter reforçado o
caráter interdisciplinar de atividades como a elaboração um Mapa para
um Roteiro Geo-turístico. Deste modo, ficoubastante evidente a
necessidade de conexões entre a Geografia, a Matemática, a
Informática, a Arte, o Desenho, a História e a Língua Portuguesa, para
o desenvolvimento de habilidades integrativas na aprendizagem
sociocultural na escola, bem como do encaminhamento de processos
comunicacionais presentes em folders, folhetos, cartazes ou similares, o
que reforçou no grupo a necessidade de realizar um roteiro.

- 102 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Figura 3 – Mapa do Roteiro Geo-turistico


ristico elaborado pelo GGEOTUR do
roteiro da Cidade Velha, apresentado na palestra da unidade III..
Fonte: Acervo do grupo GGEOTUR/IFPA.

A realização de estudos
studos sobre Medidas de Limites e Extensão e
Comparação dos Sistemas de Medição (passado e presente), presente) foi
desenvolvida como um subsídio teórico para a realização algumas das
atividades descritas nesta seção utilizamos o livroDos
Dos antigos pesos e
Medidas ao Sistema Métrico Decimal (Zuin,, 2009), no qual a autora
auto faz
uma abordagem histórica geral acerca dos pesos
esos e medidas e, especifica
o caso do Brasil, visando desenvolver no leitor,, estratégias de obtenção
de equivalências entre as medidas antigas e tabelas para efetuar
equivalências entre as unidades de medidas as do sistema utilizado no
Brasil na primeira metade do século XIX e o sistema métrico atual.

- 103 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Dos antigos Pesos e Medidas ao Sistema Métrico Decimal

Vamos organizar informações sobre o Sistema Métrico Decimal a partir


do texto sobre pesos e medidas de Zuin (2009,p.16-30). Em seguida,
realizaremos alguns exercícios de fixação.
1. Você consegue descrever como foram se estabelecendo os pesos e
medidas que vieram para o nosso país?
2. Quais eram as principais unidades de medidas existentes em Portugal
e que eram de responsabilidades do Almocaté Mor?
3. Quais eram as principais Unidades de Peso no tempo de D. Manuel I?
4. Quais eram as principais medidas para volume para secos? E de
volume para líquidos?
5. A partir de 1530, os portugueses iniciaram a colonização do Brasil e
trouxeram os seus padrões de pesos e medidas. Quais eram esses
padrões? E quais as principais unidade de medidas de comprimento?
De massa? De volume?

Você entendeu agora quais eram as principais unidades de medidas


usadas no período em que a Comissão Demarcatória dos Limites de Portugal e
Espanha, veio para Belém do Pará.
1. Nas páginas 55 a 58 do texto sobre pesos e medidas ao Sistema
Métrico Decimal verifique as atividades propostas e procure resolvê-
las e propor novas atividades;
2. Mediante o exposto, sugerimos que você utilize as informações dadas
e os exemplos sugeridos e proponha algumas atividades que poderão
ser realizadas pelos seus alunos durante a Realização do circuito de
visitas guiadas ao centro histórico de Belém do Pará, denominado
“Circuito Landi - Um roteiro pela arquitetura setecentista na
Amazônia”.

Assim, apresentamos as principais modificações ocorridas com


as dominações de territórios no mundo antigo, o sistema de medidas
português e sua utilização no Brasil, a introdução do sistema métrico
decimal entre terras brasileiras; um breve comentário sobre as
operações utilizadas para obtenção das equivalências entre as unidades
de medida no Brasil-Império; as convenções empregadas no período
pós-adoção das medidas decimais. Em seguida, sugerimos atividades a
serem trabalhadas ou adaptadas para a sala de aula.

- 104 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Após a explanação sobre o tema, e durante a discussão,


questionamos os participantes a respeito da organização de informações
sobre o Sistema Métrico Decimal, a partir do referencial adotado.
Descrevemos como foram se estabelecendo os pesos e medidas que
vieram para o nosso país, quais as principais unidades de medidas
existentes em Portugal e que eram de responsabilidades do Almocaté
Mor (a figura e responsável pela guarda do dinheiro do rei), as
principais Unidades de Peso no tempo de D. Manuel I (época em que
Landi estava em Belém), principais medidas para volume para secos, e
volume para líquidos. Esclarecemos que, no ano de 1530, os
portugueses iniciaram a colonização do Brasil e trouxeram os seus
padrões de pesos e medidas. Esses padrões provavelmente foram os
utilizados por Landi para a elaboração dos seus mapas de demarcação
dos limites do Brasil, na região Norte, e também usado para a
elaboração dos seus álbuns e projetos de construção realizada em
Belém.
A exploração das mais variadas Formas Geométricas podem ser
encontradas nos prédios históricos, bem como Simetria e Análises de
volumes. Neste sentido, descrevemos o momento em que apresentamos
as formas geométricas mais variadas possíveis que podiam ser
identificadas nos prédios históricos da arquitetura setecentista presente
nas obras de Landi em Belém. Iniciamos exemplificando que no estilo
arquitetônico podem seridetificadas nas obras de Landi, diversas formas
geométricas simples os compostas (mistas). Como suporte dessa etapa
produzimos o texto Formas Geométricas – as mais variadas podem ser
encontradas nos prédios históricos, Simetria e Análises de Volumes, no
qualapresentamos uma panorâmica dos principais conceitos ligados às
formas geométricas ponto, reta, plano, curvas, polígonos e suas
variações - planas e espaciais -, algumas definições de elementos
presentes nas formas geométricas como ângulos, curvas, elementos dos
arcos, tipos especiais de triângulos, frontões, formas de retábulos,
escadas, fachadas, tipos de plantas de igrejas e etc.A partir dessas
orientações, estabelecemos um paralelo entre os tipos empregados na
Arquitetura usado por Landi e sua relação com as formas geométricas
- 105 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

que podem ser encontradas na Geometria escolar, sempre fazendo a


comparação entre a definição e a imagem.

Formas geométricas – as mais variadas podem ser encontradas nos


prédios históricos construídos por Antonio José Landi
Partindo do principio de que todo conhecimento produzido é
transversalizado pela história que o precede, Mendes (2009b, p.23)
apoia-se nas situações encontradas no conteúdo histórico em suas
diversas manifestações e propõe:

a investigação, representação e formalização dos conceitos


matemáticos pelos estudantes, pois à medida que as informações
históricas são investigadas, interpretadas, experimentadas e
analisadas, as mesmas se incorporam à estrutura cognitiva de
quem a pratica. Dessa maneira, os estudantes iniciam um
processo de elaboração mental e simbólica que favorece a
abstração dos conceitos matemáticos investigados.

Resolvemos escrever este texto, como forma de subsidiar as


atividades geradoras de pesquisa dos alunos, durante a realização da
Unidade III, do Circuito de Visitasa, de maneira que ao visitarem as
obras realizadas por esse arquiteto, conhecessem sobre o estilo
arquitetônico usado em sua obra, e sobre as formas geométricas
contidas em sua arquitetura, a sua linguagem técnica utilizada, para
quando da realização das problematizações em suas abordagens
didáticas para ensino de geometria possam assim relacionar de forma
interdisciplinar esses conhecimentos. A seguir, iniciaremos
contextualizando as influências estilísticas de Antonio José Landi
adquiridos em sua formação na Academia Clementina.
No intuito de sintetizar as orientações estilísticas e tipológicas
que afloram nos documentos e nos trabalhos clementinos da primeira
metade do século XVII, podemos enunciar os seguintes pontos,
segundo Mendonça (1996, p. 84-87):

- 106 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

1. Para sublinhar as características específicas dos desenhos


clementinos, deve-se dizer que, já na apresentação dos trabalhos
feitos se evidencia a importância atribuída à perspectiva dado que o
desenho deveria ser feito “num traço de arquiteto” mas depois
“feito em perspectiva teórica a fim de que se vejam os efeitos,
tanto da luz como de toda a operação”. Por vezes, o candidato
tinha também que desenvolver em perspectiva outro tema de
mesma importância;
2. Os projetos mais significativos eram os que realçavam os
elementos típicos da tradição bolonhesa: a coluna destacada
nos edifícios religiosos, as aberturas nas escadarias, a altura
multiplicada nas grandes salas que se estendem a vários planos.
3. A grandiosidade usual dos projetos acadêmicos alia-se a uma
decoração superabundante. As ordens arquitetônicas
encontram-se assim desenhadas nas suas variantes ornadas,
típicas das cenografias bibienescas. Neste tipo de trabalho a
qualidade gráfica dos estudantes é sempre excelente, mesmo
quando se dedicam a representar o detalhe ornamental previsto
para o escultor. As propostas fazem-se geralmente em volta da
integração das três artes.

A seguir, mostraremos essas características encontradas em duas


das principais obras elaboradas por Antonio José Landi, em Belém do
Pará.

O Palácio dos Governadores (MENDONÇA, 2003, p. 101-106)


Apesar de todas as alterações a que foi submetido, o palácio
preserva ainda na sua planta e volumetria o testemunho da adaptação
dos palácios italianos às necessidades de representação do governo
português no Brasil colonial. A disposição dos quatro corpos em torno
do pátio central é uma solução corrente em Itália desde o século XVI,
nas “ville” e em alguns palácios citadinos, inspirada numa tipologia
proposta por Serlio e muito divulgada em toda a Europa. O mesmo se
pode dizer da compartimentação da fachada principal em três panos,
separados por pilastras, com o pano central destacado.
O recorte dos vãos é, na sua maioria, de inspiração
borrominesca e os capitéis, de perfis extravagantes, em forma de placa
- 107 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

estriada ou com volutass convergentes, repetem soluções utilizadas pelos


dois irmãos Bibiena nos desenhos de cenografia. A inspiração para
alguns desses vãos pode ser encontrada na série de portas e janelas
desenhadas e gravadas porLandi, reunidas num pequeno volume dado à
estampa
pa ainda em Bolonha, sobretudo as de sua invenção e as da
autoria de Francesco Bibiena.
No interior do palácio mereceu um destaque especial o projecto
da escadaria principal e da capela, ocupando dois pisos em altura. Na
ampla casa da escada deLandi recriou ou um espaço de representação
caracteristicamente bolonhês. De lanços duplos divergentes e
convergentes, intercalados por vários patamares intermédios e rodeados
por balaustradas, a escadaria estabelece a ligação entre o átrio e as salas
nobres do primeiro piso, recebendo luz das janelas abertas para a ampla
“loggia” sobre o pátio. Para as paredes e para o tecto, Landi previu
apainelados em estuque. Veremos algumas dessas características
arquitetônicas na Figura 4.

Figura 4: Características arquitetônicas de Antonio José Landi no Palácio dos


Governadores.
Fonte: Acervo de imagens da Profª Elna Trindade

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

A capela de S. João Baptista( MENDONÇA, 2003, p. 142)


Nas imediações do palácio dos governadores foi construída pelo
arquitecto bolonhês, entre 1769 e 1772, a pedido do governador Ataíde
Teive, a capela de S. João Baptista, em substituição de um templo
anterior com a mesma invocação. Na capela de S. João Baptista existem
ainda três composições retabulares pintadas em perspectiva,
recentemente postas a descoberto, as quadraturas tão comuns em
Bolonha, onde nos surgem com frequência, quer constituindo a
composição retabular central, quer completando retábulos realizados
noutros materiais — mármore, estuque e, mais raramente, madeira.
O projecto, mais uma vez oferecido pelo artista a Alexandre
Rodrigues Ferreira, é igualmente conhecido. Constam de uma planta,
do desenho da fachada principal e de dois cortes, um longitudinal e um
transversal ao nível da capela mor, onde é visível uma composição para
pintura de quadratura.
A fachada principal, rematada por frontão triangular, é
enquadrada no piso inferior por pares de colunas adossadas e no piso
superior por duplas pilastras que se prolongam no tímpano do frontão
de remate. A planta é composta pela justaposição de dois quadrados, o
menor dos quais - o da capela mor - se apresenta ladeado por anexos.
Interiormente, a planta da nave é octogonal, coberta por cúpula sulcada
por faixas, que se prolongam em pilastras duplas nas arestas do prisma
octogonal, abaixo do entablamento decorado com tríglifos.
Uma vez mais, Landi repetiu soluções tipológicas quinhentistas,
tanto na planta centralizada como na solução do prolongamento das
faixas da cúpula nas paredes da nave e no esquema formal da fachada,
igualmente presentes na igreja do Colégio Pontifício de Mont’alto, de
Ambrosini. (Figuras 5 e 6).

- 109 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Figura 5: Característicasarquitetônicas de Antonio José Landi encontradas na


Capela de São João Batista
Fonte: Acervo de imagens da Profª Elna Trindade

Figura 6: Características arquitetônicas


quitetônicas de Antonio JoséLandi na Capela de
São João Batista
Fonte:Acervo de imagens da Profª Elna Trindade

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Formas geométricas Encontradas na Arquitetura de Antonio José


Landi
Ao estudarmos as características arquitetônicas encontradas em
suas obras encontraremos diversas figuras geométricas convencionais e
não convencionais que mostraremos a seguir:
As figuras geométricas convencionais podem ser planas ou
espaciais.
As figuras geométricas planas-são aquelas nas quais todos os
seus pontos pertencem ao mesmo plano, como exemplo: ângulos,
curvas, triangulos, quadriláteros, circunferências, polígonos:
Ângulos- são formados por duas semi-retas (lados) de mesma
origem (vértice). A distância entre os lados é chamada de abertura. A
abertura é medida em graus.
Curvas Simples – Há dois tipos de curvas simples, a saber:
Curvas fechadas: são aquelas em que a origem coincide com a
extremidade da linha traçada.Em uma curva fechada simplestambém
podem ser distinguidos os pontos interiores, os pontos exteriores e os
pontos que pertencem à curva.
Curvas abertas: são aquelas em que as extremidades (ou origem
e extremidade) não se tocam. Basicamente, as curvas simples podem
ser côncavas ou convexas(e determinam as figurascôncavase
convexas). Exemplo: A superfície de uma bola de futebol, ou de
qualquer esfera vista por fora, o planeta Terra visto do espaço por
exemplo, ou a abóbadade uma igreja vistos por fora são exemplos de
superfícies convexas. Na Figura 7, a seguir apresentamos um exemplo.

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Figura 7 -Curvas
Curvas convexas da abóbada de aresta no interior da Igreja do
Carmo, Belém/Pará.
Fonte: Acervo da pesquisadora

C
Um frontão é um conjunto arquitetônicode
de forma triangular que
decora normalmente o topo da fachada principal de um edifício,
edifíci sendo
constituído por duas partes essenciais: a cimalha(base)
(base) e as empenas
(dois lados que fecham o triângulo). Provém da arquitetura
itetura clássica
greco-romana
Na arquitetura de Landi podemos encontrar figuras na forma de
frontão que possuem a forma triangular, principalmente em algumas
das fachadas de suas obras, conforme mostraremos na figura 8 e 9.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Figura 8- Foto do frontão da fachada da Igreja


ja de São João Batista, Belém/Pará
Fonte: Acervo da pesquisa

Figura 9: Foto dofrontão triangular da fachada do Palácio Lauro Sodré,


Belém/Pará.
Fonte: Acervo da pesquisa
F
- 113 - d
S
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Circunferência – é o lugar geométrico dos pontos de um plano


equidistantes
istantes de um ponto chamado centro, que está no mesmo plano.
Seus principais elementos são: i) Raio; ii) Flecha; iii) Diâmetro;
iv)Disco; v)Secante; vi) Arco; vii) Corda.
A circunferência pode apresentar os seguintes ângulos:i) Ângulo
central; ii)Ângulo inscrito; iii)Ângulo circunscrito; vi) Ângulo de
segmento.
O ponto de tangencia é o vértice do ângulo.
O círculo é a soma dos pontos da circunferência com os pontos
do disco. É também a porção do plano limitada pela circunferência.
No caso do estilo estilístico
ilístico de Landi temos o interior da Igreja
de São João Batista, que possui a forma de um octógono irregular e
cujas paredes formam entre si ângulos internos, conforme figura 10.

Figura 10 - Foto do interior da Igreja de São João Batista da Capela em forma


octogonal.
Fonte: Acervo da pesquisa

Figuras cônicas12 – são aquelas que resultam do corte ou seção,


em ângulos diversos, de um cone. São a parábola, a circunferência, a
elipse e hipérbole.

12
Estas figuras foram estudadas por Apolônio de Perga(±262
262 – 190 a.C).
Geralmente são estudadas em Geometria Analítica.
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil
13
Arco – é um elemento construtivo em curva que emoldura a
parte superior de um vão (abertura ou passagem) ou reentrância
suportando o peso vertical do muro em que se encontra.
Na matemática os arcos são considerados figuras geométricas,
em que nem todos os pontos pertencem ao mesmo plano e que possuem
volume. ex: cônicas e arcos. O arco: é um elemento construtivo em
curva que emoldura a parte superior de um vão (abertura ou passagem)
ou uma reentrância.
De acordo com a figura 11, os principais componentes de um
arco são
1. Chave: Bloco superior ou aduela de topo que “fecha” ou trava a
estrutura e pode ser decorada. Também designa o ponto de
fecho de uma abóbada onde os arcos que a compõem se
cruzam, geralmente em forma estilizada de flor;
2. Aduela: Bloco em cunha que compõe a zona curva do arco e é
colocada em sentido radial com a face côncava para o interior e
a convexa para o exterior;
3. Extradorso: Face exterior e convexa do arco;
4. Imposta: Bloco superior do pilar que separa o pé-direito do
bloco de onde começa a curva, a aduela de arranque. É sobre a
imposta que assenta esta primeira aduela que tem pelo menos
um dos lados (junta) horizontal;
5. Intradorso: Face interior e côncava do arco;
6. Flecha: Dimensão que se prolonga desde a linha de arranque
(delimitada pela imposta e pela aduela de arranque) até à face
interior da chave. Esta área pode ser tapada dando lugar a um
tímpano;
7. Luz:Vão, largura do arco, geralmente maior que a sua
profundidade. A relação entre a flecha e a luz é geralmente
traduzida numa fracção (ex: 1/2, 1/3, etc.);

13
O termo arco, do latimarcus.
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

8. Contraforte: Muro que suporta a impulsãoo do arco. Caso não


exista uma parede esta impulsão pode ser recolhida por outro
arco lateral e assim sucessivamente (arcada)

Figura 11: Componentes de um arco


Fonte: Disponível em<file:///F:/Geom%C3%A9trica%20-
%20Desenho%20Geom%C3%A9trico%20-%20Arcos.html>.Acesso
Acesso em: 23
jan. 2012
Das diversas aplicações que um arco pode ter, observa-se
observa
principalmente a sua utilização em portas, janelas, pontes,
pontes aquedutos,
como elementos de composição tri-dimensional de abóbadase
abóbadas até em
paredes de retenção ou barragens (onde a pressão se efectua
horizontalmente).Também em formações geológicasnaturais
naturais se podem
encontrar arcos como resultado da erosão.
Mas além da sua função prática de distribuição da carga o arco
possui também uma forte componente decorativa permitindo uma

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

grande variedade formal. É neste sentido estético que o arco se torna


um elemento útil à identificação e classificação dos diversos
movimentos artísticos na arquitetura.
Classificação funcional dos arcos: independentemente da sua
forma o arco pode variar consoante a sua localização e aplicação
funcional. Seguem-sese algumas das variantes por ordem alfabética.
1. Arco cego – surge, e, geralmente, como elemento de relevo da
parede. Sua área é tapada;
2. Arco de descarga – é o arco que recebe e alivia o peso de uma
parede. Situa-se acima de uma platibanda;
3. Arco de escarnação – é o arco construido para servir de auxilio a
outro arco que nãoo pode suportar o peso sobre si exercido;
4. Arco de penetração – é o que resulta da intersecção entre duas
abóbadas de berço;
5. Arco de cruzeiro – é o arco que, na igreja, separa a nave, da
capela mor ou do coro. Exemplo de alguns desses arcos
apresentaremos ainda
inda na Figura 12, apresentada a seguir.

