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SEUS EFEITOS
aberta.senad.gov.br
APRESENTAÇÃO
Neste módulo, apresentamos uma definição para substâncias psicoativas (drogas), focalizando
naquelas que são mais utilizadas. Buscamos, ainda, caracterizá-las conforme as ações que
exercem no organismo humano. Ofereceremos, com isso, elementos de estudo para que você
reflita acerca dos problemas e dos fatores envolvidos no consumo dessas substâncias.
Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a Licença
Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Podem estar
disponíveis autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em
http://aberta.senad.gov.br/.
AUTORIA
Figura 1: Propaganda anunciando pastilhas para problemas bucais feitas com cocaína. Fonte: Portal História da Farmácia
(2015).
Podemos ver, na figura 1, uma propaganda antiga (de 1885) que retrata a utilização da cocaína
como um remédio analgésico. No século XIX, a droga ainda era vendida livremente nas
drogarias e era uma solução para as pessoas com dependência de álcool e morfina. No Brasil, o
uso da cocaína foi vetado apenas em 1921, após a implementação mundial do tratado assinado
na Convenção Internacional do Ópio, realizada na Holanda em 1912. Processos semelhantes
ocorreram em diferentes países e com outras drogas, a exemplo da heroína. Mais recentemente,
no entanto, temos acompanhado um movimento inverso ocorrendo com a maconha, que vem
sendo legalizada em alguns países para uso recreativo, medicinal e/ou em pesquisas científicas.
Essas considerações nos levam ao questionamento: por que será que, na época da propaganda
exemplificada anteriormente, o uso da cocaína para fins medicinais era permitido e hoje não é
mais? Procure refletir sobre o que pode ter provocado essas mudanças, pensando nos aspectos
que levam as diferentes sociedades a considerar uma substância lícita ou ilícita, em um
determinado momento histórico.
O conteúdo a seguir permitirá que você reflita um pouco mais sobre essas e outras questões e
poderá auxiliá-lo no entendimento sobre o que é droga e as diferenças e particularidades de
determinadas substâncias.
De acordo com o critério de legalidade, podemos identificar dois grandes grupos de drogas: as
lícitas e as ilícitas.
Figura 2: Exemplos de drogas permitidas e de drogas proibidas pela lei no Brasil. Fonte: NUTE-UFSC (2016).
Podemos dizer que existe grande grau de imprecisão na utilização de alguns termos que se
referem às drogas. A palavra tóxico, por exemplo, refere-se à toxicidade de alguma substância;
porém, uma mesma substância psicoativa pode ser considerada um medicamento quando
utilizada em baixa dosagem. Já o termo narcótico, adotado na língua inglesa, refere-se a alguns
subtipos de substâncias psicoativas, mas podem, também, referir-se tanto a medicamentos
quanto a drogas de abuso; por fim, a terminologia psicotrópico é excessivamente genérica, pois
se referem apenas às substâncias que exercem ação no cérebro.
As drogas atuam no cérebro afetando a atividade mental, sendo, por essa razão, denominadas
psicoativas. Basicamente, elas são de três tipos, os quais particularizamos a seguir.
Drogas depressoras
São drogas que diminuem a atividade mental. Tais drogas afetam o cérebro, fazendo com que
ele funcione de forma mais lenta. Elas diminuem a atenção, a concentração, a tensão emocional
e a capacidade intelectual. Exemplos: ansiolíticos (tranquilizantes), álcool, inalantes (cola) e
narcóticos (morfina, heroína).
Drogas estimulantes
São drogas que aumentam a atividade mental. Essas substâncias afetam o cérebro, fazendo
com que ele funcione de forma mais acelerada. Exemplos: cafeína, tabaco, anfetaminas, cocaína
e crack. As anfetaminas, assim como os outros estimulantes, costumam ser utilizadas para se
obter um estado de euforia, a fim de se manter acordado por longos períodos de tempo ou para
diminuir o apetite. Podem ser utilizadas, ainda, como medicação para déficit de atenção e
doenças neurológicas.
Saiba Mais
Você sabia que muitas dessas substâncias psicodislépticas são utilizadas em rituais
religiosos (sendo, por isso, denominadas substâncias enteógenas)? Os usuários
acreditam que isso facilita o contato com a dimensão religiosa. Há, também, a
utilização dessas substâncias em outros contextos, como o recreativo. Cabe, no
entanto, lembrar que, embora essas drogas possam ser prejudiciais, ao serem
utilizadas por pessoas com sofrimento psíquico grave, elas raramente causam
dependência. Diversas pesquisas científicas têm, inclusive, identificado potencial
terapêutico dos psicodisplépticos para muitas doenças.
Não, os efeitos de uma droga dependem basicamente de três fatores: contexto, drogas, sujeito.
Cada tipo de droga, com suas características químicas, tende a produzir efeitos diferentes no
organismo. A forma como uma substância é utilizada, a quantidade consumida e o seu grau de
pureza também influenciam no efeito.
Figura 3: Ilustração das três dimensões que interferem no fenômeno do uso de drogas. Ao se desconsiderar alguma delas, o
tripé perde sua sustentação. Fonte: NUTE-UFSC (2015).