Figura 12: Foto dos arcos geométricos interior da Igreja de São João
Batista.
Fonte: Acervo da pesquisa

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Há varios tipos de arcos, que são usados em projetos


arquitetônicos: ogival, gótico, botante, arco angular, truncado,
poligonal, zig-zag,
zag, redondo, escarzano, eliptico, peraltado, apontado,
carpanel, deprimido, convexo, georgiano, ogival quebrado, agudo,
Tudor espanhol, Tudor inglês, flamígero, multilobado, angelado e
florentino.
Os arcos mais característicos são:
1. Arco abatido ou asa de cesto, sarapanel ou arco rebaixado é
um tipo de arco de forma achatada em que o valor da flechaé
inferior à metade do raio. É composto de três curvas de centros
diferentes. Pode ser aplicado em vários elementos
arquitectónicos e artísticos, como portais, janelas, retábulos,
etc.Surgiu no período do Renascimento. Apresento na Figura
13, um exemplo:

Figura 13: Foto do altar lateral da Igreja de São João Batista


Fonte: Acervo da pesquisa

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

As figuras geométricas espaciais – são aquelas cujos pontos não


pertencem todos ao mesmo plano. São as figuras volumétricas (que
possuem volumes), como exemplo os sólidos geométricos. A primeira
forma que estudaremos da arquitetura é a abóbada. Embora de uso
generalizado no Império Romano, a construção de abóbodas constituiu
cons
o principal problema arquitetônico da Idade Média europeia. O desafio
de construí-las foi um dos fatores
ores que impulsionaram a evolução da
arquitetura ocidental.
Os povos mesopotâmicos foram os primeiros a empregar
abóbodas, que faziam de tijolos. No Egito e na Grécia a cobertura dos
edifícios era feita mediante estruturas horizontais, as arquitraves,
arquitraves mas
entre os cretenses e os micenianos já se encontravam algumas falsas
abóbodas feitas de fileiras contíguas de tijolo e pedra. Os romanos
recuperaram as técnicas originárias dos povos mesopotâmicos,
retomadas depois no Ocidente e também em Bizâncio,Bizâncio de onde se
transmitiram ao mundo islâmico.
O período românico usou principalmente a abóbada de berço, berço
que evoluiu para a aresta e a de cruzeta até chegar à abóbada de ogivas
característica do período gótico. O Renascimento recuperou os valores
estéticos da arte clássica e, com eles, a abóbada de berço. Alguns
principais tipos de abóbadas:
Abóbada de aresta- No contexto da arquitectura,, consiste numa
abóbada (construção que faz de
cobertura côncava voltada para
dentro) formada pela intersecção
de duas abóbadas de berço com a
mesma flecha.. Os seus arcos
mestres limitam um tramo. Um
exemplo de abóbada de aresta,
temos naFigura 14 e 15, a seguir:

Figura 14:Tipo de abóbada de aresta


Fonte: Disponível em:
- 119 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ab%C3%B3bada_de_aresta>.
>.
Acesso em: 23 jan.2012

Figura 15: Foto da abóbada de aresta da Igreja de Nossa Senhora do


Carmo, Belém/Pará.
Fonte: Acervo da pesquisa

Abóbada de berço é uma abóbada construída como umarco contínuo


de volta perfeita. È também chamada deabóbada
abóbada de canudo;
canudo abóbada
cilíndrica; abóbada de canhão. Nas figuras
uras 16 e 17 apresentamos um
exemplo.

Figura 16: Abóbada de berço


Fonte: Disponível em:

- 120 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Single_vault_001.png>Acesso
Acesso em: 23
jan.2012

Figura 17: Foto da abóbada de berço da Igreja da Sé, Belém/Pará


Fonte: Acervo da pesquisa

Abobada de ogiva ou em cruzaria-Uma Uma das principais características


da arquitectura gótica é a aplicação das chamadas abóbadas em cruzaria
(derivadas das abóbadas de aresta, distinguindo - se destas pela
utilização de nervuras diagonais estruturais que suportam o peso e o
descarregam sobre pilares compostos ou polistilos)) e a que pertencem, e
geralmente com elas são identificadas, as abóbadas de ogivas (ou
abóbadas em cruzaria de ogivas) e a abóbada de nervuras (ou abóbada
de nervos). Note-sese que quando se utiliza aqui o termo "ogiva" não nos
referimos aos arcos quebrados ou ogivais, que são, de facto, também
característicos do Gótico, mas aos arcos (quebrados ou não) que, nestas
abóbadas têm a função de aumentar (augere, em latim), ), a resistência e
segurança da estrutura.
Dentro desta tipologia, podemos identificar a abóbada de seis
painéis, resultante de 6 arcos: 2 arcos torais (que se cruzam ao centro) e

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

4 arcos formeiros (que limitam os quatro lados da abóbada). Nas


figuras 18 e 19, a seguir um exemplo.

Figura 18: Abóbada de Ogiva ou cruzaria


Fonte:Disponível em: <http://arteehistoriaepci.blogspot.com.br/2011/06/o
http://arteehistoriaepci.blogspot.com.br/2011/06/o-
estlo-gotico-1-m4.html>.
Acesso em 5 jul. 2013

Figura 19: Foto da abóbada de ogiva do Palácio Lauro Sodré


Fonte: Acervo da pesquisa

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Adro é o nome pelo qual é chamada a área externa, em geral


cercada, das igrejas.. Por extensão, o nome também pode designar, em
arquitectura, aos terrenos margeantes
ntes duma construção. Pode, ainda, ser
usada como sinônimo de períbolo e átrio.Nas igrejas mais antigas é
comum, ainda, a existência de cemitérios,, localizados no adro mas nem
sempre, como por exemplo, nas igrejas modernas não existe mais isso.
Obelisco é um monumento comemorativo
omemorativo típico do Antigo
Egito, formado por um pilar de pedra em forma quadrangular e
alongada, que se afunila ligeiramente em direção à sua parte mais alta.
Os mais antigos eram feitos com uma peça única de pedra, chamado de
monólitos. Normalmente são recobertos por inscrições. Existem em
várias cidades do mundo. Na figura 20,a seguir mostraremos o adro e o
obelisco na Igreja de São João Batista.

Figura 20: Local onde está localizado o adro e o obelisco em homenagem ao


Padre Antonio Vieira, na Igreja de São João Batista, Belém/Pará

Fonte:Acervo da pesquisa
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Um claustro é uma parte da arquitectura de catedrais ou abadias.


Consiste
iste tipicamente em quatro corredores a formar um quadrilátero,
com um jardim no meio. Apresentamos na Figura 21 a seguir,o claustro
do Palácio Lauro Sodré.

Figura 21: Claustro


ustro do Interior do Palácio dos Governadores, Belém/Pa
Fonte: Disponível em:
<http://ufpa.br/forumlandi/ImmaginiLandi/ImmaginiBig/Belem/CattedraleSe/I
MG_8649_PT.html>.
Acesso em 23 jan. 2012

Uma coluna é um elemento arquitetónico destinado a receber as


cargas verticais de uma obra de arquitetura (arco, arquitrave,
arquitrave abóbada)
transmitindo-as
as à fundação. Embora tenha a mesma função de um pilar,
este é geralmente mais robusto e de secção quadrada, (o que poderia
corresponder genericamente ao fuste da coluna).
Consoante o momento histórico (principalmente nas ordens
clássicas) o capitel pode ainda ser subdividido nos seguintes elementos:
1. Equino - (do grego echînos, ouriço). ). Presente no capitel da
ordem dórica é um elemento em forma de almofada sob o
ábaco.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

2. Ábaco (n no esquema) - (do grego abax, quadro, mesa). Placa


quadrada e espessa que remata o capitel.
3. Coluna salomônica, ou coluna torsa, é uma coluna em forma
helicoidal. Na figura 22 apresentamos um esquema de coluna e
um exemplo na arquitetura de Landi.

Figura 22 - Esquema dos componentes de uma coluna


Fonte:Disponível em: <;http://pt.wikipedia.org/wiki/Coluna>
Acesso em 23 jan. 2013

O púlpito é o local dentro de uma igreja onde são proferidas as


leituras da Sagrada Escritura (Epístola, Sequência e Santo Evangelho).
Nas igrejas mais antigas, frequentemente se compõe de uma pequena
varanda que dá para a nave da igreja, localizada no mesmo nível do
coro, mas à frente da igreja, bem à vista da congregação.
Etimologicamente: "pulpeto". Do lat. "pulpitum". Também: Tribuna,
estrado. Local elevado de onde fala um orador, geralmente dentro de
um templo religioso. Apresentamos na figura 23, a seguir:

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Figura 23 - Foto do interior da Igreja da Sé de um dos seus Púlpitos


úlpitos
Fonte:Acervo da pesquisa

A voluta é uma forma em espiral muito comum no reino animal,


que lembra um caramujo.. Há séculos vem sendo utilizada em exemplos
exem
aplicados na geometria,, além de servir como objeto de adorno, no
arremate de capitéis de colunas, modilhões, mísulas e outros.As
utros.As colunas
ornadas por essa forma tem origem no povo jônio, da Grécia antiga. É
também um dos símbolos da arquitetura dos períodos Maneirista e
Barroco. Na figura 24 apresentamos
resentamos este elemento arquitetônico.
Abside- (do latimabsis ou absidis e originariamente do
gregoapsis ou apsidos, que significa arco ou abóbada), ), é a ala de um
edifício (normalmente religioso)) que se projeta para fora de forma
semi-cilíndrica ou poliédrica e em quee o remate superior é geralmente
uma semi-cúpula (planta circular) ou abóbada (planta poligonal). Nas
igrejas orientadas, este anexo é aberto para o interior (capela
capela-mor) no
seguimento do eixo da nave, situando-se se na extremidade Leste. Após o
altar, na área do coro,, este anexo pode ainda acoplar absides menores
(capelas radiantes).
). Figura 25 a ap:resentação esquemática da planta da

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Igreja de São João Batista.Figura 24: Foto do interior da Igreja da Sé de


uma Voluta numa coluna da ordem jónicados seus Púlpitos
Figura 25 - Planta da Igreja de São João Batista
Voluta
encontrad
encontradanuma
coluna da Igreja do
Carmo
A
I
B

Fonte:Disponível em:
<http://ufpa.br/forumlandi/ImmaginiLandi/ImmaginiBig/Belem/ChiesaSanGio
http://ufpa.br/forumlandi/ImmaginiLandi/ImmaginiBig/Belem/ChiesaSanGio
vanniBattista/D-27_PT.html>
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Acesso em: 23 jan. 2012


Atividades Propostas:

1. Na apresentação sobre as formas geométricas foram apresentadas


varias figuras como exemplo, alguns da arquitetura de Landi e
outros usados de outros lugares. Durante o roteiro turístico
procure identificar essas formas nos monumentos
arquitetônicos realizados por Antonio José Landi.
Tirefotografias e substitua no texto pelos exemplos locais;
2. Procure fazer uma relação entre as formas geométricas da
arquitetura com algumas formas geométricas que estudamos na
escola.

Ao final, a partir da realização do Circuito de visita a Cidade


Velha propusemos aos alunos que,durante o roteiro turístico,
observassem e identificassem formas geométricas nos Patrimônios
Arquitetônicos de Landi, usando como referencias as formas
geométricas apresentadas nesta seção. Solicitamos, também,que
registrassem em imagens (fotos ou desenhos) e substituissem no texto
de Formas Geométricas, pelos exemplos locais. Por fim, sugerimos que
estabelecessem uma relação entre as formas geométricas da arquitetura
com algumas formas geométricas que são estudadas na escola.
Em outro momento posterior esclarecemosos procedimentos a
serem adotados durante o Circuito Landi, conforme orientações dadas
na unidade III, além de darmos orientações didáticas sobre os pontos
que deveriam ser observados para a elaboração do relatório do roteiro e
que seria tomado como parte daatividade final da unidade.
Em relação ao circuito de visitas guiadas ao Centro Histórico de
Belém, pelo Circuito Landi: um roteiro pela Arquitetura Setecentista
na Amazônia. O Circuito Landitem uma proposta didático-pedagógica
para educar patrimonialmente os alunos, conhecer a arquitetura
setecentista de Belém e discutir conteúdos interdisciplinares que podem
ser explorados pelos educadores em sala de aula.As visitas foram
organizadas e aconteceram a partir das orientações de segurança,
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

permanência nos prédios históricos e comportamentos durante o


percurso no prédio do Fórum Landi, Praça do Carmo, e prosseguiu com
a entrada no local para assistir um vídeo sobre a vida e obra de Landi e
com a apresentação dos funcionários dessa instuição e das instalações.
O roteiro seguiu-se de visitas aos seguintes locais: Igreja de
Nossa Senhora do Carmo, Igreja de São João Batista, Palácio Antonio
Lemos, Igreja da Sé e Casa das Onze Janelas. Na primeira parada,
fomos apresentados à Igreja Nossa Senhora do Carmo – onde Landi
realizou um projeto de reconstrução por volta de 1760, nos retábulos14
da nave, no transepto15 e nos púlpitos16, construídos a partir dos seus
desenhos.
Nossa segunda parada17 foi a visita à Igreja de São João Batista –
a Igreja atual é a terceira edificação no mesmo local. A primeira
construção data do século XVII, projeto atribuído a Landi, de estilo
barroco, com o interior octogonal, é uma capela encomendada pelo
governador Athaide Teive e iniciada em 1772, com a pintura de
quadratura18 em seu interior também de Landi. Em 1996, passou por
uma restauração de feita pelo IPHAN (Figura 26)

14
Retábulo(do espanholretablo) é uma construção de madeira, de mármore, ou
de outro material, com trabalho manual, que fica por trás e/ou acima do altare
que, normalmente, encerra um ou mais paineis pintados ou em baixo-relevo.
15
Transepto é a parte de um edifício de uma ou mais naves que atravessa
perpendicularmente o seu corpo principal perto do coro e dá ao edifício a sua
planta em cruz.
16
Púlpitoé o local dentro de uma igreja onde são proferidas as leituras da
Bíblia(epístola, sequência e Evangelho). Fonte: www.wikipedia.org/wiki.
17
Na segunda parada do roteiro, visitamos o Palacete Pinho – obra de não
autoria de Landi, mas inclusa no roteiro atendendo ao pedido feito pela maioria
dos alunos presentes, que queriam conhecer o local depois de ter sido
restaurado pelo IPHAN e recém aberto ao público.
18
Quadratura: perspectivapictórico-arquitetural, que incluía as técnicas
arquiteturas que se abriam para o céu.
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Figura 26.Pintura de quadratura no inteiro da Igreja de São João Batista.


Fonte: Acervo da pesquisa.

A terceira visita foi ao Palácio dos Governadores, o atual Museu


do Estado
tado do Pará, Praça D. Pedro II, local criado para ser a residência
dos Governadores do Estado do Pará e considerada a maior obra civil
de Landi. Ele riscou dois projetos que não chegaram a ser realizados;
uma terceira proposta foi finalmente concretizada e edificado no local
das antigas Casas das Residencias.. Foi contruido em 1771, sendo
ocupado somente no ano seguinte; no ano de 1994, o palácio deixa de
ser a sede do poder estadual e, atualmente, abriga o Museu Histórico do
Estado do Pará.
A quarta obra visitada foi a Igreja da Sé, edificação iniciada em
1748. Após algumas interrupções, a obra foi assumida por Antonio
Landi em 1755. Em 1882, a decoração interior ior da igreja sofreu uma
reforma radical, quando foram perdidos alguns traços artísticos da obra
original;
riginal; foi elevada a sede de Arquidiocese em 1906; passou por novas
reformas em 2005 a 2009, sendo entregue pouco antes do Círio de
Nazaré, devido ao papel que assumiu miu para a população, pelo fato de
fazer parte importante do circuito das procissão. Landi trabalhou no
projeto de conclusão da Igreja e de seus anexos, além da fachada com
seu arremate e as duas torres. Para o interior, o artista desenhou os

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

retábulos, o transepto da capela-mor, mor, os púlpitos, o órgão e o


guardavento. De todas essas contribuições es só restaram os retábulos das
capelas laterais da sede.
A última etapa do circuito
ircuito foi a Casa das Onze Janelas construída
no século XVIII, para moradia da uma família de um proprietario de
engenho de açúcar, Domingos da Costa Bacelar. Em 1768, a casa foi fo
adquirida pelo governo do Grão-Pará, Pará, reformada por Landi com o
objetivo de abrigar o Hospital Real. Em 1870, a casa passou a ter
funções militares. Em 2001, os terrenos da casa asa passaram ao poder do
Estado. Reformado pelo projeto Feliz Lusitania, serve de espaço de
lazer e abriga obras de artes contemporâneas. A remodelação das casas
de Domingos da Costa Bacelar e a adaptação das mesmas a Hospital
Real são projetos de Landi. Na Figura 27 mostramos mos detalhes das
janelas da fachada principal do prédio.

Figura 27. Janelas da Fachada Principal da Casa das Onze Janela


Fonte: Acervo da pesquisa

Quanto às propostas
ropostas didáticas de ensino de Geometria,
Geometria em
continuaçãoàs atividades docurso,
urso, convidamos alguns alunos para
socializar a experiência de projeto piloto para o TAC.. Um dos egressos,
e
anteriormente orientados apresentou seu trabalho em forma de oficina
com propostas didáticas de ensino de Geometria a partir da temática do
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Patrimônio Histórico de Belém para professores de Matemática. O


palestrante apresentou um software de efeitos gráficos
áficos que o auxíliou
na confecção
ção do material didático, denominado Toondoo. Ao todo
foram mostradas sete atividades.

Figura28: Atividade 1 encaminhadaaos participantes do curso


Fonte: Acervo da pesquisa

Em seguida, entregamos para os participantes o Mapa do


Circuito Landi realizado pela parte da manhã e sobre cada figura
numerada havia o monumento visitado. Solicitamos que identificassem
os locais assinalados pelos números (Figura29).. Com o clique no
computador mostramos se o alunono tinha acertado ou não o nome do
patrimônio histórico visitado.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Figura 29:: Mapa do roteiro de visitas denominado Circuito Landi


Fonte: Acervo da pesquisa

Em seguida propomos mais uma atividade usando o mapa, de


acordo com o (Figura 30) a seguir:

Figura30: A segunda atividade proposta usando o mapa


Fonte: Acervo da pesquisa

Já com uma cópia do Mapa do Folder Circuito Landi, solicitamos


aos alunos que traçassem, com o lápis ou caneta, o roteiro que fizeram,
colocando detalhes, tais como: nome de ruas,
uas, prédios ou locais de

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

referência, nome das obras visitadas etc.. Esta atividade teve como
objetivo explorar as noções espaciais do aluno de localização de
espaço, interação entre os alunos,
lunos, entre professor e alunos e localização
de coordenadas.
Na atividade 2, abordamos
mos noções de simetria com a finalidade
de introduzir a noção de harmonia, beleza,localizar
beleza,localiza pontos
equidistantes, medir distância entre os pontos simétricos,representarno
simétricos,
plano cartesiano e introduzir a noção de coordenadas. Para a realização
realizaçã
dessa atividade mostramos a planta baixa do Hospital Real (atual Casa
das Onze Janelas) e,, em seguida, conceituamos simetria e mostamos
exemplos encontrados na planta, conformeas figuras 31 e 32, a seguir.

Figura 31: Planta da Casa das Onze Janelas


Fonte: Acervo da pesquisa

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Figura32: Exemplo de simetria marcado na planta usando o Geogebra


Fonte: Acervo da pesquisa

Em seguida, usamos fotocópia das plantas baixa da Igreja de


Santana
ntana e do Palácio dos Governadores e pedimos que, usando régua e
compasso ou o Geogebra, repetissem a atividade.
A atividade 3 solicitou que, usando a fita métrica, fosse
preenchida a tabela. E apresentamos a figura33, a seguir.

Figura 33: Comandos da atividade 3 sobre medidas


Fonte: Acervo da Pesquisa
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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Para sua realização,


o, o professor deveria levar fitas métricas e a
cópia da tabela para a sala de aula, com a finalidade de fazer com que
os alunos medissem uns aos outros, no grupo, registrando as respectivas
medidas na tabela; dividisem cada valor a (altura) por u (umbigo até o
chão) e vice-versa;
versa; comparassem o resultado da divisão de cada aluno,
respondessem a questão se eles haviam encontradoalguma
alguma relação entre
os valores. Feito isso projetamos dois vídeos para aprender mais sobre
esse número e sua história: “Donald no país
aís da Matemática” (parte 1 e
2) e aguardamos os resultados tendo em vista que a atividade 3 seria
introdutória para o conceito do número de ouro.
Em seguida, propusemos que os alunos encontrassem outras
partes do corpo que tenham a Proporção Áurea. Por exemplo, a medida
do comprimento do rosto dividida pelo comprimento da testa; a medida
do cotovelo até as pontas dos dedoscom o braço esticado e a divisão
pelo comprimento do pulso até as pontas do dedo. Em seguida
propusemos a Atividade 4: A partir da observação
ervação que as medidas
variam de pessoa para pessoa, que utilizássemos as variáveis para
encontrar a Razão ou Coeficiente de Proporcionalidade que “rege” a
beleza; em seguida apresentamos uma atividade usando a equação do
segundo grau literal, cujo enunciado, seria: Usando
sando a relação entre o
rosto e o queixo e o queixo e os olhos, que relação teríamos? Esta
relação está melhor explicada no Figura34, a seguir.

Figura34: Relação
R do
número de ouro
encontrada usando
definição de
proporção
Fonte: Acervo da
pesquisa

- 136 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Fazendo de R a incógnita, há o encontro da relação que nos dá o


número de ouro R = - 0, 618...Q ou R = - 𝑄.

A atividade 5 teve o seguinte enunciado: Fazer um Retângulo de
Ouro com régua e compasso de forma a obter o segmento áureo e
construir um retângulo áureo utilizando régua e compasso.Os objetivos
propostos para esta atividade foram de manipular régua e compasso,
reforçar conceitos geométricos e reforçar figuras planas.
A proposta era contruir o número de ouro com régua e compasso,
para isso norteamos a adoção das seguintes orientações:
1 – Obter o segmento áureo:
a) Traçar um segmento AB;
b) Determinar a mediatriz de AB, que corta o segmento no ponto O;
c) A partir de B, levantar uma perpendicular a AB;
d) Com centro em B e raio BO determina-se o ponto C na
perpendicular em B;
e) Traça-se o segmento CA;
f) Com centro em C e raio CB, determina-se D, sobre CA;
g) Com centro em A e raio AD, determina-se E, sobre AB
Finalmente, obtivemos AE , segmento áureo de AE.

A próxima sequência foi a Atividade 6, com a finalidade de


trabalhar com a proporcionalidade, manusear régua e compasso e usar o
software Geogebra. Eexplicitamos que, com o número de ouro, seção
áurea e retângulo de ouro, obtidos na operação anterior, a proposta era
conseguir encontrar tais proporção nas obras do Landi. Na Figura35,
explicamos melhor a resolução do problema.

- 137 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Figura35: Dinâmica da resolução da Atividade 6


Fonte: Acervo da pesquisa

Propusemos, também, encontrar mais retângulos de ouro na


fachada da Igreja de São João Batista, como
omo mostra o Figura36, a
seguir,

Figura36: Outros números de ouro aexplorar na Fachada


Fonte: Acervo da pesquisa

- 138 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Finalmente, a última atividade foi de elaboração de material


didático usando a História em Quadrinhos. A atividade 7 refere-se à
elaboração de uma abordagem didática para contar uma história sobre
Landi, uma obra construída e um problema contextualizando essa
problemática, com subsídios do site www.toondoo.com, programa que
pode ser baixado da internet e que permite elaborar materiais didáticos,
como o que foi usado nesta oficina.
Com relação à atividade final,referente à elaboração de um
relatório sobre as atividades realizadas nesta unidade, tomamos como
ponto de partida as atividades realizadas anteriormente e as
perspectivas investigatórias para o ensino de matemática focado nos
temas discutidos nas unidades já cursadas. A esse respeito, os
participantes apresentaram um relatório,elaborado de acordo com as
orientações contidas no Manual Impresso da unidade III e já discutidas
nas seções anteriores.

4.4. Da Unidade IV:Elaboração de atividades sobre geometria e


medidas focalizando o patrimônio histórico arquitetônico de Belém
O material didático para a Unidade IV foi elaborado por nós,
com abordagens referentes ao número de ouro, adaptado a situações
mais concretas de contextualização usando o Patrimônio Histórico
Arquitetônico de Belém, com a maioria dos exemplos da Igreja de Sâo
João Batista, deixando também à disposição do grupo a exploração de
outra obra nas suas abordagens.
Quanto aos referenciais teóricos utilizados ao longo da Unidade,
apresentamos referências digitalizadas e livros, artigos, plantas entre
outros volumes para manuseio pelos alunos. Finalmente, buscamos
desenvolver atividades que contemplassem as ações de Educação
Patrimonial propostas de Horta (1999) de observação, exploração,
descoberta, aptidão e de investigação histórica no ensino de
Matemática; as propostas de Mendes (2009) e conteúdos que
privilegiassem o ensino de Geometria propostos pelo Fórum Landi
(2006).

- 139 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Iniciamos as atividades da unidade IV com a participação do


Prof. Dr. Iran Abreu Mendes, que apresentou um retrospectiva das
unidades anteriores do Curso, com seus objetivos, para
esclarecerdaimportância de todas as informações produzidas para o
alcance dos objetivos da pesquisa.Após a explanação, o professor
iniciou o primeiraparte prevista para a unidade IV.
Inicialmente esclareceu que se tratava da exploração do
Patrimônio Histórico de Belém como uma abordagem para os alunos do
Ensino Fundamental e Médio. Neste sentido, explanou sobre algumas
formasde explorar o patrimônio histórico, dando exemplos concretos,
com basena exploração geométrica das fachadas propondo que ao
tomarmos a fachada de uma obra arquitetônica podemos prolongar suas
linhas e encontrar diversos ângulos formados para a projeção da obra e
o comprimento da mesma.Apresentououtro exemplo usando a imagem
da fachada da Igreja de São João Batista no qual mostrou os aspectos de
sua triangulação,a partir do artigo O octógono artístico e sagrado na
capela de São João Batista em Belém do Pará, de sua autoria (Mendes,
2012).
Continuando, o Prof. Iran fez vários questionamentos que
orientou sobre como fazer a exploração do Patrimônio Histórico (no
caso a Igreja de São João Batista), como por que determinada forma
geométrica aparece mais numa obra e não na outra; por que as
fachadas têm aspectos triangulares e circulares; que tipo de prédio foi
pensado construir naquela época; que tipo de escola se tinha naquela
época; que tipo de cidade era construída; qual era o estilo de
arquitetura dominante na época?
Neste momento uma aluna fez o seguinte comentário a respeito
do que já tinha sido realizado na Unidade III, no circuito de visitas:
Para aprofundarmos a proposta, juntamente com os outros
participantes do curso de extensão, visitamos as obras, onde
buscávamos os arcos e os principais estilos que o Arquiteto utilizava na
decoração de portas, janelas e pilares nas suas características
deixadas, em cada construção feita. Em suma, fez uma retrospectiva
dos assuntos e atividades estudado até então e o que foi e poderia ser
- 140 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

produzido pelos alunos em termos de produtos do curso pelos


participantes: Referenciais, jornais, relatórios, material pedagógico,
PowerPoint de atividades, cadernos de atividades, pequenos clips,
pôsteres e artigos dentre outros. Após a explanação iniciou o primeiro
tópico proposto para esta unidade de ensino.
Em seguida, os alunos assistiram o filme do Fórum Landi, sobre
sua vida, sua obra e suas realizações na Itália, Portugal e Belém, que
conta aspectos sobre sua chegada em 1750, como membro da Comissão
de Demarcação dos Limities entre Portugal e Espanha o seu objetivo
era relembrar aspectos sobre Antonio José Landi. Teceu comentários
sobre a Igreja das Mercês, Igreja do Rosário dos Pretos, Capela Pombo
e outros.Quanto ao Circuito de Visitas feito pelos alunos, disse que o
ideal erafazer um documentário sobre o roteiro com os aspectos
matemáticos das obras visitadas, pelos alunos ou um videoclipe ou um
PowerPoint com a inclusão de áudio sobrea as obras visitadas.
Neste momento, perguntou aos alunos que conteúdos
matemáticos poderiam ser explorados ao visitar a obra, manifestaram-
se varíos alunos: A primeira aluna respondeu: Formas Geométricas;
mais um aluno disse: Simetria e outra aluna; Unidades de Medidas.
Outra pergunta: Para a pesquisa nesse caso o que era melhor? O
professor fazer a visita e bater foto e depois discutir com os alunos em
sala de aula o conteúdo? Ou ao contrário?.Um aluno se manifestou
fazendo o seguinte comentário: É melhor o professor trabalhar na sala
de aula o conteúdo normal e depois levar o aluno para ver a
obra.Outro aluno disse: Pode ser feito diferente.

O Prof. Iran argumentou queo ideal seria levar o aluno para a


prática e explicar matematicamente como é feita a cerâmica marajoara
(por exemplo) ou dar uma aulade conteúdo e levasse para ver na
prática depois, depende de como cada professor realiza sua aula. Uma
coisa tem que ficar claro, que tanto faz: a Matemática pode ser dada
primeiro ou depois; Numa turma inicial deve ser dado o conteúdo
inicialmente, já numa turma mais adiantada essa não precisa dar o
conteúdo primeiro. Que cada caso era um caso.
- 141 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Essa discussão foi orientada pelo professor a quem aconjugação


da teoria e da prática pode obedecer diferentes organizações: levar o
aluno para a prática e explicar matematicamente como é feito qualquer
elemento da cultura local, como a cerâmica marajoara, por exemplo ou
dar uma aula de conteúdo e levar os alunos para a prática depois. As
opções dependeriam de cada professor, contanto que a Matemática
pudesse ser dada primeiro ou depois - numa turma inicial, o conteúdo
deveria ser dado inicialmente, diferentemente de uma turma mais
adiantada, na qual não é preciso apresentar primeiro o conteúdo.

Continuou explanando sobre a matematização da obra,


reforçando o caráter necessário de busca da matemática contida num
determinado local, no caso do Patrimônio Histórico e Arquitetônco de
Belém, por exemplo, da Igreja de São João Batista. Aqui poder-se-ia
explorar os aspectos matemáticos, tais como: formas geométricas
presentes, tipos de polígonos existentes, medidas dos lados, dos
ângulos, das diagonais, propriedades encontradas, relações matemáticas
descobertas, aspectos simétricos da obra e etc.

No segundo dia, discutimos com os alunos como fazer a


matematização da obra de Antonio José Landi. O Prof. Iran apresentou
aos alunos os resultados de uma pesquisa realizada por vários anos na
área de Matemática e da Simbologia, já exibidos em alguns locais do
país, por meio de imagens do livro Espaçonumerática (Barata, 2005). O
objetivo do livro é fazer a reunião e interligação de várias áreas do
conhecimento, por meio de dois conceitos fundamentais – Espaço e
Número -, que estão na base de uma ciência sagrada que tem servido de
apoio a grandes civilizações do passado e que chegou até nós com o
nome de Geometria Sagrada ou Espaçonumerática (denominação feita
pela autora). Sua importância neste trabalho de matematização é
justamente a busca de explicação de determinados símbolos que são
encontrados na construção de Antonio José Landi, por exemplo, a
presença de plantas de forma octogonal em suas obras.

- 142 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Apresentamos aos alunos o site do Fórum Landi denominado


GiuseppeAntonioLandi: o Bibiena do Equador, dor, no endereço
http://ufpa.br/forumlandi/PT/Crediti.html,, onde são encontradas
informações sobre biografias, atividades, lugares, obras, contextos,
documentos, fotografias e plantas de suas principais
principa obras.
Aproveitamos para explorar aspectos das imagens das plantas da Igreja
de Santana para localizar os seus principais elementos como a nave
central da capela radiante e outros elementos, conforme aparecem na
Figura37 a seguir:

Figura 37 – Plantaa baixa da Igreja de Santana em Belém/Pará


Fonte: http://ufpa.br/forumlandi/PT/Crediti.html

- 143 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Alguns alunos fizeram perguntas tipo: Estes sites estão


disponíveis para serem usados na pesquisa, sem problemas?.O Prof.
Iran respondeu: O Ideal é que vocês coloquem na pesquisa imagens
tiradas durante visitação feita in loco, ao Patrimônio histórico
escolhido, que buscassem conhecer sobre sua história e sobre o estilo
arquitetônico de Landi, além dos aspectos matemáticos da obra para
construir uma história sobre ele.
Em seguida foram entregues duas plantas xerocopiadas para os
alunos, a saber: Planta 1: Planta baixa da Igreja São João Batista; Planta
2: Planta baixa da Casa de Conferências dos Plenipotenciários –
Desenhos de Antonio José Landi doado ao Real Gabinete de História
Natural, cujos originais estão na Biblioteca Nacional, (RJ). No álbum
denominado: Viagem Filosófica às Capitanias do Grão-Pará, Rio
Negro, Mato Grosso e Cuiabá de Alexandre Rodrigues Ferreira são
encontrados desenhos originais coligidos pelo Prof. Dr. Edgard de
Cerqueira Falcão.
Uma aluna questionou: Posso fazer o meu estudo matematizando
o octógono da planta de Landi baseado nos estudos já realizados
anteriormente no meu TCC?. Respondi que: Se for para você fazer um
estudo mais aprofundado e consistente que eu não via problema
nenhum.
Nossa intenção a partir dos exemplos dados era que os alunos
buscassem fazer a matematização das plantas da seguinte maneira:
anotando nos seus caderno cada procedimento e traçado realizado na
planta, conforme Figura 38 e 39 seguintes:

- 144 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Figura 38:: Aluno explorando aspectos matemáticos na planta baixa da Casa de


Conferência dos Plenipotenciários na Unidade IV
Fonte: Acervo da pesquisa.

Figura 39 –Aluno explorando


lorando aspectos matemáticos na planta baixa da Igreja
de São João Batista.
Fonte: Acervo da pesquisa.

- 145 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Ao final, pedimos que os alunos continuassem a fazer ensaios em


casa, para apresentá-los no dia seguinte, de forma a ambientá-los como
atividades e sugerimos um calendário de encontros a serem realizados
após a assessoria Prof. Iran, com a proposta de que os mesmos
elaborassem os estudos feitos, em forma de comunicação científica ou
pôsteres a serem encaminhados para o II EINID do IFPA, no período
de 5 a 7.12.2012.
Propusemos o acompanhanento semanal dos alunos e
apresentamos atividades; caso as propostas tivessem um grau de
aprofundamento e coerência, poderiam ser sujeitos a uma posterior
publicação em um livro. Definimos o mês de Dezembro durante o
EINID para a conclusão e socialização dos trabalhos.

4.5. Apresentação de Atividades Didáticas para o Ensino de Geometria


Centradas na Arquitetura de Landi
Na sequência das atividades da unidade IV, continuamos sem
a presença do Prof. Iran, mostrando um exemplo de problematização
que poderia ser feito usando a construção geométrica para ser traçada
nas plantas que foram dadas no dia anterior.
Iniciamos a Atividade 1, usando régua e compasso para traçar o
segmento 𝐴𝐵 e depois achar a mediatriz do segmento 𝐴𝐵; em seguida,
fizemos algumas explorações matemáticas de uma planta do Patrimônio
Histórico e desenvolvemos um segundo exemplo para mostrar a
utilização do uso da mediatriz do segmento 𝐴𝐵 para achar a simetria
dos objetos.
Na Atividade 2, expusemos o conceito de simetria e
exemplificamos o conceito em objetos e coisas; em seguida, mostramos
exemplos de tipos de simetria encontrados na arquitetura de Landi,
conforme o gráfico dafiguras40 ,41 e 42, a seguir

- 146 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Figura 40: Exemplo de simetria em objetos e coisas


Fonte: Acervo da pesquisa

Figura41: Exemplos de simetria na Arquitetura de Landi


Fonte: Acervo da pesquisa

- 147 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Figura 42: Exemplo de simetria radial na Arquitetura de Landi


Fonte: Acervo da pesquisa

Na atividade 3, introduzimos a discussão sobre o octógono da


Igreja de São João Batista. Fizemos com régua e compasso a
construção do octógono regular e, em seguida, buscamos relações dos
triângulos presentes no octógono, de maneira que, os alunos
observassem
assem como se faz essa construção geométrica do octógono e
suas relações. A seguir mostramos a construção do octógono regular,
usando régua e compasso. Para tanto, usamos uma das plantas da
Capela de São Joâo Batista, encontrada pelos alunos no IPHAN em
forma
rma de octógono; nesta planta, exploramos a parte interna, de onde
retiramos apenas a “nave”, conforme se observa na Figura 43.
As medidas encontradas na planta foram baseados em estudos
matemáticos feitos na planta original de escala 1:50. Solicitamos, então,
e
que, durante a realização da atividade, os alunos tomassem as principais
medidas na planta baixa da Igreja de São João Batista (dada
anteriormente) e constatamos que os lados deste octógono possuem
uma sensível diferença entre as medidas, pressupondoo que o polígono
tenha forma irregular. Vale ressaltar que, em nossos cálculos,
utilizamos como parâmetro as mesmas medidas obtidas durante o

- 148 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

tombamento da Capela de São João Batista, que podem ser


visualizadas, na imagem anterior.

Figura 43: Imagem reduzida da planta original da nave em forma de octógono


da Capela de São Batista.
Fonte: biblioteca do IPHAN em Belém

Durante nossas discussões, pedimos que fosse feita a medida dos


ângulos internos da planta baixa e os alunos encontraram a medida de
135º dos seus ângulos internos e percebemos que, entre nós e os
estudiosos da área, existia uma discordância sobre o fato de este
octógono ser regular ou não, mesmo que nossa pesquisa não objetivasse
esclarecer esse aspecto.
Inicialmente pedi aos alunos traçassem com a régua, lápis e letras
maiúsculas os vértices do octógono encontrado na planta; em seguida,

- 149 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

que traçassem o octógono regular; traçassem todas as diagonais,


(quando verificamos que não ficou satisfatória a forma que pedimos
para os alunos fazerem porque esta não identificava todos os triângulos.
Houve várias manifestações não coincidentes entre os alunos: Trace a
diagonal BC, ou trace a diagonal CF. ou trace as diagonais do retângulo
BCGF e depois trace o raio (unindo o centro da circunferência ao
vértice).
Ao verificar que o resultado encontrado não era o esperado,
mudamos de estratégia, solicitamos que traçassem o centro da
circunferência, em seguida, encontrassem o ponto médio de BC e
depois o de FG. Unindo os vértices até I e traçando as outras
diagonais encontramos os triângulos procurados.
Na Figura 44 a seguir, há o resultado quando construímos o
octógono unindo os vértices, e, posteriormente, traçamos as diagonais
dos vértices opostos, as retas formadas que acabavam não se
interceptando no mesmo ponto (origem), deixando uma mínima
diferença, que demonstra a irregularidade do polígono. Porém,
acreditamos que a diferença possa ser relevada devido a possíveis
alterações na sua estrutura decorrente do tempo de existência da obra.

- 150 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Figura 44 – Imagem construídae alterada da planta original da nave em forma


de octógono da Capela de São Batista.
Fonte: Acervo da pesquisa
Na atividade 4, desenvolvemos a construção geométrica do
octógono regular usando régua e compasso utilizando uma parte da
planta baixa da Capela de São João Batista. Sugerimos complementar a
abordagem em sala de aula, e, ao mesmo instante, valorizar aspectos
dos conteúdos matemáticos, históricos, culturais e sociais, que
envolvem o cotidiano dos educandos.Os procedimentos realizados
foram os seguintes:

1º passo: Medir com o compasso qualquer lado do octógono da planta,


sendo que, há lado com 6.5 cm, 6.4 cm e 6,7, conforme a planta
reduzida da original. Sugerimos que o professor peça aos alunos que
usassem apenas um só lado de mesma medida do octógono para
facilitar a atividade e também gerar a construção do octógono regular.

- 151 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Seja a medida de um lado AB qualquer do octógono. Conforme


Figura 45, a seguir:

Figura 45: Imagem 1 da construção do octógono regular.

2º passo: Encontrar a mediatriz M do segmento AB, através das


seguintes etapas: 1) Fixar o compasso em A e levar até o ponto B, e
traçar um arco em cima e outro em baixo; 2) Fixar o compasso em B e
levar até o ponto A e traçar um arco em cima e outro em baixo;

3) Traçar uma reta nos dois pontos encontrados; 4)Identificar o ponto


M, Figura 46, a seguir

Figura 46: Imagem 2 da construção do octógono regular.

3º passo: Construir uma circunferência de centro M e raio MA ou MB,


para encontrar o ponto N, onde a reta mediatriz corta a circunferência.
Veja a Figura 47, a seguir:
- 152 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Figura 47: Imagem3 da construção do octógono regular.

4º passo: Construir uma circunferência com centro em N e raio NA ou


NB. Em seguida, marcar o ponto O onde a circunferência corta a
mediatriz de AB. Depois construir outra circunferência com centro em
O e raio OA ou OB.Conforme (Figura 48).

Figura 48: Imagem 4 da construção do octógono regular.

- 153 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

5º passo: A circunferência de centro O e raio OA ou OB contém todos


os vértices do octógono regular. Ver Figura 49,a seguir:

Figura 49: Imagem da construção do octógono regular.


6º passo: Transportar com o compasso à medida do valor do lado AB
sobre a circunferência de centro O encontrando os vértices e depois
ligá-los formando assim o octógono, conforme mostra a Figura 50,
seguinte:

Figura 50: Imagem 6 da construção do octógono regular.

- 154 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Finalmente, apresentamos o gráfico elaborado no Geogebra da


construção geométrica do octógono regular da planta baixa da Igreja de
São João Batista. O resultado mostrado na Figura 51, quando
construímos o octógono unindo os vértices, e posteriormente, traçamos
a circunferência circunscrita, mostra que esta não consegue passar por
todos os pontos indicados do octógono traçado na planta com o
Geogebra, deixando uma grande diferença, ença, que demonstra a
irregularidade do polígono.

Figura 51: Traçado do octógono regular no Geogebra usando um dos lados do


octógono contido na Planta Baixa da Igreja de São João Batista.
Fonte: Acervo da pesquisa

Após as discussões e reflexões, orientamos


ntamos os alunos, sobre a
estrutura para o desenvolvimento da abordagem didática usando a obra
da Igreja de São João Batista. As orientações foram as seguintes:
1)Escolher o conteúdo a ser estudado; 2) Criar um título para a
atividade; 3) Determinar a sérieie e o nível de ensino a ser ensinado;
4)Fazer o enunciado com a problematização usando a história daquele
patrimônio para contextualizar a atividade; 5) Problematizar usando
fotografias, vídeos, plantas e desenhos da obra e outros elementos; 6)
- 155 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Criar a sequência de atividade com os comandos; 7) Usar: régua e


compasso, régua e lápis, Geogebra, Programa Paint; 8) Procurar
mostrar as propriedades e relações encontradas por meio do estudo.
No último encontro do Curso, procedemos as atividades descritas
a seguir.