Por exemplo, uma pessoa ansiosa (sujeito) que consome grande quantidade de maconha
(droga) em um lugar público (contexto) poderá ter grande chance de se sentir perseguida
(“paranoia”). Por outro lado, um sujeito que consome maconha quando está tranquilamente
em sua casa, na companhia de amigos, terá menor probabilidade de apresentar reações
desagradáveis.
Figura 4: O contexto em que a droga é consumida pode alterar seus efeitos no sujeito. Fonte: NUTE-UFSC (2015).
Ao falarmos sobre drogas, diversos questionamentos surgem em nossa mente, e muitos mitos e
tabus acabam por conduzir a discussão, principalmente em relação aos efeitos químicos e à
dependência. É importante ressaltar que nós temos acesso a muitas informações sobre esse
assunto (veiculadas pela mídia ou disponíveis na internet), mas é essencial prestar atenção nas
origens dessas informações, buscando ativar nossos conhecimentos e vivências a fim de
compreendermos a questão sem nos deixar levar por notícias e opiniões não fundamentadas.
Vamos falar mais sobre as questões que envolvem o uso de drogas? Acompanhe nosso bate-
volta sobre drogas e suas classificações!
Para uma compreensão mais ampla sobre esse tema, acesse o módulo A história e os
contextos socioculturais (http://www.aberta.senad.gov.br/modulos/capa/a-
historia-e-os-contextos-socioculturais).
Saiba Mais
No caso da cocaína, o produto oferecido aos usuários pode conter pó de giz, cimento, cal,
querosene (como no caso do óxi, entre outros produtos). Na época da Lei Seca Americana, em
que o álcool era proibido, estima-se que milhares de usuários tenham ficado cegos por
consumir álcool adulterado (álcool metílico usado como produto de limpeza, por exemplo).
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A Lei Seca, ao contrário do que muitos pensam, não é uma medida nova. O projeto que
sugeria a completa proibição de bebidas alcoólicas foi apresentado à Câmara dos
Representantes dos EUA em 1917. Ficou curioso para saber mais sobre isso? Então,
acesse o site (http://www.dw.com/pt/1917-apresentado-o-projeto-da-lei-seca-nos-
eua/a-319341).
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Figura 5: Dados comparativos entre diferentes tipos de drogas e seus danos aos usuários (cor clara) e a terceiros (cor
escura).
Fonte: Nutt, Leslie e King (2010), adaptado por NUTE-UFSC (2016).
Assim como destacamos no decorrer deste módulo, os efeitos produzidos pelo uso de uma
substância psicoativa dependem de diversos fatores: tipo e quantidade da substância utilizada;
via de utilização da substância; características biopsicológicas do usuário e condições
ambientais em que se dá o uso. Como diretrizes gerais, listamos apenas os efeitos que mais se
associam à utilização de algumas substâncias psicoativas, assim como os quadros clínicos mais
frequentemente observados.
Figura 6: Efeitos e problemas associados ao uso de substâncias depressoras: álcool, solventes, ópio, barbitúricos,
benzodiazepínicos. Fonte: NUTE-UFSC (2016).
Figura 7: Efeitos e problemas associados ao uso das substâncias estimulantes: cocaína e anfetaminas. Fonte: NUTE-UFSC
(2016).
Figura 8: Efeitos e problemas associados ao uso das substâncias perturbadoras: anticolinérgicos, canabinóides e
alucinógenos. Fonte: NUTE-UFSC (2016).
REFERÊNCIAS
Textos
JULIÃO, A.; GONÇALVES, F.; FIDALGO, T. M.; SILVEIRA, D. X. Transtornos relacionados ao uso de
drogas. In: PRADO, F. C.; RAMOS, J. A.; VALLE, J. R. Atualização terapêutica: diagnóstico e
tratamento. 24. ed. São Paulo: Artes Médicas, 2012.
NUTT, D. J.; KING, L. A.; PHILLIPS, L. D. Drug harms in the UK: a multicriteria decision analysis.
The Lancet, v. 376, n. 9752, p. 1558-1565, nov. 2010.
SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A. Manual de Farmacologia Psiquiátrica. 3. ed. Porto Alegre: ArtMed,
2002.
Imagens
COCAÍNA: drops para dor de dentes. [ca. 1800]. 1 folder digitalizado, color. Altura: 553 pixels.
Largura: 934 pixels. 72 dpi. Formato JPEG. In: PORTAL história da farmácia. [S.l.], 2015.
Disponível em: <http://portalhistoriadafarmacia.com.br/voce-sabia
(http://portalhistoriadafarmacia.com.br/voce-sabia)>. Acesso em: 29 abr. 2016.
DWEE, Dwi. Your love… is my drug. 2014. 1 fotografia digital, color. Altura: 1944 pixels. Largura:
2592 pixels. 180 dpi. 2,21 MB. Formato JPEG. In: DINOSAURS are not Dead. Photos Daisy Duck.
Flick [on-line], [S.l.], 2 maio 2014. Disponível em: <https://flic.kr/p/niMcSX
(https://flic.kr/p/niMcSX)>. Acesso em: 29 abr. 2016.