4.6. Elaboração de Atividades Didáticas para o Ensino de Geometria


Centradas na Arquitetura de Landi
No encontro da unidade IVapresentamos aos alunos uma
abordagem sobre o número de ouro elaborado por nós, durante o
minicurso: “Explorando o Patrimônio Histórico e Cultural Setecentista
de Belém e Produzindo Atividades Didáticas para a Matemática
Escolar”, efetivado durante o I EINID, em dezembro de 2010 e
adequado posteriormente para este momento presencial. Para isso,
estabelecemos como principais objetivos: 1) Ampliar noções e
conceitos sobre os elementos geométricos; 2) Estudar princípios de
proporcionalidade na obra de Landi; 3) Propiciar exemplos e conteúdos
para que os alunos construam abordagens didáticas de ensino de
´Geometria a partir do Patrimônio Histórico e Arquitetônicode Belém.
Na atividade intitulada “A Origem do Número de Ouro”,
descrevemos a origem da problemática e explanamos as finalidades dos
estudos matemáticos nas Artes de explicar os padrões estéticos criados
pela natureza, de raízes ligadas ao número de ouro (Ching 2010, p.10).
Explicamos os padrões associados a conceitos matemáticos como
o de proporcionalidade e harmonia, os quais o homem conseguiu
produzir e fazer uso em seu benefício, enfatizando que a busca pela
beleza permitiu ao ser humano demonstrar a ideia de harmonia por
meio de medidas comparativas, estabelecidas através das proporções e
que a busca pela proporcionalidade na Matemática e que nos permitiu
chegar ao padrão estético de beleza nas Artes com o chamado número
de ouro.
Para isso, demonstrei a ideia de proporção em dois exemplos: a)
questionei se as janelas de vidro da sala estavam bem posicionadas ou
se elas podiam ser colocadas em outro local, como por exemplo, no
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

meio da parede da sala. Com a resposta afirmativa de um aluno e


aconsideração que, de acordo com o tipo de atividade que se
desenvolvesse na sala, não seria bom a janela ficar no meio, porque
distrairia a atenção dos alunos, expliquei que na Arquitetura de acordo
com o elemento da planta (porta, janelas e etc) e do ambiente todos
tinham uma medida padrão que estava relacionada com o corpo da
pessoa, o peso, a altura e quem tinha feito inicialmente esta
padronização tinha sido um arquiteto grego chamado de Vitruvius.
No segundo exemplo, quando perguntei se a porta, em relação ao
tamanho (altura),estava com suas medidas proporcionais ao tamanho da
sala, ao tamanho da porta e ao meu tamanho, obtive uma resposta
afirmativa, complementei falando mais um pouco dessa relação de
proporcionalidade criada por Vitruvius na obra “De Arquitetura”19, na
qual da Vinci se inspirou e projetou o Homem Vitruviano20, ponto de
partida paraque todos os outros arquitetos passasem a usar essas
medidas, inclusive Landi.
Numericamente, a relação a/b é denominada número de ouro,
segmento áureo ou relação áurea, e vale (aproximadamente) 1,618....21.
Geometricamente, dado um segmento de reta AB, um ponto C divide
este segmento de forma harmoniosa. Assim, a proporção áurea, secção
ideal ou secção áurea, ou ainda divina proporção é uma divisão especial
de um segmento que o divide de uma forma harmoniosa. O número de
ouro é o valor da razão AB/CB, a chamada razão de ouro.
No segundo exemplo, buscamos mostrar um exemplo de uma
forma que os alunos pudessem visualizar a definição de proporção,
19
Hojeconhecido como os “Dez livros de Arquitetura”era um tratado sobre
arquitetura que cobriauma vasta gama de assuntos: materiais de construção,
construção de templos, edifícios públicos, particulares, pavimentos e
decoração de estuque, hidráulicos, relógios e máquinas civis e militares. Neste
libro Vitruvius faz a relação da Proporção Divina e do corpo humano. Por
volta de 27 a.C (HEMENWAY, 2010, p. 92).
20
Apareceuno livro“ Divina proportione” de Luca Pacioli em 1509.
(HEMENWAY, 2010, p. 92).
21
O número de ouro é um número irracional dado pela relação ( 1 + √5 )/2,
cujo valor aproximado é 1, 618033989 (HEMENWAY, 2010, p.48).
- 157 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

citada anteriormente, transformando-a numa proporção,de acordo com


a Figura 52, a seguir:

a = altura da b = altura da c = altura da


professora porta sala

Figura 52: Visualização do exemplo 2 feito para os alunos no quadro, na


Unidade IV
Depois fizemos a seguinte relação em termos de proporção:
altura da sala altura da porta
=
altura da porta altura da professora

A divisão de um segmento feita de acordo com essa proporção é


denominada divisão áurea, a que Euclides chamou divisão em média e
extrema razão. O matemático Luca Pacioli a chamou de secção divina
ou Divina Proporção, e, Leonardo da Vinci, de secção áurea.
Entendemos que para efeito de desenvolvimento desse tópico
seria interessante mostramos como se estabelecem as relações entre a
Matemática, Arte e Arquitetura com a finalidade de exemplificarmos
concretamente como elaborar atividades didáticas para a Matemática
escolar a partir do Patrimônio Histórico Arquitetônico de Belém. Para
efeito desta pesquisa a abordagem didática usando o número de ouro
está inserida no Material Impresso da Unidade IV.

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Continuamos perguntando se, ao usarmos os passos dos alunos


para medirmos a sala de aula podíamos encontrar medidas diferentes e
se podíamos relacionar a medida da sala feita por eles anteriormente.
Expliquei, em seguida, que a interpretação geométrica significava que,
se eu medisse a sala e encontrasse seis passos e outra pessoa
encontrasse oito passos, a relação existente entre os meus passos e os
dessa pessoa seria de seis para oito passos, e que, dividindo por dois,
teríamos que a cada 3 passos meus, a outra pessoa daria 4 passos e que
essa relação existente chamamos de ‘razão’.
Explicamos que o número de ouro era obtido a partir da razão de
um segmento e da sua importância para o desenvolvimento da Arte e
da Arquitetura e realizamos algumas atividades para verificar como
obtê-lo. Em seguida, propusemos a Atividade 1, contida do texto, para
tomar um segmento ⃐AB tal que seu sua medida seja med(AB ⃐ ) = 1u.
Com um ponto C dividir este segmento em duas partes, com a pergunta
sobre com quantas maneiras poderíamos dividir esse segmento; o que
poderíamos verificar a partir dessa divisão; se podíamos encontrar
nessas divisões uma posição que este segmento ocupasse de forma
especial; se eles conseguiammostrar esta posição especial em termos de
um enunciado. Sugeri lessem o texto “ A origem do número de ouro”, e
perguntei se era possível mostrar matematicamente esse resultado.
Diante das dificuldades dos alunos, auxiliei-os demonstrando no
quadro e usando o exemplo 2 estabelecendo que a altura da sala seria
representada pela letra y e a altura da porta seria representada por x e
buscamos provar se a altura da sala em relação a altura da porta
estavam colocadas de forma proporcional, como mostra a Figura 53,
seguinte:

- 159 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Figura 53: Diagrama contendo a construção geométrica do problema

Questionada sobre como encontrar o número de ouro, mostrei


que seria transformando o diagrama em uma equação usando o
princípio da proporção e do enunciado da questão 5:
𝑦 𝑥
=
𝑥 𝑥+𝑦
Usando o princípio da proporcionalidade transformaríamos na
proporção:
(𝑦(𝑥 + 𝑦) = 𝑥
Resolvendo a equação encontraríamos a equação y + xy = x
(I) que seria a representação matemática algébrica do número de ouro
que nos permite encontrar a equação (II) x − xy − y = 0,igualando a
equação (I) a zero,resolvendo a equação (II) encontrar os seguintes
valores:
√ √
x’ = y e x” = 𝑦

Prosseguimos perguntando como faríamos para encontrar o


número de ouro; Com a resposta de uma aluna que o número de ouro

- 160 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

seria representado pelo valor de x’e o valor de y seria o valor da medida


da porta da sala de aula, perguntei se poderíamos fazer uma verificação
para provar essa propriedade. Obtivemos como resposta que dividindo
o valor de encontrarámos o valor. Continuamos perguntando se eles
sabiam o símbolo que representa o número de ouro e obtivemos como
resposta que seria a letra Ф. Prosseguimos dialogando com os alunos e
mostrando que o símbolo era em homenagema Fídeas, a primeira
pessoa a usar esse princípio de proporcionalidade nas suas obras.E,
finalmente perguntamos que denominações podemos atribuir ao
número de ouro e respondemos que era a divina proporção, número de
ouro, secção áurea.
A seguir passamos para Atividade 2, fazendo medidas não
convencionais e descobrindo o número de ouro. Propusemos esta
atividade para exemplificar o texto que foi lido e explicado na Unidade
anterior, quando pedimos que os alunos fizessem medições de
comprimento com instrumentos de medida não convencionais até
chegar na fórmula do número de ouro, uma vez que, como já foi
explicado anteriormente, existe uma relação entre o número de ouro e
algumas partes do corpo.
Para essa atividade, solicitamos que os alunos se dividissem em
duplas e usando uma fita métrica, medissem uns aos outro registrando
as respectivas medidas na tabela. Feito o preenchimento da tabela a
próxima tarefa era para dividir cada valor a(altura) por u(umbigo até o
chão) e vice-versa; em seguida solicitei que comparassemo resultado da
divisão de cada grupo.Em seguida,perguntamos se eles encontraram
relações entre os valores, ao que a grande maioria disse ser um valor
próximo de 1, 68.
Sugerimos que encontrassem outras partes do corpo que tivesse a
Proporção Áurea. Por exemplo, que medissem o comprimento do rosto
e dividissem pelo comprimento da testa, depois medissem o cotovelo
até as pontas dos dedos (com o braço esticado) e dividissem pelo
comprimento do pulso até as pontas do dedo. Depois passamos para a

- 161 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Atividade 3 de construir outros polígonos a partir da “divina


proporção” de Lucca Pacioli.
Esta atividade, no material elaborado, foi subdividida em três
partes, mas para efeito deste estudo desenvolvemos com os alunos a
segunda parte sobre a construção do retângulo de ouro. Construímos com
régua e compasso e depois fizemos o mesmo procedimento usando o software
Geogebra para a fachada da Igreja de São João Batista. Esta atividade já tinha
sido realizada no tópico anterior apenas relembrei alguns passos feitos na
sala de aula.
Finalizamos, conversando com os alunos sobre os aspectos
referentes a prazos de entrega dos trabalhos para submissão de
trabalhos para o EINID.
Por conta do tempo disponível para a realização deste tópico não
desenvolvemos mais atividades propostas na abordagem didática “a
origem do número de ouro”; só incentivamos que os alunos
desenvolvemssem as atividades restantes em casa, a partir dos
exemplos vistos.

4.7.As produções didáticas geradas durante o desenvolvimento da


experiência
Nestaseção apresentamos as produções didáticas realizadas pelos
alunos durante as inserções realizadas na pesquisa. Os materias foram
produzidos pelos alunos no projeto piloto e no curso de extensão e os
seus desdobramentos, em forma de TAC, artigos e capítulos de livro.
Para melhor compreensão, resumiremos cada atividade produzida pelos
alunos com os pontos que consideramos mais significativos, aqui
agrupadas em três fases:

Fase Inicial - Produções realizadas durante o projeto piloto


Dois trabalhos acadêmicos de conclusão de curso:
O primeiro trabalho: A Matemática na arquitetura de Landi: uma
abordagem de Geometria na capela de São João Batista, de autoria de
Borges e Gomes (2010), tem cinco capítulos, apresentando uma
abordagem didática de ensino de Geometria a partir da planta da capela

- 162 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

de São João Batista, com aula expositiva sobre as formas e sólidos


geométricos, atividade extraclasse, de visita à Capela de São João Batista e
desenvolvimento de três atividades: 1) Construção do octógono regular, a
partir da planta da Capela, usando régua e compasso; 2) Construção da
cruz na planta da Igreja entre os vértices dos lados paralelos, dentro da
figura anterior, com a formação de oito triângulos isósceles; 3)
Reconhecimento das figuras geométricas estudadas em sala de aula, na
arquitetura da Igreja.
O segundo trabalho: Casa das Onze Janelas: uma abordagem
didática para o ensino de medidas, razões, proporções e escala no
ensino fundamental, de autoria de Bentes e Furmigare (2010), com seis
capítulos Apresentando uma abordagem didática de Matematização 1:
Cálculos para encontrar a medida da frente da Casa das Onze Janelas a
partir da planta baixa; Matematização 2: A simetria encontrada na
planta da Casa das Onze Janelas, uma das características das obras de
Landi; Matematização 3: As razões entre os cômodos da planta;
Matematização 4: A razão áurea entre o vão central e o corredor de
entrada, trabalhando geometricamente a medida do lado esquerdo da
planta.
Além disso, no Capítulo V do seu TAC, apresentam duas
abordagens aplicadas numa Escola de Ensino Fundamental com o uso
do aplicativo Toondoo (Histórias em Quadrinhos): Atividade 1:
Antonio José Landi o arquiteto de Belém e a Matemática;Atividade 2:
Relembrando medidas, razão, proporção e escalas. Na Figura 54, a
seguir, uma dessas produções realizado pelos alunos em História em
Quadrinhos.Dois artigos apresentados no XCIEM – Congresso
Internacional de Educação Matemática realizado na Ulbra, em Canoas,
no Rio Grande do Sul.O primeiro artigo: Casa das Onze Janelas: uma
Abordagem Didática para o Ensino de Medidas, Razões, Proporções e
Escala no Ensino Fundamental, de autoria de Iran Abreu Mendes, Rita
Sidmar Alencar Gil, Luis Clei de Souza Bentes e Matheus Seribeli
Furmigare. O segundo artigo: A Matemática na arquitetura de Landi:
uma Abordagem de Geometria na Capela de São João Batista, de

- 163 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

autoria de Iran Abreu Mendes, Rita Sidmar Alencar Gil, Djalma


Trindade Borges e Leonardo da Silva Gomes.

Figura 54: HQ produzido pelos alunos na fase inicial do projeto piloto


Fonte: Acervo da pesquisa

- 164 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Capítulo de Livro com a participação dos dois artigos, a saber:


1) GIL, Rita Sidmar A; BORGES, Djalma T;GOMES, Leonardo da S.
Explorando alguns aspectos geométricos da Igreja de São João Batista.
In: FIGUEIREDO, Raimundo O.M. (Org). Construção Coletiva:
contribuições ao ensino de Ciências e Matemática-1.ed. –Belém: IFPA,
2010;
2) GIL, Rita Sidmar A; BENTES,Luis Clei de S;FURMIGARE,
Matheus S. Casa das onze janelas: uma abordagem didática para o
ensino de medidas, razões, proporções e escala no ensino
fundamental.In: FIGUEIREDO, Raimundo O.M. (Org). Construção
Coletiva: contribuições ao ensino de Ciências e Matemática-1.ed. –
Belém: IFPA, 201022.

Esses trabalhos nos possibilitaram ampliar as perspectivas de


estudo quanto ao Ensino da Geometria com a utilização do uso do
Patrimônio Histórico Arquitetônico de Belém porque nos subsidiaram
com informações sobre referências bibliográficas, a matematização da
obra e propostas de abordagem didáticas que poderiam ser realizadas.

Fase Intermediária - produtos realizados durante as unidades I, II e III


Na Unidade I - Estudos Exploratórios do Patrimônio teve como
objetivo cadastrar o acervo publicado disponível sobre Landi com
vistas à elaboração da proposta de estudo de pesquisa com os
licenciandos. A atividade final consistiu em fazer o levantamento
bibliográfico sobre as obras de Landi e outros temas relacionados,
encontrados em livros, artigos, dissertações, monografias, documentos
e plantas. O resultado apresentado pelos alunos encontra-se na
referências deste livro como bibliografia consultada. Os alunos
entregaram onze trabalhos, sendo que: 1) 36 livros encontrados; 2) 21

22
O Livro Construção Coletiva é publicação da produção científica do Projeto
PIBID/IFPA-Ciências em Ação, referente ao ano de 2009 e 2010. Os autores
dos TAC e dos artigos eram bolsistas do PIBID e na oportunidade
aproveitamos para divulgar os resultados de nossas pesquisas.

- 165 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

livros indexados; 3) 20 artigos; 4) 2 sites; 5) 5 livros eletrônicos; 6) 1


monografia; 7) 1 dissertação; 8) 1 artigo de jornal; 9) 9 reportagens.
Na unidade II - Investigação Histórica como Proposta
Metodológica Transversalizante do Curso teve como atividades a
elaboraçãode um projeto de investigação histórica (Jornal) pelos alunos
tendo como norteador os temas discutidos na unidade anterior, com a
exploração do ambiente arquitetônico patrimonial, definindo qual obra
abordar, o conteúdo e o nível de ensino, como passaremos a mostrar.
O primeiro jornal “Matemática Transversal”, na Figura 55 a
seguir, em seis páginas apresentou o tema Sistema de Medidas, para
fazer uma construção histórica sobre a vida naProvíncia de Grão-Pará e
Maranhão (atual estado do Pará) durante o setecentismo (p.1);mostrar
aspectos relacionados ao estilo arquitetônico de Landi (p. 2); apresentar
as unidades de comprimento usadas durante o período imperial (p. 3-4);
apresentar a obra escolhida: Casa das Onze Janelas (p. 4) e ainda
questões matemática envolvendo a Casa das Onze Janelas (p. 4);
análise de algumas medidas da Casa das Onze Janelas (p.5); além de
apresentar uma situação problema (p. 5-6).
O segundo jornal “O Patrimat” em cinco páginas trabalhou o
tema Padrão Geométrico, precedido de uma construção histórica sobre
o Palácio Lauro Sodré que foi a obra de Landi escolhida (p. 2) e de uma
apresentação de aspectos das artes, Arquiteturas e Matemáticas (p. 5).
O tema abordado, Geometria dos mosaicos (p. 3-4) traz pequenas
problematizações sobre o mosaico encontrado neste palácio. Na figura
56, mostramos a capa do jornal.
O terceiro jornal, com o título de The Newspaper (Arte,
Matemática, Arquitetura), em cinco páginas trabalhou Figuras
Geométricas. Inicia falando da biografia de Landi (p. 2), fazendo uma
contextualização da Igreja de São João Batista (obra escolhida) e dos
seus aspectos estilístico,(p.2) e o octógono do interior da Igreja com
pequenas problematizaçóes (p. 4) e mostra a planta do octógono e suas
aplicações. A Figura 57 mostra a capa do jornal.

- 166 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Figura 55: Capa do Jornal “Matemática Transversal” realizado durante a


Unidade II
Fonte: Acervo da pesquisa

- 167 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Figura 56: Capa do Jornal “O PATRIMAT” confeccionado na Unidade II


Fonte: Acervo da Pesquisa.

- 168 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Figura 57: Capa do jornal AMA elaborado por participantes da Unidade II


Fonte: Acervo da pesquisa

O quarto jornal, “Jornal Ler-o-Landi”, seis


eis páginas apresenta o
tema da Simetria. Faz uma contextualização da Casa das Onze Janelas
e dos aspectos relacionados ao seu estilo arquitetônico (p. 2) e os
- 169 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

aspectos simétricos na planta e na fachada da Casa das Onze Janelas (p.


4). O jornal faz pequenas
nas problematizaçóes sobre simetria na planta da
casa (p. 4) e descreve a definição de simetria (p. 3) e aplicações (p. 4).
A seguir na Figura 58 a capa do jornal:

Figura 58: Capa do jornal “LER-O-LANDI”


LANDI” confeccionado por alunas na
Unidade II
Fonte: Acervo da pesquisa

- 170 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

O quinto jornal,“Jornal Patrilandi”, quatro páginas, trabalha o


tema História da Matemática no Pará. Faz inicialmente uma
contextualização da Igreja de Santo Alexandre (. 3), mostrando alguns
aspectos sobre a decoração da Igreja, no editorial e explicando que o
projeto do prédio não é de Landi; prosseguem contando a história da
igreja (p. 2), a História da Matemática no Pará (p. 4) e a vida de
Guilherme de La Penha (p. 3). Ao apresentar uma historiografia do
abaco (p. 3), fora da temática do projeto, consideramos que ele não
atendia as indicações para realização da atividade.
Na Unidade II, além do Jornal, solicitamos que os alunos
fizessem um Projeto Pedagógico para o uso pelo Professor na Escola.
Foram elaborados dois projetos, a saber:
O 1º PROJETO: Simetria na Casa das Onze Janelas tinha como
público-alvo alunos do ensino médio, pautou-se pelos objetivos
pedagógicos de estudar a simetria na Casa das Onze Janelas, utilizar o
jornal como recurso pedagógico, tornar o ensino e aprendizagem da
Matemática mais próximo do cotidiano dos discentes, e motivar e
incentivar os alunos a descobrir outras formas de se aprender
Matemática, usou como metodologia: visita a Casa das Onze Janelas
para observação da simetria em equipes, seguida de elaboração do
Jornal com a formulação de dois problemas dentro do tema e a
socialização do jornal com a turma para a resolução dos problemas
propostos.
2º PROJETO: O Octógono na Igreja se São João Batista
trabalhou os elementos geométricos, simetria, proporcionalidade e a
razão áurea, com os objetivos de propor uma nova abordagem didática
para o ensino de geometria apoiado na investigação histórica do
patrimônio arquitetônico setecentista de Belém (interdisciplinariedade
entre Matemática, Arte e Arquitetura, aspectos conceituais, históricos,
filosóficos e geométricos enfatizados na obra de Antônio José Landi
para o ensino fundamental e médio), mapear os traços geométricos
configurados no octógono e estabelecer uma melhor compreensão da
presença desses traços que envolve a Arte, Arquitetura e Matemática.
Como aspectos metodológicos, o projeto utilizaria as pesquisas
- 171 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

realizadas por historiadores, antropólogos, cartógrafos, astrônomos e


jornalistas, dentre outros pesquisadores e profissionais envolvidos na
exploração desse tema, investigação in loco e exploração do acervo de
imagens e desenhos referentes ao patrimônio arquitetônico; sustentados
na proposta nos estudos de Miguel e Mendes (2010) sobre práticas
sociais em Unidades Básicas de Problematização (UBPs) a serem
mobilizadas nas aulas de Matemática.
Na unidade III - Mapeando e Explorando o Patrimônio Histórico
e Arquitetônico de Belém, a partir das obras de Antonio José Landi,
foram realizadas atividades de efetivação do roteiro de visitas
denominado Circuito Landi e, como atividade final, foram apresentados
4 (quatro) Relatórios.
No 1º. Relatório, os alunos apresentaramaspectos referentes ao
circuito Landi: informações sobre o arquiteto, fotos da Igreja do Carmo;
rua Siqueira Mendes; capela S. João Batista; Museu do Estado com
detalhes do estilo do arquiteto encontrados; Igreja da Sé; Casa das Onze
Janelas com descrição do prédio, reformas feitas mais comentários,
reflexões sobre os aspectos observados no Circuito, o que integra o
Patrimônio de Belém, a deterioração de alguns prédios, a presença de
púlpitos, retábulos e órgãos nas Igrejas, traço arquitetônico que mais
chamou a atenção - pintura de quadratura da Igreja de São Joâo Batista;
aspectos matemáticos, formas geométricas variadas nos prédios
históricos, ângulos de paredes, simetria, proporcionalidade, medidas de
limites e comparação de medidas de medição-passado e presente; temas
matemáticos no ensino fundamental e médio, dentre eles, retângulo
(porta principal), triângulo (frontão triangular), cilindro (colunas
destacadas), octógono (abóbada de arestas), quadratura (lunetas) e o
volume em saber a quantidade de pessoas presentes no interior da
Capela;
O 2º. Relatório apresentou uma síntese da visita do Circuito
Landi,, uma referência das unidades de medida padrão reconhecidas em
1791;, a visita ao Palacete Pinho, à Igreja de São João Batista com a
descrição de alguns elementos - adro, pintura de quadratura, a abóboda
octogonal, os pináculos, o frontão triangular, a curta visita à Igreja da
- 172 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Sé, já que não era dia de visitação e nem de cerimônia religiosa.


Explicaram que nela há poucas características das obras de Landi,
porque, quando o arquiteto chegou à cidade, a obra estava em
andamento e que a participação do arquiteto reduziu-se à restauração da
fachada frontal e o percurso até a Casa das Onze Janelas.
O 3º.Relatório apresentou uma pequena biografia sobre Landi,
comentaram o roteiro e mostraram aspectos matemáticos visualizados
por eles (sólidos geométricos na Igreja do Carmo nos seus retábulos e
altares-mor), no Palacete Pinho os padrões geométricos dos azulejos da
decoração com muitos padrões geométricos, na Igreja de São João
Batista trabalharam o teto octogonal e a simetria de sua fachada, na
Casa das Onze Janelas (Antigo Hospital Real) cujas janelões tinham a
função de propriciar uma melhor ventilação.
No 4º Relatòrio, os alunos apresentaram descrições de todas as
etapas realizadas durante a Unidade III, desde o primeiro tópico com
unidades de medidas antigas, as palestras; depois as medidas de limite e
extensão e as formas geométricas. Comentaram Circuito de visitas com
destaque para os aspectos matemáticos observados no Palácio dos
Governadores e Igreja de São João Batista, o classicismo das pilastras,
na composição geral do edifício e na loggia paladiana, com arcos
plenos e dupla coluna (em forma cilíndrica) numa das faces do pátio
interno e a adoção de arcos abatidos e de perfis quebrados nas molduras
das portas e janelas demonstrando a assimilaçãodos elementos
geométricos característicos da tradição luso-brasileira e do estilo
pombalino da época.
Na Capela São João Batista, mostraram que Landi recorreu à
corrente borromínica, desenhando uma nave em formato octogonal,
coberta por uma cúpula sulcada por faixas que se prolongam em
pilastras duplas nas arestas do prisma. Mostram também que Landi
sempre contemplou a decoração de interiores, esculturas retabulares e
pinturas de quadratura que ora adornam os tetos, ora complementam os
retábulos, com perspectiva enfática para os efeitos cênicos desejados
para os espaços internos.

- 173 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Observaram que, na arquitetura, a decoração de Landi – segundo


comentou a Professora Elna em sua palestra -, é marcada pela tradição
da família Bibiena, mas também pela assimilação de traços da arte luso-
brasileira presentes na adoção da tribuna e da madeira nas composições
retabulares, algo inexistente em Bolonha. Essa assimilação, no entanto,
deve ser entendida não apenas como influência direta de Lisboa e da
colônia na obra de Landi, mas também como inspiração que a Itália
exerceu na própria arte portuguesa durante o período pombalino. A
Geometria aparece com grande frequência na arquitetura de Landi,
permitindo beleza e harmonia nas mais variadas obras.
Em todos os Relatórios há a avaliação que o Curso de Extensão
foi um instrumento pedagógico que norteou a formação de futuros
professores de Matemática, haja vista a quebra de paradigmas no ensino
apresentados, a alargamento da visão sobre o que é uma disciplina
compartimentada, não só voltada para raciocínio lógicos e construção
de algoritmos,a relação entre Arte, Arquitetura e a Matemática nas
obras que compõem o Patrimônio Histórico Arquitetônico de Belém.
Ainda na Unidade III, o terceiro Trabalho Acadêmico de
Conlusão de Curso – TAC, foi intitulado Educação Matemática e
Patrimonial na Formação Inicial do Professor de Matemática: um
estudo baseado na obra de Antonio José Landi (de Jéssica Raquel
Valadares Fernandes e Manoel Delfim Freire de Oliveira) teve como
temática a abordagem da Geometria na obra de Antonio Jose Landi a
partir da planta da capela de São João Batista com aula expositiva sobre
figuras geométricas e aspectos estilísticos de Landi. Para isso utilizaram
instrumentos de aprendizagem que enfatizem a íntima relação da
Educação Patrimonial com a Educação Matemática, atividades
relacionadas ao estudo da Geometria em sala de aula com a obra
escolhida como objeto de estudo, como descreveremos a seguir:
Atividade 1: Usando uma escala de 1:10, desenhar em seu caderno, o
octógono regular, a partir da planta original da Capela de São João
Batista, e trace todas as diagonais que partem do vértice A (Material
Folha de papel A4; Régua; Compasso; Lápis; Borracha; planta original
da Capela).
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Atividade 2: Usando a escala da atividade 1, determine todos os


elementos de um polígono regular, de uma maneira mais especifica, o
octógono configurado na Capela de São João Batista. O material
utilizado: O mesmo da atividade 1.

Atividade 3: Sabendo-se que a medida do lado do octógono da Igreja


de São João Batista na planta original é de 3, 25m. Qual a medida do
perímetro do octógono, em côvados (aproximadamente 44,6cm)?

Atividade 4: Construir em seu caderno o octógono e dividi-lo em 8


triângulos equiláteros, de tal maneira que 4 triângulos seja de cores
azuis, 2 triângulos de cores amarelo, 1 triângulo de cor verde e 1 de cor
vermelho. Jogando aleatoriamente, um grão de milho sobre esse
octógono: 1) Qual a região em que o grão de milho tem a maior
probabilidade de cair?. 2) Qual a probabilidade do grão de milho cair na
região vermelha?

Atividade 5:Durante a visita a Igreja de São João Batista, realizar


medições utilizando palmo, pés, braço, etc. Use sua criatividade para
elaborar algumas propostas que poderão ser realizadas pelos alunos.
Nessas atividades procure relacionar fatos históricos, relativos ao
patrimônio escolhido e as atividades propostas.

Atividade 6: Agora vamos realizar uma pesquisa sobre quais são as


unidades de medida referentes a partes do corpo e suas origens. Faça
essa pesquisa em sites da internet ou no livro didático Dos antigos
pesos e Medidas ao Sistema Métrico Decimal, de Elenice de Souza
Londron Zuin.

Neste Capítulo os trabalhos mostrados evidenciam a


possibilidade de mudanças no processo de formação inicial de
professores de Matemática advindos do curso e que é possivel usar
uma abordagem didática para o ensino de tópicos matemáticos como
geometria, medidas, simetria e proporcionalidade, apoiada na
- 175 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

investigação histórica do patrimônio arquitetônico de Belém e na


avaliação, a fim de incorporar novas diretrizes metodológicas para a
formação inicial do professor de Matemática. No próximo capítulo
avaliaremos o exercicio investigatório pelos sujeitos da pesquisa.

- 176 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

5.
Avaliação do curso
de extensão realizado

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

5.1. Contexto e sujeitos participantes do curso


Neste capitulo apresentamos uma síntese da avaliação do curso
de extensão feita pelos participantes do procesos formativo, cujo
objetivo central foi a exploração didática do patrimônio histórico
arquitetônico de Belém na formação de professores de Matemática.
O curso contou com 25 (vinte e cinco) participantes, dos quais
44% do sexo masculino e 56% do sexo feminino. Com relação à
experiência profissional, 52% tinha experiência profissional, adquirida
das mais variadas formas: 16% atuante em escola particular, 16% na
escola pública e 20% atuam no projeto PIBID. Outros 48% não
atuavam como docentes no período da pesquisa.
Ao longo do curso foram aplicados vários instrumentos de
avaliação para obter informações referentes às contribuições do curso
de extensão sobre a exploração do Patrimônio histórico e arquitetônico
em busca de abordagens didáticas para o ensino de geometria,
visandoavaliar de que maneira a investigação histórica do patrimônio
arquitetônico setecentista de Belém poderia contribuir para a formação
conceitual e didática de professores de Matemática?

5.1. Avaliação da primeira unidade do curso


Sobre a avaliação da primeira unidade do curso, 32% dos
participantes considerou excelente e 40% atribuíram avaliação muito
bom. Outros 12% consideraram bom e os 16% restantes não
responderam a essa questão.Quanto a metodologia utilizada nessa etapa
do curso, 32% considerou excelente; 32% muito boa e 20% avaliou
como boa. Os 16% restantes não responderam a questão. Ao final
foram sugeridas algumas modificações para serem incorporadas à
segunda unidade, tais como visitas ao patrimônio e realização de
atividades mais práticas.
Com relação às contribuições do cursos para sua formação, 36%
dos respondentesavaliaram que melhorousua formação para a prática
pedagógica deles, uma vez que pretendem ser professoresdiferenciados,

- 179 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

e para issoserá necessário reforçar seus conhecimentos históricos da


época e do autor,para auxiliará em suas atividades docentes e não
utilizar somente aquela Matemática pura sem vínculo sociocultural.
Neste sentido, informam que arelação da geometria com o patrimônio
arquitetônicosetecentista da cidade de Belém, tem implicações no
ensino da geometria das formas geométricas plana e espacial.
Igualmente, outros 40%reiteraram que existe uma relação entre
Arquitetura e Matemática, pois as duas áreas andam juntas e estão
interligadas, principalmente após esta abordagem de cunho histórico do
patrimônio setecentista de Belém. E o professoré o elomuito importante
para essa prática, pois asseguram que além de reforçaro conhecimento
matemático adquiriram um conhecimento histórico quanto a essa
arquitetura de Landi, como por exemplo em relação à simetria,
proporcionalidade e razão áurea, presentes nessas obras. Outros 24%
não se manifestaram sobre esse aspecto na avaliação.
Ao perguntarmos se eles utilizariam a história em suas aulas a
partir da proposta de abordagem didática de ensino de geometria a
partir do patrimônio histórico de Belém, verificamos que78% dos
respondentesapresentaram sugestões de abordagens usando a proposta
do curso de extensão de usar o patrimônio histórico arquitetônico de
Belém, especificamente de Antônio José Landi, para ensinar
Matemática, inclusive ampliando o leque de propostas já elencadas por
nós. Outros 12% não conseguiu fazer a relação entre as temáticas
sugeridas e 10% não respondeu a questão.
Das sugestões apresentadas, um grupo de 28% sugeriu fazer
visitas ao patrimônio e outras estratégias como:

realização de seminários e excursões às obras de Landi, a fim


de despertar a criatividade dos alunos, bem como melhorar o
seu crescimento sócioconstrutivo. A proposta também ajudaria a
valorização do nosso patrimônio histórico;no primeiro momento
faria uma visita e iria demonstrando figuras e objetos
geométricos que podem ser trabalhados no segundo momento
iríamos ver todo o material coletado, no final demonstrar cada
uma; levando os alunos para visitar os locais, e mostrando, na

- 180 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

prática, onde a matemática, está inserida na construção do


patrimônio histórico de Belém; ou levando os alunos à uma
visita e a partir dela trabalhar o conteúdo e desenvolver neles o
gosto pela pesquisa e dessa forma ampliar os conhecimentos
matemáticos; com certeza, eu faria aulas práticas com meus
alunos levando-os para uma visita histórica, mostrando a
relação com a matemática e como aplicar a geometria a partir
do patrimônio histórico de Belém; de maneira que os alunos
tivessem acesso ao patrimônio seja através de fotos ou plantas
baixa do local e principalmente fazendo visitação no
patrimônio a ser trabalhado ou fazendo visitas a patrimônios e
vinculando as figuras, as plantas a conteúdos matemáticos

A visualização nas obras das formas geométricas foi outra


proposta apresentada:

a proposta pedagógica consiste em usar um data-show e através


da imagem projetada da parte externa e parte interna da Igreja
de São José (João) , motivar os alunos a aprender a terem um
olhar matemático, e assim visualizar os traços geométricos
presentes nas obras de Landi; utilizando contextualização e
figuras para poder fazer problemas matemáticos.

Uma outra estratégia sugerida de abordagem seria o de relacionar


os objetos do patrimônio com as formas geométricas:

Sim, contextualizando e relacionando as obras com a


matemática, principalmente a geometria fazendo com que os
alunos conheçam não só a obra e possam relacioná-la com a
geometria; eu ensinaria formas geométricas de forma
contextualizada; o patrimônio histórico de Belém, é rico em
detalhes é rico em modelos geométricos e falar de matemática
demonstrando esses modelos é algo muito excitante, pois
podemos sair da abstração matemática e relacioná-la de forma
mais concreta.

Outros sugeriram fazer a abordagem relacionando com a História


seja, por meio do professor ou de aplicações, conforme respostas dadas:

- 181 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Sim, fazendo uma parceria com o professor de História


buscando trabalhar a Interdisciplinaridade; eu procuraria
abordar a historia e depois aplicaria a matemática para os
alunos poderem entender o porquê do estudo

Sobre os conteúdos de história de Matemática que podem ser


relacionados com o patrimônio histórico e arquitetônico de Belém,
quando consultados sobre quais conteúdos da história da Matemática
pode ser relacionado com o patrimônio histórico e arquitetônico de
Belém verificamos que 76% dos participantes fizeram a relação da
seguinte maneira:

Figuras, desenhos através da matéria geométrica e


proporcionalidade e etc; Geometria, simetria, proporção,
unidades de medidas; Geometria, ângulos, fazendo com que o
aluno perceba que esse patrimônio tem toda uma simetria com
as figuras geométricas, qual a angulação de cada figura;.
Principalmente com a geometria, utilizando medidas e figuras
geométricas como no caso do octógono; Geometria, simetria,
figuras e formas geométricas. Esses conteúdos podem ser
trabalhados através de fotos e das plantas do patrimônio
histórico e arquitetônico de Belém; Sólidos geométricos,
proporção, fazendo com que o aluno tenha conhecimento dos
patrimônios e desenvolvendo atividades para se trabalhar a
partir do patrimônio visitado; A geometria, através dos estudos
de área, semelhança e simetria, tudo relacionado ao projeto
arquitetônico de Belém; Geometria plana, espacial, analítica,
razão e proporção; Geometria, através das suas formas
geométricas pegando as plantas e imagens das obras;
Geometria, razão e proporção, número de ouro; Geometria,
proporcionalidade, razão; Conteúdos de geometria,
simetria;Geometria, análise combinatória, área, perímetro, reta,
etc; Na geometria para Educação Básica, como achar a área,
volume, perímetro da obra de arte, a Modelagem Matemática
fazendo, por exemplo, o volume aproximado do material que foi
gasto na obra; Geometria plana , geometria espacial eAnalise
combinatória, geometria plana, etc.

Sobre os modos de utilizar o patrimônio histórico de Belém


como forma de abordagem para ensinar os seus futuros alunos, 24%dos
- 182 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

respondentes mencionou que mostraria as obras arquitetônicas aos


alunos, através de slides, ou até mesmo os levaria ao centro históricos
para mostraruma nova maneira de explorar a Matemática e assim
buscar mais conhecimentos históricos da época.Consideraram que
assim o aluno poderia fazer um estudo completo e integradodo
patrimônio, pois há um leque de disciplinas envolvidas e não só a
Matemática.
Além disso, mencionaram que exploração do patrimonio
arquitetônico no ensino de Matemática é bastante viável para o aluno
entender a Matemática de forma concreta, pois de forma concreta o
aluno entenderia e visualizaria com mais facilidade, de modo a perceber
que a matemática nos cerca e podemos encontrá-la em todo lugar, e que
as obras de Landi foram feitas baseadas em formas geométricas.
Mencionaram, ainda, que a partir dessa proposta pedagógica
explorariam as teorias matemáticas, trazendo os alunos para uma
realidade matemática melhor que aquela que estão habituados.Assim
mostraria que e como a Matemática teve um papel fundamental no
surgimento do patrimônio histórico explorado nas atividades, como nas
relações entre o patrimônio e os elementos de Euclides e os conceitos
de geometria plana e espacial.
Sobre o alcance das expectativas dos participantes em relação ao
curso, na verificação dos resultados levantados constatamos que 76%
dos respondentes informaram que alcançaram suas expectativas em
relação ao curso, uma vez que ampliaramseu conhecimento e foram
instigados a buscar formas mais dinâmicas para ministrar a
disciplinapor meio de novos conhecimentos e métodos de ensino
adquiridos no curso.Afirmaram, ainda, ter despertado para o interesse
em pesquisar mais a respeito do assunto. Entretanto, um grupo de 8%
mencionou que suas expectativas foram atendidas parcialmente, pois
tiveram algumas dificuldades para participar de todas as atividadesdo
inicio ao fim, mas o pouco que participaram contribuiu para seu
crescimento, visto que ainda terão um longo caminho a
percorrer.Apenas 16% dos participantes não responderam a esse
aspecto da avaliação.
- 183 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

A respeito das contribuições do curso para sua formação


conceitual e didática 84% dos participantes consideraram que o curso
contribuiu de várias formas para a sua formação pedagógica inicial.
Dentreas contribuições apontadas,informaram que o cursopossibilitou a
ampliaçãodo conhecimento deles e lhes ofereceu importantes sugestões
para serem aplicadas em sala de aula,o que lhes fez perceber o quanto a
exploração históricatornapossível desenvolver os conteúdos e melhorar
a dinâmicada aula e aumentar a visão da pesquisa relacionada à
Matemática para a sala de aula. Os 16% restantes não respondeu essa
questão.
Como sugestões de melhoria para a realização do curso, 48% dos
participantes sugeriram que deveriam haver visitas aos locais das obras
que tiveram mais destaques, eem seguida trazer as plantas do
patrimônio para mostrar e explorarnasala de aula durante o
curso.Sugeriram, ainda, quehouvessem mais atividades práticas,
poisavaliaram que o curso ficou muito centrado em palestras, sem
muitas atividades, somente textos e leitura.Deveria ter mais dinâmica e
se tornar mais prático. Outros 36% não deram sugestões, pois avaliaram
que o curso estava adequado e mostrou que a teoria seria aplicada na
prática. Os 16% restantes não responderam a questão.

5.2.Avaliação da segunda unidade do curso


A respeito da satisfação dos participantes em relação aos
recursos didáticos, de um modo geral, 86% dos participantes respondeu
positivamente aos recursos didáticos utilizados na Unidade II. Os 14%
restantes não responderam. Neste sentido, podemos assegurar que o
material didático usado durante a unidade II foi avaliado positivamente
pelos participantes. Do mesmo modo, com relação ao método utilizado
no do curso, 36% dos participantes avaliou como excelente, enquanto
50% considerou muito boa e 7% boa. Outros 7% não responderam a
essa questão. Assim, podemos assegurar que método praticado na
unidade II do curso, foi aprovado. Todavia, algumas sugestões foram
mencionadas para serem incluídas na unidade III, tais como realizar
visitas ao patrimônio.
- 184 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Com relação ao conteúdo abordado na unidade II, 29%


consideraram excelente enquanto 64% avaliaram como muito bom. Os
7% restantes não responderam a essa questão. Novamente tivemos a
aprovação da maioria dos participantes, com relação ao conteúdo das
palestras e atividades realizadasna unidade do curso. A respeito do
impacto da unidade II na sua formação, 57% dos participantes
considerou excelente, enquanto 29% avaliou como muito boa e 7% boa.
Os outros 7% restantes não responderam a essa questão. Quanto à
satisfação com os conteúdos apresentados na unidade II, 50% dos
participantes consideraram excelente a palestra sobre o livro
investigação histórica no ensino da matemática e 14% avaliaram como
muito boa e 29% boa. Apenas 7% não responderam a questão.
Quanto a apresentação e desenvolvimento das atividades
relativas a elaboração e divulgação de jornais didáticos que abordem
informações sobre as relações entre o patrimônio arquitetônico e
matemática, 50% dos participantes considerou excelente enquanto 14%
avaliou como muito bom e 29% bom. Apenas 7% não respondeu a
questão. Com relação à execução das atividades relacionadas aos
jornais na sala de aula, 43% dos participantes consideraram excelente
enquanto 29% avaliaram como muito boa e 21% boa. Apenas 7% não
responderam a questão. Quanto à socialização dos jornais pelos grupos
em sala de aula, 29% considerou excelente enquanto 43% avaliou como
muito boa e 21% boa. Apenas 7% novamente não respondeu.
Durante a unidade II foram realizadas algumas orientações para a
elaboração e desenvolvimento de pequenos projetos investigatórios
relacionados a exploração do patrimônio histórico arquitetônico e a
matemática na educação básica. Esta atividade foi avaliada
positivamente por 93% dos participantes, onde 22% consideraram
excelente, 50% muito boa e 21% boa. Os outros 7% não
responderam.Quanto à necessidade de estudar temas de história da
Matemática a partir da unidade II, 93% dos participantes concordou,
justificando queos temas históricos da Matemática aprimoraram seus
conhecimentos na realização das atividades da unidade III, referente à
elaboração dos jornais envolvendo conteúdos e métodos de ensino de
- 185 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

geometria a partir do patrimônio histórico e arquitetônico. Os outros


7% não responderam.
Sobre algumas relações entre o conhecimento matemático e a
história desses conteúdos que foram ministrados na unidade II, 86% dos
participantes afirmou ter percebido essas relações e 14% não
responderam a questão. Daqueles que responderam positivamente,
destacarma importância de se ensinar de forma interdisciplinar para
expor textos históricos a fim de inserir o estudante no tempo e espaço
das obras citadas, além de fazê-los visualizar a Matemática em alguma
das características que um patrimônio apresenta. Outros
vislumbraram que a partir dos conteúdos trabalhados puderam verificar
a importância da história para o conhecimento matemático, nas medidas
de comprimento, razão, proporção, simetria, padrões geométricos de
mosaicos, etc. Por fim, outros ponderaram que o conhecimento
matemático e a história estão relacionados e que a matemática se
relaciona com tudo e a história arquitetônica também. Com certeza, o
conhecimento matemático é uma das peças principais desse estudo, e
está intimamente ligado com a história, pois, a história é importante
para dar sentido ao conhecimento matemático.
Quando perguntados como utilizariam o jornal em suas aulas,
conforme a proposta didática de ensino de geometria por meio da
exploração do patrimônio histórico de Belém, 93% dos participantes
responderam positivamente. Para justificar suas respostas,
mencionaram que:

a proposta se concretiza na pesquisa ou in lóco, com os


alunostirando suas próprias conclusões a respeito da
Matemática explorada, ou seja, não é só com o discurso
de que deveríamos preservar nosso patrimônio histórico,
mas principalmente expor a Matemática presente em
nosso cotidiano. O jornal pode ser usado para ensinar os
alunos e fazer um trabalho didático para os alunos
fazerem o jornal e aprender trigonometria, geometria e
outros assunto.

- 186 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Apenas 7% não responderam a questão.


Com relação aos jornais elaborados e apresentados pelo grupo,
alguns participantesdestacaram que os comentários avaliativos e
sugestões foram importantes para que alguns jornais fossem
modificados de modo a definir série, nível de ensino para o qual era
dirigido, público alvo, além danecessidade deincluir imagens, fotos,
plantas, mapas, escalas e medidas de acordo com o tema. Em alguns
jornais faltaram separar o título do editorial e dar destaque para o nome
do jornal, colocar o logotipo da instituição, curso de Licenciatura em
Matemática, Ano/Data/Volume ou Edição.
Além disso, sugerimos que poderiam desenvolver mais o
editorial tratandodo trabalho, da finalidade do jornal, o assunto
focalizado, e depois fazer a chamada dos assuntos (tipo sumário),logo
na primeira página. Na ficha técnica deveriam colocar o nome da
turma, o nome dos editores, endereço, telefones e e-mails e nome dos
orientadores da atividade.
Quanto aos Assuntos tratados no jornal, deveriam trazer para o
jornal o assunto matemático que será desenvolvido, pesquisar mais
sobre o assunto e falar mais sobre o patrimônio histórico pesquisado e
sobre Landi. No que diz respeito a problematização do conteúdo muitos
já tinham iniciado, no jornal, a problematização, mas consideramos
necessário aprofundar mais (relacionando o assunto com a obra) e se
possível com mais exemplos. No quesito dedicado as fontes muitos
precisam colocar de onde as informações foram tiradas.
Outros participantes mencionaram que o jornal foi o ponto de
partida para o exercício da pesquisa e problematização,pois despertou o
interesse de todos no sentido de como explorar a Matemática de forma
concreta, dando um direcionamento para as atividades propostas,para se
visualizar com clareza de que forma se pode usar a Matemática edar
vidaaos conteúdos estudados nesta unidade.
Para os participantes, a ideia de pesquisar e elaborar o jornal foi
uma boa ideia que levou à prática e fez com que todos pesquisassem
mais sobre as obras de Landi, pois ajudou a elaborar o jornal. Outro
grupo considerou uma excelente metodologia, ou seja, uma excelente
- 187 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

ferramenta metodológica para o professor de Matemática. Neste


sentido,os participantes asseguraram que não adianta de nada fazer
pesquisa sem testá-la e mostrar o que foi absorvido ao longo das duas
unidades do curso.
Sobre o alcance de suas expectativas em relação a unidade II do
curso, 86% asseguraram ter alcançado totalmente enquanto 7%
considerou o alcance parcial de suas expectativas. Apenas 7% não
responderam a questão.
Qualitativamente foram várias as justificativas dos participantes,
como acerca do aprimorando dos conhecimentos geométricos deles a
partir da exploração do patrimônio histórico das obras de Landi, a
aquisição de maiores conhecimentos sobreo patrimônio e suas
possibilidades de utilização em sala de aula. Isto porque a cada unidade
aprenderam mais a respeito do assunto e sua conexão com Matemática.
De um modo geral, avaliaram que a unidade II contribuiu na sua
formação inicial, pois93% dos participantes a atividade contribuiu para
ampliar o conhecimento de Matemática dos seus futuros alunos, uma
vez que contribuiu de maneira a dar uma visão melhor sobre
conhecimentos teóricos e práticos de geometria.Para outros. Tais
depoimentos foram importantes para avaliarmos o crescimento dos
participantes e seu perfil voltado para a pesquisa conectada ao
ensino.Outros 7% afirmaram que a unidade II contribuiu para
relacionar a Matemática com a História da Matemática e com a História
do Patrimônio, no conhecimento histórico de onde a Matemática foi
utilizada, o que se configura para aprender a fazer a
interdisciplinaridade a partir dos conteúdos estudados e dos métodos
propostos.
Com relação às sugestões de melhoria para o andamento do
curso, 57% dos participantes asseguaram que não mudariam nada no
desenvolvimento do curso. Outros 29% sugeriram coisas técnicas e
estruturais como mudar o horário, maior divulgação do curso, pois
ainda há pouca participação dos discentes, ampliar a visita dos alunos
que fizeram o TCC sobre tema para dar depoimento. Apenas 14% não
responderam a questão.
- 188 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

5.3.Avaliação da terceira unidade do curso


Com relação a avaliação da unidade III do curso, nossa
finalidade foi identificar as necessidades, expectativas, graus de
satisfação, dificuldades e contribuições expressadas pelos participantes
da referidaunidade.Inicialmente verificamos o nível de satisfação dos
participantes com relação a alguns aspectos como os recursos didáticos
utilizados na unidade do curso. Para 35% dos participantes os recursos
foram considerados excelentes enquanto 47% avaliaram como muito
bons e 12% bom. Os outros 6% restantes não responderam a essa
questão.
Quanto ao método adotado para a unidade, 47% dos participantes
considerou excelente e 47% avaliou como muito bom. A esse respeito,
o material didático utilizado nas atividades da unidade foi avaliado
como excelente para 41% dos participantes e muito bom para outros
41%. Todavia, 12% avaliaram como bom e 6% não responderam a
questão. Os outros 6% restantes não respondeu a questão.
A respeito do conteúdo das palestras e atividades realizadas na
unidade, 94% dos participantes aprovaram o que foi apresentado e
desenvolvido. Neste sentido, 53% consideraram excelente e 35% muito
bom. Outros 6% avaliaram como bom e apenas 6% não responderam a
questão. Ainda a esse respeito, para 71% dos participantes a temática da
unidade que tratou do mapeamento e exploração do patrimônio
histórico-arquitetônico de Belém, por meio de um circuito de visitas às
obras construídas por Antonio José Landi foi considerada excelente.
Outros 23% avaliaram essa temática como muito boa e os 6% restantes
não responderam a questão.
Ainda sobre essa unidade, 23% os participantes consideraram
excelentes os estudos sobre unidades de medidas não convencionais e
padrão na arquitetura investigada. Outros 53% avaliaram como muito
bom. Todavia, outros 12% consideraram bons os estudos. Os 12%
restantes não responderam a questão. Quanto à palestra sobre o estilo
arquitetônico de Antônio José Landi presente em suas obras, 70% dos

- 189 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

participantes consideraram excelente e 24% avaliaram como muito boa.


Os 6% restantes não responderam a questão.
Quanto às orientações para a elaboração de um mapa para um
roteiro geo-turístico a ser utilizado nas atividades de ensino de
Matemática a partir do patrimônio histórico arquitetônico de Belém,
70% dos participantes consideraram a atividade muito boa e 18%
avaliaram como boa e para 6% como regular. Os outros 6% restantes
não responderam a questão.
Quanto aos estudos realizados sobre medidas de limites e
extensão com a finalidade de estabelecer comparação entre os sistemas
de medição do sécuo XVIII e da atualidade, 17% dos participantes
consideraram excelente enquanto 65% avaliaram como muto bom. Para
outros 12% a atividade foi boa. Os 6% restantes não responderam a
questão.
Ao avaliar a atividade de exploração das formas geométricas
mais variadas que possivelmente poderiam ser encontradas nos prédios
históricos do conjunto arquitetônico setecentista de Belém de modo a
poder enfatizar aspectos como simetria, volumes, proporcionalidade
entre outros, 47% dos participantes consideraram a atividade excelente
e 35% avaliaram como muito boa. Outros 12% admitiram que a
atividade foi boa para sua aprendizagem conceitual e didática enquanto
6% não responderam a questão.
Sobre a realização de um circuito de visitas guiadas ao centro
histórico de Belém, denominado Circuito Landi: um roteiro pela
arquitetura setecentista na Amazônia, 82% dos participantes avaliaram
a atividade como excelente e 12% consideraram muito boa. Os 6%
restantes não responderam a questão. Quanto às propostas didáticas de
ensino de geometria a serem desenvolvidas pelos professores de
Matemática, 41% dos participantes avaliaram como excelentes as
sugestões dos professores do cursos e outros 41% atribuíram comceito
muito bom. Para 12% as propostas foram consideradas boas enquanto
os 6% restantes não responderam a questão.
Quanto pergutamos se os participantes sentiram necessidade de
estudar temas relacionados à história da Matemática, a partir da unidade
- 190 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

III, 35% asseguraram que necessitavam de tal aprendizado, masa


respeito da história do patrimônio histórico arquitetônico de Belém,
para debater e assimilar melhor as palestras e visualizar com facilidade
o tema abordado. Outros justificaram que ainda há assuntos
relacionados à Matemática que desconhecem. Alguns afirmam que
pretendem aprimorar os conhecimentos adquiridos com o material
didático disponibilizado, com as palestras, e com a visita nos
patrimônios para poder desenvolver a atividade solicitada e para
mostrar ao aluno o conceito de cada assunto através da sua história
inicial. Há aqueles que reiteram a importância do assunto, e a
necessidade de aprofundar seu conhecimento, devido ao uso de
sistemas de medidas não convencionais realizados nas construções dos
prédios visitados.
Para 24% dos respondentes aprender sobre a história da
Matemática e do patrimônio histórico é necessário, pois acada vez que
o curso foi avançando eles se interessavam mais pela história do
patrimônio de Belém e o conhecimento matemático.Outra justificativa é
que através da história dos conteúdos matemáticos ligados ao
patrimônio conseguem entender o que se passava na época em que
Landi veio para Belém. Além disso consideram que muitas das origens
sobre os estudos de geometria e trigonometria têm como suporte a
necessidade de construções de estruturas arquitetônicas.
Há ainda 6% dos participantes que consideram indispensável os
estudos sobre história da Matemática relacionado ao patrimônio
arquitetônico porque se trata dos conteúdos de geometria e porque se
trabalha muito com a geometria. Outros 12% consideraram necessário
para acompanhar e compreender as temáticas abordadas,pois com
certeza, não somente para aperfeiçoamento do ensino, mas para poder
acompanhar as aulas e para melhor compreensão do tema abordado na
unidade. Todavia, 6% consideraram que a partir desses temas, do
estudo desses temas é possível, não somente desenvolver o ensino
contextualizado, mas enriquecer culturalmente a perspectiva do aluno.
Os 17% dos restantes não responderam a questão.

- 191 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Ao perguntarmos sobre possíveis relações existentes entre o


conhecimento matemático e a história desses conteúdos que foram
ministrados na unidade III, 6% dos respondentes admitiu que o tema
estava muito ligado a geometria uma vez que ambos se encontram
perfeitamente correlacionados, e o estudo da geometria permite maior
precisão nas construções arquitetônicas.Outros 18% justificaram que
existe uma relação entre Arquitetura e Matemática, pois quando tratade
medidas de limites e extensão, aborda-se a história das medidas,
comparação(passado –presente). Além do patrimônio histórico-
arquitetônico é possível ver a Matemática em obras do Landi. Ficou
evidente que a evolução histórica, influencia diretamente no estilo,
passando de época a época, e consequentemente na
Matemática(geometria). Como exemplos citaram a influência
arquitetônica dos patrimônios históricos através do estilo da época
(barroco, neoclássico, por exemplo) e a matemática sempre presente
nesses estilos.
Para 41% dos participantes existe relação direta, a intenção de
exprimir simetria, o número de ouro(razão áurea), as escalas e medidas
não convencionais entre outros, nas obras estudadas mostram a
matemática junto a história. Certamente, existe muita relação entre os
conhecimentos de medidas, simetria e etc.Existe,ainda, a preocupação
com detalhes das formas apresentadas, como por exemplo a simetria,
principalmente no momento em que foi abordado o tema pesos e
medidas, além das figuras geométricas utilizadas em muitas das obras
de Landi.
Um grupo de 12% admitiu a relação entre a história com a
Matemática ao justificar que todo conteúdo do curso estava
relacionando a história com o conhecimento matemático, e que não só
na história, mas em qualquer outro lugar podemos fazer uma relação
com a Matemática. Outros 18% consideraram que há muita relação
entre o conhecimento matemático aplicado no dia a dia, pois o assunto
é interessante e presente no dia a dia, o que faz com que queiramos nos
aprofundar no assunto e obter conhecimento amplo;é através do passeio
com os alunos, o que fará com que haja um interesse maior do aluno
- 192 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

com a disciplina. Será mais divertido ensinar e aprender mostrando que


a matemática está presente em nosso dia-a-dia; pois o conhecimento
matemático é fundamental para a formação dos construtores. Apenas 6
% dos alunos não responderam à questão proposta.
A respeito da possibilidade de usar o roteiro de visitas do
patrimônio histórico de Belém em suas aulas de Matemática (ensino de
geometria), 12% não responderam a questão e 88% admitiram que
adotariam esse tipo de abordagem de ensino de geometria em suas
aulas,justificando que é uma abordagem interdisciplinar e que pode ser
utilizada em outras disciplinas, com amplidão nos mais diversos
assuntos da Matemática, levando os alunos à práticas matemáticas além
do papel, o que torna muito interessante trabalhar o ensino de geometria
com o patrimônio histórico
Outros consideraram que a visita propicia os alunos vivenciarem
situações concretas de aprendizagem relacionadas com o patrimônio e
dessa forma levaria os alunos a sentirem a Matemática concreta,
partindo dos patrimônios construídos focando as figuras geométricas e
focando perguntas mais importantes do roteiro, levando os alunos em
um patrimônio para que eles reconheçam as formas geométricas, a
simetria, observando o concreto muito mais do que imagens, fazendo
com que os alunos percebam o estilo usado nas obras e, comparando
com a geometria, possamidentificar elementos da geometria presente no
patrimônio histórico de Belém.
Igualmente, outros considerram quena relação entre a
Matemática e Arquitetura (prédios históricos visitados) desenvolvem
uma relação fundamental para a elaboração do espaço projetado. Há
uma relação muito forte entre os mesmos, sendo esta essencial para os
desenvolvimentos arquitetônicos; Tomando como termo referencia o
manual do circuito Landi e suas orientações, para formulação de uma
atividade pedagógica neste sentido. Assim, o roteiro de visitas seria um
importante incremento no ensino de Matemática, e uma maneira
interessante de aproveitar o roteiro, seria trabalhar com o estudo das
proporções nos monumentos; outra seria demonstrando as formas das
figuras, o uso de escalas, etc, além de poder utilizar a oportunidade
- 193 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

interdisciplinar na visita com a ajuda de professores de outras


disciplinas.
Com relação à elaboração do relatório de observação, sugerido
na unidade III, 12% não responderam a questão e 88% aprovaram a
realização da atividade,considerando que seria importante para os
alunos fazerem observações durante a visita, pois, ao observarem
detalhes sugeridos nas atividadessugeridas no cursopassaram a perceber
detalhes sobre o patrimônio histórico de Belém e verificaram várias
formas de relacionar a Matemática através das obras de Landi. Além
disso, consideraram que a visita serviu para mostrar os resultados
obtidos da unidade III, pois no relatório foi possível colocar todas as
informações que adquiriram durante o estudo da unidade, de maneira
organizada, incluindo as fotos que fizeram no local da visita, e assim
puderam refletir a respeito do que de fato aprenderam.
Sobre o alcance de suas expectativas acerca da unidade III, 6%
dos participantes não responderam a questão, enquanto 94% admitiram
que alcançaram as expectativas pretendidas, principalmente porque as
unidades estão bem interessantes e sempre motivantes, despertando a
curiosidade deles para fazer um teste com alunosin loco e obter
informação a respeito da aceitação dosalunos. Informaram, ainda, que
essa unidade foi além das suas expectativas e que todas as coisas
mostradas foram de grande importância para colocarem em prática tudo
aquilo o que aprenderam nas unidades anteriores, principalmente por
conseguirem observar os detalhes que antes só eram mostrados por
figuras.
Asseguraram, também que a visita realizada foi muito proveitoso
tanto na parte da visita didática como cultural; principalmente depois
do circuito onde foi possível ver de perto as obras de Landi nos
patrimônios históricos de Belém e em consequência disso construiram
um novo modo de olhar a Matemática e a historia de Belém,
desconhecida por muitos, e essa foi uma boa iniciativa pedagógica, pois
dessa maneira, consideraram o ponto alto do curso.
Quanto perguntamos em que a unidade III contribuiu para a
formação conceitual e didática dos participantes, 88% deles avaliou
- 194 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

positivamente de diversas maneiras, principalmente a contribuição para


o estudo da temática da educação patrimonial o que consideraram um
avanço, pois aprimora nos alunos a ideia de preservação e conservação
do patrimônio estudado. Neste sentido, a unidade ampliou seu
conhecimento para aplicar em sala de aula eorientou-lhes para ter um
olhar além do que parece, dando contextualização e construção de
questões que envolvem a área específica de geometria, utilizando
didaticamente o patrimônio histórico arquitetônico de Belém ao olhar
para um passado recente da nossa história que por sua vez tem grande
relevância a todos nós.
Outros admitiram que a maior contribuição dada foram as outras
ideias para trabalhar com os alunos em sala de aula,para que percebam
a Matemática através de outros métodos, o que ajuda na nossa
formação de professor, para uma didática atualizada e contextualizada,
para a melhoria do ensino. Além disso, pode ampliar as práticas
pedagógicas voltadas para o ensino da Matemática, combinada à
história local e regional de modo a contribuir para que o ensino da
Matemática se torne mais simples na visão do aluno.
Outra contribuição indicada foi para a realização de projetos de
pesquisas e profissionais, uma vez que, na avaliação deles, a unidade
contribuiu com muitas ideias que estavam ainda em formulação e para
futuros trabalhos e artigos, bem como para expandir os conhecimentos,
e assim contribuir para o estudo da temática da educação patrimonial,
levando-os a refletir quanto ao uso didático do patrimônio histórico e
principalmente quanto a criação de novos temas pela perspectiva que o
curso apresentou.

5.4. Avaliação da quarta unidade do curso


A unidade IV correspondeu à elaboração de atividades sobre
geometria e medidas focalizando o patrimônio histórico arquitetônico
de Belém. Durante a avaliação procuramos verificar as necessidades, as
expectativas, as dificuldades, os problemas, os seus desejos expressados
nas respostas ds participantes.

- 195 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Como fizemos ao longo do curso, nosso instrumento avaliativo


solicitou que os participantes mencionassem o seu nível de satisfação
quanto a alguns aspectos qualitativos do curso, tendo como ponto
central a unidade IV. A seguir mencionaremos aspectos avaliativos
sobre cinco aspectos: recursos didáticos, metodologia de ensino
adotada, materiais didáticos utilizados, a infraestrutura e o horário.
Com relação aos recursos didáticos e ao método de ensino da
unidade, utilizadosna unidade IV, 29% dos participantes consideraram
excelente e 29% consideraram muito bom. Outros 21% avaliaram
como bom e 21% não responderam a questão.
Com relação ao conteúdo, 36% dos participantes considerou
excelente para sua apreendizagem e 29% avaliou como muito bom.
Porém, 14% admitiu que o conteúdo era bom para sua formação
enquanto 21% não respondeu a questão. Percebemos, portanto, que o
conteúdo abordadona unidade IV foi avaliado positivamente por 79%
dos participantes que responderam ao instrumento avaliativo da
pesquisa.
Quanto à temática explorada na unidade IV, 57% dos
participantes considerou excelente e 14% avaliou como muito boa.
Todavia, 7% admitiram ser boa a temática e 22% nada responderam. Os
resultados nos fizeram perceber, portanto, que a temática de elaboração
de abordagem didática de ensino de geometria teve aprovação de 78%
dos participantes do curso, na unidade IV.
Sobre o grau de satisfação dos participantes em relação ao
conteúdo trabalhado, especificamente no que se refere ao método para a
geometria do Ensino Fundamental e Médio, 50% dos participantes
avaliou como excelente, enquanto 14% considerou muito bom. Outros
14% consideraram bom e os 22% restantes nada responderam. Daí
admitirmos conclusivamente que 78% dos participantes avaliaram
positivamente o método de trabalho adotado para a unidade IV do
curso.
A avaliação da experiência centrada na elaboração de atividades
didáticas para o ensino de geometria com base na exloração da
arquitetura setecentista de Belém, foi considerada positiva, uma vez que
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

79% dos participantes se sentiram satisfeitos com a sua aplicação na


unidade IV.
Uma necessidade mencionada foi a ampliação e visualização do
tema abordado, uma vez que estudar a história da Matemática
relacionada ao patrimônio traz um novo mundo de
oportunidades,superando as limitações da “Matemática fechada”,
criando novas oportunidades, novas formas de trabalhar os assuntos
envolvidos. Além disso, tais estudos como são relacionados à geometria
têm na temática envolvida uma possibilidade de contribuir para melhor
compreensão e requer maior embasamento e conhecimentos gerais em
estilos matemáticos e geométricos passados.
Alguns depoimentos apontam a necessidade desses estudos para
acompanhar e compreender as temáticas abordadasporque se pode ver o
quão abrangente pode ser a Matemática, podendo, inclusive fazer frente
a outras disciplinas. Afirmaram que o modo analítico com que
enxergaram o espaço ao seu redor poderá se tornar tão matemático
quanto quiserem, pois a Matemática se mostrou indispensável na
Arquitetura e nas formas que todos estão acostumados a ver,
diariamente. Além disso, mencionaram que para melhorar o seu
desempenho didático o professor precisa estar todo tempo se
atualizando e saber sobre a história da Matemática é uma delas.
Sobre algumas relações entre Arquitetura e Matemática alguns
depoimentos destacaram que

a Arquitetura precisa da Matemática para ajudar na construção


dos seus cálculos, principalmente a relação do numero de ouro
e que por trás da Arquitetura de Landi.AMatemática se encontra
presente em aspectos geométricos e equacionais, com o número
de ouro. Landi teve o cuidado de que suas obras sejam bem
mais do que aparentam ser e que o arquiteto usava nas suas
obras, pois o mesmo tratava da arquitetura, que é dotada de
formas e figuras que por sua vez, podem ser exploradas pela
Matemática. E que essa relação foi percebida, principalmente
durante a visita ao patrimônio e na atividade do número de
ouro, quando vimos que a Arquitetura precisa desses principios
para sua edificação.

- 197 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Outros mencionaram que há um relação direta entre os conteúdos


matemáticos e as obras estudadas comoa Igreja de São João Batista,
pois nela

é perceptível várias relações matemáticas, como simetria,


ângulos e outros assuntos, de forma que os assuntos envolvidos
estão diretamente ligados à matemática. A cada história, cada
arte, podemos encontrar um pouco dessa ciência, até nos
mínimos detalhes como na simetria das fachadas, nos arcos
geométricos encontrados nas portas e janelas de algumas obras
e que a matemática, é reflexo do contexto vivido em cada
momento pela sociedade e Landi transmite suas ideias
adquiridas no seu contexto para suas obra.

Sobre as possibilidades dos participantes usarem os métodos de


ensino de geometria (visualização, construção geométrica, régua e
compasso, Geogebra) a partir do patrimônio histórico de Belém,
conforme abordado na unidade IV, em suas atividades como docentes,
21% dos participantes nadaresponderam, enquanto os outros 79%
mencionaram suas expectativas futuras destacando que ainda não
tinham muita prática na docência, mas que admitem que as aulas
ficariam mais dinâmicas eos alunos aprenderiam mais a partir do uso
desse método.
Outros sugeriram que usariam os métodosatravés de visitas, para
ensinar os conteúdos de matemática utilizando imagens fotografadas
pelo próprio aluno e observadas pelo mesmo, e que elaborariam
propostas de atividades paraos alunos terem contato e visualizar passo a
passo o que estão estudando, aliando à tecnologia, que é uma ótima
ferramenta para se fazer entender a geometria, principalmente ao
utilizar o geogebra como suporte.
Ao solicitarmos que avaliassem uma atividade prática
desenvolvida na unidade IV sobre o número de ouro, 42% dos
participantes nada responderam e os outros 58% destacaram que a
atividade foi importante para ver a matemática de forma lúdica e

- 198 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

perceber muita matemática presente na arquitetura, pois esse tipo de


prática é importante para melhorar o aprendizado deles. Além disso
consideraram que serve para valorizar a história da Matemática, embora
alguns terem informado que tiveram dificuldades devido saberem
pouca geometria.
Sobre essa ludicidade da atividade mencionaram que a
visualização da Matemática presente nas edificações são de extrema
importância, pois torna o estudo lúdico e mais prazeroso, e que a
matematização das plantas de Landi e a ideia de partir das medidas do
corpo para chegar no número de ouro, na escola,seria uma atividade
que os alunos iriam adorar.
Sobre a percepção da Matemática presente na Arquitetura os
depoimentos destacaram:

quanta matemática há nas obras como simetria, razão,


proporção, formas geométricas para o professor usar na sala
com os alunos, e que com o numero de ouro nos vemos de forma
mais concreta a simetria entre os traços, pois as equações
comprovam a existência de uma geometria trabalhada envolta
de vários fatores matemáticos comparativos.Até então não tinha
tido um conhecimento tão abrangente sobre o número de ouro e
onde poderia ser feita sua utilização. Assim sendo, no curso
dado pude além de aprender o seu significado, aprender
também a utilizá-lo na arquitetura

Sobre as difuldades em geometria, os depoimentos apontados


foram que devido ao pouco conhecimento sobre a geometria, o que
afetou muito a produção e que até então não conheciam de forma tão
abrangente o número de ouro e onde poderia ser feita sua utilização,
assim sendo, no curso dado além de aprender o seu significado, aprendi
também a utilizá-lo na arquitetura.
A partir das ideias apresentadas na unidade IV, perguntamos se
os participantes se sentiam preparados para elaborar atividades
didáticas voltadas ao ensino de geometria, centradas na Arquitetura de
Landi. Dos participantes, 21% nada responderam, enquanto que os
outros 79% afirmaram que nãose sentem seguros sobre seu exercício
- 199 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

em sala de aula, pois precisam estudar mais um pouco, embora tenham


compreendido bem os modos de fazer e seus significados. A esse
respeito apontam segurança no uso dos médotos abordados no curso e
destacaram queaté então não tinham conhecimento tão abrangente
sobre o número de ouro e onde poderia ser feita sua utilização.

No curso dado pude, além de aprender o seu significado,


aprender também a utilizá-lo na Arquitetura e que estou
preparado. Apesar de sempre fazermos novas descobertas na
Arquitetura de Landi, tenho certeza que a minha base quanto ao
assunto é forte, visto que a Matemática é praticamente infinita
nas obras. Dessa maneira faria semelhante como foi repassado
pra nós no curso, fazendo com que os alunos visualizem o
conteúdo matemático dado em sala de aula nas arquiteturas de
Landi, através de passeios pelos centros históricos e etc. e que a
Arquitetura nos proporciona um leque de atividades.

Sobre o alcance das suas expectativas em relação à unidade IV,


22% não responderam a questão, enquanto 7% consideraram que não
alcançou suas expectativas. Os outros 71% dos participantes afirmaram
positivamente, destacando que suas expectativas tinham sido
alcançadas das mais diversas maneiras, poisembora o tempo ser
curtopara a realização das atividades em sala de aula, foram bastante
significantes para o curso e além das expectativas, certamente pela
afinidade com o assunto geometria e pela quantidade de conhecimento
dos professores.
Mencionaram, também que esse curso só veio a acrescentar na
formação deles, com novas formas de ensinar Matemática, e essa foi
mais uma oportunidade de aprofundar seu conhecimento, tendo contato
direto com a história e suas obras. Afirmaram, ainda, que aunidade IV
contrinuiu para sua formação inicial, principalmente por mostrar que há
muitas formas didáticas para fazer o aluno visualizar a Matemática no
seu dia a dia, aprendendo e explorando sobre sua cultura e os conteúdos
a serem estudados em sua série.
Mencionaram, ainda, que a partir do curso ficou evidente que
há sim possibilidades de dinamizar as aulas de Matemática, tirando os
- 200 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

alunos da sala de aula e levando-os para o mundo real, ou seja, levando-


os a reconhecê-la em diferentes modalidades, como foi mostrado no
curso, onde visualizaram através da Arquitetura.Informaram,também,
que essa foi uma maneira de melhorar a sua formação e aprendizagem
para melhorar o conteúdo e o método para ensinar e que foram além das
expectativas. Certamente pela afinidade com o assunto geometria e pela
quantidade de conhecimento dos professores, o curso contribuiu para a
formação de novos educadores, não somente limitados a um assunto, e
sim a um contexto, o que facilita o entendimento, pois relacionamos a
matemática ao nosso dia-a-dia.

5.5. Avaliação geral do curso


Quando perguntados se gostariam de dar sugestões de melhoria
das atividades propostas e realizadas ao longo do desenvolvimento das
quatro unidades de ensino do curso, os alunos propuseram sugestões
que contribuiram, sobremaneira, para o melhoramento do curso. A esse
respeito procuramos melhorar a infraestrutura, alteramos o horário, o
acesso a internet, entre outras alterações necessárias.
Ao final do curso 68% dos participantes sugeriram que o curso
fosse transformado em uma disciplina, devido precisar de um tempo
maior para o curso com a utilização de recursos tecnológicos como
quadro interativo para aperfeiçoamento de desenhos geométricos e
relacionar as obras de Landi com as de outros autores, para
comparações e anexar visistas as obras. Consideraram, também, a
possibilidadade de que o curso fosse transformado em uma
especialização.
Além disso, avaliaram que o curso contribuiu para atingir índices
de desempenho melhores dos alunos, pois quem tem uma visão
diferente da tradicionalista, pode entender que estudar Matemática vai
além da sala de aula e que é possível fazer os alunos pensarem dessa
maneira e assim atingir índices melhores na disciplina, como minimizar
a abstração de conteúdos, assim como o bloqueio que muitas pessoas
cultivam pela disciplina.

- 201 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Outros propuseram que o curso tivesse uma introdução de


conteúdos de geometria para relembrar tópicos esquecidos ou mesmo
não vistos no decorrer da sua formação. Isso ajudaria no decorrer do
curso a desenvolver as atividades. Consideraram, ainda, que faltou um
maior número de participantes no curso.
Um grupo dos participantes não opinou,justificando que estavam
satisfeitos com o curso, assim manifestando satisfação com o curso
todo, incluindo estrutura, didática no ensino e palestras realizadas na
unidade. Consideraram que o curso foi bastante proveitoso, sendo
flexível aos horários dos alunos, o que facilitou bastante, atingiu o
resultado desejado, que é o de formar professores cada vez mais
ousados em buscar maneiras diversas de interpretar a Matemática, dita
tão temida por todos.
Algumas sugestões dadas pelos participantes, um grupo de 32%
reiterou a importância de se fazer visitas ao patrimônio histórico, de
trazer as plantas do patrimônio histórico para mostrar aos participantes
do curso, bem como nas mudanças em relação ao horário do curso. Em
relação a dinâmica do curso apontaram que deveria ser menos teórico e
mais prático, sem muitas palavras e textos grandes, que invés de tanta
teoria, nas próximas unidades, utilizar do horário levando a turma para
a prática,ou seja, mais atividades. O curso ficou restrito em palestras,
sem muitas atividades, a somente textos e leituras; deveria ter mais
dinâmica e que houvesse mais visitas, mais dinâmicaa entre os alunos,
trabalhos para comentar o assunto, práticas em sala de aula.

- 202 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

6.
Reflexões
Finais

- 203 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Os resultados obtidos da pesquisa sobre o uso da investigação do


patrimônio histórico e arquitetônico setecentista de Belém na formação
de professores de Matemática nos levaram a elaborar, testar e validar
uma proposta do uso pedagógico da investigação histórica e cultural no
ensino de Matemática na formação dos professores de Matemática,
conjungada aos princípios e métodos da educação patrimonial. Neste
estudo as contribuições trazidas pelos participantes do curso de
extensão ministrado, foram organização em três agrupamentos de
reflexões:i)reflexões sobre as questões lançadas e os objetivos
propostos no inicio da pesquisa em conexão com os resultados
alcançados;ii)possibilidades de implementação dessa proposta de
trabalho na formação de professores de Matemática eiii)
encaminhamentos para futuros estudos.

i) Reflexões sobre as questões lançadas e os objetivos propostos no


inicio da pesquisa em conexão com os resultados alcançados
Quanto à utilização de práticas diversificadas de exploração do
patrimônio histórico arquitetônico setecentista de Belém, para ensinar
Matemática na sua formação inicial, por meio da investigação histórica,
vivenciadas ao longo do curso de extensão, os alunos demonstraram ter
aprendido múltiplos processos de vivências com novas situações de
aprendizagens nas quais se tornaram sujeitos criativos, ativos,
reflexivos, críticos, investigadores e propositores de novas ações de
ensino conectadas aos princípios e métodos advindos da educação
patrimonial, seja, por meio de suas propostas iniciais de abordagens
didáticas lançadas, ou seja pela sua participação nas atividades
desenvolvidas ao longo do curso.
Em nossas reflexões percebemos que o material didático
produzido por nós contribuiu para que os participantes se apropriassem
das ideias contidas na proposta de elaboração de atividades didáticas
para o ensino de geometria, de maneira que essas atividades possam ser
utilizadas, futuramente, com estudantes do Ensino Fundamental e
Médio,a partir de reaplicações ou adaptações, o que a nosso meu ver já

- 205 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

pode ser considerado uma contribuiçãoimprtante para a melhoria de sua


formação conceitual e didática para o ensino de Matemática.
A experiência vivenciada constitiu-se em uma fonte geradora de
conhecimento matemático em sala de aula, fazendo com que os
participantesda pesquisa percebessem a importância da investigação
histórica para a geração, organização e disseminação de conhecimentos
sobre a relação entre Arte, Arquitetura e Matemática, a partir da
exploração do patrimônio histórico arquitetênico setecentista de Belém,
com base nas experiências vivenciadas.
É imprescindível, portanto,destacar que para alcançar seus
objetivos em relação a proposta experimentada em nossa pesquisa, o
professor precisa estabelecer no ambiente escolar, uma situação de
ensino sustentada por uma abordagem didática para o ensino de
matemática (geometria) usando o patrimônio histórico, de modo a
integrar e incluir aspectos interativos que contemplem o conhecimento
cotidiano, escolar e cientifico, que pode se concretizar por meio de
atividades norteados pelos objetivos propostos nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), em projetos como oMais Educação, das
Casas do Patrimônio e outros programas de educação patrimonial.
Deste modo, é necessário que cada vez mais passemos a discutir
propostas de elaboração de processos de construção de novos
conhecimentos matemáticos (saber/fazer) na formação dos professores
em uma perspectiva construtivista apoiada na história, de maneira que
leve o professor na busca de informações sobre o passado, seguida de
uma ação/reflexão sobre esse passado, depois o imediato transplante
para o presente e de modo a exercer uma ação produtiva dessa
informação no futuro e a temática do patrimônio histórico favorece este
tipo de processo.
Neste sentido, necessitamos implantar na formação inicial dos
professores uma práxis educativa e social que nos permita elaborar
ações pedagógicas privilegiando enfoques interdisciplinares e
multidisciplinares. Assim, a prática ensejada em nossa experiência nos
permitiu estabelecer relações da Matemática com várias áreas de
conhecimento, dentre elas a Arte, a Arquitetura, o Desenho, a Filosofia,
- 206 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

a Geometria, a Geografia, a Informática, a História, a Língua


Portuguesa, a Sociologia, entre outras. Também possibilitou
discutirmos temas sobre cidadania, educação ambiental, educação
matemática, educação patrimonial e o meio ambiente, relacionando
cada uma dessas questões ao patrimônio histórico e arquitetônico
setecentista de Belém e ao ensino de Matemática.
Assim, constatamos que a formação inicial dos professores de
Matemática precisa da implementação de ações pedagógicas que
contestem a limitação instrumental que o ensino tradicional oferece a
abordagem da Matemática nos cursos de Licenciatura de Matemática
em andamento em todo o país. Deste modo, abordagens como a que
experimentamos em nossa pesquisa permitem formar um educador que
conheça os temas relacionados ao patrimônio, tendo como meta os
objetivos que serão alcançados com as atividades realizadas junto a
seus alunos, agindo como um instrumento para a aprendizagem
cotidiana do aluno e para a efetivação do trabalho interdisciplinar nas
escolas. Os licenciandos durante a sua participação no curso de
extensão puderam criar projetos de investigação histórica ligados ao
patrimônio cultural, envolvendo outras disciplinas do currículo escolar,
proporcionando ao aluno uma visão mais global e integrada do tema
abordado.
A demonstração de viabilidade de nossa proposta didática
emergiu na medida em que desenvolvemos nossas ações de ensino e
aprendizagem por meio do curso de extensão, centradas no uso da
investigação histórica em sala de aula, com o uso manipulativo das
informações históricas através de leituras de textos, palestras sobre a
temática ou por meio de estratégias didáticas como, por exemplo visitas
ao patrimônio para os alunos conhecerem aquela realidade e sua
história, reconhecendo figuras geométricas, identificando simetrias,
padrões estéticos nos patrimônios visitados, efetuando medidas e
comparando com as usadas na época de sua construção, buscando
padrões geométricos, verificando razões de semelhanças, o uso do
número de ouro na sua Arquitetura. Verificamos que o aluno pode sim
investigar as possíveis relações entre Arte, Arquitetura e Matemática
- 207 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

nos estilos arquitetônicos que estão presentes nas obras do patrimônio


pesquisado e, assim, despertar uma consciência patrimonial por meio
das aulas de Matemática.
Durante a realização das atividades e por meio das suas
avaliações consideramos, sim, que é possível formar um professor que
tenha uma consciência patrimonial de eleger bens a serem preservados,
atribuir valores, encaminhar propostas de tombamentos e registros,
desenvolver ações educativas compartilhadas com a sociedade de
preservação do patrimônio cultural amazônico. Isso representa uma
mudança positiva de atitude frente aos desafios que a vida
contemporânea nos coloca, principalmente em relação as visões iniciais
de que é competência do Estado em relação a conscientizar, conhecer e
inculcar valores em seus alunos no que se refere ao patrimônio histórico
arquitetônico de Belém.
De acordo com as avaliações das unidades realizadas, as
atividades podem ser manipulativas ou não, conforme o nível de
complexidade do conhecimento matemático a ser construído pelos
estudantes. Recomendamos, também, o uso de atividades que
propiciem a interatividade entre o sujeito e o seu objeto de
conhecimento, tal como nas visitasin loco que proporcionamos aos
participantes, para explorarem o patrimônio histórico setecentista de
Belém, ocasião, em que fizemos o reconhecimento dos aspectos
estilísticos da Arquitetura do Centro Histórico, fotografamos esses
locais, mostramos algumas relações matemáticas presentes. Além disso,
buscamos fazer essas abordagens, em uma perspectiva
contextualizadora a partir de aspectos históricos, evidenciando os
aspectos cotidiano, escolar e científico do conhecimento matemático a
ser construído, desde que rearticulados ao longo do processo de
manuseio do material focalizado.
Dentro das possíveis relações que puderam ser feitas com a
Matemática, o uso de uma abordagem histórico cultural surgiu como
ótima ferramenta para ser utilizada em sala de aula, possibilitando que
informações históricas obtidas por meio depesquisas bibliográficas
servissemde motivação complementar aos alunos, para seu emprego em
- 208 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

atividades de ensino, pois permitiu conhecerem aspectos importantes


dos conteúdos que eles aprenderam em sala, como a origem, as
características, os autores que defendem ou discordam do uso desse
conteúdo, suas aplicabilidades históricas, fatores que favorecem a
construção e assimilação dos conceitos envolvidos para os alunos.
A busca de documentos por parte dos pesquisadores envolvidos e
dos sujeitos da pesquisa foi outro ponto que consideramos positivo na
formação conceitual e didática dos licenciandos de Matemática, por
meio, do levantamento bibliográfico sobre as obras escritas e
digitalizadas acerca do patrimônio histórico e arquitetônico setecentista
de Belém. A proposta do Guia Básico de Educação Patrimonial nos deu
orientações a respeito do que fazer com os materiais didáticos
solicitados (plantas, fotografias, relatórios, visitas in loco, sugestão de
atividades) e a exploração interdisciplinar do patrimônio (conteúdos,
temas, mapas, orientações aos professores, elaboração das observações
que poderiam ser feitas durante a visita), e que foram utilizados pelos
participantes como fonte de pesquisa para a elaboração das atividades
didáticas de ensino de geometria.
Outro ponto de destaque para nossa reflexão foi que os
participantes vivenciaram atividades durante as unidade III e IV do
curso de extensão que contemplavam alguns conteúdos propostos pelo
Manual do Professor do Fórum Landi, que se aproximavam da ideia de
abordagens didáticas e que os ajudaram a contextualizar e
problematizar a relação entre o ensino de Matemática e o Patrimônio
Histórico e Arquitetônico setecentista de Belém na produção dos seus
trabalhos.Neste momento emergiram possíveis formas de estudo dos
conteúdos matemáticos ligados ao patrimônio histórico de Belém, tais
como: estudo dos frontões das fachadas construídas, estudo das
abóbadas encontradas nas Igrejas, estudo das colunas edificadas, estudo
dos púlpitos encontrados nas igrejas, dos retábulos, estudo das fachadas
e os seus padrões de simetria, estudo dos arcos geométricos
encontrados na arquitetura de Landi (em andamento); estudo dos
padrões geométricos dos azulejos portugueses empregados na obra e
outros.
- 209 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Os estudosaos quais nos referimos anteriormente, no que


concerne ao ensino de Geometria, podem ser vivenciados por meio de
situações de aprendizagem que contemplem atividades de imaginação
geométrica, raciocínio geométrico, manipulação geomética,
visualização, uso de régua e compasso, manipulação e exploração de
plantas das edificações do patrimônio histórico arquitetônico
setecentista de Belém, uso de softwares livres (Geogebra) com a
finalidade de relacionar o ensino de geometria aos temas do patrimônio
de Belém construído por Antonio José Landi, de maneira a ampliar a
formação conceitual e didática do professor de Matemática durante sua
formação inicial.
Reiteramos, portanto, que o curso de extensão constituiu-se em
uma estratégia de geração, produção, socialização e disseminação do
conhecimento cuja estrutura didático-conceitual trabalhada com os
licenciandos em Matemática permitu, ao longo do seu
desenvolvimento,uma produção acadêmica satisfatória como de três
trabalhos de conclusão de curso, quatro artigos apresentados e
publicados em eventos nacionais e internacionais, um capítulo do livro,
o cadastro de acervo de referências bibliográficassobre as obras de
Antonio José Landi, a produção de cinco jornais sobre a temática como
material didático para o ensino de geometria, dois projetos de uso do
jornal para o ensino e aprendizagem dos alunos do Ensino Fundamental
e Médio, quatro relatórios de visitas, um pôster para apresentação em
eventos e cinco propostas iniciais de abordaens didáticas.
A estratégia de formação de um grupo colaborativo
multidisciplinar para as palestras no curso foi importante porque trouxe
a nossa proposta uma visão dos diversos olhares que cada um trouxe
para esta temática, para o grupo e para os alunos com discussões, troca
de experîência, sugestão de busca de referencial teórico, onde encontrar
documentos históricos, mapas e plantas, de temas que podem ser
explorados relacionados ao patrimônio histórico e arquitetônico de
Belém e o ensino de Matemática, sugestão de como realizar visitas in
loco, como elaborar mapas e folders para realizar as visitas, parcerias

- 210 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

institucionais com possiblidades de ampliação desse estudo para as


escolas públicas de Belém.
Os resultados obtidos foram satisfatórios, visto que, de um modo
geral, os participantes aprovaram a proposta desenvolvida. Além disso,
a repercussão do trabalho entre os participantes e na comunidade do
curso de licenciaturaem Matemática envolvido foi excelente. Isso ficou
evidente através dos depoimentos recolhido nos questionários aplicados
junto aos participantes das quatro unidades de ensino. De acordo com
os resultados obtidos, podemos afirmar que alcançamos totalmente os
objetivos previstos para a sua realização.As respostas apresentadas
pelos participantesdemonstraram que é possível utilizar o patrimônio
históricoarquitetônico setecentista de Belém nas aulas de Matemática,
explorando exemplos da práticapara a sua realização.
A metodologia de ensino adotada para o curso foi aprovada pela
maioria dos participantes das unidades de Ensino, bem como o material
didático utilizado e a infraestrutura utilizada. Na verificação dos
resultados levantados constatamos que os graduandos consultados
responderam sim que suas expectativas em relação ao curso foram
alcançadas.Estes responderam das mais variadas maneiras que tinham a
expectativa em relação ao curso de extensão de ampliaro seu
conhecimento e aplicar em sala de aula.
Quanto às ações previstas, ressaltamos que as mesmas
caracterizam um diálogo estabelecido por todos os envolvidos na
pesquisa, desde a elaboração do projeto de extensão, o planejamento do
curso e as análises das informações resultantes do processo dinamizado.
Para que os objetivos fossem alcançados, durante todo o percurso de
trabalho procuramos sensibilizar a comunidade acadêmica envolvida
para que tudo ocorresse a contento. Portanto, avaliamos que o curso foi
um marco para a nossa proposta de formação conceitual, didática e
metodológica do professor de Matemática, como algo necessário para
se pensar as temáticas propostas por nós, como uma inclusão de
abordagem sociocultural para a Matemática,como encaminhamento
necessário para a sua concretização junto àsinstituições formadoras de
professores de Matemática.
- 211 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Sobre a necessidade de estudar temas relacionados à história da


matemática na primeira unidade, 68% afirmaram que sim, justificando
que a história da matemática é importante na formação de professores
que ensinam matemática. Desse total, 20% consideramnecessário
buscar a história do assunto abordado para situar o aluno em relação ao
assunto abordado e que após a apresentação do projeto se motivaram a
pesquisar mais os fatos históricos da matemática relacionados ao
contexto, e que a partir deste contato inicial com o tema seria
necessário um aprofundamento, visando adquirir um melhor
conhecimento. A partir dessa unidade perceberam que conhecendo
sobre a história da matemática ficará mais acessível trabalhar de forma
diferenciada e assim desenvolver com o aluno o gosto pela disciplina.
Consideramos importante reconhecer o quanto foi extraordinário
para nossa formação conceitual, didática e pessoal a experiência
vivenciada durante a realização da pesquisa. As contribuições advindas
são expressivas para um novo olhar dado ao ensino de Matemática na
formação do professor, uma nova atitude para a pesquisa com uma
temática de pesquisa delineada para futuros estudos, a importância do
planejamento das ações formativas de Educação Matemática
Patrimonial, para a realização das unidades de ensino e da pesquisa do
material didático, a visão para relacionar a Matemática com outras
disciplinas e outras áreas do conhecimento e a ampliação de
possibilidades de temas que podem ser explorados com esta temática.

6.2. Possibilidades de implementação dessa proposta nas licenciaturas


em Matemática
Ao longo do desenvolvimento de nossa proposta de curso de
extensão vivenciamos situações que prejudicaram sobremaneira a sua
execução e o seu desenvolvimento, tanto do curso, quanto dos alunos, o
que refletiu nos resultados esperados. A importância de realizar este
tipo de experiência de projetos pilotos e de planejamento foi essencial
para que vislumbrássemos as dificuldades enfrentadas para a realização
do curso de extensão, tais como o pouco conhecimento de como
encontrar bibliografia especializada sobre o tema; a pouca visão de que
- 212 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

forma explorar, relacionar, conceituar, articular os conteúdos de


Matemática com a Arte e a Arquitetura, para iniciar a fase exploratória
pretendida na pesquisa.
A dificuldade de realização das unidadesI, II, III e IV foi
devido a diversos fatores dentre os quais a não inclusão do curso no
caléndário escolar da instituição; a deflagação de duas greves gerais dos
servidores públicos federais, ocasião em que a instituição ficou sem
aulas nesses períodos, com alterações no calendário acadêmico
previsto. Esses foram alguns dos fatores que causaram dificuldades
para a realização dasunidade II e IV, porque alteraram sobremaneira a
rotina dos alunos que participavam do curso, que ficaram
sobrecarregados de trabalhos e tiveram que assistir a reposição das
aulas, além de coincidir com as festas do final do ano (unidade II) e as
férias dos professores (unidade IV).
O critério de seleção dos participantes do curso foi outro fator
apontado, uma vez que iniciamos o curso com vinte e cinco alunos e
nem sempre contamos com uma regularidade desse número de
participantes no decorrer do curso, devido as várias atividades
acadêmicas em que estiveram envolvidos, como provas finais,
fechamento de estágio, entre outras que ocasionaram sua participação
plena no curso. Talvez essefatotenha sido um fator que contribuiu para
que muitos não se sentissem responsáveis de compartilhar das
atividades do curso de forma integral e efetiva. Além de não ser uma
disciplina da matriz curricular do curso, logo não necessitando de
avaliação, o que não acarretava uma maior preocupação pelos alunos do
desenvolvimento das atividades propostas.
A carga horária disponibilizada para a realização de cada unidade
de Ensino (30 h/a) foi outro fator apontado, uma vez que, como foram
tratados diversos conteúdos, muitos deles foram tratados de forma
superficial, o que impossibilitou um maior aprofundamentos das
questões envolvendo o ensino de Matemática e do patrimônio histórico
e arquitetônico setecentista de Belém.
Alguns participantes solicitaram, em suas avaliações, que o curso
tivesse uma introdução de conteúdos de geometria, possibilitando-lhe
- 213 -
Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

relembrar tópicos esquecidos ou mesmo não aprendidos no decorrer da


sua formação. Isso o ajudaria no decorrer do curso a desenvolver as
suas atividades.
Mediante o exposto e atendendo algumas dessas sugestões
resolvemos acatar a propostade que o curso fosse transformado
numa disciplina. Neste sentido, solicitamos ao coordenador do
curso de licenciatuar em Matemática do IFPA, a possibilidade
deque ao ministrar a disciplina Desenho Geométrico, com uma
carga horária de 60 hora/aula, ocasião em que fosses trabalhados
os conceitos geométricos de forma diversificada, sempre
buscando associar esses conceitos com as questões do patrimônio
histórico e arquitetônico setecentista de Belém, por meio de
manipulação de plantas, imagens e desenhos.
A intenção foidar uma formaçãoaos alunos que cursam a
disciplina,sob uma abordagem conceitual e didática, que lhe tornasse
multiplicadores da experiência, de maneira a habilitá-los a atingir
índices de desempenho melhores em seus futuros alunos, quando de seu
ingresso nas escolas públicas e particulares de Belém no que concerne
ao Ensino de Matemática sob um enfoque da exploração do patrimônio
explorado na pesquisa.
Outra expectativa é formar qualitativamente os alunos para se
tornarem bolsistas de iniciação docente e científica de projetos como o
PIBID/IFPA e de um projeto envolvendo uma parceria com o
IPHAN/IFPA/UFPA, que poderia envolver estas instituições, com
ações diretamente nas escolas públicas que ficam ao redor do Centro
Histórico de Belém (CHB), objeto de estudos futuros.

6.3. Encaminhamentos para futuros estudos


Consideramos, portanto, que não é fácil preparar professores de
Matemática para atuar no Ensino Fundamental e Médio, uma vez que,
esta tarefa exige uma sólida formação conceitual, didática, reflexiva,
ética, crítica, inter e multidisciplinar. Formação essa que vislumbramos,
por meio deste curso de extensão que almejou habilitá-los a
- 214 -
Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

compreenderem o fenômeno educativo em seus múltiplos aspectos:


históricos, políticos, educativos, sociais, como também lhes assegurar o
domínio de alguns conteúdos matemáticosde Geometria que serão
abordados durante a sua futura atuação nas escolas de Belém.
Ponderamos que é importante para o sucesso das ações
educativas de educação patrimonial, de preservação e valorização do
patrimônio cultural, o estabelecimento de vínculos entre políticas
públicas de patrimônio às de cultura, turismo cultural, meio ambiente,
educação, saúde, desenvolvimento urbano e outras áreas correlatas,
favorecendo, então, o intercâmbio de ferramentas educativas de modo a
enriquecer o processo pedagógico inerente a elas. Dessa forma é
possível a otimização de recursos na efetivação das políticas públicas e
a prática de abordagens mais abrangentes e Inter setoriais,
compreendendo a realidade como lugar de múltiplas dimensões da vida.
Neste sentido buscamos junto aos órgãos competentes a
necessidade de estabelecer novas formas de relacionamento entre o
IPHAN, a sociedade e os poderes públicos locais, cujo foco são as
ações educativas a serem implementadas e fomentadas e que se
estruturam a partir de diferentes perspectivas e abordagens em cujas
ações de preservação convivem noções de patrimônio, que ao mesmo
tempo se confrontam e se complementam.
Em 2012 firmamos junto ao IPHAN e outros dez
parceiros,umAcordo de Cooperação Técnica nº 02/2012, que teve como
objetivo “constituir , articular e fomentar espaços de interlocução com a
comunidade local, visando propiciar o debate e a participação social na
gestão, proteção e valorização do patrimônio cultural”.
Por meio do referidoacordo foram realizadas oficinas, cursos e
outros eventos voltados à socialização de conhecimentos e a
capacitação de profissionais para atuar na área. A Superintêndencia do
IPHAN, o IFPA- Campus Belém e a UFPA- Campus Belém realizaram
algumas ações em conjunto, tais como o Balaio do Patrimônio 2012 e
do minicurso Elaborando Atividades de Ensino a partir do Patrimônio
Cultural do Centro Histórico de Belém (CHB).

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

Na intenção de ampliar e consolidar os resultados obtidos nas


ações acima descritas. O IPHAN propôs a realização do projeto
Caminhando pelo Patrimônio Cultural para os 400 anos de Belém, no
Centro Históricode Belém, por meio de atividades educativas junto às
escolas públicas deste espaço tombado, a fim de estimular os
professores a utilizarem bens culturais e agentes culturais como
possibilidade transversais e lúdicas em suas disciplinas e propiciar aos
alunos vivências que fortaleçam os laços afetivos destes com o
patrimônio cultural do CHB, assim como estimular a adesão das escolas
que já participam do Programa Mais Educação a atividade relacionada
a Educação Patrimonial, no Macrocampo Culturae Artes, auxiliando na
preservação e salvaguarda dos bens culturais que integram o CHB.
Nossa participação no projeto seria de elaborar materiais
paradidáticos, tais como folder, livreto, vídeo, que estimulem o ensino e
a aprendizagem sobre a caracterização do processo de ocupação
espacial da cidade de Belém, bem como as possibilidades do uso do
patrimônio cultural no ensino de Matemática.
O projeto foi aprovado para ser realizado inicialmente em duas
escolas localizadas no CHB e que integram o Programa Mais
Educação, com a previsão de bolsas de iniciação científica para quatro
alunos da Licenciatura de Matemática do IFPA-Campus Belém e
quatros para os alunos da Licenciatura em Geografia da UFPA-
Campus Belém. Pretendeu-se que o projeto fosse realizado de forma
continuada até a comemoração dos 400 anos da cidade de Belém,com
ampliação das escolas atendidas em 2014 e 2015 e realização de um
evento para apresentação dos resultados nos 400 anos de Belém, no ano
de 2016. No entanto, por fatores que não estavam ao alcance de nossas
possibilidades de solução, a realização do projeto não foi efetivada.
Para uma perspectiva futura, nossa pretensão é transformar nossa
experiência em um curso de Especialização para atender ao pedido de
alguns participantes,conforme suas avaliações durante o curso de
extensão. Dessa forma a concretização de uma Educação Matemática
Patrimonial poderá se desenvolver, em diferentes âmbitos, sendo a
escola um dos locais mais propícios para a aplicação desta ação. Com
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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

base em nossas experiências e reflexões sobre o desenvolvimento da


pesquisa e seus resultados, podemos apontar uma assertiva de que se
atuarmos diretamente na formação de indivíduos com consciência
ambiental acerca desse patrimônio, seu trabalho como professor junto
aosseus alunos repercutirá para além da sala de aula atingindo também
a comunidade.

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Sobre os autores

Iran Abreu Mendes


Bolsista Produtividade em Pesquisa Nível 1D do CNPq, possui
graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal
do Pará (1983), Especialização em Ensino de Ciências e Matemática
pela Universidade Federal do Pará (1995), Mestrado em Educação
(1997) e Doutorado em Educação (2001), pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Pós-doutorado em Educação Matemática pela
UNESP/Rio Claro, SP (2008). Tem experiência na área de Matemática,
com ênfase no ensino de Cálculo, Geometria Analítica, Geometria
Euclidiana, História da Matemática e na área de Educação Matemática
com ênfase em História da Educação Matemática, Didática da
Matemática e Fundamentos Epistemológicos da Matemática; História
para o ensino da Matemática; Ensino de Matemática e Diversidade
Cultural. Atualmente é professor Titular do Instituto de Educação
Matemática e Científica da Universidade Federal do Pará, onde atua
como pesquisador do Programa de Pós-graduação em Educação em
Ciências e Matemáticas.

Rita Sidmar Alencar Gil


Possui graduação em Licenciatura Plena Em Matemática pela
Universidade Federal do Amazonas (1980), Mestrado em Educação em
Ciências e Matemáticas pela Universidade Federal do Pará (2007) e
Doutorado em Educação (Educação Matemática), pelo Programa de
Pós-Graduação em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (2013). Atualmente é professora Titular de Educação Básica,
Técnica e Tecnológica do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Pará - Campus Belém. Tem experiência na área de
Matemática, com ênfase em Matemática Discreta e Combinatória,
atuando principalmente nos seguintes temas: Educação; Educação
Matemática e Patrimonial; História da Matemática; Ensino e
aprendizagem; Ensino de geometria e Formação de Professores de
Matemática.

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Patrimônio Histórico e Arquitetônico no Ensino de Matemática

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Iran Abreu Mendes; Rita Sidmar Alencar Gil

Esta publicação contou com o apoio do Governoo Federal na X Semana


Nacional de Ciência e Tecnologia 2017, através do CNPq e do IFPA

Colaboração

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